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1 APS - ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2019 2 APS- ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP DEBORA GARCIA GRISANTE - RA: C6675F-0 GIOVANA FERREIRA DOS SANTOS - RA: D26CEH-0 LETICIA GABRIELE ERENO - RA: D146AJ-3 MARIANA REIS DA COSTA PINTO – RA: N136FB1 FISIOTERAPIA APLICADA Á SAÚDE DA MULHER Trabalho de Atividades Práticas Supervisionadas com obtenção da aprovação da matéria semestral referente a disciplina de fisioterapia aplicada á saúde da mulher,apresentado á – Universidade Paulista - UNIP Orientador: Profa. Maria Emília Cavalca Correa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2019 3 RESUMO Essa Atividade prática supervisionada se trata a respeito de todo o conteúdo que foi apresentado e estudado na matéria de fisioterapia aplicada á saúde da mulher, durante o sexto semestre do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista. Os conteúdos apresentados durante o semestre foram : anatomia do aparelho reprodutor feminino; fisiologia do ciclo reprodutivo feminino; obstetrícia, abrangendo os conhecimentos das mudanças físicas e fisiológicas da gestação e do parto, puerpério e aleitamento materno; uroginecologia abrangendo os conhecimentos de fisiologia da micção e incontinência urinaria; oncologia(câncer de mama); distúrbios ginecológicos abrangendo os conhecimentos de dor pélvica, disminorréia e síndrome pré-menstrual; climatério/menopausa e disfunções sexuais femininas. Nessas páginas se encontram as bases de cada um desses conteúdos, suas características e atuação fisioterapêutica. Passando assim um conteúdo adequado e bem informado. Palavras Chave: Saúde da mulher, atuação fisioterapêutica. 4 ABSTRACT This Supervised Practice Activity is about all the content that has been presented and studied in the field of physiotherapy applied to women's health, during the sixth semester of the Physiotherapy course at Universidade Paulista. The contents presented during the semester were: female reproductive tract anatomy; female reproductive cycle physiology; midwifery, encompassing the knowledge of the physical and physiological changes of pregnancy and childbirth, puerperium and breastfeeding; urogynecology encompassing knowledge of urination physiology and urinary incontinence; oncology (breast cancer); gynecological disorders encompassing knowledge of pelvic pain, dysminorrhea and premenstrual syndrome; climacteric / menopause and female sexual dysfunction. In these pages are the bases of each of these contents, their characteristics and physical therapy performance. Thus passing a suitable and well informed content. Keywords: Women's health, physical therapy performance. 5 SUMÁRIO 1.Introdução................................................................................................................................7 2.Anatomia do aparelho reprodutor feminino.............................................................................8 2.1.Orgãos do sistema reprodutor feminino................................................................................8 2.2.Pelve....................................................................................................................................11 3.Fisiologia do ciclo reprodutor feminino.................................................................................13 3.1.Gametogenese.....................................................................................................................13 3.2.Ciclo menstrual...................................................................................................................13 4.Obstetrícia..............................................................................................................................17 4.1.Mudanças físicas e fisiológicas da gestação.......................................................................17 4.2.Parto....................................................................................................................................22 4.3.Puerpério.............................................................................................................................25 4.4.Aleitamento materno...........................................................................................................26 5.Uroginecologia.......................................................................................................................28 5.1.Fisiologia da micção...........................................................................................................28 5.2.Incontinencia Urinária.........................................................................................................29 6.Oncologia-Cancer de mama...................................................................................................35 7.Disturbios ginecologicos........................................................................................................37 7.1.Dor pélvica..........................................................................................................................37 7.2.Disminorréia........................................................................................................................41 7.3.Sindrome pré-menstrual......................................................................................................42 8.Climatério...............................................................................................................................44 9.Menopausa.............................................................................................................................45 10.Disfunções sexuais femininas..............................................................................................47 6 11.Conclusão.............................................................................................................................50 12.Conclusões individuais........................................................................................................51 13.Referencias...........................................................................................................................52 7 1.INTRODUÇÃO Este presente trabalho consiste na elaboração precisa e exata sobre os fundamentos abrangidos pela fisioterapia na saúde da mulher abrangendo doenças que acometem o sexo feminino como câncer de mama ,incontinência urinaria; fisiologia da reprodução no órgão reprodutor feminino, anatomia do órgão feminino, mudanças fisiológicas da gestação, parto, amamentação, puerpério, menopausa e como ocorre a intervenção fisioterapêutica em cada caso descrito. As mulheres ao longo da vida passam por fases e momentos específicos, determinados por mudanças hormonais, físicas, psicológicas e sociais.Como o iniciar e concluir do ciclo menstrual e da fertilidade, a descoberta e o desenvolver da sexualidade e do próprio corpo, a gravidez e a maternidade, o amadurecimento e o envelhecimento.Diversos aspectos tornam o corpo feminino fundamentalmente distinto do masculino. Além das diferenças estruturais (especialmente no sistema osteomuscular) há diferenças fundamentais na fisiologia ou funcionamento do corpo feminino (especialmente quanto a parte hormonal). A Fisioterapia abrange diversas áreas de intervenção,sendo que o Fisioterapeuta apresenta um importante papel na Saúde da Mulher, tendo foco o acompanhamento da mulher em todas as fases de sua vida, incluindo o período gravídico-puerperal. Atua na reabilitação das diferentes disfunções decorrentes de alterações do sistema ginecológico, urinário e gastrointestinal. 8 2.ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO O aparelho reprodutor feminino é definido como o sistema de órgãos da mulher envolvidos nos processos reprodutivos. Fig.1- Fonte: http://e-revista.unioeste.br/index.php/pgeografica/comment/view/1288/0/324334 2.1 Orgãos do sistema reprodutor feminino Podemos distribuir os órgãos genitais femininos anatômica e funcionalmente da seguinte forma: Ovários: órgãos produtores de gametas (óvulos); Tubas uterinas: vias condutoras dos gametas; Útero: abriga o concepto; Vagina: órgão de cópula; Órgãos Genitais Externos (Vulva): monte púbico, lábios maiores, lábios menores, clitóris, vestíbulo e glândulas de Skene e de Bartholin (secretam muco – lubrificação). OVÁRIOS Os dois ovários produzem os óvulos e secretam hormônios (estrogênios e progesterona) responsáveis por controlar o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e atuar sobre o útero nos mecanismos de implantação do óvulo fecundado e início do desenvolvimento do embrião. TUBAS UTERINAS As duas tubas uterinas conectam os ovários ao útero e fazem comunicação da cavidade uterina com a cavidade peritoneal. Cada tuba mede aproximadamente 12 cm de comprimento. Transportam o óvulo do ovário ao útero e os espermatozoides do útero ao ovário. A fecundação habitualmente ocorre na tuba.A tuba uterina é dividida em quatro partes: uterina (na parede do útero), istmo, ampola e infundíbulo (extremidade distal da tuba, que se abre na 9 cavidade peritoneal próximo ao ovário e possui prolongamentos no formato de franjas, chamadas fímbrias). ÚTERO Órgão com função de acomodar e nutrir o concepto. Tem a forma de uma pera invertida.No útero distinguem-se quatro regiões anatômicas: fundo, corpo, istmo e cérvix. O corpo se comunica