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Teoria Geral da Prova
Profª Larissa Botelho
1
Teoria Geral da Prova
1. Noções gerais
	É imprescindível lembrarmos do sistema adotado pelo legislados constitucional em 1988, o sistema acusatório (diversidade de partes, imparcialidade e gestão da prova). Isso é fundamental, porquanto a produção probatório que outrora esteve sob o domínio do juiz, hoje fica sob a gestão das partes, seja acusação seja defesa.
	O juiz de garantias, cuja aplicação ainda se encontra suspensa pelo STF, clarificou ainda mais essa ideia, por meio do seu Art. 3-A, do CPP: O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
	A prova é o conjunto de atos praticados pelas partes, pelo juiz e por terceiros para conduzir o magistrado à convicção acerca da veracidade, falsidade, existência ou inexistência de um fato ou afirmação. Vejam, a iniciativa probante é das partes, mas pode o juiz determinar a produção de provas de ofício, como p. ex. se deduz a partir da leitura do Art. 156, do CPP. 
	Há uma doutrina abalizada que critica a produção de provas pelo juiz de ofício, p. ex. Aury Lopes, pois isso comprometeria o sistema acusatório e a imparcialidade do juiz. 
1.1. Acepções da palavra prova.	
	Múltiplas acepções da palavra prova, quais sejam: (i) atividade probatória; (ii) resultado da atividade de prova; (iii) meios de obtenção de prova.
1.2. Elemento de informação × Prova.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
	
	
Teoria Geral da Prova
1.3. Princípios da Teoria Geral da Prova
a) Princípio da verdade real (ou possível).
Restrições à busca da verdade real: i) impossibilidade da utilização de provas ilícitas; ii) limitação do uso dos meios de obtenção de provas; iii) atuação probatória de ofício do juiz (ou subsidiária).
b) Presunção de inocência ou não culpabilidade (Art. 5º, LVII, CRFB/88 e Art. 8º, §2º, da CADH). Regra de julgamento e regra de tratamento.
Obs.: Sobre a execução provisória da pena no STF: Pode-se dividir em cinco momentos. No primeiro momento, até 2009, era possível a execução provisória da pena, isto é, trata-se do cumprimento da pena com recurso especial e extraordinário ainda pendentes de análise. Isso porque o Art. 637 do CPP não admite efeito suspensivo desses recursos, logo a execução poderia, em tese, começar antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença.
	O segundo momento, com o julgamento do HC 84.078, no STF, por maioria de votos, a Corte mudou seu entendimento, percebendo que com o RE e Resp inviabiliza o trânsito em julgado. Essa é a leitura que se extrai do Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. 
Teoria Geral da Prova
Teoria Geral da Prova
	No terceiro momento, em 2016, por meio do HC 126.292/SP, o pleno do STF, por maioria de votos, regressou ao entendimento anterior, isto é, era possível o cumprimento da pena provisoriamente após o julgamento em segunda instância.
	No quarto momento, o STF reafirmou seu posicionamento no ARE 964.246 (Repercussão geral) sobre a possibilidade de cumprimento de pena após a condenação em segunda instância. 
	O quinta e último momento, em 2019 até atualmente, o pleno do STF julgou as ADC’s 43, 44 e 54, concluindo pela constitucionalidade do Art. 283, do CPP. A decisão foi por maioria (6×5). Portanto, não é possível a execução provisória da pena com decisão em segunda instância.
c) Princípio da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere): Art. 8º, 2, g: direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
	O titular desse direito é somente o preso? 
	Testemunha pode exercer o direito ao silêncio, sabendo que há o crime de falso testemunho? Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Teoria Geral da Prova
Teoria Geral da Prova
	O preso deve ser advertido a respeito do direito ao silêncio. Art. 5º, LXIII, o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
	No direito americano, chama-se Avisos de Miranda. 
	Questão: o dever de advertir ao preso/investigado sobre seu direito ao silencia recai sobre pessoa jurídica de direito privado? STF, HC 99.558/ES. “Habeas Corpus. 2. Alegação de ilicitude da prova, consistente em entrevista concedida pelo paciente ao jornal “A Tribuna”, na qual narra o modus operandi de dois homicídios perpetrados no Estado do Espírito Santo, na medida em que não teria sido advertido do direito de permanecer calado. 3. Entrevista concedida de forma espontânea. 5. Constrangimento ilegal não caracterizado. 4. Ordem denegada.”
	Quais os desdobramentos do direito a não autoincriminação? i) Direito de permanecer em silêncio; ii) E quanto ao direito de apresentar documento falso? Imagine a situação em que João tem diversos mandados de prisão expedidos contra o seu nome. Em uma operação rodoviária, a PRF o intercepta e exige o documento de identidade. Se João apresentar uma identidade falsa, ele está salvaguardado pelo princípio de não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo? S. 522, STJ; iii) Direito à mentira × inexigibilidade de dizer a verdade; iv) produção de provas ativamente (ex.: reconstituição da cena do crime, exame grafotécnico, ceder padrão de voz, entre outros); v) prova invasiva × prova não invasiva (o curioso caso da cantora Gloria Trevi, Rcl QO 2040)
 
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Teoria Geral da Prova
d) Princípio da inadmissibilidade da prova ilícita: i) preservação dos direitos e garantias fundamentais; ii) dissuasão à violação de regras na persecução penal.
2. Prova ilícita.
	Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
2.1. Prova ilícita ou prova ilegítima.
	Art. 157, CPP: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
	A prova ilícita é aquela que viola norma constitucional e legal. A norma legal é de natureza material ou processual ou ambas? A doutrina faz distinção entre prova ilícita e prova ilegítima. Prova ilegítima, segundo entendimento majoritário, é aquela que viola norma processual. A prova ilícita, por sua vez, é aquela que viola norma constitucional e norma infraconstitucional de direito material (penal). Exemplo de prova ilícita é aquela obtida mediante tortura, pois viola o Art. 5º, III, CRFB/88. Prova ilegítima é aquela, por exemplo, em que o juiz, ao recolher o depoimento de uma testemunha sem antes compromissa-la na forma do Art. 203 do CPP, ou ao proceder o reconhecimento pessoal, a vítima reconhece o réu ao arrepio do Art. 226, CPP.
Teoria Geral da Prova
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	O que deverá ser feito com a prova ilícita? Segundo o próprio Art. 157, deverão ser desentranhadas do processo as provas ilícitas. Essa determinação decorre da limitação da busca da verdade, uma vez que o respeito às garantias e direitos fundamentais do investigado também são interesses públicos, não devendo, portanto, se sobrepor à persecução penal. 
	Em setratando de provas ilegítimas, a depender da violação da regra procedimental, o juiz pode reconhecer uma mera irregularidade ou mesmo uma nulidade absoluta ou relativa. Se reconhecida a sua nulidade, a prova não poderá produzir eficácia no processo. Atenta-se, contudo, aos princípios que orientam a decretação da nulidade, quais sejam: 1) nenhuma nulidade será decretada quando não houver prejuízo (pas de nullité sans grief, Art. 563, CPP); 2) nenhuma das partes poderá arguir a nulidade a que haja dado causa (princípio da boa-fé ou lealdade, Art. 565, CPP); 3) nenhuma das partes poderá arguir nulidade que só interesse à parte contrária (Art. 565, CPP); e 4) não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração na verdade ou na decisão da causa (Art. 566, CPP). Esse tópico será estudado mais adiante.
	A nulidade absoluta poderá ser arguida a qualquer momento, enquanto não houver trânsito em julgado. No caso de sentença condenatória ou absolutória imprópria, a nulidade poderá ser arguida em Revisão Criminal ou Habeas Corpus, que somente podem ser ajuizadas se beneficiar o réu. No que se refere à nulidade relativa, essa só poderá ser arguida em momento oportuno, sob pena de preclusão. Além disso, deve-se reconhecer o prejuízo ao réu (pas de nullité sans grief). Se de outro modo não for arguida a sua nulidade relativa, a prova ilegítima poderá ser usada por acusação e defesa.
Teoria Geral da Prova
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude. Lei nº 13.869/19, Lei de Abuso de Autoridade.
Está abarcado por esse tipo penal a prova ilegítima? 
2.2 Prova ilícita por derivação (Teoria dos frutos da árvore envenenada. Nardone × EUA, 1939)
	O legislador, ao adotar essa teoria, entendeu que de nada adianta garantir o desentranhamento da prova ilícita, se as provas que decorrem dessa prova originalmente ilícita pudesse gerar efeitos no processo. Então, suponham que por meio de uma interceptação telefónica ilegal, o delegado de polícia chegou a uma testemunha chave para o deslinde da questão e, a intima, seguindo o procedimento legal previsto no CPP. Notem que a prova originada a partir da prova ilícita foi validamente produzida em momento posterior. Contudo ela está contaminada por derivar de prova ilícita. 
	Dessa forma, o legislador impede que os operadores do direito se valham de expediente ilícitos para produzir provas válidas.
	Portanto, “a prova ilícita por derivação são os meios probatórios que, não obstante produzidos validamente, em momento posterior encontram-se afetado pelo vício da ilicitude originária” (LIMA, Renato Brasileiro de, 2020, p. 690).
Teoria Geral da Prova
	Apenas com a Lei nº 11.690/08, a teoria dos frutos envenenados passou a constar expressamente do CPP no Art. 157, §1º: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
	Prova ilícita Prova lícita 
 
