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LÍNGUA PORTUGUESA NÍVEL SUPERIOR TODOS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução, mesmo parcial e por qualquer processo, sem autorização expressa dos autores e da editora Cia do Estudo. Trabalhando pela sua conquista. Português 2 1. Leitura e compreensão de textos. .............................................................................. 03 2.Assunto ................................................................................................................... 03 3 Estruturação do texto ................................................................................................ 06 4.Ideias principais e secundárias ................................................................................... 07 5.Relação entre ideias .................................................................................................. 07 6.Ideia Central e Intenção Comunicativa ........................................................................ 08 7.Efeitos de sentido ..................................................................................................... 09 8.Figuras de linguagem e linguagem figurada ................................................................. 10 9.Recursos de argumentação ........................................................................................ 15 10.Coesão e coerência textuais ..................................................................................... 16 11.Significação de palavras e expressões no texto ........................................................... 18 12.Substituição de palavras e de expressões no texto ...................................................... 22 13. Estrutura e formação de palavras (Valor dos Afixos e dos Radicais) .............................. 23 14.Fonologia: conceito de fonemas, Relações entre fonemas e grafias, Encontro vocálicos e consonantais .............................................................................................. 24 15. Ortografia: sistema oficial vigente: Acentuação gráfica e acentuação tônica .................. 28 16. Classes de palavras: emprego e flexões. .................................................................. 33 17. Período simples e composto: colocação de termos e orações no período 36 18.coordenação e subordinação: emprego das locuções conjuntivas e pronomes relativos ................................................................................................................. 37 19. Termos essenciais, integrantes e acessórios da oração .............................................. 41 20. Relações morfossintáticas ....................................................................................... 44 21. Orações reduzidas: classificação e expansão ............................................................. 45 22. Concordância nominal e verbal ................................................................................ 47 23. Regência nominal e verbal ...................................................................................... 54 24. Paralelismo de regência .......................................................................................... 59 25. Vozes verbais e sua conversão, Sintaxe de colocação, Emprego dos modos e tempos verbais, Emprego do infinitivo ........................................................................ 60 26. Emprego do acento indicativo de crase ..................................................................... 62 27.Sinais de pontuação ................................................................................................ 63 28.Redação Oficial: Padrão Oficio .................................................................................. 64 COLETÂNEA DE PROVAS ATUAIS .............................................................................. 66 GABARITO ................................................................................................................ 75 Trabalhando pela sua conquista. Português 3 1. LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS 2 ASSUNTO A palavra texto, em seu sentido etimológico, significa tecedura, contexto, trama. É uma enunciação construída com coesão e coerência. Envolve sempre uma intenção e, como qualquer ato de comunicação, pressupõe um emissor e um destinatário. Todo texto envolve um enigma, e o seu entendimento decorre não apenas da compreensão de seu conteúdo temático, mas, de maneira decisiva, da identificação de sua intenção. É nesse ponto que se pode diferenciar aspectos envolvidos no ato de ler e observar a diferença entre ler e interpretar. Ler, lego em latim, significa colher tudo quanto vem escrito. Interpretar é eleger (ex- legere: escolher), ou seja, é selecionar os elementos fundamentais para realizar o sentido do texto. O leitor que interpreta deve saber cumprir sua tarefa de decifrar, compreender, escolher, traduzindo fielmente o mesmo, Quando o leitor compreende e interpreta a expressão escrita, torna-se um mediador que decifra uma mensagem, um mediador que faz uma co-enunciação resultante da possibilidade simbólica do evento do texto. O texto é obra humana, produto humano, e se expressa através dos mais variados meios simbólicos: peças de teatro, filmes, televisão, pinturas, esculturas, literaturas, poesia, livros científicos e filosóficos, artigos de revistas e jornais etc. O abrir-se ao texto pressupõe o diálogo com o seu autor, exige o “ouvir” a sua palavra, o seu mundo, a compreensão dos significados nele implícitos. Compreender, interpretar, significa ir além da simples dissecação a que se reduz o formalismo das técnicas de leitura que normalmente afastam, distanciam o leitor da obra. Alguns tópicos a ser observados: qual o assunto tratado? qual o problema central levantado pelo autor? diante do problema levantado, qual a posição assumida pelo autor? quais os argumentos apresentados que justificam a posição assumida pelo autor? quais os argumentos secundários apresentados pelo autor? A elaboração do esquema se faz necessária na primeira abordagem do texto, quando o leitor necessita adquirir a visão de conjunto dos temas e subtemas desenvolvidos pelo autor. Pergunta-se: de que fala o parágrafo? deve-se grifar as principais palavras, fazendo um levantamento a partir das palavras- chave elaborando um esquema das ideias. A interpretação do texto é uma reconstrução mais livre do tema abordado no texto básico o que pressupõe o diálogo com o autor, o questionamento das posições assumidas e a relação destas com outras abordagens. É um trabalho que consiste basicamente em apresentar a palavra do leitor, a sua posição frente às questões desenvolvidas, o que exige estudos aprofundados e fundamentalmente olhos críticos para o mundo. A análise de texto, enfim, é o esforço por descobrir lhe a estrutura, seu movimento interior, o valor significativo de suas palavras e de seu tema, tendo em mira a unidade Intrínseca de todos esses elementos. Pressupõe o exame da estrutura do trecho e da linguagem literária (o vocabulário, o valor das categorias gramaticais usadas), o tipo de figuras predominantes (símiles, imagens, metáforas... ), o valor da sintaxe predominante (frase ampla ou breve, tipos de subordinação e coordenação, frases elípticas...), a natureza dos substantivos escolhidos; tempos ou modos de verbo, uso expressivo do artigo, da conjunção, dos advérbios, das preposições, etc., tudo em função do significado essencial do todo. Uma boa análise de texto, isto é, de fragmento só pode ser realizada quando o todo, a que ele pertence, tiver sido perfeitamente interpretado. Veja os exemplos a seguir: TEXTO I O "brasil" com b minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação interior, pedaço de coisaque morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema; como, aliás, queriam alguns teóricos sociais do século XIX, que viam na terra - um pedaço perdido de Portugal e da Europa - um conjunto doentio e condenado de raças que, misturando-se ao sabor de uma natureza exuberante e de um clima tropical, estariam fadadas à degeneração e à morte biológica, psicológica e social. Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente, e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada. É igualmente um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode ser acelerada na festa do carnaval; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser trazida de volta na boa recordação da saudade. Tempo e temporalidade de ritmos localizados e, assim, insubstituíveis. Sociedade onde pessoas seguem certos valores e julgam as ações humanas dentro de um padrão somente seu. Não se trata mais de algo inerte, mas de uma entidade viva, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma Trabalhando pela sua conquista. Português 4 e se alarga para o futuro e para o passado, num movimento próprio que se chama História. Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido e parte misterioso, como um grande e poderoso espírito. Como um Deus que está em todos os lugares e em nenhum, mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e onipotente. Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto - tal como acontece com as divindades - será preciso produzir e provocar a sua manifestação para que se possa sentir sua concretude e seu poder. Caso contrário, sua presença é tão inefável como a do ar que se respira e dela não se teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste e pela percepção de algumas de suas manifestações mais contundentes.DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 11-12 01Na sua distinção entre "brasil" e "Brasil", o autor do texto I estabelece contraste entre ambos. O contraste que corresponde ao texto é: (A) brasil – um pedaço perdido de Portugal e da Europa / Brasil – um conjunto doentio e condenado de raças (B) brasil – sociedade onde as pessoas seguem certos valores / Brasil – entidade viva, cheia de autorreflexão e consciência (C) brasil – país com fronteira e território reconhecidos internacionalmente / Brasil – local com que os brasileiros têm uma ligação especial (D) brasil – objeto sem autoconsciência ou pulsação interior / Brasil – memória e consciência de um lugar especial para os brasileiros (E) brasil – um processo histórico contínuo / Brasil – uma forma sem vida TEXTO II CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho –, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras Onde canta o sabiá. DIAS, Antonio Gonçalves. Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959, p.103 Trabalhando pela sua conquista. Português 5 TEXTO III PAIVA, Miguel & SCHWARCZ, Lilia.Da colônia ao Império. Um Brasil para inglês ver.... São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 11 02Nos textos II e III, há um distanciamento da terra natal. Assinale a alternativa que não corresponde aos textos: (A) No texto III, há a referência à chegada do colonizador, à miscigenação do branco com o negro e à exploração da terra. (B) No texto III, os elementos caracterizadores da terra natal se encontram na expressão linguística, nos trajes e no meio de transporte. (C) As terras natais do personagem do texto III e do eu-lírico do texto II são diferentes. (D) Nos textos II e III, há o reconhecimento de que a terra estrangeira é pródiga e prazerosa. (E) A terceira estrofe do texto II e a última oração do texto III traduzem sentimentos distintos. RESPOSTA: 1. D 2. D Quando se tratar de responder as questões interpretativas, há alguns elementos que são comuns aos textos e se apresentam, normalmente da seguinte forma: a) a ideia básica do texto: O que o autor pretende provar com este texto? Se você interpretar corretamente, a resposta será a ideia básica. Ela pode estar claramente estampada na frase-chave (se for um texto dissertativo), ou, então pode ser depreendida através da leitura de todo o texto. b) os argumentos: O autor usa a argumentação com o objetivo de reforçar a ideia básica. Os argumentos apresentam-se como afirmações secundárias, ideias e afirmações que o autor usa para convencer o leitor quanto a validade de sua tese. Muitas vezes, o autor também usa a exemplificação e as citações de outros autores como recurso argumentativo. c) as objeções: Normalmente, o autor já conhece a contra argumentação e apresenta-a para então rebatê-la. É como se o autor estivesse tentando adivinhar as objeções que o leitor possa fazer quanto a validade de seu pensamento. Através desse recurso, o escritor pode tornar mais consistente e convincente a argumentação. Além disso, a melhor forma de realizar um bom trabalho de interpretação é seguir estas etapas: 1 - Leitura atenta do texto, procurando focalizar o seu núcleo, a sua ideia central. 2 - Reconhecimento dos argumentos que dão sustentação à ideia básica. 3 - Levantamento das possíveis objeções à ideia básica. 4 - Levantamento das possíveis exemplificações usadas para reforçar a ideia central. A partir desse esquema, torna-se mais fácil distinguir o essencial (a idéia básica) do secundário (justificativas e exemplificações). Trabalhando pela sua conquista. Português 6 3. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS A estrutura e a composição do parágrafo se relacionam com as ideias que queremos expressar. Temos ideias reunidas num parágrafo, quando elas se relacionam entre si pelo seu sentido. Dentro do mesmo parágrafo podemos ter diferentes ideias, desde que elas, reunidas, formem uma ideia maior. São qualidades principais do parágrafo, a unidade e a coerência. O período contém um pensamento completo que, embora se relacionando com os anteriores ou se ampliando nos posteriores, forma um sentido completo. Era uma borboleta. Passou roçando em meus cabelos, e no primeiro instante pensei que fosse uma bruxa ou outro qualquer desses insetos que fazem vida urbana; mas, como olhasse, vi que era uma borboleta amarela. (Rubem Braga) Temos aqui um parágrafo, com dois períodos. O primeiro período tem apenas uma ideia. O segundo, tem várias, mas forma um todo. No total, o primeiro e o segundo período formam um bloco homogêneo, o parágrafo. O período pode ser simples (como, no exemplo, a frase: “Era uma borboleta”) ou composto (como a frase: “Passou roçando (...) borboleta amarela”). No período simples temos apenas uma oração, no período composto temos várias orações articuladas entre si. A predominância de períodos longos ou curtos