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CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof. Jean Carlos Rodrigues CÁLCULO AVANÇADO Marília/SP 2022 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 09 19 29 44 55 65 77 87 95 109 119 129 INTRODUÇÃO AO CÁLCULO VETORIAL APLICAÇÕES DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA FÍSICA CÁLCULO APLICADO NO TEOREMA DE TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA CÁLCULO APLICADO AO TEOREMA DO IMPULSO E DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO CAMPOS ESCALARES X CAMPOS VETORIAIS CÁLCULO VETORIAL: IMPORTANTES FERRAMENTAS TEOREMA FUNDAMENTAL DAS INTEGRAIS DE LINHA INTEGRAIS DE LINHA: APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS NOS ESPAÇOS BIDIMENSIONAIS E TRIDIMENSIONAIS DERIVADAS DIRECIONAIS E O GRADIENTE: PARTE 1 DERIVADAS DIRECIONAIS E O VETOR GRADIENTE: PARTE 2 TEOREMAS DE GREEN E DE STOKES CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 SUMÁRIO CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 140 150 160 CAMPOS CONSERVATIVOS E O OPERADOR ROTACIONAL O TEOREMA DE GAUSS OU TEOREMA DA DIVERGÊNCIA REVISÃO DOS TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 INTRODUÇÃO O cálculo avançado traz diversas ferramentas matemáticas novas e também algumas conhecidas do cálculo diferencial e integral de forma bastante aplicada. É importante reforçar, neste momento, que os conceitos e modelos matemáticos do cálculo avançado, caso trabalhados com rigor e dentro dos formalismos científicos, podem exigir alto grau de abstração e enorme maturidade científica para serem bem absorvidos. Entretanto, o objetivo deste estudo é ampliar o léxico físico-matemático, além de promover o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo. Em primeiro momento, será apresentada a teoria do cálculo vetorial, juntamente com os alguns tipos de campos vetoriais e suas aplicações. Campos vetoriais são uma ferramenta importante para descrever muitos conceitos físicos, como gravitação e eletromagnetismo, que afetam o comportamento de objetos em uma grande região de um plano ou do espaço. Eles também são úteis para lidar com o comportamento em grande escala, como tempestades atmosféricas ou correntes oceânicas de profundidade. Os campos vetoriais têm muitas aplicações porque podem ser usados para modelar campos reais, como campos eletromagnéticos e gravitacionais. Uma compreensão profunda da física ou engenharia é impossível sem uma compreensão dos campos vetoriais. Além disso, os campos vetoriais têm propriedades matemáticas que valem a pena serem estudadas por si. Em particular, campos vetoriais podem ser usados para desenvolver várias versões de dimensões superiores do Teorema Fundamental do Cálculo. Em seguida faremos uma considerável revisão em algumas leis da física como, por exemplo, no princípio do trabalho e energia, visto que a motivação para a existência de vários teoremas do cálculo avançado foi algum problema que surgiu dentro da filosofia natural. As integrais de linha têm muitas aplicações em engenharia e física. Elas também nos permitem fazer várias generalizações úteis do Teorema Fundamental do Cálculo. Examinaremos o Teorema Fundamental para Integrais de Linha, que é uma generalização útil do Teorema Fundamental do Cálculo para integrais de linha de campos vetoriais conservativos. Também veremos como testar se um determinado campo vetorial é conservativo e determinamos como construir uma função potencial CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 para um campo vetorial conhecido como conservativo. O teorema de Green é uma extensão do Teorema Fundamental do Cálculo para duas dimensões. Tem duas formas: uma de circulação e uma de fluxo, ambas requerem que a região (D) na integral dupla seja fechada. O teorema de Green relaciona uma integral de linha em torno de uma curva plana fechada (C) e uma integral dupla sobre a região delimitada por (C). A Divergência e rotacional são duas operações importantes em um campo vetorial. Eles são importantes para desenvolver algumas versões de dimensão superior do Teorema Fundamental do Cálculo. Além disso, curvatura e divergência aparecem nas descrições matemáticas da mecânica dos fluidos, eletromagnetismo e teoria da elasticidade, que são conceitos importantes em física e engenharia. Por fim, aprenderemos que o teorema de Stokes, trata-se de uma generalização de dimensão superior do teorema de Green. Este teorema, assim como o Teorema Fundamental para Integrais de Linha e o Teorema de Green, é uma generalização do Teorema Fundamental do Cálculo para dimensões superiores. O teorema de Stokes relaciona uma integral de superfície no espaço com uma integral de linha em torno do limite de S. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO CÁLCULO VETORIAL Imagem da capa: Campo Vetorial sobre uma Esfera Fonte: Wikimedia Commons Disponível em< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Vector_Field_on_a_Sphere.png > O cálculo vetorial é uma importante área de estudo da física, da matemática e da engenharia. É utilizado com a intenção de analisar vetores em duas ou mais dimensões. Compreende um conjunto de teorias e modelos matemáticos que são aplicados para compreender os mais diversos fenômenos naturais. Segundo Stewart (2013) no cálculo vetorial, são utilizadas algumas operações consideradas fundamentais, são as seguintes: • O gradiente: É aquela operação que serve para poder calcular qual é o índice e a direção de mudança inserida em um campo escalar. Entendemos ainda que https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Vector_Field_on_a_Sphere.png CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 o gradiente de um campo escalar é o mesmo que o gradiente de um campo vetorial. • O rotacional: Uma operação na qual se busca poder calcular qual é a inclinação que adquire a distribuição espacial do que conhecemos como magnitude vetorial. O rotacional de um campo vetorial é outro campo vetorial. • A divergência: Esta operação é utilizada com a ideia de se analisar qual é a inclinação da distribuição espacial de uma grandeza vetorial. • Laplaciano: É aquela operação que nos ajuda a relacionar uma magnitude vetorial que está em um ponto específico do espaço com alguma outra magnitude. Tudo isso faz desta operação um operador diferencial considerado de segunda ordem. Campos vetoriais são uma ferramenta importante para descrever muitos conceitos físicos, como gravitação e eletromagnetismo, que afetam o comportamento de objetos em uma grande região de um plano ou do espaço. Eles também são úteis para lidar com o comportamento em grande escala, como tempestades atmosféricas ou correntes oceânicas de profundidade. Como podemos modelar a força gravitacional exercida por vários objetos astronômicos? Como podemos modelar a velocidade das partículas deágua na superfície de um rio? A Figura 1 mostra um campo gravitacional exercido por dois objetos astronômicos, como uma estrela, um planeta ou um planeta e uma lua. Campo vetorial (azul) e seu campo potencial escalar associado (vermelho). O ponto P entre a Terra e a Lua é o ponto livre de força. Figura 1: campo gravitacional (vetorial) exercido por dois objetos astronômicos Fonte: Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/Earth-moon-field.svg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/Earth-moon-field.svg CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 Em qualquer região da figura, o vetor associado a um ponto, dá a força gravitacional resultante exercida pelos dois objetos sobre um objeto de massa unitária. Os vetores de maior magnitude na figura são os vetores mais próximos do corpo maior. O objeto maior tem maior massa, então ele exerce uma força gravitacional de maior intensidade que o objeto menor. A Figura 2 mostra os vetores do campo de velocidades da água de um rio em pontos de sua superfície. O vetor associado a um determinado ponto da superfície significa a velocidade da água nesse ponto. Figura 2: campo de velocidades da água na superfície de um rio. Fonte: autor (2020) Como os vetores à esquerda da figura são pequenos em magnitude, a água está fluindo lentamente nesta região da superfície. À medida que a água se move da esquerda para a direita, encontra algumas corredeiras ao redor de uma rocha. A Rapidez da água aumenta, e um redemoinho ocorre em parte das corredeiras. Cada figura ilustra um exemplo de campo vetorial. Intuitivamente, um campo vetorial é um mapa de vetores. Definição: Um campo vetorial F dentro ℝ² é uma atribuição de um vetor bidimensional F (x, y) a cada ponto (x, y) de um subconjunto D pertencente a ℝ². O subconjunto D é o Domínio do campo vetorial (STEWART, 2013). CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 Um campo vetorial F dentro ℝ³ é uma atribuição de um vetor tridimensional F (x, y e z) a cada ponto (x, y e z) de um subconjunto D pertencente a ℝ³. O subconjunto D é o Domínio do campo vetorial (STEWART, 2013). Um campo vetorial ℝ2 pode ser representado de duas maneiras equivalentes. A primeira maneira é usar um vetor com componentes que são funções de duas variáveis, conforme relação a seguir: F (x, y) = ⟨P (x, y), Q (x, y) ⟩ A segunda forma é usando vetores unitários. F (x, y) = P (x, y) i +Q (x, y) j Para ser considerado um campo vetorial, as funções inerentes a cada componente do vetor devem ser contínuas (STEWART, 2013). Para facilitar o entendimento, analise a função bidimensional: F (x, y) = (2y2+x−4) i + cos(x) j Observe que este é um