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GESTÃO DE RISCOS NO SETOR PÚBLICO MUNICIPAL UNIDADE 1 1 GESTÃO DE RISCOS NO SETOR PÚBLICO MUNICIPAL – UNIDADE I Desde o advento da Constituição Federal de 1988, e com a rápida evolução social em nosso país, a Gestão Pública vem exigindo cada vez mais conhecimento específico dos servidores e gestores públicos, haja vista que as modificações ocorrem permanentemente, criando regras próprias e exclusivas de funcionamento da máquina estatal. As demandas por conhecimento, padrões e sistemas preventivos, caminha a largos passos, em busca da melhora dos serviços públicos, da diminuição das irregularidades e na redução do altíssimo índice de responsabilização dos agentes públicos e terceiros que se envolvem com o setor público. Normas complexas e o descontrole, são os principais culpados pelo preocupante cenário governamental. Por isto, recentemente têm surgido formas e meios (novos ou não) para cuidar dos pontos primordiais de controle, integridade e ética. Assim, esse tema é inovação muito bem-vinda, por indicar papel preponderante na missão de orientar, corrigir distorções, defender interesses e direitos do governo local, combatendo atos e ações que possam gerar prejuízos e responsabilizações. Gerenciamento de riscos é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos humanos e materiais de uma organização, no sentido de minimizar ou aproveitar os riscos e incertezas sobre essa organização. 2 ÍNDICE TÓPICOS PÁGINA 1. GOVERNANÇA E GESTÃO MUNICIPAL 3 1.1 Funções de Governança E Gestão 6 1.2 A Gestão Municipal 7 1.3 Questão Social 11 1.4 Políticas Públicas e Sustentabilidade 12 1.5 Ciclo das Políticas Públicas 13 1.6 Sustentabilidade 15 2. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 18 3. NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL 30 3.1 Do Regimento Interno 30 3.2 Força Vinculante Interna Corporis 32 3.3 Aplicação Supletiva do CP E CPC 32 3.4 Liberdade Regulamentar Local 33 3.5 Obediência Simétrica Constitucional 33 3.6 A Interferência do Poder Judiciário 34 3.7 Legislação Municipal Básica 35 3.8 Hierarquia das Leis (Ordem De Importância) 36 3.9 Atos Legislativos 41 3.10 Projetos Legislativos Municipais 42 3.11 Fluxograma Exemplificativo do Processo Legislativo 43 3.12 Proposições Legislativas 43 3.13 Diferenças e Objetivos Dessas Proposições 44 4. COMPLIANCE: CONCEITO, EVOLUÇÃO E IMPLANTAÇÃO 49 4.1 Implantação de Um Programa de Compliance 59 5. ÉTICA ADMINISTRATIVA: EXIGÊNCIA IMPRESCINDÍVEL 64 6. TRANSPARÊNCIA PÚBLICA E SUAS NUANCES 80 7. CONTROLE INTERNO, CONTROLE EXTERNO E CONTROLE SOCIAL 87 7.1 Principais Motivos da Não Implantação Do Controle Interno Nas Entidades Públicas 90 7.2 Garantias Básicas Para o Pleno Funcionamento do Controle Interno 91 7.3 Normas de Conduta de Controle Interno 92 7.4 Exercício do Controle Interno 92 7.5 Sistema de Controle Interno 93 7.6 Atividades de Apoio Ao Controle Externo 96 7.7 Controle Social 97 8. BIBLIOGRAFIA 99 3 1. GOVERNANÇA E GESTÃO MUNICIPAL No que se refere ao setor público, a governança começou a ser discutida com a crise fiscal dos anos 1980 que exigiu um novo arranjo político e econômico com a intenção de tornar o Estado mais eficiente. Nesse contexto oportunizou o debate sobre a governança na esfera pública e resultou no estabelecimento de princípios básicos que norteiam as práticas de governança nas organizações públicas nas esferas federal, estadual e municipal: transparência, integridade e prestação de contas (IFAC, 2001). Com o passar dos anos uma série de estudos internacionais sobre a boa governança no setor público foram publicados que reafirmaram os três princípios inicialmente preconizados pelo International Federation of Accountants (IFAC) e acrescentaram outros três: liderança, compromisso e integração. Já o Decreto Nº. 9.203, de 22 de novembro de 2017, define em seu Art. º os seguintes princípios da governança pública: I. capacidade de resposta; II. integridade; III. confiabilidade; IV. melhoria regulatória; V. prestação de contas e responsabilidade; VI. transparência Ainda, para melhor atender aos interesses da sociedade é fundamental garantir um comportamento ético, responsável, comprometido e transparente de liderança; reprimir a corrupção; implementar efetivamente um código de conduta e de valores éticos, garantir a adesão das organizações às regulamentações, normas e padrões; garantir a transparência, equilibrar interesses e envolver cada vez mais os stakeholders (cidadãos, usuários dos serviços, iniciativa privada). Assim, podemos entender que uma boa governança no setor público permite: Garantir a entrega de benefícios econômicos, sociais e ambientais para os cidadãos; Garantir que a organização tenha credibilidade e responsabilidade para com os cidadãos; Ter clareza de quais são os serviços prestados para cidadãos e usuários; Proporcionar transparência, mantendo a sociedade informada acerca das decisões tomadas e dos problemas envolvidos; Dispor e utilizar informações de qualidade e mecanismos sólidos de apoio a tomada de decisões; 4 Dialogar, compartilhar e prestar contas à sociedade; Garantir a qualidade e continuidade dos serviços públicos prestados; Promover o desenvolvimento contínuo dos líderes e dos colaboradores; Definir claramente os processos, responsabilidades, limites de poder e de autoridade; Selecionar a liderança tendo por base critérios como conhecimento, habilidades, competências e atitudes individuais; Avaliar o desempenho da organização, da liderança e dos colaboradores; Garantir a existência de uma gestão de riscos concreta; Utilizar-se de controles internos para manter a gestão adequada; Controlar as finanças de forma responsável; Fornecer aos cidadãos dados e informações confiáveis, tempestivas, relevantes e compreensíveis. AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf No Brasil, diversas leis e decretos foram publicados para institucionalizar direta ou indiretamente condições de governança. A Constituição Federal de 1988 estabelece, no caput do art. 1º, que “a República Federativa do Brasil […] constitui-se em Estado Democrático de Direito”. Em relação a governança, isso quer dizer que o cidadão tem poder para escolher seus representantes e que o poder emana do povo e por isso, não está concentrado apenas no governo. Ainda na Constituição de 1988 em seus Art. 5º foi fixado direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, com vistas a criar as condições básicas necessárias à governança do Estado. A Assembleia Nacional Constituinte de 1988 também organizou político administrativamente a República Federativa do Brasil, que compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos. Além da Constituição de 1988, outros instrumentos surgiram para fortalecer a governança pública. Podemos destacar: o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto 1.171, de 22 de junho de 1994), a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000), o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) instituído em 2005 e revisado em 2009 e em 2013. A Lei 12.813, de 16 de maio de 2013, que dispõe sobre o conflito de interesse no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo Federal; os instrumentos de http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf 5 transparência, como a Lei de Acesso à informação (Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011), que asseguram o direito fundamental de acesso à informação e facilitam o monitoramento e controlede atos e condutas da administração pública e o recente e já citado Decreto 9.203, de 22 de novembro de 2017 que dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Apesar do avanço que esses instrumentos significam para a melhoria da capacidade de governança do setor público e gestão do Estado brasileiro, é preciso reconhecer que para atender a constantes demandas econômicas, sociais e ambientais é necessário fortalecer ainda mais os mecanismos de governança como forma de reduzir o distanciamento entre o Estado e os cidadãos. A sociedade deve exercer seu papel de principal interessado nos resultados do Estado, monitorando e propondo ações de interesses coletivos e, demandando novas estruturas de governança que possibilitem cada vez mais aprimorar isso de forma profissional, buscando o atendimento das expectativas da sociedade. Diante do exposto e como base em vários referenciais como artigos científicos, códigos, programas e guias de diversos países, podemos conceituar governança no setor público como sendo: Mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, visando a condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse e necessidades da sociedade. A governança assegura que os interesses dos administradores estejam alinhados aos interesses da comunidade. Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo corretamente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de contas e de controle. 