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MÓDULO VI - PENHOR, HIPOTECA E ANTICRESE - DIREITO CIVIL V

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1 
 
 
 
 CURSO: DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL V – DIREITO DAS COISAS (6º SEMESTRE) 
DOCENTE: PROFESSORA VERÔNICA RODRIGUES DE MIRANDA 
 
APOSTILA DE DIREITOS DAS COISAS – LIVRO III DA PARTE ESPECIAL 
DO CC - ARTS. 1.196 A 1.510 DO CC/2002 
 
MÓDULO IX – PENHOR, HIPOTECA E ANTICRESE 
 
DIREITOS REAIS DE GARANTIA (Arts. 1.419 a 1.510 do CC) 
 
DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA (Arts. 1.361 a 1.368 – B do CC): Já visto no 
módulo VI. 
- Regras gerais dos direitos de garantia (Arts. 1.419 a 1.430 do CC): Via de regra, o 
credor quirografário (comum) terá a responsabilização do bem/do patrimônio do devedor 
para o recebimento do seu crédito. 
 No entanto, alguns credores querem garantias especiais, pois, caso haja o 
inadimplemento, terá o seu crédito (reforço de garantia). 
GARANTIA PESSOAL 
(FIDEJUSSÓRIA) 
GARANTIA REAL 
Nesse caso, um terceiro, não devedor, 
garante o pagamento, colocando o seu 
patrimônio para o adimplemento da 
obrigação. Ex: fiança, aval, etc. 
O credor pode exigir que certos bens do 
devedor fiquem vinculados ao 
adimplemento da obrigação. 
3 requisitos: Art. 1.420 do CC 
a) Requisito subjetivo (Quem pode 
outorgar a garantia real?): Só quem 
pode alienar pode outorgar garantia real. 
O direito real de garantia é uma alienação 
 
2 
 
em potencial, pois em caso de 
inadimplemento o bem será vendido. 
OBS: O incapaz só pode outorgar garantia 
real se for representado. 
E o condômino? Art. 1.420, §2º, do CC: 
O condômino pode dar em garantia real a 
sua parte ideal e não há preferência. 
b) Requisito objetivo (O que posso dar 
em garantia real?): Só os bens que 
podem ser alienados (bens “in comercio”). 
OBS: - O bem de família do CC pode ser 
dado em garantia? Não, se não posso 
alienar não posso penhorar. 
≠ 
Imóvel residencial da Lei nº 8.009/90 
(Trata da impenhorabilidade do bem de 
família): posso dar em garantia real, pois 
posso aliená-lo. Ex: financiamento da casa 
própria – credor pode reaver o imóvel se o 
devedor não pagar. 
- Art. 1.848 do CC: Em testamento, o 
testador apenas poderá gravar a legítima 
do herdeiro necessário se houver causa 
justa (justificativa da restrição). Se não 
fizer parte da legítima (parte disponível), 
pode-se gravar sem a devida justificativa. 
c) Requisito formal (Art. 1.424 do CC): 
A garantia real deve ser especializada 
(requisito de validade), caso contrário, 
será considerada nula. Dessa forma, deve-
se individualizar qual é o bem dado em 
 
3 
 
garantia real. Não existe no Brasil a 
hipoteca geral (dou em garantia todo o 
meu patrimônio). 
 A especialização abrange o bem (objeto) 
e a obrigação garantida (a natureza, valor, 
vencimento da dívida, encargos, etc), 
devendo ser o mais completa possível, 
uma vez que abrange (além do credor e 
devedor) a terceiros que forem negociar 
futuramente com o devedor, devendo, 
portanto, saber qual parte do seu 
patrimônio que está livre. A falta da 
especialização leva a nulidade da garantia 
real!! 
 