exemplo de campo vetorial já que ambos os componentes são funções contínuas. E para calcular o vetor que está associado ao ponto (0, - 1), basta substituir os valores dos pontos por x e y, então: F (x, y) = (2y2+x−4) i + cos(x) j F (0,−1) = (2(−1)2+0−4) i + cos (0) j = F (0,−1) = −2i + j Podemos agora representar um campo vetorial em termos de seus componentes, mas representá-lo visualmente por esboços é mais complexo, porque o domínio de um campo vetorial é em ℝ2. Portanto, o “gráfico” de um campo vetorial dentro ℝ2 vive no espaço quadridimensional. Como não podemos representar visualmente o espaço quadrimensional, desenhamos o vetor campo em ℝ2 no próprio plano. Para fazer isso, desenhe o vetor associado a um dado ponto no plano. Por exemplo, suponha que o vetor associado ao ponto (4, - 1) é ⟨ 3, 1 ⟩. Em seguida, desenhamos o Vetor ⟨ 3, 1 ⟩ no ponto (4, - 1). Devemos traçar vetores suficientes para ver a forma geral, mas não tantos que o esboço se torne visualmente poluído. Se fôssemos traçar o vetor em cada CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 ponto da região, preencheríamos algumas regiões que não contribuíram tanto. Em vez disso, podemos escolher pontos nas interseções das linhas de grade e traçar uma amostra de vários vetores de cada quadrante de um sistema de coordenadas retangulares em ℝ2. Alguns exemplos de campos vetoriais seriam: os campos radiais e os campos rotacionais. Campos radiais modelam certos campos gravitacionais e campos de fontes de energia, e os campos rotacionais modelam o movimento de um fluido em um vórtice. Em um campo radial, todos os vetores apontam para a origem. Além disso, a magnitude de qualquer vetor depende da sua distância até a origem (STEWART, 2013). Como exemplo, observe-se a função vetorial (campo vetorial radial). Para esboçar o campo vetorial, escolha alguns pontos de cada quadrante e calcule o vetor. A tabela 1 a seguir mostra alguns pontos em um plano e os vetores correspondentes. Tabela 1: pontos da função para o esboço o campo vetorial Fonte: autor (2022) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 Figura 3 mostra o campo vetorial gerado a partir da tabela 1. Cada vetor é perpendicular ao círculo correspondente. Figura 3 Uma representação visual do campo vetorial radial Fonte: autor (2022) A Figura 4 mostra alguns círculos sobrepostos no campo vetorial para facilitar a verificação que cada vetor é perpendicular ao círculo correspondente. . Figura 4 círculos sobrepostos no campo vetorial radial Fonte: autor (2022) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 Para aprofundarmos mais na análise, agora faremos o esboço de um campo vetorial rotacional. Considere a função vetorial F (x, y) = ⟨y, −x⟩. Criando a tabela 2 (veja a seguir) usando uma amostra representativa de pontos em um plano e seus vetores correspondentes. Tabela 2: pontos da função para o esboço o campo vetorial Fonte: autor (2022) Observe, por meio da figura 5, que o vetor F (x, y) = ⟨y, −x⟩ aponta para o sentido horário. Além disso, a título de curiosidade, os vetores ⟨x, y⟩ e ⟨-y, x⟩ são perpendiculares, este fato pode ser comprovado, realizando o produto escalar entre eles e verificando que o resultado dará zero. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 Figura 5 Uma representação visual do campo vetorial rotacional F (x,y) = ⟨y,-x⟩. Fonte: autor (2022) Na figura 6 foram adicionados círculos de referência para facilitar a visualização do comportamento do vetor F (x,y) = ⟨y,-x⟩ que aponta para o sentido horário. Figura 6 Círculos sobrepostos no campo vetorial rotacional Fonte: autor (2022) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 A figura 7 ilustra a perpendicularidade entre os vetores ⟨x, y⟩ e ⟨-y, x⟩, este fato pode ser comprovado, realizando o produto escalar entre eles e verificando que o resultado dará zero. Figura 7: campo vetorial rotacional F (x, y) = ⟨y, −x⟩ com a ilustração do vetor perpendicular Fonte: autor (2022) O vetor ⟨y, −x⟩ tem comprimento (por Pitágoras) r = √ x2+y2. Assim, temos uma descrição completa da rotação deste campo vetorial. o vetor associado ao ponto (x, y) é o vetor com comprimento tangente ao círculo com raio Os esboços dos campos vetoriais ilustrados nos exemplos anteriores são frequentemente usados para analisar grandes sistemas de tempestades, incluindo furacões e ciclones. No hemisfério norte, as tempestades giram no sentido anti-horário e no hemisfério sul, as tempestades giram no sentido horário. (Este é um efeito causado pela rotação da Terra em torno de seu eixo e é chamado de Efeito Coriolis). A Figura 8 mostra uma foto do Furacão Isabel para demonstrar o Efeito Coriolis do qual o texto trata. Uma vez que o ar é colocado em movimento pela força do gradiente de pressão, ele sofre uma aparente deflexão de seu caminho, como visto por um observador na Terra. Essa deflexão aparente é chamada de “força de Coriolis” e é resultado da rotação da Terra. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 Figura 8:Furacão Isabel e Efeito Coriolis Fonte: Wikimedia Commons Disponível em: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Hurricane_isabel_and_coriolis_force.jpg > À medida que o ar se move de alta para baixa pressão no hemisfério norte, ele é desviado para a direita pela força de Coriolis. No hemisfério sul, o ar que se move de alta para baixa pressão é desviado para a esquerda pela força de Coriolis. A quantidade de deflexão que o ar faz está diretamente relacionada à velocidade com que o ar está se movendo e sua latitude. Portanto, ventos que sopram lentamente serão desviados apenas uma pequena quantidade, enquanto ventos mais fortes serão desviados mais. Da mesma forma, os ventos que sopram mais perto dos polos serão desviados mais do que os ventos na mesma velocidade mais próximos do equador. A força de Coriolis é zero no equador. Considerações Finais Um campo vetorial atribui um vetor F (x, y) a cada ponto (x, y) em um subconjunto D pertencente a ℝ2 ou ℝ3. Os campos vetoriais podem descrever a distribuição de grandezas vetoriais, como forças ou velocidades sobre uma região do plano ou do espaço. Eles são de uso comum em áreas como física, engenharia, meteorologia e oceanografia. Podemos esboçar um campo vetorial examinando a sua equação para determinar as intensidades ou magnitudes relativas em vários pontos e depois desenhar uma quantidade de vetores suficiente para determinar um padrão visual que seja conclusivo. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Hurricane_isabel_and_coriolis_force.jpg CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 CAPÍTULO 2 APLICAÇÕES DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA FÍSICA Imagem da capa: Gráfico tridimensional do valor absoluto da função gama complexa Fonte: Wikimedia Commons Disponível em< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/Gamma_abs_3D.png > Em primeiro momento, apresentamos a teoria do cálculo vetorial, juntamente com os alguns tipos de campos vetoriais e suas aplicações. Estudamos que os Campos Vetoriais são uma ferramenta importante para descrever muitos conceitos físicos, https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/Gamma_abs_3D.png CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 como gravitação e eletromagnetismo, que afetam o comportamento de objetos em uma grande região de um plano ou do espaço. Eles também são úteis para lidar com o comportamento em grande escala, como tempestades atmosféricas ou correntes oceânicas de profundidade. Os campos vetoriais têm muitas aplicações porque podem ser usados para modelar campos reais, como campos eletromagnéticos e gravitacionais. Uma compreensão profunda da física ou engenharia é impossível sem uma compreensão dos campos vetoriais. Além disso, os campos vetoriais têm propriedades matemáticas que valem a pena serem estudadas por si. Em particular, campos vetoriais podem ser usados para desenvolver várias versões de dimensões superiores do Teorema Fundamental do Cálculo. Nesta e nas próximas aulas, faremos uma considerável revisão em algumas leis da física como, por exemplo, nas leis do movimento e também, no princípio do trabalho e energia, visto que a motivação para a existência de vários teoremas do cálculo avançado foi algum problema que surgiu dentro da filosofia natural. As integrais de linha, por exemplo, têm muitas aplicações em engenharia e física. Estas nos permitem fazer várias generalizações úteis do Teorema Fundamental do Cálculo e contribuem bastante para todos os problemas que envolvem trabalho realizado por uma força sobre um corpo ao longo de uma curva ou caminho. Entretanto, para iniciarmos as integrais de linha, precisamos garantir que os conhecimentos teóricos da física, bem como as aplicações básicas do cálculo diferencial e integral estejam bem consolidados. Regras Básicas de Integração Ao longo desta e das próximas aulas, precisaremos utilizar bastante algumas regras de derivação e integração. À medida que os problemas surgirem, uma revisão com exemplos será realizada. Por momento, vamos recordar estas 6 regras de integração? 