com as tubas uterinas lateralmente e a porção que fica acima delas é o fundo. O istmo é a junção entre o colo e o corpo, uma região estreitada inferior. O cérvix (colo do útero) faz projeção na vagina e com ela se comunica pelo óstio do útero. Em sua estrutura, o útero apresenta três camadas: Endométrio: camada mais interna, que sofre modificações com a fase do ciclo menstrual e com a gravidez; é onde ocorre o processo de implantação do embrião; Miométrio: camada média, composta por fibras musculares lisas; Perimétrio: camada mais externa. A sustentação do útero na pelve é realizada por ligamentos: Ligamentos Redondos, Ligamentos Uterossacros, Ligamentos Largos e Ligamentos Cardinais ou Cervicais Transversos. Fig. 2- Fonte: Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 2000. VAGINA Um canal fibromuscular que mede de 8 a 10 cm de comprimento. É elástico e capaz de considerável distensão. Em suas paredes há uma camada de musculatura lisa, cujas fibras estão dispostas longitudinal e circularmente, e o revestimento é de epitélio escamoso estratificado. Está posicionada posteriormente à uretra e à base da bexiga, e anteriormente ao reto. VESTÍBULO Estrutura que se evidencia quando os pequenos lábios são afastados, que inclui: hímen, orifício vaginal, meato uretral e as aberturas das glândulas de Skene e de Bartholin. MAMAS Mamas são anexos da pele, com parênquima formado por glândulas cutâneas modificadas que apresentam função de produção de leite após a gestação.A mama consiste em tecido glandular 10 (parênquima) imerso em estroma (constituído de tecido conjuntivo e tecido adiposo). O estroma conduz os vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Órgão par; Peso e formato variáveis (constituição física, idade, paridade, lactação); 80% das mulheres apresentam uma leve assimetria entre as mamas; A mama normalmente cresce entre 8 e 15 anos de idade (puberdade), decorrente do desenvolvimento glandular e da deposição aumentada de gordura; Localiza-se na parte superficial da camada da fáscia peitoral; Recobre o peitoral maior, serrátil anterior, oblíquo externo do abdome e parede anterior da bainha do reto do abdome, terminando no processo axilar próximo aos linfonodos axilares; É composta por 15 a 20 lobos, conectados entre si, formados por lóbulos ou alvéolos unidos por tecido areolar, vasos sangüíneos e ductos lactíferos que drenam em seios lactíferos. Ductos – contém tecido elástico e se estreitam conforme entram na papila ou mamilo, são circundados pela aréola pigmentada e pelas glândulas areolares. A glândula mamária esta firmemente ligada à pele que a recobre por ligamentos subcutâneos, é sustentada por ligamentos suspensores ou ligamentos de Cooper. Complexo Areolopapilar Ponto central da mama – a pele é mais espessa, mais pigmentada, enrugada e desprovida de pelos. Aréola: forma circular contém glândulas sebáceas, sudoríparas e glândulas areolares acessórias. Mamilo (Papila): emerge do centro da aréola, apresenta pele semelhante a da aréola, porém não contém glândulas sebáceas. Fig. 3- Fonte: Polden,M.; Mantle,J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Santos, 2002. 2.2 Pelve Pelve é a porção inferior do tronco e ocupa uma posição intermediária entre tronco e membros inferiores. Trata-se de um anel ósseo formado pelos dois ossos do quadril (osso do quadril formado pela fusão do ílio, ísquio e púbis) em conjunto com os ossos: sacro e cóccix. A pelve é uma região de grande importância funcional, pois além de oferecer proteção a órgãos e vísceras, serve como ponto de fixação para músculos do tronco, dos membros 11 inferiores e do assoalho pélvico, e atua na transferência do peso do tronco para os membros inferiores. Durante a gestação as articulações e ligamentos adquirem maior flexibilidade em decorrência do efeito do hormônio relaxina, produzido pelo corpo lúteo e placenta. Consequentemente, os movimentos entre ossos da pelve e entre pelve e coluna tornam-se mais livres e a distância entre os ossos púbis aumenta, o que facilita o período expulsivo do parto, com a passagem do feto. Porém, esse aumento na mobilidade articular pode ser causa de lesões, quadros de dor e alterações na marcha, fator relevante para o profissional fisioterapeuta que acompanha a gestante. TIPOS DE PELVE Ginecóide: abertura superior ligeiramente oval, diâmetro transverso se sobrepõe ao sagital. É o tipo de pelve ideal para partos naturais. Prevalece em 43% das mulheres brancas e negras. Andróide: amplo diâmetro transverso e a parte posterior da abertura superior da pelve estreita. Presente na maioria dos homens, em 32,5% das mulheres brancas e em 15,7% das negras. Antropóide: diâmetro transverso menor que o diâmetro sagital da abertura da pelve. É encontrada em alguns homens, em 23,5% das mulheres brancas e em 40,5% das mulheres negras. Platipelóide: o diâmetro transverso é maior que o sagital, com forma achatada. É rara em ambos os sexos, 2,6% das mulheres brancas e 1,7% das negras. Fig. 4- Fonte: Polden,M.; Mantle,J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Santos, 2002. O assoalho da pelve é formado por: Peritônio parietal: membrana serosa que forra a parede abdominal e pélvica. Diafragma da pelve: músculos e fáscias. Músculos do diafragma da pelve: Músculo coccígeo (ou isquiococcígeo) 12 Músculo levantador do ânus: formado por três fascículos (pubococcígeo, puborretal e iliococcígeo) As principais funções do assoalho pélvico são a sustentação (a força da gravidade e o aumentoda pressão intra-abdominal (rir, tossir, contrair, levantar) provocam pressão dos órgãos pélvicos sobre os músculos do assoalho pélvico, que contraem para manter o posicionamento desses órgãos); Controle esfincteriano (os músculos do assoalho pélvico promovem o fechamento rápido da uretra e do reto para garantir a continência); Sexual (os músculos do assoalho pélvico possuem receptores que aumentam a sensação de prazer sexual). PERÍNEO Região situada abaixo da cavidade pélvica, separada desta pelo diafragma da pelve. É uma área em forma de losango que se estende do monte pubiano às faces mediais das coxas e às pregas glúteas e extremidade superior da fenda interglútea.Traçando uma linha transversa que une as tuberosidades isquiáticas, o períneo fica dividido em duas áreas (dois triângulos): Trígono ou região Urogenital: área anterior à linha, onde se localizam os órgãos genitais externos; Trígono ou região Anal: área posterior à linha, onde se localiza o ânus. No Trígono Urogenital encontram-se os músculos do Diafragma Urogenital: Músculo Transverso Profundo do Períneo Músculo Esfíncter Externo da Uretra Músculo Transverso Superficial do Períneo Músculo Isquiocavernoso Músculo Bulboesponjoso No Trígono Anal encontra-se o: Músculo Esfíncter Externo do Ânus Fig. 5- Fonte: Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 2000. 13 3.FISIOLOGIA DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO 3.1 Gametogenese O ciclo reprodutivo feminino se da principalmente pela gametogênese, mais especificamente ovogenese no caso das mulheres que é o processo de formação dos ovócitos maduros. Esse processo de maturação inicia-se antes do nascimento e é completado depois da puberdade, continuando até a menopausa. Fig. 6- Fonte: https://www.euquerobiologia.com.br/2016/03/gametogenese-processo-de-formacao- dos-gametashtml A ovogênese envolve as seguintes etapas: Multiplicação: A célula inicial do epitélio germinativo passa por várias mitoses, dando origem a uma população de ovogônias. Crescimento: As ovogônias aumentam seus volumes nuclear e citoplasmático, dando origem aos ovócitos primários. Nesse caso, muito mais nutriente é acumulado, principalmente nos ovíparos, em que os ovos serão desenvolvidos fora do corpo da mãe. Mesmo em vivíparos, há grande acúmulo de nutrientes, sendo o ovócito primário maior que o espermatócito primário. Meiose: A primeira etapa, ou meiose I, é irregular pela ocorrência de uma citocinese diferencial, que dá origem a um corpúsculo polar e ao ovócito secundário. Essa meiose irregular garantirá um gameta com maior quantidade de nutrientes. Na segunda etapa, ou meiose II, a citocinese também é anômala, de forma que o ovócito secundário dará origem a uma ovótide e a outro corpúsculo polar. Nesta etapa, cada corpúsculo polar dá origem a dois novos corpúsculos polares. Diferenciação: A ovótide dá origem ao óvulo, o qual apresenta um núcleo compacto, citoplasma enriquecido, principalmente de ribossomos e RNA. O RNA necessário para o início da atividade celular e diferenciação no embrião é produzido e estocado no citoplasma do óvulo. 