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016 - Módulo Direito - Direito obrigacional e societário

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Empresa
A BASE DO DIREITO EMPRESARIAL É COMPOSTA PELA EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO. O OBJETIVO DESTE TÓPICO É COMPREENDER O QUE É EMPRESA.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
Introdução
Para nós, de maneira simples e clara, o Direito Empresarial é:
O ramo do direito privado que tem como objeto a atividade negocial, quando realizada
habitualmente e com fito de lucro.
FRANCO MAZIERO
O Direito Empresarial tem uma base focada na Empresa (que será aprendida logo mais), no Empresário e no Estabelecimento.
Ainda introduzindo o tema, é importante você saber que o Empresário sempre busca o lucro.
Nesse sentido, atua em diversos ramos possíveis. O empresário atua desde o setor mais básico até o mais complexo, do mais comum até o mais improvável. Onde há demanda por bens ou serviços, há empresário. Alguns dispostos a inovar; outros, com base nos costumes, dispostos a manter algumas tradições. O fato é que o empresário está ao nosso redor, e o Direito Empresarial é o ramo que promove a regulamentação inerente a esse profissional.
Agora... Antes de continuar, pare e observe tudo que está à sua volta: olhe o dispositivo eletrônico que está usando para ler este texto, a cadeira sobre a qual está sentado, a mesa, a caneta, o celular, a mochila, o relógio, a garrafa de água, a tinta na parede, a própria parede, a eletricidade, o meio de transporte que utilizou para chegar onde está. Lembre-se do meio de transporte que está habituado a utilizar, como carro, ônibus, metrô, bicicleta. Caso esteja mais habituado a andar à pé, lembre-se de tudo que vê no caminho: os postes, os pontos de ônibus, as lojas. Não importa. Tudo se relaciona ao Direito Empresarial. Aliás, dificilmente você encontrará alguma coisa que não tenha relação com o Direito Empresarial.
A cadeira foi fabricada em uma marcenaria ou fábrica que, talvez tenha fabricado, também, a mesa. A caneta substituiu a pena há dezenas de anos. O computador substituiu a máquina de escrever, que foi, provavelmente, o meio de escrita utilizado pelos grandes tratadistas do Direito Comercial. O smartphone substituiu o telefone celular e, em breve, será substituído por algo mais moderno.
Toda essa evolução tem relação com o Direito Empresarial, sobretudo no que toca à limitação de responsabilidade e ao lucro. O lucro, como já mencionado é objetivo de todo empresário, mas a limitação de responsabilidade é o que permite se buscar o lucro com tranquilidade de que as conquistas já alcançadas não necessariamente serão atingidas por eventuais prejuízos.
Para buscar o lucro, uma das melhores formas de fomentar a circulação de riquezas se perfaz através da circulação de crédito. E o Direito Empresarial possui uma excelente forma para circular crédito que se dá através dos Títulos de Créditos, veja alguns exemplos:
QUAIS SãO OS TíTULOS DE CRéDITO?
Mas, também, é importante você saber que o empresário, apesar de buscar o lucro, pode não alcançar. Aliás, pode ter prejuízo. Nestas situações, as empresas, literalmente, se encontram em crise e, neste momento se aplicam dois institutos extremamente importantes: a recuperação e a falência.
Bem, vamos logo começar a estudar todos estes pontos?
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL
Para melhor compreender o Direito Empresarial, é importante você entender algumas características e alguns princípios. As características diferenciam esse ramo dos demais e facilitam a compreensão. Já os princípios servem como base, fundamento do Direito Empresarial e caso você compreenda estes princípios, conseguirá entender aplicar com mais facilidade, algumas regras deste ramo.
Vamos por etapas. Primeiro, vamos entender algumas características do Direito Empresarial. Os princípios serão estudados mais à frente.
Cosmopolitismo
Como já mencionado, o interesse precípuo do empresário é o lucro. Alcançá-lo é seu maior desafio, não importando onde (ambiente físico), como (dentro dos limites da ética empresarial) ou de que forma (dentro dos limites da legalidade) vai consegui-lo. A demanda pode estar do outro lado do mundo. Por isso, superar desafios fronteiriços é apenas um de tantos outros obstáculos encontrados pelo empresário. A internet, os meios de transporte e outros fatores tornam as negociações intermunicipais, inter-regionais e internacionais cada vez mais simples, rápidas e eficientes. Exatamente por essa razão que se busca a unificação de regras comerciais como Mercosul, ALCA e União Européia.
BLOCOS DE COMéRCIO
Todos sabemos que tempo é dinheiro. Por isso, quanto mais se gasta para a adequação de normas, menos competitividade se tem e, por consequência, maior dificuldade para se atingir o lucro. Por isso, a ideia de se reduzir os custos de transação é sempre uma boa ideia.
Quanto mais uniformes forem as regras de comércio, mais competitivas são as empresas. Essa busca pela uniformidade decorre da característica do cosmopolitismo.
Onerosidade
Imagine que você vá viajar e peça a um parente para realizar a sua matrícula na Faculdade. Você imprime uma procuração e a assina. Depois entrega ao seu parente que, enquanto você está a quilômetros de casa, realiza sua matrícula. Ao retornar, você aperta as mãos dele e lhe agradece. O único pagamento que seu parente receberá, será seu "muito obrigado".
Agora, imagine que você comprou um veículo e contrata um despachante para organizar a papelada da
transferência do bem que acabou de adquirir. Na hora que você encontrar seu carro com a documentação perfeita, bastará você dizer um muito obrigado ao seu despachante?
Claro que não. Mas o que há de diferente entre o primeiro e o segundo caso: o profissionalismo. No primeiro caso, a relação foi civil comum. Presume-se a gratuidade. No segundo caso, a relação foi profissional e, por isso, a onerosidade se presume.
No Direito Empresarial, a caracterização é sempre semelhante ao segundo caso. Há a presunção de onerosidade. O objetivo principal do empresário é o lucro. E, se assim o é, não é possível presumir pelo trabalho voluntário, mas sim, remunerado.
Simplicidade
A característica da simplicidade, também conhecida como informalismo, consiste em permitir a celeridade típica das negociações empresariais. Muitas vezes, as negociações são em massa, razão pela qual a praticidade, a simplicidade e, algumas vezes, o informalismo deve imperar.
Tanto a compra de um pastel numa padaria, até a construção de uma usina hidrelétrica multimilionária são regidos pelo Direito Empresarial. E é óbvio que o contrato destes dois tipos de atividades não pode ser o mesmo e nem possuir a mesma complexidade. O contrato será tão complexo quanto for seu risco. Assim, quanto menor o risco, menos complexo será. E, quanto maior o risco, mais complexo será o contrato. O fundamento disso é, novamente, o lucro. Se houver um custo de transação além do necessário, o risco de ineficiência será elevado e, portanto, maior chance de insucesso da atividade empresária.
A EMPRESA
Pois bem, agora que vimos essas características, vamos falar sobre a empresa. Por favor, pesquise na internet, quais foram as maiores empresas do Brasil em 2020 e, depois, retorne aqui.
Foi o que você encontrou?
Pois bem... Essas não são empresas no ponto de vista jurídico. São empresas no vocabulário popular e não há o menor problema em você continuar nomeando Bradesco, Santander, Petrobrás ou Vale como empresas. Mas é importante você saber que, do ponto de vista jurídico, essa não é uma expressão correta. Do ponto de vista jurídico, empresa é a atividade desenvolvida. Empresa não é a pessoa jurídica, empresa não é o empreendedor. Empresa possui várias acepções diferentes sendo que, para o ambiente jurídico, veja:
Empresário
COMPREENDER O CONCEITO JURÍDICO DO EMPRESÁRIO.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
O EMPRESÁRIO
Por favor, vamos começar fazendo uma pesquisa, quais foram as(os) maiores empresarias(os) do Brasil em 2020 e, depois, retorne aqui.
Ao pesquisar empresário, encontrou alguma dessas pessoas?
Se a resposta for positiva, como acredito que tenha sido, infelizmente, noâmbito jurídico é uma resposta equivocada. No âmbito popular, não está errado e, por isso, pode continuar utilizando essa nomenclatura nas conversas informais. Mas, para o seu dia-a-dia profissional, é importantíssimo que tenha o conhecimento adequado do conceito de empresário e que está expresso no artigo 966 do Código Civil:
Art. 966 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
CÓDIGO CIVIL, 2002
A leitura deste artigo parece simples. Mas só parece. A legislação poderia, em tese, ter colocado fim em uma incansável discussão doutrinária sobre o conceito do empresário. Mas, infelizmente, não o fez. Assim, apesar de uma mesma base, a conceituação não é uníssona, como demonstram os seguintes professores:
É empresário 'quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços'. Ao decompor tal conceito legal, temos
que:
a. o empresário deve desenvolver seu ofício mediante uma atividade, um desenrolar de atos praticados repetidas vezes, e não através de um único ato isolado que não se prolonga no tempo;
b. esta atividade deve ser de natureza econômica, ou seja, deve ser criadora de riqueza, seja mediante a produção de bens ou serviços;
c. a atividade deve ser organizada, ou seja, o empresário deverá utilizar-se de forma
planejada dos meios de produção (bens naturais, capital, trabalho e tecnologia), com o objetivo de buscar o lucro;
d. deve estar presente também a profissionalidade, que consiste na habitualidade da
atividade e em seu intento de lucro;
e. a atividade deve estar voltada para a produção ou circulação de bens ou serviços destinados a abastecer o mercado, não sendo considerado empresário aquele que desenvolve uma determinada atividade para o seu próprio consumo.
