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Aconselhamento psicológico

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Aconselhamento
psicológico
 Referências: SCHMIDT. O nome, a
taxonomia e o campo do
aconselhamento psicológico.
Aconselhamento psicológico numa
perspectiva fenomenológica existencial
Quando Freud percebe isso, ele expulsa tais
profissionais da sociedade de psicanálise. Freud
acreditava que a psicanálise podia ser uma
formação a parte de outras profissões. 
 O nome aconselhamento a representação prescritiva,
próxima àquela dos manuais de instrução, com a qual
muitos alunos se aproximam da palavra conselho,
intenta-se opor o conselho como derivado da sabedoria
sintetizada nas narrativas tradicionais que, pelo
trabalho de reflexão e sua conexão com a experiência de
um ouvinte, se consagra. 
 O verbo aconselhar abriga tanto os sentidos de
mostrar, indicar, sugerir quanto o de uma troca de
idéias e opiniões, numa situação em que vários indivíduos
se reúnem para ponderar e decidir com prudência sobre
algum assunto. Genericamente, recobre ainda o
espectro de significados que vai da indicação da
conveniência, necessidade de algo, da recomendação ou
sugestão ao intercâmbio de ideias.
 Na esfera da psicologia ou da pedagogia, o
aconselhamento nomeia o auxílio ou orientação que um
profissional presta ao paciente nas decisões que este
deve tomar quanto à escolha de profissão, cursos, entre
outras, ou quanto à solução de pequenos desajustes de
conduta. 
 Essa definição de dicionário, bem como a imagem
perturbadas para os alunos, de uma prática obrigada a
fornecer solução de pequenos desajustamentos ou
direções para decisões, tem raízes na teoria e nas
práticas iniciais do aconselhamento psicológico.
 Assim, o aconselhamento vai se propor a oferecer
escuta e se propõe a um auxilio diretivo. Há assim a
influência dos Estados Unidos - nessa época (dec. 20)
apenas os psiquiatras podiam fazer psicanálise
(psicoterapia) 
 