na composição de um texto depende muito do estilo de quem escreve. Na linguagem moderna predomina o uso de períodos curtos. Depois, as coisas mudaram. Há duas explicações para isso. Primeira, que nos tornamos homens, isto é, bichos de menor sensibilidade.Segunda, o governo, que mexeu demais na pauta dos feriados, tirando-lhes o caráter de balizas imutáveis e amenas na estrada do ano... Multiplicaram-se os feriados enrustidos, ou dispensas de ponto e de aula, e perdemos, afinal, o espírito dos feriados. (Carlos Drummond de Andrade) Nesse parágrafo de Carlos Drummond de Andrade, escritor brasileiro contemporâneo, os períodos curtos predominam. Em escritores do Romantismo, os períodos longos eram frequentes e abundantes, como, por exemplo, neste trecho de José de Alencar: Felizmente todo o deserto tem seus oásis, nos quais a natureza, por um faceiro capricho, parece esmerar-se em criar um pequeno berço de flores e de verdura concentrando nesses cantinhos de terra toda a força de seiva necessária para fecundar as vastas planícies. O uso de períodos curtos oferece a vantagem de maior clareza de pensamento (e, em última análise, de comunicação), evitando-se o perigoso entrelaçamento de frases em que se pode perder quem utiliza períodos muito longos. No período composto os pensamentos podem se articular por coordenação ou subordinação. introdução: apresentação do assunto (tese); desenvolvimento: exposição de argumentos (justificativas, exemplos e evidências factuais que deem sustentação à tese); conclusão: arremate das ideias. Veja o seguinte texto: No Brasil, criar paixões nacionais tornou- se o viver e o vegetar de grupos de comunicação. Tomaremos por exemplo o caso das redes de televisão. As maiores se digladiam em busca de lançamentos, na maioria musicais, que não precisam ser duradouros, nem necessitam ser compromissadas com a cultura e com a instrução de um povo todo. Vemos a maior das redes de televisão do país como uma verdadeira fábrica de paixões. Não pesa que os protagonistas venham de onde vierem, sejam explosivos. Seu clássico jornalístico-cultural-domingueiro está para o brasileiro desejoso de mudanças como o tempo para o carro velho. Vai-se somando um defeito e lá vem eles com uma nova doença. Novidades que são lançadas até dentro de nossa sala, com rótulo de culturais, são na realidade, nova injeção de capital nos cofres dos grandes grupos. Ótimo se não saísse do esvaziado, vilipendiado bolso popular. São febres. Casos como a lambada, a explosão baiana de Daniela Mércuri, a eleição manipulada do letrado mocinho e seu posterior afastamento atribuindo à pressão dos caras- pintadas (só se for de palhaços crédulos e usados), a morte da atriz, transformando na Sexta novela diária, incluso no telejornal do horário nobre global, o ouro olímpico dos meninos-do-Brasil, e, finalmente da música sertaneja, que na nossa modesta opinião B e não imploramos adeptos- é sumariamente a valorização da estética do feio. Pegaram a meada inteira da enrolação e da alienação de um povo. Dizem que o brasileiro é apaixonado pelo futebol. Discordo. O povo brasileiro ama o futebol. Nenhuma paixão atravessaria tantas dezenas de anos de alegrias e tristezas.” Na Introdução o vestibulando já expôs, diretamente, sua opinião sobre o tema: a criação de paixões nacionais. Trabalhando pela sua conquista. Português 7 No Desenvolvimento: Afunila a abordagem do tema, ou seja, parte dos grupos de comunicação e chega até a TV. No outro parágrafo restringe ainda mais, tocando na maior das redes. Tece considerações sobre como a mídia influencia na cultura do brasileiro. Na Conclusão exalta o futebol como sendo um grande amor e não uma paixão! Mereceu ter uma boa colocação! 4. IDEIAS PRINCIPAIS E SECUNDÁRIAS Para compreendermos um texto é necessário descobrir sua estrutura interna; nela encontraremos ideias principais e secundárias e precisamos descobrir como essas ideias se relacionam. As ideias principais giram em torno do tema central, de um assunto-núcleo contida no texto; a ela somam-se as secundárias, que só são importantes enquanto corroboradas do tema central. Se há ideias principais e secundárias, como ocorre relação entre elas? Muitas vezes, a técnica usada é a de explanação de ideias “em cadeia”; ocorre a explanação da ideia básica e, a seguir, o desdobramento dessa ideia nos parágrafos subsequentes, a fim de discutir, aprofundar o assunto. A clareza e a objetividade devem caracterizar a estrutura do texto, para que as ideias nela contidas possam atingir o propósito de sua mensagem. Tal propósito, por sua vez, pode ser alcançado através dos mecanismos linguísticos que se associam às relações de coordenação e subordinação de ideias-conjunções. Vejamos, pois, como uma série de enunciados simples, coordenados e relacionados pelo sentido, pode articular-se para formar um período complexo em que haverá uma ideia principal e outras que lhe servirão de suporte: Júlia chegou ao Chile em 1985. Ela não contava ainda com seis anos. Ela teve que acompanhar a família. Após a chegada, matriculou-se logo numa escola para estrangeiros. Ideia mais importante: a chegada de Júlia. Admitamos que o fato considerado mais importante seja a chegada de Júlia ao Chile. A versão do período poderia ser a seguinte: „“Júlia, que não contava ainda com seis anos, chegou em 1985 ao Chile, para onde ela teve de acompanhar a família, matriculando-se numa escola para estrangeiros”. Da oração principal “Júlia chegou em 1985 ao Chile” dependem as demais. 5. RELAÇÃO ENTRE IDEIAS A construção textual deve ser a construção de um todo compreensível aos olhos do leitor. A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele. Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam um outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível. O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital. Em uma redação, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve uma quebra de coerência textual. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ Trabalhando pela sua conquista. Português 8 textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc. Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual: "No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar" “Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.” “Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar” “Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo” “Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.” A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da língua, mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. A coerência é a correspondência entre as ideias do texto de forma lógica. Quando o entendimento de determinado texto é comprometido, imediatamente alguém pode afirmar que ele está incoerente. Na maioria das vezes esta pessoa está certaao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das ideias se resumem à coerência ou a coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas. O que nos resta é nos atualizarmos constantemente para podermos ter um maior domínio do processo de produção textual. 