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ENG01156 – MECÂNICA – ÁREA 1 AULA 6 – ESTÁTICA DO CORPO RÍGIDO 1. DEFINIÇÕES Sistemas de forças não concorrentes: A análise do equilíbrio de um corpo rígido pode ser realizada através da abordagem de partícula desde que as forças atuantes no sistema sejam concorrentes, sendo o próprio ponto de concorrência aquele onde o equilíbrio de forças é avaliado. Assim, para que um corpo esteja na condição de equilíbrio estático é preciso apenas demonstrar que a soma de forças é nula em todas as direções dos eixos Cartesianos de referência. Forças concorrentes Forças não concorrentes No entanto, para muitos problemas o sistema de forças atuantes é tal que não é possível encontrar um único ponto de concorrência para todas as linhas de ação. Neste caso, não será suficiente demonstrar apenas que a resultante de forças é nula para garantir a condição de equilíbrio estático do corpo, já que ainda será possível que ele apresente aceleração angular como consequência de uma resultante de momentos não nula em razão da distribuição de forças. Assim, será preciso empregar a chamada abordagem de corpo rígido, onde equações de equilíbrio de forças e de momentos devem ser consideradas conjuntamente. Sistemas estaticamente equivalentes: Dois sistemas de forças são equivalentes quando produzem os mesmos efeitos em um corpo rígido, levando a uma mesma resultante de forças e a uma mesma resultante de momentos em relação a um dado ponto do espaço. A transformação de um sistema em outro se dá através de operações válidas, baseadas em situações estaticamente equivalentes: Equivalência momento-binário: pode-se substituir um binário por um momento equivalente (e vice- versa) com direção normal ao plano que contém o binário e mesmo módulo (= F.d). Transporte de momentos: dois binários são equivalentes quando apresentam mesma direção, sentido e módulo. Assim, o vetor momento é um vetor deslizante sobre o plano que contém as forças do binário. Equivalentemente, dois momentos atuando sobre um mesmo plano são equivalentes quando apresentam mesmo sentido e mesmo módulo. 1 1 2 2. .F d F d A B A B A BM M M M M M Transporte de forças: pelo princípio da transmissibilidade, uma força pode deslizar sobre sua linha de ação sem produzir modificações nas condições de equilíbrio e movimento de um corpo rígido. No entanto, quando se deseja transportar uma força que atua sobre uma linha de ação r para outra linha de ação s, paralela à primeira, mantendo a equivalência entre os sistemas de forças, utiliza-se o procedimento descrito na figura abaixo: ou seja: dada em (a) uma força F atuando no ponto A do corpo e com linha de ação r, aplica-se em (b) um par de forças F no ponto desejado (ponto O) com mesma direção e módulo, porém de sentidos contrários. Observe que o sistema (b) é equivalente ao sistema (a), apresentando mesmas resultantes de força e momento. Para finalizar, substitui-se o binário de forças em (b) por um momento equivalente OM , de módulo igual a F.d, sendo d a distância perpendicular entre as linhas de ação de força. Assim, os sistemas (a) e (c) são estaticamente equivalentes, pois produzem mesmas resultantes de forças e momentos no ponto O. Portanto, qualquer força que atue sobre um corpo rígido pode ser deslocada para um ponto arbitrário desde que seja adicionado um momento definido pelo produto vetorial envolvendo a força e um vetor posição entre o ponto para o qual será deslocada a força e o seu ponto de aplicação original. O sentido e o sinal do momento são dados pela regra da mão direita. Pode-se também proceder de forma inversa, ou seja: dado um momento e uma força atuando sobre um dado ponto do corpo rígido, estes podem ser substituídos por uma força equivalente aplicada em um ponto a uma distância definida pelas condições de equivalência entre os dois sistemas de forças. Redução de sistemas de forças: qualquer sistema de forças pode ser reduzido a um sistema equivalente com uma força e um momento atuando em um ponto arbitrário O. Esta força e este momento são resultantes de somas vetoriais de forças e momentos no ponto escolhido (ponto O). Observe que cada momento do sistema (b) abaixo é perpendicular à força correspondente. 