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Capítulo 11 - fichamento 1 🔖 Capítulo 11 - fichamento Para ler: 11.1, 11.2, 11.3 e 11.4 - Choques de preços e outros desequilíbrios Ampliando o modelo de economia aberta: choques e desequilíbrios do petróleo 11.1 Visão Geral Discussão da era da Grande Moderação: quinze anos que antecederam a crise financeira global A inflação alta e volátil parecia ter sido eliminada das economias avançadas e houve reduções dramáticas no desemprego em muitas economias europeias, onde permaneceu teimosamente alto na década de 1980 Enquanto os choques do preço do petróleo da década de 1970 causaram grandes perturbações econômicas, os choques do petróleo na década de 2000 foram absorvidos com relativa facilidade Os formuladores de políticas e alguns observadores acadêmicos estavam confiantes de que uma década de reformas no mercado de trabalho e um melhor ambiente de formulação de políticas, exemplificado pelo tipo de regime de metas de inflação, havia desempenhado um papel na produção de melhorias. No desenrolar da crise financeira global e da crise da dívida soberana da zona do euro a partir de 2008, revelou-se que os desequilíbrios estavam se acumulando e com eles as pré- condições para a crise Capítulo 11 - fichamento 2 Como choques nos preços das commodities, como os preços do petróleo, podem ser analisados no modelo AD-BT-ERU análise motivada pela grave perturbação da economia global causada pelos choques do petróleo da década de 1970 Os dois choques do petróleo em 1973 e 1979 foram seguidos por anos de baixo crescimento, alta inflação e aumento do desemprego ⇒ estagflação Já nos anos 2000, quando o preço do petróleo voltou a subir acentuadamente, os efeitos macroeconômicos foram muito diferentes a inflação manteve-se moderada e o desemprego em muitos países atingiu o seu nível mais baixo em várias décadas ⇒ por que o resultado foi diferente? Discussão sobre os desequilíbrios e a interdependência dos países Alguns países têm superávits em conta corrente; Outros, déficits em conta corrente Esses padrões de pagamentos internacionais são problemáticos ou se simplesmente refletem diferenças benignas entre países, por exemplo, em oportunidades de investimento ou recursos naturais. Alguns observadores argumentam que o grande acúmulo de desequilíbrios em conta corrente global nos anos anteriores à crise financeira desemprenhou um papel causal na crise. A maneira mais simples de pensar sobre a interação entre economias é assumir que o mundo é composto de apenas dois grandes blocos de economias. Em cada bloco há um banco central com metas de inflação Explicar como foi possível que os BCs com metas de inflação nos dois blocos mantivessem com sucesso a inflação próxima da meta e ainda assim houvesse desequilíbrios externos persistentemente crescentes. Capítulo 11 - fichamento 3 11.1.1 Como o aumento do preço das commodities afeta a macroeconomia? Para país importador de petróleo → um choque de petróleo é uma combinação de dois choques diferentes: choque negativo de comércio externo (que também é um choque negativo de demanda agregada), choque negativo de oferta Primeiro choque em 1973 → formuladores de políticas concentraram-se na primeira característica do choque estavam preocupados com os efeitos depressivos sobre a demanda agregada, o emprego e a balança comercial, e não levaram em conta o impacto sobre o lado da oferta e da economia Nesta seção, utilizamos o modelo de economia aberta de médio prazo para responder a algumas perguntas preliminares sobre os choques do petróleo Por que um choque do petróleo deprime a demanda agregada? petróleo → insumo importado para a produção; elemento importante na cesta de consumo das famílias sobe o preço do petróleo → deprime a demanda agregada nos países importadores de petróleo pensando na definição de demanda agregada, o aumento do preço do petróleo reduz as exportações líquidas ao elevar a conta real de importação do ponto de vista das famílias, quando o preço do petróleo sobe, o preço da gasolina na bomba sobe as empresas também repassarão o preço mais alto do combustível para os preços de seus bens esses aumentos de preços reduzem a renda real das famílias e, a