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COMPOSIÇAO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTiÇA EM 07/10/99 MINISTROS: ANTÓNlO DE PAoUA RIBEIRO - Presidente Paulo Roberto Saraiva da COSTA LEITE - Více.Presidente WlWAM Andrade PATTERSON NILSON Vital NAVES EDUARDO Andrade RIBEIRO de ONveira EDSON Carvalho VlDIGAL Jacy GARCIA VIEIRA WALDEMAR ZVEITER Luiz Carlos FONTES DE ALENCAR SÁLVlO DE FIGUEIREDO Teixeira Raphae/ de BARROS MONTEIRO Filho HÉUO de Mello MOSIMANN - Coordenador-Geral da Justiça Federal FRANCISCO PEÇANHA MARTINS HUMBERTO GOMES DE BARROS MILTON LUIZ PEREIRA Francisco CESAR ASFOR ROCHA RUYROSADO DE AGUIAR Júnior VICENTE LEAL de Araújo ARI PARGENDLER JOSÉ Augusto DELGADO JOSÉ ARNALDO DA FONSECA FERNANDO GONÇALVES CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO FELIX FISCHER ALDIR Guimarles PASSARINHO JUNIOR GILSON Langaro DIPP HAMILTON CARVALHIDO EUANA CALMON Alves PAULO Benjamin Fragoso GALLOrn FRANCISCO CIndido de Melo FALCAo Neto JORGE Tadeo Flaquer SCARTEZZlNI A Proteç4 Direii 1!SV.lB o íJ souvUlnH sOl1íJ.llU sop /vuOl;JVU.líJIUI Op5íJ10 .lJ V tI~l.Lsnr 30 7t1Nn Organização do Evento , Superior Tribunal de Justiça/Conselho da Justiça Federal Secretaria de Estado dos Direitos Humanos I I Coordenação Científica Andréa Lopes Guimarães Abreu da Silveira Assessora Especial da Presidência do Conselho da Justiça Federal Maria Helena Pinheiro Penna Assessora do Secretário de Estado dos Direitos Humanos Fátima Nancy Andrighi Superiol Membro da Escola Nacional da Magistratura Tribunal de J AP1 .-----.........-.~=~~~~----..--................ SUPER;')R. Tr';QUN",\L DE JUSTIÇA F ·'H<~:iTEC.; fliL OSCI~q SARAIVA ~.~:, )y~ 5 2r~ ~~:~TA _ 36Yb-g li 01. 0 1 00 Workshop A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil (1999 : Brasília, DF). A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil. Brasília: Superior Tribunal de Justiça, 2000. 159 p. ISBN 85-7248-045-5 1. Direitos Humanos, Congresso. 2. Direitos Humanos, Congresso, Brasil. 3. Proteção Internacional, Congresso. I. Título. 11. Brasil. Superior Tribunal de Justiça (ST J). CDU 342.7(061.3) fera I fustiça Federal ,anos 3: Humanos e o :)s e o Brasil. itos Humanos, lresso. I. Título. )U 342.7(061.3} Superior Tribunal de Justiça ,i ·1j' ~ ,, i ~ '~(.·l í.,. ,/ J ~~ Secretaria de Estado dos Dire itos Humanos A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil WORKSHOP 7 a 8 de outubro de 1999 Auditório do STJ Brasília 2000 ~ ANAIS DO WORKSHOP Coordenação e Editoração: Superior Tribunal de Justiça Secretaria de Documentação SAFS - Q. 6, lote 01 - Bloco "F", 2° andar 70095-900 - Brasília - DF Fone: (061) 319-9004 Fax: (061) 319-9316 E-mail: sed@stj.gov.br Capa Projeto Gráfico: Núcleo de Programação Visual/S T J Criação: Taís Villela Copyright © 2000 Superior Tribunal de Justiça ISBN 85-7248-045-5 Impresso no Brasil Prefácio . ......... . Palavras de Abertura - Paulo Roberto Sara - José Carlos Dias . , Palestras "O Sistema Inter Felipe de Seixas Cl "A Política Nacio - José Gregori ••• "O Sistema Inter, Século: Recomen4 Proteção" - Antôr "A Comissão Ir. Atuação" - Hélio I "A Execução da Direitos HumanOfi Direitos Humanoj "A Constituição Proteção dos Di1'/. "O Papel das 01 Sérgio Pinheiro •• "O Papel do Mil Wagner Gonçalve "Proposta de un Eduardo Soares . Palavras de Encem - Marco Antônio - Paulo Robertc SUMÁRIO Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . 7 Palavras de Abertura - Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite. • • . . • . . • • • • . • . . • • • . • • • • . . • . - José Canos Dias . . • • • • • • • • . • . • . . . • . . . • • • • . • . . • • • • . • • • • . . . • • 11 13 Palestras "O Sistema Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil" - Luiz Felipe de Seixas Correa •••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 1'7 "A Política Nacional de Direitos Humanos e o Sistema Interamericano" - José Gregori •••• • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • 27 "O Sistema Interamericano de Direitos Humanos no Limiar do Novo Século: Recomendações para o Fortalecimento de seu Mecanismo de Proteção" - Antônio Augusto Cançado Trindade. • • • • • • • • . • • • • • • . . . • 31 STJ "A Comissão Interamericana de Direitos Humanos: Funções e Atuação" - Hélio Bicudo. • • . • • • . • . • • • • • • • • • • . . • . . • • • • • . . . . . • . 69 "A Execução das Recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e Execução das Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos" Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros. • • • • • • • • • • • 81 "A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos" - Flávia Piovesan •••••••...••••... 87 "O Papel das ONG s no Contencioso dos Direitos Humanos" - Paulo Sérgio Pinheiro • • • • • . • . • . . • • . . • • • • • • • . • . • • • . • • • . • . • • . . . • • .• 105 "O Papel do Ministério Público na Proteção dos Direitos Humanos" - Wagner Gonçalves • • • . • • • • • • • • . • . • . • • • • • • • • • • . • • • • . . • • . • • •• 113 "Proposta de uma Política Integrada de Segurança Pública" - Luiz Eduardo Soares . • • • • • . . • . • • • • • • • • • • • . . . . . • . • • . • . • • • • • . . • •. 121 Palavras de Encerramento - Marco Antônio de Oliveira Maciel - Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite ..•••••••.•••..••.••••... 139 141 :p: Acordos Celebrados Termo de Cooperação Técnica que entre si celebram o S'uperior Tribunal de Justiça e o A1inistério da Justiça, por meio de sua S'ecretaria de Estado dos Direitos Humanos, com o objelivo de desenvolver ações no campo dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . .. 145 Em 199 com a Secretaria de Proteção dos Direito: Adesão ao Termo de Cooperação Técnica celebrado entre o conferências nele p Superior Tribunal de Justiça e o A1inistério da Justiça/S'ecretaria de convidados. Estado dos Direitos Humanos, com o objetivo de desenvolver açôes no campo dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 149 A deno relativamente novo Convenio de Cooperación entre La Corte Interamericana de reconhecida uma di! Derechos Humanos y La Escuela Nacional de La Magistrarura de qual não pode ser, Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . .. 151 nenhum interesse de Anexo Quando Programa do Workshop "A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil" , • , ......•....•.. , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 157 portanto há apenas ~ colônia inglesa aluI formalmente, que "to e têm direitos inerer podem, por nenhum gozo da vida e da li busca da felicidade adotar, como princí nações, a proteção d Este sél desrespeito ao ser h direito à vida ou sub situações de violênc homens de boa vonl de defesa dos indiví como a história recel Esses constituições dos p Estado democrátic( internacionais, entrE Universal dos Dire universal e indivisí' passaram a compror aos direitos do home O sem como objetivo discu para a salvaguarda 'bram o Superior por meio de sua )m o objetivo de IS ......................... .. 145 lebrado entre o tiça~<..,'ecretaria de lesenvolver ações 149 eramericana de , Magistratura de 151 ral dos Direitos 157 PREFÁCIO Em 1999, o Superior Tribunal de Justiça, em profícua parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, promoveu o seminário "A Proteção dos Direitos Humanos e o Brasil". Agora, traz a lume a coletânea das conferências nele proferidos por uma plêiade de autoridades e estudiosos convidados. A denominação "direitos humanos" remete a um conceito relativamente novo na história: a aceitação de que aos seres humanos é reconhecida uma dignidade natural e inalienável, própria da sua condição, a qual não pode ser violada em nome denenhuma forma de governo ou de nenhum interesse de grupos ou de indivíduos. Quando afirmo ser recente tal conceito, lembro que, em 1776, portanto há apenas 224 anos, os representantes do povo da Virgínia, na época colônia inglesa a lutar pela independência, foram os primeiros a proclamar, formalmente, que "todos os homens nascem igualmente livres e independentes e têm direitos inerentes, dos quais, ao entrar num estado de sociedade, não podem, por nenhum contrato, privar ou despojar sua posteridade; a saber, o gozo da vida e da liberdade, os meios de adquirir e possuir propriedade, e a busca da felicidade e segurança." Desde então, diversos países passaram a adotar, como princípio de seus governos ou de suas relações com outras nações, a proteção dos direitos inerentes à natureza humana. Este século que ora finda testemunhou inumeráveis exemplos de desrespeito ao ser humano; muitos foram e continuam sendo privados do seu direito à vida ou submetidos a formas degradantes de tratamento. Incontáveis situações de violência física e mental infligidas a alguns vieram confirmar aos homens de boa vontade que é necessário buscar e preservar os mecanismos de defesa dos indivíduos perante a sanha criminosa de grupos e, até mesmo, como a história recente nos mostra, de governos. Esses aparatos de defesa se têm consubstanciado nas constituições dos países (o Brasil mesmo listou, entre os fundamentos do Estado democrático, a "dignidade da pessoa humana") e nos tratados internacionais, entre os quais um dos mais significativos foi a "Declaração Universal dos Direitos do Homem", de 1948, por ter afirmado o caráter universal e indivisível desses direitos. Posteriormente, outros documentos passaram a comprometer os seus signatários a lutar contra qualquer atentado aos direitos do homem. O seminário que resultou nesta publicação teve, precisamente, como objetivo discutir as implicações jurídicas da adesão do Brasil a tratados para a salvaguarda dos direitos humanos. Houve a preocupação de situar a 7 questão sob duas perspectivas: a primeira delas focalizou o Brasil frente ao