1 1 1 ; i n n n R i O O i i i i i R F M M r F Uma vez que um sistema de forças tenha sido reduzido a um par força-momento resultante em um ponto O, ele pode ser reduzido novamente a outro ponto O’ qualquer. A força resultante R permanece inalterada, mas o novo momento será: R R O O M M s R É possível ainda reduzir o sistema de forças a um sistema equivalente apenas com força resultante. Na figura abaixo, é mostrado o caso de um sistema de forças coplanares sendo reduzido a um sistema equivalente no ponto A, apresentando somente força resultante. Exemplo: 1. Uma viga está submetida a um sistema de forças ativas, como indicado na figura. Reduzir o sistema às seguintes configurações: (a) sistema força-momento equivalente em A; (b) sistema força-momento equivalente em B; (c) sistema equivalente com uma única resultante de força. Observe que os apoios produzem forças reativas que também fazem parte do sistema de forças atuantes sobre a viga. Entretanto, neste exemplo serão consideradas apenas as forças ativas, excluindo-se as forças reativas. (a) sistema força-momento equivalente em A: 4 1 1 1 1 150 600 100 250 600 i i i n xn i i yn i i y i F F N F R F 4 1 1 . 150.0 600.1,6 100.2,8 250.4,8 1880 . i i n R A i i Az y x i i M F d N m M r F (b) sistema força-momento equivalente em B: 4 1 1 1 1 600 i i i n xn i i yn i i y i F F N F R F . 1880 600.4,8 1000 .R RB A BA Bz Az y ABM M R d N m M M r R (c) sistema equivalente com uma única resultante de força: 1880 . 1880 600. 3,13 600 R A AP Az yM R x x x m M r R 2. Determine o módulo, sentido e posição na viga da resultante única equivalente ao sistema de forças ativas dado abaixo. Primeiramente é feita a redução do sistema de forças dado para um sistema força-momento equivalente no ponto A, por exemplo. 100 500.cos 60 350x x xR F R N 200 500.sen60 233,01y y yR F R N 22 2 2350 233,01 420, 47x yR R R N arctan arctan 0,67 33,66y x R R 1 3 1 . . 500.sen60 .2 200.3,5 100.0,5 216,03 . i i i i n R A i i i Az y x x y i M F d F d N m M r F Para obter-se um sistema equivalente com resultante única sobre a viga é preciso deslocar lateralmente a força resultante em A da seguinte forma: 216,03 . 216,03 233,01. 0,93 233,01 R A AP Az yM R x x x m M r R 2. EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS 2.1 Condições de equilíbrio de corpo rígido Um corpo rígido está em equilíbrio estático quando as forças e momentos externos que atuam sobre ele podem ser reduzidos a um sistema equivalente com força resultante nula e momento resultante nulo. O ponto O, usado para a redução do sistema de forças, pode ser um ponto qualquer do espaço. Uma vez demonstrado que as condições de equilíbrio são satisfeitas em um ponto, elas também o serão para qualquer outro ponto. 2.2 Movimentos de corpo rígido Movimentos de corpo rígido são movimentos que um corpo pode realizar sem sofrer deformação, ou seja, sem alterar sua forma. Estes movimentos são translações e rotações. Graus de liberdade: número de movimentos de corpo rígido possíveis e independentes que um corpo pode executar. No espaço são 6 os movimentos de corpo rígido (graus de liberdade): 3 translações+ 3 rotações. Por outro lado, no plano há 3 movimentos de corpo rígido possíveis: 2 translações + 1 rotação. Apoios e reações: os apoios geralmente são necessários para se estabelecer o estado de equilíbrio de um corpo, eliminando qualquer possibilidade de movimento de corpo rígido. Raramente um sistema de forças atuantes é autoequilibrado. Dispositivos de apoio ou vínculos: têm a