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CÂNCER DE OVÁRIO O CA de ovário é considerado o câncer mais agressivo de todos os tumores ginecológicos, sendo sua incidência aumentada em mulheres acima de 40 anos, com pico entre 75 e 79 anos, sendo a causa mais comum de morte entre todas as formas de câncer ginecológico PREVENÇÃO: praticamente não existe RASTREAMENTO: difícil DIAGNÓSTICO: em 67% dos casos, o estádio está avançado ETIOLOGIA Podem ser considerados como fatores de risco para CA de ovário ➔ Mulheres de classe social diferenciada/grandes centros ➔ Nulíparas ➔ Não usuárias de anticoncepcionais – o uso reduz o risco em média 36% ➔ Mulheres com dificuldade de engravidar ➔ Câncer ovariano familiar hereditário ➔ Obesidade ➔ Consumo excessivo de gordura animal (total e saturada), álcool e leite ➔ Síndrome de Peutz-Jeghers ➔ Síndorme do nevo de células basais ➔ Imunodepressão ➔ Tipo sanguíneo A ➔ Irradiação pélvica ➔ Uso de talco na região genital ➔ Longo uso de reposição estrogênica na pós-menopausa (adenocarcinoma endometrióide) ➔ Teoria das ovulações ininterruptas e maior estímulo de FSH/LH sobre os ovários Câncer ovariano familiar • Vários casos na mesma família, quase sempre do mesmo tipo histológico, na maioria das vezes, SEROSO • O risco na população geral de desenvolver CA de ovário até os 70 anos é de 1,5% • Na Síndrome Hereditária do CA de ovário (com 3 ou mais parentes de 1º grau) o risco pode chegar a 40% Câncer ovariano familiar Essa síndrome se divide em 3 tipos Órgão específico: risco de desenvolver apenas CA de ovário se parente muito próximo (irmãs, mãe) Síndrome do Câncer de Mama-Ovário: risco de desenvolver CA de mama ou de ovário, se parentes muito próximos com um ou outro câncer (até 40%) • Acomete mulheres mais jovens • Se mutação no gene BRCA-1 terá 40% de chance de ter a doença • Se mutação no gene BRCA-2, a chance é de 20% Câncer de cólon proximal, estômago, tireóide (Síndrome de Lynch II): risco de desenvolver CA de ovário, mama e endométrio na família (para ambos os sexos) SINAIS E SINTOMAS Crescimento silencioso e rápido • O quadro clínico surge quando o volume tumoral inicia compressão de estruturas intrabdominais • Costuma ser bastante inespecífico e associado a desconforto vago (dispepsia gastrointestinal) DIAGNÓSTICO Identificação da massa tumoral mediante US, TC ou RNM • O USTV COM DOPPLER colorido melhora a acurácia do exame Preferência: US, devido menor exposição radiológica, ausência do uso de contraste e baixo busco Toda massa sólida com mais de 4 cm de diâmetro encontrada no ovário, deve ser considerada como suspeita para câncer CA-125 Apesar de ser um marcador de alta sensibilidade e especificidade, não tem acurácia para programas de prevenção (rastreamento de tumores iniciais), pois pode estar elevado em outros tumores (CA de endométrio, trompa de falópio, de cólon, pâncreas) e na endometriose. No entanto o CA-125 costuma estar elevado de acordo com o estádio clínico do carcinoma ovariano (tumores epiteliais): ESTÁDIO I – 50% ESTÁDIO II – 90% ESTÁDIO III – 92% ESTÁDIO IV – 94% Obs: O CA 125 é melhor utilizado no monitoramento, durante e após o tratamento cirúrgico quimioterápico TIPO HISTOLÓGICO 90% dos CA de ovário são EPITELIAIS (ADENOCARCINOMAS) – epitélio que recobre o córtex externo ovariano Entre eles, tem-se • Carcinoma seroso (40 – 45%) • Carcinoma