 
- Efeitos dos direitos reais de garantia: 
1) Privilégio (Preferência – Art. 1.422 do CC): Os credores dotados de garantia real 
tem o direito de alienar forçosamente o bem dado em garantia e satisfazer o seu crédito 
com prioridade. Assim, em concurso de credores, primeiramente se paga aos credores de 
garantia real (depois dos credores fiscais, previdenciários, acidentários e trabalhistas – 
art. 1.422, § único, do CC) e a sobra é rateada com os demais credores quirografários 
(comuns, sem garantias). 
2) Sequela (Art. 1.419 do CC): O direito real de garantia tem aderência (acompanha a 
coisa que estiver em poder de quem quer que seja). Assim, o bem pode ser alienado, mas 
continua vinculado ao adimplemento da obrigação por parte do adquirente. Exceções: 
proíbe-se a venda de bens dados em garantia real – hipoteca 
3) Escussão e clausula comissória (Art. 1.428 do CC): 
Escussão: É o direito que tem o credor com garantia real de promover a venda forçada 
da coisa se a dívida não for paga até o vencimento (venda judicial – praça ou leilão ou 
extrajudicial – leilão extrajudicial (leilão de veículos apreendidos) do bem). 
 
4 
 
- Clausula comissória: No Brasil, o CC proíbe a clausula comissória, sob pena de 
nulidade de tal clausula de inserida em contrato. É proibido colocar nos contratos a 
clausula comissória, pela qual se houver inadimplemento da obrigação os bens dados em 
garantia real passam para o credor (ele não pode ser dono da coisa). O que o credor pode 
fazer é vender em hasta pública e pegar o dinheiro, realizando a execução legal da dívida. 
O credor não poderá ficar com o bem dado em garantia. 
- Parágrafo único do art. 1.428 do CC: Após o vencimento da dívida, credor e devedor 
podem acordar em uma dação em pagamento (o devedor entrega a coisa ao credor como 
forma de pagamento). O acordo entre as partes deve ser posterior ao vencimento da dívida 
e não antes, sob pena de se configurar como clausula comissória. 
OBS: Decreto Lei nº 70/66 (Sistema Financeiro Nacional de Habitação – SFNH) – 
Prevê a execução extrajudicial dos imóveis hipotecados pelo SNFH. Não é necessário o 
ajuizamento de uma ação de execução. Apenas se faz necessário trêss notificações ao 
mutuário e se este não realizar o pagamento, pode-se, independentemente de qualquer ato 
judicial, levar o imóvel a escussão. 
4) Indivisibilidade (Art. 1.421 do CC): O direito real de garantia adere/grava o bem por 
inteiro. 
Consequência prática: pagamentos parciais não conferem ao devedor o direito de exigir 
a liberação parcial da garantia (só haverá a liberação do bem quando houver a quitação 
integral da dividida). No entanto, por se tratar de uma regra dispositiva e não cogente, o 
credor pode concordar com a liberação parcial do bem. 
Exceção: Art. 1.488 do CC – Hipoteca (Possibilidade de desmembramento do ônus da 
garantia). No caso de imóveis loteados (o loteador tomou empréstimo junto ao banco e 
deu em garantia todo o empreendimento) e de condomínio edilício (o incorporador tomou 
empréstimo junto ao banco e deu como garantia o prédio inteiro). Nesses casos, o 
adquirente do lote ou unidade autônoma tem direito a pagar a sua quota proporcional da 
dívida e liberar da garantia da sua unidade. 
 
DO PENHOR (Arts. 1.431 a 1.472 do CC) 
 
OBS: penhor (direito material) X penhora (direito processual) 
 