1. Integral de uma constante Para demonstrar, observe a operação contrária, a seguir: . Exemplos: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 2. Integral de uma função polinomial Para demonstrar o resultado, observe: Exemplos: 3. Integração do produto de uma constante por uma função Exemplo: C 4. Integral da soma e da diferença entre funções Exemplo: 5. Integral de função exponencial Exemplo: 6. Integral da função racional CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 Exemplo: Por meio do Teorema Fundamental do Cálculo é possível resolver vários problemas e calcular as áreas sob funções diversas. Calcular Calcular Calcular Calcular Estas operações de integração servem como base para o entendimento de muitas outras que serão apresentadas no curso de cálculo avançado. Trabalho e Energia Trabalho e energia estão entre os conceitos mais importantes da física e desempenham papéis igualmente importantes em nosso cotidiano. Em Física o trabalho tem uma definição precisa que difere do nosso uso cotidiano: o trabalho é realizado por uma força agindo em um corpo somente quando o ponto de aplicação da força CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 se move através de uma distância e há um componente de força ao longo da linha de movimento, então quando uma força é exercida sobre um trenó e se move através da neve, o trabalho é feito no trenó. Mas, se o trenó fosse imobilizado (preso a uma árvore, por exemplo) a mesma força fosse exercida sobre ele como no caso anterior, nenhum trabalho no trenó seria verificado, pois o ponto de aplicação da força não se move por uma distância. Intimamente associado ao conceito de trabalho está o conceito de energia, que é a capacidade de realizar o trabalho. Quando um sistema realiza o trabalho em outro, a energia é transferida entre os dois sistemas. No caso do trenó, o trabalho realizado é parcialmente convertido em energia a partir do movimento (energia cinética) e parcialmente em energia térmica devido ao atrito entre a neve e o trenó; ao mesmo tempo, a energia química interna da pessoa que faz o empurrão diminui com o processo. O resultado líquido é a transformação da energia química interna do corpo da pessoa em energia cinética do trenó, mais a energia térmica produzida pelo atrito. No caso de um atleta que realiza um salto com vara, a energia química interna do salto é convertida em energia cinética (durante a corrida anterior); parte desta energia cinética é convertida em energia potencial elástica (deformação da vara durante a elevação do atleta) e o resto em energia potencial gravitacional que, por sua vez, é convertida em energia cinética quando cai e finalmente convertido em energia térmica quando chega ao chão. Trabalho Realizado Por Uma Força Quando aplicamos uma força a um corpo, podemos relacioná-la ao tempo de atuação, assim, surge o conceito de impulso ou podemos relacioná-lo ao espaço, de onde nasce o conceito de trabalho. Diremos que uma força agindo em uma partícula produz trabalho, quando ao menos um componente desta força provoca deslocamento do corpo. (HALLIDAY et al, 2015). Primeiro estudaremos todos os casos com forças constantes e em seguida aplicaremos os teoremas do cálculo para a solução de problemas envolvendo forças variáveis. Na figura 1 há um corpo que desliza ao longo do eixo x com uma certa velocidade. Em um certo ponto, uma força é aplicada. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 Figura 1:Caixa sendo arrastado ao longo do eixo x sob a ação de uma força. Fonte: adaptado de Wikimedia Commons Disponível em: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/20-P-FA-JK-20.png> A força oblíqua que atua sobrea caixa, pode ser decomposta em dois componentes, um normal (FY) e outro tangencial (FX) em relação ao movimento. Uma observação importante é que somente o componente horizontal da força (FX) é que realizará trabalho sobre o corpo, visto que se encontra na direção do movimento. O trabalho infinitesimal é definido como o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento do ponto de aplicação da força. A expressão matemática que define o trabalho realizado por uma força sobre uma partícula ao longo de um caminho a-b é mostrada a seguir. (1) Onde W é o trabalho realizado sobre o corpo e F, é a força que realiza o trabalho. Se a trajetória de um corpo for curvilínea, então existe uma força F que modifica o vetor velocidade e faz com que este seja sempre tangente à trajetória. Se a força for constante (em módulo, direção e sentido), integrando podemos encontrar o trabalho total, conforme mostra a equação 2. No Sistema Internacional de Unidades, a força tem como unidade o newton (N), o comprimento tem como unidade o metro (m) e unidade sob a forma de produto N.m recebe o nome de Joule (J), que equivale ao trabalho realizado por uma força de 1N para deslocar um corpo de 1m numa trajetória paralela à ação da força. Dessa forma, o trabalho total realizado por uma força constante que atua em um corpo que se desloca no espaço segundo dada trajetória entre as posições 𝐴 e 𝐵 pode ser calculado por: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/20-P-FA-JK-20.png CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 (2) Sendo d o deslocamento total do corpo e que corresponde com a variação da posição. E 𝜃 é o ângulo que a força 𝐹 aplicada descreve com a horizontal, direção do deslocamento do corpo e 𝑑 é a distância percorrida. Se 0 ≤ 𝜃 ≤ 90°, então o produto 𝐹. 𝑑 > 0, ou seja, o trabalho realizado pela força 𝐹 é positivo e, dessa maneira, é uma força motora, conforme mostra a figura 2. Figura 2: Trabalho de uma força constante sobre um corpo em uma trajetória retilínea Fonte: Autor (2021) Se 𝜃 = 90°, então 𝐹. 𝑑 = 0 e o trabalho 𝐹⃗ é nulo. Isso implica que a força 𝐹⃗ aplicada não contribui, nem prejudica o deslocamento elementar do corpo por estar perpendicular ao sentido do seu deslocamento, conforme ilustra a figura 3. Figura 3: Trabalho igual a zero de uma força constante sobre um corpo Fonte: Autor (2021) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 Se 90° ≤ 𝜃 ≤ 180°, então 𝐹. 𝑑 < 0, ou seja, o trabalho realizado pela força 𝐹⃗ é negativo e, portanto, é uma força resistente. Um exemplo típico de força resistente é a força de atrito, que se desenvolve contra o sentido de escorregamento do corpo, conforme figura 4. Figura 4: Trabalho negativo de uma força constante sobre um corpo em uma trajetória retilínea Fonte: Autor (2021) Se a força é variável, então a integral deve ser resolvida para a curva. Se a força é constante (em direção, módulo e direção) como no caso do peso de um corpo nas proximidades da superfície da Terra, a integral deixa de ser curvilínea. Tendo em vista a introdução realizada até aqui, vamos antecipar uma aplicação do cálculo avançado na física mecânica? É importante reforçar que em breve o conteúdo referente a teoria das integrais de linha será abordado. Suponha que uma força realiza trabalho sobre uma partícula, deslocando-a ao longo do caminho “C” ilustrado na figura 5. Então, a área em azul, abaixo da linha ou do caminho, representa o valor do trabalho realizado por esta força (equação 3). Esta área é calculada por meio de uma integral de linha. Uma integral de linha é uma integral na qual a função a ser integrada é determinada ao longo de uma curva no sistema de coordenadas. Podemos integrar uma função de valor escalar ou função de valor vetorial ao longo de uma curva. O valor da integral de linha pode ser calculado somando todos os valores dos pontos no campo vetorial (FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, 2007). Definição (integral de linha para campos vetoriais). Considere o campo vetorial F (x,y,z) = f (x,y,z) i + g (x,y,z) j + h (x,y,z) k para o qual as funções f (x,y,z),g (x,y,z) e h (x,y,z) são supostas contínuas e a curva C é suave por partes é representada por r (t), t ∈[a,b]. Define-se a integral de linha de F ao longo de C por: (STEWART,2013, p.1068). CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 (2) Figura 5: Área em azul representa o trabalho realizado por uma força F para deslocar uma partícula ao longo do caminho C. Fonte: adaptada de Stewart (2013, p. 954). Fórmula integral de linha para campo escalar Para um campo escalar com função f: U ⊆ Rn → R, uma integral de linha junto com uma curva suave C ⊂ U é definida como: ∫C f(r) ds = f [r(t)] |r’(t)| dt Sendo, r: [a, b] →C é uma parametrização arbitrária da curva. r(a) e r(b) dão as extremidades de C e a < b. Fórmula integral de linha para campo vetorial Para um campo vetorial com função, F: U ⊆ Rn → Rn, uma integral de linha junto com uma curva suave C ⊂ U, na direção “r” é definida como: ∫C F(r). dr = F[r(t)]. r’(t)dt. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 Considerações Finais As integrais de linha têm várias aplicações. Uma integral de linha é usada para calcular a área da superfície nos planos tridimensionais. Algumas das aplicações das integrais de linha no cálculo vetorial são as seguintes (GUIDORIZZI, 2013): • Uma integral de linha é usada para calcular a massa do fio. • Ajuda a calcular o momento de inércia e o centro de massa do fio. • É usado na Lei de Ampére para calcular o campo magnético em torno de um condutor. • Na Lei da Indução Magnética de Faraday, uma integral de linha ajuda a determinar a tensão gerada em um loop. • A integral de linha ajuda a calcular o trabalho realizado por uma força sobre um objeto em movimento em um campo vetorial. Nesta aula revisamos algumas operações de integração, além do conceito de trabalho de uma força. Por último, antecipamos de maneira introdutória uma aplicação do cálculo avançado na física mecânica, que são as integrais de linha. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 CAPÍTULO 3 CÁLCULO APLICADO NO TEOREMA DE TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA Figura: Uma massa menor orbitando no espaço-tempo distorcido por uma massa maior Fonte: Wikimedia Commons Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/30/CNX_UPhysics_13_07_spacecurve.png > Qualquer força aplicada em um corpo que promova o seu deslocamento realiza trabalho. Essa definição prática de trabalho carrega de forma implícita a relação entre a direção de aplicação da força e o deslocamento do corpo. Por isso, é comum https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/30/CNX_UPhysics_13_07_spacecurve.png CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 que os alunos se equivoquem nos cálculos envolvendo trabalho. Assim, seguem em detalhes alguns casos importantes. Uma força externa é uma força qualquer, de origem indefinida, que pode ser aplicada em um corpo. Na Figura 1 são apresentados quatro arranjos da aplicação de uma força externa F em um corpo com massa M. Desprezando a atuação de quaisquer outras forças, dissipativas ou motoras nos sistemas, todo deslocamento provocado é resultado da interação da força F com o corpo, ou seja, da realização de trabalho. Todavia, alguns pontos importantes precisam ser destacados: I. Na Figura 1 a), o trabalho resultante é dado por W = F. d, pois o ângulo de ⃗ F com a horizontal é zero, o que implica que o módulo integral da força é agente de trabalho motor.II. Na Figura 1 b), o trabalho resultante é dado por W=F.d. cos(O), isso implica que somente uma parcela da força, aquela correspondente a componente horizontal da força ⃗ F é agente de trabalho. III. Na Figura 1 c) o trabalho resultante é zero. Note que o bloco não se move. A concepção de trabalho na Física é relativamente diferente do entendimento baseado no senso comum e é restrita aos casos em que há modificação no estado de movimento. Sem movimento, o trabalho é nulo. IV. Na Figura 1 d) o trabalho resultante também é nula já que cos 90° = 0. Mas não se prenda à matemática, note que a força aplicada na vertical força o bloco contra o solo e, portanto, não promove qualquer tipo de deslocamento. Figura 1 Ilustração com quatro arranjos da aplicação de uma força 𝐹 em um corpo de massa 𝑀 Fonte: autor (2021) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 Trabalho Realizado Pela Força Peso A força peso é o resultado da força atrativa produzida pela Terra sobre um corpo próximo a sua superfície que o faz deslocar-se em direção ao seu centro de massa, ou seja, na vertical. Por consequência, o trabalho da força peso deve ser sempre calculado a partir do deslocamento vertical desse corpo, independentemente da trajetória realizada. A figura 2 mostra um diagrama do trabalho de elevação no campo gravitacional de um planeta. Figura 2 Ilustração diagrama do trabalho de elevação no campo gravitacional de um planeta Fonte: Wikimedia Commons Disponível em: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Lifting-work-in-the-gravitational-field.svg/2560px-Lifting-work-in-the-gravitational- field.svg.png > Na ausência de forças dissipativas, ou forças externas, o trabalho total é dado pelo trabalho da força peso: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Lifting-work-in-the-gravitational-field.svg/2560px-Lifting-work-in-the-gravitational-field.svg.png https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Lifting-work-in-the-gravitational-field.svg/2560px-Lifting-work-in-the-gravitational-field.svg.png CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 Tomando a energia potencial gravitacional igual a zero no referencial da superfície, a equação ficará. Na Figura 3 são apresentadas três trajetórias diferentes para o corpo, a primeira uma queda livre, a segunda um plano inclinado e a terceira uma superfície sinuosa. Nos três casos, o desnível percorrido é o mesmo e equivale a ℎ. Portanto, o trabalho da força peso é: Figura 3: Ilustração três trajetórias diferentes para o corpo dentro do campo gravitacional Fonte: autor (2021) Note, entretanto, um detalhe muito interessante. No caso da trajetória sinuosa, em determinados momentos o corpo descreve uma subida. Nesses intervalos de tempo, o ângulo da força peso com o sentido da trajetória passa a ser de 180° o que implica que cos180°= -1 e o trabalho da força peso passa a ser negativo, deixando momentaneamente de ser motor e passando a ser resistente. Desprezando-se a ação de forças dissipativas, como o atrito, a energia mecânica se mantém constante, reafirmando o Princípio da Conservação da Energia. ANOTE ISTO Forças Conservativas: são aquelas que realizam trabalhos independentemente do caminho escolhido entre dois pontos distintos e ele aparece como energia cinética ou energia potencial. Exemplo: Força Peso. Forças Dissipativas (não conservativas): são as forças que atuam no sistema, transformando energia mecânica em outras formas de energia, como a energia térmica. Exemplo: Força de Atrito, Resistência do ar, Força Viscosa de líquidos. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 A Lei de Gravitação universal do Sir Isaac Newton reza que os corpos com massa, como o planeta terra, exercem força atrativa direcionada para seu centro sobre quaisquer corpos que estejam dentro do seu campo gravitacional. A função que associa a força gravitacional a cada ponto do espaço, fornece um campo vetorial denominado campo de força. Assim, dois corpos com massas m e M, respectivamente, atraem-se com força igual a 2r GmM ,sendo: G a constante gravitacional e r é a distância entre os centros de ambos os corpos. Assim, se o corpo gerador de campo gravitacional de massa M encontra-se na origem do sistema de coordenadas XYZ e r (x,y,z) é o vetor posição, então o vetor unitário será u= -r/ |r |. Desta maneira: F(r)= 2r GmM u = r r r GmM 2− = 3r GmM − .r Campos vetoriais com esta forma são chamados de campos de quadrado inverso. A título de exemplificação, vamos trazer outra ferramenta do cálculo avançado para contribuir com a discussão sobre campo conservativos. Considere uma função vetorial tridimensional F (x, y, z) = M (x, y, z) i + N (x, y, z) j + P (x, y, z) k, onde M, N e P representam funções escalares sendo suas derivadas parciais pertencentes a uma região D. O rotacional da função vetorial F, denominado rot F ou 𝛁 F trata-se de outra função vetorial dada por rot F =𝛁 F = ∂ ∂ − ∂ ∂ z N y P i + ∂ ∂ − ∂ ∂ x P z M j + ∂ ∂ − ∂ ∂ y M x N k. A definição do rotacional da função vetorial F na configuração de um determinante será: rot F=𝛁 F = PNM zyx kji ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ E por qual motivo esta definição surgiu aqui? O motivo é simples. Uma das formas de se verificar se um campo é ou não conservativo é por meio do seu rotacional. Um campo vetorial será conservativo se ele for irrotacional, ou seja, caso seu rotacional seja igual a zero. Interessante, não? CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 É importante mencionar neste momento que esta e outras ferramentas do cálculo avançado serão trabalhadas de forma mais aprofundada em um momento oportuno do curso. Trabalho Da Força De Atrito A força de atrito se desenvolve sempre no sentido contrário ao escorregamento, ou seja, oposto ao movimento, sendo um trabalho resistente. Na Figura 4 apresenta-se um objeto se deslocando espontaneamente em um plano inclinado. Figura 4: Trabalho realizado pela força de atrito que é oposta ao movimento Fonte: autor (2021) Opostamente ao movimento e paralela à rampa, observa-se uma força resistente, de maior ou menor intensidade, que depende do coeficiente de atrito gerado entre os materiais da rampa e do objeto. O trabalho da força de atrito pode, então, ser calculado por: Trabalho de Forças Variáveis – Método Gráfico Alguns tipos de forças, como a força elástica, são naturalmente variáveis em decorrência de propriedades constitutivas e/ou construtivas do seu promotor, como as molas e materiais elásticos; outras, podem ser variáveis por uma questão de interesse prático ou comercial. Nesses casos, a simplificação matemática da definição de trabalho não pode ser empregada, sendo necessária a utilização do cálculo diferencial. Todavia, CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 por definição, a integral de linha da força aplicada ao longo da posição do corpo equivale à soma das pequenas parcelas de força aplicadas ao longo de todo deslocamento do corpo. Assim, de posse de um gráfico da força em função do deslocamento, a área sob a curva é numericamente igual ao trabalho. Na Figura 5, um gráfico de 𝐹 𝑥 𝑑 é exibido. Perceba que 𝐴1 é composta por forças positivas e 𝐴2 por forças negativas que representam, respectivamente, as forças motoras e resistente. Figura 5: Trabalho de uma força variável Fonte: autor (2021) O trabalho útil das forças aplicadas no sistema ilustrado na Figura 4 pode ser calculado através da soma dos trabalhos motores (+) e dos trabalhos resistentes (-). Teorema da Energia Cinética Uma força realiza trabalho se ela gera uma ação capaz de modificar o estado de movimento de um corpo. Dessa forma, é intuitivo imaginar que um corpo em equilíbrio (estático ou dinâmico) ou emmovimento só pode ter seu estado de movimento alterado se houver uma alteração em sua aceleração. Assim, a partir do entendimento de que a aplicação dessa força pode acelerar ou desacelerar o corpo, percebe-se que o trabalho proporciona uma mudança no estado de energia desse corpo. Suponha uma força constante aplicada em um corpo na direção paralela ao seu deslocamento (θ = 0). Por definição de trabalho, tem-se que W= F.d. Aplicando-se a 2ª Lei de Newton nesse contexto, a equação do trabalho fica: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 