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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 BIOLOGIA - CONCEITO DE VIDA ............................................................ 4 3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA .................................................. 8 4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA ...................................................................... 10 4.1 O começo da civilização fez começar a Ciência ................................ 10 4.2 A Ciência na Grécia............................................................................ 12 4.3 O rico Império Romano e a pouca Ciência ......................................... 14 4.4 A Biologia na Idade Média .................................................................. 15 5 AS CONCEPÇÕES MECANICISTAS E VITALISTAS DOS SERES VIVOS ...................................................................................................................17 6 AS PESQUISAS EXPERIMENTAIS NO SÉCULO XIX NA CONSTITUIÇÃO DAS TEORIAS ESTRUTURANTES DA BIOLOGIA .................................................. 20 7 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO: Determinismo X Indeterminismo ........... 31 8 REDUCIONISMO E HOLISMO: Diferentes perspectivas sobre o conceito de Vida.................. .................................................................................................... 33 9 VIDA E SUA DEFINIÇÃO: Um processo ainda em construção ................ 35 9.1 Algumas interpretações e categorias históricas de Vida .................... 37 9.2 Vida a partir do princípio da Biossemiótica ......................................... 38 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 39 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 BIOLOGIA - CONCEITO DE VIDA Fonte:academia.edu As opiniões dos biólogos abrangem todos os aspectos da vida, passado e presente. O seu foco os leva dos átomos às relações globais entre os organismos vivos e o meio ambiente. Para entender o foco do estudo da biologia — a vida —, deve-se refletir sobre os diferentes níveis de organização da natureza (PEDROTTI, 2019). Desde os primeiros tempos, nossos ancestrais olhavam ao redor e se perguntavam sobre a origem da vida, o universo e tudo o que existe. No entanto, há uma questão ainda mais simples e profunda: o que é vida? Por muito tempo, esse tema não foi visto como preocupante ou científico. Os motivos para isso foram os mais variados e se destacaram entre muitos (DIAS, 2021). De acordo com Dias (2021), muitos cientistas acreditavam não existir necessidade de conceituar vida para o desenvolvimento de suas pesquisas empíricas. Segundo Mayr (1982), por exemplo, o reconhecimento de aspectos qualitativos ou qualitativos é visto como algo não científico, meramente descritivo e classificatório, o que evidencia a incapacidade de compreensão dos fenômenos biológicos. Ainda que ainda não exista uma definição universal de “O que é a vida? “Durante o século XIX o conceito de vida desenvolveu-se como um problema de cunho científico. Com o advento da astrobiologia, a vida volta a ser objeto de estudo e agora é a protagonista de um novo campo que não só é fascinante, mas também 5 multidisciplinar. Além dessa área, reaparece o conceito de vida, que trabalha com questões que, por serem extremamente subjetivas, muitas vezes fogem de uma definição (DIAS, 2021). Segundo Dias (2021), a Astrobiologia se preocupa e busca por respostas sobre a origem, evolução e distribuição da Vida no Universo. Assim, considerando a importância que o conceito sobre “O que é Vida?” possui, não apenas para a Astrobiologia, mas para a própria Biologia Teórica e outras tantas áreas da Ciência da Vida e Natureza, a abordagem desse tema pode ser visto como objeto desfragmentador e integrador entre Ciência e a Filosofia. A palavra biologia vem de bio, que significa "vida" e Logos, que significa "estudo"; consequentemente, a biologia é o ramo da ciência que estuda os seres vivos. Os seres vivos são definidos como organismos descendentes de um ancestral comum, que surgiu há cerca de 3,5 milhões de anos. Devido à sua ancestralidade comum, os organismos vivos compartilham muitas características, apesar de serem incrivelmente variados. Mas, afinal, o que é vida? "Quais são as propriedades dos seres vivos? “Porque os biólogos reconhecem a vida a partir das propriedades e processos dos organismos vivos (DIAS, 2021). Veja, a seguir, algumas propriedades e processos que estão associados à vida segundo Sadava et al (2009) apud Dias (2021): Célula: todos os organismos vivos são constituídos por uma ou mais células. Alguns organismos vivos são unicelulares e compostos por uma única célula que executa todas as funções da vida, enquanto outros são multicelulares e compostos por uma série de células especializadas que desempenham diferentes funções. Adaptação evolutiva: os organismos vivos são geneticamente relacionados, ou seja, possuem um ancestral comum. Essa é a teoria da evolução proposta por Charles Darwin, segundo a qual os organismos têm a capacidade de evoluir, ou seja, toda população de organismos possui variações genéticas. Por meio da seleção natural, essas variações aumentam a probabilidade de um organismo se adaptar a certas condições ambientais e sobreviver às condições; 6 Regulação: os organismos vivos podem regular o seu ambiente interno, ou seja, milhares de reações bioquímicas ocorrem dentro e entre as células, as quais devem ser precisamente controladas para que essas células realizem de maneira eficiente suas funções; Processamento de energia: os organismos vivos adquirem nutrientes a partir do ambiente para fornecer energia e construir novas estruturas, ou seja, alimentar-se fornece energia e nutrientes ao organismo, o que o mantém organizado e funcionado. Distintos organismos conseguem energia de diferentes fontes, e são considerados como produtores e consumidores. Os produtores extraem energia do meio ambiente e produzem seus próprios alimentos. As plantas, por exemplo, são um exemplo de produtor, pois fotossintetizam a partir da energia solar para produzir açúcar, que é a fonte de energia da planta (alimento). Os consumidores obtêm energia e nutrientes alimentando-se de outros organismos; um exemplo são os gafanhotos que comem folhas; Resposta ao ambiente: capacidade de reagir de acordo com as condições do meio em que o organismo vivo está inserido. Os organismos interagem continuamente e de muitas formas diferentes. Existem interações com fatores ambientais (incluindo solo, temperatura, umidade) e interações entre organismos da mesma espécie (da mesma) ou entre organismos de espécies diferentes; Crescimento, desenvolvimento e reprodução: os organismos vivos contêm informações genéticas para se reproduzir e perpetuar a própria espécie, e a informação genética herdada controla o padrão de crescimento de desenvolvimento de cada organismo vivo. Assim, o DNA é considerado a molécula característica da vida, pois é a base para o crescimento, sobrevivência e reprodução de todos os organismos vivos. A reprodução se refere aos mecanismos pelos quais os pais passam o DNA para seus filhos, que contém as informações que direcionam o crescimento e o desenvolvimento do organismo; Para a biologia, essas são as propriedades que todos os organismos vivos têm em comum. Portanto, com cada organismo recém-descoberto, essas propriedades 7 são avaliadas a fim de compreender a vida desse organismo. No entanto, algumas formas de vida podem não ter tudo isso. Propriedades e processos ao mesmo tempo. Por exemplo, os vírus, embora não tenham células, provavelmente evoluíram de organismos celulares e são considerados organismos vivos por muitos biólogos (SADAVA et al., 2009 apud DIAS, 2021). Temas unificadores do estudo da vida A biologia é um tema extremamente amplo, de modo que, diariamente, novas descobertas biológicas são realizadas. Assim, as informações relacionadas ao estudo da vida devem ser ordenadas e concentradas de forma acessível em poucos e importantes tópicos. A partir disso, cinco tópicos de conexão foram definidos (REECE et al., 2015): organização; informação; energia e matéria; interações; evolução. O tema organizacional consiste em uma organização hierárquica em níveis, e em cada nível é possível estudar a vida em grande escala (biosfera, ecossistema, comunidade, população, organismo, órgãos / sistema orgânico) ou em microescala (tecidos, células), organelas e átomos), observando a relação e interação entre os níveis individuais. A informação demonstra que os processos da vida envolvem a expressão e a transmissão de informação genética. A informação genética é codificada nas sequências de nucleotídeos do DNA, com a informação herdada sendo passada de pais para filhos. Sequências de DNA chamadas de genes projetam a produção de proteínas em uma célula, que são então traduzidas em proteínas específicas em um processo denominado expressão gênica (DIAS, 2021) Segundo Dias (2021) energia e matéria como um tema demonstram que a vida requer a transferência e transformação de energia e matéria. Todos os organismos têm que desempenhar funções que requerem energia. Por exemplo, os produtores convertem energia solar em energia química, parte da qual é repassada aos consumidores. Os compostos químicos circulam entre os organismos e o meio ambiente, fazendo com que a energia flua através do ecossistema. As interações como um tópico de conexão são de fundamental importância para os sistemas biológicos, uma vez que os organismos interagem constantemente 8 com os fatores físicos. Por exemplo, as plantas absorvem nutrientes do solo e compostos químicos do ar e usam energia solar enquanto os organismos interagem uns com os outros, uma interação que pode ocorrer entre membros da mesma espécie ou entre membros de espécies diferentes. A evolução é o tema central da biologia, a qual consiste nos processos de mudanças que têm transformado a vida na Terra. É responsável pela uniformidade e a diversidade da vida, além de explicar as adaptações evolutivas e o ajuste de organismos aos seus ambientes (DIAS, 2021). As descobertas biológicas sobre os organismos vivos também podem ser generalizadas, uma vez que toda avida está relacionada a descendentes provenientes de um ancestral comum, de modo que o conhecimento obtido a partir de investigações de um tipo de organismo, às vezes, pode ser generalizado para outros organismos. Dessa forma, os biólogos podem usar sistemas de pesquisa modelo, pois suas descobertas podem ser transferidas para outros organismos (SADAVA et al., 2009 apud DIAS, 2021). 