	
 Prova ilícita por derivação
 (Art. 157, §1º, do CPP)
2.3. Limitação à prova ilícita
a) Teoria da fonte independente: de acordo com essa teoria, se o órgão de acusação demonstrar que obteve licitamente, por outros meios investigativos que não guardam relação com a prova ilícita, ou seja a partir de fontes independentes, a mesma prova sem a mácula da ilicitude, não haverá contaminação dessa prova.
Teoria Geral da Prova
Por exemplo, imaginem que os policiais, violando o domicílio, adentram a casa do réu e lá encontram objetos relacionados ao tráfico de drogas, como balança de precisão, variedade de drogas, dinheiro e material para endolação. Essa prova é ilícita porque viola direito constitucionalmente tutelado (Art. 5º, XI, CRFB/88). Contudo, imaginem que a polícia civil, por outros vias investigativas, representa por um mandado de busca e apreensão na casa desse sujeito. Percebam que a prova foi obtida também por meio lícito, sem nenhum vínculo com a prova ilícita anterior (Caso Murray vs. United States).
Prova ilícita Prova lícita 
 
	 Fonte independente
 
 Prova ilícita por derivação
 (Art. 157, §1º, do CPP)
	O Art. 157, § 1º, do CPP, admite expressamente essa hipóteses no seguinte trecho destacado: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
Teoria Geral da Prova
b) Teoria da descoberta inevitável: percebam a redação do Art. 157, §2º do CPP, “considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”. Com a condicionalidade do verbo, o que se deduz é que a prova válida produzida a partir da ilícita poderá ser utilizada no processo quando se demonstrar que a sua descoberta era inevitável. 
	Essa teoria surgiu também no direito norte-americano no caso Nix vs Williams-Williams II, em 1984. Nessa disputa judicial, a acusação pretendia reconhecer a licitude de uma prova obtida por meio de uma confissão ilegal do acusado que apontou onde estava o corpo da vítima. Notem, se a declaração do suspeito foi ilegal, a prova obtida daí também se torna ilegal por derivação, segundo a Teoria dos frutos da árvore envenenada. Contudo, nesse caso, especificamente, um grupo de 200 pessoas já haviam traçado um plano para achar o corpo da vítima, segundo o qual invariavelmente o corpo seria achado.
	Nesse caso, a Suprema Corte norte-americana entendeu a licitude da prova, pois ela fatalmente iria ser descoberta. Afastou, portanto, a teoria dos frutos da árvore envenenada, aplicando a Teoria da descoberta inevitável.
	Parte da doutrina entende que esse teoria da descoberta inevitável teria sido abarcada no parágrafo 2º do Art. 157 quando o legislador optou por usar o verbo na condicional: “considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”. 
	Evidente é, no entanto, que a prova derivada que tivesse sido obtida por fonte autônoma, essa demonstração deve ser inequívoca, sendo indispensável demonstrar que a descoberta seria inevitável com base em dados concretos e não meramente especulativos.
Teoria Geral da Prova
 Teoria do encontro fortuito de provas (serendipidade) e crime achado: imaginem que no curso de uma interceptação telefônica legal, a autoridade policial encontrou indícios de do cometimento de outro crime, que não era objeto de investigação. Essa prova é lícita? Sim, a partir da teoria da serendipidade, se a prova originária foi obtida licitamente, não haveria de se reputar ilícita a prova referente a um crime achado.
	Exemplo dessa teoria foi o caso que aconteceu com a Dilma Roussef e o Lula. O ex presidente estava sendo alvo de interceptação telefônica, deferido legalmente pela Polícia Federal. Em uma ligação, a então presidente disse que iria mandar um encarregado para entregar ao Lula o termo de posse como Ministro da Casa Civil. Segundo os investigadores, à época, havia indícios que a presidente tentava obstar as investigações contra o ex presidente Lula, incorrendo no Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penascorrespondentes às demais infrações penais praticadas. § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Esse crime é popularmente conhecido como crime de obstrução da justiça, apesar do equívoco na nomenclatura.
	A prova, contudo, foi declarada ilícita não por ser crime achado, mas porque o juiz Moro, à época, levantou o sigilo da interceptação, sendo levado à mídia crime cometido em tese por pessoa com foro por prerrogativa de função, a Dilma que era presidente e tinha foro no STF. Nesse sentido, caberia ao STF receber os autos e decidir pela cisão ou não entre a instância do STF e a primeira instância.
	
Teoria Geral da Prova
“A existência concreta de indícios de envolvimento de autoridade detentora de foro por prerrogativa de função nos diálogos interceptados impõe a remessa imediata ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda que a interceptação telefônica seja aparentemente voltada a pessoas que não ostentem prerrogativa de foro por função, o levantamento incontinenti, sem nenhuma das cautelas exigidas em lei, do sigilo do conteúdo das conversas mantidas com autoridade detentora de foro por prerrogativa de função no STF é uma decisão que não compete ao juízo de primeiro grau. Em outras palavras, cabe apenas ao STF, no exercício de sua competência constitucional, decidir acerca do cabimento ou não do desmembramento, bem como sobre a legitimidade ou não dos atos até então praticados nos autos. Nesse sentido, não tendo havido prévia decisão do STF sobre a cisão ou não da investigação ou da ação relativamente aos fatos envolvendo autoridades com prerrogativa de foro no Tribunal, fica delineada, ainda que em juízo de cognição sumária, a concreta probabilidade de violação da competência prevista no art. 102, I, b, da Constituição Federal (CF)” -. Recl. 23.457, Rel. Min. Teori Zavascki, Dje. 17/04/2017.	
Teoria Geral da Prova
	Art. 157, §3º, do CPP: preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
	A partir da leitura do artigo acima transcrito, concluímos que deverá haver uma decisão de desentranhamento da prova ilícita. Contudo, o legislador não apontou que momento seria esse. O ideal é que assim que reconhecida a ilicitude, essa seja desentranhada do processo para não contaminar as demais provas. Então, se a prova foi produzida no bojo do inquérito, e a despeito da ilicitude, o MP oferece a denúncia, na primeira manifestação da defesa, na resposta à acusação, ela deverá se manifestar. 
	É possível impugnar a decisão do juiz de não desentranhamento? Sim, contudo, o recurso dependerá do momento processual. Se for antes da sentença, a doutrina entende cabível recurso em sentido estrito por analogia ao Art. 581, XIII, CPP; se após a sentença, na apelação (Art. 593, CPP); sem prejuízo da possibilidade de Habeas Corpus, apenas se a pena cominada ao crime seja privação da liberdade.
2.3. Descontaminação do julgado
	Diz o Art. 157, §5º: O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão.
	O objetivo desse dispositivo é evitar que o juiz que tiver contato com a prova ilícita venha a julgar caso, pois não teria isenção de ânimo suficiente para julgar com imparcialidade
	
