Buscar

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

FACULDADE MINAS GERAIS
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
PEÇA PROCESSUAL
Cristiano Dos Santos Martins
Fernando Danilo Soares Costa
Jailson Luiz Magestre Fonseca
BELO HORIZONTE
2022.2
AO JUÍZO DE DIREITO DA XXª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XX/ XX
Autos n° XXX
Autor: Ministério Público Estadual
Acusado: Cláudio
Cláudio, brasileiro, estado civil, profissão, portador da Carteira de Identidade, CPF, com
endereço na Rua, n° – Bairro– Cidade/UF – CEP, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por seus advogados infra-assinados (procuração anexa) apresentar;
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
com fulcro no art. 396 e 396 A do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de
direito abaixo aduzidas.
I – DOS FATOS:
O Réu foi denunciado pela suposta prática dos delitos de estelionato –art. 171 do Código
Penal – em concurso material com o delito de falsificação de documento particular – art. 298
do Código Penal.
Segundo consta da Denúncia, este teria falsificado documentos da vítima, Sr. Mario, e,
fazendo uso de tal documento, teria transferido para sua conta no Banco ABC a quantia de
R$20.000,00 (vinte mil reais) que seriam provenientes da conta da vítima.
O Réu exerceu o direito de permanecer em silêncio em seu depoimento prestado na fase
inquisitorial, e, na mesma fase, o Delegado que presidia o inquérito expediu ofício – cópia
anexa - ao Banco ABC para que este enviasse extrato detalhado das contas do Réu e da
vítima.
O ofício, que como se pode notar não foi expedido por autoridade judicial, foi cumprido pelo
Banco, que enviou a documentação requerida pelo delegado, subsidiando, assim, o
oferecimento da denúncia.
Apesar de se pautar exclusivamente nas alegações da vítima e na documentação fornecida
pelo Banco, a denúncia foi recebida na data de 12 de abril de 2015, e o réu foi citado para
oferecer resposta à acusação.
II – DO DIREITO:
II.I- PRELIMINAR
A - Da ilicitude da prova basilar da denúncia.
Nulidade
A Constituição pátria, em seu artigo 5°, no inciso XII, a Carta Magna prevê a inviolabilidade
do sigilo de dados, ainda protegendo a intimidade e vida privada da pessoa, que somente
poderá sofrer exceções em hipóteses excepcionais, ou seja:
ART. 5°, inciso XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei
nº 9.296, de 1996)
Cumpre salientar ainda, que a possibilidade de se acessar tais dados é excepcionada com
vistas a garantir que o cidadão não fique à mercê das vontades do Estado, que, em épocas
de Ditadura, utilizou-se de artifícios que violaram direitos fundamentais dos cidadãos para
puni-los de modo inquisitorial, em flagrante afronta ao princípio do devido processo legal -
hoje previsto no inciso LVI, do art 5° da Constituição da República. Deve ser garantido que o
indivíduo só será privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um
processo legal, exercido pelo Poder Judiciário, por meio de um juiz natural, assegurados o
contraditório e a ampla defesa.
Nota-se, portanto, que a denúncia se baseou em prova obtida por meio ilícito, uma vez que
o delegado não é autoridade judicial e não pode, por óbvio, determinar a quebra de sigilo
bancário de qualquer cidadão sem a autorização judicial.
Luiz Guilherme Marinoni define prova ilícita como: “[a] prova é ilícita quando viola uma
norma, seja de direito material, seja de direito processual”.
João Batista Lopes assevera que a expressão “provas ilícitas” pode ser entendida em
sentido lato, quando forem tais provas contrárias à Constituição, à legislação e aos bons
costumes; e em sentido estrito, quando tais provas violem disposições legais, inclusive a
Constituição. O mestre ainda aponta a existência de uma terceira corrente, que vincula as
provas ilícitas à violação de direitos constitucionais essenciais
Ainda a respeito da aceitação de provas ilícitas no processo, versa o art. 157 do Código de
Processo Penal que:
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo,
as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a
normas constitucionais ou legais
O Ministério Público em sua denúncia utilizou-se de prova que não respeitou o devido
processo legal para ser produzida, motivo pelo qual deve ser desentranhada do processo.
Uma vez desentranhada do processo a referida prova, a denúncia restará esvaziada de