sistema intemacional de proteção dos direitos humanos. Nessa ótica, eminentes autoridades no assunto dissertaram acerca da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: suas funções, sua atuação, suas recomendações. Tratou-se, ainda, da Corte Interamericana de Direitos Humanos e da execução das suas sentenças. Sob um segundo ponto de vista, foram enfocadas questões internas, como o papel das organizações não-governamentais no contencioso dos direitos humanos e a atuação do Ministério Público na proteção desses mesmos direitos. ReselVou-se um espaço para que alguns governos estaduais se fizessem representar no evento e trouxessem a visão de quem está lidando com a questão diariamente. As conferências proferidas e os debates realizados demonstraram que o tema, embora haja consenso quanto a alguns aspectos teóricos, ainda enfrenta problemas de ordem prática. A leitura dos textos permitirá ao leitor mapear os pontos que já mereceram atenção dos poderes públicos e aqueles que estão a exigir ações mais efetivas. Encerro este preâmbulo com as palavras da Ora. Flávia Piovesan, que sintetizou a importância do tema ao lembrar que "hoje, mais do que nunca, estamos à frente do desafio de resgatar e recuperar, no aparato jurídico, o seu potencial ético e transformador, aplicando efetivamente a Constituição e os parâmetros internacionais. Estamos à frente do desafio de emprestar à nossa prática profissional uma nova marca, que é a marca dos direitos humanos. Que possamos, portanto, reinventar, reimaginar e recriar a nossa prática a partir deste paradigma e desta referência que é a prevalência dos direitos humanos". Ministro Antônio de Pádua Ribeiro Presidente do Superior Tribunal de Justiça 8 lizou o Brasil frente ao umanos. Nessa ótica, acerca da Comissão IS, sua atuação, suas Imericana de Direitos 1 enfocadas questões mentais no contencioso ico na proteção desses uns governos estaduais o de quem está lidando 'alizados demonstraram Ispectos teóricos, ainda !xtos permitirá ao leitor !res públicos e aqueles a Ora. Flávia Piovesan, )je, mais do que nunca, I aparato jurídico, o seu Ite a Constituição e os t de emprestar à nossa direitos humanos. Que nossa prática a partir valência dos direitos la Ribeiro nal de Justiça Palavras de Abertura Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite Vice-Presidente, no exercício da Presidência do Superior Tribunal de Justiça Na dinâmica da História, somos os contemporâneos fim e princípio, ou seja, somos os herdeiros de legados essenciais, sem os quais nossa sociedade teria outra feição, como o direito dos romanos ou a filosofia dos gregos; somos, também, a flecha preparada no arco, apontada para o futuro na direção de um movimento recente que, certamente, determinará a existência de um mundo mélhor: a universalização e internacionalização dos direitos do homem. Na certeza de que a construção do porvir faz-se em função do presente, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e esta Corte de Justiça, em produtiva parceria, planejaram, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores e da Escola Nacional da Magistratura, o workshop a que ora se procede: "A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil", o qual, para o gáudio de seus participantes, reúne as mais representativas personalidades do País que, hoje, dedicam seus esforços a tão relevante causa, quer nos organismos nacionais - públicos ou privados - quer nos internacionais. Quando se trata de "direitos humanos", muito haveria que discorrer sobre eles. Didaticamente, seria possível traçar sua trajetória na história dos povos. Poderíamos citar VOltaire, cuja afirmação de que "nem todos os cidadãos podem ser igualmente fortes; mas podem, todos, ser igualmente livres" serviria de inspiração, muitos anos depois, para o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Poder-se-ia conceituá-los, ou classificá-los, ou, ainda, citar recentes exemplos de violações desses direitos em episódios ocorridos tanto no Br~sil quanto no exterior, que estão a clamar por justiça. No entanto tais aspectos introdutórios ou ilustrativos não atenderiam aos objetivos traçados para este encontro. O que se quer, agora, é avançar em direção à concretude desses direitos, seja por meio de ações que visem à proteção de cada ser, garantindo-lhe o exercício da liberdade inerente à sua condição humana, seja por intermédio de ações que objetivem punir os atentados perpetrados contra essa mesma liberdade, venham eles de pessoas ou de Estados. Em duas instâncias contíguas e complementares situam-se os temas que serão objeto de debate nestes dias. No espaço delimitado pela fronteira brasileira e no alcance de sua Lei Maior, a defesa da dignidade humana, valor significativo tomado como fundamento, objetivo e princípio na Carta de 1988, compete não só aos organismos estatais, como também aos II entes privados, avultando, no particular, a atuação das organizações não govername ntais. Paralelamente, cumprindo os ditames a que se obrigou constitucionalmente, o Brasil tem adotado medidas no sentido de incorporar instrumentos reconhecidos no meio internacional para a salvaguarda dos direitos do homem. São esses instrumentos os diversos tratados a que aderiu o Estado brasileiro. A adesão é atitude meritória, entre outras razões, por ampliar os mecanismos de amparo dos direitos do brasileiro, além de incluir o País no rol daqueles que se preocupam em respeitar e fazer respeitar, em seu território, as prerrogativas fundamentais do ser humano. Merecerá destaque neste encontro a inclusão do País no sistema interamericano de proteção às liberdades individuais, principalmente porque, no ano passado, o Governo brasileiro reconheceu a competência contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos, passo importante como demonstraçãode que o País compromete-se efetivamente, perante a comunidade internacional, com a causa da proteção dos direitos básicos do homem. o Brasil não pode, entretanto, olvidar que tal reconhecimento demanda atitudes que concretizem suas intenções. Por isso o seminário que ora se inicia pretende buscar soluções para os entraves da política de implementação dos direitos humanos, sob pena de ver-se a Nação condenada por não pratícar o que repetidamente apregoa em sua Lei Maior. Em seu âmbito de atuação, este Tribunal já se incluiu nesse esforço e amanhã, ao final dos nossos trabalhos, assinará acordo de cooperação técnica com o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, cujo objetivo amplo é, em consonância com o ordenamento jurídico vigente, desenvolver ações conjuntas no campo da proteção e defesa dos direitos humanos. É de salientar-se a importância dessa parceria, que, longe de atentar contra a independência dos Poderes, deve ser vista como um exercício da harmonia entre eles, que se acha expressa no artigo segundo da Constituição. . Cumpre-me encerrar estas palavras de abertura; no ensejo, auguro êxito aos trabalhos que serão desenvolvidos e agradeço a todos os que se dispuseram a participar da tessitura de um futuro melhor. Peço ao Senhor das bênçãos e das luzes que não nos deixe cometer o pecado da omissão e que nos abençoe e ilumine. 12 Penso ser Justiça, das mais aRas assentos, criaturas intE debater e reiterar o CI humanidade. Sinto-mE Governo, que se pauta da pessoa humana, en e ideais. A este Tribu justiça, voRo, neste mo comprometer o Estadc que temos de assumir, soberana quanto mail direitos fundamentais « Não perde o Brasil a morais, quando abre nossas falhas e erro! denunciar e procurar él partir da consciência « que estas ganham for~ Estou er Cerimônia e dizer qUE humanos - razão da Justiça - cuja tarefa é Secretaria de Estad( humanos de uma for cargo de um homem fraterna, nascida ne! vimos caminhando ne Assim, ~ Vossa Excelência, to esta grande parceria mas efetiva, demom Poder Judiciário e c independência e esta Desejo ~ para que possamos cumprido. I das organizações não les a que se obrigou no sentido de incorporar :i salvaguarda dos direitos los a que aderiu o Estado s razões, por ampliar os m de incluir o País no rol ;peitar, em seu território, usão do País no sistema " principalmente porque, ::ompetência contenciosa lasso importante como etivamente, perante a , dos direitos básicos do que tal reconhecimento lor isso o seminário que ~ntraves da política de r-se a Nação condenada .ei Maior. nal já se incluiu nesse S, assinará acordo de ntermédio da Secretaria é, em consonância com oonjuntas no campo da '-se a importância dessa I dos Poderes, deve ser e ~ acha expressa no ~ abertura; no ensejo, Igradeço a todos os que nelhor. Peço ao Senhor J pecado da omissão e José Carlos Dias Ministro de Estado da Justiça Penso ser este um momento simbólico, em que esta Corte de Justiça, das mais altas Cortes deste País, abre suas portas para que, em seus assentos, criaturas interessadas na celebração dos direitos humanos possam debater e reiterar o compromisso de cada um de nós e deste País com a humanidade. Sinto-me feliz, como cidadão, como Ministro da Justiça deste Governo, que se pauta pelo respeito à democracia e aos direitos fundamentais da pessoa humana, em comungar com o Poder Judiciário os mesmos anseios e ideais. A este Tribunal, que tantas vezes vim, como advogado, postular justiça, volto, neste momento, para co-celebrar um ato de justiça, no sentido de comprometer o Estado Brasileiro, a Federação Brasileira, neste compromisso que temos de assumir, de respeito aos direitos humanos. A Nação é tanto mais soberana quanto mais respeita a soberania da humanidade, énraizada nos direitos fundamentais da pessoa humana. Não perde o País a sua força moral. Não perde o Brasil a grandeza de suas fronteiras físicas, institucionais e morais, quando abre seu território e sua alma para mostrar a realidade das nossas falhas e erros, a fim de que possamos também ter a grandeza de denunciar e procurar as violações dos direitos humanos em outros países. É a partir da consciência de que não há fronteiras na luta pelos direitos humanos que estas ganham força moral. Estou emocionado, sim, em ter podido comparecer a esta Cerimônia e dizer que é tão grande a importância que se dá hoje aos direitos humanos - razão da nossa história - que hoje existe, junto ao Ministério da Justiça - cuja tarefa é a defesa dos direitos humanos no sentido amplo - uma Secretaria de Estado, especificamente, para viver a questão dos direitos humanos de uma forma absolutamente intensa. Secretaria esta que está a cargo de um homem a quem muito respeito, admiro e devoto uma amizade fraterna, nascida nesta terra fecunda que é a luta pelOS direitos humanos; vimos caminhando nesta mesma trilha há muitos anos. Assim, Senhor Presidente: quero cumprimentar na pessoa de Vossa Excelência, todos os Senhores Ministros, porque acho admirável que esta grande parceria se estabeleça, neste momento, de uma forma simbólica, mas efetiva, demonstrando a todo o Continente americano, a presença do Poder Judiciário e do Poder Executivo, construindo, mais uma vez, esta independência e esta harmonia de Poderes. Desejo a todos participantes deste certame um grande sucesso, para que possamos terminar os trabalhos, dando graças a Deus pelo dever cumprido. 