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Servem como auxiliares nos segmentos das hepatopatias, na avaliação da resposta ao tratamento e na necessidade e ajuste de dose de drogas. A produção de várias enzimas pode levar a alteração de vários metabolismos dentro do organismo, além de alterar a farmacoterapia de muitas patologias. Portanto, dependendo a doença que está sendo avaliada, é necessário avaliar o perfil hepático do paciente, pois esse pode estar sendo lesionado. Realiza: • Síntese de várias proteínas plasmáticas (albumina); • Síntese de proteínas da coagulação; • Metabolismo energético; • Detoxicação; e • Metabolismo da bilirrubina. Obs: a albumina é uma proteína sintetizada no fígado e que está em abundância na corrente sanguínea, portanto, quando ela está em baixas concentrações, significa que o fígado não está fazendo seu papel. Podem ser usados para confirmar a existência de agressão ao fígado; avaliar funcionalmente os hepatócitos, a drenagem biliar e o sistema retículo endotelial; e determinar a etiologia da doença hepática. As principais enzimas que são usadas no diagnóstico da lesão hepática são: • Fosfatase Alcalina; • TGO; • TGP; e • GGT. Portanto, essas proteínas vão avaliar o grau de disfunção hepatocelular, sendo que a concentração sérica se correlaciona com o grau de lesão. Além disso, a repetição seriada é importante para a avaliação da evolução e para o prognóstico. Já as principais enzimas utilizadas no diagnóstico da função pancreática são: • Amilase; • Lipase. Cada enzima está distribuída no hepatócito, sendo que existem 3 grupos importantes de enzimas. Dependendo da agressão que ocorre na célula, vai ser liberada uma quantidade dessas enzimas (proteínas). É importante avaliar a diferença entre as enzimas, pois algumas são mais hepato-específicas, como TGP, sendo que a TGO é mais cardio- específica. • Enzimas celulares: indicadoras de lesão hepática; • Enzimas ligadas à membrana: indicadoras de colestase; • Enzimas específicas do plasma: indicadoras da capacidade de síntese do fígado. A fosfatase alcalina (ALP) referese a uma família de enzimas que catalisam a hidrólise de ésteres de fosfato em pH alcalino. Existem pelo menos cinco isoenzimas derivadas do fígado (superfície sinusoidal e canalicular biliar dos hepatócitos), do osso, intestino (borda em escova das células da mucosa), placenta e tecidos associados a tumores, que são separadas por eletroforese. A ALP placentária e a ALP associada a tumor são as mais termorresistentes à inativação. Mais de 95% da atividade de ALP total derivam do osso e do fígado (razão de aproximadamente 1:1). A meiavida da ALP é de 7 a 10 dias. Utilizada no diagnóstico e tratamento de doenças hepáticas, ósseas, intestinais e das paratireoides. Obs.: recém-nascidos e crianças, mas especialmente adolescentes, apresentam valores significativamente mais elevados do que os adultos, devido ao crescimento ósseo. Também denominado Aspartato-transferase (AST), é encontrada em diversos órgãos e tecidos, incluindo coração, fígado, músculo esquelético e eritrócitos. Está presente no citoplasma e também nas mitocôndrias, e, portanto, sua elevação indica um comprometimento celular mais profundo. Obs: ela é mais cardio-específica. Utilidade diagnóstica: hepatites virais agudas; hepatites alcoólicas; metástases hepáticas e necroses medicamentosas e isquêmicas; infarto agudo do miocárdio Também denominado Alanina-transferase (ALT), é encontrada em maiores concentrações no fígado, rim e em pequenas quantidades no coração e na musculatura esquelética, portanto, pode-se dizer que ela é mais hepatoespecífica. Sua origem é predominantemente citoplasmática, fazendo com que se eleve rapidamente após a lesão hepática, tornando-se um marcador sensível da função do fígado. Utilidade diagnóstica: patologias que cursam com necrose do hepatócito, como hepatites virais, mononucleose, citomegalovírus e hepatites medicamentosas. Em recém-nascidos, o TGP