materialidade e de indícios suficientes de autoria, já que apenas o relato da suposta vítima
sustenta a peça acusatória, que, por sua vez, carece de justa causa.
A respeito da justa causa, o Código de Processo Penal em art. 395, inciso III.
In Verbis:
“A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
faltar justa causa para o exercício da ação penal”, não
restando, assim, motivo para aceitação da denúncia.
II. II- DO MÉRITO
B - Da impossibilidade/negativa de autoria:
Ademais, cumpre esclarecer que o réu estava, à época dos fatos pelos quais é acusado,
estava em excursão com sua família para a Austrália, tendo deixado o Brasil na data de
XX/XX/XXXX, e voltado apenas em XX/XX/XXXX – conforme cópia de passagens aéreas
anexa, e produção cinematográfica realizada com a finalidade de registrar seus momentos
familiares
Estando o réu em outro país à época do crime a ele indevidamente atribuído, impossível
seria que ele utilizasse documentos falsos para fazer a transferência alegada, haja vista
inexistência de Agência do Banco ABC naquele país, o que reforça a tese da inexistência
de quaisquer indícios de autoria em desfavor de Cláudio que deve ter sua denúncia
rejeitada, nos termos do art. 395, inciso III do Código de Processo Penal.
O caso em tela, é constantemente debatido pelos juizados, vejamos;
PENAL. ESTELIONATO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IN
DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO. Se os indícios da autoria não são
suficientes para amparar a condenação, havendo dúvidas a respeito do
autor do fato, impositiva a absolvição com base no princípio in dubio pro
reo. Apelação provida para absolver o réu.
(TJ-DF 20140910005299 DF 0000514-66.2014.8.07.0009, Relator:
MARIO MACHADO, Data de Julgamento: 30/05/2019, 1ª TURMA
CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 03/07/2019 . Pág.:
122-137)
Vejamos ainda;
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ESTELIONATO -
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS DA PRÓPRIA EXISTÊNCIA DO
FATO - IN DUBIO PRO REO - ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA. - É
necessária prova escorreita e segura da existência e da autoria do fato
delituoso para que a presunção de inocência que milita em favor do
acusado seja elidida; isso porque uma condenação baseada apenas em
conjecturas e ilações feriria de morte a dignidade da pessoa, princípio
matriz de nossa Constituição.
(TJ-MG - APR: 10086160033774001 Brasília de Minas, Relator: Cássio
Salomé, Data de Julgamento: 09/03/2022, Câmaras Criminais / 7ª
CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 11/03/2022)
Como demonstrado pelos julgados acima descritos, ocorrendo a impossibilidade de provar o
alegado, ou insuficiência de provas para tanto, deve ser aplicado o princípio do in dubio pro
reo, e levando a absolvição.
Caso ainda assim a denúncia seja recebida, deve o réu ser absolvido pelo fato acima
alegado, conforme versa o inciso IV do artigo 386 do Código de Processo Penal: “O juiz
absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: estar
provado que o réu não concorreu para a infração penal;”
III – DO PEDIDO
Frente ao exposto, requer o peticionário:
a) Seja reconsiderado o recebimento da Denúncia, para rejeitar liminarmente a inicial
com base no inciso III do art. 395, do Código de Processo Penal.
b) Seja a prova desentranhada do processo, na forma do art. 157 do Código de
Processo Penal- PROVA NULA.
c) No caso do recebimento da denúncia seja o réu absolvido sumariamente, haja vista
a impossibilidade de ter praticado o crime por estar ausente do Brasil à época dos
fatos a ele atribuídos, conforme documentaçãoanexa, na forma no inciso IV do
artigo 386 do Código de Processo Penal.
d) Subsidiariamente, seja requisitado pelo MM. Juiz a lista de hóspedes na data de
XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX do Hotel XXXXXXXXXXXX, localizado em
XXXXXXXXXXX.
e) Seja requisitado pelo MM. Juiz a lista de passageiros dos voos XXXXXXXXXX - e
XXXXXXX.
f) A INTIMAÇÃO e oitiva das testemunhas abaixo, sob pena das cominações legais:
Rol de testemunhas:
XXXXXXXXXXXXXXXX – qualificado à fl. Xx
YYYYYYYYYYYYYYYY – qualificado à fl. Xx
VVVVVVVVVVVVVVV –qualificado à fl. Xx
Nestes termos, Pede e espera deferimento.
Belo Horizonte, XX de xxxxxxx de XXXX.
Advogado OAB/MG XXXX
Advogado OAB/MG

Outros materiais