BERTOLDI; RIBEIRO, 2015, P. 60.
A pessoa natural que faz do exercício da atividade econômica sua profissão.
GONÇALVES NETO, 2014, P. 71
Pode-se entender empresário como a:
Pessoa que tendo organizado, por sua conta e risco, os fatores de produção, os exerce de forma profissional para pôr no mercado bens ou serviços no intuito de lucro.
FRANCO MAZIERO
De todo o jeito, conforme já mencionado, diante da inexistência de um conceito, mas da existência de elementos caracterizadores, torna-se importante analisar cada um destes elementos.
Exercício
O termo "exercício" deve ser tratado como uma característica autônoma do empresário e não como um complemento da expressão atividade econômica, como a maioria dos doutrinadores faz.
É importante essa separação para que você consiga compreender, de forma mais clara e direta, quem é o empresário. Na melhor técnica legislativa, não há palavras inúteis. Exercere vem do latim e significa preencher, representar os deveres, as funções; desempenhar ou cumprir; dedicar-se. Assim sendo, o 
empresário deve efetivamente pôr em ação as suas atividades. Vimos anteriormente que a empresa é uma atividade. Portanto, é necessário que o empresário realize efetivamente a empresa, no sentido de exercer a atividade escolhida.
Empresário é, portanto, aquele que exerce a atividade e, nesse aspecto, talvez já facilite a sua percepção de que o nome daquelas pessoas que você citou há pouco tempo não constituem o empresário. Vamos compreender isso melhor:
EMPRESáRIO E SóCIO SãO PESSOAS DISTINTAS.
Agora que você já sabe que empresário é aquele que exerce determinada atividade, vamos verificar as demais características.
Profissionalismo
A segunda característica presente no artigo 966 do Código Civil, consiste no profissionalismo. Essa característica tem diferentes acepções pelos autores, sendo compreendida como organização, fins de lucro ou habitualidade. Mas qual é a mais correta? Na verdade, não existe uma mais certa ou mais errada.
Para entender esse ponto, uma dica simples é compreender o que é profissional como o oposto de amador.
PROFISSIONALISMO
Além do objetivo econômico, aquele que atua de forma profissional, o faz de maneira habitual. O amador atua de forma esporádica, sem qualquer objetivo econômico por trás. Essa é uma grande diferença.
Mas olha, há algumas pousadas, por exemplo, que só funcionam em determinados períodos do ano. Mesmo assim, essas pousadas devem ser consideradas profissionais. Isso acontece, pois, apesar de ser por temporada, a atividade é habitual e tem o lucro como objetivo.
Então, entenda "profissional" como a atividade desenvolvida de maneira habitual, mesmo que por temporada.
Atividade Econômica
A terceira característica expressa no artigo 966 do Código Civil consiste na atividade econômica, que é compreendida por parte da doutrina como sendo a produção de riquezas ou a geração de lucros.
Atividade empresarial (organização do trabalho alheio e do capital próprio e alheio) que implica, por parte do empresário, prestação de um trabalho autônomo de caráter organizado e assunção do risco técnico e econômico correlato.
ASQUINI, 1996, P. 114
A atividade econômica se relaciona à circulação de riquezas e com o objetivo de lucro do empresário. Não há interesse no Direito Empresarial na produção de bens que não promovam a circulação de riquezas. A realização de qualquer atividade para uso próprio não é o objetivo do Direito Empresarial e nem tão pouco do empresário.
Outro aspecto importante é que o empresário não apenas faz o dinheiro circular, mas gera nova riqueza. Há, pelo empresário, a criação de novas riquezas, por meio do lucro. Com este objetivo, se desenvolve a economia, a tecnologia e a ciência.
O empresário faz o que faz com o objetivo precípuo de lucro.
Atenção: objeto e objetivo são coisas distintas.
Obviamente, há momentos em que o lucro não é alcançado. Na verdade, há períodos em que o prejuízo se torna uma constante, como se verificou para muitos empresários no momento da pandemia. Isso não desnatura a qualificação como empresário. Na verdade, apenas fortalece o objetivo final. Nas hipóteses de prejuízos, o empresário poderá utilizar os meios legalmente permitidos para se restabelecer.
Organização
As atividades exercidas pelos empresários devem ser profissionais, econômicas e organizadas.
Explicar organização também não é tarefa fácil, uma vez que há diferentes conceitos sobre o tema. Arnoldo Wald, ao tratar sobre esse assunto, ensina o seguinte:
Para a produção de bens e serviços pela empresa, o capital e o trabalho devem ser
utilizados de forma coordenada. [...] Esta característica da organização de elementos relacionados com a produção ou a circulação de riquezas tem aplicação inequívoca na grande empresa, mas se aplica com menor rigor à pequena e, em especial, a certas empresas de tecnologia. De fato, esta
assertiva fica demonstrada com o exemplo de uma pequena empresa de reparos de máquinas desenvolvidas por um técnico, que sozinho vai às residências para a prestação de serviços ou, ainda, em uma empresa de internet, na qual há apenas técnico em computação e a máquina atendendo ao público. Nestas hipóteses, é rudimentar, reduzida,
ou até inexistente a organização entre capital e serviços. Na doutrina italiana, JAEGER e DENOZZA afirmam que está perdendo terreno a exigência da organização como elemento essencial para a configuração da empresa, pois o conteúdo extremamente amplo implica na inexistência de efetividade para selecionar o que se caracteriza como tal. Para demonstrar o raciocínio, os autores mencionam que a organização de trabalho não pode ser tida como essencial, pois muitas vezes há substituição de trabalhadores por máquinas e, esta troca não descaracteriza a empresa.
WALD, 2005, P. 43
A busca pelo lucro transforma a eficiência em necessidade empresarial. Quer dizer, o empresário, para aumentar ou manter seu lucro, em razão da competitividade existente atualmente,necessita se organizar de uma forma eficiente.
A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se encontram articulados, pelo empresário, os quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
COELHO, 2004, P. 13.
Na atualidade, a organização possui maior flexibilidade quanto aos fatores de produção mencionados por Fábio Ulhoa Coelho. Não se trata mais de ter ou não empregados, estabelecimento físico e bens. Organização deve ser interpretada, de forma ampla, como sendo a estruturação dos meios necessários ao empresário para a realização do seu objeto social tendo como finalidade o lucro.
Essa estruturação deve ser compreendida como a aquisição dos materiais necessários, sejam eles ativos imobilizados ou matéria prima; contratação de pessoal quando for o caso; montagem de unidade física ou virtual; estruturação dos meios de comunicação; planejamento de marketing; dentre outras coisas.
A realidade se alterou com o passar do tempo e a simples organização dos quatro fatores de produção não basta mais. Portanto, necessário se faz que o empresário organize os meios necessários para a multiplicação de sua capacidade produtiva. Isso pode se dar mesmo em detrimento de algum dos fatores de produção.
Desta feita, organização deve ser entendida como
a aplicação do capital para a estruturação dos meios de produção necessários à multiplicação da capacidade produtiva por parte do empresário.
FRANCO MAZIERO
Produção ou circulação de bens ou serviços
Como já mencionado, o Direito Empresarial não está interessado nas atividades realizadas para o consumo ou utilização próprias, mas nas relações que envolvam a circulação destes bens. Por isso, essa característica, apesar de ser a mais fácil de se perceber é tão importante.
A produção ou circulação de bens ou serviços é essencial para a caracterização de quem é o empresário, que visa atuar no mercado, vendendo seus bens ou serviços para alcançar o almejado lucro.
Devemos entender por circulação a transferência econômica ou física dos bens ou serviços entre proprietários ou beneficiários diversos, o que implica uma transferência de titularidade, um transporte ou uma prestação de serviços.
Por produção pode-se compreender a criação, a fabricação, a industrialização, a construção ou a transformação. Aqui se enquadra a construção de um prédio, a fabricação de um avião ou mesmo o engarrafamento de água mineral.
Assim, o empresário deverá pôr a circular no mercado bens ou serviços, produzidos por ele ou por terceiros, de forma profissional, com fito lucrativo.
Aqueles que não são empresários
Seria simples se empresário fosse toda aquela pessoa que exerce atividade econômica organizada para circulação de bens ou serviços. Entretanto, não é assim que funciona, já que o artigo 966 tem um parágrafo único.
Art. 966 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
CÓDIGO CIVIL, 2002
Eduardo Goulart Pimenta lembra que, em razão do parágrafo único do artigo 966 do Código Civil:
Determinadas atividades econômicas, embora organizadas para a produção ou circulação de bens ou serviços e com nítido intuito lucrativo, estão apartadas da ideia de empresa
consagrada pela legislação brasileira.
PIMENTA, 2003, P. 55
Desta forma, percebe-se que empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços, desde que a atividade não seja intelectual, de natureza artística, literária ou científica, e, caso seja, que se constitua um dos elementos de empresa.
Vamos aos poucos. O primeiro passo é entender que tanto uma atividade intelectual quanto uma atividade empresária típica podem ter o lucro como objetivo final. Assim, não é o lucro que diferencia essa categoria. O que diferencia efetivamente é tratar-se de uma atividade intelectual ou não.
Em um cenário em que determinada atividade apresente todos os requisitos para ser considerada empresária, mas que referida atividade seja intelectual, não poderá ser considerada empresária.
