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Dos efeitos da posse 
TUTELA DA POSSE
Introdução
 Malgrado Sintenis negasse qualquer efeito à posse, não paira dúvida de que ela produz vários, que lhe são próprios. São precisamente eles que lhe imprimem cunho jurídico e a distinguem da mera detenção. A divergência entre os doutrinadores se verifica tão somente a respeito de sua discriminação.
 Savigny, depois de mencionar escritor que conseguiu enumerar 72 efeitos (Tapia), reduziu­-os a apenas dois: a faculdade de invocar os interditos e a usucapião.
 Embora hoje a eficácia jurídica da posse seja unanimemente reconhecida, não se deve chegar a extremos na enumeração de seus efeitos, nem reduzi­-los demasiadamente. O correto é admitir que ela os gera vários, sem exageros, como o fazem Martin Wolff, Planiol e Ripert e Astolpho Rezende, dentre outros.
 Parece­-nos, desse modo, bastante racional sistematizar esses efeitos com base no direito positivo (CC, arts. 1.210 a 1.222 e 1.238 e s.), afirmando que cinco são os mais “evidentes”:
■ a proteção possessória, abrangendo a autodefesa e a invocação dos interditos;
■ a percepção dos frutos;
■ a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
■ a indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção;
■ a usucapião.
A proteção possessória
 A proteção conferida ao possuidor é o principal efeito da posse. Dá­-se de dois modos:
■ pela legítima defesa e pelo desforço imediato (autotutela, autodefesa ou defesa direta), em que o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus próprios recursos; e
■ pelas ações possessórias, criadas especificamente para a defesa da posse (heterotutela).
Interditos possessórios
 As ações tipicamente possessórias (manutenção, reintegração e interdito proibitório) são também denominados interditos possessórios, pois constituem formas evoluídas dos antigos interditos do direito romano, que representavam verdadeiras ordens do magistrado. O vocábulo interdito, segundo esclarece Washington de Barros Monteiro, procede da expressão interim dicuntur, que traduz a efemeridade da decisão proferida no juízo possessório, cuja finalização só se alcança no juízo petitório.
Autotutela da posse
Legítima defesa
Quando o possuidor se acha presente e é turbado no exercício de sua posse, pode reagir, fazendo uso da defesa direta, agindo, então, em legítima defesa. A situa­ção se assemelha à da excludente prevista no Código Penal. Se, entretanto, a hipótese for de esbulho, tendo ocorrido a perda da posse, poderá fazer uso do desforço imediato.
 É o que preceitua o art. 1.210, § 1º, do Código Civil:
“O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter­-se ou restituir­-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”.
A expressão “por sua própria força”, constante do texto legal, quer dizer: sem apelar para a autoridade, para a polícia ou para a justiça
Desforço imediato
 A legítima defesa não se confunde com o desforço imediato. Este ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. A primeira somente tem lugar enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa. O desforço imediato é praticado diante do atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos.
 O possuidor tem de agir com suas próprias forças, embora possa ser auxiliado por amigos e empregados, permitindo-se lhe ainda, se necessário, o emprego de armas.
 Pode o guardião da coisa exercer a autodefesa, em benefício do possuidor ou representado. Embora não tenha o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhe recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor, consequência natural de seu dever de vigilância.
Requisitos para a utilização da defesa direta
Preceitua a segunda parte do § 1º do aludido art. 1.210 do Código Civil que “os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. Há necessidade, portanto, de se observarem determinados requisitos, para que a defesa direta possa ser considerada legítima:
Em primeiro lugar, é preciso que a reação se faça logo, imediatamente após a agressão. Carvalho Santos explica que esse advérbio significa que, se o possuidor não puder exercer o desforço imediatamente, poderá fazê­-lo logo que lhe seja possível agir. 
· E exemplifica: alguém se encontra com o ladrão de sua capa dias depois do furto. Em tal hipótese, apesar do lapso de tempo decorrido, assiste­-lhe o direito de fazer justiça por suas próprias mãos, se presente não estiver a polícia. Assim, o advérbio em questão não pode ser interpretado de forma tão literal que venha a excluir qualquer intervalo. Havendo dúvida, é aconselhável o ajuizamento da ação possessória pertinente, pois haverá o risco de se configurar o crime de “exercício arbitrário das próprias razões”, previsto no art. 345 do Código Penal.
· Em segundo lugar, a reação deve­-se limitar ao indispensável à retomada da posse. Os meios empregados devem ser proporcionais à agressão. Essa forma excepcional de defesa só favorece quem usa moderadamente dos meios necessários para repelir injusta agressão. O excesso na defesa da posse pode acarretar a indenização de danos causados.

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