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2002059efolioB - NOTA 3,3

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UNIDADE CURRICULAR: História Económica e Social 
CÓDIGO: 41071 
DOCENTE: Fernando Pimenta 
A preencher pelo estudante 
NOME: Nathaly dos Santos Oliveira 
N.º DE ESTUDANTE: 2002059 
CURSO: Ciências Sociais 
DATA DE ENTREGA: 8 de maio de 2022 
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TRABALHO / RESOLUÇÃO: A regeneração definiu o período do liberalismo 
português entre 1851 e o fim da década de 1880. A estabilidade proporcionada permitiu 
a Portugal passar de um regime económico protecionista para uma política económica 
capitalista, livre-cambista que levou a redução de taxas alfandegárias como estímulo ao 
comércio e aumento da concorrência e da produção. Nesta época foram desenvolvidos 
infraestruturas, transportes e comunicações que impulsionaram o crescimento 
económico e a modernização do país. Este movimento teve início após a intervenção do 
duque de Saldanha que pós fim ao governo cabralista, dando início ao liberalismo. No 
golpe, que teve como um dos principais mentores, Alexandre Herculano, foi criado um 
novo governo, do qual Fontes Pereira de Melo (Ministro da Fazenda e posteriormente 
Ministro das Obras Públicas) e Almeida Garrett (Ministro dos Negócios Estrangeiros) 
fizeram parte. Economicamente falando, foi nesta fase que se afirmou o capitalismo e a 
nível social, a burguesia afirmou-se, atenuando alguns conflitos sociais nas áreas do 
desenvolvimento comercial, industrial e financeiro. Alexandre Herculano afirmou que 
graças “a liberdade e à paz” (Herculano, 1873) os traços que existiam do Antigo 
Regime foram apagados pelo aparecimento da Regeneração (por ex.: promulgação dos 
Actos Adicionais à Carta Constitucional). O sistema político bipartidário e rotativo, 
mais conhecido por rotativismo, posto em prática na Regeneração, teve a sua inspiração 
no sistema britânico, dando origem a dois partidos principais, Regeneradores (apoiantes 
de Saldanha, Fontes Pereira de Melo, etc.) e os Históricos ou Progressistas, (a oposição 
progressista ao governo de Costa Cabral). O país cresceu economicamente e 
modernizou-se, reduzindo os atrasos de Portugal comparado a outros países 
estrangeiros. Em 1852, foi estabelecido o sufrágio direto, apesar de excluírem maior 
parte da população, favorecendo classes mais altas. Apensas 9,1% da população 
(mulheres excluídas) estava recenseada em 1864 (data do primeiro censo demográfico). 
Até 1882, foi promulgada a tributação direta, que incluía vários contributos fiscais sobre 
prédios, indústrias e lucros e rendimentos profissionais. Mais tarde ainda foi criada uma 
contribuição sobre juros (1870). Ainda foi alargada a contribuição de registo até as 
heranças familiares. Na década de 50, reformaram-se os direitos aduaneiros e 
reduziram-se os direitos de importação (principalmente sobre os cereais). Em 1851 
recunharam-se moedas em ouro (excetuando as britânicas) de forma a normalizar o 
sistema monetário. Apenas em 1854, completou-se a normalização do sistema por meio 
da adoção do padrão-ouro. Em 1850/60, apareceram uma diversidade de bancos, que 
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mais tarde se reduziram apenas para alguns (concentrando-se nas mãos de poucas 
famílias). Um dos mais importantes foi o Banco Nacional Ultramarino (Lisboa), que na 
altura era o banco emissor para as colónias portuguesas. Contudo, maior parte dos 
bancos estavam concentrados no norte do país, consequência da emigração portuguesa 
para o Brasil. A Caixa Económica de Lisboa continuou a ser o banco mais importante 
até 1880, data onde foi criado um banco público de poupança, a Caixa Económica 
Portuguesa. E o banco hipotecário mais relevante foi a Companhia Geral do Crédito 
Predial Português. Contudo, em 1876, a expansão bancária sofre uma crise havendo até 
uma suspensão de emissão de moeda. Fontes Pereira de Melo tentou interligar o 
comércio do país através de um mercado interno. A sua política (fontismo) passou pela 
criação de uma rede de transportes e de comunicações que foram determinantes para o 
desenvolvimento económico de Portugal. As estradas até meados do século XIX não 
atingiam os 220 km e a partir de 1852 passaram a atingir uma construção anual de 110 
km. Os caminhos de ferro, por sua vez, foram alvo de uma modernização e a sua 
exploração tanto foi realizada pelo Estado como por entidades privadas. Esta rede foi 
alargada também até Espanha até 1882 (Lisboa-Madrid e Porto-Galiza). Este impulso 
económico obrigou Portugal a contrair créditos no estrangeiro e aumentar a carga fiscal, 
agravando a situação económica de maior parte dos portugueses. Ainda foram 
desenvolvidos e ampliados portos e construídos faróis que facilitaram a segurança da 
