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Conceito: termo utilizado para o uso terapêutico do gás oxigênio suplementar e consiste na administração de oxigênio acima da concentração do gás ambiental normal ao nível do mar. Objetivo: corrigir a hipoxemia (diminuição do oxigênio no sangue), pela otimização da oferta de oxigênio e, consequentemente, manter a oxigenação tecidual adequada. Como ocorre o transporte de oxigênio na corrente sanguínea? O oxigênio se dissolve no plasma, mas como é pouco solúvel, é transportada no sangue ligado à hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina possui quatro sítios de ligação para o O2 e a ocupação total ou parcial desses sítios depende da concentração de O2 sanguínea. Lembre-se que nem todo sangue arterial é oxigenado. Oxigenoterapia A saturação arterial de oxigênio (SatO2) indica a porcentagem de hemoglobina saturada com oxigênio no momento da medição A paO2 é um parâmetro fundamental para avaliar as trocas gasosas pulmonares e é obtida pela gasometria, ou seja, é a pressão parcial de O2 dissolvida no sangue arterial. A medição de Oxigênio é feita através da saturação de oxigênio (SO2) da hemoglobina e da pressão parcial de O2 (paO2). Alterações da relação ventilação-perfusão (V/Q) – comprometimentos da troca gasosa que ocorrem em casos de pneumonia, atelectasias, shunt pulmonar, edema agudo pulmonar e tromboembolismo pulmonar; Hipoventilação alveolar – consequentes de alterações do sistema nervoso central, fraqueza/fadiga muscular respiratória, deformidades da caixa torácica, padrões respiratórios restritivos e/ou obstrutivos originados de qualquer natureza Distúrbios de difusão – espessamento ou perda da superfície da membrana alvéolo capilar (doença pulmonar fibrótica). Situações de baixo débito cardíaco; Choque circulatório; Alterações ou queda da hemoglobina; Regiões de grande altitude em que ocorre redução da quantidade de O2 ofertada; Envenenamentos (cianeto). Indicação de oxigenoterapia As principais causas de origem respiratória da hipoxemia são: As principais causas de origem não respiratória de hipoxemia são: Recomendações Gerais Recomendações 01 - limite superior Recomendações 02 - limite inferior (90-92%) Recomendações 03 - limite inferior (>92%) 92 a 96% - indivíduos saudáveis 88 a 92% - indivíduos com comprometimento/doença respiratória Nos sistemas de baixo fluxo, o O2 é fornecido diretamente para as vias aéreas; Concentrações que variam de 24 a 40%, com fluxo de 1 a 6L/min; O fluxo inspiratório do indivíduo normalmente se sobrepõe ao valor fornecido, o O2 ofertado; A fração inspirada de O2 (FiO2) é baixa e variável. Saturação Alvo Qual tipo de O2 usar A escolha de cada método da oxigenoterapia depende da dose de O2 necessária, considerando-se, também, o conforto e a aceitação do paciente. SISTEMAS DE BAIXO FLUXO Dispositivos tubulares de pequeno calibre, geralmente confeccionados em plástico descartável, com dois orifícios que se projetam em direção às narinas, podendo ou não dispor de prongs nasais (pontas) em torno de 1cm de comprimento. As pontas são inseridas diretamente nas narinas e a extremidade do tubo conectada ao fluxômetro ou a um umidificador do gás. Cânula nasal de oxigênio ou cateter de oxigênio tipo óculos Para calcular a FiO2 estimada, fornecida pelas cânulas e cateteres segue a seguinte fórmula: Fio2 = 20 + (4 x fluxo O2) As máscaras faciais de nebulização são confeccionadas em material transparente, para que se possa visualizar possível regurgitação. São maleáveis para boa adaptação à face, evitando-se vazamentos de ar. A oferta de FiO2 é de 35 a 50%, com fluxos de a 5 a 15L/min. Macronebulização continua Os sistemas com reservatório são dispositivos que apresentam sistema de armazenamento de O2 em reservatórios interligados à interface, pelos quais o O2 é liberado de acordo com as inspirações do paciente. Oferecem maior concentração de O2, quando comparados ao sistema de baixo fluxo; Máscara com reinalação parcial (poupa fluxo) – possui uma