3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA Fonte: biologia.seed Incluso aos temas unificadores da biologia, a organização aparece como o item principal. Na imagem, podemos observar a hierarquia da vida, que ocorre na seguinte ordem (organização): biosfera → ecossistema → comunidade → população → organismo → sistema de órgãos/órgão → tecido → célula → organela → molécula → átomo. 9 Com um pouco mais de detalhes sobre os níveis de organização biológica, a biosfera, por ser o nível mais abrangente, abrange todas as regiões continentais, oceânicas e atmosféricas e é constituída pelos diversos ecossistemas de nosso planeta. O ecossistema consiste em uma comunidade que interage com o ambiente físico e químico. Uma comunidade é composta por todas as populações de todas as espécies em uma determinada área; cada população é composta por um grupo de indivíduos do mesmo tipo de organismo ou espécie que vivem em uma determinada área (DIAS, 2021). Um organismo é um indivíduo constituído por uma ou mais células. A célula é a unidade básica estrutural e funcional da vida e, dependendo de sua função, pode conter várias organelas. Organelas são componentes funcionais de uma célula e consistem em diferentes moléculas que são formadas pela união de átomos. Os átomos são estruturas básicas de todas as substâncias (vivas e não vivas) (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011 apud DIAS, 2021). A partir dessa organização, os conceitos biológicos podem ser reduzidos a componentes mais simples e mais facilmente investigados (reducionismo), mas ao olhar a imagem do átomo para a biosfera, podem ser demonstradas novas propriedades que antes estavam ausentes na biosfera. As propriedades resultam das interações entre os componentes dos níveis anteriores. As moléculas, por exemplo, não vivem quando vistas separadamente, mas em certa quantidade e organização formam uma célula viva. Por conseguinte, a vida (uma propriedade emergente) aparece no nível celular, mas não nos níveis baixos da organização da natureza (DIAS, 2021). Portanto, para aprofundar o conhecimento das propriedades emergentes, os biólogos complementam o reducionismo com a biologia de sistemas, que consiste em estudar um sistema biológico a partir da análise das interações entre seus componentes (SADAVA et al., 2009; REECE et al., 2015 apud DIAS, 2021). Em cada nível da hierarquia, é possível identificar uma correlação entre estrutura e função: o estudo de uma estrutura biológica permite destacar o que ela faz e como funciona, assim como o estudo da função de uma estrutura biológica. A célula é a menor unidade organizacional capaz de realizar todas as atividades necessárias à vida. Todas as células compartilham certas características, por exemplo, todas as células são circundadas por uma membrana plasmática, que regula a passagem de 10 substâncias entre a célula e ambiente, mas existem dois tipos principais de células: procariotas e eucariotas (DIAS, 2021). As organelas das células eucarióticas são envoltas por membrana, e algumas organelas, como o núcleo, são encontradas em células de todos os eucariotos. No entanto, algumas organelas são específicas de grupos celulares distintos (p. ex., o cloroplasto é encontrado apenas em células com capacidade fotossintetizante). As células procarióticas não possuem o núcleo ou outras organelas envoltas por membrana. Outra diferença é com relação ao tamanho das células: células procarióticas são geralmente menores do que as células eucarióticas (SADAVA et al., 2009; REECE et al., 2015 apud DIAS, 2021). 4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA Fonte: historiadomundo.com 4.1 O começo da civilização fez começar a Ciência A civilização ocidental começou no Oriente Médio com os povos da Mesopotâmia e do Egito. Na Mesopotâmia, os sumérios realizaram pesquisas sobre hormônios, tecidos e anatomia, e compararam animais de diferentesespécies; remédios manufaturados com alho, canela, azeitonas e várias outras ervas; e também desenvolveram técnicas de tratamento de feridas causadas por soldados em combate e até de problemas dentários (ARAÚJO et al, 2012). 11 Segundo Araújo (2012) no Egito, terra dos faraós e das pirâmides, o conhecimento da anatomia possibilitou a confecção de múmias que ainda hoje existem, bem como os avanços da medicina que possibilitaram o tratamento de fraturas, a construção de próteses e a realização de operações, para remover tumores, circuncisões, amputações e trepanações possíveis. Foram os egípcios que fizeram a primeira classificação anatômica do corpo humano, dividindo-o em cabeça, tronco e membros. Foi desenvolvida por chineses no Oriente, estudos sobre plantas, animais, saúde e doença humana. A teoria Yin Yang surgiu da visão do mundo, natureza, vida, saúde e doença. Os dois termos representam uma visão dualística do universo em que Yin incluiria as condições da mulher, escuridão, frio, flexibilidade, terra e vazio. Enquanto em Yang seria masculino, claro, quente, rígido, celestial e pleno. Além disso, os seres vivos e outros elementos e estruturas que compõem o universo seriam reunidos de acordo com alterações do yinyang, que inclui cinco estágios em um ciclo de mudança: água, fogo, metal, madeira e terra. Para os chineses, o estágio em que um organismo se encontra explicaria sua forma, função e estado de saúde. Um exemplo de ideia resultada dessa teoria foi a explicação de que a função cardíaca está relacionada ao pulso e ao fluxo sanguíneo contínuo no corpo (ARAÚJO et al, 2012). Este conceito não foi adotado na ciência ocidental até o século XVII. Outra região com importante desenvolvimento no leste foi a Índia. Na região do Indo floresceu entre 2700 e 1500 AC. Uma civilização. C., e parte do conhecimento adquirido naquela época agora se encontra nos livros védicos, no conteúdo desses livros há referências ao conhecimento da ciência da vida, incluindo a medicina. De acordo com esse conhecimento, o corpo consiste em cinco elementos (vento, terra, fogo, água e vazio), e saúde, doença e funções fisiológicas são explicadas pela combinação dos três humores ativos (vento, bile e fleuma) em harmonia com sangue. Além disso, os seres vivos são divididos em quatro categorias das quais nascem (útero, ovo, calor e umidade, semente) (ARAÚJO et al, 2012). 12 4.2 A Ciência na Grécia A cultura ocidental é aprimorada na ciência desenvolvido na Grécia antiga. Muitos foram os estudiosos da época, também chamados de filósofos, que tiveram ideias para explicar os seres, elementos e fenômenos que compunham o universo. Essa é a única maneira de manter algumas das ideias daquele dia. A primeira explicação da constituição do universo foi dada por Tales de Mileto (c. 625547 a C), o filósofo responsável pelo teorema da matemática de Tales e o primeiro a estudar as coisas da matemática. Isso sugeria a água como o elemento que compõe todos os seres e estruturas do universo. Posteriormente, Anaxímenes (fl. 546/545 a.C.) propôs que o elemento básico seria o ar, explicando que a água resultava da condensação, enquanto que o fogo surgia quando o ar era aquecido. Xenophane von Kolophon (576490 a.C. Heráclito de Éfeso (556/469 a.C.) sugeriu que o fogo era o elemento fundamental do universo e, com base nessa ideia, quando adoeceu e desenvolveu edema, decidiu ser enterrado até o pescoço em esterco de vaca ficar para que o calor gerado evaporasse o excesso de água em seu corpo e ele fosse curado. Obviamente ele morreu nesta situação (ARAÚJO et al, 2012). De acordo com Araújo (2012) uma proposta que perdurou até o Renascimento foi apresentada por Empédocles de Agrigento (c. 492/432 a C), que propôs o ar, a terra, o fogo e a água como elementos do universo. Nos fragmentos dos seus dois livros que sobreviveram, sobre a Natureza e Purificações, esse filósofo também sugeriu que, embora os primeiros seres fossem originados da Terra, os seres atuais seriam resultantes de um processo de seleção daqueles que tinham mais coragem, capacidade ou velocidade para se blindar, preservar e reproduzir. Ele também acreditava que os embriões seriam parte do pai e da mãe, mas que a prole masculina se desenvolveria na parte mais quente do útero e teria uma proporção de calor mais alta do que as fêmeas. O atomista Demócrito de Abdera (ca. 460-370 a.C), discípulo do criador da teoria dos átomos, Leucipo de Mileto (fl. ca. 430 a.C.), criou essa teoria para elucidar a existência do Universo, dos seres vivos e de suas interações. Tendo sido um dos escritores mais fecundos da Antiguidade, ele lançou ideias de que todos os animais teriam órgãos dos sentidos que se desenvolviam antes do aparelho digestivo, e que na respiração, inalar