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e-Book 4 João Pedro Viana Rodrigues COMUNICAÇÃO E ATENDIMENTO AO PACIENTE Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 MÍDIAS E SAÚDE �������������������������������������������� 5 Noções básicas de relações públicas ��������������������������������� 6 Comunicação interna e pesquisa de opinião �������������������� 13 Relacionamento com a imprensa �������������������������������������� 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������31 3 INTRODUÇÃO Apesar da pandemia de Covid-19, hoje vivemos em uma época com boa saúde e sem preceden- tes� A expectativa de vida está no nível mais alto da história, a mortalidade infantil foi reduzida a tal ponto que a morte é amplamente relacionada à velhice e a doença está sujeita a uma série de intervenções médicas cuja eficácia teria parecido milagrosa para as gerações anteriores� O acesso a comida é maior e regimes de exercícios corretivos e programas de condicionamento físico auxiliam a neutralizar os efeitos de seu consumo excessivo� É possível imaginar que nossos corpos podem ser esquecidos, outros podem se tornar projetos estéticos ou que até mesmo a morte pode não existir para nós em um futuro distante� Às vezes pode-se ter pequenas doenças que cau- sam limitações incômodas – tosse, resfriados, dores e sofrimentos –, frequentemente tratadas por episódios curtos de repouso ou analgésicos� Em situações incomuns, doenças mais graves podem surgir� Normalmente, à medida que se envelhece, podem surgir doenças degenerativas, doenças cardíacas, derrame ou câncer� Na meia idade, pode-se começar a ter um interes- se maior em monitorar o estado de saúde de um 4 indivíduo para evitar o momento fatídico em que a presença de uma doença que perturba a vida é anunciada� Com a velhice, o uso de serviços de saúde aumenta consideravelmente� 55 MÍDIAS E SAÚDE Ao longo das fases da vida, um indivíduo expõe-se a muitas fontes de informação sobre questões de saúde, entre as quais vários tipos de mídia, como televisão, cinema, rádio, jornal e revistas, formam um pano de fundo constante para a realidade e contêm muitas mensagens explícitas sobre saúde� Um ponto de partida é que as mensagens de saúde nos meios de comunicação de massa populares são importantes para influenciar a vida contempo- rânea, além de recursos especializados disponí- veis em livros ou na internet, ou os recursos mais convencionais de aconselhamento profissional e leigo em saúde� A apresentação das questões de saúde pela mídia não é neutra, estando sujeita a muitas influências determi- nantes� Embora exista agora um corpo substancial de informações e pesquisas que analisam a produção, a natureza e a influência das mensagens de saúde da mídia, afirma-se que a pesquisa em saúde, em geral, subestimou o papel da mídia popular na construção e influência da experiência da doença e na formação das expectativas de saúde� FIQUE ATENTO 66 Uma exceção a essa regra tem sido a análise das mensagens na mídia fornecidas por educadores e promotores de saúde� A partir de pesquisa foi pos- sível estabelecer a extensão considerável em que as imagens mediadas influenciam a experiência de saúde� Mas, até recentemente, o modelo implícito em muitas pesquisas de educação em saúde sobre o lugar da mídia na vida cotidiana era limitado, em particular subestimando o uso que as pessoas fazem da mídia para experiências prazerosas em vez de mensagens ascéticas� Também falhou em investigar toda a variedade de leituras do público e usos para representações de mídia, preferindo se concentrar em fatores como analisar se o público absorveu mensagens específicas. Depois de se revisar os campos da promoção da saúde e da defesa da mídia que tentaram abordar essas limitações, há uma visão alternativa do lugar da mídia na construção da experiência em saúde, baseado em amplas teorias sociológicas da experiência mediada e seu lugar no cotidiano e nas vidas das pessoas nas sociedades de massa contemporâneas� NOÇÕES BÁSICAS DE RELAÇÕES PÚBLICAS Poucas instituições possuem maiores necessida- des de comunicação do que aquelas que oferecem 77 serviços médicos e de saúde ao público� Hospitais, clínicas médicas e uma infinidade de outros pro- vedores de saúde oferecem serviços de extrema importância