função de restringir determinados movimentos (graus de liberdade) de um corpo. Para cada movimento restringido há uma reação correspondente. Se o apoio restringe translações, ele produz forças de reação nas mesmas direções restringidas. Caso ele restrinja rotações, surgem reações de momento nas direções restringidas. Reações: forças ou momentos que representam a ação do vínculo sobre o corpo para evitar determinado movimento. Classificação de apoios planos: Os tipos de vínculos empregados em problemas planos resumem-se a: a) Apoio simples ou de 1ª classe: impede apenas o deslocamento linear na direção perpendicular à base de apoio; b) Apoio duplo ou de 2ª classe (rótula): impede todos os deslocamentos lineares; c) Engaste ou vínculo de 3ª classe: impede todos os deslocamentos lineares e a rotação no plano. As reações surgem nas direções dos deslocamentos e/ou rotações impedidos, como mostra a figura abaixo. 2.3 Equações de equilíbrio de corpo rígido Para que um corpo rígido qualquer esteja em equilíbrio estático é necessário que as resultantes de força e momento tenham componentes nulas nas direções em que o corpo possa apresentar movimentos de corpo rígido. Caso estas resultantes não sejam nulas, o corpo apresentará movimentos de translação (deslocamentos lineares) e rotação (deslocamentos angulares) como consequência das acelerações produzidas. Pela 2ª lei de Newton, tem-se que: Translação Rotação G R O G m I R a M onde m é a massa do corpo e IG é o seu momento de inércia de massa, sendo Ga e os vetores de aceleração linear e angular do corpo em relação ao seu centro de massa. Na Estática, impõe-se a 1ª lei de Newton, ou seja: Translação Rotação G d d m dt dt d d dt dt L v 0 H r L 0 onde L e H são as quantidades de movimento linear e angular, respectivamente. Assim, as equações de equilíbrio são obtidas na forma vetorial: 0 0 0 0 0 0RO O R F i j k M M i j k ou na forma escalar: 0 0 0 0 0 0 O x x O y y O z z F M F M F M Observe que o número de equações de equilíbrio disponíveis para um problema de estática de corpo rígido é igual ao número de graus de liberdade de corpo rígido. Portanto, há uma correspondência direta entre os movimentos de corpo rígido e as equações de equilíbrio. 2.4 Estaticidade Em função do número de movimentos de corpo rígido e da vinculação existente, a condição estática de um corpo pode ser classificada da seguinte maneira: Condição hipostática ou mecanismo: o número de restrições vinculares ou sua disposição não impede a totalidade dos movimentos de corpo rígido do corpo, de modo que o mesmo adquire movimento sob a ação de forças (mecanismo). O número de equações de equilíbrio é maior que o número de incógnitas (reações vinculares). Condição isostática ou estaticamente determinada: o número e a disposição das restrições vinculares impedem a totalidade dos movimentos de corpo rígido do corpo. O número de equações de equilíbrio é igual ao número de incógnitas. Portanto, não basta que o número de restrições iguale o número de movimentos de corpo rígido. É preciso também que os vínculos estejam convenientemente dispostos para impedir o movimento. As estruturas abaixo apresentam 3 movimentos de corpo rígido e 3 restrições vinculares, mas os movimentos não são totalmente impedidos. No caso A pode ocorrer deslocamento horizontal e no caso B podem ocorrer giros em torno do ponto P. Estrutura hiperestática ou estaticamente indeterminada: o número de restrições vinculares é maior que o número de movimentos de corpo rígido, ou seja, há mais vínculos que o necessário para impedir os movimentos do corpo. Este tipo de estrutura não pode ser resolvido somente com as equações de equilíbrio, sendo necessário acrescentar equações ao sistema provenientes de considerações sobre sua deformação (p.ex.: método dos deslocamentos, método das forças).
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