menos que possam tomar empréstimos para suavizar esse choque, o consumo cairá Capítulo 11 - fichamento 4 queda das exportações líquidas (X-M) à medida que o custo real do petróleo importado aumenta ⇒ redução da demanda agregada ⇒ desloca a curva AD para a esquerda no modelo AD-BT-ERU. A queda nas exportações líquidas dado o aumento da importação também deprime a balança comercial ⇒ deslocamento para a esquerda na curva BT Nova curva BT intercepta a nova curva AD verticalmente acima do equilíbrio inicial Os efeitos do comércio externo de um aumento no preço do petróleo Depreciação real (sobe Q) ⇒ compensaria o efeito do choque do preço de petróleo sobre a demanda agregada, deixando o produto inalterado (ponto A para ponto B) Melhoria da competitividade com a moeda nacional valorizada restabelece as exportações líquidas em seu nível incial (AD BT), então no ponto B também haverá saldo comercial O choque comercial externo significa um novo equilíbrio de médio prazo no ponto C, com maior desemprego e déficit comercial (cruzamento ERU e AD) Por que um choque de petróleo é um choque de oferta negativo? Capítulo 11 - fichamento 5 Aumenta o desemprego como consequência da queda da demanda agregada Desloca a curva da ERU para a esquerda Se o valor real do salário das famílias é reduzido por preços de energia mais caros (pelo choque de petróleo), isso desloca a curva de fixação de preços PS para baixo (para uma dada Q), abrindo uma lacuna entre o salário real de consumo que eles esperam para uma determinada taxa de desemprego e o valor real do salário que recebem deslocamento para baixo na curva PS tem o efeito de deslocar a curva ERU para a esquerda Pensar no aumento do preço do petróleo como um choque negativo de oferta ajuda a explicar por que o choque do petróleo em 1973 levou a um aumento pontual de inflação em um momento em que o desemprego também havia aumentado Haverá pressão ascendente sobre a inflação enquanto houver uma lacuna entre a curva WS e a nova curva PS inferior Capítulo 11 - fichamento 6 o desemprego deve aumentar para que a economia atinja uma inflação estável se o formulador de política tentar compensar o efeito da queda na demanda agregada por meio de estímulos monetários ou fiscais, a economia experimentará uma inflação crescente Qual é o papel da política monetária? uso de política fiscal expansionista para impulsionar a demanda → saldo fiscal do governo deteriorado se o governo quiser restaurar a produção e o desemprego aos níveis anteriores ao choque do petróleo, pode tentar usar uma política monetária expansionista produzindo uma depreciação da taxa de câmbio por meio da redução da taxa de juros. em regime de câmbio fixo, o mesmo resultado poderia ser alcançado por uma desvalorização Capítulo 11 - fichamento 7 isso levaria a economia de B para A porém, isso gera aumento da inflação. no ponto A, a economia está à direita da curva ERU: a depreciação reduzirá os salários reais e levará a uma compensação por meio de ajustes de salários nominais mais altos ⇒ inflação mais alta de salários e preços à medida que o impacto da inflação mais alta sobre a competitividade doméstica começar, a economia se moverá para o sudoeste em direção ao ponto B para compensar essa recessão, o governo teria que implementar outro afrouxamento da política monetária ⇒ outra explosão de inflação se seguiria Como uma política do lado da oferta poderia ajudar? Capítulo 11 - fichamento 8 Embora muitos países tenham experimentado a combinação de alta inflação e desemprego nas décadas de 1970 e 1980, isso não foi verdade para todos ⇒ diferenças nas estruturas institucionais entre os países. Países com fixação salarial coordenada, como os da Escandinávia e Áustria, mantiveram o desempregobaixo apesar desses choques. De acordo com o gráfico 2.1, vemos uma comparação com as economias avançadas durante esse período Se o efeito negativo do choque do lado da oferta pudesse ser compensado por uma política apropriada do lado da oferta, as consequências estagflacionárias do choque do petróleo seriam mitigadas exemplos: Capítulo 11 - fichamento 9 acordo salarial/política de renda: acordo tripartido entre governo, sindicatos de empregados e associações de empregadores. O