13 SVJISiJIVJ o SISTEMA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E O BRASIL LUIZ FELIPE DE SEIXAS CORREA .','ecretário-Geral do Alinistério das Relações Exteriores É com grande satisfação que participo do Workshop sobre a proteção internacional dos direitos humanos, organizado pelo Superior Tribunal de Justiça e a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com o apoio e a colaboração do Ministério das Relações Exteriores. O objetivo central deste importante evento é contribuir para o debate em torno das implicações jurídicas e políÜcas decorrentes das obrigações internacionais contraídas pelo Estado brasileiro no campo da proteção aos direitos humanos. É nossa expectativa que este exercício contribua também para tornar mais conhecido em nosso país o Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos. que pode e deve constituir parâmetro para o trabalho cotidiano do Judiciário. Nas últimas cinco décadas, assistimos a um amplo e profundo processo de generalização dos mecanismos de defesa e proteção do indivíduo. Foi possível pouco a pouco construir um sólido códi~o internacional sobre a matéria, composto de numerosos instrumentos de proteção dos direitos humanos, adotados no âmbito das Nações Unidas e de organizações regionais congêneres. Por força desses instrumentos, os Estados foram levados a reconhecer que os seres humanos- gozam de direitos essenciais, cuja titularidade é irrenunciável, e que sua denegação ou violação resulta na responsabilização internacional deles próprios, os Estados. 17 A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil Um novo Direito Internacional, centrado nos Direitos Humanos, distinguiu-se progressivamente do Direito Internacional Clássico ao atingir os Estados no sensível aspecto do tratamento por eles dado a seus cidadãos e a todos os seres humanos sob a sua jurisdição. Jamais anteriormente haviam os Estados aceitado o estabelecimento de tantas restrições a sua soberania e a submissão ao escrutínio internacional em matéria de tamanha sensibilidade. O indivíduo, cada vez mais, torna-se sujeito do Direito Internacional. O marco contemporâneo da evolução no tratamento da questão dos direitos humanos foi a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, precedida em alguns meses pela Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Este instrumento deve ser considerado como a Constituição Universaldos Estados e da comunidade internacional em matéria de direitos humanos. A autoridade moral da Declaração surge da caracterização da dignidade e da igualdade de direitos como atributos inalienáveis da humanidade e vai além dos regimes políticos e dos sistemas jurídicos. Ela não apenas possui uma autoridade reconhecida e efetiva, mas é também fonte de legitimidade para toda ação legisladora e inquisitiva que efetue a comunidade internacional em matéria de direitos humanos. Os dois instrumentos que complementam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assegurando aos direitos nela consagrados a força de obrigação jurídica que os Estados se comprometem a respeitar, são o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polfticos, em vigor desde janeiro de 1976, e o Pacto Internacional sobre Direitos Econ6micos, Sociais e Culturais, em vigor desde mafÇo de 1976. O primeiro descreve e aprofunda o corpo de direitos individuais sacramentados pela Declaração. Os Estados partes comprometem-se a respeitar uma ampla gama de direitos garantidos "a todos os indivíduos que se acham em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição". Ao mesmo tempo, aos Estados cabe assegurar às pessoas que tenham seus direitos violados o acesso desimpedido à justiça e medidas compensatórias adequadas. O segundo, por sua vez, criou um mecanismo para o monitoramento de sua implementação e instituiu o Comitê dos Direitos Humanos, composto por 18 peritos, de nacionalidades distintas, que exercem seu mandato a título pessoal. É o único instrumento jurídico internacional e de abrangência genérica a conferir obrigatoriedade à promoção e proteção dos direitos humanos ditos de "segunda geração" ( direito ao trabalho livre; a 1.8 APi condições justas, rei capazes de assegura educação, entre outn Os dois chamada "Carta Inte vertebral do conjun humanos. Somam-sE: e declarações adotac importantes dizem fi tortura e às crianç significativas. Em 199 Humanos, que congn e entidades da socied da universalidade de internacional com o ti internacionais é acei1 como resultado das! invocam a soberania I A complE: os direitos humanos características econé Programa de Ação di internacional reconhe< parte integrante dos 1 implementação. Subll governo mais favorávE O órgão Nações Unidas é a Co consistiu em apresenli planificador e executo social, cultural e em rr ou informes destinaI humanos. À medida CDH ampliou-se signi pOderosa caixa de re! também importante pé ocorram violações gra' confidencial, que perm delicadas, e outro pú eoBrasil nos Direitos Humanos, ai Clássico ao atingir os ado a seus cidadãos e a Estados aceitado o ania e a submissão ao filidade. -se sujeito do Direito ) tratamento da questão Universal dos Direitos em alguns meses pela mem. Este instrumento lrsal dos Estados e da mos. le da caracterização da ibutos inalienáveis da stemas jurídicos. Ela não mas é também fonte de lue efetue a comunidade 1 a Declaração Universal consagrados a força de a respeitar, são o Pacto desde janeiro de 1976, e iais e Culturais, em vigor )0 de direitos individuais tes comprometem-se a Idos os indivíduos que se a jurisdição". Ao mesmo Je tenham seus direitos ledidas compensatórias n mecanismo para o o Comitê dos Direitos s distintas, que exercem urídico internacional e de romoção e proteção dos eito ao trabalho livre; a A Proteção lntemadonal dos Direitos Humanos e o Brasil condições justas, remuneradas, eqüitativas, seguras e higiênicas de trabalho, capazes de assegurar existência decente ao trabalhador e sua família; direito à educação, entre outros). Os dois Pactos em vigor e a Declaração Universal compõe a chamada "Carta Internacional dos Direitos Humanos", que constitui a coluna vertebral do conjunto de normas e mecanismos de proteção aos direitos humanos. Somam-se a esses três instrumentos mais de sessenta convenções e declarações adotadas pelas Nações Unidas sobre direitos humanos. As mais importantes dizem respeito ao racismo, à discriminação contra a mulher, à tortura e às crianças. O Brasil é parte de todas as convenções mais significativas. Em 1993, realizou-se a Conferência de Viena de Direitos Humanos, que congregou a maior concentração de representantes de Estados e entidades da sociedade civil em matéria de direitos humanos. A reafirmação da universalidade dos direitos humanos e da legitimidade da preocupação internacional com o tema foi seu principal mérito. Hoje, a atuação dos órgãos internacionais é aceita, em maior ou menor grau, pela maioria dos Estados como resultado das garantias consagradas em Viena, poucos sendo os que invocam a soberania para furtar-se à supervisão internacional. A complexa realidade contemporânea e a difícil tarefa de realizar os direitos humanos em sociedades distintas em suas tradições culturais e características econômicas e sociais estão refletidos na Declaração e no Programa de Ação de Viena. Além disso, pela primeira vez, a comunidade internacional reconheceu consensualmente o direito ao desenvolvimento como parte integrante dos direitos humanos, recomendando cooperação para sua implementação. Sublinhou ainda que a democracia representa a forma de governo mais favorável para o respeito aos direitos humanos. O órgão por excelência dos direitos humanos no âmbito das Nações Unidas é a Comissão de Direitos Humanos (CDH). Seu mandato inicial consistiu em apresentar ao Conselho Econômico e Social (ECOSOC) - órgão planificador e executor de políticas das Nações Unidas na ordem econômica, social, cultural e em matéria de direitos humanos - propostas, recomendações ou informes destinados à futura normativa internacional sobre direitos humanos. À medida em que seu mandato inicial se cumpria, a atuação da CDH ampliou-se significativamente. Constitui hoje um foro de debates e uma poderosa caixa de ressonância de idéias, de queixas e de denúncias. Tem também importante papel no exame de situações individuais de países onde