5 
 
- Conceito: É direito real de garantia que tem por objeto bens móveis do devedor ou de 
terceiro e se constitui com a entrega do bem empenhado ao credor. 
Exemplos: penhor de joias na CEF (Esta é a única Instituição autorizada a realizar 
contrato de penhor no Brasil), Programa da Discovery “Trato feito”, em que as pessoas 
podem vender ou empenhar seus bens móveis. 
- Bem móvel: A conceituação traz a noção de bens móveis e não coisa móvel, uma vez 
que a lei admite o penhor de créditos (bens incorpóreos) que o devedor tenha perante 
terceiros. Ex: comerciante pode empenhar (dar em garantia do penhor) o seu faturamento, 
duplicatas que tem contra os seus devedores, etc. 
OBS: Endosso – penhor: O credor pode endossar em penhor uma duplicata para o banco 
(o banco vira o credor do credor). 
- Partes do contrato de penhor: Devedor e credor pignoratício. 
- Constituição do penhor: O penhor se constitui com a entrega do bem empenhado ao 
credor pignoratício. Aqui, não ocorre a tradição, pois não há transferência da propriedade 
do bem para o credor, o que transfere é apenas a posse direta. Assim, ao se pagar a 
totalidade da dívida, o devedor tem o direito de reaver imediatamente o bem. Ex: entrega 
da joia como garantia de pagamento de um empréstimo na CEF. 
- Registro do penhor no Registro de Títulos e Documentos (RTD) – Art. 1.432 do 
CC: O contrato de penhor deve ser registrado no RTD. Esse registro tem efeito 
publicitário e serve como requisito de eficácia perante terceiro (gerar efeito “erga 
omnes”). 
 
- Direitos do credorpignoratício (Art. 1.433 do CC): 
I – a posse da coisa empenhada (posse direta): Tem direito, portanto, à tutela 
possessória contra terceiro e contra, inclusive, o devedor pignoratício; 
II – direito de retenção: O credor pignoratício permanece com o bem até que haja o 
completo adimplemento da obrigação (a satisfação do crédito garantido + as despesas 
com a guarda e conservação do bem, eventuais prejuízos que teve, etc). 
III – ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada; 
IV – escussão (promover a execução judicial da dívida): Se não paga no vencimento, 
o credor pignoratício pode realizar a execução judicial da dívida em hasta pública, não 
 
6 
 
podendo ficar com o bem. É possível também a venda amigável do bem (extrajudicial), 
desde que haja clausula expressa nesse sentido. 
V – direito de se apropriar dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu 
poder: se o bem gerar frutos, o valor referente a estes deverão ser compensados/abatidos 
do valor da dívida garantida. 
VI – promover a venda judicial do bem: Tal direito irá ocorrer mediante prévia 
autorização judicial e sempre que houver fundado receio de que a coisa empenhada se 
perca ou se deteriore. 
OBS: se houver clausula expressa no contrato poderá se ter a venda extrajudicial do bem. 
 
- Deveres do credor pignoratício (Art. 1.435 do CC): 
I – custódia da coisa, como depositário e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração 
de que for culpado: O credor pignoratício, ao ter a custódia (depósito de guarda) da coisa 
como depositário, passa a ter a obrigação de guardar e conservar a coisa, a fim de devolvê-
la com o pagamento. Assim, não poderá usar a coisa, a fim de se evitar a sua deterioração. 
 A coisa pode se perder de duas maneiras: 
a) por culpa do credor: Nesse caso, haverá a compensação do valor do dano sofrido pelo 
devedor com o valor da dívida. 
b) sem culpa do credor: Nesse caso, a coisa se perde para o devedor e o credor deverá 
pagar por ela, além do crédito se transformar de privilegiado em quirografário (sem 
qualquer garantia). De qualquer forma, o credor ainda poderá exigir outra garantia, a ser 
dada em substituição. 
II – defesa da posse: O credor pignoratício, ao ter problemas em sua posse, deveria 
ajuizar alguma das três ações possessórias típicas. 
III – imputação de valores aos frutos gerados pela coisa de que se apropriar; 
IV – restituir a coisa, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida: 
caso o credor, mesmo após o término do pagamento integral da dívida, não quiser 
devolver a coisa, caberá ao devedor promover a ação de reintegração de posse ou mesmo 
a ação de depósito, a fim de que deposite a coisa em Juízo. 
V- devolver a diferença do valor objeto da venda judicial do bem, quando a dívida 
for paga. 
 
7 
 
 
- Causas de extinção do penhor (Art. 1.436 do CC): 
I – extinguindo-se a obrigação; 
II - perecendo a coisa; 
III - renunciando o credor (Renúncia do credor); 
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa 
(confusão); 
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão (perdão) ou a venda da coisa 
empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada. 
 