Utilizando a equação de Torricelli, que é uma função alternativa da velocidade, independente do tempo, para o movimento retilíneo uniformemente variado tem-se: V² = V0² + 2 . a . ∆S V² = V0² + 2 . a . d Substituindo essa expressão na equação do trabalho, encontra-se: Conclui-se, portanto, de forma analítica que só há trabalho, ou seja, alteração do estado de movimento de um corpo, se houver uma variação de sua energia cinética. Pode-se mostrar que a energia cinética de um corpo é dada pela fórmula: Utilizando o cálculo diferencial e integral é possível encontrar a expressão da energia cinética. Considere que sobre uma partícula esteja atuando uma força F. Caso esta força varie a velocidade do corpo, ela estará realizando trabalho. Assim: Substituindo a segunda lei de Newton na integral e lembrando que a aceleração é a derivada primeira da velocidade em relação ao tempo, a expressão ficará: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 Realizando a integração e considerando que o corpo partiu do repouso (velocidade inicial igual a zero) teremos a relação para a energia cinética. Onde m é a massa do corpo e v o módulo de sua velocidade. A partir desta expressão de energia segue-se que: • A energia cinética é sempre maior ou igual a zero. Não há energias cinéticas negativas. • Para uma determinada velocidade, a energia cinética é diretamente proporcional à massa do corpo e para uma determinada massa é diretamente proporcional ao quadrado do módulo de sua velocidade. Vê-se que a influência da velocidade é maior que a da massa. • A energia cinética de um corpo depende do módulo de sua velocidade, mas não da direção ou sentido. Todos os objetos de mesma massa que se movem com a mesma velocidade têm a mesma energia cinética. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 • A energia cinética de um corpo depende do sistema de referência do qual é estudado (visto que sua velocidade depende desse sistema de referência) Trabalho Realizado por Força de Mola e A Energia Potencial Elástica A Energia Potencial Elástica (Eelast.) está associada ou “armazenada” na propriedade elástica de alguns materiais que, após serem deformados pela ação de uma força externa, podem restaurar sua forma original. Corresponde ao trabalho que a força elástica realiza para reconstituir a mola ao seu comprimento original, transformando a energia potencial elástica em energia cinética, observe a figura 6. Figura 6: Movimento de um sistema massa-mola Fonte: autor (2020) A mola exerce sobre um corpo uma força variável, a força elástica, que é proporcional à sua deformação. Assim, para se calcular o trabalho da força elástica, pode se fazer o uso de gráfico de 𝐹⃗ ao longo da posição, conforme a figura 7. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Figura 7: Gráfico força versus deformação para o sistema massa-mola. Fonte: autor (2020) A área denominada A no gráfico da Figura 7 corresponde ao trabalho realizado. Utilizando o cálculo diferencial e integral é possível encontrar a expressão da energia potencial elástica. Considere que F seja a força necessária para deformar a mola de r ou de x (variável mais comum para deformação). Substituindo a lei de Hooke na integral a expressão ficará: Realizando a integração, considerando que na condição inicial, a mola não estava deformada, obtém-se a equação da energia potencial elástica. onde k é a constante elástica da mola em N/m,e x é a deformação. Potência A potência é definida como trabalho por unidade de tempo. Na prática, é fácil perceber esse conceito e como a presença do tempo é fator essencial para atribuição de valores. Já parou para pensar por que durante uma corrida, quando você se cansa, passa a caminhar? Em ambos os exemplos, o trabalho é o mesmo, o deslocamento de CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 um lugar a outro através da aplicação de uma força. A diferença está na quantidade de ciclos realizados em um mesmo intervalo de tempo. A potência é, portanto, à medida do quanto de trabalho é realizado por unidade de tempo, assim: em que 𝑃 é a potência, dada em Watts (W) no Sistema Internacional, W é o trabalho, em J, e t é o tempo. Lembrando que o uso do operador diferencial é importante para o caso de forças variáveis. A potência também pode ser representada em outros sistemas de unidade com aderência grande de mercado como cv (Cavalo-Vapor), para motores automotivos, hp (horse-power) para motores em geral e 𝐵𝑡𝑢 para aparelhos de ar-condicionado. ISTO OCORRE NA PRÁTICA Não é segredo que um dos elementos mais importantes para gerar movimento em um automóvel é o motor. Um carro com um motor mais potente e com maior torque, tende a atingir velocidades mais altas em menor tempo, visto que é capaz de realizar mais trabalho por unidade de tempo. Vamos praticar alguns exemplos para fixar todas estas informações? Um homem puxa para cima um bloco apoiado no chão de massa 40,0 𝑘𝑔 aplicando- lhe uma força constante que forma um ângulo de 60° em relação a horizontal (figura 8). A trajetória do bloco é uma reta e o coeficiente de atrito entre a pista horizontal e o bloco é de 0,2. Se em um deslocamento de 8,0 𝑚 o trabalho realizado pela força aplicada pelo homem é de 1000,0 𝐽, calcule: o valor da força aplicada e o trabalho da força de atrito. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 Figura 8: Forças atuantes no corpo Fonte: autor (2021) Esse exercício é uma aplicação direta da fórmula do trabalho e requer somente o cuidado de identificar corretamente as forças aplicadas e os ângulos de ação da força. Um homem empurra para baixo um bloco apoiado no chão de massa 20,0 𝑘𝑔 aplicando-lhe uma força constante que forma um ângulo de 30° em relação a horizontal. A trajetória do bloco é uma reta e o coeficiente de atrito entre a pista horizontal e o bloco é de 0,3. Se em um deslocamento de 5,0 𝑚 o trabalho realizado pela força CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 aplicada pelo homem é de 950,0 𝐽, calcule: o valor da força aplicada e o trabalho da força de atrito. Figura 9: Forças atuantes no corpo Fonte: autor (2021) Esse exercício tem resolução semelhante ao anterior, mas com força motora posicionada de forma invertida. A relação da força normal com o peso e 𝐹𝑦 é obtida aplicando a condição de equilíbrio na vertical (∑ 𝐹𝑦 = 0). CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Um corpo é empurrado sobre uma superfície horizontal por uma força variável que atua paralelamente à superfície e obedece a relação F=4.x (SI). Que trabalho terá realizado essa força, quando o corpo tiver se deslocado da posição de 2,0 m até a posição de 4,0 m? Uma força variável, o trabalho pode ser calculado através da área do gráfico. Todavia, na ausência desse elemento, o único caminho é mesmo através da integração: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 CAPÍTULO 4 CÁLCULO APLICADO AO TEOREMA DO IMPULSO E DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO Imagem: momento angular orbital de la luz Fonte: Wikimedia Commons Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Momento_angular_orbital_de_la_luz#/media/Archivo:Helix_oam.pngA imagem da capa ilustra uma aplicação do conceito de momento angular para a luz. Cada coluna mostra uma estrutura diferente de um raio de luz helicoidal, seus espaços de fase e suas distribuições de intensidade correspondentes. Outro assunto que será abordado nesta aula, as colisões, também possuem muitas aplicações. Uma delas é bastante conhecida dentro da área automotiva.Para a indústria CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 automotiva, um dos principais testes pelo qual os veículos devem passar é o crash test ou “teste de colisão”. São realizados testes variando diversos parâmetros tais como: velocidades e local de colisão, visto que isso é necessário para calibrar os cintos de segurança, airbags e outros diferentes mecanismos de segurança que possam estar presentes nos veículos - afinal, uma batida sob baixa velocidade não exigiria a ativação de uma medida tão drástica quanto um airbag -, além de verificar a resistência de partes como os parachoques. Dentre as diversas análises realizadas, a verificação do tempo necessário para o airbag inflar e esvaziar o airbag é uma das mais importantes para que tudo isso ocorra bem, apesar do intervalo de tempo pequeno, visto que bater de frente com o airbag totalmente inflado não reduziria os danos sofridos pela pessoa. A intenção é justamente reduzir o tempo de contato da pessoa com qualquer superfície, visto que isso, sim, diminui a força exercida contra ela A quantidade de movimento, também chamada de momento linear, é uma grandeza que envolve a massa e a velocidade de um corpo. Ela está diretamente relacionada ao conceito de impulso, que trata da força que é aplicada a um corpo por um determinado período de tempo. Estes conceitos são essenciais para que possamos compreender as colisões, então os abordaremos de forma breve antes de iniciarmos o principal foco da aula. Suponha que um jogador de futebol irá cobrar uma falta. Ele irá posicionar a bola a uma certa distância, correr até ela e chutá-la. O contato entre o pé do jogador e a bola durará apenas uma fração de segundo e, durante essa fração, a força que o jogador usou para chutar a bola foi aplicada a ela. Este é o chamado impulso: o tempo de contato durante o qual foi aplicada uma determinada força a um corpo (KESTEN; TAUCK, 2015). Considerando a segunda lei de Newton, ou seja, a equação de movimento