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HISTÓRIA-DA-BIOLOGIA (2)

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 BIOLOGIA - CONCEITO DE VIDA ............................................................ 4 
3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA .................................................. 8 
4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA ...................................................................... 10 
4.1 O começo da civilização fez começar a Ciência ................................ 10 
4.2 A Ciência na Grécia............................................................................ 12 
4.3 O rico Império Romano e a pouca Ciência ......................................... 14 
4.4 A Biologia na Idade Média .................................................................. 15 
5 AS CONCEPÇÕES MECANICISTAS E VITALISTAS DOS SERES VIVOS
 ...................................................................................................................17 
6 AS PESQUISAS EXPERIMENTAIS NO SÉCULO XIX NA CONSTITUIÇÃO 
DAS TEORIAS ESTRUTURANTES DA BIOLOGIA .................................................. 20 
7 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO: Determinismo X Indeterminismo ........... 31 
8 REDUCIONISMO E HOLISMO: Diferentes perspectivas sobre o conceito 
de Vida.................. .................................................................................................... 33 
9 VIDA E SUA DEFINIÇÃO: Um processo ainda em construção ................ 35 
9.1 Algumas interpretações e categorias históricas de Vida .................... 37 
9.2 Vida a partir do princípio da Biossemiótica ......................................... 38 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 BIOLOGIA - CONCEITO DE VIDA 
 
Fonte:academia.edu 
As opiniões dos biólogos abrangem todos os aspectos da vida, passado e 
presente. O seu foco os leva dos átomos às relações globais entre os organismos 
vivos e o meio ambiente. Para entender o foco do estudo da biologia — a vida —, 
deve-se refletir sobre os diferentes níveis de organização da natureza (PEDROTTI, 
2019). 
Desde os primeiros tempos, nossos ancestrais olhavam ao redor e se 
perguntavam sobre a origem da vida, o universo e tudo o que existe. No entanto, há 
uma questão ainda mais simples e profunda: o que é vida? Por muito tempo, esse 
tema não foi visto como preocupante ou científico. Os motivos para isso foram os mais 
variados e se destacaram entre muitos (DIAS, 2021). 
De acordo com Dias (2021), muitos cientistas acreditavam não existir 
necessidade de conceituar vida para o desenvolvimento de suas pesquisas empíricas. 
Segundo Mayr (1982), por exemplo, o reconhecimento de aspectos qualitativos ou 
qualitativos é visto como algo não científico, meramente descritivo e classificatório, o 
que evidencia a incapacidade de compreensão dos fenômenos biológicos. 
Ainda que ainda não exista uma definição universal de “O que é a vida? 
“Durante o século XIX o conceito de vida desenvolveu-se como um problema de cunho 
científico. Com o advento da astrobiologia, a vida volta a ser objeto de estudo e agora 
é a protagonista de um novo campo que não só é fascinante, mas também 
 
5 
 
multidisciplinar. Além dessa área, reaparece o conceito de vida, que trabalha com 
questões que, por serem extremamente subjetivas, muitas vezes fogem de uma 
definição (DIAS, 2021). 
Segundo Dias (2021), a Astrobiologia se preocupa e busca por respostas sobre 
a origem, evolução e distribuição da Vida no Universo. Assim, considerando a 
importância que o conceito sobre “O que é Vida?” possui, não apenas para a 
Astrobiologia, mas para a própria Biologia Teórica e outras tantas áreas da Ciência da 
Vida e Natureza, a abordagem desse tema pode ser visto como objeto 
desfragmentador e integrador entre Ciência e a Filosofia. 
A palavra biologia vem de bio, que significa "vida" e Logos, que significa 
"estudo"; consequentemente, a biologia é o ramo da ciência que estuda os seres 
vivos. Os seres vivos são definidos como organismos descendentes de um ancestral 
comum, que surgiu há cerca de 3,5 milhões de anos. Devido à sua ancestralidade 
comum, os organismos vivos compartilham muitas características, apesar de serem 
incrivelmente variados. Mas, afinal, o que é vida? "Quais são as propriedades dos 
seres vivos? “Porque os biólogos reconhecem a vida a partir das propriedades e 
processos dos organismos vivos (DIAS, 2021). 
Veja, a seguir, algumas propriedades e processos que estão associados à vida 
segundo Sadava et al (2009) apud Dias (2021): 
 
 Célula: todos os organismos vivos são constituídos por uma ou mais células. 
Alguns organismos vivos são unicelulares e compostos por uma única célula 
que executa todas as funções da vida, enquanto outros são multicelulares e 
compostos por uma série de células especializadas que desempenham 
diferentes funções. 
 Adaptação evolutiva: os organismos vivos são geneticamente relacionados, 
ou seja, possuem um ancestral comum. Essa é a teoria da evolução proposta 
por Charles Darwin, segundo a qual os organismos têm a capacidade de 
evoluir, ou seja, toda população de organismos possui variações genéticas. Por 
meio da seleção natural, essas variações aumentam a probabilidade de um 
organismo se adaptar a certas condições ambientais e sobreviver às 
condições; 
 
6 
 
 Regulação: os organismos vivos podem regular o seu ambiente interno, ou 
seja, milhares de reações bioquímicas ocorrem dentro e entre as células, as 
quais devem ser precisamente controladas para que essas células realizem de 
maneira eficiente suas funções; 
 Processamento de energia: os organismos vivos adquirem nutrientes a partir 
do ambiente para fornecer energia e construir novas estruturas, ou seja, 
alimentar-se fornece energia e nutrientes ao organismo, o que o mantém 
organizado e funcionado. Distintos organismos conseguem energia de 
diferentes fontes, e são considerados como produtores e consumidores. Os 
produtores extraem energia do meio ambiente e produzem seus próprios 
alimentos. As plantas, por exemplo, são um exemplo de produtor, pois 
fotossintetizam a partir da energia solar para produzir açúcar, que é a fonte de 
energia da planta (alimento). Os consumidores obtêm energia e nutrientes 
alimentando-se de outros organismos; um exemplo são os gafanhotos que 
comem folhas; 
 Resposta ao ambiente: capacidade de reagir de acordo com as condições do 
meio em que o organismo vivo está inserido. Os organismos interagem 
continuamente e de muitas formas diferentes. Existem interações com fatores 
ambientais (incluindo solo, temperatura, umidade) e interações entre 
organismos da mesma espécie (da mesma) ou entre organismos de espécies 
diferentes; 
Crescimento, desenvolvimento e reprodução: os organismos vivos contêm 
informações genéticas para se reproduzir e perpetuar a própria espécie, e a 
informação genética herdada controla o padrão de crescimento de 
desenvolvimento de cada organismo vivo. Assim, o DNA é considerado a 
molécula característica da vida, pois é a base para o crescimento, 
sobrevivência e reprodução de todos os organismos vivos. A reprodução se 
refere aos mecanismos pelos quais os pais passam o DNA para seus filhos, 
que contém as informações que direcionam o crescimento e o desenvolvimento 
do organismo; 
Para a biologia, essas são as propriedades que todos os organismos vivos têm 
em comum. Portanto, com cada organismo recém-descoberto, essas propriedades 
 
7 
 
são avaliadas a fim de compreender a vida desse organismo. No entanto, algumas 
formas de vida podem não ter tudo isso. Propriedades e processos ao mesmo tempo. 
 Por exemplo, os vírus, embora não tenham células, provavelmente evoluíram 
de organismos celulares e são considerados organismos vivos por muitos 
biólogos (SADAVA et al., 2009 apud DIAS, 2021). 
Temas unificadores do estudo da vida A biologia é um tema extremamente 
amplo, de modo que, diariamente, novas descobertas biológicas são realizadas. 
Assim, as informações relacionadas ao estudo da vida devem ser ordenadas e 
concentradas de forma acessível em poucos e importantes tópicos. A partir disso, 
cinco tópicos de conexão foram definidos (REECE et al., 2015): 
 organização; 
 informação; 
 energia e matéria; 
 interações; 
 evolução. 
O tema organizacional consiste em uma organização hierárquica em níveis, e 
em cada nível é possível estudar a vida em grande escala (biosfera, ecossistema, 
comunidade, população, organismo, órgãos / sistema orgânico) ou em microescala 
(tecidos, células), organelas e átomos), observando a relação e interação entre os 
níveis individuais. A informação demonstra que os processos da vida envolvem a 
expressão e a transmissão de informação genética. A informação genética é 
codificada nas sequências de nucleotídeos do DNA, com a informação herdada sendo 
passada de pais para filhos. Sequências de DNA chamadas de genes projetam a 
produção de proteínas em uma célula, que são então traduzidas em proteínas 
específicas em um processo denominado expressão gênica (DIAS, 2021) 
Segundo Dias (2021) energia e matéria como um tema demonstram que a vida 
requer a transferência e transformação de energia e matéria. Todos os organismos 
têm que desempenhar funções que requerem energia. Por exemplo, os produtores 
convertem energia solar em energia química, parte da qual é repassada aos 
consumidores. Os compostos químicos circulam entre os organismos e o meio 
ambiente, fazendo com que a energia flua através do ecossistema. 
As interações como um tópico de conexão são de fundamental importância 
para os sistemas biológicos, uma vez que os organismos interagem constantemente 
 
8 
 
com os fatores físicos. Por exemplo, as plantas absorvem nutrientes do solo e 
compostos químicos do ar e usam energia solar enquanto os organismos interagem 
uns com os outros, uma interação que pode ocorrer entre membros da mesma espécie 
ou entre membros de espécies diferentes. A evolução é o tema central da biologia, a 
qual consiste nos processos de mudanças que têm transformado a vida na Terra. É 
responsável pela uniformidade e a diversidade da vida, além de explicar as 
adaptações evolutivas e o ajuste de organismos aos seus ambientes (DIAS, 2021). 
As descobertas biológicas sobre os organismos vivos também podem ser 
generalizadas, uma vez que toda avida está relacionada a descendentes 
provenientes de um ancestral comum, de modo que o conhecimento obtido a 
partir de investigações de um tipo de organismo, às vezes, pode ser 
generalizado para outros organismos. Dessa forma, os biólogos podem usar 
sistemas de pesquisa modelo, pois suas descobertas podem ser transferidas 
para outros organismos (SADAVA et al., 2009 apud DIAS, 2021). 
3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA 
 
Fonte: biologia.seed 
Incluso aos temas unificadores da biologia, a organização aparece como o item 
principal. Na imagem, podemos observar a hierarquia da vida, que ocorre na seguinte 
ordem (organização): biosfera → ecossistema → comunidade → população → 
organismo → sistema de órgãos/órgão → tecido → célula → organela → molécula → 
átomo. 
 