acordo significa que os funcionários aceitam a restrição salarial para manter um emprego mais alto do que seria o caso de outra forma. acordo → desloca para baixo a curva de fixação de salários, tenta compensar parcialmente o deslocamento para baixo da curva de fixação de preços (WS → PS) Se o acordo salarial compensar totalmente o efeito do choque do petróleo, a curva ERU não se deslocará para a esquerda. tal política reduziria tanto o aumento do desemprego quanto o aumento da inflação associado ao choque do petróleo A desvantagem dessas políticas é que elas são difíceis de vender politicamente, já que associar o aumento dos preços do petróleo com restrição salarial significa que os trabalhadores têm que aceitar uma redução em suas rendas reais. Por que o aumento do preço do petróleo nos anos 2000 não levou à estagflação? período 2002-2008: os preços reais do petróleo quase dobraram, elevando-os a um nível superior ao de 1980. Ainda assim, a inflação permaneceu baixo e o desemprego estava caindo em muitos países. Uma importante razão pela qual os efeitos da demanda depressiva foram silenciadas nos anos 2000 foi o comportamento das instituições financeiras os bancos estavam interessados a aumentar seus empréstimos e nos EUA, p. ex., eles permitiram que as famílias sacassem patrimônio de suas casas para permitir que eles mantenham seu consumo em face do petróleo mais caro comportamento dos bancos mais discutido no capítulo 7. Do lado da oferta, os trabalhadores estavam menos inclinados a obter compensação através de seus salários preços preços mais altos do petróleo na Capítulo 11 - fichamento 10 década de 2000 do que na década de 1970 isso pode estar relacionado a: declínio do papel dos sindicatos na fixação de salários durante esse período → tanto a curva de demanda agregada e as curvas ERU teriam se deslocado menos para a esquerda do que na década de 1970 devido ao comportamento bancário e sindical Com mandatos de meta de inflação, os BCs não estavam inclinados a tentar compensar o efeito sobre a demanda afrouxando a política monetária nos anos 2000. Interpretação dos saldos financeiros setoriais de uma economia: o desequilíbrio em conta corrente é importante? Em quais circunstâncias um desequilíbrio em conta corrente é benigno? a lógica é familiar (capítulo 1) aumento na renda de um país → aumento a empréstimos no mercado internacional de capitais → consumo dos residentes domésticos aumenta → aumentam as importações para sustentar maior consumo déficit em conta corrente de maneira benigna → é possível pegar mais empréstimos nos mercados de capitais internacionais para financiar o nível mais alto de importações Capítulo 11 - fichamento 11 de maneira maligna → aumento do consumo leva ao aumento das importações e à deterioração da conta corrente → país acumula dívidas com o resto do mundo enquanto persistir o déficit em conta corrente Metas de inflação em um mundo de dois blocos fase final da Grande Moderação - a partir do ano 2000, foram crescentes desequilíbrios externos de várias grandes economias. EUA, Espanha e Reino Unido tiveram déficits externos crescentes Capítulo 11 - fichamento 12 Contrapartida desses déficits foram os crescentes superávits da China, da OPEP e da Alemanha O superávit do Japão se manteve bastante estável ao longo dos anos 2000 No mesmo período, BCs das economias desenvolvidas e emergentes e em desenvolvimento praticaram metas de inflação e foram aparentemente bem-sucedidos em alcançar uma inflação baixa e estável isso contrasta com períodos anteriores, marcados por uma inflação alta e volátil, principalmente nas economias emergentes e em desenvolvimento podemos usar uma versão de dois blocos do modelo de 3 equações para explorar a interdependência entre países e mostrar como a resposta de um banco central com metas de inflação em um bloco a um choque específico do bloco afeta a economia e o formulador de políticas no outro bloco ambos os blocos podem atingir sua meta de inflação, mas divergências em conta corrente e câmbio real surgem se houver choques e/ou padrões de demanda diferentes nos dois blocos Capítulo 11 - fichamento 13 modelo de dois blocos será estabelecido e usado para analisar o ajuste