3.2 Ciclo menstrual A duração do ciclo menstrual varia bastante entre as mulheres, mas em média é de 28 dias. O primeiro dia do ciclo corresponde ao primeiro dia do sangramento menstrual (fluxo menstrual). Considerando um ciclo de 28 dias, a ovulação ocorre ao redor do 14º. dia. A duração do fluxo menstrual também é variável entre as mulheres, aproximadamente de 2 a 7 14 dias.Para a regulação do ciclo menstrual deve haver integridade das estruturas que englobam o eixo Hipotálamo – Hipófise – Ovários, pois os hormônios envolvidos no controle do ciclo menstrual são: hipotalâmicos, hipofisários e ovarianos.Sendo o hormônio hipotalâmico:GnRH (Hormônio de Liberação das Gonadotropinas),os hormônios hipofisários (Hipófise anterior):FSH (Hormônio Folículo Estimulante,LH (Hormônio Luteinizante),e os hormônios ovarianos:Estrógenos ( estradiol, estrona e estriol) e Progesterona. A secreção dos hormônios hipofisários FSH e LH depende do estímulo na hipófise pelo hormônio hipotalâmico GnRH, e a secreção de hormônios ovarianos estrógeno e progesterona depende do estímulo dos hormônios hipofisários FSH e LH sobre o ovário. O aumento ou a diminuição na produção e liberação de todos esses hormônios dependem de um mecanismo denominado feedback ou retroalimentação, que corresponde a um processo de regulação metabólica em que o produto final (hormônio liberado no sangue) pode atuar como inibidor (neste caso falamos em feedback negativo) ou indutor (feedback positivo). Portanto, é a concentração dos hormônios na corrente sanguínea que controla todo o ciclo e induz ao aumento ou diminuição da ação metabólica das glândulas envolvidas. Os ovários contêm milhares de folículos, e em todos os ciclos menstruais um grupo de folículos (de 6 a 12 aproximadamente) é estimulado, e um dos folículos cresce mais do que os outros e libera o óvulo. Os demais folículos (de 5 a 11) sofrem involução (processo denominado atresia). Após o rompimento do folículo e a liberação do óvulo, as células foliculares aumentam de tamanho e mudam sua estrutura, passando a se chamar corpo lúteo. Se o óvulo liberado não for fertilizado, isto é, se não ocorrer gravidez, o corpo lúteo alcança seu desenvolvimento máximo em aproximadamente 10 dias e então involui e acaba perdendo sua função secretora, e aos poucos é substitutído por tecido conjuntivo. Se ocorrer gravidez, o corpo lúteo cresce e persiste até o final desta. É em decorrência das diferenças de atividade dos folículos ovarianos durante o ciclo menstrual, que se divide o ciclo ovariano em duas fases e dá-se o nome de: 1ª. fase (do 1 ao 14 dia): Fase Folicular Ovariana 2ª. fase (do 15 ao 28 dia): Fase Lútea Ovariana Na primeira fase do ciclo o FSH está levemente elevado e exerce influência sobre os folículos ovarianos, estimulando-os a secretar estrógeno. Conforme a concentração sanguínea de estrógeno aumenta, a liberação de FSH diminui. Um pico de FSH ocorre no meio do ciclo, influenciando na ovulação.O LH permanece constante na fase folicular, mas apresenta um aumento acentuado no meio do ciclo (pico aproximadamente 16 horas antes da ovulação), influenciando na ovulação. O LH chega a aumentar de 6 a 10 vezes e o FSH de 2 a 3 vezes antes da ovulação, e atuam de modo sinérgico para causar as alterações necessárias para o desenvolvimento do folículo e ovulação.Após a expulsão do óvulo do folículo, as células foliculares remanescentes transformam-se em corpo lúteo, processo que depende do LH.Os estrógenos permanecem em níveis baixos e estáveis durante a primeira semana, e à medida que o folículo se desenvolve, eles aumentam e atingem um pico antes que inicie o pico de LH. Esse pico é seguido de uma queda, e de uma segunda elevação, devido à secreção pelo corpo lúteo, e um rápido declínio nos últimos dias do ciclo, com a degeneração do corpo lúteo. Durante a fase folicular praticamente nenhuma progesterona é secretada pelos ovários, mas após a ovulação, o corpo lúteo em desenvolvimento passa a secretar progesterona, que atinge altos níveis durante a fase lútea, e rápido declínio nos últimos dias do ciclo, com a degeneração do corpo lúteo. 15 Durante o ciclo menstrual, profundas alterações na morfologia uterina ocorrem devido aos efeitos dos hormônios estrógeno e progesterona. Em virtude das alterações uterinas é que as fases do ciclo menstrual são nomeadas: 1ª. fase: Fase Proliferativa Uterina 2ª. fase: Fase Secretora Uterina Efeitos dos estrógenos sobre o útero: Estimulam o crescimento da musculatura lisa uterina (miométrio); Estimulam o crescimento (proliferação) do epitélio glandular (endométrio); Induzem a síntese de receptores para a progesterona. Efeitos da progesteronasobre o útero: Converte o endométrio em um tecido secretor: células ricas em glicogênio e enzimas e vasos sanguíneos mais numerosos. As alterações que sofre o endométrio em decorrência dos hormônios proporciona um ambiente ideal para a implantação do óvulo fertilizado.Quando há fecundação, um hormônio proveniente do blastocisto (embrião) denominado Gonadotropina Coriônica (HCG) impede a degeneração do corpo lúteo, portanto não há declínio dos hormônios ovarianos ao final da fase lútea. Já quando não há fecundação, com a regressão do corpo lúteo, há queda dos níveis de estrógeno e progesterona, privando o endométrio do seu suporte hormonal. O resultado é uma constrição dos vasos sanguíneos uterinos, reduzindo suprimento de oxigênio e nutrientes, e a camada superficial do endométrio começa a se desprender (fluxo menstrual ou menstruação). 16 Fig. 7- Fonte: https://www.drcarlos.med.br/cicl_mentr_1gif.gif 17 4. OBSTETRÍCIA 4.1 Mudanças físicas e fisiológicas da gestação Alterações fisiológicas ocorrem em todos os sistemas do organismo durante a gestação, e esses ajustes fisiológicos tem inicio na primeira semana e progridem no decorrer da idade gestacional. Após a fecundação, o grupo de células (blastocisto) é impulsionado para a cavidade uterina, onde passa pelo processo de implantação no endométrio. Para que ocorra uma implantação adequada, o endométrio deve estar propício, espesso e secretor, o que depende dos efeitos dos hormônios ovarianos (estrogênios e progesterona) sobre o útero. Durante 6 a 8 semanas, o corpo lúteo é o principal produtor dos hormônios progesterona, estrogênio e relaxina, que são muito importantes para a manutenção da gravidez. Após esse período, a placenta, que foi sendo formada, passa a ser o principal produtor dos hormônios estrogênios e progesterona, além de outros. A placenta cresce durante a gravidez, e no final mede aproximadamente 20 cm de diâmetro, 3 cm de espessura e pesa aproximadamente 500 a 700 gramas. Ela mantém a circulação fetal e é responsável pelas funções vitais de absorção da nutrição, respiração e excreção. A gestação humana tem duração de aproximadamente 40 semanas, e neste período ocorrem diversas mudanças físicas e fisiológicas na mulher. HORMÔNIOS IMPORTANTES NO PERÍODO GESTACIONAL: As mudanças da gravidez são resultantes das ações de hormônios, principalmente, progesterona, estrogênios e relaxina. Como citado por Margaret Polden e Jill Mantle os principais efeitos dos hormônios são: Efeitos da progesterona Redução do tônus da musculatura lisa; Aumento do tempo de digestão (alimento mais tempo no estômago), náusea, constipação, redução do tônus nos canais urinários (estase urinária), redução do tônus nos vasos sanguíneos (redução da pressão arterial e dilatação das veias). Aumento de temperatura (0,5 °C); Redução na tensão alveolar, hiperventilação; Desenvolvimento das células alveolar e glandular produtoras de leite; Depósito de gordura aumentado. Efeitos dos estrogênios Aumento no crescimento do útero e dos ductos mamários; Níveis crescentes de prolactina para preparar as mamas para a lactação; Auxílio no metabolismo de cálcio materno; Aumento na flexibilidade das articulações pélvicas; Retenção hídrica e de sódio. Efeitos da relaxina Substituição gradual de colágeno em tecidos alvo (articulações pélvicas, cápsulas articulares e cérvix) com uma forma remodelada e modificada que tem uma maior extensibilidade e flexibilidade. A síntese de colágeno é maior que sua degradação, e há um conteúdo de água aumentado, havendo então um aumento em volume; 18 Inibição da atividade miometrial durante a gravidez; Pode ter um papel na marcante habilidade do útero em distender-se, e na produção do tecido conjuntivo de suporte adicional necessário para o crescimento das fibras musculares; Pode ter um papel no amadurecimento cervical e no crescimento mamário. Somatomamotropina Coriônica Humana-Hormônio placentário com funções ainda em estudo. Possíveis efeitos: Desenvolvimento das mamas; Formação de tecidos proteicos, semelhante à ação do hormônio do crescimento; Diminuição da sensibilidade à insulina e da utilização de glicose na mãe, determinando disponibilidade de mais glicose para o feto; Liberação dos ácidos graxos livres dos depósitos de gordura da mãe. Os corticoesteroides aumentam durante a gravidez. Possível ação é a mobilização de aminoácidos dos tecidos maternos para que sejam utilizados na síntese de tecidos no feto. A secreção de aldosterona também é aumentada na gravidez, e juntamente aos estrogênios, provocam o aumento da reabsorção de sódio e água pelos túbulos renais, causando retenção de líquido, e em algumas mulheres, a hipertensão durante a gravidez. Hormônio Paratireóideo O aumento do hormônio paratireóideo estimula a reabsorção de cálcio dos ossos maternos, para a manutenção da concentração normal de íons cálcio nos líquidos extracelulares da mãe, mesmo o feto removendo cálcio da mãe para sua ossificação. A secreção de hormônio paratireóideo intensifica ainda mais durante a lactação, visto que o lactente necessita de quantidade grande de cálcio. MUDANÇAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DA GESTAÇÃO: As mudanças da gravidez são principalmente resultado da interação de quatro fatores: Mudanças no colágeno e músculo involuntário; Aumento no volume do sangue com fluxo de sangue aumentado principalmente para útero e rins; Crescimento do feto resultando no aumento e deslocamento do útero; Aumento no peso corporal e mudanças no centro de gravidade e postura. Mudanças no Sistema Cardiovascular Aumento do volume sanguíneo em cerca de 40%. Observação: há um maior aumento no plasma do que nas células vermelhas, causando um efeito chamado de anemia de diluição ou anemia fisiológica da gravidez; Aumento do débito cardíaco; Hipotonia no músculo liso das paredes do vaso sanguíneo, podendo causar queda na pressão sanguínea; Síndrome hipotensiva da gravidez: ao permanecer em decúbito dorsal, principalmente a partir do segundo trimestre da gestação, o peso do útero gravídico pode comprimir a aorta e a veia cava inferior contra a coluna lombar, causando vertigens e até inconsciência. O decúbito mais adequado para a gestante é o decúbito lateral esquerdo, que facilita o retorno nas grandes veias e o fluxo arterial; Veias varicosas (incluindo hemorróidas), decorrentes de fatores associados, como: hipotonia vascular, pressão do útero sobre vasos na pelve, e alterações no colágeno. 