Como todos sabem, nosso Código Civil é inspirado no Código Civil Italiano. E é aí que começa essa confusão toda. Tanto o caput do artigo 966 quanto seu parágrafo único estavam espalhados em vários capítulos do Código Italiano. Ao importarem para as terras tupiniquins, a cópia foi malfeita e bagunçada. Isso gerou uma confusão incrível no nosso conceito de empresário.
Lá na Itália, a ideia era separar o autônomo, o artesão, do empresário. Aqui, não conseguiram fazer essa separação de forma clara e o resultado foi péssimo. O resultado excluiu as atividades intelectuais, com a ressalva de que, se elas compusessem o elemento de empresa, passariam a ser considerados empresários. A questão é que não houve qualquer explicação do que seria esse tal elemento de empresa.
Entendia-se, na Itália, que o autônomo teria um tratamento específico e diferenciado do tratamento dado ao empresário e ao cidadão comum. Por isso, alguns doutrinadores passaram a utilizar o trabalho personalíssimo para caracterizar o que não seria elemento de empresa. Isto é, enquanto o profissional atuasse pessoalmente, não haveria a figura do empresário. Entretanto, tão logo começasse a crescer e a se organizar e contratasse uma equipe, haveria uma limitação no trabalho personalíssimo e a caracterização de empresário voltaria a estar presente.
Há uma outra linha, que entende que o elemento de empresa seria a organização. Tão logo houvesse uma organização mais efetiva de uma atividade empresarial, passaria o autônomo a ser considerado empresário. O terceiro viés se refere à compreensão do elemento de empresa como partes que compõem um todo. Isso é, quando a atividade intelectual for apenas parte de um todo, aí sim, será um elemento de empresa. Veja-se um escritório de arquitetura: a parte intelectual é o todo. Por outro lado, veja uma construtora que possui um departamento de arquitetura: a atividade intelectual é apenas um elemento do todo que envolve, também, a construção e venda de apartamentos.
Portanto, será empresário aquele que exercer atividade intelectual, quando essa consistir apenas em um elemento de empresa.
Estabelecimento
O OBJETIVO DESTE TÓPICO É CONHECER E COMPREENDER O CONCEITO DE ESTABELECIMENTO.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
Estabelecimento
O Direito Empresarial tem sua base na união do empresário, da empresa e do estabelecimento. Neste módulo, estudaremos o que é estabelecimento, que está conceituado no artigo 1142 do Código Civil como:
todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária. CÓDIGO CIVIL, 2002
Em outras palavras, podemos dizer que estabelecimento é o meio pelo qual o empresário exerce a empresa. Perceptível, pois, a relação entre esses três termos e, para melhor compreender estabelecimento, vamos estudar um pouco as palavras que compõem o seu conceito: complexo de bens organizado para o exercício da empresa.
O termo "complexo" deve ser entendido como a composição de diversos elementos que, conectados, funcionam como um todo. Cada bem equivaleria a um elemento que, isoladamente tem seu valor e produz seu resultado. Entretanto, a conexão destes bens costuma ter um efeito diverso e, muitas vezes, melhor.
DIFERENçA ENTRE UM BEM ISOLADO E O ESTABELECIMENTO
Veja qualquer coisa que está ao seu entorno, como seu celular, seu computador, sua mesa ou sua cadeira. Agora imagine o seu fabricante e leve em consideração todos os itens necessários para que este produto chegue até você. Vamos levar em consideração o seu computador: a marca, a fábrica, os caminhões que fizeram o transporte, os equipamentos responsáveis pela fabricação. Enfim, consegue perceber que, para que o computadorchegasse à sua mesa foram necessários vários diferentes recursos organizados? Isso é o Estabelecimento que, como universalidade de fato, pode ser vendido, total ou parcialmente.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
CÓDIGO CIVIL, 2002
Essa negociação envolvendo o complexo de bens é denominada de Trespasse e, para ser válida perante terceiros, necessita de averbação à margem da inscrição do empresário ou da sociedade empresária.
Também é importante se dizer que se não restarem bens suficientes ao alienante para pagar seu passivo, o trespasse depende do pagamento de todos os credores ou do consentimento deles, de modo expresso ou tácito.
Além disso, o artigo 1.146 do Código Civil estabelece que:
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
CÓDIGO CIVIL, 2002
Por isso, é tão importante conferir os balanços patrimoniais, de forma que se tenha certeza quanto à veracidade das informações lançadas.
Outro ponto extremamente importante se refere à restrição de concorrência a ser realizada pelo alienante nos cinco anos subsequentes à transferência. O adquirente precisa autorizar expressamente a atuação do alienante a oferecer concorrência, já que estará descapitalizado e, em tese, ainda não conhece o negócio. Por isso, é importante se verificar caso a caso o que é importante nesse ponto.
Ainda sob o enfoque do trespasse, aquele que atua em alguma operação deste tipo deve se atentar ao disposto no artigo 1.148 do Código Civil que se refere à sub-rogação nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento. Regra que não se aplica quando os contratos tiverem caráter pessoal.
Resumindo, pois este tópico, temos o trespasse como operação que envolva o estabelecimento, que é
O resultado da organização dos bens e direitos, transferíveis, pertencentes ao empresário, conectados entre si e destinados ao exercício de atividade econômica, por
parte do empresário.
FRANCO MAZIERO
Princípios do Direito Empresarial
COMPREENDER OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO EMPRESARIAL.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
Princípios do Direito Empresarial
Os princípios servem como uma base e um direcionamento para a ciência a qual se aplicam. É comum comparar os princípios do Direito aos pilares de um prédio. Quer dizer, os princípios seriam o sustentáculo de determinada ciência. Por isso, compreender os princípios de determinada disciplina ajudam a compreensão da disciplina em si.
O Direito Empresarial possui alguns princípios que lhe são típicos e a compreensão destes princípios pode facilitar, em muito a sua compreensão.
Por isso, vamos ver os princípios mais típicos do Direito Empresarial.
Princípio da Preservação da Empresa
Pense em uma fábrica de veículos, uma rede de distribuição de combustível ou uma marca de cerveja. Agora imagine que esta sociedade empresária encerre suas atividades. Imagine a quantidade de empregos que serão perdidos, a redução da arrecadação de tributos daquele município ou mesmo da unidade federativa. Pense em quantas atividades de pequeno porte que circundam aquela fábrica perderão sua principal fonte de renda. Imagine essa fábrica abandonada um ano depois e como ficaria a redondeza, o quanto os imóveis na região se desvalorizariam.
Tivemos uma situação real há pouco tempo, que foi o Caso Ford.
Ao imaginar essa cena, fica mais fácil de compreender o princípio da preservação da empresa, cujo nome é auto explicativo.
Grande parte de nossa vida está atrelada às atividades empresárias. E é por isso que é interessante de se perceber que, mesmo sendo o lucro a principal razão de ser de um empresário, alguns benefícios conexos fazem bem à toda a comunidade e, inclusive, ao governo.
Há alguns que falam que a "empresa tem que cumprir sua função social". E, no conceito de função social, se enquadraria a geração de renda, de emprego, o pagamento de tributos, a movimentação de riquezas e uma série de outros fatores positivos. Por isso, é interessante para todos os envolvidos, direta ou indiretamente, a preservação da empresa.
É esse princípio que explica a preferência pela dissolução parcial ao invés da dissolução total ou a existência de leis como a de falência e recuperação judicial.
Princípio da Livre Iniciativa
Você não está fazendo este curso com uma arma apontada para a sua cabeça. Provavelmente você decidiu que gostaria de estudar, buscou uma boa faculdade e aqui está você.
Na outra ponta, a faculdade, para prestar o serviço educacional, cumpriu os requisitos legais, os registros junto ao Ministério da Educação e iniciou a prestação de serviços.
Observe que tanto você quanto a faculdade exerceram a livre iniciativa. Obviamente, este último, num viés empresarial propriamente dito. Mas a liberdade que permite o empreendedor realizar tudo que não for vedado por lei, assegura ao empresário o direito de escolher a área de atuação, a forma de exploração da atividade, com quem e como contratar, bem como o preço que vai cobrar. Isso é livre iniciativa, que tem ligação plena com o disposto na Constituição Federal.
A Livre Iniciativa encontra restrição nas regras sociais, na Livre Concorrência e nas regras legais.
Princípio da Livre Concorrência
Não há livre iniciativa se a concorrência for desigual, injusta. Em um mercado caracterizado por oligopólios ou monopólios, a possibilidade de empreendedores entrantes fica muito restrita, prejudicando, sobremaneira a Livre Iniciativa.
A concorrência, quando leal, torna o mercado mais eficiente, seleciona os melhores competidores, promove redução de preços e melhoria da qualidade dos produtos e serviços ofertados aos consumidores.
A origem da palavra concorrência remonta à rivalidade entre as pessoas. A rivalidade, se imposta de maneira consciente e ética promove a evolução de todos os envolvidos. Veja, portanto, que ao contrário do que muitos pensam, a concorrência é algo positivo. Aliás, é tão importante, que é mencionado na própria constituição, dentre os princípios econômicos.
Por outro lado, a inexistência da livre concorrência produz efeitos nefastos, com a baixa qualidade dos produtos, a ineficiência e, no longo prazo, um péssimo resultado para a própria economia.
Nesse cenário, por exemplo, que se localiza o Direito Concorrencial e o órgão chamado CADE, que você já deve ter ouvido falar em alguns momentos que grandes companhias se uniram.
