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Direito Penal III - Concurso de Pessoas e Penas

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Parte Geral – Concurso de Pessoas e 
Aplicação das Penas 
 
Aula digitada 
 
01/01/2013 
 
P. H. M. Jr. 
 
 
 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
2 
Direito Penal III 
 
 
Conteúdo digitado foi baseado nas aulas do Prof. Gilberto Montenegro 
Costa Filho 
Obs.: Apesar das anotações serem feitas das aulas dada pelo Professor, todo 
o conteúdo é de total responsabilidade minha, ou seja, se houver algum 
equívoco, algo desatualizado, alguma falha, foi engano e erro da minha parte. 
Peço que entrem em contato comigo para ser consertado/atualizado o erro. 
Obrigado e bom estudo!! 
CONCURSO DE AGENTES 
 
No concurso de agentes há uma pluralidade de pessoas na condição de 
autoria (propriamente dita ou participação). 
Classificação dos crimes quanto ao concurso de agentes: 
 Unissubjetivos ou Monossubjetivos – O Crime é cometido por apenas 
uma pessoa, podem se chamados de crimes de concurso eventual, 
significa que eventualmente pode existir concurso de pessoas, mas não 
necessariamente. 
 Plurissubjetivos – Não tem como ser praticado por apenas uma 
pessoa, é necessário uma pluralidade de agentes, são chamados de 
crimes de concurso necessário, sem pluralidade de agentes não há no 
que se falar. Ex. art. 288 do CP – é necessário mais de três pessoas 
São divididos em: Condutas Paralelas (é possível que os agentes 
executem diversas condutas diferentes, ex: no crime de quadrilha ou 
bando, é possível que um agente seja responsável pelas armas, outro 
pelo recrutamento de pessoas, outro pelo dinheiro, enfim, você pode ter 
diferentes colaborações com o resultado final, cada um com uma 
participação diferente), Condutas Convergentes (Podemos dizer que é 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
3 
uma forma especial das paralelas, os autores contribuem da mesma 
forma para efetuar o crime, ex: Crime de bigamia, a pessoa que se casa 
com alguém que já é casado, e tenha ciência desta condição, ambas 
serão punidas pelo crime, art. 235 do CP) e Condutas Contrapostas (a 
conduta dos agentes é exercida uns contra os outros, não em 
colaboração, mas pelo contrario, um age contra o outro, ex.: art. 137 – 
crime de rixa 
 
Requisitos Técnicos para ser considerado Concurso de Agentes 
1) Existência de dois ou mais agentes 
2) Pluralidade de Condutas – Necessária mais de um agente e como 
consequência mais de uma conduta 
a. Conduta Principal + Conduta Principal = Coautoria 
b. Conduta Principal + Conduta Acessória = Participação 
3) Relevância Causal das Condutas – Precisa que o resultado tenha 
nexo causal com as condutas. 
4) Liame Subjetivo – Aderência do coautor ou do participe no resultado, 
aceita o resultado e nada faz. 
5) Identidade de Crimes para todos os envolvidos – Nos casos em que 
o legislador desmembrou os crimes, como a teoria pluralista, não é 
considerada coautoria ou participação, desta forma só será considerado 
coautoria ou participação quando for o mesmo crime. 
Conceito de Autor (Teorias de Concurso de Agentes - Autoria): 
 Teoria Unitária – Não existe a figura do partícipe, para essa teoria só 
existem autores, portanto se for mais de um autor, existirá a coautoria, 
nunca sendo o instituto da participação. Deve ser punido absolutamente 
da mesma forma, seja a colaboração criminosa de uma pessoa menor 
ou maior que a colaboração da outra pessoa. Não entra no mérito desta 
teoria quem contribuiu mais ou menos no crime. 
 Extensiva – Não existe a distinção entre autores e partícipes, todos que 
contribuem são considerados autores ou coautores, porem a novidade 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
4 
dessa teoria é que admite aplicação de penas diferentes para os vários 
autores e coautores, admite que o Juiz analisando o caso concreto, 
aplique uma pena maior ou menor a outro em razão da medida da 
contribuição de cada um. 
 Restritiva – Diferencia coautoria de participação, na coautoria para que 
sejam considerados coautores, todos praticam os verbos ou um dos 
verbos que estão descritos no Código Penal, para a participação exercer 
uma colaboração de qualquer forma que não seja do verbo presente no 
tipo penal, ex: subtrair algo de uma residência, se a pessoa ajudar a 
subtrair será considerada coautora, se a pessoa ficar vigiando para a 
outra pessoa subtrair, será considerada partícipe. (Essa teoria é 
adotada pelo nosso Direito Penal) 
 Do Domínio do Fato - aquele que planeja o crime não é incomum que 
exista um chefe, o planejador. Sendo assim é considerado como autor 
ou coautor aquele que tem o domínio do fato. 
Exceções: Coautoria Parcial ou Funcional é a divisão de tarefas dentro dos 
verbos (núcleos) do tipo penal, são duas pessoas que ambas estão executando 
os verbos do tipo penal, porem existem crimes em que somente um verbo não 
é suficiente para configurar, é preciso que dois verbos pelo menos sejam 
exercidos. Se for analisar o crime de roubo, é necessária a subtração e 
juntamente com isso a violência ou grave ameaça, portanto é possível que os 
dois coautores, um execute um verbo e o outro execute o outro verbo (um 
executa a subtração e a outra a violência ou a grave ameaça). 
Crimes de tipo alternativo existem mais de um verbo, porem para consumar 
esse tipo de crime, qualquer um dos verbos praticados já leva a consumação 
(ex. art. 33 da Lei 11.343/06 (Lei Antidrogas) possui 18 verbos no crime de 
tráfico, entretanto para cometer esse crime basta realizar apenas um verbo). 
A Participação será: 
 Moral-exercida de duas formas: 
 Induzimento – O partícipe tem ideia de executar, se associa a 
alguém e coloca a ideia criminosa na cabeça do parceiro dele. 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
5 
 Instigação – A pessoa já tinha a ideia e o partícipe coloca “lenha 
na fogueira”, instigando para a pratica do crime. 
 Material – Não integra nenhum verbo do tipo, é sempre secundária, 
acessória, porem é uma participação material, ex: fornecer as armas 
para o roubo. 
Exceções: no art. 31, o participe instiga, induz, até fornece acessórios, porem 
se o autor “arregar” o partícipe não será punido por nada, nem por tentativa. 
Teorias da Acessoriedade da Participação em Relação à Autoria – até que 
ponto a conduta do participe segue a conduta do autor: 
 Mínima – Leva em conta apenas o fato típico, a responsabilidade do 
participe segue a do autor se for fato típico. Sendo desprezada a 
questão da antijuridicidade, para o participe não exclui a antijuridicidade 
 Limitada – Leva em conta se o fato é típico e antijurídico, essa é a 
adotada pelo nosso Direito Penal 
 Extremada – Leva em questão o fato típico, antijurídico e culpável, a 
culpabilidade também deverá ser levada em conta ao se estender a 
figura do participe do autor. Entretanto se o autor for inimputável o 
participe não irá responder 
 Hiperacessoriedade – Leva em consideração o fato típico, antijurídico e 
punível. Se a punibilidade do autor for por terra, a do participe também 
irá. Ex: se o autor morrer, o participe é considerado inocente. 
A Participação, no momento em que ela acontece poderá ser: Anterior 
(colaborar antes de o autor realizar o crime), Concomitante (ocorra 
simultaneamente com a execução do crime), mas não poderá ser Posterior 
(colaborar com um crime que já cometeu não caracteriza concurso de pessoas, 
mas caracteriza autoria simples, ex:art. 180 – vender produto de crime para 
terceiro; art. 348 – ajudar um fugitivo da policia, escondendo-o; art. 211 – 
destruição, ocultar cadáver). 
Teorias utilizadas para a punição do coautor ou do partícipe: 
1) Unitária ou Monista – Seja autor, coautor ou partícipe irá ter a mesma 
penalidade, é a teoria em regra utilizada pelo nosso Código Penal 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
6 
2) Dualista – É dividido no Código crime e penas para quem é autor do 
crime e para quem é coautor ou participe 
3) Pluralista – É desmembrado no caso concreto e pune de uma forma um 
e de uma forma o outro. São crimes que se completam, ex: na parte 
especial do nosso Código – se o médico faz um aborto numa mulher 
gestante, é desmembrado o crime, a gestante responde pelo art. 124 do 
CP e o médico responde pelo art. 126 do CP; na parte geral – 
cooperação dolosamente distinta, art. 29, §2º. Desta forma o nosso 
Código tem alguns exemplos de crimes desmembrados, porem não 
é considerado coautoria ou participação. 
 