19 Mudanças no Sistema Respiratório A grávida caracteristicamente hiperventila, tendo aumento do volume corrente e da frequência respiratória; O centro respiratório no sistema nervoso central é sensibilizado pela progesterona, aumentando a resposta ventilatória ao CO2; Posição do diafragma e configuração do tórax sofrem modificações. O diafragma se eleva até 5 cm acima de sua posição de repouso habitual, enquanto os diâmetros transverso e ântero- posterior do tórax se ampliam em torno de 2 cm. Mudanças no Útero O peso do útero aumenta cerca de 20 vezes durante a gestação, (de cerca de 60 g para 1000 g) e aumenta em tamanho de cinco a seis vezes. Ao fim da gestação o útero tem de 30 a 35 cm de comprimento, de 20 a 25 cm de largura e cerca de 22 cm de profundidade. Sua capacidade terá aumentado de 700 a 1000 vezes, de aproximadamente 4 mL para 4000 a 5000 mL.Durante a gestação o suprimento sanguíneo uterino aumenta de 20 a 40 vezes. As artérias uterinas, que são a principal fonte do suprimento uterino, são ramos das ilíacas internas; as quais penetram no útero aproximadamente ao nível do orifício interno do colo. As alterações dos vasos sanguíneos regridem após o parto. Uma semana após, os vasos já retornaram ao seutamanho anterior. Mudanças nas Mamas Modificações acentuadas ocorrem nas mamas durante a gestação, devido ao desenvolvimento de tecido glandular quiescente. As mamas aumentam de tamanho (cerca de 700g para cada mama) e firmeza, e ficam nodulares.Freqüentemente aparecem estriações na pele. O aumento é perceptível algumas semanas após a concepção e continua por toda a gestação. Há também aumento considerável na vascularização das mamas no início da gestação, e as veias superficiais ficam mais proeminentes. Essas alterações são freqüentemente acompanhadas por uma sensação de dor, formigamento e peso nas mamas, no início da gestação, e são considerados sinais presuntivos de gestação.Os mamilos ficam mais móveis, e será mais fácil para o bebê apreendê-los para mamar. Uma alteração considerável ocorre dentro do próprio tecido mamário: há proliferação do tecido glandular e as células alveolares diferenciam-se, tornando-se secretoras.Há uma proliferação progressiva do tecido glandular durante a gestação. Os dutos alongam-se muito e os alvéolos e lóbulos desenvolvem-se nas extremidades de muitos dos ramos.Com o aumento da atividade secretória ao fim da gestação, os alvéolos e dutos ficam distendidos pelo colostro. Na mama em lactação os alvéolos e os dutos ficam distendidos devido ao leite. Após estágio de proliferação do tecido glandular durante o primeiro trimestre, as células alveolares começam a diferenciar-se no segundo. Muitas dessas células tornar-se-ão secretórias e serão capazes de secretar leite. Pelo fim do segundo trimestre, uma pequena quantidade de líquido fino e amarelado, chamado colostro é secretado para os dutos. Mudanças na Pele Observa-se hiperpigmentação da pele graças à ação da progesterona e do hormônio melanotrófico que atua sobre os melanoblastos epidérmicos, o que acentua a pigmentação (cloasma, linha nigra, sinal de Hunter).Há também a presença de estrias devido à atrofia das fibras elásticas da derme e ao estiramento da epiderme. Surgem nas mamas, abdômen, nádegas e coxas após a idade gestacional de 6 meses. Mudanças de peso corporal 20 O incremento do peso total é cerca de 12,5 kg em toda a gestação. Esse ganho ponderal é devido ao útero (900g) e seu conteúdo (feto- 3400g, placenta- 650g, líquido amniótico- 800 a 1000g), ao crescimento das mamas (400 a 500g), do volume sangüíneo (1300 a 1500g) e do líquido extravascular (1500g) e às alterações metabólicas responsáveis pela deposição de proteínas e gorduras para reserva. Mudanças no sistema Gastrointestinal Náuseas e vômitos, que predominam da 6ª à 16ª semana; Amolecimento e hiperemia das gengivas e salivação excessiva; Refluxo gastroesofágico, com azia e pirose (queimação), causado pela diminuição do tônus do estômago e esôfago; Constipação intestinal. Mudanças no Sistema Urinário Aumento do tamanho e peso dos rins e dilatação da pélvis renal; Leve hipotonia da musculatura dos canais urinários, causando estagnação (estase) da urina e predisposição a infecções urinárias; Aumento na produção de urina; Mudanças na posição da bexiga e no ângulo uretrovesical. Este fator associado: ao aumento da pressão intra-abdominal, à mudança no tônus da musculatura lisa uretral, a possíveis alterações em componentes colágenos de suporte dos órgãos pélvicos e ao aumento da produção de urina, estão relacionados ao aumento na frequência urinária e possível incontinência urinária na gestação. Mudanças no Sistema Musculoesquelético Com o aumento do tamanho do útero, ocorre o crescimento da região abdominal, o que resulta no deslocamento do centro de gravidade do corpo da mulher, surgindo adaptações posturais, como: Protusão dos ombros; Rotação interna de ombros; Aumento da lordose cervical; Anteriorização da cabeça; Anteversão pélvica; Aumento da lordose lombar com aumento de tensão na musculatura paravertebral; Hiperextensão dos joelhos; Rebaixamento do arco longitudinal medial do pé. Aumento na flexibilidade das articulações; Aumento na distância entre os músculos retos abdominais (diástase dos retos abdominais); Edema nos tornozelos e pés, podendo resultar em diminuição na mobilidade; Compressão de nervos periféricos devido à retenção de líquidos, podendo provocar quadros álgicos, parestesias e fraqueza muscular. Mudanças Metabólicas da gestação: Metabolismo Hídrico: a retenção de água é evento fisiológico na gestação devido à queda da osmolaridade plasmática. Edemas nos membros inferiores são comuns, sendo favorecidos pelo aumento da pressão venosa e pela redução da pressão intersticial. O edema generalizado com ganho repentino de peso é observado em cerca de 30% das gestantes e, quando acompanhado de hipertensão arterial e proteinúria, configura quadro de pré-eclampsia. 21 Metabolismo Protéico: as necessidades protéicas estão aumentadas na gestação para atender a demanda do feto, do útero, das mamas, da placenta, do volume sangüíneo. Para atender ao balanço nitrogenado positivo, a ingestão protéica deve responder por 25% do valor energético da dieta. Metabolismo dos Carboidratos: a gestação normal se caracteriza por leve hipoglicemia de jejum, hiperinsulinemia e hiperglicemia pós-prandial. No início da gestação, o estrogênio e a progesterona estimulam a secreção endógena de insulina e melhoram a utilização periférica de glicose. Na segunda metade da gestação, há incremento da produção de hormônios contra-insulares, como a somatomamotrofina coriônica humana, que estimulam a lipólise e poupam a utilização de glicose; o que caracteriza resistência periférica à ação da insulina. Metabolismo Lipídico: as concentrações sanguíneas de lipoproteínas e de lipídeos totais aumentam no decorrer da gestação. O colesterol total aumenta 50%, enquanto os triglicerídeos podem triplicar. Devido à ação da progesterona e do estrogênio sobre o fígado, a concentração de lipoproteína de baixa densidade (LDL) atinge seu maior valor na idade gestacional de 36 semanas; enquanto a lipoproteína de alta densidade (HDL) atinge seu pico na idade gestacional de 25 semanas, mostrando queda até 32 semanas tendo seu valor é mantido até parto. Na primeira metade da gestação, os valores plasmáticos de lipídeos totais e glicerol diminuem em razão do acúmulo de gordura corporal. No último trimestre, estas reservas eles se tornam necessárias como fonte energética. Metabolismo Eletrolítico: há retenção de sódio no organismo materno em decorrência do aumento do líquido amniótico e da expansão do líquido extracelular.As necessidades de iodo estão aumentadas na gestação (a tireóide depura 2 vezes o volume habitual de sangue para tentar manter a captação adequada de iodo).As concentrações plasmáticas de cálcio e de magnésio diminuem durante a gestação, mas a absorção intestinal se encontra aumentada para suprir as necessidades fetais. A absorção intestinal de ferro está aumentada em 20%, podendo ser de 40% quando as reservas maternas são precárias. A anemia ferropriva (por deficiência de ferro) na gestação está associada a parto prematuro, abortamento tardio e retardo de crescimento intra-uterino. Metabolismo das Vitaminas: com exceção das vitaminas K e E, as concentrações sangüíneas das vitaminas diminuem na gestação.As concentrações sangüíneas das vitaminas K e E aumentam na gestação em decorrência da mobilização das reservas maternas.A suplementação de vitamina A, no período gestacional, está associada à teratogênese (defeitos da embriogênese). A deficiência de ácido fólico está associada ao desenvolvimento de defeitos de fechamento do tubo neural, abortamento e outras anomalias fetais. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PRÉ-NATAL: O acompanhamento fisioterapêutico no pré-natal é importante para o preparo da gestante para uma gravidez saudável e um parto e puerpério bem sucedidos. São objetivos da assistênciafisioterapêutica: Aliviar as dores e desconfortos musculoesqueléticos durante a gestação; 22 Fortalecer e melhorar flexibilidade da musculatura globalmente; Preparar fisicamente a gestante para se adaptar às alterações biomecânicas e fisiológicas da gestação; Prevenir e tratar disfunções no assoalho pélvico decorrentes da gestação e parto; Aliviar constipação intestinal e disfunções urinárias; Prevenir sobrecargas indevidas na coluna e na pelve com orientações de posicionamentos e posturas adequadas nas atividades diárias e ocupacionais; Prevenir a instalação de edemas estimulando a circulação linfática e sanguínea; Preparar a mulher para o parto natural; Preparar a mulher para o aleitamento materno. O fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e a conscientização desta musculatura durante o período gestacional é essencial a fim de prevenir disfunções como incontinência urinária e fecal durante a gestação e após o parto. É necessário também treinar a consciência e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico durante a gestação, para facilitar o período expulsivo do parto e prevenir lacerações na região perineal. Também é citada na literatura a massagem perineal (realizada nas semanas precedentes ao parto) como um recurso para diminuir a ocorrência de trauma perineal. O fortalecimento da musculatura abdominal é muito importante antes, durante e após a gestação. Durante a gestação, uma musculatura abdominal forte é fundamental para: Auxiliar na estabilidade do tronco; Favorecer o peristaltismo; Favorecer o período expulsivo do parto; Prevenir a diástase dos retos abdominais. A prática de exercícios durante a gestação contribui para: Evitar o ganho excessivo de peso; Reduzir o estresse cardiovascular; Estimular a boa postura; Previnir algias, principalmente na coluna vertebral Diminuir os níveis de glicemia no diabetes gestacional; Melhorar imagem e consciência corporal; Melhorar aspectos emocionais; Facilitar o parto natural. Existem alguns cuidados necessários na prática de exercícios físicos na gestação como : Não realizar exercícios de longa duração, exaustivos, em ambientes quentes e pouco arejados; Alternar as posições do corpo em pequenos intervalos de tempo. 4.2 Parto Período pré-parto 23 Encaixe pélvico (2 a 3 semanas antes do trabalho de parto) Aumento da pressão pélvica Edema MMII Contrações de Braxton-Hicks (a partir do 7ºmês, esporádicas e indolores). Período premonitório = Pródomo Descida do fundo uterino (2 a 4cm)= Essa descida da cabeça do bebê acarreta aumento de dores lombares e dores nas articulações dos ossos do quadril da gestante. Às vezes a única manifestação é uma sensação de “peso” na região supra-púbica (na região da bexiga). Aumento das contrações uterinas sem ritmo (não são efetivas para dilatação do colo); Abaixamento do colo uterino. O colo uterino fica mais amolecido e progressivamente mais curto ao toque vaginal (processo chamado de amadurecimento do colo). O trabalho de parto pode ocorrer no período de 37 até 42 semanas.Estudos da duração do trabalho de parto sugerem como média 12 a 14 horas para o primeiro trabalho de parto e 6 a horas paras os trabalhos subsequentes. Geralmente, após 24 horas de trabalho considera-se a intervenção por cesariana. Sinais do trabalho de parto O início do trabalho de parto acontece principalmente de três maneiras: Ruptura do saco amniótico com a saída do líquido amniótico (transparente); Saída do tampão mucoso – liberação vaginal de pequena quantidade de muco espesso e viscoso que estava na cérvix e agia como uma barreira durante a gravidez contra infecções. Pode apresentar pequena quantidade de sangue; Contrações uterinas fortes, rítmicas e progressivas. Estágios do trabalho de parto Primeiro estágio Período da dilatação do colo uterino. As contrações do útero tornam-se progressivamente mais longas, mais fortes e mais próximas. Este estágio está completo quando a cérvix alcança a dilatação necessária para a saída do feto, que é de aproximadamente 10 cm de diâmetro. Segundo estágio Período expulsivo, onde há a saída do feto. O diafragma e os músculos abdominais da mulher auxiliam a expulsão do feto. Este estágio normalmente é muito menor do que o primeiro. Terceiro estágio É a expulsão da placenta. Também denominado secundamento ou dequitação. Posições maternas no trabalho de parto As posturas verticais durante o trabalho de parto e parto apresentam vantagens do ponto de vista gravitacional e no aumento dos diâmetros pélvicos maternos. Portanto, devem ser adotadas preferencialmente na assistência ao parto. 24 As posições verticais que podem ser adotadas são: Posição sentada ou semi-sentada (bancos ou cadeiras de partos); Posição de cócoras; Posição inglesa, mãos-joelhos, de quatro ou de Gaskin. As posições horizontais para o trabalho de parto são: Posição francesa ou Lateral Esquerda ou de Sims; Posição supina ou Litotomia Dorsal. Tipos de parto Parto Normal ou Vaginal Começa com a abertura completa do colo do útero (10cm) e termina com expulsão da placenta. “Coroamento” – o bebê pode ser visto na abertura vaginal. No início do parto, o bebê encontra-se na cavidade pélvica e abdominal, podendo ser observada a apresentação cefálica. Com as contrações uterinas e a dilatação da cérvix, o feto é empurrado para o meio externo. A cabeça do bebê ultrapassa o estreito superior da pelve materna – descida e rotação interna – até a circunferência cefálica do bebê se posicionar no diâmetro ântero-posterior. O osso occipital do bebê encaixa-se na margem inferior da sínfise púbica – neste momento o ocorre o “coroamento”, acontece ainda uma rotação do bebê, seguida pela saída de um ombro, e depois de todo o corpo do bebê pelo canal vaginal. Parto Fórceps Método antigo da obstetrícia; Colabora na realização do parto normal; Funções: Apreensão, tração e ocasionalmente rotação do pólo cefálico do bebê. Parto Cesariana É uma técnica cirúrgica para partos, que requer incisão através da parede uterina. As indicações gerais para cesariana são: Quando o parto é necessário, mas não pode ser induzido; Quando o trabalho de parto apresenta risco para o bebê ou a mãe; Quando uma situação de emergência requer parto imediato, e o vaginal não é possível. Pode ser Indicações específicas para cesariana: Falha na evolução do trabalho de parto; Desproporção pélvica; Má-apresentação (Por exemplo, apresentação pélvica – “bebê sentado”); Angústia fetal; Hipertensão induzida pela gravidez; Placenta prévia ou descolamento prematuro de placenta; Prolapso de cordão umbilical; Diabetes mellitus; Herpes genital; 25 Incompatibilidade severa de Rh; Parto com fórceps mal sucedido. Parto humanizado O parto humanizado é uma forma de assistir à gestante/parturiente respeitando sua natureza e sua vontade; não se limita apenas ao momento do nascimento do bebê, mas a todo o processo da gestação, do nascimento e do pós-parto. O atendimento é focado nas necessidades da mulher e do bebê. Trata-se de uma assistência acolhedora e que respeita a mulher em suas necessidades físicas, emocionais, psicológicas, sociais e espirituais. FISIOTERAPIA DURANTE O TRABALHO DE PARTO No primeiro estágio do parto os principais objetivos da fisioterapia são o alívio da dor e a diminuição da tensão.O principal recurso utilizado para analgesia é a Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS – Transcutaneous Electrical Stimulation), por ser segura, não- invasiva, facilmente aplicável e de baixo custo. TENS Um par de eletrodos na região paravertebral, no nível de T10-T11, que corresponde à inervação do útero e cérvix, e um parno nível de S2 a S4, que corresponde à inervação do canal de parto e assoalho pélvico. Massagem A massagem promove diminuição da dor e possibilita contato físico com a parturiente, potencializando o efeito de relaxamento e diminuindo o estresse emocional. Respiração Durante todo o período de dilatação, deve-se obedecer um padrão natural de respiração. Bola terapêutica Exercícios de mobilização pélvica e posturas de relaxamento na bola auxiliam durante o primeiro estágio do parto. Hidroterapia Banhos de aspersão ou de imersão auxiliam no relaxamento e alívio da dor. No segundo estágio do parto a participação da parturiente é importante para abreviar o período expulsivo. Importante neste período: Controle e coordenação dos músculos do assoalho pélvico e abdominais; Posicionamento adequado a fim de minimizar dores. Quanto mais vertical a posição, melhor para a expulsão (sentada, semi-sentada, cócoras ou quatro apoios). 