- Prazo do penhor: No penhor comum e nos especiais, o prazo da garantia será o prazo 
da obrigação que ela garante. 
 
- Penhores especiais: 
1) Penhor rural (Arts. 1.438 a 1.446 do CC): Aqui, a posse do bem empenhado 
permanece com o devedor. O credor pignoratício não tem a posse direta desses bens 
empenhados. Esses penhores são produtivos, por isso permanecem na posse do devedor. 
Ex: penhor de trator, de safra agrícola, etc. 
 No entanto, a fim de se evitar que o devedor venda o bem móvel a um terceiro, a 
lei criou mecanismos especiais de publicidade nesses tipos de penhor: a fim de dar 
visibilidade a esse penhor, este deverá ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis. 
O penhor rural se subdivide em: 
1.1. Penhor agrícola; 
1.2. Penhor pecuário. 
OBS (Art. 1.439 do CC): Nos penhores especiais, o prazo da garantia será o prazo da 
obrigação que ela garante (Caput). No caso de vencimento do prazo, ainda assim a 
garantia irá permanecer, enquanto subsistirem os bens que a constituíram (§1º). Esses 
prazos poderão ser prorrogados uma vez por igual período e deve ser averbada ao registro 
(§2º). 
- Objeto do penhor agrícola (Arts. 1.442 e 1.444 do CC): Como vimos o objeto do 
penhor são os bens móveis. No entanto, no penhor agrícola é possível se dar em garantia 
 
8 
 
pignoratícia, a plantação (bem móvel por antecipação), o pomar (árvores são acessões, 
então são bens móveis por definição legal), etc. 
(Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor: 
I - máquinas e instrumentos de agricultura; 
II - colheitas pendentes, ou em via de formação; 
III - frutos acondicionados ou armazenados; 
IV - lenha cortada e carvão vegetal; 
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola. 
Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, 
agrícola ou de lacticínios.) 
- Inalienabilidade legal: Estes penhores especiais se tornam inalienáveis – os bens ficam 
na posse do devedor, que deles não poderão dispor sem expresso consentimento do 
credor. 
Exceção dada pelo STF: Os bens dados em penhor especial são impenhoráveis, salvo se 
o credor que fizer a penhora for mais privilegiado do que o credor pignoratício. 
Igualmente não é possível penhora tais bens, pois não podem ser levados a leilão (não são 
passíveis de venda). 
- Expedição de cédulas de crédito pignoratícias: Referidos penhores especiais admitem 
a expedição de cédulas de crédito pignoratícias – são títulos de crédito com característica 
cambiária expedidos pelo oficial do Registro imobiliário (expede uma cédula que será 
representativa de um crédito). Ex: penhor de boi ou de plantação – recebe a cédula, que 
tem livre circulação no mercado, podendo, inclusive, ser endossada. 
 
2) Penhor industrial e mercantil (Arts. 1.447 a 1.450 do CC): O prazos desses penhores 
especiais é o prazo da obrigação garantida. 
 
3) Penhor sobre crédito – penhor de direito e de títulos de crédito (Arts. 1.451 a 1.460 
do CC): É o penhor que se dá em direito e sobre títulos de crédito. Esse penhor tem uma 
característica peculiar, uma vez que será dada em garantia pignoratícia bens imateriais, 
incorpóreos, créditos que o devedor tenha contra um terceiro. 
Aqui, se tem 3 figuras: 
 
9 
 
a) Credor pignoratício; 
b) Devedor pignoratício: Dá, em garantia, créditos que possua contra um terceiro ou seu 
faturamento contra um terceiro. O devedor pignoratício transfere o crédito ao credor 
pignoratício em garantia de um empréstimo – é muito utilizado junto aos bancos (Tal 
operação é chamada pelos bancos de caução de duplicatas e o ato de transferência do 
credito seria o endosso caução). O credor pignoratício deverá intimar o terceiro (devedor) 
para que pague diretamente o valor do crédito para ele e não para o devedor pignoratício. 
Os pagamentos feitos serão compensados com o valor do crédito. 
 Referido contrato de penhor é registrado no Registro de Títulos e Documentos. 
c) Devedor do título: É o devedor que deve ao devedor pignoratício e cujo crédito ele 
empenha. 
 