9 
 
Com um pouco mais de detalhes sobre os níveis de organização biológica, a 
biosfera, por ser o nível mais abrangente, abrange todas as regiões continentais, 
oceânicas e atmosféricas e é constituída pelos diversos ecossistemas de nosso 
planeta. O ecossistema consiste em uma comunidade que interage com o ambiente 
físico e químico. Uma comunidade é composta por todas as populações de todas as 
espécies em uma determinada área; cada população é composta por um grupo de 
indivíduos do mesmo tipo de organismo ou espécie que vivem em uma determinada 
área (DIAS, 2021). 
Um organismo é um indivíduo constituído por uma ou mais células. A célula 
é a unidade básica estrutural e funcional da vida e, dependendo de sua 
função, pode conter várias organelas. Organelas são componentes 
funcionais de uma célula e consistem em diferentes moléculas que são 
formadas pela união de átomos. Os átomos são estruturas básicas de todas 
as substâncias (vivas e não vivas) (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011 
apud DIAS, 2021). 
A partir dessa organização, os conceitos biológicos podem ser reduzidos a 
componentes mais simples e mais facilmente investigados (reducionismo), mas ao 
olhar a imagem do átomo para a biosfera, podem ser demonstradas novas 
propriedades que antes estavam ausentes na biosfera. As propriedades resultam das 
interações entre os componentes dos níveis anteriores. As moléculas, por exemplo, 
não vivem quando vistas separadamente, mas em certa quantidade e organização 
formam uma célula viva. Por conseguinte, a vida (uma propriedade emergente) 
aparece no nível celular, mas não nos níveis baixos da organização da natureza 
(DIAS, 2021). 
Portanto, para aprofundar o conhecimento das propriedades emergentes, os 
biólogos complementam o reducionismo com a biologia de sistemas, que 
consiste em estudar um sistema biológico a partir da análise das interações 
entre seus componentes (SADAVA et al., 2009; REECE et al., 2015 apud 
DIAS, 2021). 
Em cada nível da hierarquia, é possível identificar uma correlação entre 
estrutura e função: o estudo de uma estrutura biológica permite destacar o que ela faz 
e como funciona, assim como o estudo da função de uma estrutura biológica. A célula 
é a menor unidade organizacional capaz de realizar todas as atividades necessárias 
à vida. Todas as células compartilham certas características, por exemplo, todas as 
células são circundadas por uma membrana plasmática, que regula a passagem de 
 
10 
 
substâncias entre a célula e ambiente, mas existem dois tipos principais de células: 
procariotas e eucariotas (DIAS, 2021). 
As organelas das células eucarióticas são envoltas por membrana, e algumas 
organelas, como o núcleo, são encontradas em células de todos os eucariotos. No 
entanto, algumas organelas são específicas de grupos celulares distintos (p. ex., o 
cloroplasto é encontrado apenas em células com capacidade fotossintetizante). As 
células procarióticas não possuem o núcleo ou outras organelas envoltas por 
membrana. Outra diferença é com relação ao tamanho das células: células 
procarióticas são geralmente menores do que as células eucarióticas (SADAVA et al., 
2009; REECE et al., 2015 apud DIAS, 2021). 
4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA 
 
Fonte: historiadomundo.com 
4.1 O começo da civilização fez começar a Ciência 
A civilização ocidental começou no Oriente Médio com os povos da 
Mesopotâmia e do Egito. Na Mesopotâmia, os sumérios realizaram pesquisas sobre 
hormônios, tecidos e anatomia, e compararam animais de diferentesespécies; 
remédios manufaturados com alho, canela, azeitonas e várias outras ervas; e também 
desenvolveram técnicas de tratamento de feridas causadas por soldados em combate 
e até de problemas dentários (ARAÚJO et al, 2012). 
 
11 
 
Segundo Araújo (2012) no Egito, terra dos faraós e das pirâmides, o 
conhecimento da anatomia possibilitou a confecção de múmias que ainda hoje 
existem, bem como os avanços da medicina que possibilitaram o tratamento de 
fraturas, a construção de próteses e a realização de operações, para remover 
tumores, circuncisões, amputações e trepanações possíveis. Foram os egípcios que 
fizeram a primeira classificação anatômica do corpo humano, dividindo-o em cabeça, 
tronco e membros. 
Foi desenvolvida por chineses no Oriente, estudos sobre plantas, animais, 
saúde e doença humana. A teoria Yin Yang surgiu da visão do mundo, natureza, vida, 
saúde e doença. Os dois termos representam uma visão dualística do universo em 
que Yin incluiria as condições da mulher, escuridão, frio, flexibilidade, terra e vazio. 
Enquanto em Yang seria masculino, claro, quente, rígido, celestial e pleno. Além 
disso, os seres vivos e outros elementos e estruturas que compõem o universo seriam 
reunidos de acordo com alterações do yinyang, que inclui cinco estágios em um ciclo 
de mudança: água, fogo, metal, madeira e terra. Para os chineses, o estágio em que 
um organismo se encontra explicaria sua forma, função e estado de saúde. Um 
exemplo de ideia resultada dessa teoria foi a explicação de que a função cardíaca 
está relacionada ao pulso e ao fluxo sanguíneo contínuo no corpo (ARAÚJO et al, 
2012). 
Este conceito não foi adotado na ciência ocidental até o século XVII. Outra 
região com importante desenvolvimento no leste foi a Índia. Na região do Indo 
floresceu entre 2700 e 1500 AC. Uma civilização. C., e parte do conhecimento 
adquirido naquela época agora se encontra nos livros védicos, no conteúdo desses 
livros há referências ao conhecimento da ciência da vida, incluindo a medicina. De 
acordo com esse conhecimento, o corpo consiste em cinco elementos (vento, terra, 
fogo, água e vazio), e saúde, doença e funções fisiológicas são explicadas pela 
combinação dos três humores ativos (vento, bile e fleuma) em harmonia com sangue. 
Além disso, os seres vivos são divididos em quatro categorias das quais nascem 
(útero, ovo, calor e umidade, semente) (ARAÚJO et al, 2012). 
 
12 
 
4.2 A Ciência na Grécia 
A cultura ocidental é aprimorada na ciência desenvolvido na Grécia antiga. 
Muitos foram os estudiosos da época, também chamados de filósofos, que tiveram 
ideias para explicar os seres, elementos e fenômenos que compunham o universo. 
Essa é a única maneira de manter algumas das ideias daquele dia. A primeira 
explicação da constituição do universo foi dada por Tales de Mileto (c. 625547 a C), o 
filósofo responsável pelo teorema da matemática de Tales e o primeiro a estudar as 
coisas da matemática. Isso sugeria a água como o elemento que compõe todos os 
seres e estruturas do universo. Posteriormente, Anaxímenes (fl. 546/545 a.C.) propôs 
que o elemento básico seria o ar, explicando que a água resultava da condensação, 
enquanto que o fogo surgia quando o ar era aquecido. Xenophane von Kolophon 
(576490 a.C. Heráclito de Éfeso (556/469 a.C.) sugeriu que o fogo era o elemento 
fundamental do universo e, com base nessa ideia, quando adoeceu e desenvolveu 
edema, decidiu ser enterrado até o pescoço em esterco de vaca ficar para que o calor 
gerado evaporasse o excesso de água em seu corpo e ele fosse curado. Obviamente 
ele morreu nesta situação (ARAÚJO et al, 2012). 
De acordo com Araújo (2012) uma proposta que perdurou até o Renascimento 
foi apresentada por Empédocles de Agrigento (c. 492/432 a C), que propôs o ar, a 
terra, o fogo e a água como elementos do universo. Nos fragmentos dos seus dois 
livros que sobreviveram, sobre a Natureza e Purificações, esse filósofo também 
sugeriu que, embora os primeiros seres fossem originados da Terra, os seres atuais 
seriam resultantes de um processo de seleção daqueles que tinham mais coragem, 
capacidade ou velocidade para se blindar, preservar e reproduzir. Ele também 
acreditava que os embriões seriam parte do pai e da mãe, mas que a prole masculina 
se desenvolveria na parte mais quente do útero e teria uma proporção de calor mais 
alta do que as fêmeas. 
O atomista Demócrito de Abdera (ca. 460-370 a.C), discípulo do criador da 
teoria dos átomos, Leucipo de Mileto (fl. ca. 430 a.C.), criou essa teoria para elucidar 
a existência do Universo, dos seres vivos e de suas interações. Tendo sido um dos 
escritores mais fecundos da Antiguidade, ele lançou ideias de que todos os animais 
teriam órgãos dos sentidos que se desenvolviam antes do aparelho digestivo, e que 
na respiração, inalar era absorver átomos, e exalar era expulsá-los. Para elucidar a 
 