6 1.1 FUNÇÕES DE GOVERNANÇA E GESTÃO Agora que já conhecemos o conceito de governança e como ela se aplica no setor público é importante sabermos diferencia-la do conceito e das funções da gestão. Governança associa-se com o processo de comunicação, análise e avaliação, liderança, tomada de decisão e direção, controle, monitoramento e prestação de contas, a Gestão, de forma complementar, refere-se ao funcionamento do dia a dia de programas e de ações no contexto de estratégias, políticas, processos e procedimentos que foram determinados pelo órgão, preocupando –se com a eficácia (cumprir ações priorizadas) e a eficiência (realizar as ações da melhor forma possível e com menos custos). A principal diferença entre os conceitos é que enquanto a governança provê direcionamento, monitora, supervisiona e avalia a atuação da gestão com vistas ao atendimento das necessidades e expectativas dos cidadãos, a gestão e demais stakeholders, a gestão é incorporada aos processos organizacionais, sendo responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pela execução dos recursos e poderes colocados à disposição para o alcance de seus objetivos. A gestão parte da premissa de que já existe um encaminhamento superior e que os mesmos devem ser executados da melhor forma possível em termos de eficiência. O quadro a seguir apresenta as principais funções da governança e da gestão: FUNÇÕES DA GOVERNANÇA FUNÇÕES DA GESTÃO Definir o planejamento estratégico Implementar programas; Supervisionar a gestão Garantir a conformidade com as regulamentações Envolver os stakeholders Revisar e reportar o progresso das ações Gerenciar riscos estratégicos Garantir a eficiência administrativa Gerenciar conflitos internos Manter a comunicação com os stakeholders Auditar e avaliar o sistema de gestão e controle Avaliar o desempenho e aprender Promover o accountability (prestação de contas e responsabilidade e a transparência) DESTAQUE: Diferente de Governança, Governabilidade é o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. Compreende a forma de governo, suas relações entre os poderes e o sistema partidário. Diz respeito a capacidade política de decidir e expressa a possibilidade em abstrato de realizar políticas públicas. 7 1.2 A GESTÃO MUNICIPAL A palavra município é derivada do francês municipalité e do latim municipium, antiga denominação romana. Significa um território dotado de personalidade jurídica, autônoma, constituída por órgãos políticos e administrativos e que podem se diferenciar em três tipos: urbanos – que são os municípios constituídos por território urbanizado; rurais – são os constituídos, por vários núcleos populacionais de pequenas dimensões e por território não urbanizado e, misto – municípios que compreendem quantidades tanto de território urbano como de território rural. No nosso país, o município é a menor unidade político-administrativa existente. Todo o território nacional é dividido em municípios, menos o Distrito Federal e o arquipélago de Fernando de Noronha, que é um distrito do estado de Pernambuco. Os municípios são formados pelo poder executivo (Prefeitura) e pelo poder legislativo (Câmara Municipal). A partir da Constituição de 1934, os municípios começaram a ter alguma autonomia, naquilo que respeitasse ao seu interesse peculiar, falou-se pela primeira vez em autonomia política, ou seja, eleições para Prefeitos e Vereadores; autonomia financeira (impostos, taxas e outras rendas) e autonomia administrativa (organização dos serviços públicos). Surgia assim a Gestão Municipal. Porém foi a partir do início da década de 90, que se ampliaram os estudos e a atenção sobre os municípios, notadamente no que se refere à gestão municipal. Com a promulgação da Constituição Federal, em 1988, os municípios adquiriram status de 'entes federativos' além de terem estendidas suas competências e estabelecidos os processos de descentralização de ações e do poder decisório. A descentralização possibilitou, aos municípios, acesso a maiores parcelas de recursos públicos, mas, ao mesmo tempo, a atuação direta foi expandida a áreas que antes eram de responsabilidade do governo estadual ou federal. Com as novas responsabilidades e atribuições específicas assumidas pelos municípios, aumentaram tanto as exigências de profissionalização da gestão municipal quanto a necessidade de instituição de controles democrático-populares da ação pública (CAIADO, 2003). Na administração pública municipal, mais do que no governo federal ou estadual, é que se tem influência direta no dia a dia das pessoas, as quais exigem mudanças constantes, e reivindicam o 8 aumento da qualidade dos serviços públicos oferecidos, como transporte urbano, coleta de lixo, manutenção de áreas públicas, saúde, educação, segurança, transparência, entre outros. Pode-se assim, entender que, essa exigência pelo aumento da qualidade de vida individual e coletiva, obriga os gestores a repensar os seus modelos e processos de gestão, a fim de aumentar a efetividade dos serviços públicos prestados. Observa-se também, a ampliação, o compartilhamento e a transferência para o âmbito do governo municipal de responsabilidades que antes estavam restritas a outras esferas de governo (REZENDE; CASTOR, 2006). A gestão de municípios é uma tarefa desafiadora. Vai além da necessidade de se conciliar os mais diversos interesses e de atingir resultados com grande complexidade de mensuração; implica na busca pelas melhores informações em tempo ágil e a utilização dessas informações de forma efetiva, alinhando-as, por fim, aos anseios dos cidadãos e aos processos controlados e efetivos (CASTELLS, 2000; PFEIFFER, 2000; REZENDE, 2005). O Município detém competências legislativas em três níveis: 1) exclusiva, a ser exercida na fórmula do “interesse local”, (art. 30, I, da CF); 2) suplementar, na forma de suprir os vazios e indeterminações da legislação federal e estadual no que couber, ou seja, naquilo que for compatível, o que significa dizer naquilo que a norma superior não regulou, sobretudo nos aspectos ligados às condições locais (art. 30, II, da CF); e 3) comum, na forma prevista na Constituição, que se pode realizar também por meio de cooperaçãotécnica, nos termos de lei complementar federal (art. 23). Como já foi dito, a parcela de competência que cabe ao Município, na distribuição feita pela Constituição, está consubstanciada nos atributos de sua autonomia e de sua condição como pessoa de direito público interno. No que diz respeito ao seu Governo, cabe aos eleitores eleger os seus responsáveis, ou seja, o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores. De forma geral podemos dizer que aos Municípios compete, enfim, prover a tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse e ao bem estar da sua população, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes atribuições: I - elaborar o seu orçamento anual, o plano plurianual de investimentos e a lei de diretrizes orçamentárias, no que observará a Lei Complementar nº 101/2000 e os prazos; II - instituir e arrecadar tributos; III - fixar, fiscalizar e cobrar preços; IV - dispor sobre a organização, a administração e a execução de seus serviços; 9 V - organizar os quadros de servidores e instituir o regime jurídico; VI - dispor sobre a administração e a utilização dos serviços públicos locais; VII - planejar o uso e a ocupação do solo em seu território, especialmente em sua zona urbana; VIII - estabelecer normas de construção, de loteamento, de arruamento e de zoneamento urbano, bem como as limitações urbanísticas convenientes à ordenação do seu território, respeitadas a legislação federal e estadual pertinentes, especialmente a Lei nº 10.257, de 10/07/01, conhecida como Estatuto da Cidade; IX - conceder licença para localização e funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais, prestadores de serviços e quaisquer outros, renovar a licença concedida e determinar o fechamento de estabelecimentos que funcionem irregularmente; X - estabelecer servidões administrativas necessárias aos seus serviços, inclusive aos dos seus concessionários; XI - regulamentar a utilização dos logradouros públicos e determinar o itinerário e os pontos de parada dos transportes coletivos; XII - fixar os locais de estacionamento de táxis e demais veículos; XIII - regulamentar, conceder, permitir ou autorizar os serviços de transporte coletivo e de táxis, fixando as respectivas tarifas; XIV - fixar e sinalizar as zonas de silêncio e de trânsito e tráfego em condições especiais; XV - disciplinar os serviços de carga e descarga e fixar a tonelagem máxima permitida a veículos que circulam em vias públicas municipais; XVI - tornar obrigatória a utilização da estação rodoviária, quando houver; XVII - sinalizar as vias urbanas e as estradas municipais, bem como regulamentar e fiscalizar sua utilização; XVIII - realizar, direta ou indiretamente, a limpeza de vias e logradouros públicos, a remoção e o destino do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer natureza; XIX - ordenar as atividades urbanas, fixando condições e horários para funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, observadas as normas federais pertinentes; XX - dispor sobre os serviços funerários e de cemitérios; XXI - regulamentar, licenciar, permitir, autorizar e fiscalizar a afixação de cartazes e anúncios, bem como a utilização de quaisquer outros meios de publicidade e propaganda, exercendo o seu poder de polícia administrativa; 10 XXII - cassar a licença que houver concedido, quanto a estabelecimento que se tornar prejudicial à saúde, à higiene, ao