Casos Especiais de Participação e Coautoria 
Participação Inocula – Em termos não colabora com o resultado, o participe 
não responde, não existe nexo causal entre a contribuição do participe e o 
resultado, ex: fornecer uma arma de fogo para o autor, porem o autor comete 
homicídio sem a arma, sendo assim quem forneceu a arma teve uma 
participação inocula. 
Pode existir Participação ou Coautoria em crime omissivo? 
Há três situações que possibilitam crimes por omissão: 
 1) Dever de agir imposto pela Lei (ex: a Lei impõe sobre o policial o dever de 
agir em determinadas ações); 
2) Assume a responsabilidade de cuidar de uma outra pessoa (ex: a babá, 
o guia turístico); 
3) Deu causa ao perigo 
Exemplo de participação em crime omissivo: Tício em uma via publica está 
matando Mévio, passa um policial e vai intervir, porém o policial era inimigo de 
Mévio e deixa que o homicídio aconteça. O policial irá responder pelo homicídio 
também através de participação. 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
7 
Exemplo de coautoria em crime omissivo: Ocorre um acidente de carro, e 
duas pessoas que não estão envolvidas no acidente, ficam apenas observando 
e não chamam uma ambulância, é considerado coautoria em crime omissivo, 
apenas quando duas ou mais pessoas deixam de prestar socorro. 
Pode existir Participação ou Coautoria em crime culposo? 
É possível a cooperação, em uma imperícia, negligência e imprudência, 
entretanto apenas a Coautoria é admitida no crime culposo, a Participação 
não. 
Culpa concorrente é quando realmente tem os crimes culposos, mas não há 
caráter subjetivo entre as culpas, não são coautores, sendo assim não há 
concurso de pessoas. 
Não há participação dolosa em crime culposo e nem participação culposa em 
crime doloso 
Autoria Mediata 
Na autoria Mediata o autor do crime serve de terceira pessoa para execução 
do crime e como se essa terceira pessoa fosse uma extensão do braço do 
verdadeiro autor. Não se trata de concurso de agentes porque essa terceira 
pessoa não tem discernimento ou porque essa terceira pessoa tem uma 
errada percepção da realidade. 
1) Falta de capacidade 
a. Menoridade: o autor usa do menor para efetuar o crime 
b. Doença Mental 
c. Embriaguez: não pode ser pré-ordenada (a pessoa bebe para ter 
coragem) 
2) Coação Moral Irresistível – existe conduta, o terceiro sabe o que esta 
fazendo, porem o fato não é culpável, não havia exigibilidade de conduta 
diversa 
3) Erro de Tipo Escusável – Por falta do potencial conhecimento da 
ilicitude ou falta da percepção da realidade é considerado autor mediato 
4) Obediência Hierárquica 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
8 
Se houver coação física irresistível não há conduta, sendo assim não há crime. 
Não há autoria mediata em crimes culposos 
Autoria Incerta 
É a duvida de saber quem foi o autor do crime, ex: duas pessoas atiram na 
pessoa e não tem como saber quem é que matou primeiro a vítima, qual tiro 
que realmente matou, nesse caso os dois responde por tentativa de homicídio. 
Classificação das Circunstancias que alteram ou diminuem as penas dos 
crimes de autoria ou participação (acessórios): 
1) Objetivas – Se comunicam sempre entre os coautores ou participes 
a. Local do Crime (ex. Hospital) 
b. Tempo do Crime (ex. Furto Noturno) 
c. Meios de execução (ex. emprego de fogo) 
d. Modo de Execução 
e. Condição da Vítima (ex. idosa, gestante) 
2) Pessoais – Dizem respeito a pessoa do agente, não se comunicam 
entre os coautores ou participes 
a. Motivação (ex. motivo torpe) 
b. Parentesco 
c. Confissão (ex. diminui a pena) 
d. Idade 
e. Reincidência 
f. Funcionário Público 
Exceção: Quando for elementar do tipo a circunstância pessoal deixa de 
ser pessoal e atinge o coautor ou participe, ex: ser coautor ou participe 
de um crime especifico de funcionário publico, a pena do funcionário 
publico irá ser aplicada ao coautor ou participe. Art. 30 do CP. 
Lei 9907 – Delação Premiada – O agente que deda os demais poderá receber 
o perdão judicial ou ter uma diminuição de pena. 
Probleminha da Resenha: Tício namorava Mévia a qual lhe contou que está 
grávida. Tício não deseja a gravidez e pretende que Mévia, sozinha, provoque 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
9 
aborto em si mesma. Tício fornece Cytotec (remédio abortivo). Mévia tira os 
comprimidos da cartela e os esconde (posteriormente apresentando para a 
polícia) e mostra a cartela vazia para Tício, alem disso pega sangue animal que 
obteve no açougue e suja papeis higiênicos fingindo para Tício que teria 
abortado. A gravidez se desenvolve normalmente e hoje a criança é 
perfeitamente saudável. O inquérito foi instaurado pelo art. 125 do CP (isso já 
está errado). O Tício em algum momento teve dolo de que o aborto ocorresse 
de maneira alheia a vontade de Mévia? Ao entregar o medicamento e induzir 
Mévia, Tício praticou atos executórios do art. 126 CP, foi iniciado o inter 
crimines? Parece que não, esse desmembramento só se aplica para caso de 
coautoria, praticando um ato executório, e nesse caso foram atos 
preparatórios. 
Teria então Tício participado do art. 124 na modalidade auto aborto? Parece 
que sim, sendo um participe do auto aborto, pois é elementar do tipo, e como é 
elementar ela se comunica. Porem seria o caso de participação do art. 124, só 
que o crime do art. 124 não chegou sequer a ser tentado, portanto trata do art. 
31 CP. Fazer uma resenha! 
Resenha do Caso de Aborto 
Diante do fato ocorrido está claramente demonstrado que Mévia não cometeu 
crime algum, pois não houve de fato nem ao menos uma tentativa de aborto. 
Mévia apenas simulou um aborto, no qual induziu Tício a acreditar que tinha 
ocorrido o aborto. Entretanto se analisar pelo nosso Código Penal, não há 
tipicidade que incrimine e imponha pena numa conduta dessas, o art. 125 e 
126 não se encaixam porque Tício não teve a intenção de provocar aborto e 
também não foi coautor, no qual não praticou ato executório, o art. 124 poderia 
até colocar Tício como participe, pois é elementar do tipo, sendo assim se 
comunicam, entretanto o crime não chegou sequer a ser tentado, desta 
maneira o que resta é o art. 31, definindo esse tipo de conduta como algo não 
punível, pois nem foi tentado. 
Portanto se analisar “psicologicamente” Tício, na cabeça dele, o crime ocorreu, 
conforme a sua atitude houve uma participação moral por induzimento e uma 
participação material, todavia ao ver os papeis higiênicos sujos de sangue Tício 
Parte Geral – Concurso de Pessoas  
 
 
10 
ficou satisfeito, a pratica do crime saciou o seu desejo de não precisar se 
responsabilizar pela criança que estava a caminho de sua concepção. No 
entanto após o nascimento do bebe a própria mãe foi até a delegacia relatar o 
caso, pois estava com o psicológico pesado, o sentimento de injustiça se 
encontrava sobre os seus ombros. Como já dito, no nossoCódigo não há 
tipicidade que incrimine um caso desses, nem sei se é possível impor uma 
pena na pessoa por ela se sentir bem, achando que tenha cometido um delito. 
Desta forma a única sanção para Tício será a sua própria consciência. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
11 
DAS PENAS 
 
Pena é a consequência do crime, quando o legislador faz uma lei não basta 
ele dizer como quer que as coisas sejam, porque se assim fosse ele 
dependeria da boa vontade das pessoas para que a lei fosse cumprida. Então 
toda norma jurídica precisa ter juntado a ela um dispositivo, uma 
consequência que leve ao seu cumprimento, a sua observância. 
Sanção é tudo aquilo que leva ao cumprimento da norma, nem toda sanção 
é um castigo. Mas no nosso Direito Penal, é o oposto disso, as 
consequências do não cumprimento da norma penal não são nada 
agradáveis, o direito penal talvez seja o mais grave dos ramos do direito. 
Prender alguém não é uma brincadeira, restringir a liberdade de uma pessoa 
muda muito toda a vida desta pessoa. 
O Direito Penal historicamente, não se baseia em um sentimento nobre do ser 
humano, se baseia em um sentimento de vingança. Decorrente dessa 
vingança, tratar o mal com o mal, surgiram algumas teorias que iremos 
estudar. 
Beccaria escreveu o livro Dos Delitos e das Penas, no qual nesse livro ocorre 
a primeira regulamentação das penas. 
Teorias das Penas: 
1) Teoria Absoluta ou Retributiva da Pena: Pagar o mal com o mal, 
retribuir o mal com o mal. Essa teoria é a mais antiga, mas jurássica, 
porem presente até os dias de hoje. É de caráter preventivo, como por 
exemplo, art. 121 (homicídio), neste artigo não está proibido de matar 
alguém, mas há uma pena se matar alguém. 
 Definição da Doutrina: A finalidade da pena é punir o autor de 
uma infração penal. Segundo Bittencourt a pena não é apenas 
um mal que se deve aplicar só porque antes houve outro mal, 
porque seria “irracional querer um prejuízo simplesmente porque 
já existia um prejuízo anterior”. A imposição da pena implica no 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
12 
restabelecimento da ordem jurídica violada pelo delinquente. 
De acordo com as reflexões de Kant, tendo uma fundamentação 
ética, preconizava que a pena é um imperativo categórico, uma 
consequência natural do delito, uma retribuição jurídica, pois 
ao mal do crime deve-se impor o mal da pena, disso resulta a 
igualdade e só a igualdade pode trazer justiça. Desta forma o 
castigo compensa o mal e dá reparação à moral, sendo imposto 
por uma exigência ética. 
2) Relativa ou Utilitarista da Pena: Utilitarista tem a ver com a prevenção 
de não cometer um crime ou a prevenção de não voltar a cometer outro 
crime. 
 Definição da Doutrina: A pena visa prevenir a pratica do fato 
delituoso. Sendo assim, essa teoria é de caráter preventivo, na 
ocasião em que cometendo um mal injusto, o delinquente já 
saberá antes de cometer tal crime, a pena que irá cair sob ele. 
Existem duas formas de prevenção, a prevenção geral e a 
prevenção especial. A prevenção geral é representada pela 
intimidação dirigida ao ambiente social, a pessoa não delinque 
porque tem medo de receber a punição. A prevenção especial 
é a pena objetiva a readaptação e a segregação social do 
criminoso como meios de impedi-lo de voltar a delinquir. A 
teoria preventiva geral da pena fundamenta-se em duas ideias 
bacias: intimação e ponderação da racionalidade do homem, 
desta forma a ameaça da pena produz no individuo uma espécie 
de motivação para não cometer delitos. Porem, não leva em 
conta a confiança do delinquente em não ser descoberto. Assim 
sendo, o pretendido temor que deveria ter de ameaça de 
imposição da pena não é suficiente para impedi-lo de realizar o 
ato delitivo. Portanto, ao mesmo tempo em que se busca, com a 
execução da pena, a prevenção geral; através da intimação, 
busca-se, com a pena privativa de liberdade, a ressocialização 
do delinquente. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
13 
A Prevenção Geral é pelo simples fato de existir uma norma jurídica, que 
atribui uma consequência desagradável e inaceitável pelo bem social a 
todos, a pessoa refletindo na pena em que ela irá sofrer, deixa de cometer o 
crime, desistindo. 
A Prevenção Específica é o cumprimento da pena que o criminoso cometeu 
e fazer de uma forma que ela se recupere, de maneira que quando saia não 
cometa mais crimes. Afinal no nosso dia a dia isso não funciona, pelo fato de 
que as pessoas não possuem a visão da pessoa criminosa ser recuperada 
para o bem dela, para ela ser feliz, as pessoas possuem uma visão de 
vingança, desta forma a visão adotada é da pessoa que cometeu o crime ser 
recuperada para o bem da sociedade, para que ela não venha a cometer 
outros crimes e atingir novamente a sociedade. 
3) Teoria Mista é a Teoria adotada pelo Nosso Código sendo mantido 
o caráter retributivo e o caráter preventivo especifico. Desta forma é 
fundida as duas correntes, a pena deve objetivar, simultaneamente, 
retribuir e prevenir a infração. 
Segundo o Prof. Soller: A pena é a retribuição imposta pelo Estado em razão 
da pratica de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição de bens 
jurídicos determinados pela Lei (caráter retributivo da pena), cuja finalidade é 
a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação a 
pratica de novas infrações penais (caráter preventivo). 
 