13 
 
natureza das coisas vivas, Demócrito realizou a dissecação de vários animais. Além 
disso, estabeleceu a prática posteriormente utilizada por Aristóteles (384/322 a. C 
Chegou a realizar vários estudos sobre anatomia, reprodução, embriologia, febre e 
doenças respiratórias, e também via o cérebro como um órgão do pensamento, ideia 
que foi posteriormente adotada por Aristóteles (que fez o cérebro ser considerado o 
refrigerador do sangue) foi questionado (ARAÚJO et al, 2012). 
Um contemporâneo muito famoso de Demócrito foi Hipócrates de Kos 
(aproximadamente 460/361 a C), que é conhecido hoje como o pai da medicina. 
Baseado nas ideias de Demócrito, Hipócrates criou a teoria de que saúde e doença 
eram relacionadas aos quatro elementos (terra). Assim como o universo, o corpo 
humano consistiria nos quatro elementos conexos aos quatro humores (bile negra, 
bile amarela, fleuma e sangue) e às quatro qualidades (quente, frio), úmido e seco). 
As características individuais dependem das proporções de cada um desses fatores 
e determinam o temperamento característico que cada pessoa possui (melancólico, 
colérico, sanguíneo e fleumático). Segundo essa teoria, a saúde do indivíduo 
dependia do equilíbrio entre os fluidos corporais, o que levou à definição de técnicas 
ainda hoje utilizadas na medicina: sangramento, desintoxicação e controle da dieta 
(ARAÚJO et al, 2012). 
Ainda segundo Araújo (2012) um filósofo importante até hoje foi Platão 
(429/347 a C). Platão foi aluno de Sócrates (470/399 a C), que fundou uma escola que 
formou muitos filósofos, inclusive Aristóteles, respeitado por muitos como o pai da 
Biologia. De acordo com sua maneira de pensar, Platão considerava que a explicação 
dos fenômenos naturais deveria ser feita a partir da razão pura e não por meio da 
observação direta da natureza. A cabeça era a primeira parte do corpo que se formava 
porque era quase esférica e servia como órgão da alma imortal, o apetite do fígado. 
Em uma conclusão que contradiz a teoria evolucionária atual, ele sugeriu que 
as espécies animais seriam o resultado de degenerações que ocorrem nos humanos. 
Seu aluno Aristóteles discordou de muitas de suas idéias, como você verá na próxima 
lição. Uma importante cidade da Antiguidade foi Alexandria, fundada no Egito por 
Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) e reconhecida pela relevância da sua gigantesca 
biblioteca. Dois importantes cientistas que atuaram nessa cidade foram Herófilo (ca. 
330-260 a.C.) e Erasístrato (ca. 310-250 a.C.). Embora seus escritos não tenham 
sobrevivido, eles se tornaram anatomistas conhecidos a partir das críticas severas dos 
 
14 
 
seus inimigos, tendo em vista terem efetuado várias vivissecções em seres humanos 
Através das operações, Herófilo foi capaz de observar as conexões do sistema 
nervoso central entre o cérebro, medula espinhal e nervos, distinguir nervos de 
tendões, descrever o sistema digestivo, distinguir artérias de veias de pulsações e 
posicionar o cérebro como um centro de inteligência (ARAÚJOet al, 2012). 
Embora não tivesse rejeitado a teoria humoral de Hipócrates, ele considerava 
que a vida era guiada por quatro fatores: nutrição (fígado e órgãos digestivos), poder 
aquecedor (coração), sensibilidade e percepção (nervos) e força racional (cérebro). 
Por sua vez, Erasístrato dirigiu seus estudos com o objetivo de explicar e tratar 
doenças, inclusive usando torniquetes para diminuir a nutrição dos tecidos afetados, 
e procurou preveni-los com medicamentos e higiene. Ele descreveu o fígado, a 
vesícula e o coração, inclusive suas valvas, sugerindo a sua ação como bomba. 
Quando descobriu que estava com um câncer, resolveu se suicidar (ARAÚJO et al, 
2012). 
4.3 O rico Império Romano e a pouca Ciência 
Os romanos são até hoje cultuados pela sua competência em lidar com 
agricultura, engenharia, saneamento, higiene, administração e, principalmente, com 
as guerras. O mesmo não pode ser feito para suas contribuições para a Biologia. No 
entanto, é possível destacar alguns, como Lucrécio (9944 a C (2379 d C) que escreveu 
o Compêndio de História Natural, uma obra que trata de observações sobre o céu e a 
terra, geografia, etnografia, história natural, história animal, terra, A silvicultura, a 
horticultura e a produção de vinho, azeite e medicamentos foi mantida como referência 
até ao século XVI (ARAÚJO et al, 2012). 
Segundo Araújo (2012), um importante texto (Sobre a Matéria Médica) foi 
escrito por Dioscórides (aprox. 4090), que descreveu cerca de 500 plantas, além de 
medicamentos obtidos de plantas, animais e minerais. Claudio Galeno (aprox. 
130/210 DC) foi um importante médico romano cujas idéias existiram até o século XIX 
como referência para a prática médica do galenismo, que durou até o século XVII. 
Partindo da ideia de Platão da existência de uma alma tripartida (nutriente, animal e 
razão), Galeno define que o corpo humano está organizado para utilizar o pneuma 
(ar) que seria o gerador da vida. 
 
15 
 
Com base nessa ideia, ele descobriu que o fígado processa o pneuma para 
formar o espírito natural e o distribui pelas veias para nutrir e fazer crescer o corpo; o 
coração era responsável por coordenar os movimentos e distribuir o espírito da vida 
pelas artérias para aquecer e revigorar o corpo; o cérebro formou o espírito animal, 
que se distribuiu pelos nervos para possibilitar as sensações e o movimento muscular. 
Embora suas concepções fossem aceitas por muito tempo, algumas delas continham 
falhas que foram reconhecidas posteriormente. Vários desses erros foram registrados 
nos dados de consequências anatômicas como resultado de suas conclusões de 
dissecação em animais, e não em humanos (ARAÚJO et al, 2012). 
4.4 A Biologia na Idade Média 
Galeno foi um cientista importante no Império Romano, não teve ninguém 
comparável a ele na Idade Média. Dadas as barreiras de acesso aos livros pagãos, 
incluindo as obras de pensadores gregos e romanos, o progresso do cristianismo é 
uma das razões para essa situação. Aqueles estudiosos que insistiam em continuar 
com aquelas obras foram exilados, levando-as consigo e deixando a pobreza cultural 
em seu lugar (ARAÚJO et al, 2012). 
Segundo Araújo (2012) o conhecimento transmitido naquela época era limitado 
e regulado por dogmas e convenções religiosas. Uma questão que surge nessa 
situação é, se os escritos de autores pagãos foram eliminados, então como é possível 
encontrar textos de pensadores como Platão, Aristóteles e Hipócrates hoje? Isso foi 
possível porque as obras de autores rejeitados na Europa foram preservadas pelos 
árabes, que as tinham como referências de seu conhecimento. Um grande evento na 
Idade Média foi o surgimento das universidades no século XI, com a Universidade de 
Bolonha (fundada na Itália em 1088 e ainda em funcionamento) sendo a primeira a 
ser estabelecida. 
A criação das universidades permitiu a introdução da educação formal com 
currículos padronizados e aulas dirigidas a grandes grupos de alunos que, embora 
vindos de diferentes regiões e falando diferentes línguas, estudavam latim, língua que 
permaneceu por muito tempo como aquele com quem todos os textos foram escritos. 
O currículo consistia nas sete artes liberais: Gramática, Retórica, Aritmética, 
Geometria, Astronomia e Música. No final da Idade Média, o número de universidades 
 
16 
 
europeias já estava em 80, e os currículos já começavam a incluir outras disciplinas 
(ARAÚJO et al, 2012). 
Um estudioso importante desse período foi o professor da Universidade de 
Paris e frade dominicano Tomás de Aquino (1225-1274), posteriormente santificado 
pelo Vaticano, que resgatou a obra de Aristóteles ao promover uma síntese entre a 
doutrina cristã e o pensamento aristotélico. A interpretação dos trabalhos de 
Aristóteles foi a referência usada por Alberto Magno (ca. 1200-1280), também 
professor na Universidade de Paris e dominicano, nos seus estudos sobre a natureza. 
Reconhecido como o Médico Universal, ele descreveu várias espécies de plantas e 
foi possivelmente o primeiro a produzir arsênico, mais conhecido por suas publicações 
sobre minerais, vegetais e plantas e animais (ARAÚJO et al, 2012). 
De acordo com Araújo (2012) Roger Bacon (1214-1292), um franciscano que 
estudou nas universidades de Paris e Oxford e ficou conhecido como Doutor 
Maravilhoso é hoje considerado como o primeiro cientista moderno. Ele considerava 
que a Ciência experimental era compatível com a Filosofia, a Metafísica e a religião. 
Uma de suas visões, que ainda é válida, é a existência de quatro obstáculos que 
impedem a realização da verdade das coisas: autoridade fraca e incompetente, velhos 
hábitos, opinião popular analfabeta e encobrir a ignorância com uma aparência de 
sabedoria. Hildegard de Bingen (1098-1179) foi uma das poucas medievais que 
conseguiu ultrapassar a barreira que impedia as mulheres de atuar nas universidades. 
O Livro da Medicina simples foi possivelmente o primeiro livro escrito por uma 
mulher que incluiu as propriedades terapêuticas de plantas, animais e metais. Embora 
as idéias de sua época fossem de que os problemas de saúde mental eram o resultado 
de possessão demoníaca, Hildegard sugeriu que esses problemas eram o resultado 
de causas naturais, o que agora está sendo confirmado. Ao contrário dos europeus, 
que só aceitaram o conhecimento dos gregos após a intervenção de Tomás de 
Aquino, os árabes recorreram a uma enorme quantidade de material de gregos, 
romanos, persas e índios, que fizeram muito antes de um dos mais importantes 
estudiosos. Um desses tempos europeus foi o médico Abu Bakr Mohamed Ibn 
Zakariya alRazi (865/923), conhecido no oeste medieval como Razes, que escreveu 
200 obras sobre medicina e filosofia. Uma delas foi o livro Sobre a varíola e o sarampo, 
obra que caracterizou as duas doenças, confirmando sobre terapias e diagnósticos. 
Uma característica desse estudioso era a sua visão crítica da Ciência, ao julgá-la 
 