sossego, à segurança ou aos bons costumes, fazendo cessar a atividade ou determinando o fechamento do estabelecimento; XXIII - organizar e manter os serviços de fiscalização necessários ao exercício do seu poder de polícia administrativa; XXIV - dispor sobre o depósito e a venda de animais e mercadorias apreendidos em decorrência de transgressão de legislação municipal; XXV - estabelecer e impor penalidades por infração de suas leis e regulamentos; XXVI - promover, entre outros, os seguintes serviços: a) mercados, feiras e matadouros; b) construção e conservação de estradas e caminhos municipais; c) transportes coletivos estritamente municipais; d) iluminação pública; XXVII - assegurar a expedição de certidões requeridas às repartições administrativas municipais, para defesa de direitos e esclarecimento de situações, estabelecendo os prazos de atendimento; XXVIII - instituir a Guarda Municipal destinada à proteção de seus bens, serviços e instalações. A gestão municipal, tem se voltado para as questões relacionadas ao desenvolvimento local, contudo, cabe ainda aos agentes municipais, a gestão de outros temas complexos e importantes que versão sobre a sociedade: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento urbano, desenvolvimento sustentável, gestão democrática, participação popular e controle social, gestão dos serviços públicos, entre outros. É importante, no entanto, que as ações municipais não sejam pensadas de forma isolada, e sim através de programa que contemple medidas para superar os diversos entraves existentes no âmbito local. 11 Após conhecer um pouco sobre a gestão municipal, é importante entender sobre a importância da necessidade do fortalecimento institucional dos Municípios na esfera Federal Brasileira, pois isso pode ser interpretado como facilitador das ações da gestão em favor da democratização, fortalecimento da cidadania e melhor qualidade de vida. A primeira cidade organizada do Brasil foi São Vicente, localizada no Litoral Sul de São Paulo. Ela foi fundada pelo militar português Martim Afonso de Souza em 22 de janeiro de 1532 e foi a capital dos paulistas por 177 anos. SAIBA MAIS: http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/manual_prefeito15ed2017_2.pdf 1.3 QUESTÃO SOCIAL De forma geral, Questão Social é o conjunto de expressões de definem as desigualdades da sociedade e os fenômenos que ressaltam a diferença entre trabalhadores e capitalistas, no que concerne ao acesso de bens socialmente produzidos como direitos sociais e condições apropriadas de vida. São consideradas expressões da questão social fenômenos como o desemprego, a pobreza, a violência, o analfabetismo, a falta de serviços de saúde, a falta de moradia, entre outras. A Questão Social surgiu na Europa, no século XX com o objetivo de exigir a formulação e implementação de políticas sociais em prol da classe operária que estava em crescente fenômeno de pobreza. Esse fenômeno de pobreza teve sua origem principalmente com o processo de urbanização e industrialização, que conscientizou a classe operária das suas reais condições de trabalho, onde a http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/manual_prefeito15ed2017_2.pdf 12 questão social acabou atingindo contornos problemáticos para outras classes, em especial para a burguesia que viu-se obrigada e implementar políticas sociais. Como podemos perceber a questão social é muito vinculada a desigualdade social e nesse contexto foi surgindo o Terceiro Setor na sociedade, a fim de elaborar programas e projetos para amparar os necessitados e também auxiliar nos assuntos referentes a política. A questão social é o tema primário e central para o profissional de Serviço Social, cuja essência é a ciência social aplicada com foco na integração dos cidadãos à sociedade. Já na esfera da gestão das cidades ou municípios, as mudanças políticas e institucionais sobre o tema se tornaram visíveis, também, a partir da promulgação da Constituição de 1988, que apesar de todos os seus limites, avançou nas definições e extensões de direitos sociais e políticos. Mais tarde em 2010, o Estatuto da Cidade, reafirmou a função social da cidade, da propriedade urbana e do interesse público. O princípio da função social da cidade assegura a atuação do poder público para o atendimento das necessidades de todos os cidadãos quanto a qualidade de vida,a justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, não deixando de observar as exigências fundamentais da ordenação da cidade. Pensar na questão social é reconhecer a necessidade de se respeitar o ser humano, para que este possa respeitar o território em que vive, pois ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente. 1.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E SUSTENTABILIDADE Com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades dos representantes populares e dos governos se diversificaram. É comum dizer que a principal função do Estado é promover e melhorar a qualidade de vida do cidadão. A qualidade de vida da população de uma cidade está relacionada ao atendimento de suas necessidades em áreas como saúde, educação, habitação, transporte, meio ambiente, assistência social, segurança. 13 A partir desse contexto e, para oferecer produtos e serviços públicos que contemplem as diferentes áreas, os governos (federal, estadual e municipal) se utilizam das políticas públicas. Podemos conceituar políticas públicas como um conjunto de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacional, estadual ou municipal) com a participação direta ou indireta da população e de entes públicos ou privados, que objetivam atender determinado direito ou demanda da sociedade ou de determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico, diminuindo a desigualdade social. Os programas, ações e decisões precisam ser estruturados de modo funcional e sequencial para que possam ser colocados em prática. Esse processo é chamado de Ciclo das políticas públicas. 1.5 CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Também chamado de processo de formulação das políticas públicas, o ciclo das políticas públicas é composto de diversas fases. A primeira fase é a formação da agenda que caracteriza-se pelo planejamento, que consiste em reconhecer o problema público que merece maior atenção no cenário real em que a população se encontra. Nessa fase são analisados: custo benefício; cenário local e suas necessidades; recursos disponíveis, urgência do problema; necessidade política. A segunda fase é a formulação da política propriamente dita, é a apresentação de soluções ou alternativas, caracterizada pelo detalhamento das alternativas definidas na agenda. Nesse momento organizam-se as ideias, alocam-se os recursos e consideram-se a opinião de especialistas na definição de 14 objetivos e resultados que se pretende alcançar com as estratégias que são definidas. Os atores estabelecem suas propostas e as defendem. A terceira fase é a fase do processo de tomada de decisão. Nesse ponto é definido qual será o curso da ação que será colocado em prática, são definidos recursos e prazos para a ação da política. A quarta fase é chamada implementação da política, é o momento em que o planejamento e as escolhas são transformados em atos, ou seja, o planejamento é transformado em ação, por meio dos disponibilizados recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos disponibilizados para a executar a política pública. A avaliação é a quinta fase, ela deve ser realizada em todas as fases do ciclo, de forma a contribuir com possíveis correções de falhas e variações cabíveis para o sucesso da ação e de melhores resultados. Veja exemplos de políticas públicas na área de Educação: http://www.fnde.gov.br/portal/arquivos/category/45- projetosarquitetonicos?download=10373:quadra-coberta-vestiario-modelo-2- pdf-projetoeletrico&start=20 http://www.fnde.gov.br/portal/arquivos/category/45-projetosarquitetonicos?download=10373:quadra-coberta-vestiario-modelo-2-pdf-projetoeletrico&start=20 http://www.fnde.gov.br/portal/arquivos/category/45-projetosarquitetonicos?download=10373:quadra-coberta-vestiario-modelo-2-pdf-projetoeletrico&start=20 http://www.fnde.gov.br/portal/arquivos/category/45-projetosarquitetonicos?download=10373:quadra-coberta-vestiario-modelo-2-pdf-projetoeletrico&start=20 15 De acordo com o nível de sucesso ou insucesso da política, o poder público decide se reinicia o ciclo das políticas públicas com as alterações cabíveis, se o projeto é mantido da mesma forma ou se simplesmente é extinto. A política pública é considerada boa, quando cumprir, ao menos, as seguintes funções: promover e melhorar a colaboração entre os atores; constituir-se em um programa implementável. 