válvula que direciona o O2 para o reservatório juntamente com o CO2 expirado, que escapa à medida que o reservatório é preenchido com O2, fornece concentração de O2 de 35–60%, com um fluxo de 6-10L/min, e pode levar à retenção de CO2; Máscara com reservatório de não reinalação – impede que o ar expirado seja reinalado por meio de uma válvula unidirecional, localizada na parte superior do reservatório, e por outra válvula exalatória, localizada no corpo da máscara, que direciona o ar exalado para o lado externo; apresenta concentração de O2 de 80-95%, com fluxo de 10–15L/min. É indicada para pacientes críticos; A importância da válvula é impedir a volta do ar que foi exalado. Sistemas com reservatório - Não inalante → com membrana - Semi inalante ou inalação parcial → sem membrana Obs: não se usa com fluxo menor que 7, pois a inalação ocorre a partir que a bolsa (reservatório) enche. O fluxo de O2 é elevado, e esses dispositivos misturam ar ambiente e O2 para atingir a concentração adequada, com sistemas de arrastamento de ar ou misturadores. Utiliza orifícios de tamanhos diferentes, com fluxos de O2 variáveis para ajuste da FiO2 fixa. É um sistema baseado no princípio de Venturi, que conduz alto fluxo de O2 por orifícios de calibres variáveis, ou seja, quanto menor o orifício, maior o jato de entrada de ar e, consequentemente, maior a FiO2. SISTEMA DE ALTO FLUXO Arrastamento de ar (sistema de Venturi) Sistema de baixo fluxo Sistema de alto fluxo Gasometria arterial – fornece o valor da PaO2, também a avaliação do pH sanguíneo, equilíbrio ácido-base (valores da PaCO2 e bicarbonato de sódio plasmático). É constantemente realizada em pacientes submetidos à ventilação mecânica. Índice de oxigenação – relação entre a PaO2 e a FiO2 (PaO2/FiO2). Considerada adequada quando acima de 400 e anormal quando inferior a 300 e gravemente comprometida quando menor do que 200. Cálculo da FiO2 ideal – pode minimizar o risco de hiperóxia. É uma medida realizada de acordo com a PaO2 adequada para a idade do paciente. PaO2 ideal = 109 - (0,43 x idade). Contudo, calcula-se a FiO2 ideal = (FiO2 conhecida x PaO2 ideal) / PaO2. Oximetria de pulso – avaliação não invasiva à beira do leito para todos os pacientes submetidos à oxigenoterapia. O recomendado é manter valores de saturação de pulso de oxigênio (SpO2) acima de 90% em pacientes adultos, levando em consideração a fisiopatologia de cada doença. Avaliação Do Paciente Em Uso De Oxigênio Aumento do estresse oxidativo; Redução do fluxo sanguíneo coronário; Consumo de O2 do miocárdio resultante de vasoconstrição induzida pela hiperóxia na vasculatura cerebral, coronária e sistêmica. Depressão respiratória pela remoção do estímulo de hipóxia (em pacientes retentores de CO2 crônicos); Ressecamento das mucosas; Formação insuficiente de surfactante pelos pneumócitos tipo II; Dano funcional ao mecanismo mucociliar; Lesões decorrentes da liberação de radicais livres. A umidificação não é obrigatória para alguns dispositivos de baixo fluxo, como a cânula nasal de O2, porém pode reduzir o desconforto pelo ressecamento da mucosa. Entretanto, quando se refere a pacientes traqueostomizados, a umidificação do gás inspirado é essencial, mesmo com taxas de baixo fluxo, pois tais pacientes estão em alto risco de formação de “rolhas” de secreção. Dependendo do fluxo do O2 e da tendência à produção de secreção pulmonar espessa, esses pacientes podem se beneficiar de O2 aquecido, além de umidificado. Efeitos deletérios do O2 Umidificação Indicação de leitura: Siemieniuk RAC, Chu DK, Kim LH, Güell-Rous MR, Alhazzani W, Soccal PM, Karanicolas PJ, Farhoumand PD, Siemieniuk JLK, Satia I, Irusen EM, Refaat MM, Mikita JS, Smith M, Cohen DN, Vandvik PO, Agoritsas T, Lytvyn L, Guyatt GH. Oxygen therapy for acutely ill medical patients: a clinical practice guideline. BMJ. 2018 Oct 24;363:k4169. doi: 10.1136/bmj.k4169. PMID:30355567. Resumo produzido a partir de aulas do curso Aline Barbosa da Costa 9° período Bacharelado em Fisioterapia