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AULA-9

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COMISSÃO 
O vocábulo comissão advém do latim comissione que traz a idéia de 
cometer, confiar ou encarregar a alguém uma incumbência, um encargo, 
uma encomenda, sendo que esse é realmente o primeiro sentido que o 
contrato nos fornece na definição legal. 
O contrato de comissão está previsto no artigo 693 do CC/2002, vejamos: 
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda 
de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente. 
Comissão é uma palavra igualmente utilizada para designar a 
remuneração devida pelo comitente ao comissário quando este último 
obtém êxito nos negócios de aquisição ou venda feito em seu nome, mas 
no interesse empresarial do primeiro (comitente). De acordo com posições 
doutrinárias a comissão pode ser entendida como a remuneração a que 
faz jus o comissário pelos trabalhos realizados. A nomenclatura comissão, 
encontra espeque no artigo 707 do CC/2002 que preconiza que: “O crédito 
do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio geral, 
no caso de falência ou insolvência do comitente”. 
O restrito objeto do contrato de comissão é destacado pelo artigo 694 do 
CC/2002 e se limita a atos de interposição realizados onerosamente com 
terceiros pelo comissário em seu nome e no interesse do comitente no 
tocante a venda ou aquisição de bens, segundo o que vier a estabelecer 
o contrato. 
O contrato de comissão é um contrato bilateral, oneroso, comutativo, 
personalíssimo, informal e simplesmente consensual (vide conteúdo das 
aulas anteriores sobre a classificação dos contratos). 
No que cinge as obrigações básicas do comissário na relação contratual 
cita-se os artigos 695 e 696 do CC/2002: 
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Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as 
ordens e instruções do comitente, devendo, na falta destas, não 
podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos 
semelhantes. 
Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se 
deles houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no caso 
em que, não admitindo demora a realização do negócio, o comissário 
agiu de acordo com os usos. 
Art. 696. No desempenho das suas incumbências o comissário é 
obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer 
prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que 
razoavelmente se podia esperar do negócio. 
Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo motivo de força 
maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao 
comitente. 
Quanto as obrigações do comitente destaca-se o artigo 675 (parte final) 
previsto no capítulo do contrato de mandato e artigo 709 do CC/2002: 
Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações 
contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e 
adiantar a importância das despesas necessárias à execução 
dele, quando o mandatário lhe pedir. (Grifamos). 
 Art. 709. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre 
mandato. 
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
O contrato de agência e distribuição disciplinado nos artigos 710 a 721 do 
CC/2002 já havia recebido a devida regulamentação pela Lei nº 4.886/65, 
modificada pela Lei nº 8.420/92 com a denominação de representação 
comercial. 
De acordo a com a interpretação das bases legais que recaem sobre o 
instituto poder-se-ia dizer que haverá contrato de agência quando o 
agente, mediante remuneração denominada comissão, se obriga perante 
o proponente a promover, de forma habitual e profissional, sem 
subordinação, a mediação para a realização em determinada zona ou 
praça de negócios jurídicos de interesse deste (proponente), pois ligado à 
sua atividade empresarial. 
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No caso da agência e distribuição, tanto o agente quanto o distribuidor 
operam, ordinariamente, em favor do proponente e sem a necessidade da 
outorga de poderes de representação típicos do mandato. Diferenciam-se 
apenas na circunstância de que o agente não se obriga a realizar a 
denominada pronta-entrega, restringindo a sua atuação na atividade de 
intermediação entre o proponente e terceiro que pretende perceber seus 
produtos ou serviços. Já o distribuidor, além do agenciamento de 
propostas, deverá entregar o produto vendido, negociado. 
Noutras palavras, enquanto o agente tira o pedido e o encaminha para que 
o proponente realize a venda e providencie a tradição da coisa, o 
distribuidor, além de mediar a relação comercial, assumirá também a 
obrigação de entregar o bem alienado, uma vez que o traz em seu poder 
como se pode verificar na parte final do artigo 710 do CC/2002. 
O objeto deste contrato é o agenciamento de propostas ou pedidos que 
serão transmitidos ao proponente, com vistas a potencializar a atividade 
econômica de venda de produtos ou prestação de serviços que depende 
para o seu sucesso da captação de clientela. 