mucinoso (10%) • Endometrióide (15%) • Indiferenciado (17%) • Adenocarcinoma de células claras (6%) – pior prognóstico Além destes, destacam-se também os tumores raros: • Tumor de Brenner • Carcinoma de pequenas células DADOS 5% dos tumores endometrióides têm origem em focos de ENDOMETRIOSE 25% dos tumores endometrióides estão associados com o ADENOCARCINOMA DE ENDOMÉTRIO HISTOGÊNESE Os tumores de ovário, benignos ou malignos, tem origem entre 3 componentes do ovário EPITÉLIO CELÔMICO DE SUPERFÍCIE: potencial de diferenciação em epitélio semelhante das tubas uterinas (linhagem serosa) e do endométrio (linhagem endometrióide ou mucinosa) CÉLULAS GERMINATIVAS: migram para o ovário a partir do saco vitelino e são totipotentes ESTROMA DO OVÁRIO: inclui cordões sexuais CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA ORIGEM FREQUÊNCIA DAS NEOPLASIAS BENIGNAS FREQUÊNCIA DAS NEOPLASIAS MALIGNAS GRUPOS ETÁRIOS MAIS AFETADOS TIPOS HISTOPATOLÓGICOS Células epiteliais de superfície 5% 85 a 90% > 20 anos Seroros, mucinosos, endometrióides, células claras, Brenner, Inclassificáveis Células germinativas 95% são teratomas císticos benignos 4 a 5 % 0 a 30 anos Teratomas, disgerminomas, seio endodérmico, coriocarcinomas Células dos cordões sexuais-estroma - 5 a 10% 20 a 70 anos Fibromas, tecagranulosa, Sertoli- Leydig Metástase para o ovário - Variável > 1% Variável Trato digestivo, mama TUMORES DE MALIGNIDADE BORDERLINE • 10 a 15% de todos os tumores epiteliais do ovário são classificados como de malignidade limítrofe • Tem alta taxa de cura, a FIGO designa como carcinomas de baixo potencial de malignidade • 25% destes tumores acometem mulheres com menos de 40 anos • Em relação aos tumores borderline e a fertilidade: - 25% a 40% dos tumores serosos serão bilaterais - 8% dos tumores mucinosos serão bilaterais ESTADIAMENTO CIRÚRGICO (FIGO) • Baseia-se nos achados clínicos e na exploração cirúrgica • A histologia deve ser considerada no estadiamento, bem como a citologia do líquido peritoneal (LP) ESTÁDIO I TUMOR LIMITADO AOS OVÁRIOS Ia – tumor limitado a UM ovário, sem ascite, cápsula intacta, sem tumor na superfície Ib – tumor limitado aos DOIS ovários, sem ascite, cápsula intacta, sem tumor na superfície Ic – tumor restrito a UM OU AMBOS os ovários - Ic1: ruptura da cápsula durante a cirurgia - Ic2: cápsula rota antes da cirurgia ou tumor na superfície ovariana - Ic3: ascite ou lavado peritoneal com células neoplásicas presentes ESTÁDIO II TUMOR ENVOLVENDO UM OU AMBOS OVÁRIOS, MAS COM EXTENSÃO À PELVE VERDADEIRA OU PRIMÁRIO DO PERITÔNEO IIa – extensão e/ou metástase para o útero e/ou trompa IIB – extensão para outros tecidos pélvicos ESTÁDIO III TUMOR ENVOLVENDO UM OU AMBOS OVÁRIOS COM IMPLANTES ALÉM DA PELVE E/OU GÂNGLIOS INGUINAIS E OU RETROPERITONEAIS (+), INTESTINO DELGADO OU OMENTO IIIa1 – linfonodos comprometidos e/ou disseminação peritoneal microscópica - IIIa1 (I) – metástases = 1 cm - IIIa1 (II) – metástases > 1 cm ESTÁDIO IV METÁSTASES À DISTÂNCIA IVa – derrame pleural com citologia positiva IVb – metástases para parênquima hepático ou esplênico. Metástases para órgãos extra-abdominais, inclui linfonodos inguinais e linfonodos fora da cavidade abdominal EXAMES AUXILIARES • Citologia oncótica • US abdominal e pélvica • RX do tórax • TC • RNM • Urografia excretora • Cistoscopia • Endoscopia gástrica • Marcadores tumorais: CA-125, CEA, alfa-fetoproteina, FSH, LH, DHEA e beta-HCG TRATAMENTO CIRÚRGICO • Laparotamia exploradora (estadiamento cirúrgico) • Citorredução “ótima” (quando não deixa evidência macroscópica de tumor abdominal aderido à superfície pélvica) • Cirurgia padrão: HAT, SOB linfadenectomia pélvica adbominal/lombo-aórtica/omentectomia CLASSES DE REDUÇÃO 3 classes de cirurgia CLASSE I – é realizada HAT + SOB + apendicectomia + omenectomia CLASSE II – idem + retossigmoidectomia CLASSE III – idem + outros segmentos de intestino + esplenectomia TUMORES DE MALIGNIDADE LIMÍTROFE (BORDERLINE) • IBCC ACOMETIMENTO DE JOVENS: realiza-se ooforectomia unilateral e biópsia em cunha de ovário contralateral ACOMETIMENTO DE MULHER COM PROLE COMPLETA: HAR (histerectomia radical) + SOB (salpingoooferectomia bilateral) + linfadenectomia aórtica/pélvica e omento SITUAÇÕES ESPECIAIS LAPAROTOMIA 1ª DX, ESTADIAMENTO CIRÚRGICO E CITORREDUÇÃO MÁXIMA “DELBULKING” • Ótima:focos < 2 cm • Sub-ótima: focos > 2 cm LAPAROTOMIA 2ª SECOND-LOOK • Após quimioterapia, resposta clínica completa CITORERDUÇÃO DE INTERVALO • Doença irressecável • Após quimioterapia • Regressão parcial da doença CITORREDUÇÃO DE RESGATE • Falha da cirurgia 1 ª • Quimioterapia e radioterapia TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO ESTÁDIO IC, II, III E IV • QT adjuvante - cisplatina, adriamicina e ciclofosfamida - carboplatina - taxol RADIOTERÁPICO • Indicação rara • Usada nos disgerminomas puros OUTROS TIPOS DE TUMORES TUMOR DAS CÉLULAS GERMINATIVAS (TCG DO EMBRIÃO) • Representam 15 a 20% dos tumores ovarianos • 95% são teratomas císticos benignos • 5% são de comportamento maligno (comum em crianças e adultos jovens) • Tratamento cirúrgico mais conservador (futuro reprodutivo) TUMORES METÁSTÁCIOS EM OVÁRIO • Tumor primário mais comuns: trato genital, mama e TGI • Vias de metastização: extensão, hemato, linfática e peritoneal • 5 a 22% dos tumores de ovário são metastático TUMOR DE KRUKENBERG (1896) • Composto por células em anel de sinete produtoras de mucina • Corresponde a 3 a 5% de todos os tumores ovarianos • O sítio 1º mais comum é o CARCINOMA GÁSTRICO, INTESTINO GROSSO, MAMA e VESÍCULA BILIAR • Usualmente é bilateral • Somente é descoberto quando o seu sítio 1º já é um tumor avançado PROFILAXIA EM GERAL • Em pacientes de risco: uso de anticoncepcional para evitar ovulações • Restrição do uso de gordura animal • Consumo de fibras e vitamina A • Tratamento adequado das neoplasias benignas • Seguimento das pacientes de risco • Ooforectomia profilática SEGUIMENTO BAIXO RISCO DE RECIDIVA (FATORES PROGNÓSTICOS POSITIVOS • EC Ia, tumores epiteliais no limite da malignidade e alguns tumores não epiteliais - Exame ginecológico trimestral - Dosagem dos marcadores tumorais a cada 3 meses no 1º ano - US e RX semestral ALTO RISCO DE RECIDIVA (FATORES PROGNÓSTICOS NEGATIVOS) • Individualizado no 1º ano FATORES PROGNÓSTICOS/SOBREVIDA • Condições desfavoráveis • Idade > 70 anos • Estadiamento avançado III e IV • Grau histológico G3 • Tipo histológico mucinoso e tumor de células claras • Doença residual após a citorredução > 1 cm • Resistência à quimioterapia anti-neoplásica SOBREVIDA (EM 5 ANOS) ESTÁDIO I – G1 90% ESTÁDIO II – 70% ESTÁDIO III E IV – dependerá da citorredução inicial e QTX padrão
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