ocorram violações graves aos direitos humanos, através de um procedimento confidencial, que permite por vezes encaminhamentos favoráveis a situações delicadas, e outro público, que dá margem a discussões proveitosas e a 19 A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil pronunciamentos importantes da comunidade internacional sobre fatos que lhe são apresentados. Em situações emergenciais, a CDH reúne-se extraordinariamente, podendo apresentar recomendações diretamente inclusive à Assembléia-Geral das Nações Unidas. Recentemente, foi convocada reunião extraordinária para examinar o caso das violações de direitos humanos ocorridas no Timor Leste, e dela resultou uma solicitação ao Secretário-Geral das Nações Unidas para que estabeleça uma Comissão Internacional de Investigação com vistas a coletar sistematicamente informações sobre a violação de direitos humanos naquele território. No que diz respeito ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos cabe salientar que o continente americano é precursor na adoção de instrumentos internacionais destinados à proteção dos direitos e das liberdades fundamentais. Fomos a primeira região do mundo a adotar uma declaração sobre a matéria, proclamada durante a IX Conferência Interamericana, em 2 de maio de 1948. Na mesma data, a Carta da OEA determinava a elaboração de instrumento convencional e a criação de uma Comissão de Direitos Humanos com a missão de promover a observância e a defesa desses direitos. Este sistema adquiriu maior solidez jurídica com a entrada em vigor da Convençflo Americana sobre Direitos Humanos, em 1978, e com a aprovação dos Estatutos da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1979. Passaram-se três décadas, portanto, ante::. que as disposições da Declaraçflo Americana dos Dire;tos e Deveres do Homem deixassem de ser um simples instrumento de intenções para converter-se em um mecanismo operativocom autoridade para cumprir a missão que lhe outorga a Carta da OEA. Ésse atraso, justificável unicamente pelas circunstâncias políticas tormentosas que viveu a região naquela época, representou um vazio de proteção regional em matéria de direitos humanos que, na visão de muitos analistas, afetou cidadãos da maioria dos países, especialmente os latino americanos. A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, que conta entre seus atuais integrantes com o Doutor Hélio Bicudo, monitora a implementação da Declaração Americana, da Convenção Americana, bem como dos demais instrumentos do Sistema Interamericano. Reúne-se duas vezes ao ano e possui funções extremamente abrangentes, definidas em seu Estatuto. Ressaltaria, entre elas, as funções de realização de estudos e relatórios, de avaliação das legislações nacionais, de recebimento e exame de petições, de comunicação com qualquer dos Estados americanos a fim de obter informações e formular recomendações, além da possibilidade de 20 A Pr realização de missé respectivo. A institt regional de proteção Humanos, presidida Trindade, que exel Itamaraty. Trata-se d definição das contro\ matéria de direitos hl O exer< consolidação de apl corpo normativo do para o julgamento d partes da Convençãc A Corte Interamericana ou p determina se o Esta além de estipular a vítimas ou seus hel1 primeira sentença CI ação judicial increme Este é I nos âmbitos multi/ate Seria in: ativa participação ( instrumentos interna( efetiva implementaç~ No deco o representante bra! g~rantias, de mode singularizou a impoli insistência do Brasil. facultativos) das Naç demandar a consider Em seu Internacional Públic primórdios da fase humanos, formara-sE internacionalistas (Hi Beviláqua - curiosar i !ie o 8f7Jsil :ional sobre fatos que lhe e-se extraordinariamente, usive à Assembléia-Geral !União extraordinária para Dcorridas no Timor Leste, das Nações Unidas para vestigação com vistas a ção de direitos humanos ramericano de Direitos o é precursor na adoção eção dos direitos e das do mundo a adotar uma nte a IX Conferência rminava a elaboração de são de Direitos Humanos ~sa desses direitos. Este I em vigor da Convenção com a aprovação dos de Direitos Humanos em e:;, que as disposições da lomem deixassem de ser ~r-se em um mecanismo e lhe outorga a Carta da circunstâncias políticas epresentou um vazio de que, na visão de muitos especialmente os latino- os Humanos, que conta dio Bicudo, monitora a venção Americana, bem ericano. Reúne-se duas gentes, definidas em seu 'ealização de estudos e recebimento e exame de ios americanos a fim de ém da possibilidade de A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil realização de missões in loco, desde que com a anuência do governo respectivo. A instituição fundamental no aumento do prestígio do sistema regional de proteção aos direitos humanos é a Corte Interamericana de Direitos Humanos, presidida atualmente pelo Professor Antônio Augusto Cançado Trindade, que exerceu no passado a função de Consultor-Jurídico do Itamaraty. Trata-se da instância jurisdicional última, no plano regional, para a definição das controvérsias entre os Estados e entre estes e os particulares em matéria de direitos humanos. O exercício da competência consultiva da Corte permitiu a consolidação de apreciável jurisprudência em matéria de interpretação do corpo normativo do sistema. Com respeito a sua competência contenciosa, para o julgamento de casos a ela submetidos, esta é limitada aos Estados partes da Convenção Americana que a reconheçam expressamente. A Corte julga os casos que lhe são submetidos pela Comissão Interamericana ou pelo Estado interessado e pode emitir sentença em que determina se o Estado é ou não responsável por violações da Convenção, além de estipular a obrigação de fazer cessar as violações e indenizar as vítimas ou seus herdeiros legais, Na prática, desde que a Corte emitiu sua primeira sentença condenatória, em caso de desaparecimento forçado, sua ação judicial incrementou-se significativamente. Este é essencialmente o Sistema de Direitos Humanos vigente nos âmbitos multilateral e regional. Como se inscreve o Brasil nesse sistema? Seria interessante resgatar inicialmente a memória histórica da ativa participação do Brasil nos debates e no processo de redação dos instrumentos internacionais de proteção, além do papel brasileiro na busca da efetiva implementação desses instrumentos. No decorrer dos trabalhos preparatórios da Declaração Universal, o representante brasileiro, Austragésilo de Athaíde, defendeu a adoção de garantias, de modo a assegurar a eficácia dos direitos consagrados, e singularizou a importância do direito à educação, incluído no documento por insistência do Brasil. Já nos dois Pactos de Direitos Humanos (e protocolos facultativos) das Nações Unidas preocuparam-se as delegações brasileiras em demandar a consideração cuidadosa das medidas de implementação. Em seu monumental Repertório da Prátíca Brasileira do Direito Internacional Público, o Professor Cançado Trindade lembra que, já nos primórdios da fase legislativa dos instrumentos internacionais dos direitos humanos, formara-se no Brasil uma corrente de pensamento entre importantes internacionalistas (Hildebrando Accioly, Haroldo Valladão, Levi Carneiro, Clóvis Beviláqua - curiosamente quatro ex-consultores jurídicos do Itamaraty), que 21 A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Bf7Jsil defendiam a tese de que a noção de soberania, em sua acepção absoluta, mostrava-se inadequada no plano das relações internacionais, devendo ceder terreno à noçi!ío de solidariedade. Posteriormente, as vicissitudes do regime autoritário vigente no Brasil a partir de 1964 viriam a refletir-se negativamente em algumas posições brasileiras em foros internacionais em matéria de direitos humanos. Em certas ocasiões, insistimos na posição de que a observância dos direitos humanos constituía responsabilidade principal ou exclusiva do governo de cada país. A partir da redemocratizaçi!ío do país, em 1985, não há como negar a notável evolução no tratamento do tema em seus aspectos institucional, jurídico e político. No campo diplomático, consolidamos a posição, das mais avançadas, de que a proteção dos direitos básicos do ser humano não se esgota na atuação do Estado, e de que os instrumentos internacionais de proteção representam uma garantia adicional desses direitos e fortalecem a capacidade processual das vítimas de violação de direitos fundamentais. Ao longo da década de oitenta, o Brasil participou ativamente dos debates que levaram à consolidação e à ampliação da temática dos direitos humanos no âmbito das Nações Unidas. Aderimos aos principais tratados internacionais de proteção aos direitos humanos (os dois pactos internacionais sobre direitos humanos, a Convenção contra a Tortura, a Convenção s'obre os Direitos da Criança), à Convenção Americana de Direitos Humanos e à Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. Esses instrumentos somaram-se aos demais de que o Brasil já tomara parte anteriormente (caso da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e da Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher). Marco fundamental na visão brasileira da proteção internacional dos Direitos Humanos é a Constituição de 1988. Uma rápida análise de seus termos corrobora a visão segundo a qual os Direitos Humanos constituem a pedra-de-toque de todo o arcabouço jurídico criado pelo legislador constituinte em resposta aos anseios da sociedade brasileira. As normas constitucionais e as obrigações resultantes do' conjunto de instrumentos internacionais assinados pelo Brasil no campo dos Direitos Humanos representaram incentivo à vontade da sociedade brasileira e ao empenho do Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso para a adoçãode importantes inovações na área