É inevitável verificar situações que violem a livre concorrência, mas o papel do CADE é, exatamente, coibir tais situações.
Saiba, de toda a forma, que a ideia pelo princípio da livre concorrência é a conquista do cliente com base na eficiência. A conquista do cliente com base em informações falsas ou com base em poder econômico é vedado pelo direito brasileiro.
Princípio do Tratamento Benéfico à Micro e Pequena Empresa
Você tem dúvida de que o pequeno negócio movimenta o Brasil? Passeie por uma avenida movimentada e verá centenas de pequenas lojas, pequenos comércios, que geram milhares de empregos. Há várias décadas, que o pequeno negócio é um dos maiores responsáveis pela movimentação da economia no país. Óbvio que,
ao comparar uma grande corporação, que eventualmente emprega 20, 30 mil pessoas, com os pequenos negócios, que possuem um ou dois colaboradores, a discrepância chega a ser bizarra.
Mas é de se lembrar de que a imensidade de pequenos negócios tem a capacidade de gerar empregos nos mais diversos e variados ramos e momentos econômicos, enquanto uma grande indústria atua em apenas uma área específica.
Fonte: Ministério da Economia - Caged/fevereiro de 2019
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	73.822
	TELEATENDIMENTO
	2°
	BRF
	55.513
	ALIMENTOS3°
	VALE
	42.446
	MINERAÇÃO
	4°
	DELIMA COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO
	41.523
	TRANSPORTES
	5°
	ASSOCIAÇÃO PAULISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA
	35.906
	SAÚDE
	6°
	SEARA ALIMENTOS
	32.881
	ALIMENTOS
	7°
	ITAU UNIBANCO
	32.514
	FINANCEIRO
	8°
	LIQ CORP
	31.057
	TELEATENDIMENTO
	9°
	EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITAL - EBSERH
	29.886
	SAÚDE
	10°
	ALMAVIVA DO BRASIL TELEMARKETING E INFORMÁTICA
	27.734
	TELEATENDIMENTO
	11°
	JBS
	27.110
	ALIMENTOS
	12°
	TOP SERVICE SERVIÇOS E SISTEMAS
	27.006
	TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS
	13°
	PETROBRAS
	25.653
	ÓLEO E GÁS
	14°
	MGS - MINAS GERAIS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS
	24.099
	SERVIÇOS PÚBLICOS
	15°
	AURORA ALIMENTOS
	20.580
	ALIMENTOS
Veja que, pequenos negócios, para, juntos, atingirem milhares de empregados, provavelmente estarão espalhados nas mais diversas áreas, como transporte, serviço, comércio, artesanato e uma série de outras atividades. Assim, uma crise econômica em uma determinada área, impacta diretamente todos os trabalhadores daquele setor. Situação que não se vê nos pequenos negócios.
Obviamente, há pontos a serem observados, como o fato de que, comumente, os pequenos negócios não têm fluxo de caixa para suportarem longos períodos de crise. Isso foi visível no período da pandemia, que levou ao encerramento de uma série de atividades distintas.
Pois bem, com todas essas considerações e a ciência de que a competição entre grande e pequeno é desigual, há regras específicas para tentar equilibrar o jogo. O princípio da proteção à micro e pequena empresa tem o intuito, portanto, de proteger e estimular a sobrevivência e o desenvolvimento dessas atividades, de maneira a continuarem a gerar renda e tributo de enorme representatividade para a economia.
Busca-se, através de meios próprios, a realização desse princípio, como maior desburocratização, meios de recuperação judicial e extrajudicial específicos, diferenciação quanto ao procedimento e à carga tributária, dentre outros fatores. Neste cenário, foi publicada, em 15 de dezembro de 2006, a Lei Complementar n.o 123, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
O critério de definião da empresa de pequeno ou micro porte foi o do faturamento antual. Assim, de tempos em tempos atualiza-se o valor do faturamento que atribuirá à atividade desenvolvida sua caracterização quanto ao porte. Em vista dessas considerações, podemos considerar:
As empresas de pequeno ou micro porte como as atividades desenvolvidas por empresários que, atendendo a critérios objetivos de faturamento e titularidade, são beneficiados por regras legais que lhes outorgam menos burocracia, pagamento diferenciado de tributos e fazem jus a procedimentos especiais de recuperação.
FRANCO MAZIERO
Classificação das Sociedades
NESTE TÓPICO, VAMOS ENTENDER AS VÁRIAS FORMATAÇÕES DE SOCIEDADES EXISTENTES NO BRASIL, PARA FACILITAR OS ESTUDOS.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
O conceito de sociedade está expresso no artigo 981 do Código Civil:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados. CÓDIGO CIVIL, 2002
A existência do instituto das "sociedades" tem uma imensa repercussão no desenvolvimento econômico brasileiro. Sobretudo porque é uma das razões para se limitar a responsabilidade dos empreendedores. Mas, para entender isso de forma mais ampla, é importante compreender que há várias classificações para sociedade.
É exatamente isso que vamos estudar neste tópico:
Sociedade Personificada x Sociedade Não Personificada
As sociedades não precisam, necessariamente, formar uma pessoa jurídica.
Renata e Renato desejam vender brigadeiros na escola. Fizeram um acordo entre eles de que Renata iria comprar os ingredientes e Renato iria fazer os brigadeiros. Os dois iriam vender os brigadeiros, devolveriam metade do que Renata gastou e a sobra seria dividida entre os dois. Há uma sociedade constituída por Renato e Renata, já que ambos se comprometeram entre si, com o objetivo de repartir o resultado, mas essa sociedade não tem personalidade jurídica.
A reciprocidade das obrigações com o intuito de repartir o resultado forma o sentido principal da sociedade sem que, necessariamente, seja constituída uma pessoa jurídica em conformidade com o artigo 45 do Código Civil.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.
CÓDIGO CIVIL, 2002
No caso de inexistência de uma pessoa jurídica, todas as obrigações serão contraídas em nome de um ou de todos os sócios.
SOCIEDADE LIMITADA.
Entretanto, os sócios podem decidir por registrar um ato constitutivo no órgão competente e, por consequência, constituir uma pessoa jurídica.
Essa pessoa jurídica terá personalidade, data de constituição, nacionalidade e patrimônio, próprios diferentes daqueles dos seus sócios.
Renata e Renato desejavam montar um restaurante. Fizeram um acordo entre eles de que cada um faria um aporte de R$50.000,00 e que montariam o Restaurante RêRê. Ambos assinaram um contrato e levaram a registro na Junta Comercial. Esse restaurante passou a ser uma terceira pessoa na relação.
No caso de uma pessoa jurídica, as obrigações passam a ser contraídas por essa terceira pessoa, que é diferente dos seus sócios. Os direitos também passam a ser exercidos por ela. Nessa hipótese, quem compra matéria prima não é mais o sócio, mas a sociedade.
No Brasil, a sociedade em comum (também conhecida como irregular) é sociedade sem personalidade jurídica, assim como também o é, a sociedade em conta de participação, enquanto os tipos societários com personalidade jurídica são: a sociedade anônima, sociedade limitada, sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade em comandita por ações.
Sociedade Contratual x Sociedade Institucional
As sociedades personificadas podem ser divididas em sociedades contratuais ou sociedades institucionais a depender do tipo de documento utilizado para a respectiva constituição.
As sociedades contratuais são constituídas a partir de um contrato social enquanto as sociedades institucionais são constituídas por estatutos sociais. No Brasil, são sociedades contratuais: sociedade limitada, sociedade simples, sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples.
Todas essas sociedades necessitam de alterações contratuais para alguns atos do dia a dia, como entrada e saída de sócios, por exemplo.
Já as sociedades constituídas por estatuto social têm maior flexibilidade neste tocante, permitindo a alteração do quadro societário por ato entre as próprias partes e sem necessidade de registro em órgão como a Junta Comercial ou o Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.
Nessas sociedades, sobretudo nas de grande porte, não há uma relação necessariamente próxima entre os sócios.
Assim, vê-se que o ato constitutivo permitirá uma maior ou menor formalidade no que se relaciona ao quadro societário. Obviamente, há outros pontos importantes, mas que serão vistos em outros tópicos um pouco mais à frente.
Sociedade de Pessoas x Sociedade de Capital
Uma outra classificação importante se refere ao elo entre os sócios. Alguns negócios exigem uma maior confiança na pessoa enquanto outros possuem uma relação mais atrelada ao dinheiro, É importante ter em mente que não se trata só de confiança ou só de dinheiro. Sempre há dinheiro e confiança na maioria das relações societárias, entretanto, há situações onde uma ou outra ganham maior destaque.
Essa diferença tem reflexo direto na existência da sociedade. Por exemplo, reflete nos casos de sucessão, negociação da participação societária à terceiros, possibilidade ou não de retirada da sociedade, dentre outros.
Conceitode Sociedade
O OBJETIVO DESTE TÓPICO É APRENDER O QUE É SOCIEDADE.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
Conceito de Sociedade
Aprender o conceito de sociedade é essencial para a compreensão do Direito Empresarial. É exatamente isso que aprenderemos neste tópico, destacando-se que o Código Civil, em seu artigo 981 estabelece que:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados.
CÓDIGO CIVIL, 2002
Há muito que o conceito de sociedade inclui a união de duas ou mais pessoas, conforme leciona Sérgio Campinho:
Podemos definir a sociedade como o resultado da união de duas ou mais pessoas, naturais ou jurídicas, que, voluntariamente, se obrigam a contribuir, de forma recíproca, com bens ou serviços, para o exercício proficiente de atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados auferidos nessa exploração.