pode estar aumentado, sendo atribuído à imaturidade dos hepatócitos nos neonatos, que apresentam as membranas celulares mais permeáveis. Os valores se igualam aos níveis do adulto em torno dos 3 meses de idade. A atividade dessa enzima ligada à membrana provém principalmente do fígado. A GGT é responsável pelo metabolismo extracelular da glutationa, o principal antioxidante nas células. É ligeiramente mais sensível do que a ALP na doença hepática obstrutiva. Utilizada para: diagnóstico e monitoramento da doença hepatobiliar; indicador enzimático mais sensível de doença hepática; verificar se as elevações observadas da ALP são devidas a doença esquelética (GGT normal), ou se refletem a presença de doença hepatobiliar (elevação da GGT); teste de triagem para alcoolismo oculto; ajudar no diagnóstico de doença hepática quando houver doença óssea, gravidez ou infância, que aumentam os níveis séricos de ALP e de LAP, mas não de GGT. É encontrada em maiores concentrações no túbulo proximal renal, fígado, pâncreas e intestino, sendo a alteração mais frequente nas doenças hepatobiliares. É amplamente distribuída em todas as células do organismo, concentrando-se mais especialmente no miocárdio, rim, fígado, hemácias e músculos. As isoenzimas de LD são designadas de acordo com sua mobilidade eletroforética. Cada isoenzima é um tetrâmetro formado por quatro subunidades, chamadas H para a cadeia polipeptídica cardíaca e M para a cadeia polipeptídica muscular esquelética. A isoforma 5 predomina no fígado, sendo geralmente insensível á lesão hepatocelular, exceto em tumor hepático. A bilirrubina é formada através da degradação das moléculas de hemoglobina pelo sistema retículo endotelial, sendo classificada em direta e indireta. • Bilirrubina indireta (não-conjugada): é encaminhada até os hepatócitos, ligada à albumina de maneira reversível. • Bilirrubina direta (conjugada): é excretada pelos hepatócitos no canalículo biliar, juntamente com produtos que formarão a bile. Obs: quando existe uma obstrução biliar (no canalículo), haverá um aumento da bilirrubina direta, ou seja, o problema pode não estar na conjugação. Já quando não está ocorrendo a conjugação, haverá aumento da bilirrubina indireta. Existem 3 principais causas: • Hemólise: anemias hemolíticas e hemoglobinopatias, onde ocorre a destruição dos eritrócitos, levando ao aumento da bilirrubina indireta. • Obstrução extra-hepática do trato biliar: é produzida por obstrução do ducto biliar comum, geralmente por cálculos ou carcinoma na cabeça do pâncreas. • Obstrução intra-hepática do trato biliar: geralmente causada por lesão hepatocelular com possível liberação de bilirrubina. A lesão hepática pode ter várias origens, como álcool, drogas, hepatites virais, cirrose ativa, tumor hepático, infecção bacteriana, mononucleose infecciosa etc. O aumento da bilirrubina não-conjugada pode ocorrer devido a uma anemia hemolítica, pois, com a lise das hemácias, há um aumento do grupamento Heme, consequentemente, aumentando a quantidade de bilirrubina indireta. Como o fígado não consegue conjugar toda a bilirrubina, ela fica circulante (quando a bilirrubina é conjugada, ela é excretada). Motivos: • Síndrome de Crieger-Nager: diminui a captação. • Síndrome de Gilbert: deficiência de conjugação. • Icterícia do recém nato. O aumento da bilirrubina direta pode ocorrer por lesões nos hepatócitos, fazendo com que ele libere seu conteúdo, entre eles, a bilirrubina conjugada. Motivos: • Hepatite viral aguda; • Colestase. Obs: a cor amarelada se deve ao acúmulo de bilirrubina sob a pele, causada por transtornos do fígado ou da vesícula biliar. A albumina é a proteína mais importante, constituindo 55 a 65% da proteína plasmática total. Cerca de 300 a 500 g de albumina estão distribuídos pelos líquidos corporais, e ofígado de um adulto de porte médio sintetiza aproximadamente 15 g por dia. A meiavida da albumina é de cerca de 20 dias, com degradação diária de 4% do reservatório