para uma partícula de massa m: O Princípio do impulso e do momento linear (integração temporal da equação do movimento) será dado por: (1) Ou CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 L = mv na equação de movimento é definido como momento linear da partícula. Em alguns livros, este termo aparece como quantidade de movimento “Q”. Impulso • A Integral I = ∫ F dt no teorema mostrado é denominado como o impulso linear e mede o efeito de uma força durante o tempo em que ela age. • Se força for expressa em função do tempo, impulso = avaliação direta da integral , conforme mostra a figura 1. Figura 1: Curva para a função força variando no tempo Autor (2022) Se a força for constante, o aspecto do gráfico ficará de acordo com a figura 2: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 Figura 2: Gráfico para a caso a força seja constante Autor (2022) O impulso inicial da partícula em t1 mais a soma vetorial de todos os impulsos aplicados à partícula durante o intervalo de tempo t1 a t2 é equivalente ao momento final da partícula em t2. Os componentes escalares x, y, z da equação anterior são: O impulso é uma grandeza vetorial, tendo a mesma direção e sentido que o vetor força. Pode ser representado pela letra I, mas não é raro encontrar livros que usem a letra J em seu lugar. A unidade do impulso pode ser dada em N.s. Quando aplicamos uma força em algum corpo por um certo instante - como, por exemplo, quando damos uma tacada numa bola numa mesa de bilhar, ou então quando empurramos a porta da geladeira para que ela feche, estamos realizando os conceitos de impulso. Já a quantidade de movimento, que é representada pela letra Q, se refere à multiplicação da massa de um corpo pela velocidade do mesmo. Voltando ao exemplo do jogador de futebol, vamos considerar apenas a perna que ele usa para o chute neste momento. Vamos supor que a perna do jogador pese cerca de 10 kg, enquanto a velocidade com que ela se move no instante do chute seja de 30 m/s. Podemos calcular a quantidade de movimento através da equação: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 Essa quantidade de movimento será transferida para a bola no momento do chute. Uma bola de futebol pesa cerca de 450 g. Se estivermos falando de um sistema fechado, no qual toda a quantidade de movimento seja transferida, então poderemos calcular a velocidade com que a bola se movimenta usando a igualdade Ou seja, num sistema em que não haja resistência do ar, atrito ou qualquer dissipação de energia no momento do choque entre o pé do jogador e a bola, esta se movimenta a uma velocidade de 666,67 m/s. Na realidade, parte da energia cinética será perdida e, consequentemente, a bola não se moverá a uma velocidade tão alta. ANOTE ISSO A energia cinética de um sistema pode variar ou não, dependendo do formato de colisão com o qual estivermos lidando. Porém, se considerarmos os corpos como um sistema isolado, o momento linear do sistema será conservado no instante da colisão. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O ex-jogador brasileiro Roberto Carlos tinha como uma de suas principais características um chute forte. Em mais de uma ocasião, o jogador contou com a ajuda de efeitos da Física em seus gols. A velocidade com que a bola se movia era tão alta que ocorria o chamado “efeito Magnus”, o qual fazia com que a bola realizasse curvas inesperadas. Disponível em: https://go.eadstock.com.br/k1 https://go.eadstock.com.br/k1 CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 O impulso realizado em um corpo pode ser calculado através da variação de quantidade de movimento deste mesmo corpo. Caso ele esteja em repouso no início, o impulso será igual à quantidade de movimento final, entretanto, caso o corpo já esteja em movimento no início, é necessário realizar o cálculo conforme a equação 3: O teorema do princípio do impulso e da quantidade de movimento para um sistema de partículas é: Multiplicando ambos os lados por dt e integrando-se entre os limites t = t1, vi = (vi)1 e t= t2, vi = (vi)2 Os momentos lineares iniciais do sistema adicionados vetorialmente aos impulsos de todas as forças externas que atuam no sistema durante o período de tempo t1 a t2 são iguais ao momento linear final do sistema. • Localização do centro de massa G do sistema: • Tomando os derivativos de tempo: Analisando vetorialmente, o Momento linear total do sistema de partículas mais os impulsos externos agindo no sistema de partículas durante o intervalo de tempo de t1 a t2 será igual ao momento linear final da partícula agregada. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 Impacto ou Colisão O termo “colisões” tem exatamente o mesmo significado para a Física e para o nosso entendimento cotidiano. Qualquer situação na qual haja um choque entre dois corpos, de forma que pelo menos um deles esteja em movimento, será considerada uma colisão. O impacto ocorre quando dois corpos colidem entre si durante um período muito curto de tempo, fazendo com que forças relativamente grandes (impulsivas) sejam exercidas entre dois corpos. Impacto central – a direção do movimento dos centros de massa das duas partículas colidindo é ao longo de uma linha que passa pelos centros de massa das partículas, conforme ilustra a figura 3 Figura 3: partículas iniciando a colisão central Fonte: autor(2019) Impacto oblíquo – quando o movimento de uma ou ambas as partículas estão em ângulo com a linha de impacto, conforme ilustra a figura 4. Figura 4: partículas iniciando a colisão oblíqua Fonte: autor (2019) Análise do Impacto Central Supondo que as partículas tenham condição inicial tal que inicial, (vA)1 > (vB)1, conforme ilustra a figura 5. Figura 5: partículas iniciando a colisão Fonte: autor (2019) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 Durante a colisão, as partículas passam por um período de deformação, com impulso de deformação igual, mas oposto ∫ P dt, conforme ilustra a figura 6. Figura 6: partículas no período de deformação durante a colisão Fonte: autor (2019) Na deformação máxima, ambas as partículas se movem com velocidade comum v, por um instante ínfimo, conforme ilustra a figura 7. Figura 7: partículas na fase de movimento da colisão Fonte: autor (2019) Em seguida, ocorre um período de restituição (as partículas retornam à forma original ou permanecem deformadas). O impulso de restituição ∫ R dt empurra as partículas, onde ∫ P dt > ∫ R dt, conforme ilustra a figura 8. Figura 8: partículas na fase do impulso de restituição da colisão Fonte: autor (2019) Logo após a separação, a velocidade final das partículas será (vB)2 > (vA)2, conforme ilustra a figura 9. Figura 9: partículas na fase de separação da colisão Fonte: autor (2019) Para determinar as velocidades, aplique a conservação da quantidade de movimento para o sistema de partículas: mA (vA)1 + mB (vB)1 = mA (vA)2 + mB (vB)2 Caso necessário, para encontrar as velocidades finais (os valores iniciais das partículas serão conhecidos na maioria dos casos), considere a fase de deformação: mA (vA)1 - ∫ P dt = mA v CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 Para a fase de restituição: mA (vA)1 - ∫ R dt = mA (vA)2 Razão do impulso de restituição ao impulso de deformação = coeficiente de restituição, e: Para partícula B: ou seja, Em geral, valor de e= entre zero e um: A velocidade de afastamento é a velocidade com a qual os corpos se afastam um do outro após o choque, enquanto a velocidade de aproximação é a velocidade com a qual eles se aproximam um do outro imediatamente antes da colisão. Independentemente de qual foi o tipo de choque, e nunca será maior do que 1. Como sempre, as velocidades devem levar em consideração o sentido do vetor. Caso elas tenham sentidos contrários, deverão, obrigatoriamente, ter sinais diferentes. Por conta disso, deve-se sempre considerar um referencial. Impacto Elástico (e = 1): Se a colisão entre as duas partículas for perfeitamente elástica, o impulso de deformação ∫ P dt = igual e oposto ao impulso de restituição ∫ R dt As colisões elásticas - chamadas de “perfeitamente elásticas” por alguns autores - são a única forma de colisão na qual a energia cinética é conservada após o choque entre os dois corpos. Na prática, não existe uma colisão perfeitamente elástica em uma escala visível a olho nu, visto que sempre haverá, ao menos, um mínimo de dissipação de energia, geralmente em forma de energia sonora. Em escala atômica, as CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 colisões entre átomos podem corresponder a este formato (KESTEN; TAUCK, 2015). Sabemos que, no momento de uma colisão entre dois corpos, os quais chamaremos de 1 e 2, a quantidade de movimento é conservada. Sendo assim, podemos assumir a igualdade apresentada na equação 5: QI1 + QI2 = QF 1 + QF 2 m1.V1 + m2.V2 = m1.V1’+m2.V2’ (5) A diferença da colisão elástica em relação às demais é que a energia cinética do sistema será conservada, assim: (6) Em situações específicas de colisões elásticas nos quais o corpo 2 encontra-se em repouso e o corpo 1 encontra-se em movimento antes da colisão, podem ser feitas algumas considerações matemáticas. Quando m1 > m2, ambos os corpos irão se movimentar, após a colisão, para o mesmo sentido que o corpo 1 estava se movimentando, as velocidades irão depender das massas. Em casos nos quais m1 = m2, o corpo 1 ficará estático e o corpo 2 seguirá no mesmo sentido e com a mesma velocidade que do corpo 1 anterior à colisão. Finalmente, se m1 < m2, o corpo 1 irá assumir sentido contrário ao da