Penas Admitidas pela Constituição Federal 
Art. 5, XLVI 
a. Privação ou Restrição da Liberdade – São as privativas de liberdade 
b. Perda de bens – Pena de caráter pecuniário, restritiva de direitos 
c. Multa – Considerada dívida de valor 
d. Prestação social alternativa – Prestação de serviços à comunidade, é 
um opção para os crimes menos graves 
e. Suspensão ou Interdição de Direitos 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
14 
 
Penas Vedadas pela Constituição Federal: 
Art. 5, XLVII 
a. Morte – Salvo em caso de guerra declarada, art. 84, XIX 
b. Prisão Perpétua – Art. 75, caput, “a pena não pode ser superior a 30 
anos” 
c. Trabalhos forçados – Não pode coagir o condenado a trabalhar, 
obriga-lo 
d. Banimento – Não é admitido o banimento, para estrangeiros é possível 
que sejam extraditados, devolvidos para o outro país, dependendo dos 
tratados internacionais 
e. Penas Cruéis – Não é admitido pena degradante 
 
Princípios da Constituição Federal 
a. Legalidade e Anterioridade – Princípio mais importante do Direito 
Penal, “não há crime sem Lei que o anteceda, nem pena sem previa 
cominação legal” – art. 5, XXXIX CF e art. 1º CP. 
b. Humanização – Não podem ser empregados meios cruéis – art. 5, XLIX 
c. Pessoalidade ou Intranscendência – A pena não pode passar da 
pessoa do criminoso, a imposição da pena não pode atingir terceiros, 
entretanto no aspecto patrimonial é permitido que a decretação do 
perdimento de bens pudesse ser estendida aos sucessores e contra eles 
executada, até o limite do valor do patrimônio transferido – art. 5º XLV e 
XLVI da CF. 
d. Proporcionalidade – A pena deve ser proporcional, art. 303 do CTB e 
art. 129, caput do CP – a Lesão corporal culposa do CTB é maior que a 
lesão corporal dolosa do CP, desta maneira, por isso deve haver uma 
proporção. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
15 
e. Individualização da Pena – A pena deve ser aplicada de uma forma 
que leva em conta as peculariedades do indivíduo que está sendo 
punido, não é admitido uma padronização para as penas. 
f. Inderrogabilidade – O Juiz não pode deixar de aplicar a pena, praticado 
o delito, a imposição deve ser certa e a pena cumprida, salvo nos casos 
em que a Lei expressamente prevê. 
 
O Código Penal classifica os Tipos de Penas: 
Art. 32 – As penas são: 
I. Privativas de Liberdade – Usadas nas penas mais graves – Prevista no 
art. 33 do CP e também no artigo 6º na Lei das Contravenções Penais, 
decreto 3688/41 
II. Restritivas de Direitos – Substituem as privativas de liberdades, 
cumprindoos requisitos necessários – Prevista no art. 43 do CP 
III. Multa – Considerada dívida de valor, se a pessoa não paga ela não terá 
nenhuma consequência que possa ensejar a prisão dela – Prevista no 
art. 49 do CP 
 
I - PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto 
ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade 
de transferência a regime fechado. 
A maior diferença entre reclusão e detenção é como ocorre o regime inicial 
do cumprimento de pena. Quando o Juiz vai fixar a pena na sentença penal 
condenatória à primeira coisa que irá fazer é analisar se trata de reclusão ou 
detenção. Se for reclusão terá três opções (fechado, semiaberto ou aberto), 
no qual o Juiz Criminal poderá iniciar com regime fechado, caso o criminoso 
tenha problema mental, será internado para tratamento, se for detenção terá 
duas opções (semiaberto ou aberto) e o Juiz da Execução não poderá iniciar 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
16 
com regime fechado, caso o criminoso tenha problema mental, será 
determinado o tratamento por medicamentos sem ser internado. 
O Primeiro Sistema da Privação de Liberdade era segurar a pessoa para que 
ela não fugisse, a partir do momento em que a privação da liberdade passa a 
ter um caráter de punição em si, foi adotado esses três sistemas: 
1) Filadélfia (pensilvânico, belga ou celular) – A pessoa fica isolada 
absolutamente dos demais presos, sem trabalho ou visitas, 
incentivando apenas a leitura da Bíblia. Muitas foram as críticas à 
severidade do sistema e à impossibilidade de readaptação social do 
condenado por meio do isolamento. 
2) Auburn – O isolamento se dava durante o período noturno e durante 
período diurno trabalhavam em silêncio absoluto os condenados, o 
que levou a ser chamado de silent system. O ponto vulnerável do 
sistema foi a regra desumana do silêncio, do qual se originou o costume 
dos presos se comunicarem com as mãos. 
3) Progressivo Inglês ou Irlandês – Leva em conta o comportamento e o 
aproveitamento do preso, demonstrados pela boa conduta e pelo 
trabalho. Desta forma há fases no cumprimento da pena, fase em que o 
isolamento é maior e com o decorrer do tempo vai ocorrendo um 
isolamento menor. Esse Sistema foi adotado pelo nosso Código 
Penal 
 
Regime Inicial (Critérios): art. 33 do CP 
a) Reclusão ou Detenção/Prisão Simples – Para reclusão o regime 
inicial será aberto, semiaberto ou fechado; Para detenção ou prisão 
simples o regime inicial será aberto ou semiaberto. 
b) Tamanho da Pena – Se a pena for superior a 8 anos e prevista a 
reclusão o juiz devera aplicar o regime fechado, se for prevista 
detenção será aplicado pelo juiz no máximo o regime semiaberto; Se 
a pena for entre 4 anos e 8 anos, o regime será o semiaberto (tanto na 
reclusão como na detenção), entretanto se o condenado a reclusão for 
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reincidente o regime será fechado na reclusão e semiaberto na 
detenção; Se a pena for até 4 anos, a reclusão será com regime 
aberto, se for reincidente poderá ser semiaberto ou fechado, a 
detenção será com regime aberto, se for reincidente será regime 
semiaberto 
c) Reincidência – Se o condenado for reincidente terá um aumento e um 
regime inicial diferente. 
d) Circunstancias Judiciais – art. 59 do CP – O juiz estabelecerá 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do 
crime 
Reclusão - Superior a 8 anos Entre 4 e 8 anos Até 4 anos 
Primário Fechado Semiaberto Aberto 
Reincidente Fechado Fechado Semiaberto ou 
fechado (art. 59) 
Detenção (Prisão 
Simples) - 
Superior a 8 anos Entre 4 e 8 anos Até 4 anos 
Primário Semiaberto Semiaberto Aberto 
Reincidente Semiaberto Semiaberto Semiaberto 
 
Funções do Juiz da Execução – art. 66 da Lei das Execuções Penais (LEP) 
– 7.210/84 
REGIME FECHADO 
Cumprimento no Regime Fechado – O regime fechado é a penitenciária 
(segurança máxima ou média) – art. 87 a 89 da LEP. A autorização de saída do 
preso está previsto no art. 120 da LEP 
No caso de Regime Disciplinar Diferenciado, circunstância em que o preso 
provisório ou condenado comete faltas disciplinares, é considerado crime 
doloso que constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou 
disciplina internas, sujeita o preso provisório ou condenado, sem prejuízo da 
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado. 
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Hipóteses que será aplicado o regime disciplinar diferenciado, art. 50 da LEP: 
I. Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a 
disciplina - Organização de rebelião, fundador de envolvimento ou 
participação em organizações criminosas, quadrilha ou bando 
II. Fugir 
III. Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a 
integridade física de outrem - Que apresente alto risco para a ordem e 
a segurança do estabelecimento penal. 
IV. Provocar acidente de trabalho 
V. Descumprir, no regime aberto, as condições impostas - Que 
apresente alto risco para a ordem e a segurança da sociedade 
VI. Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 da LEP 
Desta forma o preso irá ficar: 
1) Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por 
nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada 
2) Recolhido em cela individual 
3) Tem visita de apenas duas pessoas por semana com duração de duas 
horas (exceto crianças) 
4) Apenas duas horas diárias de sol 
 