	
Teoria Geral da Prova
1º Questão: Durante prisão em flagrante de Paulo pelo cometimento de crime de homicídio, policiais analisaram os registros telefônicos das últimas ligações no aparelho celular dele e identificaram o número de outro envolvido, Pablo, que foi acusado de ser o possível mandante. Após a prisão de ambos, a defesa de Pablo impetrou habeas corpus, sob o argumento de que os policiais haviam violado o direito fundamental de sigilo das comunicações de dados, estabelecido no inciso XII do art. 5.º da Constituição Federal de 1988 (CF) — “XII é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
Quanto à extensão da proteção conferida pelo referido dispositivo constitucional na situação hipotética em apreço, assinale a opção correta, à luz da jurisprudência do STF.
(a) As provas decorrentes da análise policial são inadmissíveis, segundo a teoria do fruit of the poisonous tree.
(b) A análise empreendida pelos policiais caracteriza interceptação telefônica, logo dependia de prévia autorização judicial.
(c) Houve violação do direito fundamental ao sigilo das comunicações telefônicas.
(d) A apreensão dos dados armazenados caracteriza violação do sigilo de comunicação de dados.
(e) Não houve violação do direito ao sigilo das comunicações telefônicas.
	
	
Teoria Geral da Prova
2º Questão: A partir do momento em que determinado delito é praticado, surge para o Estado o poder-dever de punir o suposto autor do ilícito. Assim, para que o Estado possa deflagrar a persecução criminal em juízo, é indispensável a presença de elementos de informação quanto à autoria e quanto à materialidade da infração penal. Diferencia-se o inquérito policial da instrução processual por esse motivo. Acerca do valor probatório do inquérito policial, assinale a alternativa correta.
(a) Os elementos de informação, em que pese sejam colhidos na fase de investigação, possuem valor probatório absoluto no processo penal, quando inexistir outro elemento de prova que possa servir de convicção ao juízo.
(b) Os elementos de informação, colhidos na fase inquisitorial, jamais serão admitidos como base de convicção jurisdicional.
(c) Levando-se em consideração que os elementos de informação quanto à autoria e à materialidade do delito não são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem valor probatório relativo.
(d) Os elementos do inquérito não podem influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa, mesmo quando complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo.
(e) Não há o que se falar em produção de elementos de informação em inquérito policial, sem que haja irrestrito respeito à ampla defesa e ao contraditório.
	
	
Teoria Geral da Prova
3º Questão: Sobre as provas no processo penal, assinale a alternativa incorreta:
(a) Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. No sentido narrado, o Código de Processo Penal considera os indícios como prova indireta.
(b) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame dé corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I - violência doméstica e familiar contra mulher; II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
(c) A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, mesmo que separado judicialmente ou divorciado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
(d) As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Entretanto, as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, devendo constar o consentimento expresso do signatário, evitando-se a violação da privacidade e a ilicitude da prova.
	
	
Teoria Geral da Prova
3º Questão: Conforme prescreve o Código de Processo Penal, sobre a prova é incorreto afirmar:
(a) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzidaem contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, inclusive as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
(b) De acordo com os julgados do Superior Tribunal de Justiça, é legítimo o reconhecimento pessoal ainda quando realizado de modo diverso do previsto no art. 226 do Código de Processo Penal, servindo o paradigma legal como mera recomendação.
(c) O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. Por opção dele, as comunicações poderão ser feitas por meio eletrônico.
	
	
Teoria Geral da Prova
4º Questão: Com relação a provas, julgue o próximo item.
O depoimento de policial em juízo é dotado de fé pública, exceção de prova tarifada dentro do sistema adotado no processo penal brasileiro da persuasão racional do juiz.
( ) Certo
( ) Errado
5º Questão: Com relação a provas, julgue o próximo item.
Provas obtidas por meios ilícitos podem excepcionalmente ser admitidas se beneficiarem o réu
( ) Certo
( ) Errado
	
	
Teoria Geral da Prova
6º Questão: Joaquim e Antonieta são casados há cinco anos. Sempre houve uma relação de intensa cumplicidade entre ambos, que tinham acesso a senhas de contas bancárias particulares, de e-mails e de telefone celular. Numa tarde de domingo, Joaquim dormia e Antonieta foi usar o computador do marido para fazer um trabalho de faculdade, quando descobriu, através do e-mail que estava aberto, a traição do cônjuge com a sua vizinha. Antonieta, aproveitando o sono do marido, copiou todos os arquivos em um pen drive, tirou extratos de contas bancárias exclusivas de Joaquim, e ainda trasladou todas as conversas do celular dele, para fazer prova da traição. Diante dos fatos, é certo afirmar que
(a) todas as atitudes de Antonieta se configuram como crime e por isso as provas colhidas são ilícitas.
(b) apenas a cópia dos e-mails é ilícita, pois se equipara à violação de correspondência.
(c) o que Antonieta copiou do computador não é prova ilícita, pois tacitamente o marido autorizava a esposa a ter acesso aos seus arquivos. Já as conversas extraídas do celular são consideradas ilícitas.
(d) a única prova ilícita é a cópia dos extratos bancários, pois Antonieta não era correntista da conta consultada.
(e) todas as provas são lícitas, pois a relação de cumplicidade do casal é concordância tácita de Joaquim para com Antonieta, não havendo qualquer prática que se tipifique como crime ou invasão de privacidade.
	
	
Teoria Geral da Prova
7º Questão: Antônio foi preso em flagrante sob a acusação da prática de tráfico de drogas. A polícia apreendeu seu telefone celular. O Delegado abriu o aplicativo Whatsapp no celular do suspeito e verificou que, nas conversas de Antônio, as mensagens comprovaram que ele realmente negociava drogas, e assumia a prática de outros crimes graves. As referidas mensagens foram transcritas pelo escrivão e juntadas ao inquérito policial, em forma de certidão. Nessa situação hipotética, de acordo com as regras de admissibilidade das provas no processo penal brasileiro, marque a alternativa CORRETA.
(a) é necessário ordem judicial, tanto para a apreensão de telefone celular, como também para o acesso às mensagens de whatsapp.
(b) tendo em vista que é dispensável ordem judicial para a apreensão de telefone celular, também não é necessária autorização para o acesso as mensagens de whatsapp, visto que se trata de medida implícita à apreensão.
(c) é necessário somente requisição do Ministério Público para o acesso às mensagens de whatsapp.
(d) como se trata de procedimento preliminar investigatório, não é necessário a prévia autorização judicial para que a autoridade policial possa ter acesso ao whatsapp da pessoa que foi presa em flagrante delito.
(e) é necessária prévia autorização judicial para que a autoridade policial possa ter acesso ao whatsapp da pessoa que foi presa em flagrante delito.
	
	
Teoria Geral da Prova
2.4 O que precisa ser objeto de prova?
(a) Imputação; (b) Costumes; (c) Direito Estrangeiro, Estadual e Municipal; (d) Regulamentos e Portarias; (e) Fatos Não Contestados ou Incontroversos (Revelia x Efeitos da Revelia x Processo Civil e Processo Penal).
2.5. O que NÃO precisa ser objeto de prova no Processo Penal?
Fatos Notórios; (b) Fatos Axiomáticos; (c) Fatos Inúteis ou Irrelevantes; (d) Presunções Legais (Absoluta e Relativa).
2.6. Destinatário da prova
2.7. Sistema de apreciação da prova 
Obs.: É possível condenar “apenas” com base em indícios?
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
2.6. PROVA EMPRESTADA
- Conceito
- Qual é a forma da “Prova Emprestada”?
- Qual é o valor probatório da “Prova Emprestada”?
	