para a população, com essas ofertas proporcionando aos indivíduos oportunidades de testemunhar a melhoria da saúde e do bem-estar, influenciando, em última instância, a ampla saú- de da comunidade� Intervenções que melhoram, prolongam e salvam vidas estão entre as ofertas mais importantes fornecidas pela sociedade, mas sem a transmissão adequada da disponibilidade desses serviços o público permanecerá desinfor- mado e, portanto, incapaz de tirar proveito deles (TELES, 2016)� A comunicação deficiente ou inexistente por parte dos estabelecimentos de saúde tem um potencial muito real de diminuir a saúde individual e comunitária� Também tem o potencial de corroer a viabilidade financeira de determinados estabelecimentos de saúde, já que as deficiências de comunicação diminuirão as oportu- nidades de atrair públicos que fornecem o patrocínio importantíssimo que permite que os estabelecimentos continuem operacionais� Em suma, a comunicação não deve ser subestima- da pelos profissionais de saúde, sendo o sucesso FIQUE ATENTO 88 nessa frente um ingrediente essencial para ativi- dades médicas bem-sucedidas� Um método de comunicação com os pacientes atuais e futuros é conhecido como relações públicas� Relações pú- blicas, um dos cinco métodos de transmissão que constituem o mix de comunicações de marketing, envolve o uso de publicidade e outras formas não pagas de comunicação para disseminar mensagens para os públicos desejados� As relações públicas tradicionalmente serviam como o principal método pelo qual os provedores de saúde informavam o público sobre os serviços médicos disponíveis, elogios e prêmios, novas tecnologias oferecidas e assim por diante� Agora, no entanto, é complementado por toda a gama do mix de comu- nicações de marketing, que também inclui vendas pessoais, promoção de vendas, marketing direto e, talvez mais notavelmente, publicidade� Apesar de ser agregado por outros componentes do mix de comunicação de marketing, as relações públicas continuam sendo uma ferramenta valiosa para a promoção dos serviços de saúde (TELES, 2016)� Efetuar relações públicas com proficiência em organizações de serviços de saúde requer estudo dedicado e experiência prática, permitindo uma base de conhecimento atual e em expansão que facilita a melhoria contínua� Benefícios adicionais são proporcionados pelo estudo das estratégias 99 e táticas de relações públicas de profissionais de saúde e médicos, oferecendo exposição a abor- dagens externas que podem ser adotadas para aprimorar e melhorar as habilidades comunicativas� As relações públicas se enquadram na ampla disciplina de Marketing, formalmente definida como um processo de gestão que envolve a avaliação dos desejos e necessi- dades do cliente e o desempenho de todas as atividades associadas ao desenvolvimento, preços, fornecimento e promoção de soluções de produtos que satisfaçam aqueles desejos e necessidades� A promoção, confor- me evidenciado nessa definição, é uma característica central do marketing, ganhando a inclusão como um dos lembretes na expressão clássica conhecida como os quatro lembretes do marketing: produto, preço, local e promoção� O aspecto da promoção do marketing envolve es- sencialmente todo e qualquer elemento associado ao engajamento do público, com os principais caminhos para o engajamento sendo descritos em um modelo descritivo conhecido como o mix de comunicações de marketing ou promoções� Com ilustração clássica, o mix de comunicações de marketing contém cinco vias principais de comunicação, a saber: publicidade,ou seja, o uso FIQUE ATENTO 1010 pago de meios de comunicação de massa para entregar mensagens; venda pessoal, ou seja, o uso de agentes de vendas para entregar pessoalmente mensagens; promoção de vendas, ou seja, o uso de incentivos, como concursos e brindes gratuitos, para incentivar o patrocínio; relações públicas, ou seja, o uso de publicidade e outros métodos pro- mocionais não pagos para entregar mensagens, e marketing direto, ou seja, a entrega de mensagens por correio, internet e rotas semelhantes diretamente aos consumidores (TELES, 2016)� Os provedores de saúde e médicos consideram cada uma dessas vias comunicativas, selecionan- do uma ou mais consideradas mais adequadas para atingir o público-alvo, com o objetivo final de