Pela classificação doutrinária, se trata de um contrato bilateral, oneroso, 
comutativo, impessoal, informal, não solene, simplesmente consensual e 
de caráter duradouro (vide conteúdo das aulas anteriores sobre a 
classificação dos contratos). 
Quanto as obrigações, tem-se que figurará como as do agente: a) 
promover a realização dos negócios; b) dever de diligência no encargo; c) 
arcar com as despesas (artigo 713 do CC/2002). As do proponente: a) 
honrar com os pedidos ou propostas encaminhadas pelo agente dentro de 
sua zona de atuação; b) respeitar a exclusividade do agente em sua zona 
de atuação (artigo 711 do CC/2002); c) pagar a remuneração (artigo 714 
do CC/2002); d) indenizar o agente em caso de resilição sem justa causa 
ao contrato (artigo 718 do CC/2002). 
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CORRETAGEM 
Corretagem (artigo 722 e seguintes do CC/2002) é o ato pelo qual uma 
pessoa (dono de um negócio ou incumbente deste), contrata outra pessoa 
(corretor) que se obriga, conforme instruções recebidas, a procurar alguém 
interessado em realizar determinado negócio jurídico. Assim, tem-se a 
figura do corretor como sujeito que buscará interessados a realizar 
determinado negócio jurídico. 
Neste tipo de contrato, pouco vai interessar se o dono do negócio pretende 
comprar, vender, permutar, locar, tomar ou prestar algum serviço, de modo 
que o corretor deverá, com sua experiência, conhecimento e informação, 
buscar na sociedade quem possa se interessar em contratar com a sua 
contraparte no contrato de corretagem. Do êxito dessa busca depende a 
sua remuneração, fixada, não raro, em percentual razoável sobre o valor 
do contrato realizado. Exemplo clássico: nos contratos de locação de bens 
imóveis, pela boa e costumeira prática comercial, o pagamento do primeiro 
mês de aluguel fica como sendo a remuneração do corretor que promove 
a negociação entre o dono do bem e o pretenso locatário. 
No que cinge ao objeto, tem-se manifestação doutrinária que assegura 
que o objeto da corretagem seria o resultado útil da prestação com a 
concretização do negócio nos moldes pretendidos pelo incumbente, pouco 
importando a dedicação do corretor (percebe-se dessa forma um objetivo 
tanto quanto de cunho finalístico, de resultado). 
Se trata de contrato bilateral, oneroso, aleatório, impessoal, informal e 
simplesmente consensual (vide conteúdo das aulas anteriores sobre a 
classificação dos contratos). 
Quanto as obrigações, tem-se que figurará como as do corretor: a) 
diligência: o corretor deve dispensar seus melhores esforços para 
conseguir a negociação em favor do dono do negócio ou do bem; b) 
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prudência: o corretor deve agir de forma cautelosa evitando qualquer fonte 
de erro ou dano; c) informação: o corretor deve agir sempre com claridez 
nas informações para aquele em que lhe confiou o negócio; d) obrigação 
para com terceiros: o corretor é obrigado perante terceiros com lealdade e 
transparência em relação ao negócio que oferece. As do incumbente: a)pagar a comissão da corretagem (artigo 725 do CC/2002); b) colaborar 
com o resultado útil da intermediação. 
TRANSPORTE 
O artigo 730 do CC/2002 define o contrato de transporte como aquele em 
que uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar 
para outro, pessoas ou coisas. Vale destacar que o transporte, se figura 
como um direito social insculpido no artigo 6º da CF/88, o que traz a idéia 
de relevante função social deste contrato. 
Neste caso, o transportador deve, mediante paga, providenciar o 
transporte da pessoa ou da coisa. No primeiro caso, o credor dessa 
prestação é chamado de passageiro e no segundo há que se reconhecer 
a existência da parte que expede a mercadoria (expedidor ou remetente). 
Pela conceituação do contrato se traz a percepção de que o objeto do 
transporte é exatamente o cumprimento da prestação assumida pelo 
transportador de deslocar a pessoa ou a coisa de determinado ponto 
espacial para outro. A obrigação do transportador é de resultado ou de fim, 
apenas ocorrendo o adimplemento por parte do transportador se a pessoa 
ou mercadoria transportada chegar ao seu destino segura, incólume, 
conforme roteiro de partida e chegada previamente estabelecido. 
