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Plantão psicológico em hospitais psiquiátricos

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Plantão psicológico em
hospitais
 Referências: CAUTELLA, W. Plantão Psicológico em hospital psiquiátrico, In: MORATO, H. T. P. Aconselhamento
Psicológico centrado na pessoa: novos desafios.
 São vários os conceitos de doença que circulam pela
nossa cultura e sociedade. A OMS considera a saúde
como um estado de bem estar físico, mental e social e
não somente a ausência de sintomas. Se nos determos
sobre esta conceituação, concordamos que a ausência
de sintomas não significa saúde, pois pode haver
processos não manifestos uma uma negação da doença. 
 O primeiro conceito define a doença mental como uma
“patologia da liberdade”. Esse é um conceito de origem
psiquiátrica, apesar de ser um conceito médico, ele pode
ser plenamente eficiente orientando uma ação
terapêutica psicológica. Nesse conceito, a palavra
liberdade refere-se à capacidade de o indivíduo optar,
ou seja, de criar normas próprias para se gerenciar. 
 O doente mental seria aquele indivíduo que perdeu a
capacidade de optar e passa a viver regido pelas
normas ditadas pela sua patologia. O doente mental
não é mais senhor de seus atos e, sim, escravo de sua
doença. Percebemos uma clara regência dos sintomas
sobre a racionalidade. 
 No segundo conceito, a patologia seria uma
desorganização da temporalidade e, consequentemente,
da identidade. O homem através de um longo processo
evolutivo conseguiu desenvolver uma construção
imaginária que lhe assegura a continuidade de seu
psiquismo e de sua identidade. A doença mental então é
a destruição dessa trama de sustentação da
continuidade do Eu. 
 A partir do momento em que a doença mental passa a
ser vista por essa ótica, toda a ação terapêutica deve
levar o indivíduo a se perceber como agente de sua
existência, inserido e comprometido com o meio
sociocultural, que o certa e apto para fazer opções
livres de pressões internas. O psicoterapeuta deve
resgatar o indivíduo de um vazio paralisante para a
plenitude da sua cidadania. 
Quando o plantão psicológico propicia ao cliente
uma visão mais clara de si e de suas perspectivas
frente à problemática, ele está promovendo saúde.
Quando o indivíduo se questiona e se posiciona
frente a seus conflitos, ele está fazendo opções e
percebendo sua existência inserido em um contexto
histórico sociocultural.
 Na instituição psiquiátrica o cliente vinha ao grupo
terapêutico mobilizado pelo desejo da instituição e não
pelo próprio desejo, mobilizando fortes sentimentos
persecutórios e criando um clima que dificulta o
estabelecimento de uma relação terapêutica eficiente.
 Para que seja possível a realização do plantão
psicológico em uma instituição, é necessário que essa
acredite na capacidade de sua clientela em
desenvolver-se. Tanto o profissional como o cliente
devem saber da possibilidade de esse encontro ser
único, a percepção da limitação temporal vai gerar uma
modificação interna nos participantes do encontro.
Possibilitará ao plantonista uma maior sensibilidade
frente às questões do cliente, e este, por sua vez,
tentará reorganizar sua demanda de maneira a
hierarquizar e priorizar aquilo que é mais importante
para si naquele momento. O limite por si só é um fator
reorganizador. 
 A postura do psicoterapeuta de aceitar
incondicionalmente a experiência do cliente permite que
se estruture um campo onde este pode entrar em
contato com os fatores que vem causando
desorganização na sua relação com o mundo e, a partir
daí, tentar uma organização mais eficiente. A própria
possibilidade de escolher se quer ou não utilizar-se do
plantão é um ato de saúde, pois está implícito nessa
atitude uma opção e uma ação contestatória de
nulidade patológica. 
Plantão nos hospitais
psiquiátricos
Mesmo os clientes que não estejam com suas
capacidades básicas prejudicadas pela doença irão
beneficiar-se de maneira limitada se não tiverem
disponibilidade interna para se auto conhecerem. 
 O plantão psicológico é um instrumento que se propõe
a facilitar o resgate de uma visão mais integrada do
cliente (bio psico social). O plantonista não deve estar
atento apenas às queixas psicológicas do cliente, mas
sim, no modo como a situação interfere nas várias
esferas da vida pessoal.
 Apesar da abrangência dessa modalidade terapêutica,
existem alguns limites que dificultam a relação de ajuda.
Esses limites tornam-se evidentes no contexto
hospitalar. Para que haja um encontro e uma relação
terapêutica eficiente é necessário que a pessoa
mantenha relativamente preservada sua capacidade de
interação. 
 Muitas vezes também é o plantonista que limita a
possibilidade do encontro. Fatores externos à relação
de ajuda também limita sua abrangência. 
 O plantão psicológico tem se mostrado uma eficiente
válvula de escape para as tensões institucionais; talvez
por ser uma forma de atendimento com características
diferentes das tradicionais, os internos se permitem
procurar o plantão para falar da relação com a
instituição.
 A experiência nos mostra que o processo torna-se
mais eficiente quando compreendemos a doença mental
como um fenômeno amplo que não se encerra somente
naquele que apresenta o quadro psicopatológico. O
contexto social - e principalmente a família - tem papel
relevante no processo de adoecimento e
desencadeamento da crise. 
 Qualquer proposta que vise mudanças em uma
estrutura conflitiva só pode ter êxito se ambas as
partes envolvidas sabem de seu papel e o aceitam. É
necessário que a pessoa identifique em si a demanda e
faça um pedido de ajuda. A grande vantagem do plantão
psicológico é a possibilidade de gerar uma intervenção
eficiente e breve através de uma técnica versátil que
permite uma ampla aplicabilidade. Tal flexibilidade só é
possível porque todo o processo de intervenção fica
centrado no cliente.

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