17 
 
como sempre sujeita ao progresso, o que fazia com que os conhecimentos anteriores 
fossem sempre passíveis de revisão. Nesse sentido, uma obra interessante que ele 
publicou foi o livro Dúvidas em relação a Galeno (ARAÚJO et al, 2012). 
Classificado como "Galeno islâmico", Abu Ali Hysayn ibn Abullah ibn Sina 
(9801037), conhecido no Ocidente como Avicena, escreveu o cânone da 
medicina que por muito tempo foi uma referência para a medicina islâmica e 
europeia até a gênese de Outro Notável Islâmico O médico foi AlaalDin Abu 
alHasan Ali Ibn Abi alHazm al Qarshi alDimashqi (conhecido como Ibn 
AlNafis) (12131288) que escreveu o Livro Geral de Medicina que compilou 
em 80 volumes os 300 volumes de notas que ele possuía. 
Sua descrição da circulação pulmonar, também conhecida como pequena 
circulação, mostrou que Galeno estava errado ao afirmar que o sangue flui pelo septo 
cardíaco da direita para a esquerda que separa os ventrículos e antecipa a descrição 
dos europeus Servete Colombo em três séculos (ARAÚJO et al, 2012). 
5 AS CONCEPÇÕES MECANICISTAS E VITALISTAS DOS SERES VIVOS 
 
Fonte: oficina-de-filosofia 
No século XIX, os conceitos mecanicistas da pesquisa biológica dos séculos 
XVII e XVIII não são mais suficientes para explicar o que é a vida, porque o mundo da 
matéria inerte e mecânica pode produzir a única capacidade da vida: redistribuir-se 
pelo espaço. Na biologia, existe um novo princípio de organização da atividade, que 
é qualitativamente diferente do princípio da matéria morta, pois, por não haver 
 
18 
 
diferença qualitativa no campo da matéria, ela não pode produzir tais características 
especiais (JUNIOR et al, 2016). 
Segundo Júnior (2016), a teoria da evolução só surgiu quando alguns 
pensadores tentaram utilizar um novo modelo de mundo profundamente influenciado 
pelo desenvolvimento e pensamento propositivo de Hegel. Collingwood (1986) ainda 
estudou que, no mesmo período, o pensamento hegeliano acarretou uma nova 
probabilidade para a visão de mundo dos pensadores naturais. Hegel acreditava que 
a natureza é governada por leis vagas, porque não descrevem com precisão o 
comportamento de cada indivíduo isolado, mas sim uma tendência geral. Isso ocorre 
porque sempre há um potencial na natureza que não pode ser totalmente realizado. 
O pensamento de Hegel introduziu o pensamento do propósito interno natural 
relacionado à transformação, mudança e progresso. A natureza é uma tendência que 
flui de dentro para o espírito, é real em si mesma, mas é temporária. Esta visão 
histórica da natureza, vida e espírito humano introduziu novos conceitos na 
cosmologia do século XIX e apontou para um tipo de ciência natural e natural que não 
é mais como a física mecânica do século XVIII, mas como a biologia evolutiva do neste 
século. Visão da vida (JUNIOR et al., 2016). 
Para Hegel, a natureza era vista não como um mecanismo e sim como um 
movimento em que o mecanismo era um dos elementos constitutivos, cujas 
leis são as mesmas que as leis do espírito e fazendo parte deste. Seu sistema 
está desenvolvido na Fenomenologia do Espírito. Com a ascensão da 
abordagem física sobre os seres vivos no início do século XIX os naturalistas 
lançaram um novo olhar sobre a natureza da vida e tentaram propor 
argumentos científicos contra a teoria de Descartes sobre os organismos, 
para tanto se utilizam de argumentos vitalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR 
et al, 2016). 
A teoria da vitalidade apareceu no século XVII. Era uma resistência à filosofia 
mecânica de Descartes e ao fisicalismo proposto por Galileu e Newton para explicar 
a vida. Os vigoristas têm uma variedade de explicações. Por exemplo, um grupo de 
vitalistas entende que a vida está relacionada a uma substância especial que não 
pode ser encontrada na matéria inanimada, ou está relacionada a um estado especial 
da matéria, o que indica que não é adequada para explicações físicas e químicas; 
outro grupo de teorias da vitalidade O autor insiste na existência de uma força especial 
diferente da física. Existem múltiplas opiniões sobre a natureza de tais forças (JUNIOR 
et al., 2016). 
 
19 
 
Na Inglaterra todos os fisiologistas dos séculos XVI, XVII e XVIII tinham ideias 
vitalistas, sendo tal movimento vicejante até o período de 1800 a 1840. Na 
França os principais representantes foram a Escola de Montpellier, o 
histologista Bichat e, até mesmo Claude Bernard, que se considerava 
adversário do vitalismo acabou apoiando noções vitalistas. As filosofias 
práticas de biólogos, tais como Wolff, Blumenbach e Müller, também eram 
antifisicalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR et al, 2016). 
A interpretação da teoria da vida perdurou por muito tempo, talvez, segundo o 
autor aqui, porque naquela época não havia escolha a não ser reduzir a vida como 
máquina. A primeira substância orgânica produzida artificialmente por Wöhler em 
1828 provou fortemente a tese de que os vitalistas distinguem vivos e não vivos. O 
último suporte para a vitalidade na biologia ocorreu em 1930. Vários fatores levaram 
à perda de seu status, principalmente no século XX (JUNIOR et al., 2016). Radl (1988) 
apud Júnior (2016) acredita que a ciência biológica moderna nasceu por volta da 
primeira metade do século XIX, quando a metafísica da filosofia naturalista começou 
a se depreciar. Nesse período, seu autor principal não estava mais no palco europeu. 
Não é que todas as suas obras tenham sido abandonadas, mas a visão romântica e 
vibrante da natureza e da vida por trás delas. O tempo passou a exigir uma 
compreensão diferente do mundo que deixava de ser romântico, o materialismo 
passou a predominar, mas, ao contrário do século XVIII, agora estava voltado para a 
vida. 
Todavia, a filosofia naturalista não desapareceu, pois ela, para o autor, 
responde a uma necessidade essencial do homem, e não morre nunca. Cabe 
ressaltar que, principalmente no início do século, o pensamento biológico não 
se reduzia a um conjunto bem delimitado de ideias. Ao mesmo tempo em que 
se desenvolviam novas frentes de estudo e novas técnicas, como também se 
alterava a estrutura do fazer científico, questões de caráter filosófico eram 
inseparáveis da investigação biológica (FREZZATTI Jr., 2003), como é 
possível perceber com a teoria celular que se formula neste século (TEULÓN, 
1982 apud JUNIOR et al, 2016). 
O século XIX consistiu principalmente em discussões entre mecanicistas e 
vitalistas que duraram até as primeiras décadas do século XX. Inorgânicos e 
discussões sobre do que é feita a vida (JUNIOR et al, 2016). 
Não havia consenso sobre o caráter da vida, havia um acalorado debate entre 
diferentes correntes para definir tal fenômeno. Vitalistas, mecanicistas, químicos e 
outros negaram o estado dos processos orgânicos. Eles foram reduzidos a leis 
mecânicas ou físico-químicas, ou tinham leis específicas? Também por quem utilizou 
métodos de pesquisa físico-química. Olhar para este século é um desafio, pois as 
 
20 
 
diferentes posições teóricas dos diferentes biólogos e filósofos envolvidos foram 
(FREZZATTI Jr., 2003 apud JUNIOR et al, 2016). 
6 AS PESQUISAS EXPERIMENTAIS NO SÉCULO XIX NA CONSTITUIÇÃO DAS 
TEORIAS ESTRUTURANTES DA BIOLOGIA 
 
Fonte: clickestudante.com 
Ao longo dos últimos séculos, as práticas experimentais para a compreensão 
dos fenômenos naturais foram gradualmente fortalecidas. Na primeira metade do 
século XIX, portanto, iniciou-se uma preocupação geral com as diretrizes 
estabelecidas pelos experimentadores para garantir os resultados dessas simulações 
experimentais. No final do século XVIII, Cuvier rejeitou o microscópio, assim como 
Bichat, porque para ele oferecia visões distorcidas dos objetos, pois os microscópios 
da época ainda eram bastante rudimentares. Mas já em 1807 era possível usar 
ampliações de 180 a 400 diâmetros. Em 1837, Meyer ampliou os órgãos das plantas 
500 vezes e a partir de 1840 o microscópio tornou-se mais comum (RADL, 1988 apud 
JUNIOR et al, 2016). John Herschel foi um dos pioneiros na busca de um método 
adequado para a ciência em 1830. Para ele, tudo começa com a descoberta das leis 
da natureza. Daí a incorporação dessas leis nas teorias por generalização indutiva ou 
a criação de hipóteses que as conectem. A biologia experimental surgiu da aplicação 
de tais procedimentos em diferentes ramos das ciências da vida (JUNIOR et al, 2016). 
 
21 
 
Durante o século XIX a descoberta do princípio da conservação de energia 
nos sistemas físicos e químicos estimulou diversos pesquisadores a 
avançarem esses estudos nas ciências da vida como Carl Voit (1831-1908), 
Max von Pettenkofer (1818-1901) e Max Rubner (1854-1932), e outros 
(HADDAD JÚNIOR, 2007 apud JUNIOR et al, 2016). 
 Histologia foi nomeada em 1819 pelo pai de August Karl Mayer (1787-1865) 
em homenagem à Anatomia Geral de Bichat, uma ciência que descreve o tecido 
animal e vegetal. Foi também durante este período que a fisiologia e a farmacologiacontemporâneas foram moldadas. Ele foi Magendie, um dos primeiros grandes 
fisiologistas, autor do Elementary Compendium of Physiology, 1816 (MAGENDIE, 
1824), e um dos precursores do experimentalismo moderno (SENET, 1956). Efeitos 
de várias substâncias (morfina, emetina) nos animais. Estricnina, veratrina, etc.) e 
publicou a coleção de fórmulas para a fabricação e uso de vários novos medicamentos 
no início do século XIX (JUNIOR et al, 2016). 
No entanto, como cita Garret (1988), o primeiro Instituto de Farmacologia foi 
criado em Giessen, em 1844, por Philip Phoebus. Rudolf Buchheim, seu sucessor, é 
amplamente considerado o verdadeiro iniciador da farmacologia moderna. Sob sua 
liderança, ele estudou Oswald Schmiedberg, que publicou o primeiro jornal de 
farmacologia experimental. Os seus trabalhos foram muito importantes assim como 
seu Instituto em Estrasburgo. Podemos dizer que a primeira geração de 
farmacologistas europeus e americanos tem suas raízes em Estrasburgo; por outro 
lado, Claude Bernard (1813 - 1878), o discípulo mais importante de Magendie, foi o 
primeiro a usar substâncias farmacologicamente ativas, como o curare, para estudar 
os mecanismos biológicos, seus estudos se tornaram clássicos (JUNIOR et al, 2016). 
Este pesquisador é de extrema relevância para o nascimento da fisiologia 
experimental contemporânea tendo, em 1865, publicado o livro Introdução ao 
Estudo da Medicina Experimental, o qual lançou as bases metodológicas da 
nova fisiologia experimental, concentrando-se na autonomia da fisiologia e na 
importância da experimentação (ROMO, 2007 apud JUNIOR et al, 2016). 
O fisiologista necessitaria atentar primordialmente com fenômenos fisiológicos 
por natureza. Bernard também formulou a ideia unificadora da fisiologia moderna: a 
teoria do meio interno. Este meio refere-se ao fluido entre as células, o líquido 
intersticial. A fisiologia seria entendida como o conjunto de operações realizadas pelo 
organismo cujo propósito é a manutenção do equilíbrio do meio interno. Conforme 
discute Canguilhem (1977), Claude Bernard considerava os fenômenos vitais como 
 