encorajar o clientelismo ou induzir alguma outra ação desejada� A dependência das relações públicas de métodos não pagos de promoção a posiciona de maneira única entre os componentes do mix de comunica- ções de marketing, visto que outras vias requerem despesas diretas para efetuar o engajamento do público� A maneira típica pela qual as instituições de saúde realizam relações públicas é preparando e enca- minhando comunicados à imprensa que traçam o perfil de assuntos importantes para os meios de 1111 comunicação na esperança de que eles, por sua vez, divulguem as histórias para seus públicos� As empresas de mídia que veiculam histórias as- sociadas não cobram taxas por isso, pois os itens são considerados de interesse de seu público� Embora o aspecto gratuito das relações públicas seja altamente atraente, a desvantagem é que ele coloca as instituições de saúde em posições de dependência de terceiros – organizações de mídia de notícias – para aceitar e apresentar as histórias encaminhadas� Isso, é claro, não oferece garantias de circulação, já que as histórias podem ser rejeitadas por uma série de razões, incluindo desinteresse percebido do público, alocações limitadas de espaço ou tempo para apresentação, notícias de última hora que obstruem o conteúdo considerado de menor importância e assim por diante� Mesmo se divul- gadas, as histórias pretendidas podem não ser comunicadas como o desejado, pois o controle editorial está nas empresas de mídia de notícias� Independentemente disso, especialmente quando usado em conjunto com outros componentes do mix de comunicações de marketing que oferecem garantias de disseminação da mensagem, as re- lações públicas podem fornecer uma utilidade de 1212 comunicação útil para as organizações de saúde (TELES, 2016)� As relações públicas têm servido historicamente como a força motriz comunicativa da indústria de serviços de saúde, representando o caminho pre- dominante ao longo de muitas décadas pelo qual as instalações médicas e de saúde transmitem histórias ao público� Na verdade, geralmente era a única maneira de as instituições de serviços de saúde ganharem presença na mídia de massa até a década de 1980� Antes disso, a publicidade – na época, um méto- do comunicativo bem estabelecido que dependia do uso pago da mídia de massa e um elemento básico de promoção fora do reino dos serviços de saúde – era rejeitada como estando abaixo da dignidade da saúde e da medicina� A publicidade também era temida por seu potencial de perturbar os padrões de encaminhamento de pacientes e, notavelmente, proibiu-se o uso da publicidade� Essas influências e tradições acabaram por compelir a maioria dos provedores de serviços de saúde a encontrar outros caminhos para envolver os consu- midores, com as relações públicas sendo o método operacional da época para alcançar uma presença na mídia de massa� A resistência à publicidade ces- sou na década de 1980, ajudada pelo abandono da 1313 proibição de uso de publicidade pelos membros, e hoje prospera, proporcionando aos prestadores de serviços de saúde acesso irrestrito aos canais da mídia de massa� Ainda assim, os anos formativos de confiança nas relações públicas deixaram uma impressão duradoura que continua a influenciar as comunicações dos serviços de saúde até hoje (TELES, 2016)� COMUNICAÇÃO INTERNA E PESQUISA DE OPINIÃO As comunicações internas são importantes em qualquer organização, mas quando você está fa- lando sobre um ambiente de alta pressão, como o de saúde, pode se tornar ainda mais crítico� Uma má estratégia de comunicação interna ou ignorá-la por completo pode ter consequências terríveis� Fazer com que a equipe se envolva com as comu- nicações da sua organização pode ser um desafio. Por exemplo, em uma pandemia, quando a equipe na linha de frente está com pouco tempo e sob pressão, pode ser difícil garantir que mensagens importantes cheguem às pessoas certas� Acerca da importância da comunicação interna, afirma-se que no nível mais básico você tem que se comunicar bem na hora certa, para que os fun- cionários saibam o que se espera deles e o que está acontecendo na organização� Em um nível 1414 mais profundo, para que os funcionários se sintam engajados com seu local de trabalho e deem o seu melhor, eles precisam ver se sua organização