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Universidade Católica de Salvador FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA CLÍNICA Discente: João Felisberto Lima de Abreu Farias Docente: Júlio Cesar Hoenisch 03/10/2021 HOLOCAUSTO BRASILEIRO E REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DA PSICOLOGIA CLÍNICA. Primeiramente, é mister destacar o que é a Psicologia Clínica. Divagando pelos meus estudos quanto ao tema supracitado, pude perceber que a Psicologia Clínica passou por diversas evoluções ao decorrer dos anos. De início, o termo clínico se destacava para a compreensão do comportamento do sujeito por meio da observação e da descrição realizada pelos mesmos, como eles viam suas experiências e como eles percebiam o mundo a partir disso. Assim, com a vinda da modernidade, a Clínica se sustentou em três pilares, sendo a simplicidade, a estabilidade e objetividade. Me deparei com esses quesitos e, ao estuda-los, percebi que na verdade de assemelha bastante ao que temos atualmente. Isso porque busca- se separar os componentes para estudo, analisar o fenômeno natural e ser objetivo para que o observador consiga mensurar e examinar, de forma que possa prever e controlar os acontecimentos com os indivíduos. Inclusive, gostaria de fazer uma pequena e breve referência. O método aplicado a Clínica me recordou muito o de Descartes. Evidência, análise, síntese e enumeração. Ora, por que não recordaria? A evidência duvidaria de tudo que não seja tão óbvio. O indivíduo com transtorno possui alguns comportamentos óbvios, mas será que eles surgiram tão somente de seus sofrimentos? A partir disso, a fragmentação para a análise, faz com que o indivíduo, objeto de estudo, seja observado de diversas maneiras, tornando-o mais fácil para compreensão. A síntese seriam as hipóteses a serem levantadas, tendo em vista que, embora a Psicologia Clínica anteriormente fosse subjugada pela Psiquiatria, o papel do Psicólogo não é diagnosticar. Por fim, e não menos importante, Descartes traz a enumeração, para as revisões e ter certeza que não deixou passar nada. Em tão pouco espaço para discorrer sobre o texto estudado e o documentário assistido, ambos se correlacionam. O documentário Holocausto Brasileiro, traz a história do Hospital Colônia e as mais de sessenta mil mortes derivados deles. Mas, na verdade, o quê aconteceu? O projeto que era para cuidar e tratar, se tornou, como referência ao documentário: “um campo de concentração”, conforme foi citado Basaglia. A Psicologia Clínica, com toda sua diferença social, foi aplicada ao Hospital Colônia. Pois lá eram jogados os menos favorecidos, aqueles vistos socialmente como os esquisitos, como os diferentes do normal. Aqueles pacientes que estavam internados, eram os loucos. A escória para a sociedade, a vergonha para família. O hospital deveria ser utilizado para tratamento, para fazer com que voltassem a sociedade, mas não, o efeito foi totalmente o oposto. Tornou aqueles que já eram vítimas sociais, que já eram destratados, como sem racionalidade. Não seria um erro dizer que basicamente para a sociedade, aqueles que estavam ali não tinham “alma”, pois eram perturbados o suficiente para distorcer a realidade, vivendo em uma percepção paralela. Por fim, é complicado descrever em poucas linhas a união do texto com o documentário, porém, uma coisa deverá ser aqui trazida à baila: O Hospital Colonial e a evolução da Psicologia Clínica, demonstra o quanto foi necessário a evolução da Ciência Comportamental. Imagino, de forma triste e desagradável, o que seria da população com transtornos se os padrões se mantivessem. Se a Clínica não tivesse se afastado da Psiquiatria. Teríamos mais pessoas abandonadas, teríamos mais tratamentos com choques, mais punições pelo bel poder. Contudo, ainda que haja evolução, o punitivismo com aqueles fora do padrão social ainda pode ser visto. Para findar, deixo aqui uma frase de uma música do grupo Racionais MC’s, trecho da música “A vida é desafio”: “500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou”.
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