22 
 
resultantes unicamente de causas físico-químicas. Por outro lado, ele também 
confirmou que o organismo se desenvolve de acordo com um projeto, um plano de 
ordem, uma regularidade, cuja organização leva ao seu equilíbrio interno (JUNIOR et 
al, 2016). 
 Segundo Júnior (2016) na realidade, a fisiologia se apresentava como uma 
ciência pouco darwiniana, com procedimentos “a priori” feitos em laboratório, com 
preocupações pouco ligadas às flutuações populacionais tal como as questões 
darwinistas, muito mais voltados para a determinação das constantes funcionais dos 
organismos. Neste caso a teoria cartesiana estava, fortemente, presente. Por outro 
lado, Johannes Müller (1801-1858), autor de Elementos de Fisiologia (1843), 
reconhecido pela configuração inicial da fisiologia alemã, era contrário à viviceração e 
preconizava a observação. 
Seus discípulos também fizeram fundamentais contribuições para a fisiologia, 
a principal delas foi a Teoria Celular de Schleiden (1804-1881) e Schwann 
(1810-1882). Outros dois alunos de Müller, Emil du Bois-Reymond (1818- 
1896) e Hermann von Helmholtz (1821-1894), obtiveram um grande avanço 
na eletrofisiologia medindo a velocidade de condução de um potencial de 
ação no nervo (GONZÁLES, 1998 apud JUNIOR et al, 2016). 
O cenário histórico prévio à formação da teoria celular se inicia no século XVII 
com as observações de Hooke e nos séculos posteriores com a reunião de um grande 
número de informações e observações imprecisas e que aludiam vagamente a 
entidades biológicas que tinham a natureza ainda em discussão. O conceito de célula 
ainda era aplicado pelos botânicos e zoólogos longe de ser unívoco (RECIO, 1990). 
Ele era percebido ora como um ente real, ora uma mera cavidade oca (JUNIOR et al, 
2016). 
Segundo Júnior (2016), no início do século XIX, com o avanço dos estudos 
microscópicos, células sanguíneas e vesículas foram cada vez mais observadas, 
buscando assim uma articulação com a teoria das fibras, pois mesmo que seja 
provável que as células, elas foram estudadas sob a égide da fibra. Dento desta 
expectativa, houve algumas tentativas para modelar a organização das unidades 
básicas (fibras) do organismo. Berg propõe o que chamou de teoria de fileira de 
contas. Podem ser citados nesse contexto também Prevost e Dumas, Home e 
Heusinger, sobretudo Milne Edwards y a Hempel em sua obra de 1819 Einleitung in 
die Physiologie des menschlichen Organismen. 
 
23 
 
Sendo assim, a teoria celular elaborada por Schleiden e Schwann surge num 
cenário que possuía investigações longas e diversas realizadas por uma 
tradição de investigação microscópica em torno da estrutura orgânica e a 
natureza do organismo, mas também com a existência de conclusões 
altamente especulativas dos filósofos naturais. Até 1830 essas tendências se 
mesclavam (RECIO, 1990 apud JUNIOR et al, 2016). 
O trabalho de Schleiden sobre fitogênese de 1838 e posteriormente (1839) 
publicado trabalho de Schwann, que estendeu a pesquisa de Schleiden aos animais, 
teve grande mérito: eles sistematizaram testes teóricos e separaram observações e 
dúvidas especulativas que se espalharam na anatomia até aquele ponto e na fisiologia 
vegetal, conseguiram, assim, uma linguagem teórica uniforme, a representação de 
observações reproduzíveis e, sobretudo, a possibilidade de submeter o grande 
repertório de formas orgânicas e operações fisiológicas a unidades estruturais e 
funcionais celulares. A ideia de célula permitiu unificar todos os seres vivos. Estas 
foram as maiores consequências que puderam ser notadas a partir de 1839 (JUNIOR 
et al, 2016). 
Mas é sabido que a teoria celular de Schleiden-Schwann sofreu correções 
desde sua formulação (RECIO, 1990). Schleiden e Schwann rechaçavam a 
ideia vitalista que o seu próprio mestre Müller defendia, porém cada um a 
partir de um ponto de vista distinto. Schwann defendia a unificação fisiológica 
propondo-se medir as propriedades fisiológicas do órgão a partir da 
mensuração física, tendo como hipótese a possibilidade da unificação da 
natureza por meio das leis (RECIO, 1990 apud JUNIOR et al, 2016). 
Sua posição filosófica era a de um racionalismo cristão na linha de Descartes 
e Leibniz. O vitalismo queria combater essa uniformidade criando diferenças entre o 
mundo orgânico e o inorgânico e buscando uma demarcação entre as ciências 
biológicas e físicas. Schleiden, por sua vez, com uma formação filosófica neokantiana, 
rejeitou a possibilidade ontológica das teorias científicas e não queria atingir o reino 
da realidade como Schwann pretendia (RECIO, 1990). Forneceu uma explicação 
única para o desenvolvimento dos organismos, confirmar que as células nos tecidos 
animais se originam da mesma forma que as das plantas e descobrir que todo o tecido 
é feito de células (JUNIOR et al, 2016). 
Para Recio (1990) apud Júnior et al, (2016), isto trouxe consequências 
fisiológicas e uma nova era para a Biologia que passa a designar uma atividade 
científica que buscava a resolução teórica, a explicação e a justificação dos 
fenômenos que se tornaram seu objeto. Essa teoria introduziu um novo paradigma 
 
24 
 
que até hoje dirige as fases da pesquisa biológica, modifica as idéias sobre a estrutura 
dos seres vivos e dá início à união teórica da zoologia e da botânica. 
Júnior et al, (2005) igualmente analisam que a teoria celular foi uma 
generalização fundamental para a Biologia, pois originou o substrato material do 
mundo orgânico. 
Piñero (2004) entende que a teoria celular forneceu os primeiros princípios 
unificadores das ciências biológicas, assim como Teulón (1982) formulou que o 
paradigma da teoria celular possibilitou esclarecer um problema fundamental dos 
biólogos, nascidos no século XVII, que é expressa na relação entre matéria vital ou 
estruturavital. De acordo com o autor são, na verdade, dois os problemas enfrentados, 
o primeiro é a estrutura – que passa a ser um novo tipo de fenômeno a ser investigado. 
E o segundo é o status da célula na hierarquia do mundo orgânico. A teoria celular 
sofreu correções, ampliações e desenvolvimento nos séculos XIX e XX (JUNIOR et 
al, 2016). 
Realizando uma análise histórica e filosófica, Recio (1990) considera que a 
teoria celular de Schleiden-Schawnn, em sua primeira formulação e 
mudanças subsequentes, é compreendida como um programa de 
investigação lakatosiana. Por este período há o aumento da busca pelos 
estudos dos fenômenos biológicos a partir de princípios científicos que se 
consolidavam na física e na química. Exemplo disso foi Carl Ludwig (1816-
1895), em Leipzig, que estudou a fisiologia renal e a respiração. Combateu o 
vitalismo, insistindo nas explicações de origem física e química. Inventou o 
quimógrafo, além das descobertas da lei do “tudo ou nada”, do centro 
vasomotor bulbar, da permeabilidade capilar e do período refratário cardíaco 
(GONZÁLES, 1998 apud JUNIOR et al, 2016). 
Numa histórica reunião feita em Berlim em 1847, Helmholtz, Ludwig, Du Bois 
Reymond e Brücke, recomendaram que a pesquisa fisiológica se baseasse na física 
e na química, então em franco desenvolvimento (MENDES, 1994). Mendes (1994) 
explica que na época do estabelecimento da doutrina da evolução (em um sentido 
diferente do que hoje) a intenção era comparar as funções nas diferentes tribos a fim 
de subsidiar achados morfológicos e paleontológicos. Esse não foi o móvel primordial 
da Fisiologia Comparada e, sim, uma atitude natural em uma época na qual essa 
evolução, com Darwin e seus fiéis seguidores Huxley e Haeckel, configurava uma 
revolução científica a que cumpria de alguma forma aderir. Cabia, pois, tentar 
demonstrar que as funções também tinham evoluído em paralelo com as formas e até 
se explicariam recorrendose a estágios anteriores (JUNIOR et al, 2016). 
 