se preocupa com suas opiniões e entender como seu papel contribui para os objetivos gerais de negócios� Funcionários engajados têm desempenho melhor do que funcionários não engajados, pois esses indivíduos investem totalmente em seu trabalho, com maior eficácia e um impacto positivo sobre a saúde e o bem-estar, o que por sua vez evoca um maior apoio dos funcionários para a organização (TANI, 2018)� Na área da saúde isso se torna ainda mais importante, pois as consequências da falta de comunicação podem ser desastrosas� A equipe precisa conhecer os objeti- vos, valores e expectativas da organização, bem como as regras e regulamentos, para manter os padrões de saúde e segurança e qualidade de atendimento, pro- porcionando bons resultados para os pacientes, bem como boas experiências� Com uma grande força de trabalho frequentemente dependente de pessoal tem- porário, é vital que todos recebam a mesma mensagem e forneçam o mesmo padrão de serviço� Além disso, é essencial garantir que todos estejam atualizados com as informações necessárias para executar seu serviço, levando em consideração outros departamentos que trabalham para criar uma experiência perfeita para o paciente� REFLITA 1515 Para a maioria das organizações, a falta de uma boa comunicação interna pode fazer com que os funcionários se sintam desmotivados, resultando em uma alta rotatividade de pessoal� Isso tam- bém pode afetar as comunicações externas� Se os funcionários não foram mantidos atualizados com mensagens externas, eles podem não ser capazes de oferecer o nível de serviço ao cliente que a organização gostaria, o que pode refletir mal. Quando essas comunicações são interrompidas em um ambiente de saúde, isso pode afetar o atendimento e a segurança do paciente� Em alguns casos, isso pode significar que os compromissos são marcados duas vezes, mas também pode ter consequências muito mais sérias� Um vazio sempre será preenchido, seja por comunicações internas, boatos, especulações ou apenas fofocas, que pode resultar em danos ao paciente e ao moral e retenção da equipe� A fofoca sempre vai penetrar no local de trabalho, mas se a comunicação interna for benfeita, quais- quer preocupações que surjam com a disseminação de informações incorretas podem ser esclarecidas rapidamente� Os hospitais empregam milhares de funcionários, trabalhando em um padrão com turnos de 24 horas por dia, 7 dias por semana, então, se a comunicação interna quebrar, as equipes podem começar a trabalhar em silos, ou seja, desconecta- 1616 das da organização como um todo, e essa não é a maneira mais eficaz ou eficiente de administrar um hospital� Uma vez que isso comece a acontecer, pode ser difícil consertar sem uma estratégia de comunicação clara em vigor (TANI, 2018)� Quanto maior a organização, mais importante e complicado pode ser manter umaboa comunicação interna� Para as pequenas e médias organizações, comunicar mensagens aos funcionários pode ser tão simples quanto um e-mail rápido, uma mensa- gem de texto ou apenas conversar pelo escritório� Para as organizações grandes e complexas que você encontra na área de saúde, é necessária uma abordagem mais planejada e estratégica� Não é incomum ter muitos funcionários, às vezes, espalhados por grandes áreas geográficas, como parte de uma única organização que presta servi- ços de saúde� Atingir esse número de funcionários já apresenta desafios, mas quando você também adiciona o fato de que muitos desses funcioná- rios estão na linha de frente e não na frente de um computador o dia todo, encontrar maneiras de fornecer informações importantes para eles de forma eficaz requer pensar um pouco além de e-mails ou chamada de vídeo� Junto com comunicações clássicas, como e-mails, boletins informativos e atualizações do presidente, 1717 eles também precisam encontrar outras maneiras de alcançar a equipe, como reuniões diárias, fóruns de mídia social, visitas a enfermarias e mensa- gens em holerites, para citar apenas algumas� A coordenação de todos esses métodos diferentes requer uma abordagem estratégica� As organizações devem evitar o envio de comunicações abrangentes em todos os canais sempre que possível e, em vez disso, encontrar o canal certo para o público certo� Funcionários ocupados não precisam receber a mesma mensagem