4.3 Puerpério Puerpério é o termo utilizado para definir o período do pós-parto, durante o qual ocorre a involução das alterações gestacionais e a recuperação dos órgãos genitais femininos. É uma 26 fase de transição entre o fim da gestação e o início da vida materna, sendo um período de grandes mudanças físicas, psicológicas e hormonais. Por via de regra, esse período tem uma duração de seis semanas. É uma fase de novas adaptações, pois o organismo da mulher sofre alterações para se acostumar às novas exigências após a chegada do recém-nascido, como por exemplo, o aumento da produção de leite para fornecer uma adequada amamentação. Vale lembrar que, caso a puérpera não esteja amamentando, sua ovulação tenderá a retornar após cerca de seis a oito semanas. No entanto, caso a paciente esteja amamentando de forma exclusiva, o retorno da ovulação é imprevisível, pois o aumento da prolactina (hormônio responsável pela produção de leite) afeta diretamente o eixo hormonal que estimula a ovulação. Independentemente, é importante ressaltar que toda puérpera que deseja retornar à atividade sexual deve utilizar métodos anticoncepcionais associados. A amamentação, mesmo sendo feita de forma exclusiva, não garante 100% que você não esteja ovulando. O puerpério é dividido em três fases: Puerpério imediato – inicia logo após a saída da placenta até o 10º dia; Puerpério tardio – do 10º ao 45º dia; Puerpério remoto – após o 45º dia. A ida ao consultório de obstetrícia ocorre geralmente entre o 7º ao 10º dia após o parto. Nesse período ocorre o predomínio da involução de todas as estruturas que estavam hipertrofiadas durante a gestação. O útero tende a regredir cerca de um centímetro por dia, tornando-se intrapélvico (ocupando a cavidade pélvica) após o 10º dia do parto. Por meio das contrações uterinas, ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo por via vaginal (chamado de loquiação), sendo que o sangramento tende a ficar com uma coloração cada vez mais clara ao longo da evolução do puerpério. É muito comum ocorrer oscilação humoral no puerpério, devido à dificuldade do sono e o receio em estar nutrindo o seu bebê de forma inadequada. Infelizmente, algumas pacientes podem apresentar um quadro denominado “blues puerperal”, que é uma forma leve de depressão pós-parto. Por isso, todo apoio de familiares deve ser bem-vindo nessa nova fase. 4.4 Aleitamento materno O aleitamento materno é essencial para o crescimento e fortalecimento do bebê, além de beneficiar a mãe, uma vez que o ato está correlacionado com perda de peso mais efetiva e menor risco de desenvolvimento de câncer de mama e osteoporose. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais (quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo). Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a maior número de episódios de diarréia, maior número de hospitalizações por doença respiratória, menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco, menor duração do aleitamento materno. Além disso, o aleitamento materno promove um vínculo único entre mãe e filho e deve ser feito de forma exclusiva durante os primeiros seis meses de vida do recém-nascido. 27 Durante a amamentação a mãe produz três tipos de leite: Colostro – esse tipo de leite dura em média 12 dias. Ele é o primeiro leite da amamentação e tem como características a coloração amarelada e ser mais espesso. É extremamente rico em anticorpos e proteínas. Leite de transição – de acordo com o nome, é o leite que transita do colostro ao leite maduro. Ele é um leite menos espessado e amarelado, porém possui as mesmas propriedades do colostro. É caracterizado por ser um leite com maior quantidade de calorias. Leite maduro – esse é o leite que durará até o final da amamentação. Ele contém todos os nutrientes necessários para o bebê, protegendo-o contra diversos problemas de saúde. TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO A maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não machucar os mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina de “má pega”. A má pega dificulta o esvaziamento da mama, levando a uma diminuição da produção do leite. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que caracterizam o posicionamento e pega adequados: 1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); 4. Bebê bem apoiado. Pontos-chave da pega adequada 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê; 2. Boca bem aberta (bebê abocanha não apenas o mamilo, mas também parte da aréola); 3. Lábio inferior virado para fora; 4. Queixo tocando a mama. Pega adequada A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) e leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua através de um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal. Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: Bochechas do bebê encovadas a cada sucção; Ruídos da língua; Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada; Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama; Dor na amamentação; 28 5. UROGINECOLOGIA 5.1 Fisiologia da Micção O ato miccional apesar de aparentemente simples envolve a interação de estruturas complexas como o SNC, SNP e estruturas do trato urinário. A interação entre essas estruturas estabelece um equilíbrio coordenado e harmônico, determinando a Continência Urinária.A função vesical acontece em duas fases, ou seja, Fase de Armazenamento ou Enchimento e Fase de Esvaziamento.A Fase de Armazenamento ocorre quando a bexiga consegue acumular quantidades crescentes de urina em seu interior sem variações significativas de pressão, enquanto os esfíncteres urinários permanecem contraídos, o que estabelece uma pressão intra uretral maior que a pressão vesical. Essa capacidade de armazenar urinar sem que haja aumentos significativosna pressão é chamado da Complacência Vesical ou Acomodação Vesical. Nessa fase o músculo detrusor está em repouso, o que permite que isso aconteça. Essa fase é produzida pela estimulação simpática dos receptores beta adrenérgicos dentro da parede vesical, causando relaxamento do detrusor. Ao mesmo tempo a atividade nervosa simpática inibe a atividade parassimpática, promovendo mais ainda, um estado de relaxamento. O relaxamento do detrusor durante a fase de enchimento é o componente-chave para a fase de acomodação vesical. A estimulação simpática de receptores alfa adrenérgicos presente no colo vesical e uretra proximal causa a constrição, com consequente aumento da pressão uretral. O esfíncter externo e os músculos elevadores do ânus servem como suporte para os mecanismos de continência, embora em permanente estado de contração podem contrair-se ainda mais para impedir a perda de urina sob condições de stress, são inervados pelo plexos sacrais e nervos pudendos. Uma vez que a bexiga atinja sua capacidade máxima (350 - 650 ml), os receptores do interior do músculo detrusor emitem sinais aos centros corticais do cérebro para se iniciar a fase de esvaziamento. Para iniciar o processo da micção é necessário que o córtex reconheça a repleção vesical (desejo miccional) e decida a melhor hora e momento para desencadear o esvaziamento da bexiga. A Fase de Esvaziamento acontece com a estimulação da contração do detrusor associada ao relaxamento esfincteriano e dos músculos elevadores do ânus, permitindo que a bexiga elimine seu conteúdo através de uma inversão desse gradiente de pressão, enquanto o córtex inibe o relaxamento simpático da bexiga. A uretra se encurta o que diminui a resistência do fluxo. A bexiga libera seu conteúdo sob controle voluntário dependendo diretamente de uma atividade coordenada da uretra e do músculo detrusor. A ativação dos receptores colinérgicos parassimpático no músculo detrusor estimula a sua contração e a micção começa. O reflexo da micção é um reflexo completamente autonômico da medula espinhal, mas pode ser inibido ou facilitado por centros do cérebro. À medida que a bexiga vai se enchendo de urina, os receptores sensoriais presentes no interior da bexiga percebem o estiramento da parede vesical e ondas de contração vão surgindo, esses sinais sensoriais são conduzidos para os segmentos sacrais da medula espinhal pelos nervos 29 pélvicos, voltando depois, por via reflexa, para a bexiga. À medida que a bexiga continua se enchendo os reflexos de micção tornam-se mais frequentes mais intensos causando contrações também cada vez maiores do músculo detrusor, num ciclo repetitivo e contínuo, até que a bexiga atinja um alto grau de contração. Uma vez que o reflexo da micção se torne suficientemente intenso, outro reflexo é desencadeado determinado o relaxamento esfincteriano. Se esta inibição for mais potente no cérebro que os sinais constritores voluntários para o esfíncter externo, ocorrerá a micção; caso contrário , a micção não ocorrerá até que a bexiga se encha ainda mais e a micção reflexa se torne mais intensa. 