	
Teoria Geral da Prova
2.7. ÔNUS DA PROVA
Conceito - É o encargo que recai sobre as partes de provar a veracidade das informações por elas formuladas ao longo do processo, resultando de sua inatividade uma desvantagem perante o direito.
2.8. Distribuição do Ônus da Prova no Processo Penal
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
	
	
	Acusação	Defesa
	- Existência de Fato Típico	-Causa Excludente de Ilicitude;
	-Autoria e Participação	-Causa Excludente de Culpabilidade
	-Nexo Causal;
-Dolo e culpa
-Objetivo: Criar um juízo de certeza no julgador.	-Causa Excludente da Punibilidade;
-Álibi 
-Objetivo: Suscitar uma dúvida razoável no julgador (art. 386, VI e VII do CPP).
Teoria Geral da Prova
INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ
2.9. Reflexos da Lei Anticrime:
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
8.2. Iniciativa Probatória do Magistrado = Ônus da Prova?
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I –ordenar, mesmo ANTES DE INICIADA a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências PARA DIRIMIR DÚVIDA SOBRE PONTO RELEVANTE
	
	
Provas em Espécie
	
	
Sinal de Chavigny
Sinal de Montalti
Provas em Espécie
	
	
Provas em espécies
1. Noções gerais
Cadeia de custódia
	Cadeia, nos termos adotados pelo CPP, não significa estabelecimento penal, mas encadeamento de acontecimentos ou fenômenos. Sinônimos: continuidade, sequência, enredo, trama.
	A cadeia de custódia foi acrescentada a nossa legislação com a Lei nº 13.964/19 e está prevista a partir do Art. 158-A, do CPP. Mas o que é a cadeia de custódia? É, em linhas gerais, um mecanismo garantidor da autenticidade das evidências coletadas e examinadas, assegurando que os elementos coletados correspondem ao caso investigado. Dessa forma, o que se pretende evitar é a fraude por meio da documentação cronológica de uma evidência desde o local do crime até o Tribunal. Fundamenta-se no princípio da autenticidade da prova, segundo o qual se deve garantir que o elemento coletado no local do crime, trata-se do mesmo analisado pelo juiz para formação e preservação do seu conhecimento.
	Imagine, portanto, um flagrante de drogas. Os órgãos responsáveis pela persecução devem garantir que a substância apreendida guarde a mesma quantidade do momento da apreensão e qualidade, ou seja, não sofra nenhuma mutação quando em contato com o recipiente no qual é armazenado.
	A preocupação com o tema não é recente e remonta desde a década de 90, sobretudo após p caso O. J Simpson acusado de matar a ex-mulher e de um amigo dela. 
Provas em Espécie
	“Um exemplo clássico e que retrata a importância da cadeia de custódiaé o caso de O. J. Simpson, ex-jogador de futebol americano dos Estados Unidos, em que mesmo diante de provas que demonstravam o envolvimento do jogador em um duplo homicídio, a defesa conseguiu a absolvição devido à preservação do local inadequada, aos procedimentos de coleta de vestígios incorretos em que ficaram evidentes falhas na cadeia de custódia” – MACHADO, Michelle Moreira. A importância da cadeia de custódia para prova pericial. In Revista Criminalística e Medicina Legal V.1 | N.2 | 2017 | P. 8 - 12 | ISSN 2526-0596
	Aqui no Brasil não é muito diferente. No caso Marielle Franco, a Polícia Federal apontou que havia indícios de que algumas cápsulas recolhidas no local do crime haviam sumido. As que foram recolhidas e periciadas demonstravam que o acondicionamento das cápsulas todas juntas poderia prejudicar o recolhimento das digitais em razão do atrito. 
Falta de cuidado pode ter inutilizado prova encontrada na cena do crime do caso Marielle, diz PF
Documento da Polícia Federal afirma que cápsulas recolhidas no local do crime não foram tratadas com o devido cuidado. Exame de confronto balístico também passa por demora.
Por Marcelo Gomes e Marcelo Bruzzi, GloboNews
15/04/2019 11h43  Atualizado há 11 meses
	
	
Provas em espécie
	A Cadeia de Custódia tem início com a preservação do local do crime ou com procedimentos policiais ou com a perícia e só se encerra com o descarte do vestígio ao final do processo. 
	Diz o Art. 158-A: Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte
	Parágrafo primeiro: O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
Preservação do local do crime: consiste na manutenção do estado original das coisas locais até a chegada da perícia.
 procedimentos policiais: é muito comum, sobretudo no Brasil, a lavratura de flagrante. Então, suponha que o policial militar está fazendo um patrulhamento de rotina e encontram vestígios de um determinado crime, p. exemplo, tráfico de drogas. Nessa hipótese, o policial deveria acondicionar a droga em invólucro plástico e levar até a perícia. Com a apreensão, deflagra-se a cadeia de custódia.
 Procedimento pericial: nesse caso, o vestígio é detectado através do trabalho técnico
	A Cadeia de Custódia, muito embora tenha sido apenas em 2019 introduzida no CPP, a Portaria nº 82 de julho de 2014 da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) já regulamentava a cadeia de custódia.
	
	
Provas em espécie
	O que ocorre quando se quebra a cadeia de custódia? A Cadeia de Custódia é o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado. A quebra na cadeia ocorre quando há, por exemplo, o extravio de um elemento de informação ou mesmo a sua adulteração. O HC 160.662, STJ, demonstrou importante consequência quando ocorre essa ruptura na Cadeia de Custódia. Esse writ pretendia anular a prova obtida por meio de interceptação telefônica em que trechos das conversas foram apagadas no curso de um investigação da PF, denominada Negócio da China. Nessa operação, a Polícia Federal pretendia desmantelar uma quadrilha que praticava crime de descaminho e lavagem de dinheiro. A sociedade empresária importava produtos, dissimulando seus valores e recolhendo os impostos a menor e lavavam o dinheiro pela atividade empresária. 
	“Apesar de ter sido franqueado o acesso aos autos, parte das provas obtidas a partir da interceptação telemática foi extraviada, ainda na Polícia, e o conteúdo dos áudios telefônicos não foi disponibilizado da forma como captado, havendo descontinuidade nas conversas e na sua ordem, com omissão de alguns áudios. XI. A prova produzida durante a interceptação não pode servir apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória, dada a perda da unidade da prova. XII. Mostra-se lesiva ao direito à prova, corolário da ampla defesa e do contraditório - constitucionalmente garantidos -, a ausência da salvaguarda da integralidade do material colhido na investigação, repercutindo no próprio dever de garantia da paridade de armas das partes adversas (...) Ordem concedida, de ofício, para anular as provas produzidas nas interceptações telefônica e telemática, determinando, ao Juízo de 1º Grau, o desentranhamento integral do material colhido, bem como o exame da existência de prova ilícita por derivação, nos termos do art. 157, §§ 1º e 2º, do CPP, procedendo-se ao seu desentranhamento da Ação Penal 2006.51.01.523722-9” – HC 160.662/STJ, Min. Rel. Assuste Magalhães.
	
	
Provas em espécie
	As etapas da cadeia de custódia são, fundamentalmente, duas: fase externa e fase interna. A fase externa compreende desde a preservação do local de crime à chegada do vestígio ao órgão pericial. Compreende, então, a busca de vestígio, seu reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte e recebimento.
	A etapa interna é a entrada do vestígio no órgão pericial até sua devolução junto ao laudo.
	Art. 158-B, CPP: A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: I -reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse;      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
	
	
Provas em espécie
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente;(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.  
	Art. 158-C: a coleta de vestígio deverá ser feito preferencialmente por perito oficial. A partir do advérbio preferencialmente, o que se deduz é que a coleta pode ser feita por perito não oficial, nos termos do Art. 159 e parágrafos. 
	Nos termos do Art. 158-C, §2º, do CPP, é proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios, sob pena de incidir no crime de fraude processual (Art. 347, do CP).
	O Art. 158-D determina o acondicionamento de vestígios que deverá ser de acordo com o material apreendido, devidamente lacrado e com numeração individualizada.
	
