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Gestão de Carreiras e Remuneração Estrutura de Cargos e Salários Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Bruno Taranto Malheiros 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Estrutura de Cargos e Salários Para início de conversa... ................................................................................ 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Avaliação de cargos ..................................................................................... 5 2. Política de Recompensas e Remuneração .......................................... 8 3. Hierarquia de cargos .................................................................................. 12 Referências ......................................................................................................... 14 Gestão de Carreiras e Remuneração 3 Para início de conversa... Neste capítulo, vamos tratar de três questões estruturantes para a gestão da remuneração e dos cargos em uma organização: a avaliação de cargos, a política de recompensa e de remuneração e a hierarquização de cargos. A avaliação de cargos é a etapa que sucede a descrição dos cargos. Neste momento, é feita a organização do conjunto de cargos que foram identificados e descritos, de forma que se possa compreender a relação entre todos. Em outras palavras, é o momento de saber qual cargo será considerado pela organização mais estratégico e relevante. A hierarquização é a última etapa da avaliação de cargos e é, em essência, a ordenação dos cargos dentro de uma estrutura hierárquica. Nesse sentido, esta etapa mostra qual cargo estará acima em todos os aspectos, desde o poder decisório até a melhor colocação no sistema de recompensas. A política de recompensas e remuneração é a estratégia de uma organização para atrair, reter, motivar e retribuir as pessoas pelo trabalho que elas executam. Não é exatamente a apresentação dos valores dos salários, mas o conjunto de princípios e diretrizes que norteiam a política salarial da organização. Neste capítulo, aprofundaremos nosso conhecimento em cada um desses pontos. Vamos lá? Objetivos ▪ Conhecer as políticas de recompensas e de remuneração aplicadas nas organizações. ▪ Interpretar a importância da hierarquia dos cargos em uma organização. Gestão de Carreiras e Remuneração 4 1. Avaliação de cargos Após a realização da descrição de cargos, é chegada a hora de realizar a avaliação dos cargos. Trata-se de uma etapa extremamente importante para todo o sistema de gestão de cargos, carreira e remuneração, porque seu papel principal é determinar o valor de cada cargo a partir da comparação entre os diversos cargos existentes em uma organização. A avaliação de cargos, em resumo, busca ordená-los por importância que cada um tem para a organização, de forma a possibilitar que se construa uma política salarial que atenda à empresa e esteja compatível com o valor que cada um traz. ‘‘ A avaliação de cargos e salários é uma parte importante da administração de cargos e salários e será decisiva para a construção de uma estrutura salarial eficiente. Como você sabe, uma estrutura adequada pode contribuir tanto para o equilíbrio interno (cargos e salários dos colaboradores da organização) quanto para o equilíbrio externo (cargos e salários praticados no mercado de trabalho). É na avaliação de cargos e salários que será construída uma escala, um ranking, um ordenamento dos cargos e salários por ordem de importância para a organização. Para que os cargos possam ser escalonados, deverão passar por um processo de comparação e análise que os posicione hierarquicamente. (BES; OLIVEIRA, 2018, p. 55). ’’ A construção de uma política salarial é baseada na avaliação dos cargos traz diversos benefícios, dentre as quais, destacamos: ▪ O equilíbrio salarial interno (salários compatíveis com cargos dentro da instituição). ▪ O equilíbrio salarial externo (salários compatíveis com os praticados no mercado). ▪ Redução de subjetivismo na definição de salários. O equilíbrio salarial interno é extremamente importante para a gestão de uma organização, porque garante que cada um está sendo recompensado com