REGIME SEMIABERTO 
Lei 7.210/84 LEP – Art. 122 ao 125 
No Regime Semiaberto não tem penitenciária, o preso fica na Colônia 
Agrícola, Colônia Industrial ou Estabelecimento Similar (art. 91 e 92 da LEP). É 
admitido o trabalho externo e também é possível que o preso frequente curso 
de 2º grau ou curso profissionalizante/ superior. 
Art. 124 - São possíveis as saídas temporárias, de até sete dias, quatro vezes 
ao ano, em um intervalo de 45 dias, sendo sem vigilância, com base na 
responsabilidade do preso. Hipóteses: visita a família, frequência a curso ou 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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participação em qualquer atividade que recorra para o retorno da vida 
social. No caso de curso não é contado esse dias. 
Será concedida a autorização da saída temporária quando forem 
preenchidos os seguintes requisitos: 
1) Comportamento adequado 
2) Cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e 1/4 
se reincidente 
3) Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena 
Condições para conceder a saída temporária: 
1) Fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá 
ser encontrado 
2) Recolhimento à residência visitada no período noturno 
3) Proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos 
congêneres 
 
REGIME ABERTO 
Baseia na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado. 
Art. 33, §1º e art. 36 do CP e art. 93 ao 95 da LEP 
O condenado deverá fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, 
frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo 
recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. 
A lei fala em casa do albergado, porem infelizmente na pratica não existem 
essas casas, sendo assim é adotado o regime aberto em residência particular 
para todos os condenados. 
Art. 117 da LEP – Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de 
regime aberto em residência particular quando se tratar de: 
I. Condenado maior de 70 anos 
II. Condenado acometido de doença grave 
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III. Condenada com filho menor ou deficiente física ou mental 
IV. Condenada gestante 
 
PROGRESSÃO DE REGIME 
Não existe a progressão em salto, ex: passar do regime fechado para o 
aberto. 
Requisito Objetivo: Nos crimes comuns cumpridos 1/6 da pena a que foi 
condenado 
Requisito Subjetivo: Bom comportamento carcerário 
Art. 33, §4º CP - Nos crimes contra a administração públicaterá progressão 
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que 
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado. 
 
REGRESSÃO DE REGIME 
Na regressão é possível a regressão em salto, ex: passar do regime aberto 
para o fechado. 
Enseja regressão de Regime a pratica de crime doloso, pratica de falta grave 
(art. 50 da LEP) e superveniência de condenação por crime anterior cuja 
soma com as penas já em execução cabe o regime em curso. 
No caso do preso já estar em regime fechado e cometer alguma conduta 
grave será reiniciado o prazo de 1/6 da pena que foi condenado. 
 
DEVERES E DIREITOS DO PRESO 
Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes a seu estado, 
submeter-se às normas de execução da pena (art. 38 da LEP) 
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Alem da disciplina, que consiste na colaboração com a ordem, na obediência 
às determinações das autoridades e seus agentes no desempenho do trabalho, 
prevê a lei um conjunto de regras inerentes à boa convivência do condenado. 
 
Deveres do Preso – art. 39 da LEP: 
I. Comportamento disciplinado e 
cumprimento fiel da sentença; 
II. Obediência ao servidor e 
respeito a qualquer pessoa 
com quem deva relacionar-se; 
III. Urbanidade e respeito no trato 
com os demais condenados; 
IV. Conduta oposta aos 
movimentos individuais ou 
coletivos de fuga ou de 
subversão à ordem ou à 
disciplina; 
V. Execução do trabalho, das 
tarefas e das ordens recebidas; 
VI. Submissão à sanção disciplinar 
imposta; 
VII. Indenização à vítima ou aos 
seus sucessores; 
VIII. Indenização ao Estado quando 
possível, das despesas 
realizadas com a sua 
manutenção, mediante 
desconto proporcional da 
remuneração do trabalho; 
IX. Higiene pessoal e asseio da 
cela ou alojamento; 
X. Conservação dos objetos de 
uso pessoal. 
 
Direitos do Preso – art. 40 e SS da LEP: 
De outro lado, a prisão não deve impor restrições que não sejam inerentes 
à própria natureza da pena privativa de liberdade. Por essa razão impõe-se a 
todas as autoridades o respeito à integridade física e moral do detento ou 
presidiário. Desta forma o legislador preocupou-se em humanizar a pena e 
previu na LEP o direito à assistência material, à saúde, jurídica, educacional, 
social, religiosa e ao egresso. 
Art. 38 do CP – O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda 
da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade 
física e moral. 
Art. 5º, XLIX CF – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e 
moral. 
Art. 40 da LEP – Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade 
física e moral dos condenados e dos presos provisórios. 
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Art. 41 da LEP – Rol de Direitos dos presos: 
I. Alimentação suficiente e 
vestuário; 
II. Atribuição de trabalho e 
sua remuneração; 
III. Previdência Social; 
IV. Constituição de pecúlio; 
V. Proporcionalidade na 
distribuição do tempo 
para o trabalho, o 
descanso e a recreação; 
VI. Exercício das atividades 
profissionais, intelectuais, 
artísticas e desportivas 
anteriores, desde que 
compatíveis com a 
execução da pena; 
VII. Assistência material, à 
saúde, jurídica, 
educacional, social e 
religiosa; 
VIII. Proteção contra qualquer 
forma de 
sensacionalismo; 
IX. Entrevista pessoal e 
reservada com o 
advogado; 
X. Visita do cônjuge, da 
companheira, de parentes 
e amigos em dias 
determinados; 
XI. Chamamento nominal; 
XII. Igualdade de tratamento 
salvo quanto às 
exigências da 
individualização da pena; 
XIII. Audiência especial com o 
diretor do 
estabelecimento; 
XIV. Representação e petição 
a qualquer autoridade, em 
defesa de direito; 
XV. Contato com o mundo 
exterior por meio de 
correspondência escrita, 
da leitura e de outros 
meios de informação que 
não comprometam a 
moral e os bons 
costumes. 
XVI. Atestado de pena a 
cumprir, emitido 
anualmente, sob pena da 
responsabilidade da 
autoridade judiciária 
competente. 
 
A Prisão Provisória leva a Privativa de Liberdade, a Internação Provisória 
leva a Medida de Segurança. 
Medida de Segurança é uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos 
inimputáveis ou semi-imputáveis, visando à prevenção do delito, com a 
finalidade de evitar que o criminoso que apresente periculosidade volte a 
delinquir. Enquanto o fundamento da aplicação da pena reside na 
culpabilidade, o fundamento da medida de segurança reside na 
periculosidade. 
 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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TRABALHO DO PRESO 
Impõe-se ao preso o trabalho obrigatório, remunerado e com as garantias 
dos benefícios da Previdência Social – art. 39 CP 
Trata-se de um dever social e condição de dignidade humana, que tem 
finalidade educativa e produtiva. 
Tratando-se de regime fechado, o trabalho será em comum dentro do 
estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do 
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena 
Em regime semiaberto, o trabalho é realizado em colônia agrícola, industrial 
ou estabelecimento similar. 
Com o trabalho do preso também ocorrerá a Remição e a Detração aos 
condenados. 
Remição é uma nova proposta inserida pela LEP que tem como finalidade 
abreviar, pelo trabalho, parte do tempo da condenação. A contagem será 
feita nos termos do art. 126 §1º da LEP, à razão de um dia de pena por três 
dias de trabalho, esses dias descontados pelo trabalho servem para fins de 
progressão e também poderá ocorrer a remição através do estudo (ensino 
fundamental, médio, técnico profissionalizante ou superior), sendo em uma 
proporção de 12 horas de estudo para um dia de pena 
Na remissão por estudo pode rolar um premio extra, se a pessoa nesse 
estudo concluir o primeiro grau ou concluir o segundo grau ou se formar na 
faculdade ou o curso técnico, aqueles dias que ela tem remissão pelo estudo a 
pessoa leva de brinde mais um terço dos dias. 
A remição só acontece no regime fechado ou semiaberto, mas há algumas 
exceções que poderá ser no regime aberto. 
Detração é o desconto do total da pena definitivamente imposta ao 
sentenciado, do período em que este cumpriu pena privativa de liberdade ou 
medida de segurança no país ou no exterior. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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Conceitua-se detração penal como sendo o cálculo de redução da pena 
privativa de liberdade ou de medida de segurança aplicada ao final da 
sentença, do período de prisão provisória ou de internação para tratamento 
psiquiátrico em que o sentenciado cumpriu anteriormente. 
Ex: Se alguém foi condenado a 3 anos e 6 seis meses e havia ficado preso por 
6 meses aguardando a sentença, terá de cumprir apenas o restante da pena, 
ou seja, 3 anos. 
Vale Pena é como um “banco” de penas, ex: usar o tempo que ficou preso 
provisoriamente em um processo e foi absolvido em um outro processo 
que foi condenado, no Brasil não é possível o Vale Pena 
Sursis – É possível que o juiz suspenda a pena sob algumas condições 
 
 
II - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
 
Dividida em três grupos, com base no art. 43 CP: 
1) Restrições (Meramente Restritivas) – Perda de bens e valores (restrito 
um bem), interdição temporárias de direitos (restrito um direito), 
interdição de fim de semana (restrito a liberdade) 
2) Obrigações (Restritivas por Obrigação) – Prestação pecuniária, 
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas 
 
Características das Penas Restritivas de Direito: 
 Autonomia – As penas restritivas de direito não são acessórias. Art. 44 
CP 
 Substitutividade – Cominada de maneira indireta. Art. 44 CP 
 Precariedade – Sendo cabível a substituição ela não é definitiva, ela 
pode voltar a ser privativa de liberdade 
As penas restritivas de direito visam a teoria utilitarista. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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Requisitos para as penas restritivas de direitos, art. 44 CP: 
 Se o crime for culposo a pena pode ser de qualquer tamanho, não há 
limite máximo. Se o crime for doloso somente as penas até 4 anos e sem violência ou 
grave ameaça (apenas contra seres humanos) 
 Não Reincidente em crime doloso (o §3º do art. 44 trás uma restrição 
ao §2º, se o condenado for reincidente no mesmo crime não será 
possível a substituição, porem se o crime doloso for diferente será 
possível a substituição da restritiva de liberdade por restritiva de direito). 
 Circunstancias Judiciais, art. 59 CP, um grupo de 8 fatores que devem 
ser levados pelo Juiz. Muito parecido com o §3º do art. 44. 
 