CAMPINHO, 2003, P. 35-36
Em regra, uma sociedade pode ser composta por duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas. Entretanto, a sociedade limitada, como exceção, pode ser constituída por apenas uma pessoa física ou jurídica. Na regra da sociedade composta por duas ou mais pessoas, a união destas se refere à constituição de obrigações mútuas e perante a própria sociedade. Há uma mescla de objetivos comuns e díspares entre os envolvidos, já que os sócios costumeiramente pretendem um resultado positivo, porém, algum deles pode querer que o resultado seja reinvestido no próprio negócio, enquanto outro pode querer colocar o dinheiro no próprio bolso.
A contribuição dos sócios pode se dar em dinheiro, em bens ou em serviços. A contribuição em dinheiro é a mais comum e é permitida para qualquer tipo societário existente no Brasil. O dinheiro deve ser a moeda corrente no momento da constituição.
A contribuição em bens também é autorizada para qualquer tipo societário e pode se dar através de bem economicamente avaliável: de uma vassoura velha à uma Ferrari zero.
Os bens podem ser tangíveis ou intangíveis, servindo como exemplo para o primeiro caso, um veículo e, para o segundo caso, uma marca. Não importa se o bem é palpável ou não. Ele deve ser economicamente avaliável.
Coisas que não são economicamente avaliáveis não podem ser utilizadas, como os sentimentos, por exemplo.
Já os serviços não podem ser utilizados como forma de contribuição em muitos tipos societários. Os mais famosos, como a sociedade anônima e a sociedade limitada não permitem a utilização de serviços como forma de contribuição. Para a sociedade em nome coletivo, por outro lado, desde que o serviço seja pessoal, não há problema.
Há uma prática irregular, na qual algum sócio de uma sociedade limitada contribui com prestação de serviços e essa pessoa passa a fazer parte da sociedade mesmo sem a respectiva contribuição patrimonial. Quando isso acontece, há uma simulação no contrato social de que houve um aporte financeiro. Essa forma de contribuição para as sociedades limitadas, apesar de usual, não é permitida legalmente.
A divisão de resultados acontece em qualquer sociedade, sendo que a expectativa dos sócios é dividir o resultado positivo: o lucro. Entretanto, algumas vezes, pode ser necessário repartir o prejuízo, já que a sociedade pode ter resultado negativo. Nessas hipóteses, a depender do tipo societário escolhido, os sócios poderão não ter obrigação de colocar mais dinheiro além daquele que já haviam se comprometido quando da constituição da sociedade.
Nesse cenário, mostra-se importante diferenciar as sociedades de responsabilidade limitada das sociedades de responsabilidade ilimitada.
Atenção: não há mais a existência da sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Essa sociedade foi alterada para a sociedade limitada em 2002.
As sociedades que limitam a responsabilidade dos sócios são as sociedades limitada e anônima e, por isso, são os tipos societários mais utilizados no Brasil. Todas as demais sociedades não limitam a responsabilidade de todos os sócios.
Atenção: EIRELI não é tipo societário. Trata-se de uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, constituída por um único titular e que possui a responsabilidade limitada. Essa estrutura jurídica cairá em desuso no Brasil, uma vez que, atualmente, é permitida a constituição de sociedade limitada por apenas um sócio. A desnecessidade de outro sócio era a principal vantagem da EIRELI.
Em qualquer hipótese, em regra, a responsabilidade dos sócios é subsidiária à responsabilidade da sociedade. Em outras palavras, quando a sociedade apresentar um resultado ruim, primeiro os credores terão que cobrar dela para, depois, cobrar dos sócios.
A sociedade passará a ter personalidade jurídica com o seu registro no órgão competente que poderá ser na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas a depender, principalmente, da atividade desenvolvida, conforme veremos no tópico específico.
Natureza do Contrato de Sociedade
COMPREENDER A NATUREZA DE CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
NATUREZA DO CONTRATO SOCIAL
O contrato de uma sociedade não é como um contrato de compra e venda. Neste último, o interesse das partes é antagônico. Quer dizer: possuem interesses invertidos. Um deseja vender e o outro deseja comprar. O contrato de uma sociedade é constituído por pessoas que desejam a mesma coisa: resultado financeiro. Por isso, os interesses costumam seguir na mesma direção.
Os contratos bilaterais, atribuem deveres às duas partes, incluindo os intervenientes, sendo que cada uma delas tem direito de exigir da outra, o cumprimento do que houvera sido pactuado, conforme ensina Silvio de Salvo Venosa.
Também há os contratos unilaterais que correspondem àqueles nos quais apenas uma das partes tem deveres e a outra tem apenas direitos, como no caso de uma doação.
Mas no contrato de sociedade, não há que se falar em contrato unilateral, mesmo na hipótese de sociedade que possua apenas um sócio.
As sociedades limitadas podem ser constituídas por apenas um sócio, como veremos no tópico específico.
Temos, pois, os contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais. Diferença que se refere à carga obrigacional das partes no negócio jurídico. Não há referência ao número de contratantes, que podem ser vários, mas haverá sempre um, dois ou vários polos principais, de acordo com o contexto contratual. No contrato unilateral, a carga estará alocada para uma parte específica. No contrato bilateral, esta carga estará alocada às duas partes. E, por fim, no contrato plurilateral, a carga de responsabilidade estará alocada a todas as partes, não importando quantas sejam. É exatamente isso que caracteriza cada uma das modalidades contratuais, lembrando que, em todas elas haverá, sempre e obrigatoriamente, uma manifestação inequívoca de vontade.
Os contratos bilaterais, atribuem deveres às duas partes, incluindo os intervenientes, sendo que cada uma delas tem direito de exigir da outra, o cumprimento do que houvera sido pactuado, conforme ensina Silvio de Salvo Venosa.
Atenção: não confundir os contratos bilaterais com múltiplos sujeitos em uma ou nas duas posições contratuais com os contratos plurilaterais.
Para Caio Mário Pereira (2000) os contratos plurilaterais podem ter mais de duas partes, sendo que todas elas se tornarão obrigadas. Afirma ele que não há qualquer confusão com aqueles contratos em que há pluralidade de pessoas. Há uma diferença nítida entre pluralidade de partes e de pessoas, já que aquela primeira representaria centro autônomo de vontade, cada uma representando seu próprio interesse. Enquanto, nesta última, haveria interesses idênticos para os contratantes que estivessem em um mesmo polo contratual.
Os efeitos de um contrato plurliateral poderiam ser diferentes entre cada um dos núcleos signatários, sendo que, segundo Caio Mário Pereira (2000), poderia ser gratuito para uma parte e oneroso para outra.
A teoria dos contratos plurilateraisfoi desenvolvida por Tullio Ascarelli (2007), para quem a pluralidade corresponde à uma circusntância na qual os interesses das partes são unificadas em uma finalidade em comum. Nesta modalidade contratual, cada uma das partes se obriga perante todas as demais e, perante as quais, passa a fazer jus a direitos específicos. Há, portanto, uma coordenação comum, de direitos e deveres, com objetivos específicos, mesmo que, em grosso modo, cada parte tenha um próprio interesse.
O contrato plurilateral se propaga no tempo, sendo que as obrigações individuais não são encerradas quando cada parte executa sua obrigação. A realização do próprio contrato consiste em uma organização de desenvolvimento contínuo e de atividades posteriores. Assim, o contrato plurilateral tem uma natureza contínua de realização dos direitos e deveres.
O contrato social é exatamente isso:
A obrigação dos sócios não se encerra quando executada;
A obrigação dos sócios se constitui na premissa para a formação social; Os sócios são unificados em torno de um interesse comum
É possível haver um ou vários sócios sem desnaturar o contrato de sociedade
Portanto, a sociedade é formada por um contrato plurilateral.
Atenção: a sociedade pode ser institucional ou contratual. Não é a mesma coisa que estamos falando aqui. A sociedade é institucional ou contratual quanto ao seu ato constitutivo.
Toda sociedade nasce de uma manifestação de vontade dos futuros sócios de se constituir uma sociedade. Nenhuma pessoa jurídica surge sem uma vontade prévia dos seus constituintes.
Essa vontade manifestada é típica da relação contratual e, por isso, se diz que a natureza de constituição de uma sociedade é contratual. Isso é, os sócios decidem, por manifestação de vontades, constituir uma sociedade e, depois definem qual tipo societário desejam utilizar. Como consequência dessa escolha, assinarão um estatuto social ou um contrato social.
A natureza de constituição de uma sociedade é sempre contratual.
O ato constitutivo de uma sociedade pode ser um contrato social ou um estatuto social.
Essa diferenciação é muito importante para a prática do dia a dia. Por isso, não se esqueça: a natureza de constituição de uma sociedade, não importa se estatutária ou não, será sempre contratual.
Tipos societários
COMPREENDER O QUE É TIPO SOCIETÁRIO NO DIREITO BRASILEIRO.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
TIPOS SOCIETÁRIOS
O contrato de sociedade tem uma natureza contratual. Os sócios optam pela constituição de uma sociedade, manifestando expressamente que têm o interesse em se unirem para contrari obrigações recíprocas em troca da divisão dos resultados. Geralmente, os empreendedores já sabem o tipo de atividade que desenvolverão, mas nem sempre sabem quais serão as regras que regerão essa atividade e a própria sociedade contraída entre eles. Dependendo do tipo de atividade desenvolvida, a legislação brasileira outorga algumas possibilidades, que os sócios podem escolher. Funciona como uma série de "caixinhas" e que os sócios podem escolher algumas destas caixinhas para reger a relação entre si e perante terceiros.