em um e-mail, em uma reunião e em uma comunicação do presidente� Isso atenua a importância da mensagem e pode resultar em fadiga nas comunicações, fazendo com que a equipe se sinta bombardeada� Ter uma estratégia clara que segmente os grupos de funcionários e os canais de comunicação mais úteis para eles permitirá que as mensagens che- guem às pessoas certas sem o risco de ela ser entregue cinco vezes� Uma pandemia global é capaz de dispor uma pressão óbvia nas comunicações na área da saúde� Durante a pandemia de Covid-19, uma boa comunicação interna tornou-se ainda mais importante� A orien- tação muda regularmente com base nos níveis de risco� Manter todos os funcionários, pacientes e visitantes seguros tem sido a maior prioridade� REFLITA 1818 No início da pandemia, muitas instituições de saúde estabeleceram centros de coordenação de incidentes para gerenciar as mensagens e as res- postas frente à pandemia� Todas as atualizações e decisões passavam por esses centros� Boletins diários com as principais atualizações e orienta- ções eram enviados a todos os funcionários e os gerentes eram responsáveis por espalhar esses boletins para aqueles que não tinham seu trabalho baseado em computadores� Qualquer sistema disponível na organização pode ser uma opção de comunicação interna� É mais importante considerar se é o canal certo para o público� Por exemplo, criar um grupo empresarial em uma rede social para entregar mensagens importantes é inútil se metade da equipe não tiver perfil nessa rede social ou acessá-la com frequ- ência� Se a equipe não tiver acesso a um compu- tador durante o dia de trabalho ou horário para ler e-mails, compartilhar informações importantes e com restrição de tempo por e-mail, simplesmente não funcionará� Algumas organizações cometem o erro de in- vestir em software caro para comunicação sem realmente avaliar se a equipe tem tempo ou incli- nação para usá-lo� Para membros da equipe que visitam regularmente o local, um simples grupo de mensagens instantâneas pode ser suficiente para 1919 entregar mensagens importantes ao longo do dia, com um e-mail de resumo semanal para quando eles tiverem tempo para digerir informações mais detalhadas� Encontrar o sistema certo pode ser tão simples quanto perguntar aos funcionários como eles gostariam de ser comunicados (TANI, 2018)� As organizações que subestimam a importância das comunicações internas provavelmente descobrirão que isso tem um impacto no envolvimento da equipe, na rotatividade da equipe e na receita� Para organizações complexas como provedores de saúde é evidente que a falta de comunicações claras também tem um impacto significativo e potencialmente perigoso no atendimento e segurança do paciente� O desenvolvimento de uma abordagem clara e coesa para as comunicações internas que funcione bem tanto para a equipe quanto para a organização minimiza o risco de mal-entendidos e erros e, em última análise, economizará tempo e dinheiro da organização� Pesquisas são um meio importante de coletar in- formações de saúde de uma amostra de pessoas de forma padronizada para melhor compreender uma população maior� Existem muitos métodos usados para se conduzir pesquisas, incluindo questionários e entrevistas aprofundadas por te- lefone, correio, e-mail e pessoalmente� A pesquisa FIQUE ATENTO 2020 por levantamento permite que os pesquisadores coletem dados empíricos em um período relativa- mente curto� Dependendo do projeto e do escopo, as pesquisas podem coletar dados em uma amostra representativa de pessoas, particularmente quando as amostras são aleatórias ou quando é usada uma amostragem não-probabilística intencional� A pesquisa por levantamento, como todas as abor- dagens de pesquisa, pode ter desvantagens� Pode ser difícil obter informações detalhadas em uma pesquisa e, às vezes, as pessoas optam por não responder às perguntas difíceis ou não conseguem se lembrar de detalhes importantes corretamente ou de forma alguma� As pesquisas podem ter baixas taxas de resposta, e aqueles que não têm acesso ao meio pelo qual as pesquisas são distribuídas são excluídos� Por exemplo, pessoas sem-teto podem ser excluídas de uma pesquisa conduzida pelo correio, e aqueles sem seguro de saúde que não podem pagar para ver um médico podem ser excluídos de pesquisas