 Há, além disso, a implicação das divisões disciplinares
na institucionalização de áreas de atuação profissional.
No Brasil, a lei 4119 que regulamenta a profissão de
psicólogo, designa como suas funções o diagnóstico
psicológico, a orientação e seleção profissional, a
orientação psicopedagógica e a solução de problemas de
ajustamento. Como se vê, a psicoterapia não foi
contemplada
 (...) migração da esfera da prática eclética de vários
indivíduos, com ou sem formação profissional específica,
como padre, amigos entre outros, para a esfera de uma
atividade controlada pelos dispositivos científicos. Mas
paralelamente, desenha um espaço para o exercício
profissional, relativamente exclusivo do psicólogo, na
medida em que institucionaliza e legitima a autoridade
do especialista contra o leigo. 
 A teoria traço e fator é considerada ponto inicial da
afirmação do aconselhamento psicológico como prática
especializada e área de atuação e conhecimento da
psicologia. Nasceu estreitamente ligada à orientação
vocacional e à psicometria. 
 Duas concepções são centrais nessa teoria: a de que
cada indivíduo é portador de um conjunto de
potencialidade passíveis de medição objetiva, as quais
podem ser correlacionadas com habilidades e
características exigidas por diferentes profissões,
derivando daí sua proximidade com o desenvolvimento
de teste; e a concepção de unidade entre organismo e
ambiente, com reconhecimento da influência do
ambiente e do grupo social no individual, remetendo à
função de ajustamento do aconselhamento. 
 O conselheiro assume o lugar e o papel de modelo,
veiculando normas de conduta, valores sociais e hábitos
de cidadania. Essa atuação baseia-se na confiança no
poder da educação como meio para atingir a “boa
adaptação” social, e na crença no valor preditivo dos
testes de aptidões e de personalidade.
A teoria traço e fator define o aconselhamento
como distinto da psicoterapia. Segundo Scheffer o
uso do termo clínico em aconselhamento não
manifesta uma tentativa de identificação com a
psicoterapia, pois, do ponto de vista da teoria traço
e fator, essas duas atividades apresentam
características claramente diversas. 
 Concebido como processo de aprendizagem, o
aconselhamento supõe a necessidade de auxílio para o
desenvolvimento das potencialidades de cada indivíduo,
e esse auxílio funda-se nas informações que o
conselheiro dá por meio do diagnóstico e de seus
conhecimentos sobre o contexto social. As informações
em torno das quais se processa o aconselhamento
fazem apelo a um trabalho racional cognitivo de
convencimento por parte do conselheiro e de aceitação
por parte do aconselhando. 
 Williamson ator mais influente da teoria traço e fator.
Não somente é necessária a assistência ao
aconselhando no sentido de ajudá-lo a se sentir bem,
mas é função igualmente necessária ajudá-lo a pensar
bem. É racional porque aplica o raciocínio humano aos
problemas do desenvolvimento humano. Contudo, se as
emoções interferem na racionalidade, é necessário que
sejam manejadas antes de se tornar possível o
raciocínio. 
 Essa definição do aconselhamento num âmbito mais
abrangente do que aqueles das psicoterapias
compreendidas como tratamento das “doenças”
mentais, têm importância estratégica na constituição
das práticas psicológicas que contornam, por assim
dizer, o embate com as práticas médicas. 
Aconselhamento na ACP
 Nessa região Rogers se instala; e ela mesma será
transformada pela emergência da sua teoria. Uma
crescente insatisfação com os procedimentos e
resultados do aconselhamento que vinha praticando,
associada ao testemunho de alguns efeitos positivos,
porém "colaterais", de sua presença acolhedora e
respeitosa em relação à necessidade que alguns pais
das crianças tinham de simplesmente falar, foram
disparadores de deslocamento nos focos de atuação de
Rogers. 
 A prioridade conferida pela abordagem psicométrica
ao instrumental de avaliação e aos resultados foi
substituída pela focalização da pessoa do cliente, da
relação. Esses deslocamentos constituem a edificação
da teoria rogeriana, a expressão “não diretividade”,
polêmica na década de 40, coloca o psicólogo no lugar
da incerteza e da duvida. 
 É conveniente, compreendê-la no contexto hegemônico
da teoria traço e fator, como uma contraposição à
diretividade na condição das práticas de
aconselhamento. A esse sentido agrega-se outro,
afirmativo, de posicionamento do psicoterapeuta como
ouvinte interessado e compreensivo que, por meio da
técnica da reflexão, queira propiciar que a esfera de
exploração pessoal do cliente se configure o mais
proximamente possível de suas vivências e percepção
atuais e conscientes. 
 A função do aconselhador consistia na criação da
atmosfera permissiva, não autoritária e de não
diretividade, no sentido de proporcionar ao cliente
liberdade para estabelecer o seu próprio andamento e
direção. Instrumento da não diretividade do conselheiro,
a técnica da reflexão foi objeto de pesquisas empíricas
realizadas por Rogers e seus colaboradores, que
lançavam mão do registro em áudio de sessões para
posterior análise das respostas dos conselheiros e seus
efeitos sobre o cliente. 
 Tal modelo positivista de pesquisa obscureceu as
dimensões político-ideológicas que a terapia não
diretiva ensaiava colocar em pauta. Ocupado em
produzir as comprovações científicas da eficiência da
não diretividade, Rogers assistiu à behaviorização da
técnica da reflexão que culminou com a proposição de
padrões de respostas e a publicação de cartilhas ou
manuais sobre como atuar de modo não diretivo. 
 A publicação, em 1942, do livro de Carl Rogers, deu
visibilidade aos primeiros passos da criação da teoria
centrada no cliente. É preciso esclarecer o tipo de
dinâmica existente entre as práticas de
aconselhamento e a psicanálise americana. O
aconselhamento, como já foi dito, comportava um
intensa atividade diagnóstica, baseada na psicométrica.
O tratamento era realizado por psicanalistas, que, no
caso americano, eram todos médicos. 
 Assim, a técnica da reflexão foi colocada, por Rogers,
sob suspensão, iniciando um segundo período de seus
trabalhos teóricos. A crítica ao esvaziamento da técnicada reflexão vinha sendo feito, também, por Rogers,
discutindo a presença pessoal do psicoterapeuta, por
meio da noção de autenticidade ou congruência.
Tratava-se de chamar a atenção para as condições
subjetividade do conselheiro como antídoto à
objetivação no uso da reflexão. 
 A partir de 1957, Rogers passou a elaborar aquilo que
viria a ser um dos pilares de suas formulações teóricas:
as atitudes básicas e sua relação com a criação de um
clima ou atmosfera facilitadores do crescimento e do
desenvolvimento humanos, dando origem à psicoterapia
centrada no cliente. 
 A pressuposição da existência de potencialidades
naturais que se desdobram a partir de certas condições
favoráveis, pressuposições presentes na teoria traço e
fator, traduz-se, em Rogers, no conceito de tendência
atualizantes que, justamente, se refere à tendência, nos
seres vivos, para realização ou atualização de
potencialidades, em níveis cada vez maiores de
integração e complexidade. 
 Rogers pergunta-se sobre as condições necessárias e
suficientes para que a atualização da tendência à maior
complexidade e integração dos organizamos ocorra nos
seres humanos. Essa interrogação, sustentada na
observação clínica e em pesquisas, chega à equação
básica segunda aqual a presença de atitudes - empatia,
congruência e aceitação incondicional positiva -, no
ambiente psicossocial é condição necessária e suficiente
para a ocorrência da aprendizagem subjacente ao
crescimento e à mudança. 
 Rogers, ao empreender os distanciamentos teórico
práticos no âmbito do aconselhamento, põe em pauta
questões importantes para a redefinição da área e para
a compreensão de algumas linhas de institucionalização
da profissão de psicólogo. 
 Rogers define a psicoterapia como um processo de
aprendizagem e enfatiza a relevância da psicoterapia
para a compreensão da aprendizagem. O conceito de
aprendizagem significativa define a psicoterapia como
processo de aprendizagem sem, contudo, caracterizá-la
como prática pedagógica, e, de maneira sincrônica, a
sinaliza como lugar de uma descoberta que interessa à
educação, à medicina, ao manejo de conflitos
interpessoais e interculturais.
 Nessa perspectiva, há uma transbordagem daquilo que
era, considerado clínico e um apagamento das
fronteiras da psicoterapia e do aconselhamento. A
separação se dava por meio da localização da
psicoterapia no eixo saúde/doença mental e do
aconselhamento no eixo adaptação. A proposta de
Rogers se distancia do modelo médico: não busca nem
ensinar, nem curar, mas propiciar uma experiência de
aprendizagem auto reveladora e produtora de
mudanças na consciência e na conduta. 
 Os escritos de Rogers foram cada vez mais se dirigindo
a um público diversificado de leigos e especialistas de
várias áreas. Nesse tipo de divulgação, nota-se seu
interesse pela multiplicação das relações de ajuda.
Nessa perspectiva, introduz-se o questionamento sobre
o poder do especialista.

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