No Brasil e em vários outros países, os empreendedores não podem criar uma estrutura societária qualquer. Eles só podem escolher dentre aquelas "caixinhas' existentes. Em outras palavras, os sócios deverão escolher dentre as estruturas jurídicas definidas em lei para constituir suas respectivas sociedades.
O Código Civil estabelece quais são esses tipos societários e quando cada tipo pode ser utilizado, a depender da espécie de sociedade a ser constituída. Os tipos societários para as sociedades empresárias são: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade limitada; sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações.
Na prática, os tipos mais comuns de serem utilizados são as sociedades anônimas e as sociedades limitadas. Estas últimas representam mais de 80% do total de sociedades constituídas no Brasil. Estes dois tipos societários limitam a responsabilidade dos sócios e, por isso, são mais comuns.
A sociedade limitada limita a responsabilidade dos sócios, de forma solidária até o total do capital social subscrito. Por ser mais simples de ser constituída e mais usual, este tipo de sociedade está presente habitualmente no quotidiano dos brasileiros. Sobretudo porque, atualmente, a legislação pátria permite a constituição e manutenção da sociedade por apenas um sócio.
A sociedade limtada pode ser constituída tanto para as atividades empresariais e, por isso, levada à registro na Junta Comercial, quanto por atividades simples, e, nesta hipótese, levada a registro nos cartórios de registro de pessoas jurídicas.
Já as sociedades anônimas são mais formais e sempre exercem atividades empresariais. Por isso e, ainda em conformidade com o artigo 982, parágrafo único do Código Civil, serão registradas sempre na Junta Comercial. Nas sociedades anônimas, os sócios respondem individualmente pela integralização das respectivas ações. Não há solidariedade como acontece nas sociedades limitadas.
Apesar de comum, as sociedades anônimas são atreladas a negócios de grande porte e, por isso, encontra-se mais afastada da grande maioria dos brasileiros. Também por não ser também tão acessível, acaba sendo mais onerosa manta se constituir e se manter.
As sociedades simples são registradas nos cartórios de registro de pessoas jurídicas. Entretanto, não são muito usuais. Suas normas servem, de forma geral, como normas supletivas às demais sociedades constantes da legislação brasileira.
Neste tipo societário, a responsabilidade dos sócios é ilimitada e esta é uma das principais razões para sua pouca aplicação prática. Mesma situação que se aplica aos demais tipos, como as sociedades em comandita. A grande diferença é que nestas hipóteses, há duas categorias de sócios: os sócios que administram e respondem ilimitadamente e os sócios que investem e participam limitadamente.
Cuidado: há sociedade da espécie simples e do tipo societário simples. Essa divisão é importante, visto que muitas pessoas podem se confundir. Sociedade empresária é aquela que exerce a atividade típica de empresário, como determinado no artigo 966 do código civil. Já as sociedades simples (espécie) são as demais. Via de regra, são as sociedades que exercem atividades eminentemente intelectuais. Já o tipo societário simples é aquele que pode ser utilizado pelos empreendedores para a constituição de uma nova pessoa jurídica e exercício de sua atividade.
Na prática, os empreendedores decidem a atividade que irão desenvolver e, depois, definem qual a estrutura jurídica adequada para a situação concreta. Dessa forma, os sócios manifestam a vontade de constituir uma sociedade e depois formalizam essa intenção através de ato constitutivo correspondente ao tipo escolhido.
TIPO SOCIETáRIO é UMA ESCOLHA DOS SóCIOS.
Não são Tipos Societários
Há outras estruturas jurídicas que, não obstante sua enorme importância para a sociedade brasileira, não são considerados tipos societários, como por exemplo: Associação, Eireli e Fundação.
A associação é uma entidade sem fins lucrativos no qual o eventual resultado positivo não é repartido entre os sócios. A divisão de resultados é uma característica essencial de qualquer tipo societário. Aliás, esta divisão final é o principal objetivo. Vale, inclusive, mencionar, que o resultado pode ser positivo ou negativo, mas os sócios pretendem, sempre, a percepção dos resultados positivos.
A Eireli é uma empresa individual de responsabilidade limitada. Apesar de estar inserido no Direito Empresarial, a Eireli não é uma sociedade. Ela é composta estruturalmente como pessoa jurídica de responsabilidade limitada, mas não é uma sociedade por não haver em sua natureza a característica do contrato plurilateral, no qual há possbilidade de uma ou muitas partes com interesses semelhantes, sem que haja a alteração da natureza estrutural. A Eireli sempre será constituída e mantida por uma pessoa e a necessidade de se ter mais de um titular atransformará em um efetivo tipo societário, tendo que deixar de ser Eireli.
A Fundação também não tem fim lucrativo e nem a presença de sócios. A fundação é uma estrutura jurídica que nasce da conversão de determinado patrimônio para o desenvolvimento de determinada atividade.
Assim, é importante conhecer estas estruturas, com a ciência de que não são elas tipos societários.
A. escolher um dos tipos societários legalmente estabelecidos, para que possam regulamentar as relações entre si e perante terceiros.
B. criar um dos tipos societários legalmente estabelecidos, para que possam regulamentar as relações entre si e perante terceiros.
C. escolher um dos tipos societários legalmente estabelecidos, para que possam regulamentar apenas as relações entre si.
D. escolher um dos tipos societários legalmente estabelecidos, para que possam regulamentar as apenas as relações perante terceiros.
Sociedade Limitada
COMPREENDER A SOCIEDADE LIMITADA.
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
SOCIEDADES LIMITADAS:
As sociedades limitadas são:
AQUELAS COMPOSTAS POR UMA OU MAIS PESSOAS FíSICAS OU JURíDICAS, SENDO A RESPONSABILIDADE DOS SóCIOS RESTRITA AO VALOR DAS QUOTAS, MAS TODOS RESPONDEM SOLIDARIAMENTE PELA INTEGRALIZAçãO DO CAPITAL SOCIAL.
Temos, portanto, uma sociedade atípica visto que aprendemos em outro tópico deste curso que as sociedades são constituídas por duas ou mais pessoas.
Em 2019, a Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019) alterou o parágrafo primeiro do artigo 1.052 e passou a permitir a constituição da sociedade limitada por apenas uma pessoa.
A SOCIEDADE LIMITADA PODE SER CONSTITUíDA POR UMA OU MAIS PESSOAS FíSICAS OU JURíDICAS.
A sociedade limitada rege-se pelas regras contidas no Capítulo IV do Código Civil. Entretanto, eventualmente, estas regras podem não ser suficientes e, então, a aplicação das regras das sociedades simples são utilizadas supletivamente. A regra é essa, mas nada impede que os sócios elejam as regras das
sociedades anônimas para reger suas relações. Nesta hipótese, as regras supletivas seriam aquelas das sociedades anônimas e não as das sociedades simples.
O capital social da sociedade da limitada pode ser dividido em quotas iguais ou desiguais, sendo que cada uma destas quotas representa uma fração do capital social. Não é comum se ver a utilização de quotas desiguais em razão de sua difícil aplicabilidade prática. Por outro lado, as quotas iguais são utilizadas frequentemente. As quotas podem ser subscritas ou adquiridas pelos sócios, que podem ser titulares de uma ou de várias quotas.
Os sócios subscrevem suas quotas para, posterior integralização através de dinheiro ou bens. É vedado, porém, a contribuição através de prestação de serviços. A não integralização da quota, no prazo determinado, poderá sujeitar o sócio remisso a perder sua quota para a própria sociedade ou para terceiros, com a respectiva exclusão. Obviamente, todos os custos advindos dessa operação correrão por conta daquele que está sendo excluído.
Todas as quotas são indivisíveis em relação à sociedade, o que significa que cada quota dará direito a um voto e uma parte na distribuição de dividendos. Isso não impede, porém, que exista múltipla propriedade.
Legenda: INDIVISIBILIDADE DA QUOTA
A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas físicas, que podem ou não ser sócias e são nomeadas ou pelo próprio contrato social ou por ato apartado. Caso o administrador venha a ser nomeado por ato apartado, sua investidura se dará mediante termo de posse no livro de atas da administração. A assinatura do termo deve se dar no prazo de trinta dias seguintes à designação sob pena de se tornar sem efeito.
A destituição ou o término do prazo, quando fixado no contrato ou no ato apartado são causas de encerramento do exercício do cargo de administrador.
	Administrador
	Sócio
	Responsável pela representação da sociedade
	Titular de participação societária
	Recebe pró-labore
	Recebe lucro
	Sempre pessoa física
	Pode ser pessoa física ou jurídica
	Pode ou não ser sócio
	Se for pessoa física, pode ser, também, administrador
O sócio tem o direito e o dever de utilização da firma ou denominação social, sendo necessário, ao término de cada exercício social, que conduza à realização de um inventário, balanço patrimonial e balanço de resultado econômico.
Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal para as sociedades limitadas é muito pouco aplicado. Nas sociedades anônimas o Conselho Fiscal faz sentido e tem utilidade, sendo, inclusive, obrigatório. Entretanto, nas sociedades limitadas, geralmente compostas por poucos sócios, não há sentido.
O Conselho Fiscal é um órgão facultativo que tem como principal atividade a fiscalização da administração. Ocorre que a administração da sociedade limitada é, costumeiramente, atribuída aos próprios sócios. Por isso, não é comum custear pessoas para fiscalizar aqueles que são os principais interessados.