total de albumina. A concentração sérica de albumina reflete a velocidade de síntese, a degradação e o volume de distribuição. A síntese da albumina é regulada por diversas influências, incluindo estado nutricional, pressão oncótica do soro, citocinas e hormônios. É sintetizada exclusivamente pelos hepatócitos. A hipoalbuminemia é mais comum em hepatopatias crônicas, como cirrose (reflete dano hepático grave e síntese baixa de proteína) e desnutrição. Alguns fatores de coagulação são produzidos exclusivamente pelos hepatócitos, exceto o fator VIII. A determinada do tempo de protombina (TP) avalia a atividade extrínseca do sistema de coagulação. O reagente para análise in vitro contém fator tecidual, fosfolípides e cálcio, enquanto o plasma da pessoa que está sendo avaliada fornece os fatores I (fibrinogênio), II (protombina), V, VII, e X. A deficiência ou ausência de qualquer um desses fatores prolongará o tempo de coagulação. Obs: se a função hepática estiver deficitária, haverá uma síntese de proteínas deficitária, consequentemente, o TP vai ser maior. Ou seja, se tiver muita proteína, o TP é mais rápido (menor); se tiver pouca proteína, o TP é mais demorado (maior). Portanto, o prolongamento do tempo de protombina dá-se por algumas patologias, como: • Hepatite grave; • Cirrose; • Obstrução biliar crônica. As amilases são um grupo de hidrolases que degradam carboidratos complexos em fragmentos. A amilase é produzida pelo pâncreas exócrino e pelas glândulas salivares para auxiliar na digestão do amido. É também produzida pela mucosa do intestino delgado, pelos ovários, placenta, fígado e tubas uterinas Valores de referência: 5 a 125 U/ℓ. Utilizadas para o diagnóstico e o monitoramento da pancreatite ou outras doenças pancreáticas e na pesquisa de qualquer evento inflamatório intraabdominal. A amilase presente no sangue e na urina de indivíduos normais é de origem pancreática e das glândulas salivares, por isso, pode-se dizer que ela é menos pancreático-específica. Sua função é catalisar a hidrólise da amilopectina, da amilose e do glicogênio. No intestino, a amilase hidrolisa os carboidratos em seus componentes, os açúcares. Com a lesão das células acinares, ou obstrução no fluxo do ducto pancreático, a amilase fluirá para o sistema linfático intra-pancreático e peritônio e, por drenagem, atingirá os vasos sanguíneos em concentração elevada. As causas não-pancreáticas de aumento da amilase incluem lesões inflamatórias das glândulas salivares, como parotidite, trauma pancreático, entre outras. Utilidade diagnóstica: doenças do pâncreas e na investigação da função pancreática. Na pancreatite aguda, cerca de 20% dos casos podem cursar com valores normais de amilase (dosagem concomitante dos níveis de lípase). Enzima glicoproteica filtrada pelos glomérulos e totalmente reabsorvida pelos túbulos proximais; o método deve sempre incluir colipase no reagente Valores de referência: 0 a 50 U/ℓ. Utilizada na investigação de distúrbios pancreáticos, habitualmente pancreatite. É mais específica para a pancreatite do que a amilase sérica; diagnóstico de peritonite, intestino estrangulado ou infartado, cisto pancreático. É uma enzima secretada pelo pâncreas para o duodeno para hidrólise dos triglicérides em seus constituintes, os ácidos graxos, portanto, pode-se dizer que ela é mais pancreático-específica. Assim como a amilase, a lipase aparece na corrente sanguínea após uma lesão das células acinares pancreáticas. Sua função é hidrolisar as longas cadeias de triglicerídeos no intestino delgado (lipólise). Utilidade diagnóstica: sua avaliação é essencial no diagnóstico das patologias pancreáticas. Seus níveis estão aumentados em pacientes com pancreatite aguda e recorrente, abscesso ou pseudocisto pancreático, trauma, carcinoma de pâncreas, obstrução dos ductos pancreáticos. 1. Wallach, Interpretação de exames, 10ª Edição, 2016. 2. Resumos da Med
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