dinâmico de dois blocos a choques econômicos na seção 11.2.5. Diferentes estratégias de ‘crescimento’ de médio prazo podem causar desequilíbrios globais Uma maneira de entender os desequilíbrios globais que surgiram no período pré-crise é vê- los como resultado da escolha de diferentes estratégias de “crescimento” de médio prazo por economias globais significativas. Por exemplo: EUA - George W. Bush: experimentou booms de consumo e habitação e gastos governamentais crescentes do capítulo 10, sabemos que um equilíbrio inflacionário constante pode ser consistente com o desequilíbrio externo de uma economia aberta. o governo em uma economia (com ERU decrescente) pode estimular uma demanda doméstica mais alta (pública ou privada), que estará associada a menor desemprego e salários reais mais altos (por meio de um câmbio real apreciado) o que, por sua vez, é consistente com a estabilidade da inflação. Se todos os países tentassem fazer isso ao mesmo tempo, em uma economia fechada (mundo como um todo), isso seria modelado por um deslocamento para a direita da curva IS mundial em um modelo de economia fechada e não seria possível manter inflação constante. Capítulo 11 - fichamento 14 Diferentes estratégias de crescimento: um bloco com políticas expansionistas e outro com políticas restritivas Representação simples do equilíbrio de médio prazo na economia global nos anos pré-crise. Bloco A: países que adotaram uma política de apoio ao crescimento por meio de demanda doméstica, como EUA, Reino Unido e Espanha ao nível de economia global, estas políticas expansionistas foram compensadas pelas economias do bloco B, que deprimiram a demanda interna para manter sua taxa de câmbio real depreciada e apoiar a sua estratégia de crescimento exportador. contenção de demanda doméstica e promoção das exportações líquidas na década de 2000 ⇒ Alemanha e China Capítulo 11 - fichamento 15 Bloco A em equilíbrio inflacionário constante com desemprego mais baixo e déficit externo Bloco B está em equilíbrio inflacionário constante com desemprego mais alto e superávit comercial Assumindo que as mudanças de demanda são opostas e simétricas, a economia mundial permanece no único equilíbrio de inflação constante, conforme mostrado no painel superior da figura 11.6 Essas estratégias resultaram no surgimento de grandes desequilíbrios externos que se desenvolveram a partir do início dos anos 2000 - ver figura 11.4 Conforme discutido no capítulo 7, EUA e Reino Unido passam pela desregulamentação financeira nos anos 90 EUA → isso levou à concessão de crédito a famílias de baixa renda para hipotecas Boom imobiliário Espanha → idem; e também a criação da zona do euro afetou o acesso e o custo dos empréstimos Porém nem todos os países foram caracterizados pelo mesmo padrão ⇒ China e Alemanha Ambos os países tinham superávits em conta corrente cada vez maiores China → apesar da taxa de investimento muito alta e crescente (como porcentagem do PIB) e alto crescimento a taxas próximas de 10% a.a., a poupança foi ainda maior (refletindo o aumento da poupança das empresas compensando a queda da taxa de poupança das famílias). governo chinês → favorece estratégia de crescimento liderada pelas exportaçõespara criar um grande setor manufatureiro globalmente competitivo; em detrimento de um padrão de crescimento mais equilibrado, que permitiria a apreciação da taxa de câmbio e a elevação dos salários reais e do consumo interno. Alemanha → emergia de seu período de financiamento de reconstrução na Alemanha Oriental após reunificação em 1990; os governos se concentraram em estabelecer políticas para incentivar a restauração da competitividade no setor de exportação, que havia sido erodida durante o boom pós-unificação no início dos anos 1990 Capítulo 11 - fichamento 16 governo manteve a política fiscal rígida e as reformas do lado da oferta se concentraram em aumentar o custo da perda de empregos: ambas tiveram o efeito de encorajar a contenção salarial no contexto da fraca demanda interna, as empresas alemãs buscaram aproveitar as oportunidades disponíveis Capítulo 11 - fichamento 17 Capítulo 11 - fichamento 18 Capítulo 11 - fichamento 19
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