valores justos não somente da perspectiva de seu trabalho, mas também da comparação com os demais colaboradores. O equilíbrio externo favorece a gestão estratégica porque garante que os funcionários estejam alocados de acordo com os padrões do mercado para uma determinada atividade. Talvez o ponto mais importante quando se fala em avaliação salarial seja a impossibilidade de se adotar critérios subjetivos na definição de um salário, dado que a organização possui sua estrutura de cargos organizada e a política salarial segue essa estrutura de cargos. Ainda na linha de evitar decisões subjetivas para definição de cargos, é fortemente recomendado que a avaliação de cargos seja feita por um comitê, não somente por uma pessoa. Dessa forma, a estrutura a ser trabalhada não fica restrita somente às ideias de um profissional e contém representatividade. Gestão de Carreiras e Remuneração 5 A maioria das grandes organizações monta comitês para avaliação de cargos contando com profissionais de gestão de pessoas e líderes das áreas finalísticas (produção ou prestação de serviços). Também é muito comum encontrar consultores externos à organização participando dos comitês para trazer uma visão externa. Existem alguns métodos para se avaliar cargos, sendo os principais deles: ▪ Método do escalonamento. ▪ Método de graus predeterminados. ▪ Método de pontos. ▪ Comparação de fatores. Sem dúvida, o escalonamento é o método mais utilizado. Não é um método quantitativo, ou seja, não quantifica ou pontua cada cargo, mas os organiza em ordem de importância para a empresa. Imagine, por exemplo, que uma empresa do ramo de terceirização de serviços de atendimento por telefone (call center) precisa avaliar os seguintes cargos: operador de call center receptivo, supervisor de call center, assistente de supervisão, coordenador de operação. Se há um comitê de organização para esta avaliação de cargos, então os membros deverão discutir qual o cargo mais estratégico, o segundo mais estratégico e, assim, sucessivamente. Ao término, encontrarão uma lista hierarquizada de cargos (escalonamento). Provavelmente, no exemplo citado, a lista ficaria assim: 1. Coordenador de operação. 2. Supervisor de call center. 3. Assistente de supervisão. 4. Operador de call center receptivo. Perceba que, quanto maior a importância do cargo, mais ele detém informações estratégicas e maior o interesse de a organização retê-lo. Por isso, a política salarial deverá retratar essa estrutura, remunerando melhor aquele que é considerado mais estratégico para a instituição. O escalonamento é o método mais utilizado provavelmente pela simplicidade em sua aplicação, mas também podemos encontrar organizações que aplicam o método de graus predeterminados, cuja aplicabilidade não pode ser considerada complexa. Nesse método, são elaborados alguns graus de complexidade para a alocação dos cargos. Quando os graus já estão definidos, cabe ao comitê de avaliação “encaixar” cada cargo em um grau. Em regra, as empresas utilizam entre 6 e 10 graus. Para facilitar o entendimento,vamos supor que determinada organização resolveu distribuir seus cargos em apenas 5 graus, a saber: Gestão de Carreiras e Remuneração 6 ▪ Grau 1 - Tarefas repetitivas / baixa responsabilidade / supervisão constante. ▪ Grau 2 - Tarefas repetitivas / média responsabilidade / supervisão constante. ▪ Grau 3 - Tarefas variadas / média responsabilidade / supervisão por amostra. ▪ Grau 4 - Tarefas variadas / alta responsabilidade / supervisão dos objetivos. ▪ Grau 5 - Tarefas variadas / alta responsabilidade / sem supervisão. Perceba que os graus seguiram a lógica do escalonamento, porque o último é considerado o mais estratégico e importante para a instituição. Quanto mais se reduz o grau, mais a complexidade das tarefas e o nível de responsabilidade do ocupante do cargo são reduzidos. Graus predeterminados e escalonamento são formas simples de se avaliar cargos, mas bastante efetivas, principalmente em empresas que estão iniciando seu processo de gestão de cargos. Isso porque são necessárias essencialmente duas etapas: a estruturação do comitê e a organização dos cargos por nível estratégico e de relevância. No caso do