era absorver átomos, e exalar era expulsá-los. Para elucidar a 13 natureza das coisas vivas, Demócrito realizou a dissecação de vários animais. Além disso, estabeleceu a prática posteriormente utilizada por Aristóteles (384/322 a. C Chegou a realizar vários estudos sobre anatomia, reprodução, embriologia, febre e doenças respiratórias, e também via o cérebro como um órgão do pensamento, ideia que foi posteriormente adotada por Aristóteles (que fez o cérebro ser considerado o refrigerador do sangue) foi questionado (ARAÚJO et al, 2012). Um contemporâneo muito famoso de Demócrito foi Hipócrates de Kos (aproximadamente 460/361 a C), que é conhecido hoje como o pai da medicina. Baseado nas ideias de Demócrito, Hipócrates criou a teoria de que saúde e doença eram relacionadas aos quatro elementos (terra). Assim como o universo, o corpo humano consistiria nos quatro elementos conexos aos quatro humores (bile negra, bile amarela, fleuma e sangue) e às quatro qualidades (quente, frio), úmido e seco). As características individuais dependem das proporções de cada um desses fatores e determinam o temperamento característico que cada pessoa possui (melancólico, colérico, sanguíneo e fleumático). Segundo essa teoria, a saúde do indivíduo dependia do equilíbrio entre os fluidos corporais, o que levou à definição de técnicas ainda hoje utilizadas na medicina: sangramento, desintoxicação e controle da dieta (ARAÚJO et al, 2012). Ainda segundo Araújo (2012) um filósofo importante até hoje foi Platão (429/347 a C). Platão foi aluno de Sócrates (470/399 a C), que fundou uma escola que formou muitos filósofos, inclusive Aristóteles, respeitado por muitos como o pai da Biologia. De acordo com sua maneira de pensar, Platão considerava que a explicação dos fenômenos naturais deveria ser feita a partir da razão pura e não por meio da observação direta da natureza. A cabeça era a primeira parte do corpo que se formava porque era quase esférica e servia como órgão da alma imortal, o apetite do fígado. Em uma conclusão que contradiz a teoria evolucionária atual, ele sugeriu que as espécies animais seriam o resultado de degenerações que ocorrem nos humanos. Seu aluno Aristóteles discordou de muitas de suas idéias, como você verá na próxima lição. Uma importante cidade da Antiguidade foi Alexandria, fundada no Egito por Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) e reconhecida pela relevância da sua gigantesca biblioteca. Dois importantes cientistas que atuaram nessa cidade foram Herófilo (ca. 330-260 a.C.) e Erasístrato (ca. 310-250 a.C.). Embora seus escritos não tenham sobrevivido, eles se tornaram anatomistas conhecidos a partir das críticas severas dos 14 seus inimigos, tendo em vista terem efetuado várias vivissecções em seres humanos Através das operações, Herófilo foi capaz de observar as conexões do sistema nervoso central entre o cérebro, medula espinhal e nervos, distinguir nervos de tendões, descrever o sistema digestivo, distinguir artérias de veias de pulsações e posicionar o cérebro como um centro de inteligência (ARAÚJOet al, 2012). Embora não tivesse rejeitado a teoria humoral de Hipócrates, ele considerava que a vida era guiada por quatro fatores: nutrição (fígado e órgãos digestivos), poder aquecedor (coração), sensibilidade e percepção (nervos) e força racional (cérebro). Por sua vez, Erasístrato dirigiu seus estudos com o objetivo de explicar e tratar doenças, inclusive usando torniquetes para diminuir a nutrição dos tecidos afetados, e procurou preveni-los com medicamentos e higiene. Ele descreveu o fígado, a vesícula e o coração, inclusive suas valvas, sugerindo a sua ação como bomba. Quando descobriu que estava com um câncer, resolveu se suicidar (ARAÚJO et al, 2012). 4.3 O rico Império Romano e a pouca Ciência Os romanos são até hoje cultuados pela sua competência em lidar com agricultura, engenharia, saneamento, higiene, administração e, principalmente, com as guerras. O mesmo não pode ser feito para suas contribuições para a Biologia. No entanto, é possível destacar alguns, como Lucrécio (9944 a C (2379 d C) que escreveu o Compêndio de História Natural, uma obra que trata de observações sobre o céu e a terra, geografia, etnografia, história natural, história animal, terra, A silvicultura, a horticultura e a produção de vinho, azeite e medicamentos foi mantida como referência até ao século XVI (ARAÚJO et al, 2012). Segundo Araújo (2012), um importante texto (Sobre a Matéria Médica) foi escrito por Dioscórides (aprox. 4090), que descreveu cerca de 500 plantas, além de medicamentos obtidos de plantas, animais e minerais. Claudio Galeno (aprox. 130/210 DC) foi um importante médico romano cujas idéias existiram até o século XIX como referência para a prática médica do galenismo, que durou até o século XVII. Partindo da ideia de Platão da existência de uma alma tripartida (nutriente, animal e razão), Galeno define que o corpo humano está organizado para utilizar o pneuma (ar) que seria o gerador da vida. 15 Com base nessa ideia, ele descobriu que o fígado processa o pneuma para formar o espírito natural e o distribui pelas veias para nutrir e fazer crescer o corpo; o coração era responsável por coordenar os movimentos e distribuir o espírito da vida pelas artérias para aquecer e revigorar o corpo; o cérebro formou o espírito animal, que se distribuiu pelos nervos para possibilitar as sensações e o movimento muscular. Embora suas concepções fossem aceitas por muito tempo, algumas delas continham falhas que foram reconhecidas posteriormente. Vários desses erros foram registrados nos dados de consequências anatômicas como resultado de suas conclusões de dissecação em animais, e não em humanos (ARAÚJO et al, 2012). 4.4 A Biologia na Idade Média Galeno foi um cientista importante no Império Romano, não teve ninguém comparável a ele na Idade Média. Dadas as barreiras de acesso aos livros pagãos, incluindo as obras de pensadores gregos e romanos, o progresso do cristianismo é uma das razões para essa situação. Aqueles estudiosos que insistiam em continuar com aquelas obras foram exilados, levando-as consigo e deixando a pobreza cultural em seu lugar (ARAÚJO et al, 2012). Segundo Araújo (2012) o conhecimento transmitido naquela época era limitado e regulado por dogmas e convenções religiosas. Uma questão que surge nessa situação é, se os escritos de autores pagãos foram eliminados, então como é possível encontrar textos de pensadores como Platão, Aristóteles e Hipócrates hoje? Isso foi possível porque as obras de autores rejeitados na Europa foram preservadas pelos árabes, que as tinham como referências de seu conhecimento. Um grande evento na Idade Média foi o surgimento das universidades no século XI, com a Universidade de Bolonha (fundada na Itália em 1088 e ainda em funcionamento) sendo a primeira a ser estabelecida. A criação das universidades permitiu a introdução da educação formal com currículos padronizados e aulas dirigidas a grandes grupos de alunos que, embora vindos de diferentes regiões e falando diferentes línguas, estudavam latim, língua que permaneceu por muito tempo como aquele com quem todos os textos foram escritos. O currículo consistia nas sete artes liberais: Gramática, Retórica, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música. No final da Idade Média, o número de universidades 16 europeias já estava em 80, e os currículos já começavam a incluir outras disciplinas (ARAÚJO et al, 2012). Um estudioso importante desse período foi o professor da Universidade de Paris e frade dominicano Tomás de Aquino (1225-1274), posteriormente santificado pelo Vaticano, que resgatou a obra de Aristóteles ao promover uma síntese entre a doutrina cristã e o pensamento aristotélico. A interpretação dos trabalhos de Aristóteles foi a referência usada por Alberto Magno (ca. 1200-1280), também professor na Universidade de Paris e dominicano, nos seus estudos sobre a natureza. Reconhecido como o Médico Universal, ele descreveu várias espécies de plantas e foi possivelmente o primeiro a produzir arsênico, mais conhecido por suas publicações sobre minerais, vegetais e plantas e animais (ARAÚJO et al, 2012). De acordo com Araújo (2012) Roger Bacon (1214-1292), um franciscano que estudou nas universidades de Paris e Oxford e ficou conhecido como Doutor Maravilhoso é hoje considerado como o primeiro cientista moderno. Ele considerava que a Ciência experimental era compatível com a Filosofia, a Metafísica e a religião. Uma de suas visões, que ainda é válida, é a existência de quatro obstáculos que impedem a realização da verdade das coisas: autoridade fraca e incompetente, velhos hábitos, opinião popular analfabeta e encobrir a ignorância com uma aparência de sabedoria. Hildegard de Bingen (1098-1179) foi uma das poucas medievais que conseguiu ultrapassar a barreira que impedia as mulheres de atuar nas universidades. O Livro da Medicina simples foi possivelmente o primeiro livro escrito por uma mulher que incluiu as propriedades terapêuticas de plantas, animais e metais. Embora as idéias de sua época fossem de que os problemas de saúde mental eram o resultado de possessão demoníaca, Hildegard sugeriu que esses problemas eram o resultado de causas naturais, o que agora está sendo confirmado. Ao contrário dos europeus, que só aceitaram o conhecimento dos gregos após a intervenção de Tomás de Aquino, os árabes recorreram a uma enorme quantidade de material de gregos, romanos, persas e índios, que fizeram muito antes de um dos mais importantes estudiosos. Um desses tempos europeus foi o médico Abu Bakr Mohamed Ibn Zakariya alRazi (865/923), conhecido no oeste medieval como Razes, que escreveu 200 obras sobre medicina e filosofia. Uma delas foi o livro Sobre a varíola e o sarampo, obra que caracterizou as duas doenças, confirmando sobre terapias e diagnósticos. Uma característica desse estudioso era a sua visão crítica da Ciência, ao julgá-la 17 como sempre sujeita ao progresso, o que fazia com que os conhecimentos anteriores fossem sempre passíveis de revisão. Nesse sentido, uma obra interessante que ele publicou foi o livro Dúvidas em relação a Galeno (ARAÚJO et al, 2012). Classificado como "Galeno islâmico", Abu Ali Hysayn ibn Abullah ibn Sina (9801037), conhecido no Ocidente como Avicena, escreveu o cânone da medicina que por muito tempo foi uma referência para a medicina islâmica e europeia até a gênese de Outro Notável Islâmico O médico foi AlaalDin Abu alHasan Ali Ibn Abi alHazm al Qarshi alDimashqi (conhecido como Ibn AlNafis) (12131288) que escreveu o Livro Geral de Medicina que compilou em 80 volumes os 300 volumes de notas que ele possuía. Sua descrição da circulação pulmonar, também conhecida como pequena circulação, mostrou que Galeno estava errado ao afirmar que o sangue flui pelo septo cardíaco da direita para a esquerda que separa os ventrículos e antecipa a descrição dos europeus Servete Colombo em três séculos (ARAÚJO et al, 2012). 