4) Penhor sobre veículos (Arts. 1.461 a 1.466 do CC): 
Peculiaridades: 
a) Tal como no penhor rural, industrial e mercantil, a posse do veículo permanece com o 
devedor pignoratício (posse direta); 
b) Art. 1.462 do CC: Os mecanismos de visibilidade sobre o penhor de veículos são dois 
registros: 1) registro no Registro de Títulos e Documentos e 2) registro no DETRAN; 
c) Art. 1.463 do CC: Obrigatoriamente, o veículo empenhado deve estar segurado contra 
furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros. 
d) Art. 1.465 do CC: A alienação do veículo empenhado provoca o vencimento 
antecipado da dívida e o credor pignoratício poderá executar imediatamentea dívida. 
e) Art. 1.466 do CC: Prazo: 2 anos, prorrogáveis por mais 2 anos. Depois disso, haverá 
a extinção da garantia. 
 
5) Penhor legal (Arts. 1.467 a 1.472 do CC): Não tem causa na vontade das partes, mas 
sim se origina diretamente da lei. O legislador protege certos credores, os quais são 
especialmente vulneráveis. 
Credores vulneráveis (Art. 1.467, I e II, do CC): I) Hospedeiro, sobre os bens do 
hóspede passíveis de penhora (abrange apenas os bens penhoráveis). A lei permite a 
autotutela, no sentido de que o credor pignoratício poderá reter a bagagem do hóspede, 
 
10 
 
usando de sua própria força e, em um segundo momento, irá requerer o penhor junto ao 
Poder Judiciário. 
II) Locador, reterem penhor os bens móveis penhoráveis que guarnecem a residência do 
locatário. O locatário, a fim de impedir tal penhor, poderá promover o depósito de caução 
(art. 1.472 do CC). 
OBS: A lei proíbe, de maneira cogente, que credor se apodere dos bens retidos, razão 
pela qual ele deverá excutir (executar judicialmente os bens do devedor dados em 
garantia) os bens através da homologação do penhor legal (Art. 1.471 do CC e Arts. 703 
a 706 do NCPC – Dos procedimentos especiais). 
 
DA HIPOTECA (Arts. 1.473 a 1.505 do CC) 
 
- Conceito: É o direito real de garantia que tem por objeto coisa imóvel do devedor ou 
de terceiro (prestador de garantia) sem a transmissão da posse ao credor, permanecendo 
em poder do devedor ou do terceiro. 
OBS: - Navios e aeronaves podem ser dados em hipoteca (Art. 1.473, VI e VII, do CC). 
São considerados bens móveis, mas poderá recair sobre eles, excepcionalmente, a 
hipoteca. Tal hipoteca será levada a registro na Capitania dos portos (para navios) e no 
aeroporto de origem, para as aeronaves. 
- Importante frisar que, na atualidade, a hipoteca é muito pouco utilizada nos contratos de 
financiamento imobiliário, dando-se preferência aos contratos com alienação fiduciária 
em garantia. (Vimos isso na apostila II). 
- Requisitos objetivos da hipoteca (Quais bens podem ser dados em hipoteca?): Art. 
1.473 do CC: 
I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles: Referido artigo 
deve ser lido conjuntamente com o art. 1.474 do CC, o qual abrange a hipoteca a todas 
as acessões, construções e melhoramentos que integrem ou vierem a integrar o imóvel. 
No que tange às pertenças (Arts. 93 e 94 do CC), estas possuem como características a 
autonomia jurídica, quando destituídas da coisa a que servem, gerando total 
independência, só passando a integrar a coisa a que servem se houver ressalva expressa 
nesse sentido. Ex: cadeiras, TV, quadros, etc 
 
