Buscar

Processo Civil I

Prévia do material em texto

Questão 1
R- Sim. É lícito alienar coisa ou direito litigioso. Esta possibilidade consta no artigo
42 do Código de Processo Civil:
Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre
vivos, não altera a legitimidade das partes.
1º O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o
alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária.
2º O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo
o alienante ou o cedente.
3º A sentença , proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao
adquirente ou ao cessionário.
Alienado o imóvel litigioso através de contrato oneroso, procedendo-se à
transferência do domínio, posse ou uso do mesmo, há que se distinguir entre duas
situações: a ocorrência de evicção e a ciência do adquirente da litigiosidade da
coisa adquirida. Na ocorrência da evicção, é aplicável o comando cogente do art.
1.107 do Código Civil. Assim, se sobre o bem alienado pendia litígio e deste não
tinha conhecimento o adquirente, no momento da celebração do contrato,
responderá pela evicção o alienante, independentemente de culpa, por ser a garantia
contra a evicção devida pelo alienante elemento natural de todos os contratos
onerosos e comutativos. Nesse caso, mesmo de boa-fé, estará o alienante sujeito a
responder pela garantia da evicção, se dela não houver se desobrigado em cláusula
expressa do ajuste. Uma vez consumada a evicção, o adquirente terá direito a reaver
o valor pago pelo bem, mais perdas e danos, segundo a aplicação do art. 1.109 c/c
1.107, parágrafo único do C.C.
Porém, vale destacar que a Lei Federal nº 13.097/2015, conhecida como Lei da
Matrícula, ações na Justiça só interferem na venda quando o processo está anotado
na matrícula do imóvel. Caso contrário, a propriedade pode ser comercializada sem
problema algum. Nesse sentido a súmula 375 do STJ dispõe: Não se considera
fraude à execução a venda de bem imóvel, se não registrada a penhora no RGI,
mesmo que já citado o devedor, prevalecendo a boa fé do adquirente. Somente a
alienação posterior ao registro é que caracteriza a figura da fraude.
Questão 2
Ao Juízo de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho-RO.
Distribuição por dependência do autos nº 0000678-23.2018.8.22.0001
JOÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n
XXX, inscrito no CPF/MF sob nº XXX, com endereço à Rua XXX, nº XX, bairro XXX,
CEP nº XXX, na comarca XXX, com endereço eletrônico e-mail XXX, vem
respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu advogado abaixo assinado e
regularmente constituído, conforme instrumento procuratório anexado, estabelecido
profissionalmente à Rua XXX, nº XX, sala XXX, nº XX, bairro XXX, CEP nº XXX,
onde recebe intimações e notificações, com e-mail XXX, opor os presentes
EMBARGOS DE TERCEIROS
Em face de Pedro, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob nº
XXX, endereço eletrônico e-mail XXX, residente e domiciliado na Rua XXX, nº XX,
na Cidade de XXX-XX, pelos motivos e fatos que passa expor.
1. DO CABIMENTO E LEGITIMIDADE DO EMBARGANTE
Conforme passará a demonstrar e provas que junta em anexo, o Embargante
é possuidor do direto do bem alvo de pretensão de constrição judicial nº
0000678-23.2018.8.22.0001, sendo estranho à lide.
O embargante adquiriu um imóvel, localizado na Rua das Couves, nº 57,
bairro das Flores, mediante Instrumento Particular de Compromisso de
Compra e Venda, em 01 de março de 2019.
O valor de R$25.000,00 (vinte cinco mil reais), foi totalmente pago à vista. O
embargado, na ocasião da venda, lhe apresentou a matrícula do imóvel, onde
constava como real proprietário do imóvel.
Ocorre que o embargante não tinha conhecimento que o embargado, estava
sendo demandado judicialmente por Maria, que havia lhe vendido o imóvel
anos antes. No entanto, no dia 20 de fevereiro de 2019, embargado foi citado
no processo movido por Maria. Porém, certo de que ganharia a ação, não
contou para o embargante, pois se assim o fizesse, poderia frustrar a
transação, que estava em trâmites finais.
Demonstrando, portanto, a legitimidade do embargante para defender a
posse do bem em espécie, nos termos do Art. 674 do Código de Processo
Civil, o que não sofre nenhuma resistência nos Tribunais.
Trata-se, ainda, nos termos do art. 114 do CPC de litisconsórcio necessário,
pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença
depende da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Assim, considerando que o objeto da ação atingirá diretamente o patrimônio
do embargante, pois o mesmo adquiriu o imóvel sem ciência de que o bem
estava sendo demandado em juízo, faz-se necessária a inclusão do mesmo
no polo passivo, eis que a decisão judicial originária deste processo atingirá
diretamente os seus bens.
Evidenciando, portanto, a legitimidade do Embargante nos presentes
Embargos de Terceiro devendo ser manejados, em face das partes que
estão em litígios no processo principal, para processamento e total
provimento.
2. DO DIREITO
Trata-se de lesão grave em seu direito de posse, haja vista que este adquiriu
o imóvel através do contrato de compra e venda em época anterior à
existência da aludida dívida, estando, portanto, amparado pela legislação a
opor o presente embargo.
Apesar de desprovido de registro, o contrato de compra e venda é
documental hábil a defender a posse do bem, conforme assinalado pela
Súmula 84 do STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro
fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.
Assim, considerando suficientemente provada a posse, deve ser concedida
liminarmente a manutenção da posse em favor do embargante, nos termos
do artigo 678 do CPC.
Percebe-se que, mesmo não tendo sido registrada a escritura de compra e
venda, afasta-se qualquer restrição quando se trata de adquirente de boa-fé.
3. Do Pedido
Diante o exposto, requer o Embargante à Vossa Excelência que admita os
presentes embargos de terceiro para fim de:
a) Requer-se a citação do embargado, na pessoa do seu
advogado, conforme o art. 677, parágrafo 3º,CPC, para
apresentar contestação, conforme art. 679 do CPC;
b) Requer-se a procedência dos Embargos para o cancelamento
da constrição, conforme art. 681 do CPC;
c) Requer-se a condenação do embargado em honorários
advocatícios, custas e despesas processuais, conforme arts. 82
parágrafos 2º, 85, do CPC.
Dá-se à causa o valor de R$25.000,00 (Vinte e cinco mil reais), que é o valor do
imóvel objeto do presente embargo, conforme o art. 292, inciso II do Código de
Processo Civil.
Local e data.
Advogado
OAB/UF

Continue navegando