5.2 Incontinência Urinária A Incontinência Urinária é uma condição multifatorial que afeta muitas pessoas, em diferentes faixas etárias. Ao mesmo tempo em que era considerada pelos pacientes como uma condição normal do processo de envelhecimento era negligenciada pelos profissionais da área da saúde. Essa condição constrangedora de perda involuntária de urina tem consequências avassaladoras na qualidade de vida das pessoas incontinentes, causando muitas vezes marginalização do convívio social, frustrações psicossociais e institucionalização precoce. É de especial importância aos profissionais da área da saúde o conhecimento prévio de todo o processo fisiológico normal de continência, para que possamos intervir diretamente e de forma conservadora nos cuidados da pessoa incontinente, para tanto, faremos uma breve revisão dos mecanismos fisiológicos normais. Dentre as Incontinências Urinárias definiremos: Incontinência Urinária de Urgência e Urge-Incontinência: É a presença de contração vesical durante a fase de enchimento desencadeada espontaneamente ou em resposta a estímulos e demonstrada de forma objetiva, quando a paciente tenta inibir a contração. É chamada de Instabilidade em pacientes sem diagnóstico neurológico e de hiperreflexia em pacientes com comprometimento neurológico. Resultando em micções frequentes e relativamente descontroladas. Esta condição deriva de uma lesão parcial da medula espinhal ou do tronco cerebral que interrompe a maioria dos sinais inibitórios, ou por hipersensibilidade a acetilcolina, aumento das fibras sensitivas na submucosa, ativação dos reflexos medulares, principalmente em pacientes neuropatas e por deficiência ou diminuição do controle inibitório do SNC. Portanto, impulsos facilitatórios passando continuamente ao longo da medula mantém os centros sacrais tão excitáveis que mesmo uma pequena quantidade de urina provoca um reflexo da micção incontrolável, assim promove a micção freqüente, quando a paciente sente forte desejo de urinar e perde urina no trajeto até o banheiro classifica-se como Urge-Incontinência.A paciente tem sensação de plenitude vesical por diminuição da complacência. A Incontinência de Urgência pode ser sensitiva ou motora e a diferenciação é feita no exame urodinâmico. Incontinência Urinária de Esforço: É a perda involuntária de urina que surge com aumentos da pressão intra-abdominal, causando problema social ou higiênico para a mulher, na ausência de atividade contrátil do 30 detrusor. Em condições normais o esfíncter da uretra é capaz de impedir a saída de urina por ocasião de aumento acentuado e abrupto da pressão intra abdominal como em episódios de tosse, espirro ou riso forçado. Na incontinência urinária de esforço ocorre uma perda involuntária de urina quando a pressão vesical excede a pressão uretral máxima, sem que o músculo detrusor tenha se contraído. Pode ser um sintoma (quando a paciente nos relata) pode ser um sinal (quando percebido ao exame físico) ou uma condição (quando vem associado a um diagnóstico urodinâmico específico). O fator determinante da IUE é a alteração do gradiente de pressão entre a bexiga e a uretra. Essa mudança ocorre por falha no mecanismo esfincteriano extrínseco ou intrínseco da uretra. Assim, a IUE pode ser decorrente de hipermobilidade do colo vesical e/ou insuficiência esfincteriana. Incontinência Urinária Mista Quando se somam os sintomas da IUE e da Incontinência de Urgência, é necessário analisar a predominância dos sintomas. FATORES PREDISPONENTES Parto Vaginal: Por trauma neuromuscular ao assoalho pélvico e/ou descolamento da fáscia pubocervical, por estiramento ou compressão mecânica dos nervos pélvicos. Lesões causadas mais frequentemente durante a segunda fase do trabalho de parto. Deficiência Estrogênica:O trato urinário inferior é rico em receptores de estrogênio, que faz quando são estimulados, um aumento do fluxo sanguíneo do plexo artério-venoso e o fluxo sanguíneo aumentado melhora a coaptação da mucosa uretral e aumenta sua pressão, promovendo a continência. A deficiência de estrogênio pode ser um fator que contribui para a incontinência urinária em mulheres na menopausa. Tabagismo: O tabagismo pode agravar a incontinência por vários fatores: - danos às sustentações uretrais e vaginais pela tosse crônica - alterações na síntese e na qualidade de colágeno - contrações do detrusor induzidas pela nicotina do cigarro. - Efeitos anti-estrogênicos que diminuem a atividade dos receptores adrenérgicos no esfíncter uretral interno. Obesidade:A obesidade piora a condição de incontinência por aumentar a pressão intra- abdominal. DIAGNÓSTICO Estudo Urodinâmico: Éum termo genérico que compreende o estudo funcional da bexiga e/ou uretra. Fazem parte desse exame a fluxometria, cistometria, estudo fluxo/pressão, a eletromiografia, perfil pressórico uretral e a pressão de perda. Tem particular importância na determinação da causa da incontinência urinária, na terapêutica , apesar de ser um exame invasivo e agressivo, utilizar como instrumento para sua execução sondas intra uretral e a paciente se expor durante o exame urinando na presença de pessoas estranhas, constitui-se na abordagem diagnóstica mis segura da Incontinência Urinária. 31 ORIENTAÇÕES PARA COMPLEMENTAÇÃO DIAGNÓSTICA Diário Urinário:Consiste na anotação pela paciente de suas micções , sintomas e situações de perda urinária, pode ajudar-nos muito na avaliação da intensidade e da freqüência objetiva desses sintomas. Teste de Esforço ou Teste da Almofada ou Pad-Test:Permite uma medida quantitativa da perda urinária. É um teste que necessita de balança de alta precisão e de alto custo, mas é útil na classificação da incontinência urinária. Teste do Cotonete ou Q.tip Test:Faz-se a assepsia do local com polvidine, introduz-se cotonete estéril embebido em xylocaína até que a resistência seja vencida, marcando-se aí como ponto zero (0), solicita-se uma contração voluntária ou manobra de Valsalva e com o goniômetro mede-se angulação do cotonete. AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA IDENTIFICAÇÃO HMA ANAMNESE Deve-se pesquisar: - Queixa e duração dos sintomas - Tipo de sintomas - Tempo de aparecimento dos sintomas - Situações em que ocorre a perda (IUE/Urgência) - Idade da Continência (controle da micção) - Fator desencadeante - Fatores que melhoram e que pioram os sintomas - Status hormonal - Se há relacionamento do sintoma com algum evento como parto normal ou alguma cirurgia ginecológica. - Hábitos intestinais: número de evacuações por semana/ período de tempo para evacuar. - Hábitos de vida; (cigarro, álcool, alimentação, obesidade) - Medicações EXAME FÍSICO Inclui: Inspeção Abdominal • Estado da Pele • Cicatrizes/Aderências • Estrias • Zonas Dolorosas • Hérnias Assoalho Pélvico • Mucosa hiperêmica 32 • Presença de irritação local • Presença de Corrimentos • Presença de Mamilos Hemorroidários • Presença de Escorições • Presença de Micoses • Presença de cicatrizes • Presença de Epsiotomias • Presença de Varicosidades • Abertura Vulvar • Distância Ano-Vulvar Palpação • tônus da musculatura perineal através da palpação das paredes vaginais • capacidade de realizar contração voluntária (introduzindo-se os dedos indicador e dedo médio devidamente calçados de luva, dentro do canal vaginal, solicita-se à paciente para " prender" os dedos na vagina) • tônus da musculatura glútea , abdominal e adutora • alterações de sensibilidade • em pacientes idosos ou debilitados solicita-se a deambulação e as possíveis alterações posturais como desequilíbrios, instabilidades e incoordenações motoras. TESTES ESPECIAIS • Força Muscular (Abdominal e Assoalho Pélvico) • Diástase dos Retos Abdominais • Núcleo Fibroso Central do Períneo • Reflexos Sacrais (bulbocavernoso e cutâneo anal) TRATAMENTO FISIOTERÁPICO Durante muitos anos a cirurgia foi a melhor opção de tratamento da Incontinência Urinária, mas com o passar do tempo as recidivas eram frequentes, submetendo as pacientes às mesmas condições iniciais de perda urinária, muitas vezes com piora do prognóstico. As técnicas de tratamento conservador ficaram esquecidas durante muitos anos, e somente nos anos 80 readquiram importância , apesar de terem surgido em 1948 com Arnold Kegel. É muito importante que haja uma abordagem multiprofissional dessas pacientes e uma perfeita interação entre os membros da mesma equipe para que a paciente seja beneficiada e o diagnóstico seja seguro. Com os avanços das pesquisas em fisiologia do trato urinário inferior e com o aprimoramento das técnicas de diagnóstico, o tratamento conservador foi assumindo um importante papel na reabilitação dessas pacientes através das Técnicas de Reeducação Perineal. Os resultados positivos dessas técnicas dependem da boa avaliação do paciente e da escolha da técnica e parâmetros de tratamentos para cada tipo específico de Incontinência que será tratada. Terapia Comportamental:Visa ensinar a paciente um comportamento que foi perdido. Consiste na micção em tempos determinados ou treinados da bexiga.O objetivo é separar-se a percepção da necessidade de urinar do ato de urinar, permitindo à mulher restabelecer o controle cortical sobre a bexiga. 