política, legislativa e administrativa. Para orientar essa ação inovadora, o Governo mobilizou amplamente a sociedade, por meio de consultas, seminários e debates, no sentido de dar cumprimento a uma recomendação da Conferência de Viena e elaborar um plano programático de direitos humanos. A conclusão dessa 22 AA ampla consulta foi o no dia 13 de maio d estabeleceu objetiv esferas. No can Programa era o re Interamerícana de O vários níveis da soe esse reconhecime comemorações - qUI da Declaração Univl dos Direitos e Deven A partic regional sobre direit( substantivas e pr imparcialidade. Nossa a ser agrupados do se~ a) Reco. com a situação dos tem a firme convicç~ têm a obrigação di enunciados na Del compromisso de co promoção desses din b) Unive direitos e liberdade universal e não aceit culturais limitariam OI c) Indivh possível dissociar a direitos econômico~ estabelecer uma h detrimento de outro. Com ba: de nosso país para desenvolvimento qw: na busca de soluçõe: confrontações desnec · e o Brasil 1 sua acepção absoluta, lacionais, devendo ceder 1e autoritário vigente no 11e em algumas posições itos humanos. Em certas :ia dos direitos humanos overno de cada país. em 1985, não há como ma em seus aspectos nático, consolidamos a s direitos básicos do ser je que os instrumentos Idicional desses direitos e de violação de direitos larticipou ativamente dos da temática dos direitos aos principais tratados lois pactos internacionais ~, a Convenção dobre os Direitos Humanos e à mir a Tortura. Esses Brasil já tomara parte ) de Todas as Formas de nação da Discriminação la proteção internacional a rápida análise de seus ; Humanos constituem a ~Io legislador constituinte s resultantes do· conjunto no campo dos Direitos ,ciedade brasileira e ao mique Cardoso para a siativa e administrativa. o Governo mobilizou lminários e debates, no Conferência de Viena e lOS. A conclusão dessa A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil ampla consulta foi o lançamento pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, no dia 13 de maio de 1996, do Programa Nacional de Direitos Humanos, que estabeleceu objetivos precisos para a ação governamental em todas as esferas. No campo internacional, uma das metas anunciadas pelo Programa era o reconhecimento, pelo Brasil, da competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Após cuidadoso processo de exame em vários níveis da sociedade, e após consulta formal ao Congresso Nacional, esse reconhecimento foi feito em dezembro de 1998, no âmbito da comemorações - que quisemos ressaltar com muito brilho - do cinqüentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. A participação do Governo brasileiro nos foros internacional e regional sobre direitos humanos é marcada pela defesa do respeito a normas substantivas e processuais que garantam eficácia, objetividade e imparcialidade. Nossa atuação rege-se por um conjunto de princípios que podem ser agrupados do seguinte modo: a) Reconhecimento da legitimidade da preocupação internacional com a situação dos Direitos Humanos em qualquer parte do mundo: o Brasil tem a firme convicção de que todos os Estados-membros das Nações Unidas têm a obrigação do respeito e da promoção dos direitos e liberdades enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e têm o compromisso de cooperarem entre si e com a ONU para a proteção e promoção desses direitos; b) Universalidade dos Direitos Humanos: o Brasil acredita que os direitos e liberdades consagrados na Declaração de 1948 têm validade universal e não aceita a tese de que os particularismos históricos, religiosos e culturais limitariam ou relativizariam esses Direitos; c) Indivisibílídade e interdependência de todos os direitos: não é possível dissociar a realização dos direitos civis e políticos, de um lado, dos direitos econômicos, sociais e culturais, de outro; tampouco é possível estabelecer uma hierarquia ou privilegiar um conjunto de direitos em detrimento de outro. Com base nesses princípios, deve-se notar que a sensibilidade de nosso país para problemas e dificuldades específicos dos países em desenvolvimento qualificam-no para operar freqüentemente como moderador, na busca de soluções que conduzam ao progresso dos direitos humanos, sem confrontações desnecessárias. 23 A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil Não se pode perder de vista que os organismos constituídos por governos são foros de debate político e de decisões de caráter político administrativo. Estas são basicamente produto direto de negociações mediadas pelos interesses dos Estados. Essa contingência reflete-se sobretudo no exame das situações de países, onde se tem registrado excessiva pofitização. Entendemos que as situações de direitos humanos devem continuar a ser discutidas e analisadas pelos órgãos multilaterais, porém com imparcialidade, independência e não - seletividade. Pelas mesmas razões que nos levam a aceitar sem ambigüidade a legitimidade da preocupação internacional com os direitos humanos, o Governo brasileiro defende que nenhum país deve considerar-se imune ao exame dos órgãos do sistema. Por este motivo, temos proposto na Comissão de Direitos Humanos, a partir de proposta inicial ali apresentada pelo Doutor José Gregori, Secretário de Estado dos Direitos Humanos, a elaboração bienal de relatório, cuja legitimidade estaria vinculada a seu caráter multilateral, sobre a situação dos direitos humanos em todos os países do mundo. No âmbito regional, o Brasil reconhece a relevância do papel desempenhado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e tem defendido o estabelecimento de critérios precisos para a abertura de novos casos, a fim de evitar a sobrecarga e a banalização do mecanismo da CIDH. A tramitação de petições manifestamente infundadas pode gerar atritos desnecessários entre a Comissão e os Estados, além de desviar os escassos recursos materiais e humanos da CIDH e dos Estados para queixas que deveriam ser declaradas inadmissíveis ab initio. Cremos também fortemente que o Sistema Interamericano de Proteção de Direitos Humanos, hoje limitado aos países latino-americanos e caribenhos, em muito ganharia em eficácia e autoridade se se tornasse verdadeiramente hemisférico. A participação plena dos Estados Unidos e do Canadá nos instrumentos que o compõem se afigura como objetivo essencial para que ele de fato possa evoluir de forma segura e harmônica. No contexto do aperfeiçoamento de suas relações com o Sistema Interamericano, o Brasil ao reconhecer a competência contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos deu, no final de 1998, importante passo. Com essa decisão, pretendeu-se colocar à disposição de todas as pessoas sob nossa jurisdição a forma mais evoluída de proteção internacional dos direitos humanos, a que é proporcionada judicialmente por meio de decisões da Corte. É possível afirmar, portanto, que o Brasil chega ao limiar do século XXI dotado de substantiva estrutura jurídica para executar a tarefa de construção de uma sociedade mais justa e respeitosa dos direitos humanos. Em nenhum outro momento de sua história, o discurso externo do Brasil foi tão 24 AA transparente e explí( existentes no país. C e denúncias intemac interno com amplo~ padrões de observân Atos de efeitos jurídicos para decorrência de comi direitos humanos. GE ultrapassaram as fro que todos os homE obrigações. Os difi comunidade intemac integridade da pessoi É preci: humanos não depen em grande medida ( políticas para a vigé brasileiro está plenar por meio de sua polít uma ação vigorosa, e O direito todos os direitos hun cultura dos direitos h políticas dos Estado: integrar-se a tal proje até agora não se SI matéria de direitos organizações financejUm dos próximo século ser~ organizações regiona esforços para const governantes cabe consagrando a tese I reserva individual. C garantia dos direitos governar e qualificarr assim procuramos agi 'eoBrasil anismos constituídos por 5es de caráter político direto de negociações ~ontingência reflete-se nde se tem registrado es de direitos humanos os órgãos multilaterais, itividade. lceitar sem ambigüidade os direitos humanos, o considerar-se imune ao 's proposto na Comissão 'presentada pelo Doutor fumanos, a elaboração ~ seu caráter multilateral, íses do mundo. i a relevância do papel )ireitos Humanos e tem Ira a abertura de novos ) mecanismo da CIDH. A :Ias pode gerar atritos I de desviar os escassos ados para queixas que ema Interamericano de íses latino-americanos e oridade se se tornasse los Estados Unidos e do como objetivo essencial armônica. relações com o Sistema 'ia contenciosa da Corte 1998, importante passo. 