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Prova I GEL112 - Literaturas Africanas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
GEL112 – LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professora: Roberta Guimarães Franco Faria de Assis
Prova I 09/12/2020
Entrega: 14/12/2020
Bianca Amaral Silva.
QUESTÃO 1 
Manuel Ferreira, Luandino Vieira e Paula Tavares apresentam, em momentos distintos, perspectiva metodológicas para pensarmos a história das literaturas africanas de língua portuguesa. O primeiro, na década de 80, e os dois últimos já nos anos 2000. Expliquem tais propostas, apontando, caso julguem pertinente, a existência de proximidade ou distanciamentos entre os dois momentos. 
	Depois de realizar as leituras dos textos dos autores citados, pude perceber que cada um traz uma perspectiva sobre a história das literaturas africanas.
	O primeiro autor, Manuel Ferreira, apresenta sua visão a partir de uma divisão da literatura, sendo a literatura colonial, e as literaturas africanas de expressão portuguesa. Essas duas linhas divisórias ocorrem como um princípio metodológico, sendo assim, são apresentadas duas literaturas diferentes. 
	A estética literária colonial, como o nome já refere, destaca a relação da posição do homem europeu, exaltando sua personagem como herói, sendo assim, o homem branco é apresentado por sua dinamicidade e valentia. A partir desse papel de destaque dado ao homem branco, o homem preto então não é exposto, sendo colocado como uma figura inferior, já que, essa linha, exalta o nacionalismo imperial. As vontades, a presença e a vida do homem preto, na maioria dos textos, mesmo que alguns apresentem personagens mais evidentes, são ignoradas, resumindo sua participação no texto apenas ao mínimo.
	Já as literaturas africanas apresentam o completo oposto da literatura colonial. Seu personagem em destaque é o homem preto, como o sujeito da narrativa, priorizando seus desejos e sua presença, enobrecendo e valorizando as raízes africanas. Dessa forma, os textos dessa linha, acabam por afastar a história e aspectos exaltados na literatura colonial.
	Luandino Vieira, em seu texto “Literatura Angolana: Estoriando A Partir do que Não Se Vê”, faz uma metáfora igualando a História da Literatura Angolana com o universo e seus aspectos. A partir dessa sua perspectiva, ele destaca em seu texto a força de atração que um buraco negro emite, uma força que ainda não sabemos explicar. Essa força utilizada na metáfora, é comparada aos primeiros textos angolanos, citando Cadornega, historiador português que deixou como legado várias produções sobre a ocupação portuguesa de Angola.
	O autor ressalta ainda que, em sua perspectiva e a partir de sua metáfora dos buracos negros, “a história da literatura angolana, deve começar pelo primeiro texto escrito”, finalizando seu pensamento discutindo sobre o primeiro texto escrito, o qual ninguém sabe quem é o autor, mas que se refere aos primeiros que chegaram ao Reino do Congo.
	Ana Paula Tavares, inicia a sua fala discutindo a relação entre a história de Angola e a literatura local. Ao exemplificar que a história do país não é tão sistemática como somos levados a acreditar, ela traz sua visão sobre como se deu a história pós-independência. Ao adentrar nesse assunto, Paula traz, a partir da sua perspectiva, um autor moçambicano chamado Castro Soromenho, apresentando que sua escrita era pautada em dois lados, como se duas pessoas diferentes escrevessem seus textos. A partir dos exemplos de Soromenho, ela consegue apresentar sua visão de como a literatura pode modificar a história, pois o autor escreve de uma visão dicotômica, primeiro uma visão colonialista em que os africanos ocupavam um espaço evidente no texto, e em segundo, uma visão colonialista real, na qual os africanos são completamente excluídos, confinados a espaços marginalizados dentro do texto.
	Para exemplificar sua perspectiva, Ana Paula também traz como exemplo o livro Mayombe de Pepetela, o qual acredita ser o único que traz a real história da luta de libertação nacional, sendo assim, como ela mesma diz, a literatura anda a frente da história.
	Depois de analisar todos os textos propostos, podemos distinguir uma semelhança de ideias entre os trabalhos de Manuel Ferreira e Paula Tavares. Os dois autores apresentam uma perspectiva pautada em linhas divisórias que separam a literatura africana em dois polos distintos. Enquanto Manuel Ferreira apresenta essa visão a partir de uma divisão entre literatura colonial e literatura africana, destacando as diferenças entre as produções, Ana Paula Tavares também trabalha em cima de uma divisão de polos, porém, diferentemente de Ferreira, traz essa divisão dentro das obras de um único autor, Soromenho, e não aplicada na literatura africana como um todo.
	 Já no texto de Luandino Vieira, há uma nova perspectiva da literatura africana, apresentando um diferencial por focar, em grande parte, apenas nas produções africanas, nas quais, o personagem de destaque da narrativa, é o homem preto. 