1.6 SUSTENTABILIDADE Voltando a citar o documento Estatuto da Cidade, sobre o qual já comentamos no tema questão social, é importante destacar que ele estabelece, ainda, outras diretrizes sobre a política urbana para o alcance do desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade. Uma delas é a garantia do direito a cidades sustentáveis, ou seja, o direito de todo o cidadão à terra urbana, à moradia, ao saneamento básico, a infraestrutura, ao transporte, ao lazer e a outros serviços públicos, não só para as gerações atuais, como também para as futuras. Sobre o tema, o Estatuto da Cidade apresenta caminhos e estabelece objetivos em sintonia com acordos decorrentes de Conferências Mundiais de Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orienta que a adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana, devem ser compatíveis com os limites de sustentabilidade ambiental. Mas o que é sustentabilidade? Sustentabilidade é um conceito relacionado ao desenvolvimento sustentável, formado por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas. Serve como alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do planeta, ao mesmo tempo que permite aos seres humanos e sociedades soluções ecológicas de desenvolvimento. 16 O desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem colocar em risco a capacidade de atender as gerações futuras. Por isso, a definição está vinculada aos termos “legado” e “continuidade”. Desenvolver-se de forma sustentável, seja em pequena esfera (no contexto de uma empresa, por exemplo), ou em larga esfera (no contexto de um país), pressupõe possibilitar às pessoas, agora e futuramente, atingir um nível satisfatório de desenvolvimento socioeconômico e cultural, fazendo uso razoável dos recursos naturais de forma a não esgotá-los para as próximas gerações. Etimologicamente, a palavra sustentável tem origem no latim sustentare, que significa "sustentar", "apoiar" e "conservar". Existem alguns tipos de sustentabilidade, entre os mais significativos, podemos destacar: a) Sustentabilidade Ambiental e Ecológica: é a manutenção do meio ambiente do planeta, mantendo a qualidade de vida e os ecossistemas em harmonia. Em ações práticas, significa não poluir as águas, separar o lixo, evitar desastres ecológicos como queimadas e desmatamentos, entre outras ações; b) Sustentabilidade Social: é o conjunto de medidas estabelecidas para promover o equilíbrio e o bem estar da sociedade, por meio de diversas iniciativas que devem ter o objetivo de contribuir para os membros da sociedade que enfrentam condições desfavoráveis. Como exemplos práticos estão o incentivo aos programas de inclusão social, investimento em saneamento básico, incentivo a projetos de qualificação profissional, incentivo a programas culturais gratuitos e de educação pública de qualidade para pessoas com baixa ou sem renda, entre outras; c) Sustentabilidade Econômica: é procurar garantir o desenvolvimento econômico considerando estratégias que não provoquem impactos ambientais ou que prejudiquem a qualidade de vidas das pessoas. Entre algumas das ações que são consideradas economicamente sustentáveis, merecem destaque a utilização de energias renováveis, fiscalização ampla e constante para evitar abusos e arbitrariedades, bem como, para evitar que empresas ou pessoascometam crimes ambientais. O tripé da sustentabilidade também é conhecido como Triple Bottom Line ou People, Planet, Profit: 17 DIMENSÃO ECOLÓGICA DIMENSÃO SOCIAL DIMENSÃO ECONÔMICA Educação ambiental Valorização Direitos Humanos Competitividade de mercado Conservação dos recursos naturais Envolvimento comunitário Transparência Redução do desperdício Valorização do bem-estar social Prosperidade econômica Uso de energia limpa e renovável Bases éticas Criar laços de respeito com funcionários, fornecedores e sociedade Biodiversidade Investimento em políticas públicas e de inclusão social Estratégias de crescimento com base na preservação ambiental e bem-estar social Eliminar impactos ambientais Dada a importância da questão ambiental, também a Constituição Federal, definiu no art. 225, a definição de meio ambiente exprime o conceito central do desenvolvimento sustentável ao firmar o direito comum de todos de usufruir de ambiente ecologicamente equilibrado e ao conferir ao Poder Público e a coletividade o dever de defende-lo para as gerações futuras. No art. 23 fica definido como competência comum à União, Distrito Federal e Municípios a proteção e o combate a poluição em todas as suas formas. Assim, de modo a evitar e corrigir distorções do crescimento urbano e da gestão da cidade e seus negativos efeitos sobre o meio ambiente, deve existir e ser respeitada uma cooperação entre os governos federal, estadual e municipal, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização e no atendimento do interesse social. IMPORTANTE: As Nações Unidas definiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável, onde os Estados-membros e a sociedade civil negociam suas atribuições. Conheça mais sobre os ODS: https://nacoesunidas.org/pos2015/ https://nacoesunidas.org/pos2015/ 18 2. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O Brasil se constitui em um Estado Democrático de Direito, que tem como base uma sociedade justa, solidária e livre, conforme consta da Constituição Federal de 1988, onde o poder deve emanar do povo, sendo exercido em seu proveito diretamente, ou por meio de representantes eleitos. O Estado Democrático de Direito, para que atinja seus objetivos é embasado em princípios dos direitos fundamentais, democráticos, justiça social, divisão de poderes, segurança jurídica, legalidade. Cunha Júnior (2011: p. 45) “Com a vitória das revoluções democráticas abriu-se a oportunidade do surgimento das Constituições escritas, das quais a Constituição americana de 1787 e a Constituição Francesa de 1791 despontaram como os primeiros paradigmas de documentos escritos e solenes”. O autor complementa o conceito em sentido geral “o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; significa organização, formação”. Para que a Administração Pública possa fazer a sua gestão com segurança, é necessário que tenha pilares, princípios, que identifiquem como deve ser o comportamento da mesma. Esses princípios fazem parte de algo maior que se chama Constituição. Para Silva (1999, p.39), Constituição “Conjunto de elementos essenciais de alguma coisa: a constituição do universo, a constituição dos corpos sólidos; Temperamento, compleição do corpo humano: uma constituição psicológica explosiva, uma constituição robusta; organização formação: a constituição de uma assembleia, a constituição de uma comissão; o ato de estabelecer juridicamente: a constituição de dote, de renda, de uma sociedade anônima; Conjunto de normas que regem a corporação, uma instituição: a constituição da propriedade; A lei fundamental de um Estado. 19 Para que a Administração Pública possa fazer a sua gestão com segurança, é necessário que tenha pilares, princípios, que identifiquem como deve ser o comportamento da mesma. Esses princípios fazem parte de algo maior que se chama Constituição. Percebemos a importância da Constituição para um país. Com o advento da nova Constituição Federal em 1988, a chamada Constituição Cidadã, suas contribuições, inovações, o Brasil passa a viver uma nova fase, no sentido de buscar a construção da democracia plena. Carvalho (1982: p. 13), comenta que “ melhor se definirá a Constituição como o estatuto jurídico fundamental da comunidade, isto é, abrangendo, mas se restringindo estritamente ao político e porque suposto este, não obstante a sua hoje reconhecida aptidão potencial para uma tendencial totalização, como tendo, apesar de tudo, uma especificidade e conteúdo material próprios, o que não autoriza a que por ele se defina toda a vida de relação e todas as áreas de convivência humana em sociedade e levará à autodenominação do normativo jurídico específico, bem como à distinção, no seio da própria constituição, entre a sua intenção ideológica-política e a intenção jurídica stricto sensu”. Como o Brasil se constitui de um Estado Democrático de Direito, verificamos no preâmbulo da Constituição Federal de 1988, que o país deve se pautar em princípios, para um bom encaminhamento da democracia: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1988). 20 A Constituição Federal de 1988, a Carta Magna, no seu artigo 37 preceitua que: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. No que se refere aos Princípios Constitucionais da Administração Pública, é interessante entendermos o conceito de Princípio. Que segundo Cretella Junior (2003, p. 03) “todo ponto de referência de uma série de preposições, corolárias da primeira proposição, premissa primeira do sistema”. Os Princípios se revestem de um indicativo de comportamento, que balizam e contribuem para que os operadores da Lei possam fazer suas interpretações e tomar suas decisões, com maior segurança. Conforme Mello” a violação de um princípio é algo muito grave, posto que ofende o sistema de comando como um todo, veja-se: Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico andamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra (MELLO, 2000: p.748). Interessante o discorrido por Mello, quanto à violação de um princípio, como também traçarmos uma analogia com a Constituição Federal de 1988, pois nessa forma inovadora, diferente das anteriores, a Administração Pública, irá receber por meio do artigo 37, onde são expressos os Princípios Constitucionais da Administração Pública, um tratamento específico. 