11 
 
II - o domínio direto; 
III - o domínio útil; 
IV - as estradas de ferro; 
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde 
se acham; Ex: exploração de jazidas – registrado no Ministério de Minas e Energias. 
VI - os navios; 
VII - as aeronaves. 
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; 
IX - o direito real de uso; 
X - a propriedade superficiária; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 700, de 
2015) 
XI - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e 
respectiva cessão e promessa de cessão. (Incluído pela Medida Provisória nº 700, de 
2015) 
 
Art. 1.474 do CC: A hipoteca é plenamente compatível com os ônus que existam no 
imóvel antes de sua constituição (ex: usufruto, servidão, etc), recebendo, o credor, o 
imóvel em garantia com os ônus, uma vez que aqueles constituídos antes da hipoteca 
serão ineficazes frente ao credor hipotecário, pois este possui preferência no recebimento. 
 
- Requisitos subjetivos (Quem pode dar bem em hipoteca?): Só pode constituir 
garantia hipotecária quem pode aliena, uma vez que a hipoteca representa um início de 
alienação. 
a) Pessoa casada: A pessoa casada pode hipotecar, mas é necessária a outorga uxória, 
salvo se o regime de bens for o da separação total. 
b) Condômino: Pode hipotecar livremente sua parte ideal. 
c) Menores/incapazes: dependem de autorização judicial para dar em hipoteca bem 
imóvel. Os pais têm usufruto legal dos bens imóveis dos filhos menores, mas não podem 
hipotecar em seu nome. Assim, se a hipoteca for dada pelo menor ou incapaz, esta será 
considerada nula. 
d) Procuração para hipotecar: Pode-se hipotecar um imóvel através do contrato de 
mandato, desde que a procuração tenha poderes expressos e especiais para tanto (poder 
hipotecar esse determinado imóvel). 
 
- Requisitos formais (Como se constitui uma hipoteca?): 
a) Hipoteca legal: 
 
12 
 
b) Hipoteca judiciária: 
c) Hipoteca convencional: Requisitos: 
c1) Art. 108 do CC: O título (negócio jurídico que diz respeito a coisa móvel), se for 
superior a 30 salários mínimos, exigirá escritura pública, salvo se for hipoteca do sistema 
financeiro de habitação (SFH); 
c2) É necessário o registro do título da hipoteca no registro de imóveis; 
c3) No título, deve constar a especialização da hipoteca (qual o bem dado em hipoteca e 
qual a obrigação que recebeu a garantia hipotecária, bem como os seus encargos). Sem a 
especialização da hipoteca, esta será considerada nula, uma vez que não cabe a hipoteca 
geral no Brasil. Ex: dou, em hipoteca, todo o meu patrimônio. 
- Efeitos da hipoteca: Os efeitos da hipoteca se perfazem nos efeitos básicos de todo e 
qualquer direito de garantia, como visto anteriormente. 
1) Privilégio; 
2) Sequela; 
3) Escussão; 
4) Indivisibilidade (Art. 1.488 do CC): A hipoteca recai sobre todo o imóvel, ainda que 
a dívida seja menor que o valor do imóvel. A hipoteca somente é extinta quando o credor 
é integralmente satisfeito de seu crédito. O pagamento parcial não provoca a liberação 
parcial da garantia. 
Exceções: Imóveis loteados e condomínio edilício: O adquirente do lote e o da unidade 
autônoma tem direito subjetivo de exigir a liberação da sua unidade ou lote mediante o 
pagamento proporcional (norma cogente, que prevalece sobre normas contratuais). 
5) Art. 1.475 do CC: É nula (não escrita) a clausula que proíbe o proprietário de alienar 
o imóvel hipotecado (a venda é válida, porém ineficaz frente ao credor hipotecário). 
Assim, as partes podem convencionar, desde que haja clausula expressa, que haja o 
vencimento antecipado da dívida em caso de alienação da coisa hipotecada, em havendo 
prejuízo ao credor. 
OBS: Lei especial do SFH: Aqui, a alienação de imóvel hipotecado depende de expressa 
anuência do agente financeiro, sob pena de nulidade. 
 