conduzidas por provedores de assistência médica (TANI, 2018)� Uma pesquisa de satisfação do paciente é um conjunto de perguntas usadas para coletar fee- dback dos pacientes para medir sua satisfação com a qualidade e o atendimento do provedor de serviços de saúde� O questionário da pesquisa de satisfação do paciente ajuda a julgar métricas 2121 básicas no atendimento ao paciente que auxiliam as instituições médicas a compreender o nível de atendimento prestado e as armadilhas no serviço� Seis métricas subjacentes nas quais a satisfação do paciente deve ser medida são: y Qualidade do atendimento médico; y Habilidades interpessoais demonstradas por profissionais médicos; y Transparência e comunicação entre o prestador de cuidados e o paciente; y Aspectos financeiros do atendimento; y Acesso a médicos e outros profissionais mé- dicos; e y Acessibilidade de atendimento� Uma pesquisa de satisfação do paciente pode ser administrada a qualquer momento durante um prontuário eletrônico ou um prontuário eletrônico de saúde� Pode ser preenchida via celular, cópias físicas da pesquisa, site, computadores em sala de espera ou qualquer outro meio� Dois exemplos de pesquisa de satisfação do paciente são a pesqui- sa primária de trauma, em que a avaliação inicial e o gerenciamento de um paciente com trauma que entra em um centro médico ou hospital são realizados (TANI, 2018)� 2222 Ao projetar pesquisas, é importante projetar perguntas com cuidado para que sejam claras e compreensíveis para o entrevistado, para que produzam resultados relevantes para o propósito da pesquisa e não sejam perguntas que levem a uma resposta desejada específica. As informações em uma pesquisa projetada para coletar dados de saúde podem se concentrar em pacientes, provedores ou hospitais e consultórios médicos� Dois tipos principais de pesquisas são usados para reunir estatísticas de saúde: pesquisas populacionais e pes- quisas de fornecedores� O segundo exemplo de pesquisa de satisfação do paciente é a pesquisa secundária de trauma� É um modelo de pesquisa aprofundado que é realizado para identificar a presença de outras lesõessig- nificativas, mas não com risco de vida imediato, ou outras lesões que não foram detectadas na pesquisa primária de trauma� Ambos os modelos de pesquisa de amostra coletam dados sobre a satisfação do paciente com a forma como seu trauma foi tratado em um hospital ou instalação médica� REFLITA 2323 RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA A saúde é frequentemente descrita como um trabalho complexo em um ambiente com futuro incerto� A prática de relações públicas na área da saúde tem se modificado junto com as demais mudanças enfrentadas por ela� Em certo sentido, as relações públicas na área de saúde não são particularmente diferentes das relações públicas em qualquer outro tipo de indústria, dado que o ob- jetivo geral das relações públicas ainda é combinar relações de longo prazo e gerenciar a reputação da instituição� No entanto, deve-se sempre relembrar que a saúde é um setor único� Argumenta-se que a indústria da saúde é diferente de qualquer outra indústria, e possui suas peculiaridades, inerentes à natureza dos serviços prestados e à condição na qual os clientes buscam o serviço: vida, morte e recuperação� Além disso, há rápidas e profundas mudanças ocorrendo a todo o momento no sistema de saúde e na comunicação entre o cliente, ou paciente, e fornecedores, leia-se: aquele que fornece cuidados de saúde dentro do sistema definido (NASCIMENTO, 2017). A motivação para o processo de melhoraria na in- dústria de saúde não é focado apenas na redução de custos, o que é um princípio universal conhe- 2424 cido em outras indústrias� O desejo de progresso contínuo dos processos de saúde é motivado pelo fornecedor que busca melhorar a qualidade do atendimento da melhor forma possível, otimizando a jornada do consumidor� Portanto, os funcionários da área de relações públi- cas que são responsáveis por promover, melhorar e reverter o sistema geral na indústria de saúde devem saber sutilmente suscitar em si um processo de melhoria contínua enquanto profissional para obter a motivação para cuidar do ser humano� Nas primeiras iniciativas que trabalharam com relações públicas e relacionamento com a imprensa, os