	
Provas em espécie
2. Do exame de corpo de delito e das perícias em gerais
	Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais ou sensíveis deixados pela infração penal. A palavra corpo não significa necessariamente corpo de uma pessoa, mas sim todo o conjunto de vestígios sensíveis que o crime deixa para trás. Então, por exemplo, na hipótese de um latrocínio em um apartamento, o corpo de delito será o cadáver e todos os vestígios perceptíveis pelos sentidos humanos, ex. marcas de sangue, arma de fogo, sinais de arrombamento na porta, entre outros.
	O exame de corpo de delito é feito por pessoas com conhecimento técnico. Um mesmo corpo de delito poderá ser submetido a vários exames periciais. Utilizando o mesmo exemplo acima do latrocínio, um perito oficial deverá comparecer ao apartamento para elaborar um laudo de exame de local, o cadáver será analisado por médicos legistas que elaborarão um laudo de exame cadavérico, a arma será periciada para se ter certeza que os tiros foram disparados dela.
	O corpo de delito é uma modalidade de exame pericial, há outras também de igual relevância, como por exemplo para aferir a sanidade mental do suspeito, os de constatação de idade.
2.1. Natureza jurídica
	A natureza jurídica do corpo de delito é de meio de prova, ou seja, é o instrumento através do qual se extrai as fontes de prova que serão introduzidas no processo.
2.2. Quem pode determinar o exame de corpo de delito?
	O corpo de delito pode ser determinado pelo delegado de polícia, autoridade judiciária ou ministerial. Porém, conquanto possam determinar a realização de exame pericial, o perito tem total autonomia técnica, científica e funcional (Art. 2º da Lei nº 12.030/09)
	
	
Provas em espécie
	Segundo o Art. 161, do CPP, o exame de corpo de delito poderá ser feito a qualquer dia ou horário. O Art. 184 do CPP, salvo o exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
2.3. Lei 13.721/2018 e o exame de corpo de delito
	Incluiu o parágrafo único no art. 158, que diz: Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I- violência doméstica e familiar contra mulher; II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
2.4. Laudo pericial
	Laudo pericial é a peça técnica elaborada pelos peritos quando da realização do exame pericial. Art. 160, CPP: Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
	Qual momento deve ser juntado o laudo do corpo de delito? O laudo não é requisito de procedibilidade para o oferecimento da ação penal, portanto, o laudo pode ser juntado no curso do processo. Após uma interpretação sistêmica, deduz-se que o laudo deve ser juntado, pelo menos, com 10 dias de antecedência da Audiência de Instrução e Julgamento, porquanto o Art. 159, §5º permite que as partes intimem os peritos para serem ouvidos em audiência, devendo mandar as questões a serem esclarecidas com a antecedência de 10 dias. 
	
	
Provas em espécie
2.5. Sistema de apreciação de laudos periciais
	São dois os sistemas possíveis, o vinculatório, segundo o qual o magistrado fica vinculado ao lado pericial, não podendo decidir de modo contrário, e o sistema liberatório, segundo o qual o juiz não fica vinculado ao lado pericial, podendo aceita-lo ou rejeitá-lo. Esse é o sistema adotado pelo CPP. Isso decorre não apenas da lógica do livre convencimento motivado (sistema de apreciação de provas), como por expressa disposição legal, Art. 182, CPP: O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
	Se o juiz, portanto, discordar do laudo, poderá pedir um novo laudo, convocando novo perito. É importante ressaltar que a existência de dois laudos conflitantes não enseja necessariamente a exigência do terceiro, restando ao juiz a livre escolha de um ou outro para motivar a sua decisão.
2.6. Laudo pericial e contraditório
	A eficácia do laudo pericial está diretamente relacionada a sua imediata realização, porquanto evita-se a dispersão dos vestígios. Dessa forma, segundo Art. 6º do CPP: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
	O contraditório, dessa forma, será diferido. Isto é, no curso do processo, as partes poderão contraditar o laudo pericial e pedir, inclusive, esclarecimentos dos peritos.
 
	
	
Provas em espécie
2.7. Exame de corpo de delito direto e indireto
	Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
	Há o exame de corpo de delito direto e indireto. O direto é aquele feito por perito oficial (ou dois peritos não oficiais) sobre o próprio corpo de delito. P. ex. em caso de homicídio com corpo, o exame deverá ser feito no cadáver.
	O exame de corpo de delito indireto não possui nenhuma formalidade para a constituição do corpo de delito indireto, bastando a colheita de prova testemunhal afirmando ter visto os vestígios ou a análise de prontuários médicos ou mesmo a análise de fotos. É o que dispõe o Art. 167, do CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
2.8. Ausência do exame de corpo de delito
	Se o Art. 158, do CPP, exige a realização do exame de corpo de delito quando o crime deixar vestígios, imagine que não foi possível a realização de exame de corpo de delito direto nem indireto. O processo é nulo ou o acusado deve ser absolvido? 
	O Art. 564, III, b, do CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
	
	
Provas em espécie
	Dessa forma, se o exame de corpo de delito direto ou indireto não foi realizado, deverá o processo ser anulado desde o início.
2.9. Perito oficial e não oficial
	O perito oficial é o funcionário público de carreira cuja função é a de realizar perícias determinadas pela autoridade policial ou judiciária. 	O perito não oficial é a pessoa designada pelo juiz ou pela autoridade policial para realizar a perícia. 
	Dispõe o Art. 159, §2º, do CPP: Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. Tanto o perito oficial quando o não oficial são funcionários públicos para fins do 327, do CP.
2.10. Assistente técnico
	Art. 159, § 4º, do CPP: O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
	É um auxiliardas partes, dotado de conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos, responsável por trazer ao processo informações especializadas atinentes ao objeto da perícia. 
	O assistente técnico é diferente do perito, fundamentalmente, por dois motivos: eles auxiliam a parte, então, não se pode esperar o mesmo grau de comprometimento do perito. Ademais eles não se submetem às causas de impedimento e suspeição. Eles não são considerados funcionários públicos por não exercerem função pública. 
	Eventuais irregularidade cometidas pelo assistente técnico não configura crime de falsa perícia. 
	
	
Provas em espécie
3. Interrogatório
	O interrogatório judicial é o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita. É a oportunidade que o acusado tem de se dirigir ao magistrado quer para indicar meios de provas, contar a sua versão, confessar ou restar em silencio. 
	Não é esse o momento do juiz confrontar a versão do acusado, chamando-o de mentiroso ou fazendo pré-julgamento, sob pena de nulidade absoluta por ausência de imparcialidade do juízo. 
3.1. Natureza jurídica
	São três as correntes. 
Meio de prova: num sistema inquisitorial, em que o acusado é mero objeto de prova, a tendência é considerar o interrogatório meio de prova. Nessa lógica, o réu não poderia invocar o direito ao silêncio, tampouco deixar de responder as inquirições. Essa primeira corrente foi encartada pelo CPP de 1941. O que confirma essa posição é a própria localização topográfica do interrogatório que se encontra no Capítulo III dentro do Título VII, Da prova. Ademais, antes da Lei nº 11.719/08, o interrogatório era o primeiro ato da audiência de instrução e julgamento.
Natureza mista: é meio de prova e meio de defesa. É essencialmente meio de defesa, contudo, excepcionalmente pode servir como meio de prova quando o acusado responder as questões que lhe são dirigidas. O juiz pode utilizar o interrogatório para formar a sua convicção. É a posição de Ada Pellegrini Grinover. 
	