Presentes os requisitos a substituição será feita da seguinte forma: 
Se a pena for, art. 44, §2º CP: 
 Igual ou Menor que 1 ano, a pena Privativa de Liberdade poderá ser 
substituída por: 
o 1 restritiva de direito 
o Somente pela multa 
 Superior a 1 ano, a pena Privativa de Liberdade poderá ser substituída 
por: 
o 2 restritivas de direito 
o 1 restritiva de direito + multa 
Se a multa já for cominada na privativa de liberdade, o juiz não poderá fixar a 
restritiva de direito em que tenha a multa. 
Outro caso, sendo uma exceção que há, é o art. 180 da LEP, a pena privativa 
de liberdade, não superior a 2 anos, poderá ser convertida em restritiva de 
direitos, desde que preenchidos os requisitos deste artigo. 
O tempo da restritiva de direito é a mesma duração da privativa de liberdade. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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Competência do Jecrim: Pena até 02 anos, apenas para os crimes de 
ameaça, lesão corporal leve e constrangimento ilegal. É possível a transação 
penal, no qual há uma tentativa de acordo, é cabível no momento de transação 
penal a substituição da pena por um acordo. 
Lei Maria da Penha: Quando sem violência ou sem grave ameaça há o 
critério de cabimento para substituição por restritiva de direito. Entretanto não 
cabe restritiva de direito se ocorrer violência contra a mulher. 
Art. 43 – As penas restritivas de direitos são: 
I. Prestação Pecuniária 
 É um pagamento em dinheiro que poderá ser para a própria 
vítima, ou aos dependentes da vítima se ela vier a morrer, ou se 
não existir vítima definida ou não existir descendentes (entidade 
pública ou entidade privada com fins sociais). Poderá variar de 1 
a 360 salários mínimos 
II. Perda de Bens e Valores 
III. Prestação de Serviço à comunidade ou a entidades públicas 
IV. Interdição Temporária de Direitos, essa espécie de sanção atinge 
fundo os interesses econômicos do condenado sem acarretar os males 
representados pelo recolhimento à prisão por curto prazo, desta forma 
os interditos sentirão de modo muito mais agudo os efeitos da punição 
do tipo restritivo ao patrimônio. Ademais, tem maior significado na 
prevenção, já que priva o sentenciado da prática de certas atividades 
sociais em que se mostrou irresponsável ou perigoso. As interdições são 
divididas em modalidades específicas ou genéricas (art. 47 CP) 
 Específica – Aplicada em crimes específicos 
 Proibição do exercício de cargo, função ou atividade 
pública, bem como de mandato eletivo (art. 56 CP) 
 Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que 
dependam de habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público (art. 56 CP) 
 Suspensão de autorização (apenas em caso de ciclomotor) 
ou de habilitação para dirigir veículo (Entretanto o CTB (lei 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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9.503/97) revogou esse artigo com os seus arts. 302 e 
303) 
 Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou 
exames públicos 
 Genérica – Aplicada em qualquer tipo de crime 
 Proibição de frequentar determinados lugares 
V. Limitação de Fim de Semana, é a obrigação de permanecer aos 
sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou 
em estabelecimento adequado 
Conversão da Restritiva de Direito em Privativa de Liberdade 
Acontece a perda do benefício, sendo a conversão de pena restritiva em 
privativa de liberdade nos casos em que: 
1) Descumprimento injustificado da restrição, art. 44 §4º do CP e art. 181 
da LEP. Ex: Descumprimento da prestação de serviços à comunidade 
2) Superveniência de condenação à privativa de liberdade por outro crime, 
art. 44 §5º. 
3) Prática de Falta Grave, art. 51 LEP 
 
QUESTÕES PARA A PRIMEIRA PROVA: 
1) Ao tratar do Concurso de Agentes, nosso CP adotou a teoria 
restritiva, considerando os coautores aqueles que praticam os 
verbos descritos no tipo e partícipes aqueles que de outra forma 
contribuem, sem pratica-lo. Nesse contexto é possível coautoria 
quando os agentes praticam diferentes condutas do mesmo tipo 
penal? 
R. Sim, através do tipo complexo, no qual é composto por dois ou mais 
tipos que isoladamente constituem infrações penais, é o caso do roubo, 
cujo conteúdo compreende tanto o furto como o constrangimento ilegal, 
e também pode ser como tipo alternativo, no qual há vários verbos em 
um só artigo, ex: tráfico de drogas. 
 
2) Ticia encontra-se gestante e deseja interromper a gravidez, para 
tanto, seu namorado Mévio lhe entrega o medicamento cytotec, e 
no dia seguinte estando sozinha Ticia ingere o medicamento, mas é 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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socorrida por seu pai e salva-se a gestação. Mévio responderá 
como autor do art. 126 do CP tentado ou como partícipe do art. 124 
do CP tentado? Explique o porquê, fundamentando. 
R. Responderá como partícipe tentado pelo art. 124 do CP, porque ele 
apenas forneceu o medicamento para a gestante e Ticia ingeriu o 
medicamento sozinha, sendo assim Mévio teve uma participação 
material, considerado apenas de caráter acessório. Segundo o art. 30 do 
CP as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se 
comunicam, salvo quando elementares do crime, todavia esse tipo de 
infração é elementar do crime. 
 
3) O art. 5 XLVII da CF veda as penas de trabalhos forçados, 
entretanto o condenado a pena privativa de liberdade tem a 
obrigação e também o direito de trabalhar. Quais as consequências 
de recusar-se a trabalhar, conforme o regime em que esteja? Qual a 
consequência do Estado não fornecer tal oportunidade? 
R. No regime aberto se o preso não trabalhar estará ausente um 
requisito para ficar em regime aberto, tendo como consequência a 
regressão para o regime semiaberto ou para o fechado. Se estiver no 
regime semiaberto constitui falta grave, que enseja a regressão para o 
regime fechado. Se estiver no fechado também é constituída falta grave, 
só que como não tem como mais regredir a consequência é reiniciar a 
contagem do prazo para progressão do regime. A consequência do 
Estado de não fornecer a oportunidade é podendo pleitear a remição 
sem mesmo o preso ter trabalhado, sendo que aplica-se isso apenas 
nos regimes semiaberto e fechado, no regime aberto é responsabilidade 
do preso arrumar emprego. 
 
4) Comente os arts. 129 caput do CP e 303 do CTB a luz do princípio 
da proporcionalidade 
R. O legislador ofendeu o principio da proporcionalidade quando 
elaborou o art. 303 do CTB. Pois a pessoa cometendo um crime na 
modalidade culposa através do art. 303 do CTB terá uma pena em dobro 
do que cometer o mesmo crime na modalidade dolosa pelo art.129 do 
CP. 
 
5) Tício foi condenado pelo crime X a pena de seis anos de detenção e 
é reincidente, em qual regime iniciará o cumprimento? Poderá em 
algum momento regredir para regime mais grave? 
R. Iniciará no Regime semiaberto e poderá regredir apenas em razão do 
fato ocorrido já na execução da pena. 
 
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6) Diferencie permissão de saída (art. 120 da LEP) de saída temporária 
(art. 122 da LEP), detalhe a segunda saída. 
R. Permissão de saída é somente no regime fechado e semiaberto, no 
caso de morrer parente, alguém ficar doente, sendo a saída vigiada por 
escolta. Já a saída temporária somente é cabível no regime semiaberto, 
sendo permitido sair sem escolta, para visitar a família, frequentar curso, 
com o prazo máximo de 7 dias, 4 vezes no ano e com intervalode 45 
dias. 
 
7) Em quais situações é possível progredir de regime antes do 
transito em julgado da sentença penal condenatória? 
R. São duas situações: A primeira situação só quando cabe recurso para 
a defesa, quando já ocorreu o transito em julgado para o Ministério 
Público porem a defesa apelou para os Tribunais reverem a sentença, 
desta forma como só o advogado recorreu a reforma da sentença que os 
Tribunais irão fazer só irá modifica-la para uma pena menor e também 
quando o Ministério Público mesmo pleiteando a sentença acha que a 
pena foi muito alta ou que condenou por situações que não eram para 
condenar. A segunda situação é quando já cumpriu um sexto da pena 
máxima cominada em abstrato pelo legislador. 
 
8) Na ação penal A Tício ficou preso preventivamente e foi absolvido, 
na ação penal B Tício não ficou preso provisoriamente, mas foi 
condenado a pena privativa de liberdade, Sendo assim poderá 
ocorrer detração? Por quê? 
R. Depende do momento do crime em que está sendo julgado o 
condenado, se o crime foi cometido antes da época em que foi preso 
pela preventiva poderá ocorrer a detração, mas se for cometido depois 
da prisão preventiva não poderá ocorrer a detração, pois o sujeito ficaria 
com um crédito de pena e seria considerado um “vale pena”. Decisão do 
STJ Recurso Especial nº 61899 de São Paulo, Julgado pela 6ª turma, 
Relator Vicente Leal, Diário da Justiça de março de 1996. 
 
9) É possível substituição de pena privativa de liberdade por restritiva 
de direito no caso de condenação por tráfico de drogas? 
R. A lei antidrogas fala que não, porem o Supremo em um julgamento 
entendeu inconstitucional essa disposição, mas mesmo assim ainda 
permanece os outros requisitos (ausência de violência ou grave ameaça 
e a pena não pode ultrapassar 4 anos em crime doloso) , desta forma 
somente poderá ocorrer a substituição através do instituto da minorante. 
 