profis- sionais de relações públicas da área de saúde julgaram pouco necessário criar consciência e preferência por cuidados de saúde porque as organizações de saúde sempre tiveram o apoio e a simpatia da opinião pública� As relações públicas não precisavam ser particularmente ativas para manter e construir a confiança do público. Em vez disso, o papel das relações públicas foi atribuído e limitado à comunicação da informação e manutenção de uma imagem positiva� Contudo, houve uma mudança na expressão da saúde� Os departamentos responsáveis pelo marketing nas organizações de saúde obtiveram maiores responsabilidades graças a uma nova ênfase na renda da saúde de fontes diferentes do tradicional: os pacientes individuais� REFLITA 2525 Já que na saúde prevalece o marketing, das insti- tuições de saúde é esperado que sejam capazes de responder aos desejos e necessidades de seu mercado de forma mais eficaz e efetiva. O papel tradicional do setor de relações públicas em uma empresa é a promoção de uma imagem positiva e a transferência adequada de notícias divulgadas sobre a implementação de conclusões a respeito de como se lidar com novos níveis de crítica do consumidor e treinamento de público interno sobre trabalho em equipe (NASCIMENTO, 2017)� O setor de relações públicas é diretamente influen- ciado pela dinâmica de uma empresa, pois quando se perde o controle do sistema de saúde em relação aos erros e omissões cometidas pelos colabora- dores, a pressão constante leva os gerentes dos hospitais a buscar o auxílio das relações públicas e demais profissionais da comunicação e marketing para manter uma comunicação bidirecional entre hospitais ou organizações de saúde e seu público� As razões para tal prática são inúmeras e podem ser encontradas em uma prática médica cotidiana� Os primeiros empregos das relações públicas na área da saúde foram focados em estratégia e táticas que apoiassem a organização da saúde� Relações públicas é considerada uma prática que deve ser empregada de maneira contínua e perene, muito melhor de aplicar do que um processo a longo 2626 prazo e incerto de construção de imagem de uma empresa leal e um paciente satisfeito� Tal abordagem mostra a assimetria de uma visão unilateral do papel das relações públicas em saú- de� O presente e o futuro da saúde estão focados no papel central do paciente e na busca de novas formas de comunicação que sejam tão evoluídas quanto a sociedade e que permitam o rápido fluxo de informação, de maneira segura, efetiva e eficaz (NASCIMENTO, 2017)� Relações públicas é uma área bastante dinâmica, embora modelos simétricos bidirecionais fossem apresentados e descritos, eles não foram totalmente comprovados na vida real, em situações práticas� As abordagens tradicionais para cuidados de saúde corroboram que as relações públicas não desapa- receram, como muitos afirmam ter acontecido. Ela foi modificada por meio de mudanças contínuas que ocorreram dentro do sistema de saúde� Pro- fissionais de relações públicas na área de saúde continuaram a escrever, pesquisar e planejar� Os princípios de comunicação que eles descrevem e preveem na saúde são do relacionamento a longo prazo, que não é menos importante nas relações públicas em saúde do que em quaisquer outras relações humanas� 2727 Os princípios de reciprocidade, igualdade, respeito e crença assumem um novo significado no contexto das relações comerciais de saúde� As relações, no con- texto da saúde, são muito complexas, pois envolvem diversos atores, que por muitas vezes estão com os ânimos aflorados, em face de uma situação-limite. Com o paciente intermediário, vendedores e fornecedores, como médicos, empresas farmacêuticas, empresas gestoras e terceira pessoa que pagam compensação da franquia ou carência, esse é um quebra-cabeça único no qual compete ao profissional de relações públicas conciliar os diferentes interesses� Acredita-se que uma das funções mais importantes das relações públicas é ouvir os pacientes em vez de transmitir a mensagem� Métodos proativos de promoção de imagens médicas, como iniciativas educacionais, são iguais, com a ênfase na prevenção de problemas de saúde� Se aceitarmos a lógica da definição de relações públicas na área da saúde, são impostas a nós poucas conclusões de como oportunidades nessa