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P á g i n a | 1 GASOMETRIA ARTERIAL GASOMETRIA E SEUS PRINCIPAIS PARÂMETROS : A gasometria arterial (GA) é um exame que permite a avaliação da condição respiratória e metabólica, sendo uma das formas mais comuns de investigação clínica em casos emergenciais e de cuidados críticos. É utilizada para medir as concentrações de oxigênio e também avaliar o distúrbio do equilíbrio ácido-base, da oxigenação do sangue arterial e da ventilação alveolar. A gasometria arterial mensura os valores de potencial de hidrogênio (pH), determinando assim o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade do sangue; a pressão parcial de gás carbônico (PaCO2 ) indica a eficácia da ventilação alveolar; o oxigênio (PaO2) indica a eficácia das trocas de oxigênio entre os alvéolos e capilares pulmonares; o íon bicarbonato (HCO3 ), participa do processo do sistema tampão; saturação da oxi-hemoglobina (SpO2 ); excesso de bases (BE) indica o grau de retenção ou excreção de bases pelo organismo. Nesse exame também são avaliados a evolução de doenças respiratórias e de outros quadros clínicos que acometem os pulmões. A gasometria pode ser utilizada para avaliar a efetividade da hematose, determinar a necessidade de tratamento para desequilíbrios ácido-base provocados por comprometimento renal, endócrino, cardíaco, infecções graves, overdoses, dentre outros. Através da interpretação do funcionamento dos sistemas tampões do organismo, a gasometria arterial oferece informações sobre doenças metabólicas. A gasometria arterial tem grande importância, sendo muito utilizada pela equipe médica e de enfermagem em pacientes atendidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pois são beneficiados pela medição dos gases arteriais, principalmente na ausência de monitorização como a capnografia e a oximetria. A Gasometria se refere à determinação de quatro parâmetros principais em amostras de sangue total arterial ou venoso: pH – potencial hidrogeniônico, pO2 – pressão parcial de oxigênio, pCO2 – pressão parcial de gás carbônico e HCO3– – concentração do ânion bicarbonato. O pH é o logaritmo negativo da concentração de íons hidrônio (H3O+); a pO2 é a quantidade de moléculas de oxigênio dissolvidas no sangue e a pCO2 é a quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvidas no sangue, estas duas últimas expressas na forma de pressão parcial.Os três primeiros são parâmetros medidos, enquanto que o último é calculado através do pH e da pCO2. Assim, estes parâmetros indicam o status ácido-base sanguíneo e a eficiência da troca de gases no pulmão dos pacientes. Para entender como os parâmetros se comportam é necessário saber como funciona o sistema de tamponamento sanguíneo e como ele é regulado. O sangue é um sistema tamponado, o que significa que o seu pH é menos suscetível a mudanças. O tampão que constitui o sangue é o tampão bicarbonato. Trata-se de um sistema aberto regulado através do processo de respiração. O gás carbônico é formado como produto final do processo de respiração celular aeróbica, que converte glicose e oxigênio em gás carbônico, água e energia. Na presença de água, o gás carbônico (CO2) forma o ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia nos íons bicarbonato (HCO3– ) e íons hidrônio (H3O+), conforme mostrado na equação: Através deste equilíbrio químico ocorre a regulação do pH sanguíneo. O equilíbrio se desloca para a direita quando a frequência respiratória diminui, com o aumento da concentração de CO2 no sangue. E se desloca para a esquerda quando a frequência respiratória aumenta, com a diminuição da concentração de CO2 no sangue. Desta maneira, quando o equilíbrio se desloca para a direita, o pH sanguíneo diminui e quando este se desloca para a esquerda, o pH sanguíneo aumenta. CORRELAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS PARÂMETROS DA GASOMETRIA : O pH, pCO2 e HCO3– estão correlacionados através da equação de Henderson-Hasselbach. Esta equação mostra que o pH observado no sangue é função da razão entre a concentração de bicarbonato e a pressão parcial de gás carbônico, conforme demonstrado a seguir: Através desta equação é possível observar que a concentração de bicarbonato é proporcional ao pH e a pressão parcial de gás carbônico é inversamente proporcional ao pH. A pCO2 e a pO2 estão correlacionados através do processo externo de respiração. Dois quadros podem ocorrer em função da frequência respiratória do paciente avaliando-se o sangue arterial: P á g i n a | 2 ▪ Hiperventilação: aumento da frequência respiratória, neste caso, pCO2 diminui e pO2 aumenta. ▪ Hipoventilação: diminuição da frequência respiratória, neste caso, pCO2 aumenta e pO2 diminui. As pressões parciais de oxigênio e de gás carbônico são parâmetros que podem ser afetados em função de ventilação mecânica ou oxigenoterapia. DIFERENÇA ENTRE GASOMETRIA ARTERIAL E VENOSA: Para compreender a diferença entre a Gasometria Arterial e a Venosa é importante entender os dois tipos de sangue que circulam no corpo humano. ▪ Sangue arterial: bombeado do coração para os tecidos e possui maior quantidade de moléculas de oxigênio dissolvido. ▪ Sangue venoso: sai dos tecidos em direção ao coração e possui maior quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvido. A Gasometria Arterial se refere à