No que a classificação, tem-se que o contrato de transporte é um contrato 
bilateral, oneroso, comutativo, impessoal, informal, simplesmente 
consensual e de adesão (vide conteúdo das aulas anteriores sobre a 
classificação dos contratos). 
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Observação interessante quanto a responsabilidade civil no transporte de 
cortesia, a famosa “carona”! 
Quando a este tema, a súmula nº 145 do STJ preconiza que: 
Súmula 145: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o 
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao 
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. 
Pois bem, pela leitura do verbete sumular acima, extrai-se a certeza de 
que acaso o transportador que venha a oferecer a carona a um eventual 
transportado, se acaso o primeiro vier a recair em conduta dolosa ou de 
culpa grave que venha a proporcionar danos ao transportado, este terá 
direito de requerer a reparabilidade civil pelos supostos danos que vier a 
amargar (vide artigos 186 c/c 927 do CC/2002). 
SEGURO 
Pela conceituação doutrinária, o contrato de seguro é aquele em que uma 
companhia seguradora assume a obrigação perante o segurado, mediante 
o pagamento de um prêmio, de garantir o legítimo interesse segurável com 
relação a dano ocorrido a uma segurada ou dizendo respeito a uma 
pessoa, na forma prevista na apólice. Sua previsão está contida no artigo 
757 e seguintes do CC/2002. 
Pelas particularidades do contrato, identifica-se elementos subjetivos do 
contrato como sendo o segurador, o segurado, o estipulante e o 
beneficiário. Quanto aos elementos objetivos ter-se-á o risco e o prêmio. 
Vejamos de forma um pouco mais esmiuçada referidas figuras subjetivas 
e objetivas. 
Segurador: pessoa jurídica devidamente autorizada pelo Poder Executivo 
Federal a garantir os interesses legítimos do segurado no tocante ao 
recebimento da indenização ou do capital segurado em caso de sinistro, 
conforme se trate de seguro de dano ou de pessoa, respectivamente. 
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Segurado: pessoa natural ou jurídica que repassa para a companhia 
seguradora o ônus financeiro da ocorrência de determinado risco de dano, 
cuja cobertura conste expressamente no contrato por ele estabelecido ou 
pelo estipulante em seu favor. 
Estipulante: o seguro pode ser contratado por um estipulante em favor do 
segurado, possuindo a natureza jurídica de estipulação em favor de 
terceiros, com as especificidades do modelo securitário adotado. Como 
tal, tanto o estipulante como o terceiro beneficiário do seguro podem exigir 
o cumprimento da obrigação garantida pelo segurador (artigo 436 do 
CC/2002). 
Beneficiário: a figura do beneficiário se confunde com a do segurado. Em 
um seguro contra furto ou roubo de automóvel, em caso de sinistro, o 
segurado será o próprio beneficiário da indenização. Contudo, justifica-se 
a referência do beneficiário em razão da possibilidade de alguém fazer um 
seguro em favor de outrem como acontece no seguro de vida em que o 
segurado elege alguém como beneficiário seu em caso de morte, 
possuindo assim natureza de estipulação em favor de terceiro. 
Risco: é o elemento objetivo mais marcante no seguro, pois o receio de 
que ocorra um evento futuro e incerto causador de dano é o que configura 
a causa da contratação sob o ponto de vista do segurado. 
Prêmio: se trata da contraprestação pecuniária paga pelo segurado ou 
pelo estipulante a seguradora a fim de que esta assuma o risco de garantir 
o interesse segurado. Contudo, cumpre destacar que a importância do 
prêmio não se restringe à remuneração da seguradora, pois é a sua 
arrecadação que torna possível a criação de um fundo econômico apto a 
prestar garantia a todos os segurados, indenizando-os em caso de 
ocorrência de sinistro. 