área podem ajudar instituições de saúde� Para se comunicar de modo eficaz, todas as unidades de saúde devem definir seu público, tanto interno, quanto externo� Além disso, dentro das instituições de saúde deve ser determinado colaboradores que lidem, separadamente, com cada um desses públicos (NASCIMENTO, 2017)� FIQUE ATENTO 2828 A primeira pessoa da organização é o responsável oficial pelas relações públicas, porta-voz e comuni- cador� Ademais, o recrutamento e o treinamento de novos especialistas em comunicação não devem ser entendidos como um custo para a empresa, mas sim como um investimento que irá ser rentável em um período mais longo� Vale ressaltar-se que é essencial educar a equipe em relação à comunicação com o público e com a mídia, que são dois segmentos diferentes� Em seguida, é interessante desenvolver ações educa- tivas para que o público aceite o posicionamento ou uma nova imagem das instituições de saúde� Para isso, é preciso definir o discurso, o alvo e os canais de comunicação, além de técnicas e mé- todos de comunicação� Por fim, mas não menos importante, é preciso estabelecer-se abordagens e modelos de comu- nicação para se comunicar de forma clara e obje- tiva, com todos os públicos. Isso significa que as instituições de saúde devem passar de reativas a proativas em relação à comunicação com seu público, para o qual a comunicação proativa deve ser bidirecional e simétrica, a fim de satisfazer os interessesde todos� 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conceito de relações com o público representa uma atividade de comunicação que é chamada de relações públicas� Acredita-se que esse termo foi usado primeiro nos Estados Unidos, de onde seu uso se espalhou para outros países� As relações públicas hoje estão presentes em quase todas as áreas� Uma dessas áreas é a área da saúde� Saúde é, hoje, indubitavelmente, uma das áreas mais importan- tes de atividade social e, como tal, está exposta a críticas� A imagem de médicos e instituições de saúde junto ao público não está nem perto do que os profissionais de saúde gostariam. Várias instituições dessa área são abaladas pelos as- suntos associados com corrupção e subornos� Os médicos estão ligados ao estereótipo de que são pessoas que têm incapacidade de comuni- cação boa e eficaz com seu público. A isso deve ser adicionado também o baixo conhecimento da gestão para recrutar profissionais de comunicação capacitados em suas instituições� Para isso, é necessário que as instituições de saúde invistam no desenvolvimento e melhoria do processo de comunicação, seja interna ou externa� A comunicação e as relações públicas não devem ser encaradas apenas em momentos 30 de necessidade, ou como gastos que podem ser cortados por ora, mas como uma política contínua e perene nas instituições de saúde, a fim de evitar danos maiores no futuro e manter sua imagem pú- blica agradável frente a acionistas, colaboradores, indústria, pacientes e público em geral� Referências Bibliográficas & Consultadas BERGSTEIN, G� A informação na relação médico-paciente� 1� ed� São Paulo: Saraiva, 2013� [Minha Biblioteca]� CORDÁS, T� A�; BARROS, D� M� Personagens ou pacientes: clássicos da literatura mundial para refletir sobre a natureza humana. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014� [Minha Biblioteca]� DOHMS, M�; GUSSO, G� Comunicação clínica: aperfeiçoando os encontros em saúde� 1� ed� Porto Alegre: Artmed, 2021� [Minha Biblioteca]� NASCIMENTO, A� B� Gestão hospitalar e qualidade do atendimento� 1� ed� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2017� [Biblioteca Virtual]� NAVARRO, V� M� Teoria da comunicação e comunicação não violenta� 1� ed� Curitiba: Contentus, 2020� [Biblioteca Virtual]� RODRIGUES, A� L� Psicologia da saúde hospitalar: abordagem psicossomática� 1� ed� Barueri: Manole, 2020� [Minha Biblioteca]� TANI, Z� R� Atendimento ao público� 1� ed� São Paulo: Érica, 2018� [Minha Biblioteca]� TELES, N� Atendimento inovador em saúde� 1� ed� Rio de Janeiro: DOC Content, 2016� [Biblioteca Virtual]� Introdução Mídias e Saúde Noções básicas de relações públicas Comunicação interna e pesquisa de opinião Relacionamento com a imprensa Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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