	
Provas em espécie
c) Meio de defesa: em sede persecução penal, como o acusado não está obrigado a falar, em razão do seu direito constitucional ao silêncio, Art. 5º, LXIII, CRFB/88, conclui-se que o interrogatório é um meio de defesa. É o direito de audiência, desdobramento do direito à autodefesa, segundo o qual o réu tem o direito de apresentar a sua própria versão dos fatos. Após a reforma de 2008, reposicionando o interrogatório como último ato da audiência da instrução e julgamento, esse entendimento ganhou robustez, porquanto o réu pode deixar de comparecer no interrogatório; o defensor técnico tem presença obrigatória; direito à entrevista entre o interrogando e seu defensor técnico; proibição de usar o exercício do direito ao silêncio de maneira prejudicial ao réu.
3.2. Momento para realização do interrogatório.
	Antes da entrada em vigor da Lei 11.719/08, previa o revogado Art. 394 do CPP que o juiz ao receber a queixa ou a denúncia designaria dia e hora para o interrogatório do réu. Na esteira das modificações levadas a efeito pelas lei especiais, a Lei nº 9.099/95, por exemplo, a Lei 11.719/08 passou a prever que o interrogatório será o último ato da audiência de instrução e julgamento. 
	Diz o Art. 400, do CPP: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
	
	
Provas em espécie
 1) declaração do ofendido
 2) Oitiva das testemunhas de acusação
 3) Oitiva das testemunhas de defesa
AIJ
 4) Peritos, acareação, reconhecimento de coisas ou pessoas 
 5) Interrogatório 
 6) Alegações finais (Art. 403, §3º, do CPP)
	No julgamento do HC 127.900, o plenário do STF entendeu que o interrogatório deveria ser o último ato em todos os procedimentos penais regidos pela legislação especial, incidindo, portanto, na Lei nº 11.343/06, a despeito do art. 57 da referida lei.
	Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
	
3.3. Condução coercitiva
	No julgamento das ADPF’s 395 e 444, o plenário do STF entendeu que a parte do Art. 260, do CPP não teria sido recepcionado em sua integralidade. Diz o Art. 260, do CPP: Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
	
	
Provas em espécie
	Importa ressaltar, contudo, que as ADPF’s versavam somente sobre a condução coercitiva para interrogatório como corolário da ampla defesa, disponível, renunciável. Portanto, no que se refere à condução coercitiva para reconhecimento pessoal, por exemplo, ainda é possível, porque se entende que é uma prova não invasiva. 
3.4. Ausência de interrogatório
	O interrogatório é um exercício de defesa, decorrente lógico do exercício da ampla defesa que, como já ressaltamos, é renunciável. Diferente da defesa técnica, essa sim irrenunciável (Art. 261, do CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor). Portanto, o réu pode querer não ser interrogado, não responder a determinadas perguntas ou, se presente, exercer o direito ao silêncio.
	Contudo, imagine a hipótese em que o réu presente quer exercer seu direito ao interrogatório, contudo, o juiz recusa-se sob o argumento de que já havia se convencido de sua culpa. O que isso gera? A recusa do magistrado em ouvir o réu gera, sem sombra de dúvida, nulidade absoluta, nos termos do Art. 564, III, e, do CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
3.5. Características do interrogatório
	a) Ato personalíssimo: só pode ser realizado pelo réu pessoalmente. Se for pessoa jurídica processada, o interrogatório deverá ser realizado pelo seu representante legal.
		
	
Provas em espécie
	b) Ato contraditório: o interrogatório do réu se submete ao sistema presidencialista, isto é, o juiz formula as perguntas antes das reperguntas das partes. Em outros termos, o juiz começa inquirindo o réu e, posteriormente, MP e defesa, nessa ordem, dirigem as perguntas ao juiz que as refaz ao réu. É diferente do interrogatório das testemunhas. Havendo dois ou mais corréus e as defesas restarem colidentes é possível aos litisconsortes penais formular reperguntas aos de mais corréus, sob pena de violação à ampla defesa. 
	E no caso que um dos corréus é réu colaborado? Qual a ordem da inquirição? 
	c) Ato assistido tecnicamente: antes da Lei nº 10.792/03, sequer era necessária a presença de advogado no momento da realização do interrogatório judicial. Após a referida lei, o interrogatório passou a ser ato assistido tecnicamente pelo advogado/defensor. Diz o Art. 185, do CPP: O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
	Além da presença obrigatória do defensor, o juiz deve assegurar direito à entrevista prévia e reservadamente com seu defensor, inclusive, nos interrogatórios realizados por videoconferência (Art. 185, §5º, do CPP). 
	Portanto, a ausência de defesa técnica no interrogatório do réu gera nulidade absoluta, contudo, a ausência de advogado do réu no interrogatóriode réus diversos, se devidamente intimados, não gera nulidade. (Info. 949 de agosto de 2019)
	E quanto à ausência de membro do Ministério Público? Segundo a jurisprudência, não gera nulidade a ausência de membro do parquet. Mesmo porque a parte ré não teria legitimidade para arguir a nulidade por ausência de interesse.
	
	
Provas em espécie
	d) Ato individual: nos termos do Art. 191, do CPP, havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente, sendo assegurando-se ao advogado dos corréus a presença nos interrogatórios uns dos outros. 
	e) Ato bifásico: nos termos do Art. 187, o interrogatório será dividido em duas partes. A primeira versa sobre a pessoa do acusado (pregressamento), a segundo sobre os fatos imputados pela denúncia. O pregressamento nada mais é do que uma investigação social levada a efeito pelo juiz para fins de aplicação da pena base, nos termos do Art. 59, do CP. Portanto, questiona-se sobre residência, meios de vida ou profissão, se já foi processado ou condenado, entre outros. Em se tratando de réu preso, será questionado a existência de filhos, respectivas idade, se possuem deficiência e indicar eventual responsável (Art. 185, § 10º, incluído pelo marco civil da primeira infância). A segunda parte diz respeito ao teor da condenação (ver Art. 187, §2º, do CPP)
	Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
	Após a qualificação, o réu será cientificado de todo o teor da acusação, do seu direito ao silêncio, assim como o direito de não responder as perguntas.
	Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (incluído pela Lei nº 10.792/03)
	E quanto ao Art. 198, do CPP? 
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Provas em espécie
	f) Liberdade de autodeterminação: A fim de que seja respeitada a dignidade do acusado e o direito de não produzir prova contra si mesmo, não se admite nenhum método de inquirição tendente a extrair a confissão ou de influenciar indevidamente a autodeterminação do acusado. As perguntas devem ser claras, precisas, unívocas e não complexas. Não é demais observar que a tortura é meio vedado como forma de obtenção de declaração do preso (Art. 5º, III, CRFB/88).
	Interrogatórios muito longos, em período noturno, entende a doutrina, são expedientes igualmente ilegais, porque tendem a conduzir o réu à exaustão.
	g) Ato público: A regra é a publicidade dos atos judiciais, em observância ao Art. 5º, LX, c/c Art. 93, IX, ambos da CRFB/88. Contudo, pode haver restrição em defesa da intimidade, interesse social no sigilo ou imprescindibilidade à segurança da sociedade (Art. 5º, XXXIII e LX c/c Art. 93, IX, da CRFB/88)
	h) Ato realizável a qualquer momento, antes do trânsito em julgado: nos termos do Art. 196, a qualquer tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório, de ofício, ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. Após a Lei 11.719/08 que passou a prever a audiência de instrução e julgamento una, se surgir a necessidade de novas diligências ou mesmo o interrogando aponte novas fontes de provas, poderá proceder o juiz a novo interrogatório.
	