21 Percebemos assim, o valor que é dado na Constituição Federal de 1988, aos Princípios Constitucionais da Administração Pública, e suas aplicações. Daí se notar que se um dos Princípios for ferido, não será apenas este que estará comprometido, mas todos os Princípios, pois por maisque são elencados e aplicados individualmente, é por meio da sua aplicação no conjunto, no universo que a Constituição atende os seus objetivos. Violação dos Princípios Administrativos Constitucionais https://www.jusbrasil.com.br/topicos/350510/violacao-aos- principiosadministrativos A Diferença entre Administração Direta e Indireta https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-diferenca- entreadministracao-direta-e-indireta/ A Administração Pública, conforme Tavares (1992, p. 21) “é o conjunto das pessoas coletivas públicas, seus órgãos e serviços que desenvolvem a atividade ou função administrativa”. Com base nesse conceito, percebe-se que a aplicação dos Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve se estender para as três esferas de governo Federal, Estadual e Municipal, sem exceção. Para que possamos entender melhor a aplicação dos Princípios Constitucionais da Administração Pública, iremos discorrer sobre cada um dos Princípios que são tratados no artigo 37 da Constituição Federal de 1988. Princípio da Legalidade Segundo Hely Lopes Meirelles: “Legalidade - A legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e exporse a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...) https://www.jusbrasil.com.br/topicos/350510/violacao-aos-principiosadministrativos https://www.jusbrasil.com.br/topicos/350510/violacao-aos-principiosadministrativos https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-diferenca-entreadministracao-direta-e-indireta/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-diferenca-entreadministracao-direta-e-indireta/ 22 Com a aplicação do Princípio da Legalidade na Administração Pública, o administrador público, já sabe que deverá cumprir e fazer cumprir a Lei, sob pena de sofrer sanções disciplinas, penais, podendo ser exonerado de seu cargo. Ainda sobre o mesmo princípio e referente ao administrador público, Moraes cita “de executor do direito, que atua sem finalidade própria, mas sim em respeito à finalidade imposta pela lei, e com a necessidade de preservar-se a ordem jurídica” (MORAES, 2008, p. 320). O Administrador Público não pode querer que a sua decisão com visão própria seja aceita, e sim deve entender que suas decisões sujeitam-se ao que está determinada na Lei. Conforme define Meirelles (2003, p. 86) “Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”. A abrangência do Princípio da Legalidade nos faz entender que todos os demais princípios basicamente dele derivam, ou seja, ele é o princípio norteador da Administração Pública, e como tal, o Administrador Público apenas tem o direito de cumpri-lo. Princípio da Impessoalidade Para que possamos entender o significado e aplicação do Princípio da Impessoalidade vamos verificar o conceito apresentado por Meirelles” o princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art.37, caput) nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual se impõe ao administrador público que só pratique o ato para seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma do direito indica expressa ou virtualmente como objeto do ato, de forma impessoal (MEIRELLES, 1995, p. 82). 23 A aplicação do Princípio da Impessoalidade por parte dos agentes públicos na gestão pública deveria ser algo normal, corriqueiro, pois nada mais do que justo do que simplesmente a Lei ser cumprida, sem qualquer ato tendencioso por parte do agente público, com o intuito de gerar de forma ilícita ganhos a outros, terceiros, que não o Governo, e, por conseguinte a Sociedade. Também a finalidade legalista do Princípio é a de que os agentes públicos ou políticos não haja a promoção individual dos mesmos. Para corroborar o que escrevemos, apresentamos a manifestação de Paulo e Alexandrino (2009, p. 200) “A impessoalidade da atuação administrativa impede, portanto, que o ato administrativo seja praticado visando a interesses do agente ou de terceiros, devendo ater-se à vontade da lei, comando geral e abstrato em essência.” O Agente Público goza de fé pública, portanto todos os seus atos no cumprimento das atividades administrativas, bem como, suas decisões, refletem na sociedade como sendo da gestão pública, da Administração Pública. Silva (2003, p. 647) “os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa da Administração Pública, de sorte que ele é o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que formalmente manifesta a vontade estatal”. Quando da aplicabilidade do Princípio da Impessoalidade, o Agente Público deve ter bem claro, que não vale a sua vontade particular, e que a mesma não deve ser direcionada para fins específicos, criando privilégios para alguns em detrimento de outros, mas sim, deve prevalecer o que consta da Lei, como forma de ser a igualdade de direitos. 24 Princípio da Moralidade Segundo Hely Lopes Meirelles: “A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração”. Denotamos do conceito apresentado referente ao Princípio da Moralidade que novamente refere-se ao conjunto, ou seja, não está se discutindo nesse princípio a questão moral individual do Agente Público, e sim o Princípio da Moralidade com viés jurídico. Conforme Di Pietro “Não é preciso penetrar na intenção do agente, porque do próprio objeto resulta a imoralidade. Isso ocorre quando o conteúdo de determinado ato contrariar o senso comum de honestidade, retidão, equilíbrio, justiça, respeito à dignidade do ser humano, à boa fé, ao trabalho, à ética das instituições. A moralidade exige proporcionalidade entre os meios e os fins a atingir; entre os sacrifícios impostos à coletividade e os benefícios por ela auferidos; entre as vantagens usufruídas pelas autoridades públicas e os encargos impostos à maioria dos cidadãos”. (DI PIETRO, 1999, p. 111). O Princípio da Moralidade exige do Agente Público a aplicação da ética, da boa fé nos seus atos, e o entendimento de que é o bem comum que deve prevalecer, ou seja, suas atividades devem ser desenvolvidas em conformidade com a Lei, de forma ilibada, contribuindo na diminuição da dilapidação do patrimônio público, e do assalto ao erário público. 25 Princípio da Publicidade Conforme Meirelles: “Publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios constitucionais”. Pelo Princípio da Publicidade, a Administração Pública em todos os seus níveis hierárquicos, órgãos públicos deve fazer que se torne acessível à Sociedade todos os seus atos. A Publicidade nada mais é do que a transparência da Administração Pública perante os cidadãos, bem como, a demonstração de igualdade nas suas decisões, como forma de defesa dos direitos e da própria Lei. “A publicidade se faz pela inserção do ato no Diário Oficial ou por edital afixado no lugar próprio para divulgação de atospúblicos, para conhecimento do público em geral e, consequentemente, início da produção de seus efeitos pois somente a publicidade evita os dissabores existentes em processos arbitrariamente sigilosos, permitindo os competentes recursos administrativos e as ações judiciais próprias” (MORAES, 2008, p. 323). Com o Princípio da Publicidade percebemos a democracia sendo praticada, a sociedade podendo participar do poder decisório, não sendo apenas uma coadjuvante. A Administração Pública sendo eficiente e eficaz, na sua missão, ou seja, por meio da Publicidade dos seus atos, buscar a justiça social. 26 Princípio da Eficiência Por conta de uma sociedade cada vez mais esclarecida quanto aos seus direitos, utilizando de forma democrática canais de comunicação onde pode exigir acompanhar, fiscalizar que a Administração Pública, seja não apenas eficiente com os recursos, cada vez mais escassos, mas também eficazes, no emprego das demandas como saneamento, educação, moradia, saúde, o agente público tem por missão, fazer mais com menos, ou seja, sabe empregar os recursos materiais, humanos, financeiros, obtendo resultados maiores que os já alcançados, e com qualidade. Alcançar a Eficiência no serviço público, não pode remeter a ideia que para isso, o agente público tudo pode, que as regras não mais devem ser seguidas, deixando de aplicar todos os demais Princípios Constitucionais da Administração Pública. A Administração Pública deve contribuir com o agente público, por meio de capacitações, cursos, treinamentos, elaboração de novos controles ou aperfeiçoamento dos já existentes, investimento em tecnologias, tudo para que as atividades administrativas possam ser desenvolvidas com melhor qualidade, menor custo e maior retorno para a sociedade. Para Meirelles (2003, p.102) o Princípio da Eficiência é uma obrigação, dever e imposição do administrador público, veja-se: O que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. (...) esse dever de eficiência bem lembrado por Carvalho Simas, corresponde ao ‘dever de boa administração’ da doutrina italiana, o que já se acha consagrado, entre nós pela Reforma Administrativa Federal do Dec.-lei 200/67, quando submete toda atividade do executivo ao controle de resultado (art.13 e 25, V), fortalece o sistema de mérito (art.25, VII), sujeita a Administração indireta a supervisão ministerial quanto à eficiência administrativa (art.26,III) e recomenda a demissão ou dispensa do servidor comprovadamente ineficiente ou desidioso. 