dosagem dos parâmetros no sangue arterial e a Venosa faz referência à determinação destes mesmos parâmetros no sangue venoso. A análise de Gasometria em amostras destes pacientes indica dois tipos de desordens do equilíbrio ácido-base conhecidas como acidose e alcalose. ▪ Acidose: ocorre quando o pH sanguíneo é menor que o valor inferior do intervalo de referência. ▪ Alcalose: ocorre quando o pH sanguíneo é maior que o valor superior do intervalo de referência. Para o sangue arterial, o intervalo de referência para pH é entre 7,35 e 7,45. Valores menores que 7,35 indicam um quadro de acidose e valores maiores que 7,45 indicam um quadro de alcalose. Estas desordens podem ser de origem respiratória ou metabólica e podem ser processos compensados ou descompensados. Além disso, esta análise também indica a eficiência da troca de gases nos pulmões, através dos parâmetros pCO2 e pO2, permitindo avaliar se o processo respiratório está ocorrendo de forma adequada. Esta avaliação é feita, geralmente, na Gasometria Arterial. ESCLARECENDO A ORIGEM DAS DESORDENS DA ACIDOSE E ALCALOSE: Para determinar qual é a origem destas desordens é necessário avaliar dois parâmetros, pCO2 e HCO3–, à luz da equação de Henderson-Hasselbach. ▪ Origem metabólica: quando a alteração do pH está relacionada a mudanças no HCO3.– ▪ Origem respiratória: quando a alteração no pH está associada a mudanças no pCO2. Nesta avaliação também é necessário observar alguns outros parâmetros como o excesso de base (BE), a glicose e o lactato. Para avaliar se a desordem está em um processo compensado ou descompensado é importante observar os parâmetros (medidos e calculados) da Gasometria como um todo. A compensação ocorre quando algum mecanismo do corpo é ativado espontaneamente no sentido de resolver aquela desordem. P á g i n a | 3 PRÍNCIPIOS DA TÉCNICA: A punção arterial é um procedimento que exige competência técnica e científica para sua execução, devendo ser analisada quanto ao risco e benefício para o paciente. A coleta de amostras de sangue arterial deve ser feita exclusivamente por profissionais de saúde que demonstrem competência após receber treinamento formal, de acordo com a prática legal para seu cargo em seu país.(3) Segundo Barbosa e Cardoso,(4) ao escolher o local da punção arterial, deve-se refletir sobre a facilidade de acesso ao vaso e o tipo de tecido periarterial, visto que os músculos, tendões e gorduras são menos sensíveis à dor que o periósteo e fibras nervosas. Com isso, deve-se considerar a gasometria, pela própria punção, como uma prática dolorosa. Ao realizar a coleta da gasometria arterial (GA), um cuidado adicional é a execução do teste de Allen modificado, que se constitui em umatécnica simples e exata para se verificar a circulação colateral ao nível da artéria radial. É realizado antes da inserção da agulha na artéria para avaliar a circulação do sangue antes da punção da artéria radial, verificando se a artéria ulnar é capaz de conceder uma boa perfusão PRINCIPAIS APLICAÇÕES EM DOENÇAS: A gasometria arterial é um exame utilizado para fins diagnósticos e auxiliar a eficácia terapêutica. É realizado rotineiramente em pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pois fornece dados sobre a função respiratória, metabólicas ou renais que possam vir a causar um desequilíbrio ácido-base. Um quadro se agrava para acidose metabólica em casos nos quais o paciente diabético descompensado acumula ácidos graxos ou em paciente com problemas renais há perda excessiva de bicarbonato de sódio ou um consumo excessivo dessa base. Os alvéolos pulmonares são responsáveis pela eliminação do carbono caso haja alteração na ventilação pulmonar. Essa situação levará a uma insuficiência na eliminação de CO2 e, consequentemente, a uma elevação do ácido carbônico e formação de íons H+, os quais irão diminuir o ph. Umas das causas da acidose respiratória é a obstrução das vias respiratórias, que pode ser ocasionada por objeto estranho, bronquite e enfisema; depressão do centro respiratório causada por medicamentos como: barbitúricos, analgésicos e anestésicos, e na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O exame da gasometria arterial indica a elevação de oxigênio, pois repercute nos níveis elevados de dióxido de carbono. Em caso de níveis menores que 25 mmHg de PaCO2 ocasionará uma vasoconstrição com predomínio nos vasos cerebrais. Convulsões, confusão e ansiedade são sintomas de hipocapnia, originando quadros psiquiátricos ou neurológicos. Dois motivos podem originar a alcalose metabólica: perda de hidrogênios decorrente de vômitos e pacientes que fazem uso de diuréticos tiazídicos, no acúmulo de bicarbonato de sódio ocasionado por ingestão crônica de antiácidos, infusão excessiva de bicarbonato de sódio ou na insuficiência renal, que impossibilita a eliminação dessa base. Quando o paciente apresenta hipoxemia, pneumonia, tromboembolismo pulmonar, infecções por salicilatos, infecções sistêmicas, dor severa, encefalopatia hepática e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) originará a hiperventilação compensadora, que é feita pelos pulmões, levando à alcalose respiratória, que é a diminuição dos níveis de CO2 , redução dos níveis de ácido carbônico e, consequentemente, diminuição dos níveis de íons H+
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