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Importante também se faz destacar na seara do contrato de seguro sobre 
o princípio do mutualismo, eis que funciona como norma básica ou alicerce 
de todo direito securitário, suprindo lacunas, orientando condutas, 
influenciando a criação de outras normas, assim como serve de 
fundamento para decisões judiciais. A segurança jurídica e econômica do 
sistema securitário está vinculada ao esforço mútuo de todos os 
segurados na formação de um fundo financeiro sólido para cobrir os gastos 
que possam vir a serem suportados pela seguradora. Desse fundo é que 
serão sacadas as verbas necessárias para pagar os segurados ou 
beneficiários que eventualmente venham a ser vitimados por algum 
sinistro. Noutras palavras, o princípio do mutualismo é que dará corpo a 
“poupança da seguradora” para reparabilidade pecuniária em caso de 
sinistros dos segurados. 
Quanto a classificação o seguro é um contrato bilateral, oneroso, 
comutativo, informal, simplesmente consensual e de adesão (vide 
conteúdo das aulas anteriores sobre a classificação dos contratos). 
Quanto as obrigações, tem-se que figurará como as do segurado: a) 
pagar o prêmio; b) agir de boa-fé nas declarações feitas à seguradora na 
proposta; c) não agravar intencionalmente o risco coberto; d) comunicar 
com brevidade a ocorrência do sinistro; e) assumir franquia se estiver 
prevista no contrato; f) informar ao segurador eventual pretensão de obter 
novo seguro sobre mesmo interesse. As do segurador: a) pagar a 
indenização em caso de seguro de dano ou capital segurado no seguro de 
pessoa; b) arcar com despesas de salvamento (minorar as consequências 
do dano); c) não expedir apólice se sabe da inexistência atual do risco (eis 
que neste caso o contrato não teria objeto “risco”). 
CONSTITUIÇÃO DE RENDA 
A constituição de renda é um negócio jurídico que se encontra em absoluto 
declínio no atual estágio da economia dos contratos. Contudo, muito 
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embora seja um instrumento contratual em desuso na sociedade 
contemporânea, se trata de figura contratual típica prevista na legislação 
civil no artigo 803 e seguintes do CC/2002. 
Pode-se conceituá-lo como um negócio jurídico bilateral pelo qual o 
rendeiro (censuário) se obriga a, periodicamente, entregar determinada 
renda ao instituidor (censuísta) ou a algum beneficiário por ele indicado. 
O elemento objetivo neste caso é a renda a ser transferida em favor do 
instituidor ou de terceiro. Os elementos subjetivos são o censuário que 
está obrigado a realizar os pagamentos acordados e o censuísta a quem 
se confere o direito de receber uma renda ou censo. Poderá estabelecer 
o contrato que a renda seja destinada a alguém designado pelo censuísta. 
Na relação jurídica estabelecida, o primeiro tem o dever jurídico de realizar 
a prestação e o segundo o direito subjetivo de exigi-la para si ou para 
outrem. 
JOGO E APOSTA 
O jogo e a apostaconsistem em fatos que acompanham a humanidade há 
muito tempo. Alguns tolerados, outros proibidos, outros incentivados e 
regulados pelo Poder Público, o fato é que os jogos e as apostas são 
realidades sociais a que o direito não poderia deixar de reconhecer e 
positivar. 
No jogo e na aposta tem-se que duas ou mais pessoas entabulam um 
negócio jurídico, obrigando-se a uma prestação futura e incerta de 
conteúdo patrimonial. São tratados como contratos típicos (artigos 814 a 
817 do CC/2002) pelos quais as partes se obrigam a pagar certa quantia 
em dinheiro ou entregar determinado bem, acaso algum acontecimento 
imprevisível sobrevenha, estando o ganho ou perda dos contratantes 
entregues, portanto, puramente ao acaso ou à sorte, assim como 
situações outras em que o resultado, conquanto imprevisível, fique 
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entregue às capacidades físicas ou intelectuais daquele que joga ou 
aposta. 
A doutrina faz uma distinção entre o jogo e a aposta! 
No caso do jogo os competidores contribuem com pratica de atos seus 
para o êxito almejado, o qual, embora sempre aleatório, pode depender 
também da habilidade ou dos cálculos dos participantes. Exemplo: uma 
rodada de jogo de cartas, uma parida de xadrez, uma disputa de tiro ao 
alvo, ou seja, a famosa “jogatina”! 