5 AS CONCEPÇÕES MECANICISTAS E VITALISTAS DOS SERES VIVOS Fonte: oficina-de-filosofia No século XIX, os conceitos mecanicistas da pesquisa biológica dos séculos XVII e XVIII não são mais suficientes para explicar o que é a vida, porque o mundo da matéria inerte e mecânica pode produzir a única capacidade da vida: redistribuir-se pelo espaço. Na biologia, existe um novo princípio de organização da atividade, que é qualitativamente diferente do princípio da matéria morta, pois, por não haver 18 diferença qualitativa no campo da matéria, ela não pode produzir tais características especiais (JUNIOR et al, 2016). Segundo Júnior (2016), a teoria da evolução só surgiu quando alguns pensadores tentaram utilizar um novo modelo de mundo profundamente influenciado pelo desenvolvimento e pensamento propositivo de Hegel. Collingwood (1986) ainda estudou que, no mesmo período, o pensamento hegeliano acarretou uma nova probabilidade para a visão de mundo dos pensadores naturais. Hegel acreditava que a natureza é governada por leis vagas, porque não descrevem com precisão o comportamento de cada indivíduo isolado, mas sim uma tendência geral. Isso ocorre porque sempre há um potencial na natureza que não pode ser totalmente realizado. O pensamento de Hegel introduziu o pensamento do propósito interno natural relacionado à transformação, mudança e progresso. A natureza é uma tendência que flui de dentro para o espírito, é real em si mesma, mas é temporária. Esta visão histórica da natureza, vida e espírito humano introduziu novos conceitos na cosmologia do século XIX e apontou para um tipo de ciência natural e natural que não é mais como a física mecânica do século XVIII, mas como a biologia evolutiva do neste século. Visão da vida (JUNIOR et al., 2016). Para Hegel, a natureza era vista não como um mecanismo e sim como um movimento em que o mecanismo era um dos elementos constitutivos, cujas leis são as mesmas que as leis do espírito e fazendo parte deste. Seu sistema está desenvolvido na Fenomenologia do Espírito. Com a ascensão da abordagem física sobre os seres vivos no início do século XIX os naturalistas lançaram um novo olhar sobre a natureza da vida e tentaram propor argumentos científicos contra a teoria de Descartes sobre os organismos, para tanto se utilizam de argumentos vitalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR et al, 2016). A teoria da vitalidade apareceu no século XVII. Era uma resistência à filosofia mecânica de Descartes e ao fisicalismo proposto por Galileu e Newton para explicar a vida. Os vigoristas têm uma variedade de explicações. Por exemplo, um grupo de vitalistas entende que a vida está relacionada a uma substância especial que não pode ser encontrada na matéria inanimada, ou está relacionada a um estado especial da matéria, o que indica que não é adequada para explicações físicas e químicas; outro grupo de teorias da vitalidade O autor insiste na existência de uma força especial diferente da física. Existem múltiplas opiniões sobre a natureza de tais forças (JUNIOR et al., 2016). 19 Na Inglaterra todos os fisiologistas dos séculos XVI, XVII e XVIII tinham ideias vitalistas, sendo tal movimento vicejante até o período de 1800 a 1840. Na França os principais representantes foram a Escola de Montpellier, o histologista Bichat e, até mesmo Claude Bernard, que se considerava adversário do vitalismo acabou apoiando noções vitalistas. As filosofias práticas de biólogos, tais como Wolff, Blumenbach e Müller, também eram antifisicalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR et al, 2016). A interpretação da teoria da vida perdurou por muito tempo, talvez, segundo o autor aqui, porque naquela época não havia escolha a não ser reduzir a vida como máquina. A primeira substância orgânica produzida artificialmente por Wöhler em 1828 provou fortemente a tese de que os vitalistas distinguem vivos e não vivos. O último suporte para a vitalidade na biologia ocorreu em 1930. Vários fatores levaram à perda de seu status, principalmente no século XX (JUNIOR et al., 2016). Radl (1988) apud Júnior (2016) acredita que a ciência biológica moderna nasceu por volta da primeira metade do século XIX, quando a metafísica da filosofia naturalista começou a se depreciar. Nesse período, seu autor principal não estava mais no palco europeu. Não é que todas as suas obras tenham sido abandonadas, mas a visão romântica e vibrante da natureza e da vida por trás delas. O tempo passou a exigir uma compreensão diferente do mundo que deixava de ser romântico, o materialismo passou a predominar, mas, ao contrário do século XVIII, agora estava voltado para a vida. Todavia, a filosofia naturalista não desapareceu, pois ela, para o autor, responde a uma necessidade essencial do homem, e não morre nunca. Cabe ressaltar que, principalmente no início do século, o pensamento biológico não se reduzia a um conjunto bem delimitado de ideias. Ao mesmo tempo em que se desenvolviam novas frentes de estudo e novas técnicas, como também se alterava a estrutura do fazer científico, questões de caráter filosófico eram inseparáveis da investigação biológica (FREZZATTI Jr., 2003), como é possível perceber com a teoria celular que se formula neste século (TEULÓN, 1982 apud JUNIOR et al, 2016). O século XIX consistiu principalmente em discussões entre mecanicistas e vitalistas que duraram até as primeiras décadas do século XX. Inorgânicos e discussões sobre do que é feita a vida (JUNIOR et al, 2016). Não havia consenso sobre o caráter da vida, havia um acalorado debate entre diferentes correntes para definir tal fenômeno. Vitalistas, mecanicistas, químicos e outros negaram o estado dos processos orgânicos. Eles foram reduzidos a leis mecânicas ou físico-químicas, ou tinham leis específicas? Também por quem utilizou métodos de pesquisa físico-química. Olhar para este século é um desafio, pois as 20 diferentes posições teóricas dos diferentes biólogos e filósofos envolvidos foram (FREZZATTI Jr., 2003 apud JUNIOR et al, 2016). 6 AS PESQUISAS EXPERIMENTAIS NO SÉCULO XIX NA CONSTITUIÇÃO DAS TEORIAS ESTRUTURANTES DA BIOLOGIA Fonte: clickestudante.com Ao longo dos últimos séculos, as práticas experimentais para a compreensão dos fenômenos naturais foram gradualmente fortalecidas. Na primeira metade do século XIX, portanto, iniciou-se uma preocupação geral com as diretrizes estabelecidas pelos experimentadores para garantir os resultados dessas simulações experimentais. No final do século XVIII, Cuvier rejeitou o microscópio, assim como Bichat, porque para ele oferecia visões distorcidas dos objetos, pois os microscópios da época ainda eram bastante rudimentares. Mas já em 1807 era possível usar ampliações de 180 a 400 diâmetros. Em 1837, Meyer ampliou os órgãos das plantas 500 vezes e a partir de 1840 o microscópio tornou-se mais comum (RADL, 1988 apud JUNIOR et al, 2016). John Herschel foi um dos pioneiros na busca de um método adequado para a ciência em 1830. Para ele, tudo começa com a descoberta das leis da natureza. Daí a incorporação dessas leis nas teorias por generalização indutiva ou a criação de hipóteses que as conectem. A biologia experimental surgiu da aplicação de tais procedimentos em diferentes ramos das ciências da vida (JUNIOR et al, 2016). 