210 de todas as pessoas teção internacional dos te por meio de decisões asil chega ao limiar do ara executar a tarefa de a dos direitos humanos. , externo do Brasil foi tão A Proteção Intemadonal dos Direitos Humanos e o Brasil transparente e explícito no reconhecimento das violações aos direitos humanos existentes no país. O Governo brasileiro busca sempre antecipar-se às críticas e denúncias internacionais ao dar visibilidade ao assunto e estimular o debate interno com amplos setores da sociedade civil em favor da melhoria dos padrões de observância dos direitos humanos. Atos de violação dos direitos humanos em nosso país geram efeitos jurídicos para o Estado brasileiro no plano internacional e regional, em decorrência de compromissos que assumimos ao aderirmos aos tratados de direitos humanos. Geram também efeitos políticos. Afinal, os direitos humanos ultrapassaram as fronteiras do interesse nacional. Resultam da convicção de que todos os homens e mulheres do planeta são sujeitos de direitos e obrigações. Os direitos humanos são na atualidade uma prioridade da comunidade internacional, uma vez que é universal o postulado de respeito à integridade da pessoa. É preciso porém que fique claro que o respeito aos direitos humanos não dependa apenas da existência de leis e instituições. Depende, em grande medida da criação de condições econômicas, sociais, culturais e políticas para a vigência das garantias básicas do ser humano. O Governo brasileiro está plenamente consciente dessa necessidade e tem-se esforçado, por meio de sua política econômica para que se criem condições que permitam uma ação vigorosa. eficaz e sustentável do Estado no campo socia1. O direito ao desenvolvimento, como direito síntese e integrador de todos os direitos humanos, é um conceito apto a estimular a incorporação da cultura dos direitos humanos em projetos macroeconômicos e nas estratégias políticas dos Estados e da comunidade internacional. Desta forma, poderão integrar-se a tal projeto as instituições internacionais intergovernamentais que até agora não se sentem vinculadas diretamente à responsabilidade em matéria de direitos humanos, como as de Bretton Woods e as demais organizações financeiras internacionais. Um dos desafios maiores da comunidade internacional para o próximo século será fazer com que o sistema das Nações Unidas e das organizações regionais melhore seus índices de eficiência e a coordenação de esforços para construir a cultura dos direitos humanos. E aos Estados e governantes cabe compreender que o mundo contemporâneo vem consagrando a tese de que os direitos humanos são bem mais do que uma reserva individual. Cada vez mais evidencia-se o fato de que a proteção e a garantia dos direitos humanos representam o fim último do próprio ato de governar e qualificam o tipo de sociedade em que se vive. Assim pensamos e assim procuramos agir. 25 .JIIIo... A POLITICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS E O SISTEMA INTERAMERICANO JOSÉ GREGORI Secretário de Estado dos Direitos Humanos do i'vfinistério da Justiça A adesão voluntária do Brasil aos principais Tratados de direitos humanos e o respeito às obrigações então contraídas - não nos iludamos - é uma tarefa complexa, em razão de sua estrutura federal descentralizada, o tamanho da população, a dimensão continental do país e a multiplicidade de instituições envolvidas. Este Workshop tem assim extraordinária importância: permitirá somar aos esforços da atual política de direitos humanos a decidida cooperação dos Governos dos Estados da Federação, dos órgãos do Executivo, as Polícias, o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo. Trata se, no entanto, de longa caminhada, plena de dificuldades e obstáculos, como costuma ser a jornada pela realização dos direitos humanos. Como se sabe, o direito internacional dos direitos humanos teve um considerável desenvolvimento após a II Guerra Mundial e a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nesse período, a Convenção Americana de Direitos Humanos - o Pacto de San José da Costa Rica - com entrada em vigor em 1978, foi o instrumento que lançou as bases do Sistema de Proteção de Direitos Humanos na região, protegendo um leque amplo de direitos, mais extenso do que em relação à maioria dos outros instrumentos. As cláusulas do Pacto de San José são extremamente avançadas, fornecendo para qualquer país democrático balizas que, somente a vontade política dos Estados e a participação decidida da sociedade civil, poderão torná-Ias realidade. Recorde-se que a Convenção Americana foi o primeiro instrumento internacional de direitos humanos que proíbe a suspensão das 27 I A Proteção Intemacíonal dos Díreítos Humanos e o Brasíl garantias indispensáveis para a proteção dos direitos a despeito do regime político. Observa-se, com satisfação, que o Brasil é atualmente um protagonista ativo nos Sistemas Internacional e Regional de Proteção dos Direitos Humanos. Além da adesão aos Tratados, o Brasil colabora estreitamente com seus órgãos de supervisão, bem como com a proteção e promoção dos direitos humanos na comunidade internacional. No âmbito do continente, sob a perspectiva da evolução da proteção dos direitos humanos, foi relevante a criação de mecanismos, de caráter supranacional, para a proteção subsidiária ou complementar dos dirêitos humanos, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, criada em 1959 - onde hoje tem assento uma importante liderança dos direitos humanos, o ex - Deputado Hélio Bicudo - e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, oficialmente instalada em 1979. Face a essas duas instituições, o Brasil - graças ao processo de consolidação da democracia - pode chegar ao limiar do século XXI integrado à plena legalidade do sistema internacional de proteção de direitos humanos. Durante as comemorações do cinqüentenário da Declaração Universal de Direitos Humanos, no dia 9 de dezembro de 1998, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, em cerimônia no Itamaraty. no Rio de Janeiro, anunciou o reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Assim, concretizava-se plenamente um dos objetivos maiores do Programa Nacional de Direitos Humanos. que preconizava o estreitamento da cooperação com os órgãos maiores do sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, como via essencial para a realização dos direitos humanos em nosso país e no continente. Importa salientar a importância do aspecto de complementaridade que caracteriza a relação dos Estados com a Corte e com- a própria Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Para os governos democráticos, como o nosso, a cooperação com os dois órgãos é considerada uma forma de colaboração e estímulo para que o Estado possa melhor proteger e promover os direitos humanos. Não podemos, pois, encarar como antagônica, a integração nesses organismos. O Brasil aceita, apóia e estimula esses e outros mecanismos na ordem internacional,por considerá-los como mecanismos eficientes para promover e fazer respeitar os direitos humanos em todo o continente. Além da sua capacidade de reagir face a situações de violação sistemática de direitos humanos, a Comissão Interamericana tem exercido também um papel de mediador ativo entre as vítimas dessas violações e os 28 A Estados, paralelarr dos direitos human A políl estreita com a COI brasileiro das fun humanos por orga 1995. Isso resultou Humanos no Bras;' em favor da proteç situações bem com Outro Comissão é o pro brasileiro, mediantE pOde chegar a um propostas para repa Consid queixas pendentes louvar a precurso secretariado em ac no 42E Distrito Polie famílias fossem res: Governo estadual. considerada como Programa Nacional Outra n no sistema interam Convenção Ameri mencionado reconhE Humanos. A Corte jurista brasileiro Ar natu reza contencio considerada hoje vál Vale re~ cautelares em situal pessoas, bem como grande importância ~ humanos no contine forneceu quatorze ( referência para a im~ 'eoBrasíl )s a despeito do regime Irasil é atualmente um ~gional de Proteção dos los, o Brasil colabora como com a proteção e acionaI. )ectiva da evolução da ção de mecanismos, de I ou complementar dos Direitos Humanos, criada e liderança dos direitos Iteramericana de Direitos • graças ao processo de lo século XXI integrado à ~o de direitos humanos. leclaração Universal de o Presidente Fernando ) de Janeiro, anunciou o de Direitos Humanos. los objetivos maiores do izava o estreitamento da ramericano de proteção realização dos direitos o de complementaridade com-a própria Comissão )S democráticos, como o iderada uma forma de hor proteger e promover Ir como antagônica, a ~ outros mecanismos na Inismos eficientes para o o continente. a situações de violação lmericana tem exercido s dessas violações e os A Proteção Intemacíonal dos Direítos Humanos e o Brasil Estados, paralelamente às funções de assessoramento, promoção e proteção dos direitos humanos. A política de direitos humanos do Brasil tem colaborado de forma estreita com a Comissão. Como exemplo, registre-se a aceitação do Estado brasileiro das funções legítimas de monitoramento externo dos direitos humanos por organismos multilaterais, como a visita realizada ao País, em 1995. Isso resultou na elaboração do Relat6rio sobre a Situaçáo dos Direitos Humanos no Brasil, publicado em 1997, considerado importante contribuição em favor da proteção dos direitos humanos, por permitir observação in loco de situações bem como formular recomendações. Outro exemplo recente do diálogo entre o Estado brasileiro e a Comissão é o procedimento de "solução amistosa", pelo qual o Governo brasileiro, mediante entendimentos tripartites com a Comissão e as vítimas, pode chegar a um acordo, que implica um compromisso de cumprir medidas propostas para reparar os danos . Considerando que, no caso brasileiro, a quase totalidade das queixas pendentes na Comissão refere-se aos Estados da Federação, deve-se louvar a precursora disposição do Governador Mário Covas e de seu secretariado em acederem à solução amistosa, no caso da asfixia de presos no 422 Distrito Policial, em São Paulo. Tal acordo permitiu que os direitos das famílias fossem ressarcidos por indenizações assumidas voluntariamente pelo Governo estadual. Essa cooperação estreita com a Comissão pode ser considerada como mais uma realização de um dos objetivos maiores do Programa Nacional de Direitos Humanos, na área das ações internacionais. Outra meta atingida - ápice do processo de integração do Brasil no sistema interamericano de Direitos Humanos - desde a ratificação da Convenção Americana de Direitos Humanos, em 1992, foi o acima mencionado reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. A Corte - integrado por sete juízes, entre os quais o eminente jurista brasileiro Antonio Augusto Cançado Trindade - tem, obviamente, natureza contenciosa, como qualquer instituição jurisdicional autônoma, considerada hoje válida para a proteção dos direitos humanos. Vale ressaltar que a Corte tem sido ativa em decidir providências cautelares em situações de urgência, para evitar prejuízos irreparáveis para pessoas, bem como tem desempenhado papel eminentemente consultivo, de grande importância para o desenvolvimento do direito internacional dos direitos humanos no continente americano. Com efeito, desde sua criação, a Corte forneceu quatorze opiniões consultivas que constituem hoje um marco de referência para a implementação dos direitos humanos na região. 