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A leishmaniose é uma zoonose

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1. A leishmaniose é uma zoonose! Mas o que é uma zoonose?
As doenças zoonóticas são aquelas transmitidas dos animais para o ser humano, as mais conhecidas são doenças de chagas, raiva, leptospirose, febre amarela, dengue e malária, transmitidas por vetores que convivem com humanos.
2. A Leishmaniose 
A Leishmaniose é uma doença importante em saúde pública, causada por protozoários do gênero Leishmania (leishmania infantum), ataca macrófagos – células de defesa, transmitidas ao homem por meio de vetores flebotomíneos infectados, possuindo grandes manifestações clínicas, a principal forma de transmissão do parasita para o homem e outros hospedeiros mamíferos é através da picada da fêmea (hematófago, ato de hematofagia)
3. Transmissão da leishmaniose
MITO! A Leishmaniose não pode ser transmitida diretamente do cachorro para humanos. Lambidas, arranhões, mordidas ou qualquer outro tipo de contato com o cachorro com leishmaniose não transmitirá a doença para o humano. A contaminação ocorre somente por meio da picada do mosquito-palha (tatuquira, birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha) infectado. A leishmaniose é uma doença infecciosa, mas não contagiosa. 
4. Tipos
No Brasil, há dois tipos: tegumentar (cutânea) e visceral (popularmente conhecida como calazar), e cada uma delas é transmitida por um protozoário diferente.
Tegumentar: circulação maior em ambientes rurais; não é letal; está relacionada à surgimento de lesões de pele ou mucosa, feridas na pele que geralmente se localizam nas partes descobertas do corpo. Varia de acordo com o agente causador (protozoário)
Visceral: pode ser letal ao ser humano e cães, doença sistêmica que acomete geralmente fígado, baço e medula óssea.
5. Sinais clínicos
O cão com leishmaniose visceral, apresenta febre, descamação, pelo opaco, ulcerações, hepatoesplenomegalia (distensão/aumento de fígado e baço), alopecia, diarréia, onicogrifose (unhas grossas, aumentadas), melena (fezes enegrecidas), hematoquezia (presença de sangue nas fezes), animal caquético e enfraquecido.
Animal pode ser assintomático
6. Diagnóstico
O diagnóstico confiável nesses animais desempenha um papel fundamental no controle da doença. Atualmente, realizam-se testes parasitológicos, testes sorológicos e testes moleculares. O exame clínico isolado não é capaz de definir um diagnóstico, pois os sintomas são semelhantes aos de outras enfermidades, além disso a imunossupressão pode causar infecções que dificultem mais ainda o diagnóstico.
No Brasil, os testes mais utilizados no diagnóstico de LV humana e canina são a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) e o ELISA.
· Exame direto – biópsia ou retirada de fragmentos de um órgão
· Isolamento em meio de Cultura (in vitro) – 
· Técnicas sorológicas - Reação de Fixação de Complemento (RFC); Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI); Testes de Aglutinação Direta DAT ou FAST; ELISA (É um teste rápido, de fácil execução e leitura, sendo um pouco mais sensível e um pouco menos específico que a RIFI) O ELISA consiste na reação de anticorpos presentes nos soros com antígenos solúveis e purificados de Leishmania obtidos a partir de cultura in vitro. 
· Reação em Cadeia Polimerase (PCR) - A amplificação de fragmentos de DNA de Leishmania a partir de diferentes tecidos bem como de aspirado de linfonodos, medula óssea e de leucócitos de sangue periférico.
7. Tratamento e controle
Há um medicamento (milteforam) regulamentado pelo Ministério da Saúde e com resultados bastante positivos. Mas é preciso lembrar que a leishmaniose canina permanece sem cura total. O que esse tratamento faz é promover uma cura clínica e epidemiológica.
Isso significa que o cachorro não apresentará lesões ou sinais de estar doente. Ele vive como se fosse um animal saudável. O medicamento diminui a carga da Leishmania de forma a conter os prejuízos da doença. Esse animal também deixa de ser fonte de transmissão.
Ainda é uma cura parcial, pois o parasita continua vivendo no cachorro, mas já demonstra um grande avanço. Porém, é um tratamento caro, longo e que requer muito cuidado e intenso acompanhamento veterinário. Possivelmente, o cachorro infectado terá de repetir o tratamento, realizar exames e avaliações clínicas para acompanhamento ao longo da vida.
Como complemento dessa medicação, é possível promover medidas paliativas para amenizar os sintomas. Esse suporte pode ser indicado para tratar um problema causado pela doença. Por exemplo, um fígado afetado pode receber medicação específica.
Milteforam - A miltefosina atua por inibição da síntese da membrana celular do parasito e por interrupção das vias de sinalização celulares presentes nessa membrana.
A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para leishmaniose visceral. 
8. Prevenção
Os vetores vêm de locais úmidos, com acumulo de material orgânico (restos de alimentos, frutos apodrecidos, fezes de animais);
Manter quintal, canil, horta sempre limpos: evitar o acumulo de matéria orgânica (fezes, resto de comida);
Evitar expor os cães aos horários mais comuns de picadas de mosquitos;
Utilização de coleiras, repelentes, vacinação.
9. Considerações
A saúde única é uma visão integrada entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. E é um conceito que envolve conhecimentos técnico científicos, estratégias de enfrentamento às causas que provocam zoonoses e decisões sobre saúde pública. O medico veterinário atua, então, prevenindo, controlando ou erradicando doenças, garantindo a saúde animal e, também a saúde única. Atualmente, a Medicina Veterinária é uma das profissões com maior campo de atuação no Brasil e no mundo. As atividades do médico-veterinário vão muito além da clínica de pequenos e grandes animais! Envolvem também a defesa sanitária animal, a Saúde Pública. O médico veterinário é responsável pelo estudo de medidas de saúde pública relativas às zoonoses e ao manejo ambiental.

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