QUESTÃO 2 
A partir dos textos de Pires Laranjeira e de Inocência Mata, explique a ideia de existência de uma produção literária “contra-hegemônica” realizada na Casa dos Estudantes do Império. Utilize os textos da Revista Mensagem para exemplificar a resposta.
	Como uma das várias colônias portuguesas, a África cresceu sob uma grande opressão cultural, ressaltada, principalmente, na implementação da “política ultramarina”, destacada pelos autores citados em seus textos, que exaltava o colonialismo e a cultura portuguesa na África que, consequentemente, deu inicio a “Guerra de Ultramar”, uma guerra colonial entre as forças armadas de Portugal e as forças de alguns países-colônias.
	Era comum na época, que africanos migrassem para Portugal com o intuito de estudar, pois, na colônia África, ainda era muito escasso o acesso à educação. Dessa forma, com a entrada de africanos no país, Portugal fundou a Casa dos Estudantes do Império (CEI), uma instituição que se preocupava em abrigar esses africanos e, a partir dessa proximidade, sondar os imigrantes. A CEI passou por diversas fases e, teve como finalidade, compartilhar informações positivas sobre a criação do Império Português na África, inflando a colonização ao ressaltar suas positividades. 
	Foi então na CEI, que as produções contra-hegemônicas surgiram, textos escritos pelos africanos nos quais, a cultura africana, era enaltecida e comemorada pelos seus nativos. Esses textos foram criados a partir da comunicação e interação dos integrantes de CEI que, na convivência diária, conversavam sobre as belezas e preciosidades de seu país de origem.
	Pires Laranjeira então, discute em seu texto que, essas produções formaram uma fase da CEI na qual os textos eram apenas focados nos aspectos culturais africanos, como se fossem odes dedicadas ao país, uma forma de louvor às características da África. Esses textos, de enaltação do país-colônia, não foram publicados.
	Foi apenas na terceira fase de produções da CEI, que os textos de “A Revista Mensagem” foram publicados, dando força, instigando a luta contra-hegemônica. Os textos levavam uma grande carga de críticas às questões imperiais, instigando os pensamentos dos africanos pertencentes a CEI a serem notados e questionados.
	Nos textos de “A Revista Mensagem”, podemos perceber as opiniões desses africanos contra o idealismo colonial implantado nas políticas de Portugal. No trecho de “Regresso” fica claro essa produção contra-hegemônica, “Regressar... poder de novo respirar (ó minha terra) aquele odor escaldante, que o húmus vivificante, de teu solo, encerra!...”. 
QUESTÃO 3 
A produção literária do período pré-independência encontra na poesia e na prosa formas de expressão significativas para a interlocução entre projeto estético e ideológico, dialogando com movimentos de valorização da cultura negra que despertavam em várias partes do mundo e com movimentos anticoloniais. Explorem e expliquem a relação entre projeto estético e ideológico a partir do material disponibilizado (poemas e contos). 
	No pré-independência, como já mencionado na questão, a discussão dos textosliterários acontecia na exaltação da negritude e seus aspectos. Esses discursos se formavam, a partir de características linguísticas e contextuais empregadas no texto com o intuito de construir uma manifestação estética e ideológica. Utilizo do poema “Adeus à hora da largada”, de Agostinho Neto, para exemplificar. 
	No poema, o autor traz vários termos que se repetem com o proposito de destacar como os acontecimentos causam uma opressão, tanto no eu lírico, como no leitor que experiencia o texto. No trecho, “com fome / com sede / com vergonha de te chamarmos Mãe / com medo de atravessar as ruas / com medo dos homens”, Agostinho Neto, recorre à figura de sintaxe, polissíndeto, ao utilizar da conjunção “como” para instituir essa reação de sentimento ao leitor. Dessa forma, conjura uma manifestação estética para dar um sentido mais profundo e necessário ao seu texto.
	A partir da utilização dessa manifestação estética, é possível observar a formação da manifestação ideológica, apresentando um ideal de pensamento, pautado em uma só cultura, no caso, a cultura negra. No poema analisado, é possível percebermos a gradação dos desejos do eu lírico, que começa explicando que houve uma mudança eu seu ser, que agora já não é a mais o mesmo que foi, e vai caminhando para um contexto libertador, no qual, ao final do texto, entendemos qual o seu maior desejo, seu objetivo. Essa ideologia libertadora fica clara no trecho: “Amanhã / entoaremos hinos à liberdade / quando comemorarmos / a data da abolição desta escravatura / Nós vamos em busca de luz / os teus filhos Mãe / (todas as mães negras cujos filhos partiram) / Vão em busca de vida.”

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