10) Tício foi condenado a 6 meses de detenção pela prática de lesão 
corporal culposa em acidente de transito (art. 303 do CTB), e pegou 
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a pena mínima. Poderá o Juiz substituir tal pena por prestação de 
serviços à comunidade? Poderá substituir tal pena por interdição 
temporária de direitos consistente em suspensão da CNH? 
R. Ele não poderá substituir a pena por prestação de serviços a 
comunidade, porque o art. 46 diz que para essa modalidade a 
condenação deve ser superior a 6 meses. E não poderá substituir a 
pena para suspensão da CNH, pelo art. 47, III, porque tal pena já está 
prevista em caráter excepcional, já está cominada no próprio art. 303 e 
será obrigatória. O juiz nesse caso terá que pegar a privativa de 
liberdade e substituir por outra modalidade de restritiva de direitos que 
não seja a suspensão da CNH 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III – MULTA 
 
Multa é a espécie de sanção penal, de cunho patrimonial, consistente no 
pagamento de determinado valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional. 
Por se tratar de pena deve respeitar os princípios da reserva legal e da 
anterioridade. 
Para a pena de multa existe uma diferença quanto ao destino do dinheiro, pois 
na PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA a perda de bens e valores vai para a vítima ou 
para o Fundo Penitenciário Nacional (art. 45, §3º CP), entretanto o destino do 
dinheiro da MULTA vai apenas para o Fundo Penitenciário (art. 49 CP), desta 
forma a diferença de especificar se vai ou não para o âmbito Nacional é que o 
dinheiro poderá ser aplicado também nas esferas Estaduais ou Municipais. 
Espécies: 
 Originária – Prevista diretamente no preceito secundário da sanção 
penal 
o Isolada – Situação rara em que somente poderá ser aplicada a 
pena de multa como sanção, encontra somente na Lei de 
Contravenções Penais. Ex: Art. 20, 61 da LCP 
o Cumulativa – Quando utilizar a conjunção “e”. O Juiz aplicará 
duas sanções para o condenado, ex: Detenção e multa 
o Alternativa – O Juiz terá a opção de aplicar uma sanção ou outra, 
ex: aplicar a restritiva de liberdade ou multa. 
 Substitutiva ou Vicariante – Não está prevista diretamente no preceito 
secundário, conforme descrito no art. 44 §2º CP - A substituição da pena 
poderá ser feito por multa. 
 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
32 
Critério 
O Código Penal adota como regra1, o critério do dia-multa, pelo qual o 
preceito secundário de cada tipo penal se limita a cominar a pena de multa, 
sem indicar o seu valor, o qual deve ser calculado com base nos critérios 
previstos no art. 49 do CP. 
 
Cálculo da Pena de Multa 
A pena privativa de liberdade obedece a um sistema trifásico, delineado pelo 
art. 68 do CP. Entretanto a pena de multa, e somente ela, segue um sistema 
bifásico: 
 1ª Fase – O Juiz fixa o número de dias-multa apenas, estabelece 
quanto dias-multa a pessoa será condenada. Entre 10 e 360 dias-multa 
(art. 49 CP). Para encontrar esse número leva em conta o critério 
trifásico, art. 68 CP (circunstâncias judiciais, agravante/atenuantes 
genéricas e majorantes/minorantes) 
 2ª Fase – Já definido o número de dias-multa, cabe ao Juiz fixar o valor 
de cada dia-multa. Nesta fase não leva em conta o critério trifásico, 
mas sim o critério da situação econômica da pessoa. Desta forma um 
dia-multa deve ser o valor mais próximo possível do salário de um dia da 
pessoa condenada. O cálculo é feito entre 1/30 ou 5x o salário mínimo 
vigente ao tempo do fato (art. 49 §1º) 
Se a situação econômica do réu for de elevado poder econômico a 
sanção da multa será ineficaz, desta forma o valor poderá ser triplicado 
(art. 60 §1º) e nos crimes contra o sistema financeiro nacional, 
propriedade industrial pode ser estendido ate o décuplo. 
A multa deve ser atualizada pela correção monetária, art. 49 §2º 
 
 
 
1
 Pelo art. 2º da Lei 7.209/1994 – Reforma da Parte Geral do Código Penal 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
33 
Pagamento da Multa 
A multa deve ser paga 10 dias após o transito em julgado da sentença (art. 
50 CP). Dependendo das circunstâncias econômicas do condenado o 
pagamento da multa pode ser parcelado, em prestações iguais e sucessivas. 
A cobrança da multa irá descontar no vencimento ou salário do condenado 
quando: 
 Aplicada isoladamente 
 Aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos 
 Concedida à suspensão condicional da pena 
Se NÃO for paga a multa será considerada dívida de valor, no qual aplica a 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública e também a sua 
prescrição interruptiva ou suspensiva. A execução da multa é fiscal. 
Não cabe habeas corpus na pena de multa, porque não impede o direito de ir e 
vir. 
Não há o que se falar em detração, segundo o art. 42 somente na privativa de 
liberdade e na medida de segurança que é possível 
A inadimplência da multa seguida da morte do condenado não atinge aos 
seus herdeiros, pois existem os princípios da personalidade e da 
intransmissibilidade da pena. Os herdeiros poderão responder apenas por 
aquilo que herdaram, nunca poderá buscar o patrimônio pessoal dos herdeiros. 
A suspensão da prescrição se da enquanto não for localizado o devedor ou 
encontrado bens para penhora, desta forma não correrá o prazo de prescrição. 
A interrupção da prescrição se da pelo despacho do Juiz que ordenar a 
citação em execução fiscal. 
 
 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
34 
Critérios Especiais da Pena de Multa 
Multa Substitutiva ou Vicariante (art. 60 §2º) – Com a reforma no CP esse 
artigo ficou sobrando, no que ocorreu a revogação tácita do §2º do art. 60, 
já que o §2º do art. 44 é mais amplo (Capez, Damásio e Luis Flávio). Para a 
família DelManto, o §2º do art. 60 não está revogado tacitamente, na verdade 
ele ainda é aplicável quando você tiver uma pena abaixo de 6 meses, porém 
com violência ou grave ameaça.Ex: Lesão Corporal introduzida pela Lei Maria 
da Pena art. 129 §9º CP, no qual não é de competência do JECRIM porque a 
pena máxima é de três anos e não aplica o art. 44 §2º porque há violência e o 
art. 60 §2º observa apenas os incisos II e III do art. 44. 
O condenado que for cumprir a pena privativa de liberdade e multa 
poderá substituir a privativa de liberdade por mais uma multa ou por uma 
restritiva de direito e multa? 
R. Depende, em primeiro lugar se essa situação estiver em lei 
extravagante (fora do CP), a Súmula 171 do STJ diz que não pode 
substituir a prisão por multa, mas se estiver no Código Penal pode 
substituir por mais uma multa desde que o número de dias-multa 
aumente de 10 e 360 dias-multa para 20 e 720 dias-multa. 
 
Multa Irrisória – É multa de valor extremamente reduzida 
 
Multa de Violência Doméstica Contra a Mulher – Substituição da pena em 
pagamento isolado da multa é vedado pela Lei Maria da Penha. 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
35 
 
APLICAÇÃO DAS PENAS 
 
A atividade de aplicar a pena consiste em fixá-la na sentença, depois de 
superada todas as etapas do devido processo legal, em quantidade 
determinada e respeitando os requisitos legais. (Cleber Masson) 
Trata-se de um ato discricionário juridicamente vinculado. O Juiz está 
submisso aos parâmetros que a lei estabelece. 
A aplicação da pena tem como pressuposto a culpabilidade (imputabilidade, 
potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa) (Teoria 
Bipartite). Se estiver ausente a culpabilidade não terá a imposição da pena. 
 
SISTEMAS PARA APLICAÇÃO DA PENA 
Existem dois sistemas para a aplicação da pena privativa de liberdade: 
1. Bifásico – Sistema idealizado por Roberto Lyra, a pena privativa de 
liberdade é aplicada em duas fases: 
 1ª Fase: O Juiz calcula a pena-base levando em conta as 
circunstâncias judiciais e as agravantes ou atenuantes genéricas 
 2ª Fase: Incide as causas de diminuição ou de aumento da pena 
 
2. Trifásico – Sistema idealizado por Nélson Hungria, a pena privativa de 
liberdade é dividida em três etapas: 
 1ª Etapa: O Juiz fixa a pena-base levando em conta as 
circunstâncias judiciais 
 2ª Etapa: Aplica as atenuantes e agravantes genéricas 
 3ª Etapa: Aplica as causa de diminuição ou de aumento da pena 
O nosso Código Penal adotou o Sistema Trifasico para a aplicação da 
pena privativa de liberdade – art. 68 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
36 
Entretanto para a pena de multa foi adotado o Sistema Bifásico – art. 49, 
caput e §1º 
 
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM 
Esse princípio estabelece, em primeiro plano, que ninguém poderá ser punido 
mais de uma vez por uma mesma infração penal, mas não é só, a partir de 
uma compreensão mais ampla deste principio, desenvolveu a operação de 
dosimetria (cálculo) da pena. 
Temos que observar que se consolidou o entendimento de que uma mesma 
circunstância não deverá ser valorada em mais de um momento ou em mais 
de uma das fases que compõem o sistema trifásico estabelecido pelo art. 68 
do CP. 
Um exemplo elucidativo: Imaginemos que alguém tenha praticado um furto, e 
que o tenha feito por motivo torpe (o agente subtraiu do seu desafeto o dinheiro 
que seria destinado à compra de alimentos para a sua família, justamente com 
o intuito de acarretar a privação). É bem provável que o juiz, após análise do 
caso, se desconhecer a motivação do crime, venha a fixar a pena-base 
próxima do mínimo legal (digamos, um ano de reclusão). Sabendo da torpeza 
da motivação, no entanto, e atendendo aos critérios do artigo 59 do CP, 
suponhamos que ele estabeleça uma pena-base mais elevada: 3 anos de 
reclusão. Quando passa ao segundo estágio do sistema de dosimetria da pena, 
reconhece a já mencionada agravante do art. 61, II, "a", e faz incidir um 
aumento de 1/6 sobre a pena-base anteriormente fixada. Supondo a ausência 
de quaisquer outras circunstâncias agravantes ou atenuantes, e também de 
causas de aumento e de diminuição da pena, torna-se definitiva a punição em 
3 anos e 6 meses de reclusão. Percebamos que, no presente caso, o peso 
exercido pelo motivo do crime na pena atribuída, na primeira fase, é de 
hipotéticos 2 anos de reclusão; e que, num momento posterior, ao ser 
reconhecido como circunstância agravante, o mesmo fator levou a novo 
aumento da pena (mais 6 meses de reclusão). Esta dupla (ou múltipla) 
valoração é vedada pelo Princípio do Non Bis In Idem. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
37 
 
Primeiro será apenas citada as fases para a dosimetria das penas e a 
ordem de prioridade para utilizar as penas e posteriormente será 
explicada cada uma. 
 