29 A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil Não há dúvida de que, no próximo século, com o alargamento das ratificações da Convenção Americana e a submissão de mais Estados do continente à jurisdição contenciosa da Corte, assistiremos ao fortalecimento da Comissão e da Corte. No caso brasileiro, é necessário que todas as Unidades da Federação e suas instituições se convençam da necessidade e do valor da instância internacional para o aperfeiçoamento do regime interno de tutela dos direitos humanos. A globalização dos direitos humanos tornou-se realidade, especialmente depois da Declaração e do Programa da Conferência Mundial de Viena (1993): as autoridades aqui presentes não podem mais tolerar que, se responsáveis por violações de direitos humanos, os agentes do Estado fiquem impunes. Não podem igualmente tolerar que os direitos das vítimas não sejam atendidos. Será necessário que os Governos dos Estados da Federação e as instituições, aqui representados, assumam como luta de cada um e de todos, o objetivo de realizar os direitos humanos, segundo os padrões definidos pelo sistema internacional e interamericano de proteção. Eis o grande desafio! 30 o SISTEMA IN; LIMIAR DO NOVi FORTALECIMEN I. Considerações PI o estud, requer algumas pre internacionais no pre determinante de proj: regionais sobre direi Declaração Universa esforços em prol da r Com efeito, referên significativamente, n< das Nações Unidas, ( Convenções Européi Carta Africana sobre " Texto da conferência proferi, Brasil", realizado no Auditóri( conferência baseia-se no estud, Hwnan Righls (ed" DJ, Harr em versão atualizada em lingu' no prelo. no volume III do Tra Trindade (Porto Alegre, S.A F " Ph,D. (Cambridge); Juiz F Universidade de Brasília e do Direitos Humanos (Estra,burg Institut de Droit Intemation o Brasil com o alargamento das D de mais Estados do os ao fortalecimento da que todas as Unidades :essidade e do valor da ne interno de tutela dos tornou·se realidade, la Conferência Mundial Ddem mais tolerar que, os agentes do Estado os direitos das vítimas idos da Federação e as je cada um e de todos, , padrões definidos pelo o grande desafio! oSISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO LIMIAR DO NOVO SÉCULO: RECOMENDAÇIJES PARA O FORTALECIMENTO DE SEU MECANISMO DE PROTEÇA01 ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE 2 Juiz Presidente da Corte Interamericalla de Direitos Humanos I. Considerações Preliminares. O estudo dos sistemas regionais de proteção dos direitos humanos requer algumas precisões preliminares. A multiplicidade de instrumentos internacionais no presente domínio faz·se acompanhar de sua unidade básica e determinante de propósito: a proteção do ser humano. Os instrumentos globais e regionais sobre direitos humanos têm se inspirado em uma fonte comum, a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, ponto de irradiação dos esforços em prol da realização do ideal de universalidade dos direitos humanos. Com efeito, referências expressas à Declaração Universal encontram·se, significativamente, nos preâmbulos não só das Convenções de direitos humanos das Nações Unidas, como também nos das Convenções regionais vigentes, - as Convenções Européia (1950) e Americana (1969) sobre Direitos Humanos e a Carta Africanasobre Direitos Humanos e dos Povos (1981). I. Tex10 da conferência proferida pelo Autor no Seminário" A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil". realizado no Auditório do Superior Tribunal de JUb1iça (STJ), em Brasília., no dia 07 de outubro de 1999. A conferência baseia-se no estudo preparado pelo Autor originalmente para o livro The Inter-American System of Human Rights (eds. D.J. Harris e S. Livingstone, Oxford, Clarendon Press, 1998, pp. 395-420), e aqui reproduzido, em versão atualizada em língua portuguesa, mediante autorização do Autor. O estudo completo do tema encontra-se no prelo. no volume III do Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos do Professor A. A. Cançado Trindade (Porto Alegre, S.A. Fabris Ed" 2000, capítulo XV). '. Ph.D. (Cambridge); Juiz Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Professor Titular da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco; Membro dos Conselhos Diretores do Instituto Internacional de I Direitos Humanos (Estrasburgo) e do Instituto Interamericano de Direitos Humanos (Costa Rica); Associado do Institut de Droit lnternational. 31 A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil No processo de generalização da proteção dos direitos humanos, a unidade conceitual dos direitos humanos - todos inerentes à pessoa humana - veio a transcender as distintas formulações de direitos reconhecidos em diferentes instrumentos. Em nada surpreende que ao indivíduo seja concedida a liberdade de escolha do procediment~ internacional a ser acionado (em nível global ou regional), - o que pode reduzir ou minimizar a possibilidade de conflito no plano normativo. Tampouco em nada surpreende que se aplique o critério da primazia da norma mais favorável à suposta vítima de violação de direitos humanos (seja tal norma de direito internacional - consagrada em um tratado universal ou regional ou de direito interno). Tal complementaridade de instrumentos de direitos humanos em níveis global e regional reflete a especificidade e autonomia do Direito Internacional dos Direitos Humanos, caracterizado essencialmente como um direito de proteçã03 . Ao se complementarem, os instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos que operam nos planos global e regional desviam assim o foco de atenção ou ênfase da questão clássica da estrita delimitação de competências para a da garantia de uma proteção cada mais eficaz dos direitos humanos4 • E não poderia ser de outra forma, em um domínio do direito em que predominam interesses comuns superiores, considerações de ordre public e a noção de garantia coletiva dos direitos protegidos. Sob esta ótica, ficam descartadas quaisquer pretensões ou insinuações de supostos antagonismos entre soluções globais ou regionais, porquanto a multiplicação de instrumentos globais e regionais, gerais ou especializados - sobre direitos humanos teve o propósito e a conseqüência de ampliar o âmbito da proteção devida às supostas vítimasã , '. Cr. AA Cançado Trindade, Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos, volume L Porto Alegre, S.A Fabris Ed" 1997, pp. 1-486; AA Cançado Trindade, Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos, volume 11, Porto Alegre, S,A Fabris Ed" 1999, pp. 1-440, '. A.A. Cançado Trindade, "Co-exis!ence and Co-ordínation of Mechanísrns ofIntemational Protection of Human Rights (At Global and Regional Leveis)", 202 Recueü des Cours de I'Académie de DroU International de La Haye (1987) p. 408. - Para um dos primeiros esforços em proporcionar uma visão panorâmica das dimensões intemacionais dos direitos humanos nos planos global e regional, cf a coletânea de estudos editada por K. Vasak, l,es dimel1llions internationales des droits de I'honune. Paris, UNESCO, 1978, pp, Iss,; e para um visão panorâmica do universalismo e regionalismo no direito internacional em geral (em distintos capítulos ou àreas deste úhirno). cf, e,g., a coletânea de ensaios intitulada RégionaIisme et universalisme dans le droit intenlational contemporain (Colloque de Bordeaux. 1976, Société Française pour le Droi! lnternational), Paris, Pédone, 1977, pp. 3-358. '. A,A. Cançado Trindade, "Universalismo e Regionalismo nos Direitos Humanos: O Papel dos Organismos Internacionais na Consolidação e Aperfeiçoamento dos Mecanismos de Proteção Internacional", 13 Annario Hispano-Luso-Americano de Derecho Internacional - :Madrid (1997) pp, 99-155, - Para um recente estudo de caso, cf Analysis of the Legal Implications for States that Intend to Ratify both the European Convention on Human Rights and Its ProtocoIs and the Convention on Human Rights of the Conunonwealth of Independent States C!S (prepared for the Secretary General of the Council of Europe by Professor Ali.. Cançado Trindade). Strasbourg, Council of Europe document SG/INF(95)17, de 32 APt Tanto él de 1969, por exempl igualmente aos princi instrumentos "tanto d Declaração Americar tempo em que afirma ser "guia principalísin direitos humanos ess Americanos baseiam A univer contrário, é enriqueci vive seu próprio mor proteção, vem de ser junho de 1998) o por dos Povos, dispondo! Pov0 6 para complem dos Povos, No âmbitc possibilidades de log Corte Interamericanal proteção, por meio Humanos, adotado er de 1998, estabeleceu· órgão jurisdicional d( 20.12,1995, pp, 2-33 (publi, Como pudemos assinalar. enl 1995, para o Conselho da EUI Minsk de Direitos HUJJlJUIOl temas jurídicos que dizem resl da Europa, efetivado em fev exclusivismo. Ora, cabe aos r humanos que, desde a adoção eles próprios têm sabido tão be '. Cf. Ben Kioko, "The Process Annnal Conference of the , 05,0&.1998), pp, 1-12 (mimeo~ Faso, cf, e,g.. 8 Mrican Jourru cf, e.g" M, Mubiala, "La Cour judiciaire?", 102 Revue géné existentes têm sido seguidos pe quanto à possibilidade de que proteção dos direitos humanos, " Tivemos a ocasião de presenc instalação formal da nova Cor realizada às 15 :00 