21 Durante o século XIX a descoberta do princípio da conservação de energia nos sistemas físicos e químicos estimulou diversos pesquisadores a avançarem esses estudos nas ciências da vida como Carl Voit (1831-1908), Max von Pettenkofer (1818-1901) e Max Rubner (1854-1932), e outros (HADDAD JÚNIOR, 2007 apud JUNIOR et al, 2016). Histologia foi nomeada em 1819 pelo pai de August Karl Mayer (1787-1865) em homenagem à Anatomia Geral de Bichat, uma ciência que descreve o tecido animal e vegetal. Foi também durante este período que a fisiologia e a farmacologiacontemporâneas foram moldadas. Ele foi Magendie, um dos primeiros grandes fisiologistas, autor do Elementary Compendium of Physiology, 1816 (MAGENDIE, 1824), e um dos precursores do experimentalismo moderno (SENET, 1956). Efeitos de várias substâncias (morfina, emetina) nos animais. Estricnina, veratrina, etc.) e publicou a coleção de fórmulas para a fabricação e uso de vários novos medicamentos no início do século XIX (JUNIOR et al, 2016). No entanto, como cita Garret (1988), o primeiro Instituto de Farmacologia foi criado em Giessen, em 1844, por Philip Phoebus. Rudolf Buchheim, seu sucessor, é amplamente considerado o verdadeiro iniciador da farmacologia moderna. Sob sua liderança, ele estudou Oswald Schmiedberg, que publicou o primeiro jornal de farmacologia experimental. Os seus trabalhos foram muito importantes assim como seu Instituto em Estrasburgo. Podemos dizer que a primeira geração de farmacologistas europeus e americanos tem suas raízes em Estrasburgo; por outro lado, Claude Bernard (1813 - 1878), o discípulo mais importante de Magendie, foi o primeiro a usar substâncias farmacologicamente ativas, como o curare, para estudar os mecanismos biológicos, seus estudos se tornaram clássicos (JUNIOR et al, 2016). Este pesquisador é de extrema relevância para o nascimento da fisiologia experimental contemporânea tendo, em 1865, publicado o livro Introdução ao Estudo da Medicina Experimental, o qual lançou as bases metodológicas da nova fisiologia experimental, concentrando-se na autonomia da fisiologia e na importância da experimentação (ROMO, 2007 apud JUNIOR et al, 2016). O fisiologista necessitaria atentar primordialmente com fenômenos fisiológicos por natureza. Bernard também formulou a ideia unificadora da fisiologia moderna: a teoria do meio interno. Este meio refere-se ao fluido entre as células, o líquido intersticial. A fisiologia seria entendida como o conjunto de operações realizadas pelo organismo cujo propósito é a manutenção do equilíbrio do meio interno. Conforme discute Canguilhem (1977), Claude Bernard considerava os fenômenos vitais como 22 resultantes unicamente de causas físico-químicas. Por outro lado, ele também confirmou que o organismo se desenvolve de acordo com um projeto, um plano de ordem, uma regularidade, cuja organização leva ao seu equilíbrio interno (JUNIOR et al, 2016). Segundo Júnior (2016) na realidade, a fisiologia se apresentava como uma ciência pouco darwiniana, com procedimentos “a priori” feitos em laboratório, com preocupações pouco ligadas às flutuações populacionais tal como as questões darwinistas, muito mais voltados para a determinação das constantes funcionais dos organismos. Neste caso a teoria cartesiana estava, fortemente, presente. Por outro lado, Johannes Müller (1801-1858), autor de Elementos de Fisiologia (1843), reconhecido pela configuração inicial da fisiologia alemã, era contrário à viviceração e preconizava a observação. Seus discípulos também fizeram fundamentais contribuições para a fisiologia, a principal delas foi a Teoria Celular de Schleiden (1804-1881) e Schwann (1810-1882). Outros dois alunos de Müller, Emil du Bois-Reymond (1818- 1896) e Hermann von Helmholtz (1821-1894), obtiveram um grande avanço na eletrofisiologia medindo a velocidade de condução de um potencial de ação no nervo (GONZÁLES, 1998 apud JUNIOR et al, 2016). O cenário histórico prévio à formação da teoria celular se inicia no século XVII com as observações de Hooke e nos séculos posteriores com a reunião de um grande número de informações e observações imprecisas e que aludiam vagamente a entidades biológicas que tinham a natureza ainda em discussão. O conceito de célula ainda era aplicado pelos botânicos e zoólogos longe de ser unívoco (RECIO, 1990). Ele era percebido ora como um ente real, ora uma mera cavidade oca (JUNIOR et al, 2016). Segundo Júnior (2016), no início do século XIX, com o avanço dos estudos microscópicos, células sanguíneas e vesículas foram cada vez mais observadas, buscando assim uma articulação com a teoria das fibras, pois mesmo que seja provável que as células, elas foram estudadas sob a égide da fibra. Dento desta expectativa, houve algumas tentativas para modelar a organização das unidades básicas (fibras) do organismo. Berg propõe o que chamou de teoria de fileira de contas. Podem ser citados nesse contexto também Prevost e Dumas, Home e Heusinger, sobretudo Milne Edwards y a Hempel em sua obra de 1819 Einleitung in die Physiologie des menschlichen Organismen. 23 Sendo assim, a teoria celular elaborada por Schleiden e Schwann surge num cenário que possuía investigações longas e diversas realizadas por uma tradição de investigação microscópica em torno da estrutura orgânica e a natureza do organismo, mas também com a existência de conclusões altamente especulativas dos filósofos naturais. Até 1830 essas tendências se mesclavam (RECIO, 1990 apud JUNIOR et al, 2016). O trabalho de Schleiden sobre fitogênese de 1838 e posteriormente (1839) publicado trabalho de Schwann, que estendeu a pesquisa de Schleiden aos animais, teve grande mérito: eles sistematizaram testes teóricos e separaram observações e dúvidas especulativas que se espalharam na anatomia até aquele ponto e na fisiologia vegetal, conseguiram, assim, uma linguagem teórica uniforme, a representação de observações reproduzíveis e, sobretudo, a possibilidade de submeter o grande repertório de formas orgânicas e operações fisiológicas a unidades estruturais e funcionais celulares. A ideia de célula permitiu unificar todos os seres vivos. Estas foram as maiores consequências que puderam ser notadas a partir de 1839 (JUNIOR et al, 2016). Mas é sabido que a teoria celular de Schleiden-Schwann sofreu correções desde sua formulação (RECIO, 1990). Schleiden e Schwann rechaçavam a ideia vitalista que o seu próprio mestre Müller defendia, porém cada um a partir de um ponto de vista distinto. Schwann defendia a unificação fisiológica propondo-se medir as propriedades fisiológicas do órgão a partir da mensuração física, tendo como hipótese a possibilidade da unificação da natureza por meio das leis (RECIO, 1990 apud JUNIOR et al, 2016). Sua posição filosófica era a de um racionalismo cristão na linha de Descartes e Leibniz. O vitalismo queria combater essa uniformidade criando diferenças entre o mundo orgânico e o inorgânico e buscando uma demarcação entre as ciências biológicas e físicas. Schleiden, por sua vez, com uma formação filosófica neokantiana, rejeitou a possibilidade ontológica das teorias científicas e não queria atingir o reino da realidade como Schwann pretendia (RECIO, 1990). Forneceu uma explicação única para o desenvolvimento dos organismos, confirmar que as células nos tecidos animais se originam da mesma forma que as das plantas e descobrir que todo o tecido é feito de células (JUNIOR et al, 2016). Para Recio (1990) apud Júnior et al, (2016), isto trouxe consequências fisiológicas e uma nova era para a Biologia que passa a designar uma atividade científica que buscava a resolução teórica, a explicação e a justificação dos fenômenos que se tornaram seu objeto. Essa teoria introduziu um novo paradigma 24 que até hoje dirige as fases da pesquisa biológica, modifica as idéias sobre a estrutura dos seres vivos e dá início à união teórica da zoologia e da botânica. Júnior et al, (2005) igualmente analisam que a teoria celular foi uma generalização fundamental para a Biologia, pois originou o substrato material do mundo orgânico. Piñero (2004) entende que a teoria celular forneceu os primeiros princípios unificadores das ciências biológicas, assim como Teulón (1982) formulou que o paradigma da teoria celular possibilitou esclarecer um problema fundamental dos biólogos, nascidos no século XVII, que é expressa na relação entre matéria vital ou estruturavital. De acordo com o autor são, na verdade, dois os problemas enfrentados, o primeiro é a estrutura – que passa a ser um novo tipo de fenômeno a ser investigado. E o segundo é o status da célula na hierarquia do mundo orgânico. A teoria celular sofreu correções, ampliações e desenvolvimento nos séculos XIX e XX (JUNIOR et al, 2016). Realizando uma análise histórica e filosófica, Recio (1990) considera que a teoria celular de Schleiden-Schawnn, em sua primeira formulação e mudanças subsequentes, é compreendida como um programa de investigação lakatosiana. Por este período há o aumento da busca pelos estudos dos fenômenos biológicos a partir de princípios científicos que se consolidavam na física e na química. Exemplo disso foi Carl Ludwig (1816- 1895), em Leipzig, que estudou a fisiologia renal e a respiração. Combateu o vitalismo, insistindo nas explicações de origem física e química. Inventou o quimógrafo, além das descobertas da lei do “tudo ou nada”, do centro vasomotor bulbar, da permeabilidade capilar e do período refratário cardíaco (GONZÁLES, 1998 apud JUNIOR et al, 2016). Numa histórica reunião feita em Berlim em 1847, Helmholtz, Ludwig, Du Bois Reymond e Brücke, recomendaram que a pesquisa fisiológica se baseasse na física e na química, então em franco desenvolvimento (MENDES, 1994). Mendes (1994) explica que na época do estabelecimento da doutrina da evolução (em um sentido diferente do que hoje) a intenção era comparar as funções nas diferentes tribos a fim de subsidiar achados morfológicos e paleontológicos. Esse não foi o móvel primordial da Fisiologia Comparada e, sim, uma atitude natural em uma época na qual essa evolução, com Darwin e seus fiéis seguidores Huxley e Haeckel, configurava uma revolução científica a que cumpria de alguma forma aderir. Cabia, pois, tentar demonstrar que as funções também tinham evoluído em paralelo com as formas e até se explicariam recorrendose a estágios anteriores (JUNIOR et al, 2016). 