Deliberação dos Sócios
Os sócios têm autonomia para decidir qualquer assunto que diga respeito à sociedade, mas para alguns temas é obrigatório que os sócios deliberem:
Legenda: SOCIEDADE LIMITADA
As deliberações são tomadas em reunião ou assembleia e serão convocadas prioritariamente pelo administrador, mas podem, também, ser convocadas por sócio, no caso de atraso pelo administrador, ou pelo conselho fiscal, se houver.
A DELIBERAçãO EM ASSEMBLEIA SERá OBRIGATóRIA SEMPRE QUE O NúMERO DE SóCIOS FOR IGUAL OU SUPERIOR A ONZE.
As deliberações são tomadas em reunião ou assembleia e serão convocadas prioritariamente pelo administrador, mas podem, também, ser convocadas por sócio, no caso de atraso pelo administrador, ou pelo conselho fiscal, se houver.
As deliberações serão tomadas por votos correspondentes ao mínimo de três quartos do capital social para deliberações relativas à modificação do contrato social, incorporação, fusão, dissolução da sociedade ou cessação do estado de liquidação.
Para designação de administradores por ato separado, destituição dos administradores, modo e remuneração dos administradores ou pleito de recuperação judicial dependerá mais da metade do capital social. Para aprovação das contas da administração, nomeação e destituição de liquidantes e o julgamento de suas contas ou qualquer outra deliberação, se não houver quórum diverso no contrato social, bastará a maioria simples dos votos.
As reuniões não precisam mais ser presenciais em razão de recente alteração legal. As deliberações poderão ser tomadas de forma digital, respeitados os direitos de participação e manifestação dos sócios.
Capital Social
O capital social de uma sociedade é estável e não corresponde ao balanço patrimonial ou ao patrimônio. Capital social corresponde ao aporte dos sócios para permitir o início e o desenvolvimento da sociedade.
A estabilidade não é absoluta, podendo haver o aumento, com preferência dos sócios, na proporção de sua participação, na subscrição dessas novas quotas. Para que o aumento do capital social ocorra, é imprescindível que o capital social tenha sido integralizado.
A redução do capital social também é permitida, mas apenas em hipóteses especificas: (i) depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; ou (ii) se excessivo em relação ao objeto social.
Perceba, portanto, que a redução é livre e depende apenas do atendimento aos requisitos legais. A redução depende de causa específica.
O capital social indica a limitação de responsabilidade dos sócios. Por dívidas sociais, os sócios somente respondem pessoalmente por débitos sociais até o limite do capital social se ele não tiver sido integralizado.
PARA EXEMPLIFICAR
João e José constituíram uma sociedade limitada com um capital social de R$100.000,00. Cada um subscreveu R$50.000,00, mas João integralizou apenas R$10.000,00, enquanto José integralizou R$50.000,00. Dessa forma, temos: Capital social subscrito: R$100.000,00. Capital social integralizado: R$60.000,00. João e José responderão solidariamente por R$40.000,00 perante credores, caso a sociedade não liquide suas dívidas.Resolução da Sociedade em Relação a Sócio Minoritário
O sócio majoritário poderá excluir o sócio minoritário que colocar em risco a continuidade da empresa. Essa exclusão poderá se dar de forma extrajudicial com simples registro da alteração do contrato social e posterior pagamento dos haveres. Porém, isso é viável se atendidas algumas condições mínimas que são:
Constar expressamente no Contrato Social essa possibilidade;
O(s) sócio(s) minoritário(s) esteja colocando em risco a continuidade da empresa, o que é um critério subjetivo e, por isso, importante que conste do contrato social de forma objetiva;
O(s) ato(s) praticado(s) seja(m) de inegável gravidade, o que também é um critério subjetivo e merece especificidade no contrato social;
Quando a sociedade tiver mais de dois sócios, será necessário a realização de uma reunião, devidamente convocada para este fim.
Dissolução
Conforme expresso nos artigos 1.044 e 1.033 do Código Civil, a sociedade limitada poderá ser dissolvida quando houver o término do prazo de duração da sociedade, o consenso unânime dos quotistas, a deliberação dos sócios ou a extinção da autorização para funcionar.
Sociedade Anônima
CONHECER A SOCIEDADE ANÔNIMA
AUTOR(A): PROF. FRANCO GIOVANNI MATTEDI MAZIERO
Sociedade Anônima
Sociedade anônima é um tipo societário muito utilizado no Brasil. Sua origem remonta à Europa antiga, mas seu real impulsionamento se deu nos Estados Unidos. A sociedade anônima ou companhia se caracteriza por ter seu capital social dividido em ações, seus sócios terem responsabilidade limitada à respectiva participação e seu objeto ser sempre empresarial.
A sociedade anônima, exatamente por sua natureza empresarial, sempre terá seu registro na Junta Comercial.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e,
simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade
por ações; e, simples, a cooperativa.
CÓDIGO CIVIL, 2002
A sociedade anônima, que também é chamada de companhia, utiliza apenas denominação para contrair obrigações e exedrcer direitos. Assim sendo, o nome empresarial deverá possuir uma expressão linguística qualquer, o objeto social e as palavras sociedade anônima ou sua abreviatura, no começo, no meio ou no final ou companhia no começo ou no meio, mas nunca ao final.
A companhia é classificada como sociedade de capital, justamente por não haver uma relação muito próxima entre os sócios. E, por isso mesmo, seu ato constitutivo é um Estatuto Social, o que dá maior flexibilidade na alteração do quadro societário.
Uma das principais funções das S.A.s é a função econômica, já que pode funcionar como forma de se arrecadar fundos, como veremos um pouco mais à frente. Entretanto, neste momento já se torna possível identificar que a sociedade anônima possui algumas classificações, sendo a primeira delas entre a companhia aberta e a companhia pública.
A companhia aberta é aquela que possui registro na Comissão de Valores Mobiliários, autorizando-a negociar valores mobiliários e a fechada não possui possui esse registro. Na prática, a companhia aberta pode negociar na bolsa de valores e a fechada não.
CVM
Autarquia de regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, ausência de subordinação hierárquica e financeira e responsável pela organização e fiscalização do mercado de capitais brasileiro.
MERCADO DE CAPITAIS
Ambiente no qual se negociam valores mobiliários como ações, debêntures, opções, commodities e outros.
BOLSA DE VALORES
Um dos ambientes do Mercado de Capitais onde são negociadas as ações de companhias e alguns outros títulos. No Brasil, a Bolsa de Valores é gerida pela B3 (https://youtu.be/c02MuIZHqtM).
Para sua regular constituição, a companhia precisa atender aos requisitos dos artigos 80 a 99 da Lei 6.404/76, que é a Lei das Sociedade Anônima. A constituição se divide em três distintas fases:
Requisitos Preliminares; Modalidades de Constituição; e Formalidades Complementares.
A primeira fase é composta por duas etapas. A primeira etapa é subscrição de 100% (cem por cento) do captial social por, pelo menos, duas pessoas, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas.
A segunda etapa da primeira fase é a realização de, no mínimo, 10% (dez por cento) do que for subscrito em dinheiro. Esse valor deve ser depositado no Banco do Brasil ou outra instituição financeira autorizada pela CVM.
É de se lembrar que a sociedade anônima pode ter seu capital social constituído por dinheiro, situação na qual aplicar-se-á o que acabamos de falar, ou em bens. Nessa hipótese, a regra será outra, sendo necessária a realização de um laudo de avaliação por uma empresa especializada ou por três perítos. Esse laudo deverá ser fundamentado e servirá como base para aprovação na Assembléia Geral para aprovação destes balanços e incorporação dos bens.
Caso a subscrição se dê por um imóvel, não será necessário lavrar a escritura pública, bastando o registro da ata de constituição da sociedade anônima no respectivo registro imobiliário.
A segunda etapa, consiste na modalidade de subscrição. Nessa etapa, os sócios fundadores podem optar por já captar recursos no mercado de capitais ou apenas dentre aqueles sócios iniciais. Assim, a subscrição será pública quando se pretender a captação de recursos no mercado de capitais e privada quando não houver esse interesse.
No caso de subscrição pública, será necessário o prévio registro na CVM, além de um estudo de viabilidade econômica, um projeto de estatuto social e um prospecto. Necessariamente haverá a intermediação de uma instituição financeira.
Subscrita a integralidade do capital social será convocada uma Assembleia de Constituição, na qual todas as ações terão direito de voto, independentemente das classes de ações existentes.
No caso de subscrição particular ou privada não será necesário o registro na CVM, podendo a constituição se dar por assembleia ou escritura pública. A constituição por escritura pública, além de pouco usual, é mais cara que a por assembleia e consiste na elaboração de todos os documentos por um cartório de notas. A constituição por assembleia é a mais comum e mais barata, ocorrendo em qualquer ambiente privado, mas, preferencialmente, na sede da companhia.
A terceira e última etapa é constituída pelas formalidades complementares. A sociedade anônima é constituída na segunda etapa, mas sua regularidade só acontece, efetivamente, nesta última etapa. Tanto assim, que o nome é: formalidades complementares.
Nesta etapa, realiza-se o arquivamento do estatuto social, lista de subscrição e recibo de depósito na Junta Comercial. Depois, os atos constitutivos devem ser publicados em jornal de grande circulação e no diário oficial do local da sede. Atualmente, as publicações podem ser virtuais.