33 REEDUCAÇÃO PÉLVICO - PERINEAL A musculatura pélvico-perineal tem uma grande importância sobretudo na mulher, ela desempenha um papel de fixação e de sustentação dos órgãos pélvicos. Existem várias técnicas de tratamento conservador que podem ser utilizadas e que na literatura tem se mostrado eficaz na abordagem da paciente incontinente. A reeducação pélvico - perineal pode ser usada tanto de forma preventiva para toda a musculatura, quanto de forma curativa para músculos enfraquecidos. MODALIDADES DE TRATAMENTO CONSERVADOR Contração Voluntárias ou Exercícios de Kegel Kegel foi o primeiro a descrever de modo sistemático um método de avaliação e um programa de exercícios com o objetivo de reeducar o assoalho pélvico e aumentar o tônus da musculatura perineal. A contração do assoalho pélvico exige uma capacidade de ativar os músculos corretamente. O assoalho pélvico funciona em conjunto não sendo possível fechar as três aberturas individualmente, porém é necessário focalizar cada uma delas independente. Os exercícios de devem ser feitos com contrações fortes, longas e repetidas, uma depois da outra com uma breve pausa entre elas, cada uma mantida pelo maior tempo possível. O fisioterapeuta deve verificar a ausência de contração nos músculos abdominais, adutores do quadril e glúteos. Como acontece com toda reeducação, a paciente precisa de estímulo regular para aumentar a extensão, intensidade e número de contrações repetidas . Deve ser usado um certo número de posições, trabalhando aquelas que são mais difíceis. Para obter o melhor resultado possível de um programa de exercícios pélvicos, ele precisa ser realizado dentro de um período de três a seis meses. Perineômetro Em 1948, Kegel descreveu um dispositivo pneumático que ele usava para medir a pressão dentro da vagina, e para motivar as mulheres a praticarem exercícios para o assoalho pélvico. Constituía-se numa peça de borracha cheia de ar compressível (sensor) que era inserida na vagina da mulher ligada a um manômetro. A mulher então contraía o seu assoalho pélvico várias vezes e anotava a maior leitura no mostrador, e o período de tempo durante o qual ela podia manter uma contração. Cones Vaginais Na reabilitação muscular, a resistência na forma de pesos tem sido há muito tempo usado para aumentar a força e a resistência. As tentativas para achar um meio de aplicar a resistência manual à musculatura perineal levou a criação e comercialização dos cones vaginais. Eles consistem de uma série de cinco a noves cilindros pequenos, de pesos variáveis, indo de 10 a 100 g. Eles são feitos de chumbo coberto com plástico e são do tamanho aproximado de um tampão, com um cordão de nylon ligado as pontas mais afiladas. O cone age forçando para baixo os músculos do assoalho pélvico, e esse sentimento de soltar o cone faz o músculo se contrair em torno dele, para retê-lo. Eletroestimulação do Assoalho Pélvico 34 A eletroestimulação vem adquirindo grande importância entre as modalidades de tratamento conservador da I.U.E, visa essencialmente promover o fortalecimento da musculaturado assoalho pélvico através de contrações eletricamente induzidas, sem que necessariamente haja a participação ativa da paciente. 35 6. ONCOLOGIA – CANCER DE MAMA O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres no mundo, e também no Brasil, não considerados os casos de câncer de pele não melanoma. Corresponde a cerca de 25% do total de novos casos a cada ano em nosso meio. A doença também acomete homens mais raramente, representando apenas 1% do total de casos da doença. Infrequente antes dos 35 anos, crescendo progressivamente após esta faixa etária, especialmente após os 50 anos. Desmistificar o câncer de mama é fundamental para combatê-lo: nos últimos anos, a taxa de mortalidade da doença caiu mais de 40%, e o diagnóstico precoce foi essencial para isso. Não há como se prevenir o aparecimento do câncer de mama de forma absoluta. Neste sentido, o que se pode fazer é o diagnóstico precoce da doença. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de sucesso no tratamento. O objetivo dos exames diagnósticos de rotina é encontrá-lo antes mesmo de causar sintomas. O tamanho do tumor e sua agressividade são fatores importantes para definir a conduta médica apropriada. A identificação precoce destes aspectos não somente indica o caminho adequado do tratamento, bem como influencia decisivamente na cura. É importante salientar que o câncer de mama pode sim ser curado. Para tanto é importante que as pacientes, estejam conscientizadas da necessidade na realização dos exames anuais de rotina. Por outro lado, e como já dissemos acima, o meio ambiente pode atuar como adjuvante na manifestação genética que pode dar início ao crescimento de uma célula tumoral. Sendo assim, assumir hábitos de vida saudáveis é fundamental para que o organismo como um todo funcione melhor. Algumas medidas podem ser tomadas. Entre elas estão: Controle do peso; Prática de atividade física; Evitar abuso de bebidas alcoólicas; Evitar uso de TRH por tempo prolongado; Evitar o fumo. O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulos, que em geral são indolores, frequentemente duros e irregulares, e menos frequentemente macios e arredondados. Por isso é importante consultar o médico e realizar os exames com regularidade. Alguns sinais observados pelas pacientes podem ajudar a identificar o câncer de mama, mas que precisam ser avaliados pelo médico: Nódulo na mama; Inchaço em parte da mama semelhante à casca de laranja; Irregularidades ou retrações na pele da mama; Dor ou inversão do mamilo; Vermelhidão e descamação do mamilo, ou na pele da mama; Saída de secreção pelo mamilo, particularmente se for sanguinolenta ou translúcida; Nódulo nas axilas. 36 Fig. 8- Fonte: https://tomocenter.com.br/cancer-de-mama-sintomas-diagnostico/ O diagnóstico das lesões de mama é feito com base em alterações na mamografia e ultrassonografia, que são os exames mais utilizados no rastreamento, e que quando realizados em conjunto, diagnosticam perto de 95% dos casos. Microcalcificações agrupadas são alterações radiológicas somente evidenciadas à mamografia, e que em boa parte dos casos são o primeiro e mais precoce sinal de um tumor de mama, frequentemente na fase pré-nódulo. Por causa disto a mamografia é o principal exame a ser realizado, e o único que estatisticamente mostrou ganho de sobrevida. A ultrassonografia associada complementa o exame, sendo mais eficiente na visualização de nódulos, diferenciação entre áreas sólidas e císticas, particularmente nas mamas densas. Estes exames não podem ser negligenciados, e devem ser realizados na periodicidade determinada pelo médico. A idade ideal para se fazer a primeira mamografia é aos 40 anos, e a partir daí com periodicidade anual. Em casos específicos, este exame pode ser antecipado, ou ter sua periodicidade diminuída, sempre sob supervisão médica. A ressonância nuclear magnética é mais utilizada para o estadiamento, que é a avaliação de áreas eventualmente não identificadas na mamografia/ ultrassonografia, naquelas pacientes com diagnóstico já definido de câncer de mama. Pode, no entanto, ser utilizada no rastreamento, em situações especiais a critério do médico, e em pacientes com mamas extremamente densas e hereditariedade importante. Fig. 9- Fonte: http://neo.med.br/cirurgia-para-cancer-de-mama/ 37 7. DISTURBIOS GINECOLOGICOS 7.1 Dor Pélvica Dor pélvica crônica é definida como dor pélvica não menstrual ou não cíclica, com duração de pelo menos seis meses, suficientemente intensa para interferir em atividades habituais e que necessita de tratamento clínico ou cirúrgico. A etiologia não é clara e, usualmente, resulta de uma complexa interação entre os sistemas gastrintestinal, urinário, ginecológico, músculo-esquelético, neurológico, psicológico e endócrino, influenciado ainda por fatores socioculturais. É uma doença debilitante e de alta prevalência, com grande impacto na qualidade de vida e produtividade, além de custos significantes para os serviços de saúde. O dilema no manejo da dor pélvica crônica continua a frustrar médicos confrontados com o problema, em parte porque sua fisiopatologia é pobremente compreendida. Consequentemente, seu tratamento é muitas vezes insatisfatório e limitado ao alívio temporário dos sintomas. Epidemiologia Foram identificados 4 estudos de base populacional, nos quais se investigou a prevalência de DPC em mulheres com idade entre 18 e 50 anos. A prevalência descrita foi de 14,7% nos Estados Unidos, 24% no Reino Unido, 25,4% na Nova Zelândia e 21,5% na Austrália Causas Geralmente, a dor pélvica não é causada por um distúrbio grave. Com frequência, ela está relacionada ao ciclo menstrual. Entretanto, vários distúrbios que causam dor pélvica podem dar origem à peritonite (inflamação e, normalmente, infecção da cavidade abdominal), que é um distúrbio grave. Os distúrbios que podem causar dor pélvica incluem Distúrbios ginecológicos – aqueles que afetam os órgãos reprodutivos (vagina, colo do útero, útero, trompas de Falópio e ovários) Distúrbios que afetam outros órgãos na pelve, como a bexiga, o reto ou apêndice Distúrbios que afetam órgãos próximos, mas na região exterior da pelve, como a parede abdominal, o intestino, os rins, os ureteres ou a parte inferior da aorta Muitas vezes, o médico não consegue identificar o que está causando dor pélvica. Distúrbios ginecológicos Os distúrbios ginecológicos podem ou não estar relacionados ao ciclo menstrual. As causas ginecológicas mais comuns da dor pélvica incluem Cólicas menstruais (dismenorreia) Dor no meio do ciclo menstrual (mittelschmerz) que ocorre durante a ovulação Endometriose (restos de tecido anômalo geralmente localizados apenas no revestimento do útero) Miomas uterinos são tumores benignos formados por tecido muscular e fibroso. Eles podem causar dor pélvica caso estejam passando pelo processo de degeneração ou causar sangramento excessivo ou cólicas. A maioria dos miomas uterinos não causa dor. Muitos outros distúrbios ginecológicos podem causar dor pélvica (consulte a tabela Algumas causas ginecológicas de dor pélvica). Outras doenças Outras causas frequentes da dor pélvica incluem Distúrbios do trato digestivo: Gastroenterite, constipação, coleções de pus (abscessos) e tumores (malignos ou não), 38 Distúrbios urinários: Infecções (por exemplo, cistite), pedras no trato urinário (por exemplo, cálculos renais) e inflamação da bexiga sem infecção (por exemplo, cistite intersticial) Distúrbios musculoesqueléticos: Separação dos ossos púbicos após o parto, fibromialgia e distensão dos músculos abdominais Outros
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