escalonamento, os cargos são hierarquizados por si, enquanto nos graus predeterminados, são encaixados em graus preestabelecidos. Quando se opta por tornar o processo de avaliação mais sofisticado, detalhando a relevância de cada cargo, é comum que se escolham métodos quantitativos de avaliação. O método mais utilizado, nesse caso, é o método de avaliação por pontos. Esse método é operacionalizado por meio da atribuição de pontos para cada cargo. Os pontos são concedidos atendendo a fatores estabelecidos antes da realização da avaliação. O primeiro passo para se avaliar um cargo pela avaliação por pontos é estabelecer os aspectos que interessam à organização. Em seguida, é preciso definir como a quantidade de pontos será atribuída para cada aspecto. Ao fim, basta somar todas as pontuações. Suponha, por exemplo, que a organização definiu como aspectos fundamentais os seguintes itens: nível de escolaridade e anos de experiência. Em seguida, foram estabelecidas as seguintes pontuações: Escolaridade: ▪ Doutorado - 100 pontos. ▪ Mestrado - 70 pontos. ▪ Especialização - 50 pontos. ▪ Graduação - 30 pontos. ▪ Ensino médio - 10 ponto. ▪ Ensino fundamental - 0 ponto. Anos de experiência: ▪ 10 anos ou mais - 50 pontos. ▪ 5 a 10 anos - 30 pontos. ▪ 3 a 5 anos - 10 pontos. ▪ 1 a 3 anos - 5 pontos. ▪ Sem experiência - 0 pontos. Gestão de Carreiras e Remuneração 7 Agora que há uma escala de pontos, imagine que é preciso construir o cargo de analista de RH. Para esse cargo, exige-se graduação e 2 anos de experiência. Logo, é um cargo que faz 35 pontos. Agora, imagine o cargo de gerente de RH, que exige especialização e 5 anos de experiência. Nesse caso, é um cargo que soma 60 pontos. Ou seja, o cargo de gerente de RH é considerado mais estratégico para a organização e, por isso, deve ser mais bem remunerado. No exemplo acima, usamos apenas duas características a serem pontuadas. No entanto, quanto maior a sofisticação que uma organização deseja para sua estrutura de cargos, maior o número de características que deverão ser levantadas. A comparação de fatores também escalona os cargos a partir da importância de cada um deles, mas realiza essa atividade por meio da comparação dos cargos em relação a alguns fatores que são preestabelecidos e pontuados com antecedência. Vamos retomar o exemplo da escolaridade como um fator. Nesse caso, todos os cargos que queremos avaliar serão pontos lado a lado para comparar o fator escolhido. Vejamos um exemplo: ▪ Gerente de RH - Especialização. ▪ Analista de RH - Graduação. ▪ Assistente de RH - Nível médio. Ao comparar os cargos que se deseja avaliar no fator escolaridade, percebemos que o gerente está um nível acima do analista, e este está um nível acima do assistente. Logo, temos um escalonamento fundamentado em um fator objetivo. Diversas organizações pontuam cada item do fator para gerar um número que permita visualizar melhor a ordem de grandeza de cada cargo. Na prática, o resultado que se teria seria muito similar ao que foi visto no método de pontuação. Escalonamento, graus predeterminados, pontuação e comparação de fatores são os principais métodos para realizar a avaliação de cargos. A forma de se fazer o levantamento difere em cada um deles, mas a verdade é que, em todos, busca-se escalonar os cargos, identificando os que são mais estratégicos e relevantes para a organização com vistas ao estabelecimento de políticas remuneratórias que reconheçam esta relevância. Falamos bastante sobre o uso da avaliação de cargos como insumo fundamental para a política de remuneração. Agora, veremos de forma mais aprofundada o que é uma política de recompensa e remuneração. 