Os primeiros administradores serão responsáveis pela omissão ao adotar qualquer destes atos.
Ações
Os acionistas são responsáveis pelas ações subscritas ou adquiridas, mas, uma pergunta essencial é: o que é ação?
AçãO é VALOR MOBILIáRIO REPRESENTATIVO DE UNIDADE DO CAPITAL SOCIAL DE UMA SOCIEDADE ANôNIMA, QUE CONFERE AOS SEUS TITULARES UM COMPLEXO DE DIREITOS E DEVERES.
O titular de uma ação é sócio de uma sociedade anônima. Como tal, deverá integralizar o valor que se comprometeu, sob pena de ser considerado acionista remisso e poder ser excluído da sociedade.
Por outro lado, o acionista possui uma série de direitos e deveres. Entretanto, antes de adentrarmos nesses direitos, temos que compreender 3 características das ações.
A primeira das características é a indivisibilidade, que consiste na impossibilidade de repartição no exercício dos direitos. Apenas um conjunto de direito poderá ser exercido por cada ação, independentemente do número de proprietários.
INDIVISIBILIDADE DA AçãO
A segunda característica é a da negociação. A ação pode ser negociada, sendo inválida qualquer tipode vedação neste sentido. A única possibilidade é colocar um limite, mas não um impedimento.
A terceira característica consiste na fungibilidade. Todas as ações de uma mesma classe e espécie de uma companhia são identicas e podem ser trocadas entre si. A ação, portanto, é fungível com outra da mesma classe e espécie.
Neste ponto da disciplina, é importante saber que as ações podem ser divididas em três espécies distintas: Ações de fruição, que são aquelas que podem permitir o recebimento antecipado de valores correspondentes à participação societária em caso de liquidação da companhia.
As ações ordinárias, que são as ações comuns, sempre presentes nas sociedades anônimas e outorgam aos seus titulares os direitos políticos e patrimoniais.
E, por fim, as ações preferenciais, que são as ações que podem ter os direitos políticos substituídos por direitos patrimoniais mais amplos. Essas ações não podem representar mais que 50% do total de ações emitidas.
Direito Político: é aquele direito ligado ao voto.
Direito Patrimonial: é aquele direito que repercute em questões financeiras.
Para melhor visualização, observem o quadro a seguir:
	Quadro 1
	
Espécies
	Fundamentação legal
	Direitos Instrumentais
	Direitos Patrimoniais
	Proporção no Total das Ações
	
Ordinária
	15, 16, 22, P. Ún.,
110
	
Sempre
	
Sempre
	
Até 100%
	Preferencia
	l 15, 17, 111
	Talvez
	Sempre
	Até 50%, Art. 15, §2º
	Fruição
	15
	Nunca
	Sempre
	--
	Quadro 2
	Espécies
	Cia Aberta
	Cia Fechada
	Ordinária
	Não há classes
	· Conversibilidade ou não em ações preferenciais, 16, I,
Ou
· Exigencia de nacionalidade brasileira do acionista, 16, II, Art. 222 da C.R./88,
Ou
Voto em separado para preenchimento de determinados órgãos da administração. Arts. 16, III, 141, §4º, II; 161, §4º, a
	Quadro 2
	Preferenciai
	s- Prioridade na distribuição do dividendo, 17, I;
Ou
-Prioridade no reembolso do capital, 17, II;
OU
· Acúmulo dos 2;
E, obrigatoriamente:
· Participação de pelo menos 25% do lucro;
Ou
· Recebimento de valor pelo menos 10% superior ao atribuído à Ação Ordinária;
Ou
· Direito de inclusão quando ocorrer venda do controle.
	· Prioridade na distribuição do dividendo, 17, I;
Ou
-Prioridade no reembolso do capital, 17, II;
Ou
· Acúmulo dos 2;
E, opcionalmente:
· Participação de pelo menos 25% do lucro;
Ou
· Recebimento de valor pelo menos 10% superior ao atribuído à Ação Ordinária;
Ou
· Direito de inclusão quando ocorrer venda do controle.
Por fim, é importante entender que as ações podem adotar duas formas: nominativa ou escritural.
Na verdade, todas as ações são nominativas já que, no Brasil, não é admitida a figura da ação ao portador. Assim, todas as ações devem indicar os seus respectivos titulares. Entretanto, a forma como se comprova a titularidade das ações.
Caso o titular comprove a titularidade de ações através de certificados, as ações serão nominativas. Porém, caso a comprovação se dê a partir de extratos obtidos junto às companhias financeiras gestoras das ações, serão elas, escriturais.
Toda companhia que pode negociar ações na bolsa de valores, e portanto, companhia aberta, será escritural. Por outro lado, as companhias fechadas poderão tanto optar pela forma escritural quanto nominativa.
A manutenção das ações escriturais é mais cara, já que depende da atuação de uma instituição financeira. Por isso, as companhias fechadas, costumeiramente, adotam as ações nominativas para comprovação de titularidade de suas respectivas ações.
AçõES NOMINATIVAS X AçõES ESCRITURAIS
Os acionistas são os detentores de ações. Nesta condição, eles possuem direitos e deveres.
Subscritor: Até o momento da constituição;
Acionista: Após a formalização da sociedade com o registro na junta.
O mais importante dos deveres dos acionistas encontra-se na obrigação de integralizar sua ação. Já vimos que o capital social é essencial para o desenvolvimento de qualquer atividade empresária. O capital social é constituído através da integralização dos acionistas. Ao não integralizar, o acionista, que passa a ser denominado acionista remisso, prejudica a companhia e será cobrado em razão de seu inadimplemento.
O inadimplemento acontece quando o subscritor não integraliza, no prazo estatutariamente previsto ou naquele estabelecido pelos órgãos da administração da companhia. Não integralizado, a sociedade anônima poderá:
Executar judicialmente; Vender as ações na bolsa; Comprar as ações; ou reduzir o capital social.
Ainda que inadimplente, o acionista possui alguns direitos que, obviamente, são ainda mais patente aos acionistas que tenham cumprido as respectivas obrigações integralmente. Esses direitos são divididos em essenciais e não essenciais.
Os direitos essenciais são aqueles que não podem ser suprimidos:
I - Participação nos lucros sociais:
Dividendos -17, I; 201 a 205. Pode não haver distribuição:
Em caso de prejuízo; ou
Suspensão temporária para atender compromisso inadiável; expansão ou cobrir defasagens de exercícios anteriores.
II - Participação no acervo da Companhia:
Em caso de liquidação, após satisfeito todo o passivo, sobrando algo, será devolvido aos acionistas, nas proporções de suas ações.
III - Fiscalização:
Direta: o acionista diretamente procede à Fiscalização (122, III; 157, Par.2º; 105);
Indireta: um grupo de acionistas representa todos os demais na fiscalização (Cons. Fiscal - Art. 161)
Sem interferência: verifica a situação, sem a fiscalização provoque qualquer interferência nela.
Com interferência: há interferência na administração da administração, através de voto em assembleia ou eleição e destituição de administrador.
IV - Direito de Preferência:
Arts. 171 e 172;
Não é absoluto (pode ser alterado pelo estatuto das Cias abertas - 172 - ou nas cias fechadas em decorrência de Lei especial)
Pode ser cedido (Art. 171, Par. 6º);
Exercício do direito no prazo decadencial não inferior a 30 dias - (exceção 172)
V - Direito de Retirada:
Consiste na possibilidade do acionista, em algumas hipóteses específicas, solicitar o término do vínculo societário com a companhia, mediante o pagamento dos valores relativos aos seus haveres.
As hipóteses específicas estão expressas nos artigos 136, I a VI e IX; Art. 136-a; 221; 230; e 252 da Lei 6.404/76. Entretanto, para fazer jus à retirada, é necessário que o acionista seja dissidente das deliberações. É direito não essencial, aquele que pode ser suprimido, como o voto, por exemplo.
CONSIDERA-SE O VOTO
Manifestação individual e unilateral de vontade, com vistas a produzir uma decisão coletiva.
Cada ação ordinária corresponde a um voto e as preferenciais podem ou não ter direito a voto. É possível que algumas companhias limitem a quantidade votos por acionista, de forma a impedir um acionista controlador.
Acordo de Acionistas: "Considera-se um contrato submetido às normas comuns de validade de todo negócio jurídico privado, concluído entre acionistas de uma mesma companhia, tendo por objeto a regulação do exercício dos direitos referentes a suas
ações tanto no que se refere ao voto como à negociabilidade das mesmas".
MODESTO CARVALHOSA, 2010
PONTOS ACORDáVEIS EM UM ACORDO DE ACIONISTAS
a) Preferência para adquirir ações;
b) Exercício do direito de voto: votam em conjunto, no formato deliberativo estipulado no acordo;
c) Poder de controle.
Acionista controlador é aquele ou aqueles, vinculados por acordo de acionistas, que detenha a maioria dos direitos de voto de determinada companhia e que exerça(m) de maneira efetiva esse 'poder' para eleição dos administradores.
O acionista, portanto, como detentor do risco de capital envolvido, tem a responsabilidade de dar o direcionamento aos negócios da companhia. A execução destas diretrizes é papel dos administradores de uma companhia.
A administração de uma companhia é feita em diferentes níveis:
Assembleia Geral
Conselho de Administração 
Diretoria
Conselho Fiscal
Vamos entender um pouco mais sobre cada um destes níveis.
Assembleia Geral
A Assembleia Geral é composta por todos os acionistas, mas

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