Lado outro, na aposta, o sucesso ou êxito não dependerá da atividade, 
pratica de atos ou perícia dos participantes da relação. Exemplo: vai 
ocorrer quando os contratantes acertarem que o vencedor será aquele, 
cuja opinião acaba prevalecendo quanto ao resultado de alguma 
ocorrência natural ou da atuação de terceiros (resultado de uma partida de 
futebol). 
Sobre a classificação o jogo e aposta se caracterizam por serem contratos 
bilaterais, onerosos, aleatórios, informais, não solenes, típicos e 
simplesmente consensuais. 
Observação! Dívida de jogo e aposta pode ensejar obrigação civil? Bom, 
a questão envolve algumas particularidades, senão vejamos! 
Há jogos e apostas que configuram ilícito penal (jogos proibidos) em que 
o contrato é nulo e isento de efeitos. Há também aqueles que o Estado 
autoriza e regulamenta a atividade como sucede com as loterias federais 
e corridas de cavalo em hipódromos, a exemplo, cuja obrigação é de 
natureza civil, isto é, judicialmente exigível (jogos autorizados). Há por fim 
os jogos que não são proibidos nem regulamentados que geram obrigação 
natural para o perdedor (jogos tolerados). Sobre o tema aplica-se a 
redação do artigo 882 do CC/2002. 
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Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida 
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. 
FIANÇA 
Pela redação do artigo 818 do CC/2002 tem-se que pelo contrato de 
fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida 
pelo devedor, caso este não a cumpra. Traz-se a idéia de que o fiador 
promete ao credor adimplir a obrigação pelo devedor principal, 
responsabilizando-se assim por ele. 
Neste caso poderia se visualizar um tripe: a) o credor (que é o titular do 
direito subjetivo à prestação); b) fiador (que é o que garante o cumprimento 
da obrigação); c) afiançado (que é o devedor que tem relação contratual 
principal apenas com seu credor). 
Dessa forma, poder-se-ia conceituar a fiança como sendo um contrato 
acessório pelo qual um terceiro denominado fiador assume perante o 
credor o cumprimento da prestação que restou inadimplida pelo devedor. 
O objeto da fiança é, portanto, a garantia pessoal pelo fiador ao credor 
diante do eventual descumprimento da obrigação devida pelo devedor 
contratante. 
Classifica-se como contrato unilateral, gratuito, formal, não solene, 
acessório, simplesmente consensual e personalíssimo (vide conteúdo das 
aulas anteriores sobre a classificação dos contratos). 
TRANSAÇÃO 
Sobre a transação dispõe o artigo 840 do CC/2002 que é lícito aos 
interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões 
mútuas. Noutras palavras, se trata de famoso “acordo” entre as partes que 
integram a relação jurídica entre si. Exemplo: a parte A entende ser 
merecedora de reparação avaliada em R$4.000,00, enquanto B entende 
que o correto seria R$2.000,00. Diante disso, face a possibilidade da 
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transação, as partes podem chegar em um consenso no sentido de 
transacionar no sentido de entabular que a reparação ficaria avaliada na 
monta de R$3.000,00. A transação pode ser bem visualizada em acordos 
judiciais ou nas câmaras de arbitragem por exemplo. 
A transação se personifica como um contrato bilateral, haja vista que gera 
obrigações para ambos os transatores. Comutativo, pois com 
equivalência, as partes, sabem de antemão as vantagens e desvantagens 
da avença. Oneroso em razão das recíprocas concessões que são feitas. 
Simplesmente consensual, na medida em que se forma com o simples 
consenso, não se integrando o seu tipo a tradição de qualquer objeto. 
No que tange ao objeto, somente podem ser objeto de transação os 
direitos patrimoniais de caráter privado, conforme previsão do artigo 841 
do CC/2002, pois apenas estes se apresentam como disponíveis e na 
essência do contrato está exatamente a possiblidade de fazer concessões 
recíprocas. 
Quanto a possibilidade de anulabilidade e nulidade observe-se as regras 
contidas nos artigos 849 e 850 do CC/2002: 
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial 
quanto à pessoa ou coisa controversa. 
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito 
das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. 
 Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença 
passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, 
ou quando, por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum 
deles tinha direito sobre o objeto da transação. 
Percebam assim a diferença dos efeitos da anulabilidade e da nulidade 
conforme as previsões contidas no CC/2002.

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