25 Segundo Júnior et al, (2016) a endocrinologia é outra área que se constituiu vinculada a fisiologia experimental neste período. Cita-se A. Berthold (1849), ligado às suas origens, este autor desenvolveu um experimento fundamental na descoberta dos hormônios, promoveu a retirada cirúrgica dos testículos das torneiras, e constatou que estes alteravam a morfologia, o comportamento sexual e os agonistas desses animais. A substituição deste material recuperou as propriedades perdidas. Para o autor, esse comportamento indicava a existência de um mecanismo de sinalização independente no sistema nervoso. Outro fisiologista, pesquisador nas atividades hormonais foi Charles Eduard BrownSequard (1817 - 1894), importante por seus trabalhos de aplicação dos princípios da físicoquímica à patologia. Foi um dos primeiros a pesquisar secreções internas (os hormônios) e descobrir a importância da glândula supra-renal. Foi, também, um dos primeiros a utilizar ratos para experimentos. Sua teoria de reposição hormonal ficou famosa (JUNIOR et al, 2016). Johann Friedrich Miescher foi o precursor da Bioquímica de ácidos nucléicos. Sua descoberta do DNA ocorreu em 1869. Ele queria definir os componentes químicos do núcleo celular e utilizava glóbulos brancos derivados do pus em sua pesquisa. A escolha desta célula deveu-se à disponibilidade e tamanho do núcleo. Analisando os núcleos, Miescher descobriu a presença de um composto de natureza ácida que era desconhecido até o momento. Era rico em fósforo e em nitrogênio, desprovido de enxofre e resistente à ação da pepsina (enzima proteolítica). Esse composto, que aparentemente era constituído de moléculas grandes, foi denominado, por Miescher, nucleína (CLAROS, 2003 apud JUNIOR et al, 2016). Conforme Claros (2003), em 1880, Albrecht Kossel, demonstrou que a nucleína continha bases nitrogenadas em sua estrutura. Nove anos depois, Richard Altmann conseguiu a nucleína com alto grau de pureza, demonstrando sua natureza ácida e dando-lhe, então, o nome de ácido nucléico. Em 1882 Walter Flemming descobriu corpos com formato de bastão dentro do núcleo das células, que denominou "cromossomos". Em 1890, foi descoberto em levedura (fermento biológico) outro tipo de ácido nucléico, que continha uracila ao invés de timina e ribose ao invés da desoxirribose. Dessa maneira, foram caracterizados dois tipos de ácidos nucléicos, de acordo com o glicídio que possuíam: ácido ribonucléico e ácido desoxirribonucléico (CLAROS, 2003). 26 Quanto às questões ligadas ao adiantamento, Maupertuis (1751), em sua publicação A Vênus Física, notou que quanto mais longe o embrião está do nascimento, mais desigual ele é do animal adulto. Assim a preexistência não explicava a herança. Para o autor, o líquido seminal de cada animal é feito de partículas do corpo todo que se misturam quando dois parceiros vão produzir um novo indivíduo. Tal explicação, embora epigenética não é experimental. Já Buffon acreditava que os seres vivos eram constituídos por partículas vivas que estavam atraídas por algo semelhante à atração de Newton, orientadas por um molde interior capaz de dar uma estrutura às partículas. Needhan substitui o conceito de Buffon pelo conceito de força vegetativa (JUNIOR et al, 2016). Segundo Júnior (2016) a ideia comum nessas três elucidações é que a matéria é capaz de organizar o ser vivo, sem qualquer interferência externa. É a base do materialismo francês. A epigênese, no entanto, não podia ser comprovada apenas pela observação. Já em 1800, em seu livro Investigação filosófica sobre a vida e a morte, Bichat (1866) garante ser a vida um conjugado de funções que resiste à morte. É um princípio de reação a tudo que procura destruir os corpos vivos e que pode ser conhecida somente pelos seus fenômenos que realiza contra os corpos exteriores. Assim, segundo Bichat (1866), a vida tem uma finalidade interna com uma relação de contradição e não apenas fenômenos mecânicos. Essa nova ideia era uma ruptura com o universo mecânico, uma vez que, ao se reagir contra o mundo externo, a vida tenta transformar tal mundo (BICHAT, 1866 apud JUNIOR et al, 2016). Segundo Senet (1956), Prevost e Dumas observaram os primeiros estágios do desenvolvimento de um ovo em 1824 observando a criação de rãs. Em 1827, Karl von Baer finalmente demonstrou a maturação do folículo de Graef. Em sua fase de desenvolvimento, o embrião de rã consiste em três massas diferentes, que atualmente chamamos de ectoblasto, endoblasto e mesoblasto. Baer trabalhava contra a teoria preformista, e trouxe várias contribuições para a história do desenvolvimento dos mamíferos (chamada de evolução na época). Baer fez observações que permitiram atacar a teoria de Meckel, Geoffroy e Serres, que deriva da teoria de Kielmeyer que comparava a gradação dos animais com sua evolução embrionária e filogenética. Para Kielmeyer, os organismos eram organizados em ordem ascendente do simples ao complexo. O desenvolvimento embrionário humano iniciava pela compreensão de que o embrião em princípio vegeta, logo é estimulado e por último desenvolve um 27 órgão sensorial atrás do outro, na mesma ordem que a escala dos seres vivos (JUNIOR et al, 2016). E mais, que a origem dos organismos na história da terra também segue as etapas de gradação atual dos seres vivos. John Meckel (1781-1833) interpretou esta teoria no sentido de que os mamíferos e o homem durante seu desenvolvimento embrionário começam do grau mais simples (naquela época eram os pólipos) ascendendo às formas mais elevadas até se constituir toda a hierarquia do reino animal. Cabe ressaltar que Kielmeyer falava da evolução e analogia das forças vitais e Meckel, por outro lado, se referia à evolução e semelhança das formas (RADL, 1988 apud JUNIOR et al, 2016). Meckel, Geoffroy e Serres descobriram um novo fato: no desenvolvimento embriológico, os animais eramparecidos e, de fato, quanto mais jovens eram, Baer concordava com esses embriologistas em vários aspectos, mas dada a interpretação deles de que os animais eram simplesmente aprisionados em formas humanas. Baer não existia mais essa proximidade, em seu livro História da Evolução dos Animais (1828) e em outras obras ele se voltou contra a doutrina do paralelismo entre a gradação dos animais e sua evolução embrionária, na qual ele pode chamar de treinamento. Teoria que unia elementos da teoria epigenética de Wolff com as opiniões morfológicas de Cuvier (JUNIOR et al, 2016). Baer propunha que todos os animais se desenvolviam de tal forma que inicialmente tinham elementos fundamentais de seu tipo, posteriormente se diferenciavam mais e mais; o embrião possui sucessivamente em princípio as propriedades do tipo, até que aparecem sucessivamente as propriedades da classe, ordem, família, de gênero e espécie, até que surgem as características individuais; assim o embrião primeiro é vertebrado, depois ave, ave terrestris, gallinacea, etc. (RADL, 1988 apud JUNIOR et al, 2016). Em 1839, Schwann (1847), cujas ideias incorporaram o trabalho de Schleiden, conforme já apresentado, publicou Pesquisa Microscópica sobre Conformidade na Estrutura e Crescimento entre Plantas e Animais e colocou a célula como a principal região das atividades metabólicas do corpo, formulando assim uma das idéias fundamentais da biologia, teoria celular. Por sua vez, Thuret, em 1854, viu os espermatozoides envolverem um ovo de algas e um deles penetrar por dentro, deixando a cauda para fora. Alguns anos depois, Oscar Hertwig descobriu a fertilização em animais (SENET, 1956 apud JUNIOR et al, 2016). Em 1880, Edward Strasburger estudando vegetais descobriu o desaparecimento do núcleo, quando uma célula se divide em duas células filhas, deixando pequenas estruturas em forma de bastonetes, facilmente coradas. Por causa dessa propriedade, Waldeyer, em 1888, lhes atribuiu o 28 nome de cromossomos. Mais tarde ficou constatada a existência desses cromossomos em todas as células e em determinada espécie seu número é sempre fixo (SENET, 1956 apud JUNIOR et al, 2016). O que organizava. Com a formulação da teoria celular, grande parte da questão da epigênese foi resolvida. A substância amorfa de Aristóteles, a matéria de Maupertuis, Buffon e Needhan, eram células arranjadas. Sabíamos que as células se multiplicavam e se transformavam, mas não sabíamos como essas atividades eram controladas: o que agia sobre a substância e formava os seres vivos, a ideia formativa de Aristóteles, a possibilidade espiritual da memória da matéria "Harvey, Maupertius", o molde interno de Buffon e a força vegetativa de Needhan, as células de modo a produzir indivíduos semelhantes a seus pais? Uma das explicações mais aceitas na época era que cópias de todos os componentes do corpo, as gêmulas, eram transportadas através da corrente sanguínea aos órgãos sexuais e reunidas nos gametas (JUNIOR et al, 2016). Com a fertilização, esses botões de sexos opostos se juntaram e todos esses elementos se espalharam ao longo do desenvolvimento para diferentes partes do corpo para formar uma mistura de órgãos e tecidos maternos e paternos. Pangênese, amplamente aceita pelos evolucionistas. Para fornecer uma explicação da origem das trocas hereditárias que poderiam levar a novas espécies. O contínuo uso de um órgão transformaria suas gêmulas e ocasionaria uma alteração em seus descendentes. Lamarck se utilizou desse conceito de gêmulas para explicar como o ambiente dirige as transformações adaptativas. Darwin, também compartilhou destas ideias as quais, de alguma forma, se prestavam à explicação do aparecimento de indivíduos diferentes, portanto, passíveis de sofrerem os efeitos da seleção natural. Mas nunca ficou claro se o pesquisador considerou esta explicação uma solução suficiente para a resposta à existência da variabilidade natural das populações (JUNIOR et al, 2016). Galton, sobrinho de Darwin, no final do século XIX, viu na teoria da pangênese, apresentada na Origem das Espécies, uma forma de explicar a hereditariedade em humanos, com o objetivo de aplicar as hipóteses da teoria da seleção natural aos