25 
 
Segundo Júnior et al, (2016) a endocrinologia é outra área que se constituiu 
vinculada a fisiologia experimental neste período. Cita-se A. Berthold (1849), ligado 
às suas origens, este autor desenvolveu um experimento fundamental na descoberta 
dos hormônios, promoveu a retirada cirúrgica dos testículos das torneiras, e constatou 
que estes alteravam a morfologia, o comportamento sexual e os agonistas desses 
animais. A substituição deste material recuperou as propriedades perdidas. Para o 
autor, esse comportamento indicava a existência de um mecanismo de sinalização 
independente no sistema nervoso. 
Outro fisiologista, pesquisador nas atividades hormonais foi Charles Eduard 
BrownSequard (1817 - 1894), importante por seus trabalhos de aplicação dos 
princípios da físicoquímica à patologia. Foi um dos primeiros a pesquisar secreções 
internas (os hormônios) e descobrir a importância da glândula supra-renal. Foi, 
também, um dos primeiros a utilizar ratos para experimentos. Sua teoria de reposição 
hormonal ficou famosa (JUNIOR et al, 2016). 
Johann Friedrich Miescher foi o precursor da Bioquímica de ácidos nucléicos. 
Sua descoberta do DNA ocorreu em 1869. Ele queria definir os componentes químicos 
do núcleo celular e utilizava glóbulos brancos derivados do pus em sua pesquisa. 
A escolha desta célula deveu-se à disponibilidade e tamanho do núcleo. 
Analisando os núcleos, Miescher descobriu a presença de um composto de 
natureza ácida que era desconhecido até o momento. Era rico em fósforo e 
em nitrogênio, desprovido de enxofre e resistente à ação da pepsina (enzima 
proteolítica). Esse composto, que aparentemente era constituído de 
moléculas grandes, foi denominado, por Miescher, nucleína (CLAROS, 2003 
apud JUNIOR et al, 2016). 
Conforme Claros (2003), em 1880, Albrecht Kossel, demonstrou que a nucleína 
continha bases nitrogenadas em sua estrutura. Nove anos depois, Richard Altmann 
conseguiu a nucleína com alto grau de pureza, demonstrando sua natureza ácida e 
dando-lhe, então, o nome de ácido nucléico. Em 1882 Walter Flemming descobriu 
corpos com formato de bastão dentro do núcleo das células, que denominou 
"cromossomos". Em 1890, foi descoberto em levedura (fermento biológico) outro tipo 
de ácido nucléico, que continha uracila ao invés de timina e ribose ao invés da 
desoxirribose. Dessa maneira, foram caracterizados dois tipos de ácidos nucléicos, 
de acordo com o glicídio que possuíam: ácido ribonucléico e ácido desoxirribonucléico 
(CLAROS, 2003). 
 
26 
 
Quanto às questões ligadas ao adiantamento, Maupertuis (1751), em sua 
publicação A Vênus Física, notou que quanto mais longe o embrião está do 
nascimento, mais desigual ele é do animal adulto. Assim a preexistência não explicava 
a herança. Para o autor, o líquido seminal de cada animal é feito de partículas do 
corpo todo que se misturam quando dois parceiros vão produzir um novo indivíduo. 
Tal explicação, embora epigenética não é experimental. Já Buffon acreditava que os 
seres vivos eram constituídos por partículas vivas que estavam atraídas por algo 
semelhante à atração de Newton, orientadas por um molde interior capaz de dar uma 
estrutura às partículas. Needhan substitui o conceito de Buffon pelo conceito de força 
vegetativa (JUNIOR et al, 2016). 
Segundo Júnior (2016) a ideia comum nessas três elucidações é que a matéria 
é capaz de organizar o ser vivo, sem qualquer interferência externa. É a base do 
materialismo francês. A epigênese, no entanto, não podia ser comprovada apenas 
pela observação. Já em 1800, em seu livro Investigação filosófica sobre a vida e a 
morte, Bichat (1866) garante ser a vida um conjugado de funções que resiste à morte. 
É um princípio de reação a tudo que procura destruir os corpos vivos e que pode ser 
conhecida somente pelos seus fenômenos que realiza contra os corpos exteriores. 
Assim, segundo Bichat (1866), a vida tem uma finalidade interna com uma 
relação de contradição e não apenas fenômenos mecânicos. Essa nova ideia 
era uma ruptura com o universo mecânico, uma vez que, ao se reagir contra 
o mundo externo, a vida tenta transformar tal mundo (BICHAT, 1866 apud 
JUNIOR et al, 2016). 
Segundo Senet (1956), Prevost e Dumas observaram os primeiros estágios do 
desenvolvimento de um ovo em 1824 observando a criação de rãs. Em 1827, Karl von 
Baer finalmente demonstrou a maturação do folículo de Graef. Em sua fase de 
desenvolvimento, o embrião de rã consiste em três massas diferentes, que atualmente 
chamamos de ectoblasto, endoblasto e mesoblasto. Baer trabalhava contra a teoria 
preformista, e trouxe várias contribuições para a história do desenvolvimento dos 
mamíferos (chamada de evolução na época). Baer fez observações que permitiram 
atacar a teoria de Meckel, Geoffroy e Serres, que deriva da teoria de Kielmeyer que 
comparava a gradação dos animais com sua evolução embrionária e filogenética. 
Para Kielmeyer, os organismos eram organizados em ordem ascendente do simples 
ao complexo. O desenvolvimento embrionário humano iniciava pela compreensão de 
que o embrião em princípio vegeta, logo é estimulado e por último desenvolve um 
 
27 
 
órgão sensorial atrás do outro, na mesma ordem que a escala dos seres vivos 
(JUNIOR et al, 2016). 
E mais, que a origem dos organismos na história da terra também segue as 
etapas de gradação atual dos seres vivos. John Meckel (1781-1833) 
interpretou esta teoria no sentido de que os mamíferos e o homem durante 
seu desenvolvimento embrionário começam do grau mais simples (naquela 
época eram os pólipos) ascendendo às formas mais elevadas até se constituir 
toda a hierarquia do reino animal. Cabe ressaltar que Kielmeyer falava da 
evolução e analogia das forças vitais e Meckel, por outro lado, se referia à 
evolução e semelhança das formas (RADL, 1988 apud JUNIOR et al, 2016). 
Meckel, Geoffroy e Serres descobriram um novo fato: no desenvolvimento 
embriológico, os animais eramparecidos e, de fato, quanto mais jovens eram, Baer 
concordava com esses embriologistas em vários aspectos, mas dada a interpretação 
deles de que os animais eram simplesmente aprisionados em formas humanas. Baer 
não existia mais essa proximidade, em seu livro História da Evolução dos Animais 
(1828) e em outras obras ele se voltou contra a doutrina do paralelismo entre a 
gradação dos animais e sua evolução embrionária, na qual ele pode chamar de 
treinamento. Teoria que unia elementos da teoria epigenética de Wolff com as 
opiniões morfológicas de Cuvier (JUNIOR et al, 2016). 
Baer propunha que todos os animais se desenvolviam de tal forma que 
inicialmente tinham elementos fundamentais de seu tipo, posteriormente se 
diferenciavam mais e mais; o embrião possui sucessivamente em princípio 
as propriedades do tipo, até que aparecem sucessivamente as propriedades 
da classe, ordem, família, de gênero e espécie, até que surgem as 
características individuais; assim o embrião primeiro é vertebrado, depois 
ave, ave terrestris, gallinacea, etc. (RADL, 1988 apud JUNIOR et al, 2016). 
Em 1839, Schwann (1847), cujas ideias incorporaram o trabalho de Schleiden, 
conforme já apresentado, publicou Pesquisa Microscópica sobre Conformidade na 
Estrutura e Crescimento entre Plantas e Animais e colocou a célula como a principal 
região das atividades metabólicas do corpo, formulando assim uma das idéias 
fundamentais da biologia, teoria celular. Por sua vez, Thuret, em 1854, viu os 
espermatozoides envolverem um ovo de algas e um deles penetrar por dentro, 
deixando a cauda para fora. Alguns anos depois, Oscar Hertwig descobriu a 
fertilização em animais (SENET, 1956 apud JUNIOR et al, 2016). 
Em 1880, Edward Strasburger estudando vegetais descobriu o 
desaparecimento do núcleo, quando uma célula se divide em duas células 
filhas, deixando pequenas estruturas em forma de bastonetes, facilmente 
coradas. Por causa dessa propriedade, Waldeyer, em 1888, lhes atribuiu o 
 
28 
 
nome de cromossomos. Mais tarde ficou constatada a existência desses 
cromossomos em todas as células e em determinada espécie seu número é 
sempre fixo (SENET, 1956 apud JUNIOR et al, 2016). 
O que organizava. Com a formulação da teoria celular, grande parte da questão 
da epigênese foi resolvida. A substância amorfa de Aristóteles, a matéria de 
Maupertuis, Buffon e Needhan, eram células arranjadas. Sabíamos que as células se 
multiplicavam e se transformavam, mas não sabíamos como essas atividades eram 
controladas: o que agia sobre a substância e formava os seres vivos, a ideia formativa 
de Aristóteles, a possibilidade espiritual da memória da matéria "Harvey, Maupertius", 
o molde interno de Buffon e a força vegetativa de Needhan, as células de modo a 
produzir indivíduos semelhantes a seus pais? Uma das explicações mais aceitas na 
época era que cópias de todos os componentes do corpo, as gêmulas, eram 
transportadas através da corrente sanguínea aos órgãos sexuais e reunidas nos 
gametas (JUNIOR et al, 2016). 
Com a fertilização, esses botões de sexos opostos se juntaram e todos esses 
elementos se espalharam ao longo do desenvolvimento para diferentes partes do 
corpo para formar uma mistura de órgãos e tecidos maternos e paternos. Pangênese, 
amplamente aceita pelos evolucionistas. Para fornecer uma explicação da origem das 
trocas hereditárias que poderiam levar a novas espécies. O contínuo uso de um órgão 
transformaria suas gêmulas e ocasionaria uma alteração em seus descendentes. 
Lamarck se utilizou desse conceito de gêmulas para explicar como o ambiente dirige 
as transformações adaptativas. Darwin, também compartilhou destas ideias as quais, 
de alguma forma, se prestavam à explicação do aparecimento de indivíduos 
diferentes, portanto, passíveis de sofrerem os efeitos da seleção natural. Mas nunca 
ficou claro se o pesquisador considerou esta explicação uma solução suficiente para 
a resposta à existência da variabilidade natural das populações (JUNIOR et al, 2016). 
Galton, sobrinho de Darwin, no final do século XIX, viu na teoria da pangênese, 
apresentada na Origem das Espécies, uma forma de explicar a hereditariedade em 
humanos, com o objetivo de aplicar as hipóteses da teoria da seleção natural aos 
seres humanos, desenvolver uma ciência da hereditariedade humana que 
possibilitasse, por meio de instrumentos matemáticos e biológicos, identificar e 
selecionar os melhores seres humanos. Ele entendeu que as características 
transmitidas estavam relacionadas aos aspectos físicos (tamanho, cor dos olhos, pele 
etc.) e também às habilidades e talentos intelectuais. Fundou assim a “eugenia” ou a 
 