27 Como bem observado por Meirelles, a entrega total por parte do agente público deve fazer parte do seu cotidiano. Não pode se contentar apenas em desenvolver suas atividades administrativas, apenas buscando o cumprimento do Princípio da Legalidade e demais Princípios. O resultado das Atividades Administrativas deve ser eficiente, mas só isso não basta no desempenho da função pública moderna, há a necessidade do agente público, ter pró - atividade, ser comprometido, buscar ser eficaz, ou seja, ir além do que é solicitado, que no desempenho de suas funções a qualidade faça parte em todas as etapas. Segundo Moraes (2008, p.328), princípio da eficiência “Compõe-se, portanto, das seguintes características básicas: direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum, imparcialidade, neutralidade, transparência, participação e aproximação dos serviços públicos da população, desburocratização e busca da qualidade”. Uma das características apresentadas do princípio da eficiência é a direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum. Essa característica é quase redundante a sua existência e exigência, visto que, na Constituição Federal já é preconizado a justiça social, o bem comum, mas não deixa de ser relevante como forma de chamar a atenção, para o agente público quanto os seus deveres, em especial sempre pensar no resultado para a coletividade. A Neutralidade é uma característica importante no desenvolvimento das atividades administrativas do agente público, como forma de quando ocorrer os atendimentos à sociedade em nenhum momento, por qualquer motivo, ocorra algum tipo de facilidade, de discriminação, entendendo o agente público que sua função é atender, servir à todos de forma igualitária e justa. Como à Administração Pública, é apenas confiada a guarda do patrimônio público, o zelo com a coisa pública, o cuidado no emprego dos recursos recebidos principalmente por meio da arrecadação de tributos, em especial dos impostos, e daí a razão de serem recursos públicos, ou seja, dos cidadãos. Não há argumentos o suficiente convincente, não há porque os principais sócios, digamos assim, ou seja, a Sociedade, não ter acesso aos dados e informações referentes ao emprego dos recursos independentemente de que tipo. Sendo assim, é muito importante que Administração Pública seja transparente em todas as suas atividades, como também na apresentação das mesmas. A maioria das comunidades brasileiras é carente no que se refere ao atendimento público, a presença do setor público, com suas prestações de serviços. Importantíssimo que os serviços públicos, não sejam 28 apenas prestados em determinados locais, mas desmembrados, como forma de alcançar um maior número de cidadãos, que poderão exercer a cidadania. Essa característica do Princípio da Eficiência, participação e aproximação dos serviços públicos da população, é fundamental para o amadurecimento da democracia, a participação da sociedade, a melhora dos serviços prestados, pois a partir do momento que se conhece a realidade, os programas e recursos são mais bem direcionados. O setor público ganha notoriedade e respeito por parte da população, que passa a entender melhor o funcionamento da máquina pública, e porque não compreender muitas vezes a falta da prestação de determinado serviço, bem como, contribui com sugestões, para que o mesmo volte a ser ofertado o mais rapidamente possível. A característica desburocratização e busca da qualidade, se transforma em um grande desafio, visto que, toda a mudança gera desconfiança, há àqueles agentes públicos os famosos do contra, que nem esperam os resultados, já saem criticando com o argumento de que outras vezes já tentaram, mas não deu certo, não vai funcionar. Interessante que muitos desses que criticam, são os mesmos que nunca se envolvem. Portanto, há todo um trabalho de conscientização a ser feito para que os resultados esperados ocorram. Quanto a busca pela qualidade na prestação de serviços públicos, das atividades administrativas deve ser constante, devendo haver envolvimento de todos, independentemente de nível hierárquico, o desafio é diário, para que todos incutam que os serviços, as atividades administrativas prestadas, tem a necessidade de serem melhor prestadas e podem ser melhoradas, com nível de qualidade melhor, desde que os agentes públicos se comprometam em atingir esse objetivo. 29 Villa (1995, p. 637), os referidos princípios são distintos, veja-se: Não há dúvida de que a eficácia é um princípio que não se deve subestimar na Administração de um Estado de Direito, pois o que importa aos cidadãos é que os serviços públicos sejam prestados adequadamente. Daí o fato de a Constituição o situar no topo dos princípios que devem conduzir a função administrativa dos interesses gerais. Entretanto, a eficácia que a Constituição exige da administração não deve se confundir com a eficiência das organizações privadas nem é,tampouco, um valor absoluto diante dos demais. Agora, o princípio da legalidade deve ficar resguardado, porque a eficácia que a Constituição propõe é sempre suscetível de ser alcançada conforme o ordenamento jurídico, e em nenhum caso ludibriando este último, que haverá de ser modificado quando sua inadequação às necessidades presentes constitua um obstáculo para a gestão eficaz dos interesses gerais, porém nunca poderá se justificar a atuação administrativa contrária ao direito, por mais que possa ser elogiado nos termos de pura eficiência (VILLA, 1995, p. 637). O emprego do Princípio da Eficiência na Administração Pública, jamais deve se confundir pelo agente público com o atingimento dos objetivos públicos, a qualquer preço violando para isso a ordem jurídica constitucional posta. A Eficiência pode ser alcançada dentro da máquina pública, dentro dos preceitos definidos, visto que é um somatório de atividades que concorrem para que a aplicação do Princípio seja alcançada. Para efeito que a Administração Pública, possa atingir seus objetivos não somente perante a Comunidade, mas com todos os stackeholders envolvidos, com uma gestão pública exemplar, o agente público tem como norteador das atividades administrativas, os Princípios Aplicáveis à Administração Pública, que somam positivamente à gestão, além de dar o tom a ser seguido por todos na Administração Pública, fazendo assim, com que a Constituição seja cumprida. Alguns especialistas apontam haver uma incompatibilidade no emprego dos Princípios Constitucionais da Administração Pública, da Legalidade e da Eficiência. O Princípio da Legalidade, como o próprio nome já define, sua aplicação se dá unicamente com o estrito emprego da Lei, por parte do agente público em todas as suas atividades administrativas. Já o Princípio da Eficiência na aplicação dos recursos, seus resultados devem ser foco da Administração Pública Direta e Indireta, em seus diversos órgãos, entendo que investimentos direcionados a 30 capacitação, tecnologia, por parte do poder público, contribuem para a melhoria da Eficiência nas atividades administrativas, por parte dos agentes públicos. Também a diminuição de cargos em comissão, a redução de custos, compras governamentais sendo feitas em consórcio, são alguns exemplos de Eficiência na utilização de recursos materiais e imateriais. Não necessariamente o agente público para atingir determinadas metas tenha que se corromper, muitas vezes a solução está em olhar para o próprio umbigo, ou seja, dentro do próprio órgão. Colisão entre os Princípios da legalidade e eficiência https://jus.com.br/artigos/43730/colisao-entre-os-principios-dalegalidade-e-da- eficiencia-no-ambito-da-administracao- Cremos que, quando os mecanismos de controle no que se refere à aplicação das legislações inerentes, às atividades administrativas públicas de cada órgão, são eficientes e eficazes, o Princípio da Legalidade é o direcionamento dos agentes públicos, e, portanto quando do emprego do Princípio da Eficiência, não haverá sobre posição de Princípios, pois esse é apenas a busca pelo melhor resultado para todos, tendo como base para alcançar esse objetivo, as Legislações vigentes. 3. NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL 3.1 DO REGIMENTO INTERNO Para regulamentar a organização funcional e legislativa da Câmara Municipal, bem como os direitos e deveres dos vereadores, toda Câmara Municipal tem um Regimento Interno. O Regimento Interno é proposto, votado e aprovado pelos próprios vereadores, por ato denominado de Resolução. O Regimento Interno não poderá desobedecer (conflitar) com a Lei Orgânica Municipal, nem com a Constituição do Estado, nem com a Constituição Federal. O Regimento Interno é a mola mestra da organização da Câmara Municipal, constituindo o instrumento delineador das atribuições dos órgãos do Poder Legislativo. Trata-se de um regulamento, não é lei, ou https://jus.com.br/artigos/43730/colisao-entre-os-principios-dalegalidade-e-da-eficiencia-no-ambito-da-administracao- https://jus.com.br/artigos/43730/colisao-entre-os-principios-dalegalidade-e-da-eficiencia-no-ambito-da-administracao- 31 seja, não está sujeito à sanção do prefeito. Nele estão contempladas as funções legislativas, administrativas, julgadoras e fiscalizadoras da Câmara Municipal. O Regimento Interno deve ser editado por meio de resolução ou decreto legislativo, conforme dispuser a LOM. A rigor, o ato pertinente é a resolução, embora equivocadamente se use o decreto legislativo. Suas alterações se fazem por meio do processo legislativo, na forma determinada pela LOM e pelo próprio Regimento. Dependerão, sempre, da aprovação do Plenário. Tratando-se de ato de exclusiva competência da Câmara, não pode sujeitar-se à interferência do Executivo. O seu valor jurídico é relevante, pelo que deve o Vereador, como se disse antes, conhecê-lo integralmente, pois o seu cumprimento é condição primordial para o bom andamento dos trabalhos da Casa Legislativa. Como ato legislativo de caráter administrativo, o Regimento Interno só é obrigatório para os membros da Câmara Municipal, no desempenho das funções que lhes são próprias. Não tem efeito externo para os munícipes, nem deve conter disposições a eles endereçadas. O Regimento Interno não pode elaborar, nem modificar ou suprimir direitos e obrigações, constantes da Constituição Federal/88 ou das leis, em especial da Lei Orgânica do Município. Sua missão é disciplinar o procedimento legislativo e os trabalhos dos Vereadores, da Mesa e da Presidência, bem como o das comissões (permanentes ou especiais) que se constituírem para determinado fim. Entenda mais sobre a importância do Regimento Interno na Câmara Municipal Acesse o link do Portal Legisla WEB. https://www.youtube.com/watch?v=sAOlXkV2JZg No seu bojo cabem todas as disposições normativas da atividade interna da Câmara, desde que não invadam a área da lei. A função do Regimento Interno, não é compor o órgão legislativo do Município, é reger os trabalhos. Toda disposição que escapar desse âmbito deve ser evitada no Regimento, por inválida. Cabe salientar, ainda, que as Emendas Constitucionais promulgadas nos últimos anos trouxeram alterações que se refletem no Regimento Interno, e deve, portanto, ser constantemente revisto para adequar-se aos ditames do Texto Constitucional em vigor. 32 3.2 FORÇA VINCULANTE INTERNA CORPORIS No que se refere ao Regimento Interno menciona-se, que ele possui força vinculante interna corporis, ou seja, obriga apenas os membros do Legislativo, no exercício da vereança, não podendo dispor sobre direitos e obrigações de terceiros. A esse respeito é magistral a lição do doutrinador Hely Lopes Meirelles: Como ato regulamentar, o regimento não pode criar, modificar ou suprimir direitos e obrigações constantes da Constituição ou das leis. Sua missão é disciplinar o procedimento legislativo e os trabalhos dos vereadores, da Mesa, da presidência, bem como o das comissões permanentes ou especiais que se constituírem para o determinado fim. No seu bojo cabem todas as disposições normativas da atividade interna da Câmara, desde que não invada a área da lei. A função do regimento interno não é compor o órgão legislativo do Município; é reger os trabalhos. Toda disposição que refugiar desse âmbito deve ser evitado no regimento, por inválida. Como o regimento deve reger somente os trabalhos legislativos do plenário, a atuação das comissões e a atividade direta da Mesa, não comporta disposições relativamente a funcionários e serviços da Câmara, os quais terão o seu próprio regime estabelecido por lei e disciplinado por regulamento próprio [grifos nossos]. Por essa característica é que a espécie normativa adequada ao Regimento Interno é a resolução, na qual sua especificidade é veicularas normas que produzam efeito interno, advindas, geralmente do exercício de competência privativa da Câmara Municipal. 3.3 APLICAÇÃO SUPLETIVA DO CP E CPC Como dito anteriormente, o Regimento Interno vincula a Casa Legislativa, devendo os vereadores agir segundo seus preceitos. Pode ocorrer, no entanto, situações que não encontrem anteparo na norma regimental. Admite-se, nesses casos, a aplicação supletiva de outros diplomas legais. 33 É comum o recurso à parte geral do Código Penal nos julgamentos de infração político administrativa, utilizando-se de institutos próprios do Direito Penal. Ex.: dolo, culpa, dosimetria da pena, tipo, dentre outros. Em regimentos em que não se especifica a forma de contagem de prazo, em geral, adota-se o sistema do Código de Processo Civil. 3.4 LIBERDADE REGULAMENTAR LOCAL A Constituição Federal de 1988 adotou a preponderância de interesses como uma das regras de repartição de competências. Ao Município foi dado legislar sobre assuntos de interesse local, conforme preconiza o art. 30, inciso I deste dispositivo legal. Semelhante critério deve ser utilizado para definir a liberdade regulamentar local do regime interno. Exemplificando: a Legislatura corresponde ao período de quatro anos, cada ano uma Sessão Legislativa, que por sua vez se divide em dois períodos. Esse formato deve ser observado por todas as Câmaras Municipais do país, em razão do princípio da simetria, já visto. Porém, o recesso, que corresponde ao intervalo entre os períodos da sessão legislativa, por se tratar de assunto de interesse local, pode ter suas datas definidas livremente. Há uma liberdade regulamentar local. Outros exemplos são os horários de funcionamento das sessões plenárias e reuniões de Comissões; controle de presença dos Vereadores; número de Comissões temáticas e número de membros de cada uma delas; composição e forma de eleição da Mesa Diretora; dentre outros. 3.5 OBEDIÊNCIA SIMÉTRICA CONSTITUCIONAL O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n.º 102, firmou entendimento que as normas constitucionais relativas ao processo legislativo são de reprodução obrigatória, não podendo os entes federativos se afastar dela (princípio da simetria). Logo, o Regimento Interno, ao disciplinar os trabalhos legislativos, deve no que couber reproduzir o modelo constitucional. Dessa forma, em regra, a norma regimental deve tratar: das atribuições e competências da Câmara Municipal; dos deveres, prerrogativas e impedimentos dos Vereadores; da legislatura e das sessões legislativa; das sessões plenárias; da Mesa, das Comissões e das CPIs, observada, sempre que possível, a proporcionalidade partidária; do processo legislativo ordinário; do processo legislativo especial (leis 34 orçamentárias, emenda à Lei Orgânica Municipal, alteração do Regimento Interno); da fiscalização contábil, financeira e orçamentária e da prestação de contas do Prefeito; da sustação de atos normativos do Executivo; do julgamento das infrações político-administrativas (cassação); dentre outros assuntos. Ressaltando que é possível o Regimento Interno se adequar às especificidades do Município, naquilo que for de interesse preponderantemente local. 3.6 A INTERFERÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO Assim como o Regimento Interno, em respeito ao princípio constitucional da separação dos Poderes, não pode interferir nas demais funções estatais, estas também, em regra, não podem adentrar em matéria interna corporis do Poder Legislativo, como demonstramos no julgado a seguir: Agravo de instrumento. Mandado de segurança. Decisão agravada que indeferiu pedido de antecipação da tutela mandamental. Pretensão agravante que visa a reforma do decisum e consequente concessão da antecipação de tutela. Inteligência do art.7º, iii, da lei nº 12.016/2009. Presença concomitante do fumus boni iuris e do periculum in mora. Inocorrência. Interpretação de normas regimentais. Ato interna corporis. Inviabilidade da análise pelo poder judiciário. Exclusiva apreciação e deliberação do plenário da câmara legislativa municipal de campo mourão. Precedentes do superior tribunal de justiça.recurso conhecido e desprovido. [grifos no original]. (tjpr – 4ª c.cível – ai – 1083094-9 – campo mourão - rel.: maria aparecida blanco de lima – unânime – julgado em 19.11.2013). Não obstante, há duas situações em que se admite o controle judicial das normas regimentais. A primeira diz respeito ao controle material, ou seja, ao Poder Judiciário é dado examinar afronta do Regimento Interno à Constituição Federal/88 e à Lei Orgânica do Município. Ação direta de inconstitucionalidade. Resolução N.º 88/2010. Inclusão do § 3º, ao artigo 165, do regimento interno da câmara municipal de londrina (RESOLUÇÃO N.º 6/1993). Imposição de obrigação ao poder executivo municipal de necessidade de remessa do projeto de lei de sua autoria à procuradoria geral do município, antes de enviá-lo à câmara MUNICIPAL DE LONDRINA. Inconstitucionalidade formal. Vício de iniciativa. Matéria reservada ao chefe do poder executivo. Artigo 61, § 1º, inciso ii, alínea "c", 35 da constituição federal, artigo 66, inciso iv, da constituição estadual, e artigo 29, inciso ii, da lei orgânica do município de londrina. Ofensa ao princípio da legalidade. Necessidade de lei para disciplinar a matéria. Ação julgada procedente para o fim de declarar a inconstitucionalidade do § 3º, do artigo 165, do regimento interno da câmara municipal de londrina (resolução n.