seres humanos, desenvolver uma ciência da hereditariedade humana que possibilitasse, por meio de instrumentos matemáticos e biológicos, identificar e selecionar os melhores seres humanos. Ele entendeu que as características transmitidas estavam relacionadas aos aspectos físicos (tamanho, cor dos olhos, pele etc.) e também às habilidades e talentos intelectuais. Fundou assim a “eugenia” ou a 29 busca do indivíduo “bem nascido” (DEL CONT, 2008) que consistia na solução draconiana dos mais aptos vencerem na sociedade humana. Galton via na seleção natural uma promissora explicação para o fenômeno da diversidade de espécies e na teoria da pangênese a transmissão de características dos progenitores à prole (JUNIOR et al, 2016). De acordo com Júnior et al, (2016), sua compreensão da teoria de Darwin não era completa, ele não entendia que a seleção natural atua acima de tudo em uma alteração oportuna, não relacionada ao melhoramento das espécies. Não compartilhava a interpretação gradualista darwinista e desvaloriza os efeitos ambientais. Com inclusão à pangênese, realizou um experimento com coelhos para testá-la e analisá-la estatisticamente. Ele identificou a impossibilidade de confirmá-la e a considerou incorreta. Em oposição a ela, mas ainda utilizando alguns de seus elementos, procurou desenvolver uma teoria própria sobre a hereditariedade em dois artigos, o primeiro de 1872, “On blood relationship” e o segundo de 1875, intitulado “A theory of heredity”. Sua teoria da hereditariedade foi publicada em diferentes países, recebendo críticas, mas influenciando importantes grupos de pesquisadores. Bateson e Johansenn chegaram a considerar que Galton se antecipou a Weissmann com relação à distinção do plasma germinativo e o somático (GUTIÉRREZ et al, 2002 apud JUNIOR et al, 2016). O ambiente vitoriano da época favoreceu e estimulou esse pensamento eugênico de Galton, ainda mais radical do que o darwinismo social de Spencer, um dos maiores defensores do darwinismo, Galton, no entanto, teve o mérito de ser o precursor da biometria, que visa estudar tudo o que é possível medir nas coisas vivas. Segundo Del Cont (2008), no final do século 19, um grupo de cientistas conhecidos como biometristas se organizou para dar continuidade às reivindicações eugênicas. Grupo formado por evolucionistas que procuraram identificar regularidades estatísticas que pudessem descrever o aparecimento de variações contínuas em uma dada população, tendo como uma de suas principais bases a lei da herança formulada por Galton durante a última década do século XIX e as duas primeiras do século XX, tem havido um número crescente de levantamentos biométricos (JUNIOR et al, 2016). No final do século XIX, Weismann provou que a teoria da pangênese era falsa ao cortar as caudas de ratos por 22 gerações, sem nunca remover os botões supostamente presos à cauda cortada. Assim, Weismann substituiu a teoria da 30 pangênese pela teoria do plasma germinal. A ideia propunha que os organismos multicelulares consistiam em dois tipos de tecidos: somatoplasma e plasma germinal. O primeiro consiste dos tecidos essenciais para o funcionamento do organismo, mas não estão envolvidos com a reprodução sexual, portanto, suas modificações não são hereditárias. O segundo estava envolvido na reprodução e qualquer modificação aí ocorrida é hereditária. A semelhança do plasma germinal em todas as gerações de descendentes é o que explica suas semelhanças biológicas (MARTINS, 2003 apud JUNIOR et al, 2016). As ideias de Weismann foram desenvolvidas nas últimas quatro décadas do século XIX, sendo publicadas no livro Vortäge über Descendenztheoriede 1902. A ideia do plasma germinal não pôde ser comprovada pela observação. Entretanto, já carregava hipóteses de trabalho ligadas ao conceito de células somáticas e germinativas. A pergunta sobre o que atuava na célula ao longo das gerações, contudo, ainda não tinha sido respondida. Mendel, em 1865 tornou à questão, de alguma forma, mais aclarada a partir de experimentos controlados fora do laboratório. Ele descobriu que cada característica tinha origem material, a qual denominou fatores, que se apresentavam em dose dupla, eram independentes uns dos outros e a contribuição dos dois sexos era equivalente na produção de uma nova geração. Cada fator da dupla pode dominar o outro (dominante) ou, por conseguinte, ser dominado por ele (recessivo). Seus resultados, porém, não foram reconhecidos na época em que Mendel os apresentou. A herança podia entendida como um conjunto de células controladas por fatores. Mas tal explicação somente viria a acontecer algumas décadas mais tarde quando os fatores identificados por Mendel pudessem assumir um papel concreto dentro da Biologia, nas mãos dos pesquisadores do início do século XX. Assim, a teoria celular possibilitou uma explicação única do desenvolvimento dos organismos, permitindo uma generalização fundamental para a biologia, pois determinou o substrato material do mundo orgânico, enquanto a teoria do ambiente interno unificou a fisiologia moderna em uma atividade funcional comum a todos organismos, todas as operações realizadas pelo organismo para manter o equilíbrio do meio ambiente interno. E, finalmente, o substrato celular e a atividade fisiológica eram controlados por fatores, mais tarde chamados de genes (JUNIOR et al, 2016). 31 7 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO: DETERMINISMO X INDETERMINISMO Fonte: austral.edu.ar Em geral, o processo de compreensão de um objeto é entendido como a formulação de uma definição do mesmo. No entanto, na ciência as respostas de questionamentos não podem ser vistas como definitivas. É preciso destacar que segundo Thomas Kuhn (1962), de tempos em tempos diversas mudanças e revoluções científicas se desenrolam para que os paradigmas científicos se transformem. Por conta disto, de acordo com Koyré (1957), o quadro de referências pode e deve ser substituído do seu pensamento atual quando tais processos acontecem. Destarte, separar aspectos filosóficos dos científicos, neste ponto, parece ser inviável. A ciência é parte da vida humana, de modo que perde seu sentido e sua legitimação se for dela separada (DIAS, 2021). No que se refere ao desenvolvimento do conhecimento, segundo Foucault (1966, p. 179), há apenas uma episteme em uma cultura e em um determinado momento, que define as condições de possibilidade de todo conhecimento Koyré. Portanto, por mais diferentes e diversos que possam parecer, existe uma certa área de pensamento. O processo de definição, então, passa por um campo de pensamento vinculado à objetivação. Resumidamente, objetivação significa problematização, e isso não quer dizer representação de um objeto preexistente, nem criações através de um discurso de objetos que não existem. Seguindo uma regra foucaultiana: “Trata-se de retirar do sujeito (ou do seu substituto) o papel de fundamento originário e de o analisar como uma 32 função variável e complexa do discurso” (FOUCAULT, 1969, p. 70 apud DIAS, 2021). Segundo Dias (2021) não importa quem fala, o importante é perguntar “como é que um saber se constitui”. Esta ideia de representação das coisas, que se explicita e que se refere a um conjunto de significantes, é diferente da ideia de representação kantiana. A interpretação do autor não está em questão; mas sim a possibilidade de perceber uma certa relação entre saberes. Segundo Foucault (1966, p.470), o papel do conceito de sentido é apresentá-lo como linguagem, mesmo que não seja um discurso explícito, e também que não se desdobra em uma consciência, pode, em geral, para se dar à representação. Para Bachelard (1957) apud Dias (2021), por exemplo, é estranho ter que pensar no absoluto determinístico expressando-o por meio de uma realidade. Apesar de o determinismo ser visto a priori como uma consequência da busca por uma simplicidade argumentativa. Para Bachelard, o sentimento de determinismo sugere uma falsa segurança do conhecimento, mas é somente quando se percebe que o determinismo surge do esforço de racionalizar a realidade que o espaço se abre para a ideia deformação, mutabilidade e perturbação. O absolutismo leva, então, à afirmação de uma espécie de materialização, de imobilidade que está enraizada em um sujeito incondicionado no centro de todas as relações condicionantes (Bachelard, 1957, p. 124). Isto vai de encontro, por exemplo, a uma posição semelhante de Schopenhauer, em que o mesmo afirma “o mundo é minha representação” (BACHELARD, 1957, p. 126 apud DIAS, 2021). A problematização de um ponto de vista relativista, entretanto, requer que valores aparentemente materializados e imutáveis sejam parcial ou totalmente convertidos em seus valores. Por muito tempo, o determinismo impediu que certas idéias de indeterminismo fossem admitidas. A realidade e o mundo não são a representação do que se pensa ou do que se quer. Após as revoluções científicas causadas por Galileu, Copérnico, Newton e Einstein, o mundo passou a ser aquilo que se pode verificar. Portanto, a declaração de Schopenhauer "o mundo é minha representação" foi alterada de "o mundo é minha verificação" (Bachelard, 1957, p. 126 apud DIAS, 2021). Assim, o processo de definição emerge de uma relação estrutural entre o conjunto de palavras e sua relação com seus significados e significantes. De acordo com Foucault (1966), os significados e os significantes surgem a partir do momento 33 em que são conhecidas as possibilidades de relações entre eles e a epistéme (DIAS, 2021). 