29 
 
busca do indivíduo “bem nascido” (DEL CONT, 2008) que consistia na solução 
draconiana dos mais aptos vencerem na sociedade humana. Galton via na seleção 
natural uma promissora explicação para o fenômeno da diversidade de espécies e na 
teoria da pangênese a transmissão de características dos progenitores à prole 
(JUNIOR et al, 2016). 
De acordo com Júnior et al, (2016), sua compreensão da teoria de Darwin não 
era completa, ele não entendia que a seleção natural atua acima de tudo em uma 
alteração oportuna, não relacionada ao melhoramento das espécies. Não 
compartilhava a interpretação gradualista darwinista e desvaloriza os efeitos 
ambientais. Com inclusão à pangênese, realizou um experimento com coelhos para 
testá-la e analisá-la estatisticamente. Ele identificou a impossibilidade de confirmá-la 
e a considerou incorreta. Em oposição a ela, mas ainda utilizando alguns de seus 
elementos, procurou desenvolver uma teoria própria sobre a hereditariedade em dois 
artigos, o primeiro de 1872, “On blood relationship” e o segundo de 1875, intitulado “A 
theory of heredity”. 
Sua teoria da hereditariedade foi publicada em diferentes países, recebendo 
críticas, mas influenciando importantes grupos de pesquisadores. Bateson e 
Johansenn chegaram a considerar que Galton se antecipou a Weissmann 
com relação à distinção do plasma germinativo e o somático (GUTIÉRREZ et 
al, 2002 apud JUNIOR et al, 2016). 
O ambiente vitoriano da época favoreceu e estimulou esse pensamento 
eugênico de Galton, ainda mais radical do que o darwinismo social de Spencer, um 
dos maiores defensores do darwinismo, Galton, no entanto, teve o mérito de ser o 
precursor da biometria, que visa estudar tudo o que é possível medir nas coisas vivas. 
Segundo Del Cont (2008), no final do século 19, um grupo de cientistas conhecidos 
como biometristas se organizou para dar continuidade às reivindicações eugênicas. 
Grupo formado por evolucionistas que procuraram identificar regularidades 
estatísticas que pudessem descrever o aparecimento de variações contínuas em uma 
dada população, tendo como uma de suas principais bases a lei da herança formulada 
por Galton durante a última década do século XIX e as duas primeiras do século XX, 
tem havido um número crescente de levantamentos biométricos (JUNIOR et al, 2016). 
No final do século XIX, Weismann provou que a teoria da pangênese era falsa 
ao cortar as caudas de ratos por 22 gerações, sem nunca remover os botões 
supostamente presos à cauda cortada. Assim, Weismann substituiu a teoria da 
 
30 
 
pangênese pela teoria do plasma germinal. A ideia propunha que os organismos 
multicelulares consistiam em dois tipos de tecidos: somatoplasma e plasma germinal. 
O primeiro consiste dos tecidos essenciais para o funcionamento do 
organismo, mas não estão envolvidos com a reprodução sexual, portanto, 
suas modificações não são hereditárias. O segundo estava envolvido na 
reprodução e qualquer modificação aí ocorrida é hereditária. A semelhança 
do plasma germinal em todas as gerações de descendentes é o que explica 
suas semelhanças biológicas (MARTINS, 2003 apud JUNIOR et al, 2016). 
As ideias de Weismann foram desenvolvidas nas últimas quatro décadas do 
século XIX, sendo publicadas no livro Vortäge über Descendenztheoriede 1902. A 
ideia do plasma germinal não pôde ser comprovada pela observação. Entretanto, já 
carregava hipóteses de trabalho ligadas ao conceito de células somáticas e 
germinativas. A pergunta sobre o que atuava na célula ao longo das gerações, 
contudo, ainda não tinha sido respondida. Mendel, em 1865 tornou à questão, de 
alguma forma, mais aclarada a partir de experimentos controlados fora do laboratório. 
Ele descobriu que cada característica tinha origem material, a qual denominou fatores, 
que se apresentavam em dose dupla, eram independentes uns dos outros e a 
contribuição dos dois sexos era equivalente na produção de uma nova geração. Cada 
fator da dupla pode dominar o outro (dominante) ou, por conseguinte, ser dominado 
por ele (recessivo). Seus resultados, porém, não foram reconhecidos na época em 
que Mendel os apresentou. A herança podia entendida como um conjunto de células 
controladas por fatores. Mas tal explicação somente viria a acontecer algumas 
décadas mais tarde quando os fatores identificados por Mendel pudessem assumir 
um papel concreto dentro da Biologia, nas mãos dos pesquisadores do início do século 
XX. Assim, a teoria celular possibilitou uma explicação única do desenvolvimento dos 
organismos, permitindo uma generalização fundamental para a biologia, pois 
determinou o substrato material do mundo orgânico, enquanto a teoria do ambiente 
interno unificou a fisiologia moderna em uma atividade funcional comum a todos 
organismos, todas as operações realizadas pelo organismo para manter o equilíbrio 
do meio ambiente interno. E, finalmente, o substrato celular e a atividade fisiológica 
eram controlados por fatores, mais tarde chamados de genes (JUNIOR et al, 2016). 
 
31 
 
7 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO: DETERMINISMO X INDETERMINISMO 
 
Fonte: austral.edu.ar 
Em geral, o processo de compreensão de um objeto é entendido como a 
formulação de uma definição do mesmo. No entanto, na ciência as respostas de 
questionamentos não podem ser vistas como definitivas. É preciso destacar que 
segundo Thomas Kuhn (1962), de tempos em tempos diversas mudanças e 
revoluções científicas se desenrolam para que os paradigmas científicos se 
transformem. Por conta disto, de acordo com Koyré (1957), o quadro de referências 
pode e deve ser substituído do seu pensamento atual quando tais processos 
acontecem. Destarte, separar aspectos filosóficos dos científicos, neste ponto, parece 
ser inviável. A ciência é parte da vida humana, de modo que perde seu sentido e sua 
legitimação se for dela separada (DIAS, 2021). 
No que se refere ao desenvolvimento do conhecimento, segundo Foucault 
(1966, p. 179), há apenas uma episteme em uma cultura e em um determinado 
momento, que define as condições de possibilidade de todo conhecimento Koyré. 
Portanto, por mais diferentes e diversos que possam parecer, existe uma certa área 
de pensamento. 
O processo de definição, então, passa por um campo de pensamento 
vinculado à objetivação. Resumidamente, objetivação significa 
problematização, e isso não quer dizer representação de um objeto 
preexistente, nem criações através de um discurso de objetos que não 
existem. Seguindo uma regra foucaultiana: “Trata-se de retirar do sujeito (ou 
do seu substituto) o papel de fundamento originário e de o analisar como uma 
 
32 
 
função variável e complexa do discurso” (FOUCAULT, 1969, p. 70 apud 
DIAS, 2021). 
Segundo Dias (2021) não importa quem fala, o importante é perguntar “como é 
que um saber se constitui”. Esta ideia de representação das coisas, que se explicita e 
que se refere a um conjunto de significantes, é diferente da ideia de representação 
kantiana. A interpretação do autor não está em questão; mas sim a possibilidade de 
perceber uma certa relação entre saberes. Segundo Foucault (1966, p.470), o papel 
do conceito de sentido é apresentá-lo como linguagem, mesmo que não seja um 
discurso explícito, e também que não se desdobra em uma consciência, pode, em 
geral, para se dar à representação. 
Para Bachelard (1957) apud Dias (2021), por exemplo, é estranho ter que 
pensar no absoluto determinístico expressando-o por meio de uma realidade. Apesar 
de o determinismo ser visto a priori como uma consequência da busca por uma 
simplicidade argumentativa. Para Bachelard, o sentimento de determinismo sugere 
uma falsa segurança do conhecimento, mas é somente quando se percebe que o 
determinismo surge do esforço de racionalizar a realidade que o espaço se abre para 
a ideia deformação, mutabilidade e perturbação. 
O absolutismo leva, então, à afirmação de uma espécie de materialização, de 
imobilidade que está enraizada em um sujeito incondicionado no centro de 
todas as relações condicionantes (Bachelard, 1957, p. 124). Isto vai de 
encontro, por exemplo, a uma posição semelhante de Schopenhauer, em que 
o mesmo afirma “o mundo é minha representação” (BACHELARD, 1957, p. 
126 apud DIAS, 2021). 
A problematização de um ponto de vista relativista, entretanto, requer que 
valores aparentemente materializados e imutáveis sejam parcial ou totalmente 
convertidos em seus valores. Por muito tempo, o determinismo impediu que certas 
idéias de indeterminismo fossem admitidas. 
A realidade e o mundo não são a representação do que se pensa ou do que 
se quer. Após as revoluções científicas causadas por Galileu, Copérnico, 
Newton e Einstein, o mundo passou a ser aquilo que se pode verificar. 
Portanto, a declaração de Schopenhauer "o mundo é minha representação" 
foi alterada de "o mundo é minha verificação" (Bachelard, 1957, p. 126 apud 
DIAS, 2021). 
Assim, o processo de definição emerge de uma relação estrutural entre o 
conjunto de palavras e sua relação com seus significados e significantes. De acordo 
com Foucault (1966), os significados e os significantes surgem a partir do momento 
 
33 
 
em que são conhecidas as possibilidades de relações entre eles e a epistéme (DIAS, 
2021). 
8 REDUCIONISMO E HOLISMO: DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE O 
CONCEITO DE VIDA 
 