- Modalidades de hipoteca: 
 
13 
 
1) Convencional: É aquela decorre do negócio jurídico, diz respeito ao bem imóvel de 
valor superior a 30 salários mínimos (exige-se forma pública, salvo o SFH, o qual a lei 
permite hipotecar por instrumento particular). Deve ser especializada (individualizar o 
imóvel hipotecado, discriminando o bem e a dívida garantida, natureza, valor, 
vencimento, encargos, multa contratual, taxa de juros, etc) – são todos requisitos de 
validade para a hipoteca. Como já visto, o CC brasileiro não admite a hipoteca geral (é 
aquela que recai sobre todos os bens imóveis do devedor, mas especializando um a um). 
 Antes do registro no Cartório de Registro de Imóveis: Se opera apenas um negócio 
jurídico com efeito “inter partes”, gerando apenas uma confissão de dívida. Assim, 
somente será uma hipoteca com o seu registro (os efeitos da hipoteca, bem como a sua 
constituição, estão subordinados ao seu registro). 
 
2) Legal (arts. 1.489 a 1.491 do CC): 
- Hipóteses de hipoteca legal: Pode ser constituída independentemente da vontade do 
devedor. Poderá ser constituída mediante mero requerimento do credor, pois a lei protege 
estes credores, por os entenderem hipossuficientes. 
Art. 1.489 do CC: Hipóteses de hipoteca legal: A lei confere hipoteca: 
a) às pessoasjurídicas de direito público interno (União, Estados, DF, municípios): 
Possuem hipoteca legal sobre os imóveis dos agentes públicos que administram o 
patrimônio público. 
b) ao filhos sobre os imóveis dos pais que se casarem novamente sem fazer o 
inventário do primeiro cônjuge falecido: Aqui, o regime de bens do novo casamento 
deverá ser o da separação legal de bens, a fim de se evitar o risco da confusão patrimonial. 
c) ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para 
satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais: Aqui, 
verifica-se o ilícito civil (indenização) e o penal e não é necessário o trânsito em julgado 
da ação penal condenatória para se verifique tal hipoteca. 
d) ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel 
adjudicado ao herdeiro reponente: “torna” é o troco da partilha. Ex: aquele filho que 
ficou com o imóvel de maior valor deverá pagar o que recebeu a mais aos seus co-
herdeiros (outros filhos), os quais receberam um valor menor (imóvel de valor menor). 
 
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e) ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do 
preço da arrematação: Excepcionalmente, a arrematação se faz a prazo, mediante 
autorização do Juízo da execução e, neste caso, a hipoteca legal recairá sobre o imóvel 
arrematado. 
 
- Hipóteses de extinção da hipoteca (Arts. 1.499 a 1.591 do CC): 
Art. 1.499 do CC: Rol meramente exemplificativo! 
a) Desaparecimento da obrigação principal: Em virtude do direito real de garantia ser 
acessório, desaparecendo a obrigação principal, extingue- se a hipoteca. 
b) Perecimento da coisa: No caso de perecimento do objeto da hipoteca, caso haja a 
previsão de indenização (seguro), ocorrerá a sub-rogação do credor hipotecário do valor 
da indenização. 
c) Resolução da propriedade (Arts. 1.359 e 1.360 do CC): Já vimos a propriedade 
resolúvel na apostila anterior. 
d) Renúncia do credor: Nesse caso, o credor hipotecário renuncia a hipoteca e não ao 
crédito, se tronando credor quirografário. 
e) Arrematação e adjudicação do bem: O arrematante recebe o imóvel livre porque 
paga o preço em hasta pública, satisfazendo o credor hipotecário e extinguindo, portanto, 
a hipoteca. 
f) Remição (Art. 1.499 do CC): Representa o pagamento da dívida. Quem pode remir a 
hipoteca? 
OBS: - remição (remir a dívida = pagar) X remissão da dívida (remitir a dívida = perdoar). 
 – Outras formas de extinção da hipoteca: - Usucapião: A usucapião extingue a 
hipoteca, por ser modo originário de aquisição de propriedade. Assim, a propriedade, bem 
como todos os direitos reais que recaírem sobre ela serão extintos se a ação de usucapião 
for julgada procedente. 
- Desapropriação: Extingue a hipoteca do credor hipotecário por ser modo originário de 
aquisição de propriedade. No entanto, a indenização passa a ser a garantia para o credor 
hipotecário, que se sub-roga nos direitos de recebimento dessa indenização. 
- Perempção (Art. 1.485 do CC): É o direito do devedor hipotecário de conseguir a 
liberação do seu patrimônio depois de um prazo de 30 anos. Decorrido esse prazo 
 