8 REDUCIONISMO E HOLISMO: DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE O CONCEITO DE VIDA Fonte: biblioteca.cofen.gov Dentre as diversas concepções e tentativas de se conceituar Vida, é possível destacar a Reducionista e a Holística ou Sistêmica. O reducionismo pode ser desmembrado em constitutivo, exploratório e teórico. O primeiro, reducionismo constitutivo, considera que os organismos vivos são constituídos de compostos iguais aos da matéria inanimada. O reducionismo exploratório parte de que só se pode entender o todo a partir da dissecção de todos os seus componentes. Enfim, o reducionismo teórico, assegura que leis de uma área do conhecimento podem ser casos especiais de teorias ou leis de outras áreas (DIAS, 2021) Segundo Dias (2021) com base nas definições de reducionismo apresentadas é possível observar seu caráter, tanto quanto mecanicista. De forma geral, a visão mecanicista sob os processos da natureza é descrita por estruturas físicas e suas respectivas mudanças. Neste ponto, as estruturas físicas no mecanicismo estão relacionadas ao espaço-tempo e a matéria. No que cerne as questões de mudanças nas estruturas físicas estão, estas vinculadas ao movimento. Assim, a partir de uma visão mecanicista qualquer 34 sistema físico-químico não importante quão complexo seja, pode ou poderia ser reduzido as propriedades de seus componentes e leis que governam a mudança dessas estruturas (DODIG-CRNKOVIC; MÜLLER, 2011 apud DIAS, 2021). Vale ressaltar que, segundo Dias (2021) o mecanicismo, por meio das perspectivas reducionistas abordam os assuntos conceituais de vida, em geral, através de um contexto denominado bottom-up. Em geral, o reducionismo mecanicista sugere que os componentes básicos e integrais dos seres vivos têm padrões e funções específicos que devem ser possíveis, pois são reduzidos em escala por escala e fenômenos de micro a macro são observados. A outra perspectiva chamada holística ou sistêmica se originou em 1926, quando o estatistasul-africano Jan Christianan vende, em seu livro, holismo e evolução inventaram o termo. No livro, Smuts escreve: “a unidade das partes pode vir a ser maior do que a soma das partes, que não apenas dá uma conformação ou estrutura para as partes, mas as relaciona e determina através de uma síntese onde suas partes estão alteradas; a síntese afeta e determina as partes de maneira que elas funcionem e se direcionam para o todo”. Basicamente, essa abordagem radica-se num ponto de vista holístico, em que conforme Sacarrão: "todos os seres vivos e o ambiente físico funcionam como um todo, obedecendo a leis físicas e biológicas bem definidas" (SACARRÃO, 1991, p.33 apud DIAS, 2021) Este conceito deu origem a uma das teorias controversas da ecologia atual, a teoria de Gaia, que foi formulada em 1979 por James Lovelock em colaboração com Lynn Margulis. Nesta teoria a Terra seria como um ser vivo gigantesco, um macroconjunto orgânico de processos biológicos e fisioquímicos autorregulados, em que tudo é e todos são Gaia. Tal abordagem de vida é nomeada de organicismo. De forma geral, o organicismo entende que os organismos apresentam propriedades relacionadas ao todo, ou seja, que propriedades de um determinado nível de complexidade pode não decorrer diretamente de suas partes, mas da interação entre elas (Rehmann-Sutter, 2000, p. 337; Gilbert & Sakar, 2000, p. 2 apud JUNIOR et al, 2016). Assim, ao contrário da abordagem reducionista bottom-up, a perspectiva holística se caracteriza como top-down por suas particularidades epistemológicas de enfatizar o significado, o sentido e a finalidade do objeto de estudo, norteando metodologicamente por uma visão de síntese e apreciando os aspectos qualitativos e experiências em contraposição à exatidão logística do método analítico. Após o trabalho pioneiro do embriologista Paul Weiss, o termo sistêmico hoje expressa uma 35 abordagem de cima para baixo e de baixo para cima ao mesmo tempo (OLIVEIRA, 2000 apud DIAS, 2021). Vale ressaltar que a partir de 1940, as ideias de teorias sistêmicas apontaram que relações sistêmicas que surgem em estágios complicados de integração podem produzir novas e imprevisíveis características (DIAS, 2021). 9 VIDA E SUA DEFINIÇÃO: UM PROCESSO AINDA EM CONSTRUÇÃO Fonte: universoracionalista.org A vida é um dos conceitos mais difíceis para explicar e até mesmo examinou consideravelmente, continua um mistério e uma cena controversa. Embora ao longo da história da biologia, muitos pré-requisitos para se considerar um ser como vivo tenham sido propostos, todos em algum momento ou de alguma maneira se revelaram falhos (JUNIOR et al, 2016). Deve-se lembrar também, segundo Coutinho (2005) apud Dias (2021), que o conceito de vida só teve início no final do século XVIII. Porém, vários filósofos buscaram discutir o conceito de vida antes disso, como por exemplo, Aristóteles. De acordo com Ross (1987), todos os seres continham dois princípios básicos para Aristóteles: matéria e a forma. Aristóteles expressa que o ser é a enteléquia de um corpo orgânico possivelmente dotado de vida (Allan, 1983, p. 66). Assim, o ser vivo, em geral, seria “forma” o corpo “em ação” e a “matéria” ainda que precise de forma seria capaz de existir na ausência dela. 36 A partir da busca de uma ciência unificada dos seres vivos, algumas ideias foram propostas com o intuito de caracterizar o conceito de vida pela existência de forças ou essências próprias dos seres vivos. Como vertente dessas concepções originou-se o vitalismo, que é uma posição filosófica caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não poderia ser explicada (CORRÊA et al, 2008 apud DIAS, 2021). O princípio da vida seria uma força específica diferente da energia estudada pela física e outras ciências naturais que agiria sobre a matéria organizada e produziria vida. O vitalismo argumentou que os organismos vivos (não a matéria simples) diferem dos seres inertes por terem uma força vital (ou élan vital em francês) que não é física nem química (JUNIOR et al, 2016). No século XIX Ernst Heinrich Haeckel, biólogo alemão, importante defensor do darwinismo com o intuito de expulsar as forças teleológicas da ciência, explicou a substância como sendo matéria e energia e estando sujeita às respectivas leis da conservação da matéria e da energia. Para Haeckel essa força vital, por vezes denotada como alma, não deveria ser considerada como algo transcendente, mas resultado histórico de um desenvolvimento filogenético lento, sendo todos os corpos considerados como vivos sensíveis a este processo (FREZZATTI, 2003, p. 447 apud DIAS, 2021). Em meados do século XX, o biólogo evolucionista Ernest Mayr (1904- 2005), expressou que os seres vivos deveriam ser percebidos como compostos dos mesmos elementos que a matéria inanimada, negando a existência de uma substância particular dos seres vivos, é uma perspectiva reducionista constitutiva. Embora o que um ser vivo seja bem conhecido na biologia, por que as definições de vida são tão evasivas, independentemente de uma perspectiva reducionista ou sistêmica? Via de regra, descreve-se uma série de propriedades e fenômenos presentes nos seres vivos, sem uma preocupação maior em produzir um conceito teoricamente fundamentado de vida. Assim, as experiências com o mundo e aqueles que o constituem acabam fazendo que o interprete diferencie o que é vivo do que não é. Diante do exposto, tentar definir algo tão complexo às vezes leva a que o conceito se torne muito ou muito restrito, adicionando ou removendo exemplos consideráveis (CORRÊA et al, 2008 apud JUNIOR et al, 2016). Não é possível dizer categoricamente o que é vida porque, segundo Tsokolov (2009), existem três dificuldades epistemológicas importantes para a definição da 37 vida: definição por termos eles próprios mal definidos; definição por uma combinação de descrições; a definição tenta arbitrar um sistema mínimo para ser caracterizado como vida. A definição de vida como posição inconsciente de valor e aspectos qualitativos não se coaduna com a perspectiva quantitativa das ciências da natureza. Nesse sentido, Emmeche e ElHani (1999) destacam que, portanto, uma definição de vida deve atender aos seguintes requisitos: ser geral e incluir todas as formas de vida possíveis; ser consistente com a compreensão dos sistemas vivos na ciência moderna; apresentar uma elegância conceitual, com conceitos claros e bem definidos, conseguindo organizar grande parte do campo do conhecimento em biologia; e ser específico o suficiente para distinguir sistemas vivos de sistemas que claramente não são vivos. Propor uma definição de vida a ser inserida em redes teóricas específicas evita que essa definição se transforme em mais uma lista de traços, uma vez que são apresentados apenas os traços relevantes à luz de um determinado paradigma (DIAS, 2021). 9.1 Algumas interpretações e categorias históricas de Vida Do que foi apresentado nos temas anteriores, algumas interpretações históricas sobre o conceito de vida podem ser elencadas, sintetizando cada método e perspectiva sobre "O que é a vida?" Gerou historicamente categorias interpretativas distintas, as quais seguem listadas a seguir algumas das consideradas como principais segundo Dias (2021): Vida como a presença de uma substância específica dos seres vivos, seguindo o princípio do vitalismo de Aristóteles, Haeckel e outros. Vida como uma criação divina, seguindo um princípio teológico, expressa por Sto.Tomás de Aquino por exemplo. Vida como organismo que surge da luta entre suas partes, seguindo o princípio de dominação de Nietzsche. Vida como autopoiese, considerada como uma rede complexa de interações no qual os componentes são ao mesmo tempo produtos e produtores da rede, expressa por Maturana e Varela.
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