ORDEM DAS FASES PARA A DOSIMETRIA DAS PENAS 
1ª Fase – Circunstâncias Judiciais – art. 59 – Esta fase irá fixar a pena-base, 
no qual tem 8 critérios. 
2ª Fase – Agravantes e Atenuantes Genéricas – art. 61, 62/ 65 e 66 - Aumento 
ou Diminuição da pena. 
3ª Fase – Majorantes ou Minorantes – Aumento ou Diminuição da pena. 
Obs. Problema do art. 127 foi que o Legislador colocou como uma 
qualificadora, porém se trata de uma majorante. 
 
ORDEM DE PRIORIDADE DAS PENAS DE UTILIZAÇÃO 
1) Fato Elementar e Circunstância – Fatores Elementares compõem a 
estrutura da figura típica. Circunstâncias são dadas que agregam ao tipo 
fundamental para aumentar ou diminuir a quantidade da pena. Na 
elementar deixa de ser aquele crime, se retirar aquele fato e se tirar uma 
circunstância, o crime continua existindo. 
2) Qualificadoras, o Legislador trouxe novos limites de pena de privativa de 
liberdade, faz uma nova cominação – Estabelece novos limites da pena. 
3) Majorante ou Minorante – Está escrito na lei o quanto terá que aumentar, 
através do Cálculo Matemático (ex. aumento de 1/6, 1/2, 3/5, etc.). 
4) Agravante ou Atenuante Genérica – Não diz o quanto terá de aumentar a 
pena 
5) Circunstâncias Judiciais – Utilizadas quando não configurarem elementos 
do tipo penal, qualificadoras ou privilégios, agravantes ou atenuantes, 
majorantes ou minorantes 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
38 
SISTEMAS DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
1) Estanque – Já traz uma pena específica, individualizada na parte 
secundária do tipo penal, fere o principio da individualização da pena, 
ex: crime X, pena 5 anos de execução. Esse sistema não foi adotado pelo 
nosso Código Penal. 
2) Pena Indeterminada – Deixa inteiramente a critério do Juiz a pena, não 
prevê nenhum limite mínimo ou máximo, fere o principio da legalidade, 
porque quando a pessoa vai cometer um crime ela deve saber quais serão 
as suas consequências. Esse sistema não foi adotado pelo nosso Código 
Penal. 
3) Pena Parcialmente Determinada – Traz o limite máximo, porem não traz 
o limite mínimo. Esse sistema é adotado em alguns casos pelo nosso 
Código Penal. 
4) Pena Determinada – Estabelece limite mínimo e máximo para as penas. 
Esse sistema é adotado pelo nosso Código Penal. 
 
PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DA PENA-BASE 
Para o cálculo da pena-base o juiz se vale das circunstâncias judiciais 
indicadas pelo art. 59 CP. 
Ainda que todas as circunstâncias sejam extremamente favoráveis ao réu, a 
pena-base não pode ser inferior ao mínimo abstratamente cominado ao 
crime e também mesmo sendo as circunstancias judiciais inteiramente 
contrárias, a pena-base deve respeitar o máximo legalmente previsto. 
As circunstâncias judiciais elencadas pelo art. 59 CP são: 
1) Culpabilidade 
2) Antecedentes 
3) Conduta Social 
4) Personalidade do agente 
5) Motivos do crime 
6) Circunstâncias do crime 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
39 
7) Consequências do crime 
8) Comportamento da Vítima 
Tendo estudado os 8 elementos do art. 59, vai servir não somente para o 
cálculo da pena nessa primeira fase (pena base), são esses mesmo elementos 
que o Juiz irá escolher qual pena será aplicada, irá analisar a fixação do regime 
inicial e o tempo da pena. 
O cálculo pela maioria dos Juízesbrasileiros, em primeiro lugar, parte sempre 
do mínimo da pena cominada, o critério que utilizam e para cada circunstância 
desfavorável aumentam de 1/6, e se favorável retiram o 1/6 ou anulam alguma 
circunstância desfavorável. 
 
SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DAS 
AGRAVANTES E ATENUANTES GENÉRICAS 
A fixação será aplicada sobre o resultado da primeira fase. A condição do 
limite mínimo e o limite máximo não poderão ser ultrapassados. 
AGRAVANTES 
Art. 61 – São Circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime: 
I. A Reincidência – Por força do art. 63 só pode considerar para fins de 
reincidência quando um novo crime é cometido após o transito em julgado de 
outro. No art. 7 da Lei das Contravenções Penais também fala sobre a 
reincidência, entretanto se for cometido um crime e após o transito em julgado 
cometer uma contravenção, seja no Brasil ou no exterior será considerado 
reincidente, mas se for cometido uma contravenção anteriormente e após o 
transito em julgado cometer outra contravenção, só no Brasil será considerado 
reincidente, no exterior não. 
Se o criminoso cometer primeiro uma contravenção, depois do trânsito em 
julgado, cometer um crime ele não será reincidente. 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
40 
Condenação Anterior Nova Infração Resultado 
Contravenção no 
Brasil 
Contravenção Reincidente – art. 7 da 
LCP 
Contravenção no 
Exterior 
Contravenção Primário – art. 7 da 
LCP 
Crime Crime Reincidente – art. 63 
CP 
Contravenção Crime Primário – art. 63 CP 
Crime no Brasil ou no 
Exterior 
Contravenção Reincidente – art. 7 
LCP 
 
Art. 64 CP – Efeitos da Reincidência 
 
 
II. Ter o Agente cometido o crime 
a. Por motivo fútil ou torpe 
b. Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime 
c. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso 
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido 
d. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum 
e. Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge 
Dividi-se em Preponderantes e Não Preponderantes 
O art. 62 é também agravante genérica, só que tem uma relação de concurso 
de pessoas. 
ATENUANTES 
Art. 65 – São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I. Ser o agente menor de 21 anos, na data do fato, ou maior de 70 
anos na data da sentença 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
41 
Obs. Quando o agente for menor de 21 anos é considerado 
superpreponderante, o que significa que em caso de empate entre 
uma agravante e uma atenuante, a atenuante superpreponderante 
irá prevalecer 
II. O desconhecimento da lei – Se no caso concreto a pessoa não 
conhecer a lei poderá ser uma circunstância atenuante 
III. Ter o agente 
a. Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral 
b. Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo 
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, 
antes do julgamento, reparado o dano 
c. Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a 
influencia de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima 
d. Confessado espontaneamente, perante autoridade, a autoria do 
crime 
e. Cometido o crime sob a influencia de multidão ou tumulto, se o 
não provocou 
Cálculo das preponderantes das penas nessa segunda fase: 
A preponderante tem peso maior que uma não-preponderante, a relação é 
de uma preponderante por duas não-preponderantes. A única exceção é de o 
agente ser menor de 21 anos, pois a preponderante se torna 
superpreponderante. 
 
TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DAS 
MAJORANTES E MINORANTES 
O limite mínimo poderá ser passado e o limite máximo também poderá ser 
ultrapassado 
As majorantes e minorantes estão previstas tanto na parte geral quanto na 
parte especial. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
42 
Quando não for o caso do § único do art. 68, que envolver parte geral ou parte 
especial, irá calcular, em sequencia, primeiro a parte especial e depois calcular 
a parte geral, seja minorante, ou seja majorante. 
Art. 68 § único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição 
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só 
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
Sendo assim se houver 2 majorantes ou 2 minorantes, o Juiz irá escolher qual 
majorante ou minorante diminui ou aumente mais e desconsidera a outra, no 
que abre um espaço na hierarquia para aplicação da próxima etapa das penas 
(agravante, atenuante, circunstancias). 
 
CONCURSO DE CRIMES 
Concurso de crimes é o instituto que se verifica quando o agente, mediante 
uma ou várias condutas, pratica duas ou mais infrações penais. 
Sempre serão cometidas duas ou mais infrações penais. 
Sistemas de aplicação da pena 
Destacam-se no Brasil três sistemas de aplicação da pena no concurso de 
infrações penais: 
I. Sistema do Cúmulo Material – Aplica-se ao réu o somatório das penas 
de cada uma das infrações. Esse sistema foi adotado em relação ao 
concurso material (art. 69), ao concurso formal imperfeito (art. 70) e 
ao concurso das penas de multa (art. 72). 
II. Sistema da exasperação – Aplica-se somente a pena mais grave 
praticada pelo agente, aumentada de determinado percentual. Esse 
sistema foi acolhido em relação ao concurso formal próprio (art. 70) e 
ao crime continuado (art. 71) 
III. Sistema de absorção – Aplica-se exclusivamente a pena da infração 
penal mais grave, sem qualquer aumento. Esse sistema foi adotado pela 
Jurisprudência em relação aos crimes falimentares. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
43 
 
O Concurso de Crimes é dividido em 3 INSTITUTOS: 
CONCURSO MATERIAL 
Previsto no art. 69 do CP, será aplicado quando não estiver previsto os 
requisitos do concurso formal ou continuado. 
Há a pluralidade de condutas e pluralidade de crimes. O agente, por meio 
de duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes, pouco importando se 
os fatos ocorreram ou não no mesmo contexto fático. 
Considerado homogêneo quando os crimes são idênticos 
Considerado heterogêneo quando há condutas e crimes diferentes 
Obs. Se houve conexão entre as infrações penais no mesmo processo a regra 
do concurso material é aplicada pelo juiz que profere a sentença condenatória, 
sendo que as serão fixadas separadamente e na sentença somadas. 
Obs.² Se as infrações penais não tiverem conexões, sendo em processos 
diferentes, a soma das penas será aplicada pelo Juiz da Execução, art. 66, III 
da LEP. 
 