º 88/2010). (TJPR – órgão especial – ai – 933388-8 – foro central da comarca da região metropolitana de curitiba – rel.: d‟artagnan serpa sa – unânime – julgado em 20.05.2013) A segunda, diz respeito ao direito líquido e certo do parlamentar ao devido processo legislativo, que autoriza a impetração de mandado de segurança, a fim de assegurar ao vereador impetrante o cumprimento de normas regimentais. Nesse caso, a legitimação para provocar o judiciário é exclusiva do parlamentar. Reexame necessário. Mandado de segurança. Constitucional e processual civil. Ausência de observância ao regimento interno na aprovação de projeto de lei. Requerimento de que o projeto seja submetido a nova apreciação pela câmara municipal observando o devido processo legislativo. Possibilidade do poder judiciário se eximir em matéria predominantemente política quando evidente a ilegalidade. Sentença confirmada em grau de reexame necessário. (tjpr – 4ª código cível – rn – 896532-4 – Santo Antônio do Sudoeste – rel.: Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes – unânime – julgado em 09.10.2012) Portanto, em ambos os casos, admite-se a interferência do Poder Judiciário como forma de garantir o Estado Democrático de Direito. 3.7 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL BÁSICA O que é legislação? Uma ou mais leis que se relacionam. Exemplos: As leis de um país, podem ser chamadas de legislação do país. As leis sobre meio ambiente, podem ser chamadas de legislação do meio ambiente. Mas, o que é lei? É uma norma (regra) escrita 36 Por que existem as leis? Para manter a ordem social e promover o bem comum No brasil, existem dois tipos de leis, tecnicamente falando: Leis ordinárias Leis complementares Nossa legislação prevê a existência de normas maiores, que regulamentam de forma: Geral (federação) Regional (estados e distrito federal) Local (municípios) No âmbito federal a norma maior é chamada de constituição. A constituição também é conhecida por: Carta magna Carta cidadã Carta popular Carta política Lei maior Nos estados-membros, a lei maior é chamada de constituição estadual. Nos municípios e no distrito federal não existem constituições, existem leis orgânicas. 3.8 HIERARQUIA DAS LEIS (Ordem De Importância) Segundo o constitucionalistaVicente Rao: “A hierarquia é um sistema em que as normas de categoria inferior devem obedecer às superiores” Em consequência, uma norma de menor hierarquia que conflite com outra de maior hierarquia será inválida (nula ou anulável). Por exemplo, uma lei ordinária que conflite com uma lei complementar cede ante a esta. 37 PIRÂMIDE DAS NORMAS BRASILEIRAS: CONSTITUIÇÃO FEDERAL EMENDA À CONSTITUIÇÃO LEIS COMPLEMENTARES (à CF) LEIS ORDINÁRIAS FEDERAIS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS EMENDAS ÀS CE LEIS COMPLEMENTARES ESTADUAIS LEIS ORDINÁRIAS ESTADUAIS LEIS ORGÂNICAS MUNICIPAIS (e Distrital) EMENDAS À LOM e LOD LEIS COMPLEMENTARES MUNICIPAIS (e Distrital) LEIS ORDINÁRIAS MUNICIPAIS (e Distrital) DESOBEDIÊNCIA À HIERARQUIA GERA: INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE NORMAS ADMINISTRATIVAS: RESOLUÇÕES Ato dos três poderes (legislativo-executivo-judiciário) Decisão coletiva DECRETO (Regulamenta Leis e outros casos mais específicos. É ato, em regra, do Poder Executivo) Decreto Legislativo: Exceção Decreto-Lei: extinto PORTARIAS Ato utilizado nos Três Poderes (Executivo-Legislativo - Judiciário) Regras gerais de funcionamento, procedimentos e de pessoal 38 I - LEI ORGÂNICA (previsão no art. 29 da CF) Lei Orgânica é a Lei Fundamental do Município A LEI MAIOR LOCAL DEFINE A Autonomia Política, Administrativa e Financeira CONTÉM, VIA DE REGRA: ORGANIZAÇÃO e DIVISÃO MUNICIPAL (sede e Distritos) COMPETÊNCIAS FORMAS E FUNCIONAMENTO DO GOVERNO MUNICIPAL (Executivo e Legislativo) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (servidores-bens-planejamento-obras e serviços-participação popular –orçamento, tributação e finanças). ORDEM ECONOMICA E SOCIAL DO MUNICÍPIO (urbanismo-agricultura-saúde-educação assistência social-esportes-cultura-meio ambiente -saneamento-habitação-família) Observação importante: Necessidade de Atualização Constante - Defasagem em Relação a Constituição Federal (mais de 60 EC), Constituição Estadual, Leis Federais e Estaduais. Textos Equivocados – Cópia de Outros Municípios Erros de Português II - REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICIPAL (Lei Interna da Casa de Leis) III - LEIS ORÇAMENTÁRIAS PPA (Plano Plurianual) LDO (Lei de Diretrizes orçamentárias) LOA (Lei Orçamentária Anual) PREVISÃO JURÍDICA DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS: 1) Constituição Federal (Arts. 165 à 169); 2) Lei 4.320/1964 (Lei da Contabilidade Pública) 3) Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF (Lei Complementar 101 de 2000) 39 PPA: METAS E OBJETIVOS PARA OS PRÓXIMOS 04 ANOS (exercícios) ASSUNTOS GENÉRICOS... PRAZO LONGO... CONTINUIDADE ... LDO: METAS E PRIORIDADES PARA O ANO SEGUINTE ORIENTA A ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO • indica possíveis alterações na legislação tributária, na política salarial e de contratação de novos servidores LOA: É elaborada pelo Executivo segundo as diretrizes aprovadas na LDO e estabelece a previsão de receitas (arrecadação) e despesas (gastos) do governo para o ano seguinte. IV – CÓDIGOS (lei que fixa normas gerais ou agrupamento de leis) TRIBUTÁRIO POSTURAS OBRAS SANEAMENTO AMBIENTAL V - PLANO DIRETOR Deverá Ser Instituído Por Lei Municipal Em Obediência Ao Estatuto Da Cidade (Lei Federal 10.257/2001) PLANO DIRETOR é o instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município. O Plano Diretor é obrigatório para municípios: 40 ► 1. Com mais de 20 mil habitantes ► 2. Integrantes de regiões metropolitanas ► 3. Áreas de interesse turístico ► 4. Situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou no país. O plano diretor orienta: ■ Lei do Estudo de Impacto de Vizinhança ■ Lei do Sistema Municipal de Informações ■ Lei do Perímetro Urbano ■ Lei do Sistema Viário ■ Lei do Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo ■ Lei do Parcelamento do Solo ■ Código de Obras e Edificações ■ Código de Posturas VI - OUTRAS LEIS MUNICIPAIS: VI.a - FUNDOS MUNICIPAIS Previdência Saúde Meio Ambiente Infância e Juventude Desenvolvimento Econômico Habitacional Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) Assentamentos – etc. VI.b - ESTATUTO DE SERVIDORES Regras de Direitos e Obrigações dos Servidores Municipais. É o mesmo para Executivo e Legislativo Municipal. 41 REGIME JURÍDICO ÚNICO: (só estatutários) - Previsão: CF/88 – art. 39, caput ECF 19/98: modificou e flexibilizou (poderiam ser estatutários e celetistas) ADIn 2.135 no STF (02/08/2007) suspendeu a flexibilização RESULTADO: Não afeta os que adotaram a CLT, mas suspende a flexibilização até julgamento final da ADIN. 3.9 ATOS LEGISLATIVOS O que é ato legislativo? Ato legislativo é a declaração unilateral da vontade estatal expressa e exteriorizada por escrito, que dispõe sobre a criação, extinção e modificação de normas jurídicas abstratamente gerais ou atos normativos. A lei e o ato normativo são produtos do ato legislativo. O conceito de ato legislativo desvincula-se do conceito de função legislativa, pois além do Legislativo, órgãos de outros Poderes poderão emiti-lo, ainda que em caráter não predominante. Portanto, o que importa considerar é que o ato legislativo resulta na criação de normas jurídicas abstratas e gerais e/ou atos normativos, não obstante sua origem: se proveniente do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público. Ao conjunto de atos legislativos dá-se o nome de processo legislativo. São atos legislativos: a) a iniciativa legislativa: faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo; b) as emendas: proposições apresentadas como acessórias a outra; sugerem modificações nos interesses relativos à matéria contida em projetos de lei; c) a votação: ato coletivo dos membros da Casa Legislativa; ato de decisão que se toma por maioria de votos, simples ou absoluta, conforme o caso; d) a sanção e o veto: são atos legislativos de competência exclusiva do Chefe do Executivo; somente recaem sobre projeto de lei; sanção é a adesão; veto é a discordância com o projeto aprovado. e) as portarias, os atos da Mesa, os requerimentos, as indicações, as moções, os títulos e comendas: são atos normativos. 42 Em resumo, o ato legislativo ocorre por meio de iniciativa, emenda, votação, sanção/veto e tem por objetivo a formação de normas jurídicas (a formação de uma emenda constitucional, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto legislativo e resolução) ou atos normativos. 3.10 PROJETOS LEGISLATIVOS MUNICIPAIS Tipos de Projetos Legislativos de Competência da Câmara Municipal: a) Emenda à Lei Orgânica b) Lei Complementar c) Lei Ordinária d) Decreto Legislativo e) Resolução f) Emendas à Constituição do Estado Peculiaridades de cada um: a) Emenda à Lei Orgânica Municipal: - Proposição que altera o texto da LOM Aprovação por quorum de dois terços b) Lei Complementar: Trata de algumas matérias especificadas na Lei Orgânica Municipal - Aprovação por quorum de maioria absoluta c) Lei Ordinária: Trata de assuntos diversos Aprovação por quorum de maioria simples d) Decreto Legislativo: Regula matéria de exclusiva competência do Poder Legislativo (Câmara Municipal) e destina-se a gerar efeitos no âmbito externo. Tem força de Lei e independe de sanção do Chefe do Executivo Aprovação por quorum de maioria simples e)
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