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Processo Civil: Execução e Cumprimento de Sentença Profa. Katy Brianezi Responsabilidade Patrimonial O responsável pela obrigação poderá ter o seu patrimônio invadido para satisfazer o direito do credor. A responsabilidade patrimonial só se manifestará em caso de inadimplemento. Há também a possibilidade de existir débito, sem que haja responsabilidade (ex. Prescrição, Dívida de Jogo, etc). Pessoas que não são devedoras, podem ter responsabilidade em algumas situações: Ex.: Fiador; Desconsideração da Personalidade Jurídica Bens sujeitos à execução O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros pelas dívidas contraídas, salvos as hipóteses de restrições legais, vejamos: Bens não sujeitos à execução (833, CPC) Impenhoráveis a) bens inalienáveis e declarados não sujeitos à execução: São os bens gravados com cláusula de inalienabilidade. Atenção: Frutos e rendimentos deste bem são passíveis de penhora. b) bens móveis e utilidades domésticas que guarnecem a residência, salvo os de elevado valor: Todos os bens móveis que sejam usados na residência. c) vestuários e pertences pessoais, salvo os de elevado valor: Todos os bens de uso pessoal do devedor. d) vencimentos, salários, remuneração, aposentadorias, pensões e outros destinados ao sustento do devedor: Todos os valores que o devedor receber para seu próprio sustento. e) Máquinas e bens móveis necessários para o exercício da profissão: Todos os bens móveis utilizados pelo devedor no exercício de sua profissão/empresa. f) Seguro de Vida: Todos os seguros de vida são garantidos aos beneficiários, ainda que o segurado tenha deixado dívidas. Exceções: Se seguro de vida “mascarado”, que permita resgate antecipado; Decisão STJ de que apenas os seguros de vida com resgate de até 40 Salários Mínimos são impenhoráveis. (REsp 1.361.354). g) pequena propriedade rural: Aquela propriedade utilizada para o sustento da família (trabalho e regime de economia familiar). h) recursos públicos recebidos por entidades privadas para fins de educação, saúde ou assistência social: recursos públicos repassados para entidades provadas com finalidade na saúde, educação ou assistência social não poderão sofrer penhora. i) caderneta de poupança de até 40 salários mínimos: Fica reservado (impenhorável) os valores constantes em caderneta de poupança até 40 SM. O excedente poderá ser penhorado. Decisão STJ - admite outras aplicações, desde que seja a única aplicação do devedor e que não ultrapasse 40 SM. O que ultrapassar poderá ser penhorado ou se devedor tiver mais de uma aplicação, poderá ser penhorado. (REsp 978.689, REsp 1.660.671). j) bem de família: É a residência da entidade familiar Atenção: vaga de garagem com matrícula individualizada (Súm. 449, STJ). A impenhorabilidade não é oponível se: - a dívida é do próprio bem; - O próprio bem é dado em garantia da dívida; - Fiança Obs.: STF RE 612.360/RE605.709, torna-se impenhorável se for fiador em locação comercial. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp1660671 A alegação de impenhorabilidade é matéria de ordem pública, podendo ser conhecida de ofício pelo juiz a qualquer tempo e grau de jurisdição. Pode ser alegada a qualquer momento no processo. Responsabilidade Patrimonial de Terceiros (790, CPC) A responsabildiade primária é do devedor A responsabilidade secundária pode ser de terceiros quando o devedor não tiver bens ou se os bens do devedor forem insuficientes. a) sucessor a título universal: É aquele que adquire um bem que já é objeto de litígio. Neste caso ele fica obrigado a cumprir a obrigação objeto do litígio. b) bens dos sócios: É a responsabilidade patrimonial dos sócios pelas dívidas da pessoa jurídica. (Desconsideração da Personalidade Jurídica - artigo 50, do CC) - abuso de personalidade jurídica; - desvio de finalidade; - Confusão patrimonial; Se a empresa for solvente, não atinge os bens dos sócios. A responsabilidade patrimonial dos sócios serão estendidas à responsabilidade da pessoa jurídica, de modo que passarão a ser co-executados da dívida. A penhora de bens dos sócios sem a declaração de desconsideração da personalidade jurídica, admite que o sócio oponha embargos de terceiros. d) bens dos cônjuges/companheiros: Somente haverá responsabilidade patrimonial do cônjuge/companheiros, se a dívida objeto do litígio, foi contraída para benefício e proveito do casal ou da família. Comprovada a situação de benefício próprio do devedor, o cônjuge poderá opor embargos de terceiros, e terá o ônus de comprovar que não foi beneficiado pela dívida contraída pelo devedor. e) alienados ou gravados com ônus real em fraude a execução: Adquirentes ou Cessionários em regra não respondem pela dívida, mas sim o bem adquirido que fica sujeito à execução. Se há ônus real gravado no bem, este bem é que responde pela dúvida e se não quitada, poderá ser penhorado e alienado para adimplemento da dívida. Fraude à execução É um instituto de direito processual civil no qual o devedor se desfaz de seu patrimônio (dolosamente), no curso de uma demanda, com o objetivo de fraudar a futura execução. Diferente da fraude contra credores que é um instituto de direito civil em que o devedor se desfaz de seu patrimônio antes mesmo de iniciado o processo. Requisitos da Fraude à execução a) processo pendente (790, CPC) - a alienação dos bens do devedor ocorre no curso de um processo já em andamento, com o devedor já citado. b) averbação no registro de bens (828, CPC) - o credor poderá requerer certidão do cartório para averbar no respectivo registro do bem (RI, Detran, etc). Tal registro gera o arresto ou indisponibilidade daqueles bens registrados. Finalidade: Tornar público o processo e possível condenação. Qualquer alienação após a respectiva averbação - gera fraude à execução. Nestes casos, o terceiro não pode alegar desconhecimento e boa fé, uma vez que foi averbado. Após a referida averbação, o juiz do processo deve ser comunicado em até 10 dias. Convertida em penhora o arresto ou indisponilbilidade dos bens, os demais bens averbados em garantia serão liberados. Obs.: Se registrado/averbado o arresto ou indisponibilidade dos bens, presume-se a má-fé do adquirente (Súmula 375, DTJ), de modo que este responderá pelo adimplemento naquele processo. c) coisa litigiosa ou insolvência do devedor (792, CPC) Quando o bem objeto do litígio é alienado ainda que haja outros bens do devedor; Quando o devedor aliena bens se tornando insolvente e sem bens para saldar a dívida. d) má-fé do adquirente (828, CPC) Não é presumida, salvo se houver averbação da indisponibilidade no respectivo órgão público de registro. O ônus da prova de boa fé é do terceiro adquirente. e) necessidade de intimação ao terceiro adquirente (828, CPC) O terceiro não se torna parte, mas será intimado para exercer o contraditório em embargos de terceiro. QUADRO COMPARATIVO DE FRAUDE CONTRA CREDORES E FRAUDE À EXECUÇÃO Fraude contra credores Fraude à execução - direito material - direito processual - Defeito do negócio jurídico. - ato atentatório à d. Justiça - Não há ação - já existe ação - Ineficácia ação pauliana - ineficácia no pp. processo Ambas geram a ineficácia do negócio jurídico fraudulento e dependem da comprovação de má-fé do terceiro adquirente.
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