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trintenário, a hipoteca se extinguirá, mesmo ainda persistindo o débito. Nesse caso, as 
partes, de comum acordo, podem constituir uma nova garantia real de hipoteca. Para a 
hipoteca em sede do SFH, o prazo é de 20 anos. 
- Novação: É modo de extinção da obrigação pelo qual a obrigação anterior se extingue 
e nasce outra em substituição. Assim, a novação extingue a hipoteca, salvo se houver 
ressalva expressa das partes de mantê-la na nova obrigação. 
 
DA ANTICRESE (Arts. 1.506 a 1.510 do CC) 
 
 Não possui aplicação prática e se encontra em desuso no nosso ordenamento 
atual!!! Para Silvio de Salvo Venosa, melhor seria que o CC/2002 tivesse extinguido tal 
instituo do nosso ordenamento, em virtude de seu evidente desuso na atualidade. 
- Palavra anticrese: origem do grego – anti (contra) e chresis (uso). O vocábulo da a 
ideia de uso do capital recebido pelo credor perante a entrega da coisa pelo devedor. 
- Conceito: “A anticrese é instituição paralela ao penhor e à hipoteca, ficando a meio 
caminho entre ambos. Enquanto no penhor típico se transfere a posse da coisa ao credor, 
que dela não pode se utilizar, e na hipoteca o bem continua na posse do devedor, na 
anticrese o credor assume necessariamente a posse do bem para usufruir seus frutos, a 
fim de amortizar a dívida ou receber juros. O credor anticrético recebe a posse de coisa 
imóvel frugífera, ficando os frutos vinculados à extinção da dívida” (Silvio de Salvo 
Venosa) 
 
Art. 1.506. Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-
lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos. 
§1º É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo 
credor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei 
para as operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital. 
§2º Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá ser hipotecado pelo devedor 
ao credor anticrético, ou a terceiros, assim como o imóvel hipotecado poderá ser dado em 
anticrese. 
 
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Art. 1.507. O credor anticrético pode administrar os bens dados em anticrese e fruir seus 
frutos e utilidades, mas deverá apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua 
administração. 
§1º Se o devedor anticrético não concordar com o que se contém no balanço, por ser 
inexato, ou ruinosa a administração, poderá impugná-lo, e, se o quiser, requerer a 
transformação em arrendamento, fixando o juiz o valor mensal do aluguel, o qual poderá 
ser corrigido anualmente. 
§2º O credor anticrético pode, salvo pacto em sentido contrário, arrendar os bens dados 
em anticrese a terceiro, mantendo, até ser pago, direito de retenção do imóvel, embora o 
aluguel desse arrendamento não seja vinculativo para o devedor. 
Art. 1.508. O credor anticrético responde pelas deteriorações que, por culpa sua, o imóvel 
vier a sofrer, e pelos frutos e rendimentos que, por sua negligência, deixar de perceber. 
Art. 1.509. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dos 
bens, os credores quirografários e os hipotecários posteriores ao registro da anticrese. 
§1º Se executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credor o 
execute, sem opor o seu direito de retenção ao exequente, não terá preferência sobre o 
preço. (Vindicar = exigir a restituição, reclamar, recuperar) 
§2º O credor anticrético não terá preferência sobre a indenização do seguro, quando o 
prédio seja destruído, nem, se forem desapropriados os bens, com relação à 
desapropriação. 
Art. 1.510. O adquirente dos bens dados em anticrese poderá remi-los, antes do 
vencimento da dívida, pagando a sua totalidade à data do pedido de remição e imitir-se-
á, se for o caso, na sua posse. (remição = pagamento)

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