6. IDEIA CENTRAL E INTENÇÃO COMUNICATIVA IDEIA CENTRAL Considera-se que uma ideia é o primeiro dos atos do entendimento, limitando-se ao simples conhecimento de algo. Uma ideia, por conseguinte, é uma imagem mental de um objeto ou o conhecimento racional que se gera a partir das condições naturais do entendimento. A noção de central, por outro lado, tem diversos usos. Pode-se tratar do espaço onde convergem ações coordenadas e daquilo que é o básico ou essencial de algo. A ideia central, por conseguinte, é o conteúdo mais importante de uma obra, de uma proposta, de um projeto, etc. Sem essa ideia central, a obra não se entenderia ou perderia o seu valor. Exemplos: “A ideia central do Capuchinho Vermelho é que não se deve desobedecer aos pais”, “Gostei do filme, mas não estou de acordo com a sua ideia central”, “Senhor candidato, queremos saber qual é a ideia central da sua proposta para reduzir a taxa de desemprego”, “A minha ideia central é deitar abaixo esta parede e aumentar a sala de estar”. Pode-se dizer que a ideia central é o mais relevante de um texto ou de outra manifestação do pensamento. Se pegarmos no caso concreto dos textos, notaremos que são compostos por diversos pensamentos ou ideias. Muitas destas ideias são secundárias ou acessórias: ajudam a criar um contexto e a reforçar o essencial, mas pode-se prescindir delas sem alterar o significado do texto. A ideia central, no entanto, é a base que sustenta/defende o autor e que lhe permite contar com o que deseja. INTENÇÃO COMUNICATIVA: O objetivo maior da Literatura é o ato da comunicação, ou seja, a troca de informações, mensagens. Isto se dá através de uma conversa, leitura, mensagem visual ou escrita. Podemos definir como intenção comunicativa todo e qualquer ato ou pensamento que leve a uma comunicação. Para que haja uma comunicação são necessários os elementos básicos: emissor, receptor, canal e código, assim classificados: Emissor: Ser que emite uma mensagem seja ela escrita ou falada, ponto de partida da comunicação. Ex.: Escritor de um livro, falante de uma conversa, autor de uma redação. Receptor :Ser que recebe uma mensagem, seja ela escrita ou falada. Ex.: leitor de um livro, ouvinte em uma conversa. Canal: Modo pelo qual à mensagem é enviada. EX.: Livro, carta, e-mail, voz. Código: Conteúdo de uma mensagem escrita ou falada. http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coerencia-textual/ Trabalhando pela sua conquista. Português 9 EX.: Assunto de uma conversa, livro ou carta. FUNÇÃO COMUNICATIVA: Sempre que elaboramos uma mensagem escolhemos um modo para tal, a isso damos o nome de função comunicativa, a escolha de como elaborar uma mensagem escrita ou falada. Existem as seguintes maneiras ou funções: FUNÇÃO EMOTIVA: Toda comunicação elaborada com uso opinativo, linguagem lírica. EX.: redações, poesias, biografias, tudo que envolve uma linguagem onde afloram opiniões ou sentimentos. FUNÇÃO CONOTATIVA: Essa talvez a mais usada diariamente. Definida pela adaptação da mensagem pelo emissor ao receptor, receptores. EX.: Um médico dialogando com seu paciente e com outros médicos, mesmo que o assunto seja o mesmo, a maneira as palavras serão diferentes devido à capacidade do paciente em entender termos médicos; um advogado em júri ou falando com seu cliente; político em plenária e falando ao povo em comício. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: Função que estuda à gramática ou aspectos ligados a uma Língua. EX.: Gramática, dicionário, questões de interpretação textuais. FUNÇÃO FÁTICA: Função que apresenta uma comunicação. EX.: Introdução de uma redação, prefácio de uma obra literária, início de um diálogo. 7. EFEITOS DE SENTIDO Os estudos do discurso defendem a ideia segundo a qual o sentido não se constitui apenas pelo reconhecimento das palavras e dos enunciados de uma língua, pois ela não é um código a ser decifrado. Da mesma forma, o sentido não é determinado pelo locutor e nem pelo interlocutor, pois é necessário que as expressões linguísticas sejam associadas aos discursos, que são de natureza social e não individual. Daí advém a tese de que há efeitos de sentido na enunciação escrita ou oral, tendo em vista que o sentido não tem origem nem nos interlocutores e nem na língua, mas se constitui na relação entre interlocutores no uso da língua, frente às condições sociais de produção do enunciado. Vejamos um exemplo: em “Pedro tem um coração grande”, podemos conceber pelo menos três situações discursivas nas quais a enunciação dessa frase configura efeitos de sentido específicos. Na primeira, o enunciado é associado ao diagnóstico de uma doença do coração que faz aumentar o seu tamanho (cardiomegalia). Os efeitos de sentido desse enunciado podem ser compreendidos por manifestações de pertinência discursiva na interlocução do tipo “a medicina pode vir a curá- lo”, ou “temos de nos preparar para um afastamento dele na empresa” ou mesmo “nós somos uma máquina muito frágil”. Na segunda situação, o enunciado é relativo ao depoimento de um amigo ressaltando as qualidades de Pedro. Nesse caso, os efeitos de sentido do enunciado podem ser vislumbrados por manifestações do tipo “ele se dispõe a ajudar a todos que o procuram” ou “ele perdoa até quem lhe quer mal”. Por sua vez, numa terceira situação, o enunciado poderia ser associado a um alerta sobre a indicação de Pedro para presidir uma comissão destinada a cortar despesas de uma instituição em dificuldades financeiras. Os efeitos de sentido do enunciado podem ser percebidos em manifestações do tipo “ele não consegue ser firme na decisão de dispensar funcionários” ou “ele cede facilmente perante apelos emocionais”. Dessa maneira, o sentido, concebido como efeito, não é algo que advém do enunciado em si, mas da relação de pertencimento que ele mantém com sentidos já produzidos, reconhecidos socialmente no âmbito de um diagnóstico médico, um depoimento sobre virtudes pessoais, um alerta, etc. Essas três regiões de discurso (diagnóstico, depoimento e alerta) são capazes de absorve refeitos de sentido diferentes para o enunciado “Pedro tem um coração grande”. Na prática pedagógica, esse conceito é importante porque apresenta uma visão dinâmica do funcionamento da linguagem. Com ele, o professor, nas atividades de leitura e produção de texto, pode mostrar ao aluno que a inserção social do indivíduo na sociedade envolve o conhecimento das regiões de discurso que se constituem na sua comunidade com vistas a produzir enunciados pertinentes. 8. FIGURAS DE LINGUAGEM E LINGUAGEM FIGURADA Como a Linguagem Figurada usa um tipo de discurso não convencional é comum que haja confusões na sua interpretação, especialmente quando ela depende do contexto de cada indivíduo e não é fomentada pelo bom senso da sociedade. Em termos semânticos, podemos dizer que as figuras de linguagem compõem a linguagem figurada, transformando-a assim no oposto da linguagem literal. As figuras de linguagem são as seguintes: Figuras de palavra; Figuras de construção; Figuras de pensamento; Figuras de som. FIGURAS DE LINGUAGEM São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som, figuras de palavras, figuras de pensamentoe figuras de construção. Classificação das Figuras de Linguagem Observe: 1) Fernanda acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia. 2) "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela." 3) Seus olhos eram luzes brilhantes. Nos exemplos acima, temos três tipos distintos de figuras de linguagem: Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na terceira frase, um termo citado anteriormente - o verbo acordar. Repare que a segunda e a última frase do primeiro exemplo devem ser entendidas da seguinte forma: "Renata acordou às nove horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma figura de construção ou de sintaxe. Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as palavras fecha e abre, que possuem significados opostos. Temos, assim, uma figura de pensamento. Exemplo 3: a força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes brilhantes. Essa associação nos permite uma transferência de significados a ponto de usarmos "olhos" por "luzes brilhantes". Temos, então, uma figura de palavra. FIGURA DE PALAVRA A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. Esses dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: a metáfora e a metonímia. METÁFORA A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da mesa", "braço da cadeira"). Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece. Observe a gradação no processo metafórico abaixo: Seus olhos são como luzes brilhantes. O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Nesse exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim um símile, ou seja, qualidade do que é semelhante. Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Essa é a verdadeira metáfora. Observe outros exemplos: 1) "Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa) Trabalhando pela sua conquista. Português 11 Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). 2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum. Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum. METONÍMIA A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo: 1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.) 3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.) 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.) 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.) 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.) 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.) 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.) 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.) 10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.) 11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.) 12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.) 13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.) 14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.) Saiba que: Atualmente, não se faz mais a distinção entre metonímia e sinédoque (emprego de um termo em lugar de outro), havendo entre ambos relação de extensão. Por ser mais abrangente, o conceito de metonímia prevalece sobre o de sinédoque. CATACRESE Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: "asa da xícara" "batata da perna" "maçã do rosto" "pé da mesa" "braço da cadeira" "coroa do abacaxi" PERÍFRASE Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia. Exemplos: O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem. O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem. O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Trabalhando pela sua conquista. Português 12 SINESTESIA Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplos: Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil) No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual) Figuras de Pensamento Dentre as figuras de pensamento, as mais comuns são: ANTÍTESE Consiste na utilização de dois termos que contrastam entre si. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. Observe os exemplos: "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) O corpo é grande e a alma é pequena. "Quando um muro separa, uma ponte une." "Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves) Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma. PARADOXO Consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditórias. Veja o exemplo: Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas. EUFEMISMO Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante. Exemplos: Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu) O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) IRONIA Consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo,ou ainda em ressaltar algum aspecto passível de crítica. A ironia deve ser muito bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor. Veja os exemplos abaixo: Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima! Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto. HIPÉRBOLE É a expressão intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos: Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. "Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac) PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO Consiste em atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos. Observe os exemplos: As pedras andam vagarosamente. O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia. A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse. Chora, violão. APÓSTROFE Consiste na "invocação" de alguém ou de alguma coisa personificada, de acordo com o objetivo do discurso que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos: Trabalhando pela sua conquista. Português 13 Moça, que fazes aí parada? "Pai Nosso, que estais no céu..." "Liberdade, Liberdade, Abre as asas sobre nós, Das lutas, na tempestade, Dá que ouçamos tua voz..." (Osório Duque Estrada) GRADAÇÃO Consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax; quando é descendente, o anticlímax. Observe este exemplo: Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões... O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos olhos de Joana. Para chegar a esse detalhe, ele se refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos: "Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor". (Olavo Bilac) "O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira) FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU SINTÁTICAS As figuras de construção ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido. ELIPSE Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto. Exemplos: 1) A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.) 2) Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira. (Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho e amo permitem-nos a identificação do sujeito em elipse "eu".) 3) Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para o trabalho, pois estava atrasada.) 4) As rosas florescem em maio, as margaridas em agosto. (As margaridas florescem em agosto.) ZEUGMA Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. Exemplos: Ele gosta de geografia; eu, de português. Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos. Ela gosta de natação; eu, de vôlei. No céu há estrelas; na terra, você. SILEPSE A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, porque se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa. SILEPSE DE GÊNERO Os gêneros são masculinos e femininos. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com ideia que o termo comporta. Exemplos: 1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso. Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho). 2) Vossa excelência está preocupado. Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência. SILEPSE DE NÚMERO Os números são singulares e plurais. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador. Como vai a turma? Estão bem? O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram, estão e gritavam não concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, procissão, turma e povo, respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão no plural. Trabalhando pela sua conquista. Português 14 SILEPSE DE PESSOA Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos: O que não compreendo é como os brasileiros persistamos em aceitar essa situação. Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. "Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (Machado de Assis) Observe que os verbos persistamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasileiros, agricultores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas). POLISSÍNDETO / ASSÍNDETO Para estudarmos essas duas figuras de construção, é necessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período composto. No período composto por coordenação, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção: 1) POLISSÍNDETO É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac) "Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza. 2) ASSÍNDETO É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. "Vim, vi, venci." (Júlio César) PLEONASMO Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo: O problema da violência, é necessário resolvê- lo logo. Nesta oração, os termos "o problema da violência" e "lo" exercem a mesma função sintática: objeto direto. Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pronome "lo" classificado como objeto direto pleonástico. Outro exemplo: Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas. Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto pleonástico. Exemplos: "Vi, claramente visto, o lumo vivo." (Luís de Camões) "Ó mar salgado, quanto do teusal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa) "E rir meu riso." (Vinícius de Moraes) "O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem." (Manuel Bandeira) Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quando confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo vicioso. Exemplos: Vi aquela cena com meus próprios olhos. Vamos subir para cima. ANÁFORA É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual. Os termos anafóricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes relativos. Assim, observe o exemplo abaixo: Encontrei um amigo ontem. Ele disse-me que te conhecia. O termo ele é um termo Trabalhando pela sua conquista. Português 15 anafórico, já que se refere a um amigo anteriormente referido. Observe outro exemplo: "Se você gritasse Se você gemesse, Se você tocasse a valsa vienense Se você dormisse, Se você cansasse, Se você morresse... Mas você não morre, Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade) ANACOLUTO Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do período. Veja o exemplo: Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles. A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma interrupção da frase e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento. Exemplos: O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem. A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco) Obs.: o anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, deve-se evitá-lo. HIPÉRBATO / INVERSÃO É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração. Exemplos: São como cristais as palavras. (Na ordem direta seria: As palavras são como cristais.) Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas.) FIGURAS DE SOM ALITERAÇÃO Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo. Exemplos: Três pratos de trigo para três tigres tristes. O rato roeu a roupa do rei de Roma. "Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." Cruz e Souza (Aliteração em "v") ASSONÂNCIA Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. Exemplos: "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral." ONOMATOPEIA Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade. Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem. Miau, miau. (Som emitido pelo gato) Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar. Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã. 9. RECURSOS DE ARGUMENTAÇÃO Interpretar (coerentemente e relacionado todas as informações), organizar (coesão, progressão textual, encadeamento de ideias, evitar digressões), relacionar (seu projeto de texto defendendo seu ponto de vista – informações mal articuladas podem gerar contradições ou parecer aleatórias na construção dos argumentos). Vejamos os recursos argumentativos que nos ajudam a colocar essas habilidades em prática. Um argumento é uma manifestação linguística construída por enunciados que, relacionados, conduzem a uma conclusão. Este argumento deve ser elaborado de maneira que produza um efeito de sentido de objetividade. Argumento de autoridade Significa basear uma afirmação no saber notório de uma autoridade reconhecida em determinada http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/shield17.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/shield17.png Trabalhando pela sua conquista. Português 16 área de conhecimento. É uma maneira de trazer para o enunciado a credibilidade da autoridade citada. Argumento de consenso São enunciados que não exigem demonstração ou provas porque seu conteúdo é aceito como válido por consenso dentro de um espaço sociocultural. Quando você afirma que “investir em educação é necessário para a erradicação da desigualdade social”, trata-se de um consenso, pois todos pensam da mesma forma. Cabe destacar que é preciso ser econômico ao usar esse recurso, afinal, trata-se de argumentos que “todos” já conhecem. Argumento de provas concretas É a comprovação pela experiência ou observação por meio da apresentação de dados documentados, informações que confirmam a validade do que você afirma. Os textos jornalísticos são os que mais utilizam esse recurso. Esses dados podem vir de levantamentos estatísticos, relatórios e pesquisas. No entanto, para um argumento ter força e credibilidade, a fonte usada deve ser confiável. É um recurso com grande poder de persuasão, pois relaciona o tema com fatos da realidade e demonstra que o candidato tem conhecimento. Argumentos de ilustração É o uso de exemplos para comprovar uma afirmação. Aqui se demonstra que a ideia apresentada não fica só na teoria, ela acontece no mundo “real” de fato. No então, também é preciso ser econômico e não fazer parágrafos inteiros de exemplos, isso seria tangenciar o tema. Reserve seus exemplos para o último período do parágrafo. Argumentação lógica Baseia-se na operação de raciocínios lógicos, como as implicações de causa e consequência, analogia ou condição. Se você escreve, por exemplo, uma redação sobre o aumento da violência nos centros urbanos, podemos indicar a pobreza e a desigualdade social como causas, e a sensação de insegurança das classes mais abastadas como consequência. Argumentação de competência linguística Trata-se de adequar as competências de linguagem do enunciador para aproximar-se do interlocutor ou público-alvo. Na redação do Enem, por exemplo, é importante o domínio na língua padrão. 10. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Para compreender um pouco melhor os conceitos de Coerência textual e de Coesão textual, e também para distingui-los, vejamos: O que é coesão textual? Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos: A. as referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.pnghttp://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/standing75.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/verified9.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/drawing20.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ensamble.png http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/english.png Trabalhando pela sua conquista. Português 17 compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora. B. as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra). C. os conectores (elementos que fazem a coesão interfrástica): Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos. D. a correlação dos verbos (coesão temporal e aspetual): consiste na correta utilização dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos. São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias. O que é coerência textual? Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo: "As ruas estão molhadas porque não choveu" Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente. Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos: 1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica. 2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente 3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto. Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA. Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao leitor. Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da mensagem. Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto. Vale salientar também que há muito para se estudar sobre coerência e coesão textuais, e que cada um dos conceitos apresentados acima podem e devem ser melhor investigados para serem melhor compreendidos. 11. SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES NO TEXTO http://www.infoescola.com/portugues/anafora-e-catafora/ http://www.infoescola.com/portugues/anafora-e-catafora/ http://www.infoescola.com/portugues/tempos-verbais/ http://www.infoescola.com/portugues/tempos-verbais/ http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ Entendemos por semântica, a ciência que estuda o significado das palavras. Quando analisamos algumas expressões (considerando a concepção e bagagem cultural de cada um), percebemos que há palavras que possuem uma semântica muito intensa, ou seja, com várias possibilidades de interpretações. É importante frisar que mesmo elas possuindo semelhança na grafia e nos sons, são divergentes no sentido, deixando a diferenciação ser notada apenas pelo contexto em que elas estão envolvidas. Significação das Palavras Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes categorias: Sinônimos As palavras que possuem significados próximos são chamadas sinônimos. Exemplos: casa - lar - moradia - residência longe - distante delicioso - saboroso carro - automóvel Observe que o sentido dessas palavras são próximos, mas não são exatamente equivalentes. Dificilmente encontraremos um sinônimo perfeito, uma palavra que signifique exatamente a mesma coisa que outra. Há uma pequena diferença de significado entre palavras sinônimas. Veja que, embora casa e lar sejam sinônimos, ficaria estranho se falássemos a seguinte frase: Comprei um novo lar. Obs.: o uso de palavras sinônimas pode ser de grande utilidade nos processos de retomada de elementos que inter-relacionam as partes dos textos. Antônimos São palavras que possuem significados opostos, contrários. Exemplos: mal / bem ausência / presença fraco / forte claro / escuro subir / descer cheio / vazio possível / impossível Polissemia Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos contextos em que aparece. Veja alguns exemplos de palavras polissêmicas: cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, da faca) banco (instituição comercial financeira, assento) manga (parte da roupa, fruta) Homônimos São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas significados diferentes. Veja alguns exemplos no quadro abaixo: acender (colocar fogo) ascender (subir) acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) Trabalhando pela sua conquista. Português 19 céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) Trabalhando pela sua conquista. Português 20 tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Homônimos Perfeitos Possuem a mesma grafia e o mesmo som. Por Exemplo: Eu cedo este lugar para a professora. (cedo = verbo) Cheguei cedo para a entrevista. (cedo = advérbio de tempo) Atenção: Existem algumas palavras que possuem a mesma escrita (grafia), mas a pronúncia e o significado são sempre diferentes. Essas palavras são chamadas de homógrafas e são uma subclasse dos homônimos. Observe os exemplos: almoço (substantivo, nome da refeição) almoço (forma do verbo almoçar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo) gosto (substantivo) gosto (forma do verbo gostar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo) Parônimos É a relação que se estabelece entre palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita. Veja alguns exemplos no quadro abaixo. absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver) apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico) aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar) arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo) bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe) cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir) delatar (denunciar) dilatar (alargar) descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir) despensa (local onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar) docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos) emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) Trabalhando pela sua conquista. Português 21 eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente) eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado) estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar) flagrante (evidente) fragrante (perfumado) fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar) fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo) imergir (afundar) emergir (vir à tona) inflação (alta dos preços) infração (violação) infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) mandado (ordem judicial) mandato (procuração) peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo) precedente (que vem antes) procedente (proveniente; que tem fundamento) ratificar (confirmar) retificar (corrigir) recrear (divertir) recriar (criar novamente) soar (produzir som) suar (transpirar) sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito) sustar (suspender) suster (sustentar) tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente) 12. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS E DA EXPRESSÕES NO TEXTOS Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de um texto: 1. Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de palavras ou expressões do mesmo campo associativo. 2. Normalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar / desgaste / desgastante). 3. Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de intenção articulatória, e não uma redundância - resultado Trabalhando pela sua conquista. Português 22 da pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima) 4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na maior especificidade do significado de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais genérico). 5. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais específico. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com gato. 6. Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano vindouro) A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas orações.). Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os componentes concentram em si a significação. Elisa Guimarães (2) nos ensina a esse respeito: “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).” Esse conceito será de grande valia quando tratarmos do uso dos pronomes demonstrativos. Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que haja sentido no texto, esse é o papel da coerência, e coerência se relaciona intimamente a contexto. Como nosso intuito nesta página é a apresentação de conceitos, sem aprofundá-los em demasia, bastam-nos essas informações. Vejamos como o examinador tem abordado o assunto: (PROVA AFTN/RN) Assinale a opção em que a estrutura sugerida para preenchimento da lacuna correspondente provoca defeito de coesão e incoerência nos sentidos do texto. A violência no País há muito ultrapassou todos os limites. ___1___ dados recentes mostram o Brasil como um dos países mais violentos do mundo, levando-se em conta o risco de morte por homicídio. Em 1980, tínhamos uma média de, aproximadamente, doze homicídios por cem mil habitantes. ___2___, nas duas décadas seguintes, o grau de violência intencional aumentou, chegando a mais do que o dobro do índice verificado em1980 – 121,6% –, ___3___, ao final dos anos 90 foi superado o patamar de 25 homicídios por cem mil habitantes. ___4___, o PIB por pessoa em idade de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a cada queda de 1% do PIB a violência crescia mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990. Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostram que os custos da violência consumiram, apenas no setor saúde, 1,9% do PIB entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização letal se distribui de forma desigual: são, sobretudo, os jovens pobres e negros, do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, que têm pago com a própria vida o preço da escalada da violência no Brasil. (Adaptado de http://www.brasil.gov.br/acoes.htm) a) 1 – Tanto é assim que b) 2 – Lamentavelmente c) 3 – Ou seja d) 4 – Simultaneamente e) 5 – Se bem que COMENTÁRIO: As lacunas no texto ocultam palavras e expressões que atuam como conectores – ligam orações estabelecendo relações semânticas entre os períodos. A banca sugere algumas opções de preenchimento. Dessas, a única que não atende ao solicitado é a de número 5, uma vez que a expressão “Se bem que” deveria introduzir uma oração de valor concessivo, estabelecendo, assim, ideia contrária à que foi apresentada até então pelo texto. Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica as informações anteriores ao fornecer dados complementares às estatísticas sobre homicídios. Sendo aceita a sugestão da banca, a coerência textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é a opção E. 13. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS - VALOR DOS AFIXOS E DOS RADICAIS Observe as seguintes palavras: escol-a escol-ar escol-arização escol-arizar sub-escol-arização Observando-as, percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do elemento destacável -ar. Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos, podemos depreender a existência de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema. CLASSIFICAÇÃO DOS MORFEMAS: Radical Há um morfema comum a todas as palavras que estamos analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que faz com que as consideremos palavras de uma mesma família de significação – os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua significação principal. Afixos Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas sub- e – arização à forma escol- criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de afixos. Quando são colocados antes do radical, como acontece com sub-, os afixos recebem o nome deprefixos. Quando, como –arização, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos. Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe gramatical, são capazes de introduzir modificações de significado no radical a que são acrescentados. Desinências Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo). Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinências nominais e desinências verbais. • Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes. • Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais): cant-á-va-mos cant-á-sse-is cant: radical cant: radical -á-: vogal temática -á-: vogal temática -va-:desinência modo- temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo) -sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo) -mos:desinência número-pessoal (caracteriza a primeira pessoa do plural) -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural) Trabalhando pela sua conquista. Português 24 Vogal temática Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais, surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vogais temáticas. • Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática. • Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática é - e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. primeira conjugação segunda conjugação terceira conjugação govern-a- va estabelec- e-sse defin-i-ra atac-a-va cr-e-ra imped-i- sse realiz-a- sse mex-e-rá ag-i-mos Vogal ou consoante de ligação As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, tricota. 14. FONOLOGIA: CONCEITO DE FONEMAS. RELAÇÕES ENTRE FONEMAS E GRAFIAS ENCONTRO VOCÁLICOS E CONSONANTAIS A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono ("som, voz") e log, logia ("estudo", "conhecimento"). Significa literalmente "estudo dos sons" ou "estudo dos sons da voz". O homem, ao falar, emite sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar esses sons no ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são estudadas pela fonética. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre os pares de palavras: amor - ator morro - corro vento - cento Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que você, como falante de português, guarda de cada um deles. É essa imagem acústica, esse referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema. Os fonemas formam os significantes dos signos
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