sua velocidade anterior à colisão, enquanto o corpo 2 irá se movimentar no mesmo sentido da velocidade do corpo 1 anterior à colisão. Reforçando, estas situações expostas valem apenas para colisões elásticas, o mesmo não pode ser afirmado para as demais colisões. Em relação ao coeficiente de restituição, em uma colisão elástica o mesmo sempre será igual a 1, visto que a velocidade relativa com que os corpos se aproximam um do outro será exatamente a mesma velocidade relativa de afastamento. Colisões Inelásticas Ou Impacto plástico (e= 0) Nenhum impulso de restituição dado às partículas (∫ R dt = 0); após a colisão, ambas as partículas se mantêm juntas, movendo-se com velocidade comum. As colisões inelásticas, também chamadas de colisões parcialmente elásticas, são aquelas que encontramos com maior frequência. A grande diferença em relação às colisões elásticas está no fato de que ocorre perda de energia cinética no sistema após a colisão, seja em forma de calor, seja em forma de energia sonora. Deve-se citar que a regra da CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 conservação do momento linear ainda é válida, visto que a mesma se aplica ao instante exato da colisão, e não ao que acontece após a mesma. Sendo assim, imagine que, ao jogar bilhar, a bola branca rolou em direção a uma outra bola qualquer. As duas se chocam e seguem caminhos diferentes. É possível sabermos a massa de cada uma delas, mas suas velocidades após a colisão irão depender diretamente do coeficiente de restituição dos corpos envolvidos. Quanto maior for seu módulo, maior será a velocidade com a qual ambos se afastarão, e maior terá sido a quantidade de energia mecânica conservada pelos corpos. Em todas as hipóteses, o coeficiente de restituição será maior do que 0 e menor do que 1, visto que, embora a energia mecânica não seja toda conservada, ainda ocorre uma velocidade de afastamento entre os corpos. Colisões perfeitamente inelásticas As colisões perfeitamente inelásticas são um caso específico de colisões inelásticas. Nestas hipóteses, os corpos colidem e permanecem unidos. Então, pode-se considerar eles como um único corpo e, justamente por este motivo, não há velocidade de afastamento entre os corpos, o que torna o coeficiente de restituição igual a zero (SERWAY & JEWETT JR., 2017). Considerando essa informação, podemos usar a equação 7 para descrever o momento linear deste tipo de colisão: m1⋅V1+m2 .V2=(m1 + m2)⋅Vfinal (7) Esta situação, apesar de menos comum do que uma colisão inelástica simples, pode ser vista em ocasiões reais. Por exemplo, é possível que, caso um carro colida com a traseira de outro, os dois permaneçam unidos por um certo período, isso já seria suficiente para configurar uma colisão perfeitamente inelástica. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 CAPÍTULO 5 CAMPOS ESCALARES X CAMPOS VETORIAIS Imagem da capa: Diagrama detalhando o gradiente de uma superfície parabólica F (x, y) = x² - y². A imagem superior é o campo escalar correspondente ao campo vetorial, logo abaixo. Fonte: Wikimedia Commons Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/Scalar_potential#/media/File:Electrodynamics_vector_calculus_review_gradient.svg> https://en.wikipedia.org/wiki/Scalar_potential#/media/File:Electrodynamics_vector_calculus_review_gradient.svg CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 Arespeito da imagem da capa, trata-se de um diagrama detalhando o gradiente de uma superfície parabólica F (x, y) = x² - y². A imagem superior é o campo escalar correspondente ao campo vetorial, logo abaixo. A forma paraboloide hiperbólica tem sido usada em estruturas de engenharia (figura 1) em várias ocasiões, pois é facilmente construída a partir de seções retas de madeira, aço ou outros materiais convencionais Figura 1: L’Oceanogràfic em Valência, o grande complexo de aquários da Europa Fonte: Wikimedia Commons Disponível em< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/L%27Oceanogr%C3%A0fic_Valencia_2019_4.jpg> Um paraboloide possui apenas pontos de superfície hiperbólicos, então sua curvatura gaussiana é negativa. O paraboloide hiperbólico é descrito matematicamente, pela seguinte forma: z = x² -y². Como podemos observar, a física, a matemática e a tecnologia caminham juntas. Dito isto, vamos entender melhor os campos escalares e os campos vetoriais, visto que revisamos diversos conceitos e definições da física e do cálculo diferencial e integral. Dada uma região D do espaço, podemos associar a cada ponto de D uma grandeza escalar (temperatura, pressão, densidade, distância, dentre outras) ou uma grandeza vetorial (força velocidade, aceleração posição, deslocamento etc). Dizemos, então, que define-se sobre D um campo escalar ou um campo vetorial, respectivamente. Geralmente identificamos um campo escalar ou vetorial com a função escalar ou vetorial que o define. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 Definição para campos escalares: Seja f uma função escalar definida em uma região D do espaço-2D ou espaço-3D. A região D, juntamente com as grandezas escalares e as imagens de cada ponto de D em f, são forma ao campo escalar. Dizemos também, que a função f define um campo escalar sobre D. Exemplos: 1. Se D é um sólido no espaço e d é a densidade em cada ponto (x, y, z) de D, d define um campo escalar em D. 2. Uma piscina P na forma de um paralelepípedo com base quadrangular de lado medindo 3m e de altura medindo 1.8m está cheia. Cada partícula da água em P está sujeita a uma pressão que é proporcional à distância desta partícula até a superfície da água. Desta forma, é possível definir uma função escalar p da água da piscina em IR obtendo, consequentemente, um campo escalar. 3. D é uma chapa metálica na forma de círculo com raio r, cuja temperatura em cada um de seus pontos é inversamente proporcional à uma unidade somada com sua distância até o centro do círculo. Isto define uma função escalar T (que associa a cada ponto da chapa a sua temperatura) e um campo escalar. Definição para campos vetoriais: Seja F uma função vetorial definida de uma região D do espaço-2D ou espaço-3D no próprio espaço. A região D juntamente com as grandezas vetoriais, imagem de cada ponto de D em F, é chamada um campo vetorial. Dizemos também, que F define um campo vetorial sobre D. Exemplos: 1. Consideremos a função vetorial V que associa a cada ponto da atmosfera terrestre D a velocidade do vento neste ponto. V define um campo vetorial em D, chamado campo de velocidade. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 2. Consideremos D como o espaço ocupado pela água em um riacho. A função que associa a velocidade de cada partícula de D em certo instante, também define um campo de velocidade em D. 3. A partir da Lei da Gravitação universal de Newton a terra exerce uma força de atração para o seu centro sobre qualquer corpo em sua atmosfera. A função que associa essa força a cada ponto da atmosfera D define um campo vetorial em D chamado campo de força. No caso, esse campo de força é o famoso campo gravitacional da terra. Representação gráfica de campos vetoriais. A função vetorial dada por F (x, y) = (M (x, y), N (x, y)) define um campo vetorial no espaço-2D. Para representá-lo, introduzimos um sistema de coordenadas no plano XY, selecionamos alguns pontos (x, y) e desenhamos os vetores a eles associados, preferencialmente, com a origem do vetor no próprio ponto. ANOTE ISTO É conveniente lembrar que os vetores de um campo vetorial são infinitos e que não podemos representar todos. Assim, a seleção dos pontos deve ser tal que nos dê as informações sobre o comportamento do campo em geral. Consideremos o campo vetorial F dado por F (x, y) = (-y, x) e selecionado alguns pontos aleatoriamente temos a tabela 1 e o campo vetorial da figura 2. (x, y) (1, 1) (-1, 1) (-1, -1) (1, -1) (1, 3) (-3, 1) (-1, -3) (3, -1) F (x, y) (-1, 1) (-1, -1) (1, -1) (1, 1) (-3, 1) (-1, -3) (3, -1) (1, 3) Tabela 1: pontos para o campo vetorial Fonte: autor (2022) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 Figura 2: campo vetorial associado aos pontos da tabela 1 Fonte: autor (2022) Os vetores deste campo vetorial representam um campo de velocidade de uma roda em movimento, conforme ilustra a figura 3. Figura 3: campo de velocidades associado ao campo vetorial mostrado Fonte: autor (2022) Sendo r (x, y) = (x, y) a função vetorial que nos dá o vetor posição do ponto (x, y) do espaço-2D, temos r (x, y) e F (x, y) = (-y, x), são ortogonais em cada ponto, pois (x, y). (-y, x) = x (-y) + y x = 0. A título de ilustração, ampliando, consideravelmente, o número de pontos do campo vetorial F (x, y) = (-y, x), obteremos a figura 4. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 Figura 4: campo de velocidades associado ao campo vetorial mostrado Fonte: autor (2022) Podemos também usar o Maple para representar campos vetoriais. Seguidamente é conveniente indicar campos vetoriais usando a notação do vetor através da função vetorial que fornece o vetor posição de um ponto no espaço-2D (ou espaço-3D). Da Lei da Gravitação Universal de Newton, dois corpos de massas m e M se atraem com uma força F de grandeza |F|= GmM /r2 onde G é uma constante e r é a distância entre os dois corpos. Assim, se o objeto de massa M se encontra na origem de um sistema de coordenadas XYZ e r (x, y, z) é o vetor posição do objeto de massa m, então r = |r| = | e a força F(r) exercida pelo objeto de massa M sobre o outro tem a direção e o sentido do vetor unitário u = -r / |r |. Assim: F(r) = u = = r. Se m e M são constantes e fazendo –GmM = c, obteremos: F(r) = = u. Campos com esta forma geral, são denominados como campos de quadrado inverso. Podemos citar como exemplo, de campo vetorial para c >0, o campo elétrico gerado por uma carga positiva, conforme mostrado na figura 5. Figura 5: Linhas de campo para uma carga positiva Fonte: autor (2022) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 Podemos citar dois exemplos de campos vetoriais para c < 0, o primeiro ilustrado, na figura 6, é o campo gravitacional. Uma representação tridimensional do campo gravitacional criado pela massa M. Observe que as linhas estão distribuídas uniformemente em todas as direções. E que a intensidade do campo gravitacional (comprimento do vetor g) reduz à medida que a distância em relação a massa M aumenta. Figura 6: representação tridimensional do campo gravitacional criado pela massa M Fonte: autor (2020) Observe que no campo vetorial da gravidade, a direção de g é paralela às linhas de campo em qualquer ponto. A intensidade de g em qualquer ponto é inversamente proporcional ao espaçamento entre linhas. Outra maneira de afirmar isso é que a magnitude do campo em qualquer região é proporcional ao número de linhas que passam por uma unidade de área de superfície, efetivamente uma densidade de linhas. Como as linhas são igualmente espaçadas em todas as direções, o número de linhas por unidade de área de superfície a uma distância r da massa é o número total de linhas dividido pela área de superfície de uma esfera de raio r, que é proporcional a r². Assim, esta imagem representa perfeitamentea lei do inverso do quadrado, além de indicar a direção do campo. Na imagem de campo, dizemos que uma massa m interage com o campo gravitacional de massa M. Estes conceitos ajudam muito no entendimento das leis de Maxwell do eletromagnetismo. O segundo exemplo é o de um campo elétrico gerado por uma carga negativa. Consegue se lembrar, que no ensino médio, somente era informado que, nas cargas CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 positivas, o campo era radial para fora e, nas cargas negativas, era para dentro? Pois bem, uma das explicações tem relação com o fato das cargas negativas provocarem campos elétricos com o c < 0, conforme ilustra a figura 7. Figura 7: Linhas de campo para uma carga pontual negativa Fonte: autor (2022) Para uma descrição mais precisa dos campos escalares, sobretudo, no espaço tridimensional, temos que reforçar alguns conceitos sobre: derivadas parciais, derivada direcional e gradiente. Muitas vezes estamos interessados em saber como determinada função foi afetada à medida que mudamos uma variável (tempo, altitude etc) em uma quantidade infinitesimal, dx. A mudança em uma função, df, é encontrada por Na maioria dos problemas reais, as funções (temperatura, pressão, força etc), dependem de mais de uma variável. Infelizmente, determinar a mudança em uma função multivariável é um pouco mais complicado do que para funções de variável única (ordinária). Em particular, a taxa de variação (derivada) depende de quais variáveis são alteradas e como elas são alteradas. Duas perguntas novas e interessantes também surgem nestes problemas: 1. Qual é a taxa máxima de variação para a função? 2. Como as variáveis devem acontecer para obter esta taxa máxima? CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 Para começar a responder estas perguntas, para funções que dependem apenas das três dimensões espaciais, começamos determinando a variação na função em apenas uma variável por vez. Para desenvolver as respostas para as perguntas acima colocadas. Usando nosso conhecimento do produto escalar na forma cartesiana, vemos que podemos reescrever nossa equação para a variação total em uma função espacial como: O último termo é o vetor de deslocamento na forma cartesiana. Assim, temos que a variação total em uma função é O primeiro termo é um operador com três componentes como um vetor. Verificando suas propriedades de rotação, é possível demonstrar que é um vetor. Del Operador em Forma Cartesiana - ∇ O operador del é realmente definido pelo gradiente e terá formas mais complexas em outros sistemas de coordenadas. Gradiente de uma Função Escalar - ∇f Agora temos nosso resultado final para a variação total em uma função espacial como: Esta equação define tanto o gradiente de uma função escalar como o operador del. Não faz referência ao sistema de coordenadas que está a ser utilizado. Podemos concluir que o gradiente de uma função escalar é um vetor. Além disso: CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 • A magnitude do gradiente de uma função escalar é igual à maior taxa de mudança da função escalar. • A direção do gradiente da função escalar está na direção da maior taxa de mudança da função. Tendo em vista todas estas definições e ferramentas, nosso próximo passo será complementar estes conceitos e resolver vários exemplos passo a passo. CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 CAPÍTULO 6 CÁLCULO VETORIAL: IMPORTANTES FERRAMENTAS Imagem da capa: os gradientes como setas abaixo da representação da grade curva de uma função de duas variáveis: f (x, y) = - (cos² x + cos² y) ² Fonte: Wikimedia Commons Disponível em <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/42/Gradient_Visual.svg/2560px-Gradient_Visual.svg.png> Sobre a imagem da capa, ela ilustra os gradientes, como setas abaixo da representação da grade curva da função de duas variáveis f (x, y) = - (cos² x + cos² y)². CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 Parametrização de Retas e Curvas Neste momento, apresentaremos uma outra forma algébrica de representar funções no plano. Ao parametrizarmos uma curva, escrevemos de forma algébrica uma função de duas variáveis em função de um certo parâmetro (𝑥 = 𝑓(𝑡), 𝑦 = 𝑔(𝑡), 𝑡). Esse parâmetro 𝑡, representa um ponto de coordenadas (𝑥, 𝑦) pertencentes à essa curva. Quando variamos 𝑡, teremos uma sequência de pontos (𝑥, 𝑦) = (𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡)) com a mesma representação gráfica da curva inicial, chamada de curva parametrizada, conforme ilustra a figura 1. Figura 1: Curva parametrizada Fonte: Autor (2020) A seguir, apresentaremos algumas maneiras de parametrizar diferentes curvas que são comuns no Cálculo Diferencial e Integral. Parametrização de um segmento de reta Para parametrizar um segmento de reta, é necessário conhecer as extremidades de um segmento (ponto inicial e ponto final). Precisamos também determinar o vetor diretor da reta que contém esse segmento, conforme ilustra a figura 2. Figura 2: Segmento de reta e vetor diretor Fonte: Autor (2020) CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 Seja o segmento de reta com extremidades 𝐴 = (−3, −2) e 𝐵 = (5, 1). A parametrização é dada da maneira apresentada no exemplo a seguir. Determinação do vetor diretor (⃗𝑨𝑩) da reta que contém o segmento: AB=𝐵 − 𝐴 = (𝑥1 − 𝑥0, 𝑦1 − 𝑦0) = (5 − (−3), 1 − (−2)) = (8, 3) Todo segmento de reta parametrizado, possui equação do tipo: x(t)=x0 +at. onde (𝑥, 𝑦), são as coordenadas do ponto inicial do segmento de reta y(t) = y0 + bt e (𝑎, 𝑏) são as coordenadas do vetor diretor. O parâmetro para esse tipo de parametrização, deverá variar entre 0 ≤ t ≤ 1. Dessa forma, basta substituir estas coordenadas na equação e teremos a equação da curva parametrizada. Assim temos, que para qualquer valor de 𝑡 variando entre 0 ≤ 𝑡 ≤ 1, existirá um ponto (𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡)) pertencente ao segmento. Parametrização de curvas Para parametrizar uma curva definida por um polinômio do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥+𝑐, devemos definir um ponto inicial (𝑥0, 𝑦0) e um final (𝑥1, 𝑦1) pertencente a curva, feito isso, chamamos a variável independente de 𝑡 e substituímos na equação da curva. E essa parametrização pode ser feita para qualquer função polinomial. Como exemplo, vamos parametrizar a parábola 𝑦 = 𝑥2 − 3, do ponto (−1, −2) até o ponto (1,2). Para 𝑥: 𝑥 (𝑡) = 𝑡 Para 𝑦: 𝑦 (𝑡) = 𝑡 − 2 ≤ 𝑡 ≤ 2 𝑡 = 𝑥2 – 3 𝑥 = √ (𝑡 + 3), onde: − 2 ≤ 𝑡 ≤ 2 CÁLCULO AVANÇADO PROF. JEAN CARLOS RODRIGUES FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68 A circunferência é outra curva que também pode ser parametrizada, vale destacar a importância de sua parametrização, muito utilizadas para resolver integrais de linha que serão trabalhadas a seguir. Vale destacar que essa parametrização será para circunferências com centro na origem e o parâmetro 𝑡 será dado em radianos e seu sentido será sempre o anti- horário. Para uma circunferência com centro fora da origem, temos: onde a e b são as coordenadas do centro da circunferência. Parametrizando a metade de uma circunferência de equação 𝑥2 + 𝑦2 = 4, do ponto (−2,0) até o ponto (2,0). Para 𝑥: Derivadas parciais de 1ª ordem em qualquer ponto Outra ferramenta matemática de expressiva importância dentro do cálculo avançado são as derivadas parciais de primeira e segunda ordem. Dessa forma, iremos realizar uma rápida revisão nos principais conceitos e definições. Considere f(x,y) uma função com variáveis x e y. Dito isto, a derivada parcial da função f em relação à variável x considerando o conjunto de pontos (x,y) e mantendo-se y constante, será (considerando a existência de limite). Observe que se trata de uma derivada parcial de primeira ordem da função em relação a x. Além disso, define-se a derivada parcial da função
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