2. Política de Recompensas e Remuneração Há diversas práticas de remuneração nas organizações brasileiras, mas a maioria das empresas usa modelos tradicionais, baseados na Gestão de Carreiras e Remuneração 8 remuneração do cargo. Esses modelos adotam, em resumo, a seguinte estrutura: definição dos cargos, descrição dos cargos, estrutura de salários por cargo e remuneração por cargo. Logo, a recompensa que as pessoas recebem da instituição está única e exclusivamente ligada ao cargo que ocupam. ‘‘ Porém, nas últimas décadas, segundo Gil (2001), novas práticas de gestão da remuneração têm surgido. É o caso de: remuneração por competências, broadbanding, remuneração baseada no desempenho, remuneração baseada em equipes, participação dos colaboradores na formulação da política salarial, criação de carreiras técnicas e trocas de salários por benefícios, que propõem a utilização de critérios variáveis na sua composição. Essas práticas têm sido aplicadas nas organizações para aprimorar o sistema de remuneração funcional existente e permitir novos ganhos dos colaboradores. É possível obter, por meio delas, a melhoria do desempenho, a redução de custos e o incremento da motivação do pessoal. (BES; OLIVEIRA, 2018, p. 86). ’’ Marras (2016) explica que as políticas de remuneração tradicionais estão fundamentadas na definição de salários para cada cargo. Podem ser salários fixos ou variáveis por produção ou, ainda, uma combinação de ambos - uma parte fixa e uma parte variável. A bem da verdade, esse modelo atendeu às organizações durante décadas, mas parece vir sendo superado por outras formas mais modernas de remuneração. Um bom plano de remuneração tem os seguintes objetivos: ▪ Atrair os melhores para trabalhar na empresa. ▪ Remunerar os empregados de forma justa. ▪ Diferenciar os que apresentam desempenhos excepcionais. ▪ Reter os maiores talentos. Diversas organizações adotam a remuneração variável com base no desempenho, para tentar fugir do modelo tradicional. Ocorre que não há nada de moderno em um modelo de remuneração que paga por produção. Por exemplo, um vendedor de planos de saúde pode ser remunerado com R$ 200,00 para cada plano vendido. Essa forma de se remunerar é interessante, porque estimula o desempenho, mas não traz qualquer. Na busca por uma forma de reconhecer os maiores talentos de uma organização, diversas empresas começaram a remunerar seus empregados com base nas competências. Nesse sentido, em vez de se retribuir o profissional com base nas tarefas do cargo, passou-se a buscar analisar as competências que são requeridas para sua função. A remuneração por competências passou a ser vista como uma alternativa ao modelo de recompensa por desempenho, dado que as características das duas são bem diferentes. Desempenho Competências Identificar as metas Mapear as competências Gestão de Carreiras e Remuneração 9 Comunicar as metas Disseminar e desenvolver competências Medir os resultados Avaliar competências Comparar resultados x metas Identificar lacunas (gaps) Quadro 1: Exemplos de tipos de remuneração. Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. Nocaso da remuneração por competências, é importante destacar que não basta ter o sistema de remuneração trabalhando nesse modelo. O sistema de competências deve estar presente em todos os subsistemas de gestão de pessoas, porque ele não é viável por si só. Por exemplo, como remunerar por competências sem avaliar por competências, ou, ainda, sem selecionar por competências? Enquanto na remuneração por desempenho a pessoa recebe por aquilo que entrega à organização, na remuneração por competências ela é remunerada por aquilo que é capaz de fazer. Ou seja, o foco está no seu potencial de entrega e, não, na entrega em si. Esse modelo tem sido bastante criticado por, no extremo, recompensar melhor alguém que domina competências que não estejam gerando resultados em relação àquele profissional que efetivamente sustenta a organização. As críticas à remuneração por competências podem e devem ser consideradas, mas é preciso ter em mente que uma organização que adota esse modelo não tem o foco em resolver o problema imediato, mas olha para o futuro. Isso porque, em tese, o profissional com potencial poderá desempenhar muito melhor a curto/médio prazo do que aqueles que apresentam alguma performance atual, mas sem condições de desenvolvimento. Broadbanding é, talvez, a alternativa mais efetiva encontrada até agora para fugir do modelo de remuneração por cargos. Nesse caso, o salário não é atribuído a um determinado cargo, mas por faixas para grupos de cargos. Por exemplo, uma empresa pode definir que seus cargos dividem-se em técnicos, administrativos e gerenciais. Cada grupo de cargos possui 6 faixas