CONCURSO FORMAL 
Previsto no art. 70 do CP, o agente mediante uma única conduta pratica dois 
ou mais crimes, idênticos ou não. 
Os requisitos são: 
 Unidade de conduta – Somente se concretiza quando os atos são 
realizados no mesmo contexto temporal e espacial 
 Pluralidade de resultado – Deve haver vários resultados, mesmo que 
em condutas fracionáveis em diversos atos. 
Considerado homogêneo quando os crimes são idênticos 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
44 
Considerado heterogêneo quando os delitos são diversos 
Concurso Formal Perfeito o agente realiza a conduta típica, que produz dois 
ou mais resultados, sem agir com desígnios autônomos. 
Concurso Formal Imperfeito verifica quando a conduta dolosa do agente e os 
crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos. 
Obs. Foi adotado o sistema da exasperação para concurso formal perfeito: 
Número de crimes Aumento de pena 
2 1/6 
3 1/5 
4 1/4 
5 1/3 
6 ou mais 1/2 
 
Obs. ² Foi adotado sistema do cúmulo material para concurso formal 
imperfeito, no qual serão somadas as penas de todos os crimes produzidos 
pelo agente. 
 
CRIME CONTINUADO 
Previsto no art. 71 do CP, o agente por meio de duas ou mais condutas, 
comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condiçõesde 
tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os 
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. 
Há a pluralidade de crimes e pluralidade de condutas. Tem como 
características: i) crimes da mesma espécie; ii) conexão espacial (crimes 
praticados em um limite de distancia, sendo na mesma cidade ou no máximo 
na cidade vizinha), conexão temporal (crimes praticados relativamente 
próximo no tempo, o limite é de 1 mês), conexão modal (modo de execução 
do crime iguais). 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
45 
Obs. A dosimetria da pena no concurso continuado se dá da seguinte forma: 
Número de crimes Aumento de pena 
2 1/6 
3 1/5 
4 1/4 
5 1/3 
6 1/2 
7 ou mais 2/3 
 
 
SURSI – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
Sursi é uma suspensão condicional da pena, aplicada à execução da pena 
privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por 
dois a quatro anos. Sendo assim o Sursi é um benefício para o condenado. 
Sistemas: 
 Anglo-Americano – A suspensão ocorre antes da condenação, a 
condenação não chega a existir. 
 Belgo-Francês – A condenação acontece efetivamente, envolve o 
calculo da pena. Esse sistema foi adotado pelos arts. 77 a 82 do CP. 
 Probation of first offenders act – Durante a suspensão o réu deve 
apresentar boa conduta, senão será reiniciada a ação penal. Esse 
sistema foi acolhido pelo Brasil em relação à suspensão 
condicional do processo. 
A revogação do sursi poderá acontecer por motivos específicos ou durante 
o período de provas. 
 
MODALIDADES DE SURSIS 
 Simples – Art. 77 caput CP 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
46 
 Especial – Art. 78, §2º CP 
 Etário e Humanitário – Art. 77, §2º CP 
 
ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS PERÍODO DE PROVA 
Simples Não reparou o dano/ No 
1º presta serviço a 
comunidade ou limitação 
aos finais de semana 
2 a 4 anos 
Especial Reparação dos danos/ 
Condições 
estabelecidas pelo Juiz 
2 a 4 anos 
Etário 70 anos ou mais/ até 04 
anos 
4 a 6 anos 
Humanitário Até 04 anos/ doença 
grave 
4 a 6 anos 
 
Obs. Nos casos de contravenção penal também é possível o sursi, sendo entre 
1 e 3 anos o período de prova. 
REQUISITOS para que após o cálculo da pena o Juiz possa suspender essa 
pena de prova. 
 Requisitos Objetivos – A pena privativa de liberdade não seja superior 
a dois anos e não seja cabível substituição por restritiva de direito ou 
multa. 
 Requisitos Subjetivos – Não reincidente em crime doloso e 
“Circunstâncias Judiciais” Favoráveis 
Se conseguir enquadrar nos requisitos os crimes hediondos, de terrorismo e 
de tortura poderá ser aplicado o sursi, mas em caso de tráfico não é possível 
aplicar o sursi, sendo vedado pela Lei Anti Drogas. 
Requisitos objetivos são relacionados à pena e os requisitos subjetivos são 
relacionados ao agente. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
47 
Causas de Revogação dos Sursis 
 Obrigatórias 
o Condenação com Transito em Julgado por crime doloso durante o 
período de prova do sursi 
o Frustração da pena de multa – Foi tacitamente revogado 
o Não reparação do dano sem justificativa 
o Descumprimento a prestação de serviço a comunidade ou 
limitação do final de semana 
 Facultativas 
o Condenação Irrecorrível por crime culposo, contravenção a 
privativa de liberdade ou restritiva de direito 
o Descumprimento das condições judiciais 
o Descumprimento das condições do Sursi Especial 
Causas de Cassação 
A cassação do sursis se verifica quando o benefício fica sem efeito antes do 
inicio do período de prova, entretanto não se confunde com revogação, que 
somente pode ser decretada durante a suspensão condicional da pena. 
As hipóteses de cassação são: O não comparecimento à audiência monitória, 
a renúncia ao benefício, condenação à prisão durante o período de prova e a 
pena privativa de liberdade é aumentada, passando de dois anos. 
 
LIVRAMENTO CONDICIONAL 
Art. 83 aos 90 CP 
Livramento ou Liberdade Condicional é o sistema em que um condenado, ao 
invés de cumprir toda a pena na prisão, é posto em liberdade se houver 
preenchido determinadas condições impostas legalmente. 
Não se deve confundir com o sursi, pois no livramento condicional um preso é 
liberto, no sursi a pena deixa de ser aplicada. 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
48 
No livramento o condenado só alcança esse benefício na fase de execução, 
diferente do sursi quando é imposto na fase de sentença. 
Recurso cabível para o Livramento Condicional é o Recurso de Agravo de 
Execução, tendo o prazo de 05 dias após a sentença. 
Recurso cabível para o Sursi é a Apelação 
Requisitos 
 Objetivos – Relativos à pena imposta e a reparação do dano 
 Pena superior ou igual a 2 anos (somente quando a pena for 
exatamente 02 anos, poderá ser aplicado o livramento condicional 
no caso de ocorrer a revogação do sursi) 
 Reparação do dano, ser possível 
 Cumprimento de parte da pena privativa de liberdade, sendo 
dividido o cálculo da pena da seguinte maneira: 
 Crime comum, não reincidente em crime doloso – Terá que 
ter cumprido 1/3 da pena – Simples. 
 Crime comum, reincidente em crime doloso – Terá que ter 
cumprido 1/2 da pena – Qualificado. 
 Hediondos, com tortura ou terrorismo (não poderá ser 
reincidente em nenhuma condenação que envolva esses 
crimes) – Terá que ter cumprido 2/3 da pena 
 Tráfico (não poderá ser reincidente por tráfico) – Terá que 
ter cumprido 2/3 da pena 
 Subjetivos – Relativos com o lado pessoal do condenado 
 Comportamento satisfatório durante o cumprimento – Diretor 
do presídio deve emitir um atestado de boa conduta carcerária 
 Bom desempenho no trabalho 
 Aptidão para subsistência com trabalho honesto 
 Para crime doloso não pode haver violência ou grave ameaça e 
presumir-se que não voltará a delinquir 
 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
49 
Procedimento do Livramento Condicional 
O pedido é dirigido para o Juiz da Execução, podendo ser feito pelo 
condenado, parente, cônjuge, diretor do estabelecimento penal e Conselho 
Penitenciário. 
Não é preciso a necessidade de advogado 
Antes de o Juiz decidir será ouvido o Promotor de Justiça. 
Período de Provas e Condições 
O período de prova no livramento condicional é feito pelo resto da pena. 
O início se da na audiência admonitória, que se realiza no estabelecimento 
onde o preso cumpre a pena (art. 137 LEP). 
Nesta audiência será lida ao sentenciado, na presença dos demais 
condenados. Após a leitura o condenado irá declarar se aceita ou não as 
condições. 
Se não aceitar fica sem efeito o livramento, ao menos se o Juiz quiser alterá-
las. 
Se aceitar o condenado recebe uma caderneta com sua identificação e as 
condições impostas. 
Causas de Revogação no período de provas 
 Obrigatórias (Art. 86 CP) 
 Condenação definitiva a pena privativa de liberdade – Fato 
praticado durante o período de prova 
 Condenação definitiva a pena privativa de liberdade – Fato 
anterior ao período de prova (Descontado da pena apenas o 
período em que o condenado se comportou corretamente) 
 Facultativas (Art. 87 CP) 
 Não cumprimento das condições 
 Condenação definitiva por contravenção ou a pena não privativa 
de liberdade 
Parte Geral – Das Penas  
 
 
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Obs. Também é possível livramento condicional em execução provisória, 
mesmo que a pessoa não tenha sido condenada. 
 
 
Exercício abordado em sala de aula para fixação do Cálculo da Pena 
Calcule a Pena 
Tício, com 20 anos, integrante de milícia (grupo organizado do trafico com a 
finalidade de proteção), tentou matar Mévio, com 61 anos, influenciado por 
violenta emoção em razão de provocação da vítima ocorrida uma semana 
antes. Em uma emboscada, ateou-lhe fogo. Para ter coragem tomou uma 
garrafa de wiskey. Confessou o fato à polícia. Tem duas condenações 
definitivas nos últimos 5 anos. Tem vários B.Os como autor de violência 
doméstica contra sua amásia. É voluntário no posto de saúde. 
 Primeiramente

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