navegação. Construíram-se pontes como: a ponte ferroviária D. Maria em 1877 ou a 
ponte rodoviária Luís I, no Porto em 1886 que facilitaram a circulação. Nas 
comunicações, encurtaram-se distâncias por meio da introdução de novos meios de 
comunicação como: o telégrafo, o telefone e os correios. O telégrafo contou com as 
primeiras ligações experimentais em 1855. Em 1870 lançaram-se cabos submarinos que 
se encarregaram de ligar Portugal e Inglaterra e Portugal outros pontos (Lisboa; 
Madeira; Cabo-verde; etc.) O telefone, por outro lado, teve a sua introdução no Porto e 
Lisboa na década de 80, fazendo de Portugal, um dos países pioneiros na adoção deste 
meio de comunicação. Por fim, os correios, possibilitaram o fim do selo postal, dando 
espaço ao pagamento prévio de selos de franquia e postais. O decreto de 13 de 
Dezembro de 1852 introduz como obrigatório o sistema métrico em 1853 que unificou o 
país, eliminado velhos hábitos ao longo do tempo, passando a ser usado nacionalmente 
em 1862. As indústrias também beneficiaram pelas políticas implementadas pela 
Regeneração. Diminuíram-se impostos sobre a importação de matérias-primas que 
tinham como objetivo reduzir os custos de produção, tornando Portugal, um país mais 
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competitivo, chegando a registar entre 1851 e 1900 um crescimento de cerca de 6,4% ao 
ano. Nomeadamente entre 1872 e 1876, Portugal assistiu ao crescimento do uso no setor 
industrial de: máquinas a vapor, os fornos verticais, etc. Nesta época afirmaram-se 
novas indústrias como: a do cimento, do tabaco, de fertilizantes e da cerâmica. E a partir 
da segunda metade do século XIX a indústria têxtil desenvolveu-se (mais nas regiões de 
Lisboa e Porto). O desenvolvimento industrial impulsionou o aumento fabril e de 
operários. Nesta data, inicia-se a produção de cortiça, lacticínios e de sardinhas em lata, 
causando um aumento de investimento de estrangeiros (principalmente ingleses), em 
companhias comerciais e sociedades anónimas. A agricultura continuou a ser o setor 
primário da economia portuguesa, empregando maior parte dos portugueses. Apesar da 
expansão agrícola ainda faltava à agricultura a conceção capitalista, pois parte da 
agricultura ainda era subsistida. A agricultura estava maioritariamente na posse da 
aristocracia e da burguesia, por isso, baseava-se na exploração laboral dos trabalhadores 
assalariados (jornaleiros) que se encontravam praticamente na miséria. O setor agrícola 
exigia uma modernização urgente, pois era essencial para o progresso da atividade 
económica e para o progresso de Portugal. Entre as décadas de 60 e 80, a expansão 
agrícola foi marcada por fatores como: a extinção definitiva dos morgados em 1863, 
desamortizando bens das corporações e terrenos baldios, aumentando área cultivada em 
cerca de 35%; introdução de novas técnicas de trabalho (ex.: uso de adubos químicos 
em 1870); divulgação de novos instrumentos agrícolas (ex.: charrua inglesa); novos 
métodos de cultura (ex.: sementeira em linha) e um aumento na produção de cereais, 
cortiça, vinhos (ex.: castas do vinho do Porto), batata e arroz. A Regeneração além de 
alargar a agricultura nacional, articulou o país com mercados externos, canalizando 
produtos (ex.: vinícolas) para o exterior. A partirde 1870 decresceu o número de 
nobres, aumentando o número de aristocratas, não titulados, que participaram na 
governação. Abaixo estavam as classes médias (comerciantes, artesãos, professores, 
entre outros) que se concentravam em centros urbanos (Lisboa, Porto, Coimbra, Braga). 
No fim da pirâmide estavam o proletariado urbano e os camponeses, constituído por 
operários e outros trabalhadores assalariados e pescadores que tinham condições de vida 
duríssimas chegando a sacrificar as suas vidas. Portanto, o povo continuou analfabeto, 
pobre, explorado e politicamente submisso. A modernização da Regeneração não 
chegou para a autêntica industrialização do país. A emigração viu o seu crescimento 
principalmente de zonas rurais para zonas urbanas como Porto e Lisboa, apesar de 
serem oferecidas oportunidades económicas como o Brasil. 
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Bibliografia 
Herculano, A. (1873). Opúsculos, Tomo IV - A Emigração. 
Mata, E., & Valério, N. (2003). História Económica de Portugal. Uma Perspectiva 
Global. Lisboa: Editorial Presença. 
Pimenta, F. T., & Santos, M. A. (2022). A instalação do liberalismo em Portugal e a 
Regeneração (1820-1890). Texto de Apoio e de Contextualização Histórica. 
Serrão, J., & Martins, G. (1978). Da Indústria Portuguesa: do Antigo Regime ao 
Capitalismo - Antologia. Lisboa: Livros Horizonte.

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