de remuneração, descritos: Faixas / cargos Técnicos Administrativos Gerenciais Faixa 1 R$ 2.000,00 a R$ 6.000,00 Faixa 2 R$ 4.000,00 a R$ 8.000,00 Faixa 3 R$ R$ 6.000,00 a R$ 15.000,00 Quadro 2: Exemplo de broadbanding. Fonte: Elaborado pelo autor. Esse é um exemplo bastante simplificado do modelo de broadbanding. Entretanto, é um modelo que vem sendo cada vez mais utilizado, Gestão de Carreiras e Remuneração 10 principalmente por grandes organizações, porque permite a promoção e a progressão de carreira na horizontal. E acredite, esse é um desafio enorme para as organizações. Durante muito tempo, ser promovido em uma empresa significava assumir um cargo de gestão. Supervisores, coordenadores, gerentes e diretores eram os cargos mais almejados. No entanto, estudos recentes da administração de pessoal mostram que as competências necessárias para exercer cargos de gestão se diferenciam demais das competências técnicas. Logo, notou-se que era frequente perder excelentes técnicos, porque se tornavam gestores medíocres. Daí surgiu a ideia de carreira em Y, com impacto direto na remuneração. O modelo broadbanding permitiu que se valorizasse a progressão horizontal na carreira, ou seja, o técnico poderia ser promovido conforme demonstrasse desempenho cada vez melhor em uma atividade técnica. Não haveria mais obrigação de ascender para ocupar cargos de gestão. Nesse modelo, um bom técnico poderia ser remunerado como um gestor, às vezes até melhor do que se tivesse sido alçado a um cargo de chefia. Esse modelo de carreira, no qual há espaço para a evolução horizontal, passou a ser chamado de carreira em Y. O termo Y deve-se ao fato de que, a partir de determinado momento, a carreira pode tomar um dos dois rumos: técnico ou gestão. Figura 1: Carreira em Y. Fonte: Dreamstime. Quando o tipo de atividade executado por uma organização demanda essencialmente a realização de atividades em equipe, pode ser uma alternativa adotar a remuneração baseada em equipes. Nessa situação, os empregados receberam uma parte menor de seu salário como remuneração fixa e uma parte maior variável. Essa parte variável dependerá do resultado alcançado por toda a equipe, não apenas por um profissional. Gestão de Carreiras e Remuneração 11 Uma outra inovação que tem ocorrido, em especial nas grandes organizações, é solicitar a participação dos empregados na construção da política de remuneração da empresa. Se usada de forma correta, esta pode ser uma boa alternativa, porque os empregados normalmente conhecem o mercado e dominam a expectativa de recompensa de cada cargo. A participação dos colaboradores ocorre, normalmente, na construção da política salarial, não na definição dos salários. É importante fazer essa diferenciação, porque a política traçará as diretrizes que devem ser seguidas para a definição dos salários, mas não os fixarão de forma explícita. Marras (2016) explica que a política salarial deve apresentar os seguintes itens: ▪ Manual de descrição de cargos. ▪ Manual de avaliação de cargos. ▪ Classificação e faixas de cargos. ▪ Faixas salariais. ▪ Regras para aumento de salários. ▪ Periodicidade de pesquisas salariais. ▪ Regras para reajustes gerais. ▪ Controles da gestão de remuneração. ▪ Periodicidade de revisões. ▪ Normas para criação de novos cargos. Vimos um pouco mais sobre a política de recompensas e remuneração. Agora, vamos entender como funciona a estrutura de cargos em uma organização. 3. Hierarquia de cargos A hierarquização de cargos é o objetivo final do processo de avaliação de cargos. Hierarquizar significa colocar em ordem aquilo que é mais relevante para o que é menos relevante. Em regra, as empresas consideram algumas questões para definir quais cargos são mais importantes. Os aspectos mais comuns são: ▪ Domínio de conhecimento do processo de trabalho. ▪ Conhecimento e domínio da estratégia da organização. ▪ Capacidade de articulação de processos. ▪ Habilidade em negociação. ▪ Visão sistêmica do processo de produção. ▪ Compreensão do mercado no qual a empresa atua. É bastante comum que os cargos que ficam no topo da hierarquia sejam os de gestão. Frequentemente, acredita-se que isso se deve exclusivamente à tentativa de