Provas em espécie
	3.6. Local do interrogatório
	Se o acusado estiver solto, seu interrogatório deverá se realizar no fórum. Se o acusado estiver preso, contudo, seu interrogatório poderá realizar-se sob três formas: a) pessoalmente, dentro do presídio onde se encontra; b) por videoconferência; c) pessoalmente no fórum, quando o ato não puder ser realizado das duas outras formas (Art. 185, §7º, do CPP Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo).
	A leitura do Art. 185, §§1º, 2 e 7º é extremamente truncada. A partir da leitura se sugere que a ordem preferencial do interrogatório é: no estabelecimento em que se encontra, por videoconferência e, por fim, requisição no fórum. Contudo, a doutrina e jurisprudência são pacíficas em afirmar que a videoconferência é uma excepcionalidade e só será levada a efeito quando presentes os requisitos do §2º do Art. 185, do CPP, por decisão fundamentada do juízo, porquanto 
	4. Confissão
	A confissão é a aceitação do réu da imputação feita pela parte acusadora. 
.	4.1. Características da confissão
	a) Ato personalíssimo, ou seja, somente o acusado pode confessar a prática de ato delituoso, sendo inviável a outorga desse poder a terceiros.
	b) Ato livre e espontâneo
	c) Ato retratável. Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
	d) Ato divisível, isto é, o réu pode confessa um crime e negar o outro.
 
	
	
Provas em espécie
	4.2. valor probatório da confissão
	Se no sistema da prova tarifada, a confissão era a rainha das provas, na lógica da persuasão racional ou livre convencimento motivado, a confissão deverá ser cotejada com os demais elementos probatórios. É o que preleciona o Art. 197, do CPP: O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
	4.3. Atenuante do Art. 65, III, d, do CP
	A atenuante da pena é uma forma de estimular o réu a confessar o crime. Se aplica tão somente àquele que efetivamente confessa, não podendo se aproveitar outro corréu, caso contrário, desvirtuar-se-ia o próprio instituto.
	Imagine, por exemplo, que o preso está sendo acusado de tráfico de drogas. Em sede de interrogatório, o réu admite que estava com as drogas, contudo, apenas para uso pessoal. Nesse caso, aplica-se a atenuante da confissão? Sumula 630, STJ.
	Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
	5. Declarações do ofendido
	Cumpre salientar que ofendido não é o mesmo que testemunha. As declarações do ofendido estão no capítulo V, enquanto as declarações da testemunha estão no Capítulo VI do CPP. Quais os efeitos dessa incompatibilidade? O ofendido não presta compromisso de dizer a verdade, não se presta ao cômputo do número máximo de testemunhas admitidas e não pratica o crime de falso testemunho. Poderá, contudo, praticar o crime de denunciação caluniosa (Art. 339, do CP)
	É possível a condução coercitiva do ofendido? Sim, Art. 201, §1º, do CPP, inclusive para perícia, salvo se for invasiva.
 
	
	
Provas em espécie
	Nos termos do Art. 217, do CPP, se a presença do réu causar humilhação, temor, ou sério constrangimento ao ofendido, o juiz poderá determinar a retirada daquele. 
	Nos crimes cometidos às ocultas, sobretudo em crimes contra a dignidade sexual, a palavra da vítima ganha maior relevância, o que não significa, contudo, que o seu valor seja absoluto. 
	6. Prova testemunhal
	Testemunha é a pessoa desinteressada e capaz de depor que, perante a autoridade, declara o que sabe acerca dos fatos percebidos pelos sentidos. No âmbito do CPP qualquer pessoa pode ser testemunha, conforme Art. 202 Toda pessoa poderá ser testemunha. A incapacidade jurídica é irrelevante, portanto, podem depor os menores de idade, doentes e deficientes mentais. Trata-se de meio de prova.
	6.1. Características da prova testemunhal
	a) Judicialidade: testemunha é aquela pessoa ouvida em juízo sobre os fatos delituosos. Logo, ainda que determinada pessoa tenha sido ouvida no curso do inquérito policial, ela deve ser conduzida para testemunhar sob o manto do contraditório e da ampla defesa, portanto, perante o juiz e as partes.
	b) oralidade: o depoimento deve ser prestado oralmente, mas nada impede que a testemunha faça breve consultasa apontamentos (Art. 204, § único, do CPP). Não se admite que a testemunha se limite a ratificar as declarações prestadas em sede policial. Em uma ocasião, o STJ julgou ilícita a prova testemunhal produzida pela testemunha na oportunidade em que o juiz apenas leu as declarações da testemunha e essa as ratificou. Alegou a 6º Turma do STJ que a prova testemunhal por ser complexa requer não só o fornecimento do relato oral, mas também o filtro da credibilidade das informações prestadas.
	
 
	
	
Provas em espécie
c) objetividade: como a testemunha depõe sobre os fatos, deve se abster de emitir qualquer juízo é valor, nos termos do Art. 213, do CPP: O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. Diante disso, o juiz nunca perguntará se ela acha que o denunciado foi realmente culpado. É evidente que algumas narrações são indissociáveis do juízo de valor, por exemplo, se a testemunha está narrando um homicídio culposo na direção de veículo automotor, ela diz que o réu conduzia o veículo imprudentemente. 
d) Retrospectividade: a testemunha só depõe sobre fatos passados.
e) Individualidade: as testemunhas depões separadamente, devendo o magistrado evitar que aquelas que ainda não foram ouvidas possam ter contato com o depoimento prestado pelas outras. Nesse sentido: Art. 210, do CPP As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
6.2. Deveres da testemunha: 
a) Dever de depor: segundo o Art. 202, do CPP, toda pessoa pode ser testemunha, contudo, algumas pessoas podem se recusar a testemunhar. Dispõe os artigos 206 e 207, do CPP.	
 
	
	
Provas em espécie
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 207: São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
Por força do Art. 226, §3º, da CRFB/88, deve ser acrescido ao Art. 206, do CPP, o companheiro (a).
O Art. 206 se justifica para manutenção dos lações familiares, preservando a harmonia. Contudo, as pessoas elencadas no Art. 206, do CPP, podem depor em duas hipóteses: 1) se assim desejarem. Perceba que o artigo diz “poderão recusar-se”, em outros termos, poderão fazê-lo se assim desejarem. Nessa hipótese, não prestam compromisso, nos termos do Art. 203, do CPP. 2) se não for possível obter a prova de outro modo, como por exemplo quando o crime é cometido no ambiente familiar. Desse modo, não prestam também compromisso.
Para fins do Art. 207, o que se pretende proteger são os princípios éticos que norteiam a relação profissional e cliente ou paciente. Por função entende-se o encargo que alguém recebe em virtude de lei, decisão judicial ou contrato; por ministério, entende-se o encargo em atividade religiosa ou social (ex. padre); por ofício é a atividade eminentemente mecânica, manual; profissão é a atividade intelectual ou aquela que contempla a conduta habitual do indivíduo.
	
	
Provas em espécie
O Código Penal prevê o Art. 154 o crime de violação do segredo profissional.
A Lei 13.869/2019, a nova lei de Abuso de Autoridade tipifica em seu Art. 15 a seguinte conduta: Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
	As pessoas do Art. 207, do CPP, ainda que queiram dar o seu depoimento, não poderão fazê-lo, a não ser que a parte interessada a desobrigue. Se a parte interessada desobriga-lo, ainda assim, as pessoas arroladas no art. 207 mantém a faculdade de não depor.
	De acordo com a Constituição Federal, Art. 53, §6º: Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
	De modo semelhante membros do MP e juízes não podem atuar em processo em que tenham servido como testemunha (Art. 252, inc. II, c/c Art. 258, ambos do CPP).
	Os advogados estão proibidos de depor, ainda que desobrigado pela parte interessada, conforme Art. 7º, inc. XIX da Lei. Nº 8.906/94 (Estatuto da OAB): recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;
	
	
Provas em espécie
	Somente em situações excepcionalíssimas, o advogado poderá depor, conforme preleciona o Art. 37 do Código de Ética e Disciplina da OAB: O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria.
b) Dever de comparecimento: Se a testemunha foi regularmente intimada, ela tem o dever de comparecimento sob pena de condução coercitiva, multa e imputação do crime de desobediência (Arts. 218 e 219, do CPP)
Art. 218.  Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência.  
	Nos termos do Art. 221, do CPP, O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados das Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
	O STF já sedimentou o entendimento de que a autoridade acima listada, sob pena de eximir-se da responsabilidade de testemunhas, deve ser inquirida em tempo razoável, caso contrário ela perde a prerrogativa.    
	