horas do dia I em Estrasburgo. França, ~ l e o Brasil ) dos direitos humanos, a ~s à pessoa humana - veio onhecidos em diferentes ja concedida a liberdade lado (em nível global ou dade de conflito no plano que o critério da primazia direitos humanos (seja tal Ido universal ou regional entos de direitos humanos e autonomia do Direito ssencialmente como um nternacionais de proteção regional desviam assim o a estrita delimitação de la mais eficaz dos direitos lomínio do direito em que ções de ordre public e a ,. Sob esta ótica, ficam ~ supostos antagonismos >Iicação de instrumentos direitos humanos teve o lteção devida às supostas lireitos Humanos, volume L Porto Ido de Direito Internacional dos O. ofIntemational Protection of Human lémie de Oroit Intern.ationaJ de La na visão panorâmica das dimensões de estudos editada por K. Vasak, Les p. Iss.; e para um visão panorâmica do ,ítulos ou âreas deste úhimo), cf. e.g., droit internationaJ contemporain Paris, Pédone, 1977, pp. 3-358. f1umanos: O Papel dos Organismos roteção Internacional", 13 Anuario p. 99-155. - Para um recente estudo nd to Ratify both the European ntion on Human Rights of the y General of the Council of Europe 'pe document SGIINF(95)17, de A Proteção Intemacional dos Direitos Humanos e o Brasil Tanto é assim que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, por exemplo, teve o cuidado de incluir, em seu preâmbulo, referência igualmente aos princípios pertinentes "reafirmados e desenvolvidos" em distintos instrumentos "tanto de âmbito universal como regional". E, duas décadas antes, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem de 1948, ao mesmo tempo em que afirmava que a proteção internacional dos direitos humanos deve ser "guia principalísima dei derecho americano en evolución", declarava que os direitos humanos essenciais reconhecidos em ocasiões reiteradas pelos Estados Americanos baseiam-se nos "atributos da pessoa humana".A universalidade, no entanto, não equivale à uniformidade total; ao contrário, é enriquecida pelas particularidades regionais. Cada sistema regional vive seu próprio momento histórico. Assim, no âmbito do sistema africano de proteção, vem de ser aprovado (em Ouagadougou, Burkina Faso, em 08-10 de junho de 1998) o primeiro Protocolo à Carta Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos, dispondo sobre a criação da Corte Africana de Direitos Humanos e dos Pov0 6 para complementar o labor da Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos. No âmbito do sistema interamericano de proteção, contemplam-se as possibilidades de lograr uma coordenação mais estreita entre a Comissão e a Corte Interamericanas de Direitos Humanos. E, no âmbito do sistema europeu de proteção, por meio do Protocolo n. 11 à Convenção Européia de Direitos Humanos, adotado em maio de 1994, e que entrou em vigor em 01 de novembro de 1998, estabeleceu-se a nova Corte Européia de Direitos Humanos como único órgão jurisdicional do sistema J (assumindo as funções das anteriores Corte e 20.12.1995, pp. 2-33 (publicado recentemente in: 17 HUJllan Rights Law JournaJ (1996) pp. 164-180). Como pudemos assinalar, entre outros e longos argumentos, neste Parecer que preparamos, em outubro de 1995, para o Conselho da Europa, a pedido de seu Secretário-Geral, no histórico Caso Russo (Convenção de Minsk de Direitos Humanos da ComUJÚdade de Estados Independentes - CEI), no tratamento dos atuais temas jurídicos que dizem respeito ao referido Conselho (no caso, o ingresso da Federação Russa no Conselho da Europa, efetivado em fevereiro de 1996), constata-se uma certa tendência na ex-Europa Ocidental ao exclusivismo. Ora, cabe aos próprios europeus combater esta tendênéia, inspirados na dimensão dos direitos humanos que, desde a adoção em 1950 da Convenção Européia de Direitos Humanos (em vigor desde 1953) eles próprios têm sabido tão bem sustentar e desenvolver. '. Cf Ben Kioko, "The Process Leading to the Establishment ofthe African Court on Human and Peoples' Rights", X AnnuaJ Conference of the African Society of International and Comparative Law (Addis Ababa, 03 05.08.1998), pp. 1-12 (mimeografado, circulação interna; sobre os travaux préparatoires do Protocolo de Burkina Faso, cf., e.g., 8 AfricanJournaJ oflnternationaJ and Comparative Law (1996) pp. 493-500; e, para comentârios, cf. e.g., M. Mubiala, "La Cour Africaine des Droits de I'Homme et des Peuples: mimetisme institutionnel ou avancée judiciaire?", 102 Revue généraJe de Oroit intentationaJ public (1998) pp. 765-780. - Os sistemas regionais existentes têm sido seguidos pela adoção da Carta Árabe de Direitos Humanos de 1994, e continua aberto o debate quanto à possibilidade de que o continente asiático possa também contar no futuro com um sistema regional de proteção dos direitos humanos. '. Tivemos a ocasião de presenciar, em representação da Corte Interamericana de Direitos Humanos, a cerimônia de instalação formal da nova Corte Européia de Direitos Humanos (sob o Protocolo n. II à Convenção Européia), realizada às 15:00 horas do dia 03 de novembro de 1998, no PaJais des Oroits de l'Homme do Conselho da Europa, em Estrasburgo, França. 33 A Proteção Intemadonal dos Direitos Humanos e o Brasil Comissão Européias de Direitos Humanos), e já operando atualmente como uma verdadeira Corte Constitucional Européia no domínio da proteção dos direitos humanos. Cada sistema regional funciona, pois, em seu próprio ritmo, e, atento à realidade de seu continente, segue sua própria trajetória histórica. Qualquer prognóstico sobre o futuro dos sistemas regionais de proteção dos direitos humanos deve partir da experiência acumulada nas últimas décadas nesta área. No tocante à evolução do sistema interamericano de proteção em particular, podem-se hoje identificar cinco etapas básicas. A primeira, a dos antecedentes do sistema, encontrou-se marcada pela mescla de instrumentos de conteúdo e efeitos jurídicos variáveis (convenções e resoluções orientadas a determinadas situações ou categorias de direitos). A segunda, de formação do sistema interamericano de proteção, caracterizou-se pelo papel solitariamente primordial da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e pela expansão gradual das faculdades da mesma. A terceira, de institucionalização convencional do sistema, evoluiu a partir da entrada em vigor (em meados de 1978) da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A quarta etapa, que se desenvolveu a partir do início da década de oitenta, corresponde à consolidação do sistema, mediante a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e a adoção dos dois Protocolos Adicionais à Convenção Americana, respectivamente sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1988) e sobre a Abolição da Pena de Morte (1990). A estes Protocolos somam-se as Convenções interamericanas setoriais, como a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985), a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (1994), a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (1994), e a Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiências (1999), ademais de outras iniciativas relevantes. Nos anos noventa ingressamos em uma quinta etapa, do fortalecimento - que se impõe em nossos dias - do sistema interamericano de proteçã0 8 • Ao considerarmos esta última etapa exporemos nossas reflexões e recomendações de lege ferenda com vistas a lograr o referido aperfeiçoamento do sistema de proteção, e em particular da aplicação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, neste limiar do novo século. Passemos, pois, ao exame da evolução, do estado atual e das perspectivas do sistema interamericano de proteção dos direitos humanos. '. Cf, a respeito, A.A Cançado Trindade, "The Inter-American System of Protection of Human Rights (1948 1999): Evolution, Present State and Perspectives". Recuell des Cours Textes et 80mmaires - XXX Session d'Enseignement (1999). Strasoourg, IlDH, 1999. pp. I-59. 34 A 11. Antecedentes e Se ton proteção a Declara, (juntamente com a ( ano10), constatamo! conteúdo e efeitos situações ou categ( estrangeiros e de cid sobre direitos dé Interamericanas sol declarações daquel humanos 15 . '. Adotada em abril daquele a de 1948). Ambas baseadas em reso!! il Convenção sobre Direito: (1906), Convenção sobre Conventions, Washington, ~ 12. Convenção sobre o Asilo 1 1954) (cf. ibid., pp. 25 e 49 International Commissio Declarations and Conventi ". Convenções Interameriea American Treaties. op. cit 14 E.g., as resoluções XX\ raeia!), LV (carta da mulher 1945): cf. r.r. Camargo, I América, México, Cia. I ("Fortalecimento do Sistema pp.165-166). ". E.g .. a chamada Declan oportunidade; a Declaração Chapultepec de 1945); e. pos1J humanos como meio de fortal, - Temos. assim, nesses p4ss0! recomendatórios, em sua mai continente americano. Curio resolução hoje considerada c. Deveres de Homem de uma de vez abordou de maneira dire medidas conjuntas para sua sal Madrid, Ed. Cultura H Consolidación y Perfeccionam Derecho Internacional Org Secretaria General de !a OEA se o Brasil ldo atualmente como uma I da proteção dos direitos u próplÍo ritmo, e, atento à 'ia histórica. )s sistemas regionais de :::ia acumulada nas últimas rtema interamericano de etapas básicas. A primeira, larcada pela mescla de (convenções e resoluções e direitos). A segunda, de aracterizou-se pelo papel ie Direitos Humanos e pela lira, de institucionalização em vigor (em meados de nos. rtir do início da década de :iiante a jurisprudência da )ção dos dois Protocolos .obre Direitos Econômicos, i de Morte (1990). A estes canas setoriais, como a rtura (1985), a Convenção o de Pessoas (1994), a adicar a Violência contra a a Eliminação de Todas as IS
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