manter os cargos que ocupam posição de comando nessa situação. Essa é uma visão limitada da questão. Podemos observar que na Gestão de Carreiras e Remuneração 12 Figura 2: Organograma da hierarquia dos cargos. Fonte: Dreamstime. maioria das situações, por um motivo ou por outro, os cargos que estão no comando são os que compreendem todo o processo de produção e dominam a estratégia, além de conhecer o mercado. Nessa lógica, quanto mais operacional for o cargo, maior a possibilidade de ele estar na base da hierarquia. Isso se deve, essencialmente, à facilidade que a organização terá de substituir o ocupante do cargo, uma clara sinalização do nível de relevância de uma posição dentro da organização. Em tese, as posições mais operacionais dependem basicamente de treinamento para a realização da função, exigindo pouca experiência e baixo nível de escolaridade. Falar da relevância de um cargo em uma organização é falar da dificuldade de encontrar e reter o profissional certo para a posição. Isso não significa desvalorizar as atividades operacionais, mas reconhecer as funções que, por qualquer razão, são mais difíceis de serem encontradas. A hierarquização é a última etapa da avaliação de cargos e deve ser feita com critério e cuidado. Trata-se de atividade que impactará toda a estrutura da organização, desde seus processos de trabalho até a visão que o mercado terá da empresa. Do ponto de vista da gestão interna, a hierarquização apresenta os seguintes impactos: ▪ Define quem tem poder de decisão. ▪ Estabelece os cargos que definem ou alteram a estratégia. ▪ Organiza as unidades internas de uma organização. ▪ Estabelece as relações entre as pessoas que ocuparão os cargos. Do ponto de vista externo, a hierarquização traz os seguintes impactos: ▪ Apresenta a estrutura da organização. ▪ Explicita quem representa a organização. ▪ Define as relações da empresa com o público externo. Gestão de Carreiras e Remuneração 13 A hierarquia organizacional é um aspecto extremamente relevante porque organiza os cargos, as funções e estrutura as relações de poder, definindoquem está apto a tomar tal decisão. Por essa razão, é um instrumento que precisa ser construído com cautela e deve ser amplamente comunicado para todos os empregados. Neste capítulo, discutimos a avaliação de cargos, etapa extremamente relevante na organização da política de remuneração e gestão de cargos e carreira. A avaliação organiza os cargos e estabelece seu valor para a empresa, definindo aqueles que são mais estratégicos e relevantes. A hierarquização é a última etapa da avaliação de cargos. É o momento em que a organização constrói a hierarquia e estrutura seu organograma. Trata-se de etapa fundamental para a estrutura de gestão de uma empresa, porque define a subordinação de todos os cargos, limita os poderes de cada um e é subsídio para a estrutura de recompensa da organização. Outro aspecto fundamental que tratamos neste capítulo é a política de recompensa e remuneração. Vimos que recompensa é qualquer benefício que o empregado recebe, com o objetivo de retribuí-lo por seu trabalho e motivá-lo a dar o seu melhor para a empresa. Remuneração é a estrutura formal de retribuição pelo trabalho prestado. Todos esses aspectos são essenciais para a atuação do profissional de gestão de pessoas no subsistema de gestão de cargos, carreira e remuneração. Referências BES, P., OLIVEIRA, de, L.Y. M. Administração de cargos, salários e benefícios. Porto Alegre: Sagah, 2018. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Saraiva, 2016. Gestão de Carreiras e Remuneração 14 Histórico da Administração de Recursos Humanos Para início de conversa… Objetivos Conceito de Carreira e Cargos Para Início de Conversa... Objetivos 1. Caracterização de Cargos e Salários 2. Levantamento de Funções 3. Remuneração Total Referências Descrição de Cargos Para início de conversa... Objetivos 1. Metodologias para Aplicação de Política de Cargos e Salários 2. Descrição de Cargos Sumária 3. Descrição de Cargos Detalhada Referências Estrutura de Cargos e Salários Para início de conversa... Objetivos 1. Avaliação de cargos 2. Política de Recompensas e Remuneração 3. Hierarquia de cargos Referências