	
Provas em espécie
Atenção: a prerrogativa do Art. 221, do CPP, aplica-se somente às autoridades enquanto na condição de testemunha. Se figurarem como investigadas ou réus não tem o direito de serem inquiridas em local, hora e dia ajustados.
Questão: É possível a imputação de crime de falso testemunho à esposa que mente em processo em que o marido figura como réu? Não é elementar do crime de falso testemunho o compromisso de dizer a verdade.
Temer responde negativamente à maioria das perguntas da defesa de Cunha
Presidente foi arrolado por ex-deputado como testemunha no processo da Justiça Federal que apura desvios no FI-FGTS. Defesa de Cunha enviou 22 perguntas a Temer; veja respostas. 
Fonte: <https://g1.globo.com/politica/noticia/temer-responde-negativamente-as-perguntas-de-cunha-sobre-desvios-no-fi-fgts.ghtml> última visualização 24/04/2020
No caso em questão, o então presidente Temer foi arrolado como testemunha de defesa no processo que figurava como réu Eduardo Cunha. Na época, foi enviada ao presidente os questionamentos por escrito, o que levantou a questão sobre essa possibilidade.A esse respeito diz o Art. 221, § 1º, do CPP, O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. 
c) Dever de comunicar mudança de residência: Art. 224, do CPP: As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-comparecimento.
	
	
Provas em espécie
6.3. Procedimento para oitiva de testemunhas: 
a) Apresentação do rol de testemunhas:
	Segundo o Art. 41, do CPP, as testemunhas deverão ser arroladas na petição inicial, isto é, denúncia ou queixa-crime. No que tange à defesa, as testemunhas serão arroladas na primeira manifestação defensiva. No procedimento ordinário e sumário do CPP será na resposta à acusação (Art. 396-A, do CPP).
	Pelo menos em tese, se as partes não arrolam testemunha no momento oportuno, dar-se-á preclusão temporal, inviabilizando a oitiva das testemunhas no processo. Contudo, nada impede que o juiz determine a oitiva dessa testemunha, com fundamento no Art. 156, II, c/c 209, caput, do CPP.
b) Intimação das testemunhas: a testemunha será intimado pelo juízo a comparecer no dia e hora marcada para a audiência de instrução e julgamento. Caso a testemunha não compareça, o juiz poderá determinar a sua condução coercitiva, sem prejuízo de multa de 1 a 10 salários mínimos, responsabilização criminal pelo crime de desobediência e pagamento das custas da diligência de condução coercitiva.
c) Assunção de compromisso de dizer a verdade: a testemunha assume o compromisso de dizer a verdade, nos termos do Art. 203, do CPP. O compromisso, contudo, não será prestado por testemunhas menores de 14 anos, deficientes e doentes mentais, tampouco às pessoas a que se refere o Art. 206, do CPP: A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
	
	
Provas em espécie
d) Contradita e arguição de parcialidade da testemunha:
	Diz o Art. 214, do CPP: Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos Arts. 207 e 208.
	Contraditar a testemunha significa impugnar o seu depoimento com o objetivo de que a pessoa impedida de depor seja ouvida. As pessoas impedidas de depor estão no Art. 207, do CPP. O incidente deve ser resolvido pelo magistrado na própria audiência, antes de iniciar o depoimento.
	Na arguição de parcialidade, a parte pode alegar circunstâncias ou defeitos que tornem a testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé. Nessa última hipótese, o objetivo não é excluir a testemunha, apenas indicar que a testemunha é tendenciosa, o que será sopesado pelo magistrado quando da valoração de seu depoimento.
e) Colheita do depoimento (exame direto e exame cruzado): Art. 212, do CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
	Diferente do interrogatório, as perguntas serão formuladas às testemunhas diretamente pelo MP e pela defesa e o juiz poderá complementar a inquirição. Dessa forma, a colheita da prova é feita de maneira simplificada e pelas partes processuais, conservando a imparcialidade do magistrado para quem a prova é feita.
	As questões formuladas devem, evidentemente, guardar relação com os fatos sob julgamento, sob pena de vedação pelo juiz.
	
	
Provas em espécie
	Se conforme o novo regramento do Art. 212, do CPP, o juiz apenas complementa ao final da inquirição, se houver inversão dessa ordem, com o juiz, por exemplo, iniciando a inquirição, haverá nulidade? Segundo o entendimento do STJ, poderá haver nulidade relativa, devendo ser arguido no momento oportuna com a demonstração de prejuízo, sob pena de preclusão. 
f) Inversão da ordem de oitiva de testemunhas
	O Art. 400, do CPP, diz que “Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.”
	O Art. 222, do CPP, se refere à oitiva de testemunha por carta precatória, quando a testemunha a ser ouvida mora em outra comarca. Nesse caso, como a expedição de carta precatória não tem o condão de suspender o processo (Art. 222, §1º, do CPP), é perfeitamente possível que uma testemunha arrolada pela defesa seja ouvida antes da testemunha arrolada pela acusação no juízo deprecado.
7. Reconhecimento de pessoas e coisas
	Trata-se do meio de prova por meio do qual alguém identifica pessoa ou coisa em ato processual perante a autoridade policial ou judiciária, segundo procedimento previsto em lei.
	Quando houver a necessidade de se fazer reconhecimento de coisas ou pessoas, deverá ser observando o procedimento do Art. 226, do CPP.
	
	
Provas em espécie
	Prevalece, contudo, o entendimento que eventuais irregularidades relativas ao reconhecimento pessoal do acusado não ensejam nulidade, porquanto o Art. 226, do CPP, é apenas uma recomendação legal.
	Caso várias pessoas sejam chamadas para fazer o reconhecimento de pessoa ou objeto, cada uma fará em separado, evitando-se a comunicação entre elas.
7.1. Reconhecimento fotográfico e fonográfico
	O reconhecimento por fotografia não encontra previsão no CPP. No entanto, em virtude da liberdade probatória, tem sido admitido pela doutrina e pela jurisprudência, sendo considerada espécie de prova inominada.
	Segundo o STF é possível utilizar esse meio de prova, desde que corroborados por outros elementos. 
	Da mesmo forma que se admite o reconhecimento fotográfico se admite o reconhecimento fônico (clichê fônico). Quando, por exemplo, ocorre um crime com sujeitos encapuzados ou com capacete, é possível que se faça o reconhecimento através da voz. É evidente que não se pode lastrear um decreto condenatório exclusivamente com base nessa informação.
	Reconhecimento fonográfico × exame pericial de autenticidade de voz (exame pericial feito por perito oficial ou dois peritos não oficiais)
7.2. Acareação
	Acareação é pôr em presença uma da outra, face a face, pessoas cujas declarações são divergentes. É um ato processual consistente na confrontação das declarações de dois ou mais acusados, testemunhas ou ofendidos, já ouvido e destinados a obter o convencimento do juiz sobre a verdade de algum fato em que as declarações sejam divergentes.
	
	
Provas em espécie
	Art. 229, do CPP: A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
	Dois são os pressupostos para a realização da acareação: 1) As pessoas a serem acareadas já terem prestado suas declarações perante o juízo e sobre os mesmos fatos e circunstâncias; 2) Deve haver divergências sobre ponto relevante, ou seja, é necessário que exista contradição ou versões discrepantes sobre fatos relevantes

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