Fonte: biblioteca.cofen.gov 
Dentre as diversas concepções e tentativas de se conceituar Vida, é possível 
destacar a Reducionista e a Holística ou Sistêmica. O reducionismo pode ser 
desmembrado em constitutivo, exploratório e teórico. O primeiro, reducionismo 
constitutivo, considera que os organismos vivos são constituídos de compostos iguais 
aos da matéria inanimada. O reducionismo exploratório parte de que só se pode 
entender o todo a partir da dissecção de todos os seus componentes. Enfim, o 
reducionismo teórico, assegura que leis de uma área do conhecimento podem ser 
casos especiais de teorias ou leis de outras áreas (DIAS, 2021) 
Segundo Dias (2021) com base nas definições de reducionismo apresentadas 
é possível observar seu caráter, tanto quanto mecanicista. De forma geral, a visão 
mecanicista sob os processos da natureza é descrita por estruturas físicas e suas 
respectivas mudanças. Neste ponto, as estruturas físicas no mecanicismo estão 
relacionadas ao espaço-tempo e a matéria. 
No que cerne as questões de mudanças nas estruturas físicas estão, estas 
vinculadas ao movimento. Assim, a partir de uma visão mecanicista qualquer 
 
34 
 
sistema físico-químico não importante quão complexo seja, pode ou poderia 
ser reduzido as propriedades de seus componentes e leis que governam a 
mudança dessas estruturas (DODIG-CRNKOVIC; MÜLLER, 2011 apud 
DIAS, 2021). 
Vale ressaltar que, segundo Dias (2021) o mecanicismo, por meio das 
perspectivas reducionistas abordam os assuntos conceituais de vida, em geral, 
através de um contexto denominado bottom-up. Em geral, o reducionismo mecanicista 
sugere que os componentes básicos e integrais dos seres vivos têm padrões e 
funções específicos que devem ser possíveis, pois são reduzidos em escala por 
escala e fenômenos de micro a macro são observados. A outra perspectiva chamada 
holística ou sistêmica se originou em 1926, quando o estatistasul-africano Jan 
Christianan vende, em seu livro, holismo e evolução inventaram o termo. 
No livro, Smuts escreve: “a unidade das partes pode vir a ser maior do que a 
soma das partes, que não apenas dá uma conformação ou estrutura para as 
partes, mas as relaciona e determina através de uma síntese onde suas 
partes estão alteradas; a síntese afeta e determina as partes de maneira que 
elas funcionem e se direcionam para o todo”. Basicamente, essa abordagem 
radica-se num ponto de vista holístico, em que conforme Sacarrão: "todos os 
seres vivos e o ambiente físico funcionam como um todo, obedecendo a leis 
físicas e biológicas bem definidas" (SACARRÃO, 1991, p.33 apud DIAS, 
2021) 
Este conceito deu origem a uma das teorias controversas da ecologia atual, a 
teoria de Gaia, que foi formulada em 1979 por James Lovelock em colaboração com 
Lynn Margulis. Nesta teoria a Terra seria como um ser vivo gigantesco, um 
macroconjunto orgânico de processos biológicos e fisioquímicos autorregulados, em 
que tudo é e todos são Gaia. 
Tal abordagem de vida é nomeada de organicismo. De forma geral, o 
organicismo entende que os organismos apresentam propriedades 
relacionadas ao todo, ou seja, que propriedades de um determinado nível de 
complexidade pode não decorrer diretamente de suas partes, mas da 
interação entre elas (Rehmann-Sutter, 2000, p. 337; Gilbert & Sakar, 2000, p. 
2 apud JUNIOR et al, 2016). 
Assim, ao contrário da abordagem reducionista bottom-up, a perspectiva 
holística se caracteriza como top-down por suas particularidades epistemológicas de 
enfatizar o significado, o sentido e a finalidade do objeto de estudo, norteando 
metodologicamente por uma visão de síntese e apreciando os aspectos qualitativos e 
experiências em contraposição à exatidão logística do método analítico. Após o 
trabalho pioneiro do embriologista Paul Weiss, o termo sistêmico hoje expressa uma 
 
35 
 
abordagem de cima para baixo e de baixo para cima ao mesmo tempo (OLIVEIRA, 
2000 apud DIAS, 2021). 
Vale ressaltar que a partir de 1940, as ideias de teorias sistêmicas apontaram 
que relações sistêmicas que surgem em estágios complicados de integração podem 
produzir novas e imprevisíveis características (DIAS, 2021). 
9 VIDA E SUA DEFINIÇÃO: UM PROCESSO AINDA EM CONSTRUÇÃO 
 
Fonte: universoracionalista.org 
A vida é um dos conceitos mais difíceis para explicar e até mesmo examinou 
consideravelmente, continua um mistério e uma cena controversa. Embora ao longo 
da história da biologia, muitos pré-requisitos para se considerar um ser como vivo 
tenham sido propostos, todos em algum momento ou de alguma maneira se revelaram 
falhos (JUNIOR et al, 2016). 
Deve-se lembrar também, segundo Coutinho (2005) apud Dias (2021), que o 
conceito de vida só teve início no final do século XVIII. Porém, vários filósofos 
buscaram discutir o conceito de vida antes disso, como por exemplo, Aristóteles. 
De acordo com Ross (1987), todos os seres continham dois princípios básicos 
para Aristóteles: matéria e a forma. Aristóteles expressa que o ser é a enteléquia de 
um corpo orgânico possivelmente dotado de vida (Allan, 1983, p. 66). Assim, o ser 
vivo, em geral, seria “forma” o corpo “em ação” e a “matéria” ainda que precise de 
forma seria capaz de existir na ausência dela. 
 
36 
 
A partir da busca de uma ciência unificada dos seres vivos, algumas ideias 
foram propostas com o intuito de caracterizar o conceito de vida pela 
existência de forças ou essências próprias dos seres vivos. Como vertente 
dessas concepções originou-se o vitalismo, que é uma posição filosófica 
caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a 
qual a vida não poderia ser explicada (CORRÊA et al, 2008 apud DIAS, 2021). 
O princípio da vida seria uma força específica diferente da energia estudada 
pela física e outras ciências naturais que agiria sobre a matéria organizada e 
produziria vida. O vitalismo argumentou que os organismos vivos (não a matéria 
simples) diferem dos seres inertes por terem uma força vital (ou élan vital em francês) 
que não é física nem química (JUNIOR et al, 2016). 
No século XIX Ernst Heinrich Haeckel, biólogo alemão, importante defensor do 
darwinismo com o intuito de expulsar as forças teleológicas da ciência, explicou a 
substância como sendo matéria e energia e estando sujeita às respectivas leis da 
conservação da matéria e da energia. 
Para Haeckel essa força vital, por vezes denotada como alma, não deveria 
ser considerada como algo transcendente, mas resultado histórico de um 
desenvolvimento filogenético lento, sendo todos os corpos considerados 
como vivos sensíveis a este processo (FREZZATTI, 2003, p. 447 apud DIAS, 
2021). 
Em meados do século XX, o biólogo evolucionista Ernest Mayr (1904- 2005), 
expressou que os seres vivos deveriam ser percebidos como compostos dos mesmos 
elementos que a matéria inanimada, negando a existência de uma substância 
particular dos seres vivos, é uma perspectiva reducionista constitutiva. Embora o que 
um ser vivo seja bem conhecido na biologia, por que as definições de vida são tão 
evasivas, independentemente de uma perspectiva reducionista ou sistêmica? Via de 
regra, descreve-se uma série de propriedades e fenômenos presentes nos seres 
vivos, sem uma preocupação maior em produzir um conceito teoricamente 
fundamentado de vida. 
Assim, as experiências com o mundo e aqueles que o constituem acabam 
fazendo que o interprete diferencie o que é vivo do que não é. Diante do 
exposto, tentar definir algo tão complexo às vezes leva a que o conceito se 
torne muito ou muito restrito, adicionando ou removendo exemplos 
consideráveis (CORRÊA et al, 2008 apud JUNIOR et al, 2016). 
Não é possível dizer categoricamente o que é vida porque, segundo Tsokolov 
(2009), existem três dificuldades epistemológicas importantes para a definição da 
 
37 
 
vida: definição por termos eles próprios mal definidos; definição por uma combinação 
de descrições; a definição tenta arbitrar um sistema mínimo para ser caracterizado 
como vida. A definição de vida como posição inconsciente de valor e aspectos 
qualitativos não se coaduna com a perspectiva quantitativa das ciências da natureza. 
Nesse sentido, Emmeche e ElHani (1999) destacam que, portanto, uma definição de 
vida deve atender aos seguintes requisitos: ser geral e incluir todas as formas de vida 
possíveis; ser consistente com a compreensão dos sistemas vivos na ciência 
moderna; apresentar uma elegância conceitual, com conceitos claros e bem definidos, 
conseguindo organizar grande parte do campo do conhecimento em biologia; e ser 
específico o suficiente para distinguir sistemas vivos de sistemas que claramente não 
são vivos. Propor uma definição de vida a ser inserida em redes teóricas específicas 
evita que essa definição se transforme em mais uma lista de traços, uma vez que são 
apresentados apenas os traços relevantes à luz de um determinado paradigma (DIAS, 
2021). 
9.1 Algumas interpretações e categorias históricas de Vida 
Do que foi apresentado nos temas anteriores, algumas interpretações históricas 
sobre o conceito de vida podem ser elencadas, sintetizando cada método e 
perspectiva sobre "O que é a vida?" Gerou historicamente categorias interpretativas 
distintas, as quais seguem listadas a seguir algumas das consideradas como 
principais segundo Dias (2021): 
 Vida como a presença de uma substância específica dos seres vivos, seguindo 
o princípio do vitalismo de Aristóteles, Haeckel e outros. 
 Vida como uma criação divina, seguindo um princípio teológico, expressa por 
Sto.Tomás de Aquino por exemplo. 
 Vida como organismo que surge da luta entre suas partes, seguindo o princípio 
de dominação de Nietzsche. 
 Vida como autopoiese, considerada como uma rede complexa de interações 
no qual os componentes são ao mesmo tempo produtos e produtores da rede, 
expressa por Maturana e Varela. 
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