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Aula 2 – Estática I UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 15 Aula 2: Estática I A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Portanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo deve ser nula. Esta aula resgatará alguns conceitos de Física Elementar, necessários para o desenvolvimento da disciplina de Estabilidade. 1. A Estática A estática é a parte da física que estuda sistemas sob a ação de forças que se equilibram. De acordo com a segunda lei de Newton, a aceleração destes sistemas é nula. ∑ F = 0 De acordo com a primeira lei de Newton, todas as partes de um sistema em equilíbrio também estão em equilíbrio. Este fato permite determinar as forças internas de um corpo a partir do valor das forças externas. De uma forma simplificada, as estruturas são submetidas a diversos carregamentos combinados e para que se possa garantir que ela não se moverá, deve-se garantir que: • Primeiramente, que ela não translade, ou seja, o somatório de todas as forças tem que ser nulo; • Segundo, que ela não rotacione, ou seja, o somatório dos momentos aplicados a qualquer ponto da estrutura deverá ser nulo. Mais adiante descobriremos e falaremos mais sobre essas duas condições de equilíbrio estático. 2. Estática de Pontos Materiais Em Mecânica, ponto material é uma abstração feita para representar qualquer objeto que em virtude do fenômeno tem dimensões desprezíveis, ou seja, dimensões tais que não afetam o estudo do fenômeno. Por exemplo, no estudo dos movimentos planetas, dada a Aula 2 – Estática I ESTABILIDADE 16 distância que separa esses corpos suas dimensões são desprezíveis e eles podem ser considerados pontos materiais. Esta aula contempla o estudo do efeito de forças sobre pontos materiais. Um exemplo prático foi discutido e analisado na aula anterior sobre a ótica da ação de apenas duas forças. Em problemas de engenharia as ações sobre pontos materiais não são constituídas de duas únicas forças e sim de uma combinação de forças. É fato que os corpos rígidos influenciam no sistema, entretanto para início de estudo devemos tratar os pontos materiais. O que devemos trabalhar é a substituição de duas ou mais forças por uma única força representativa chamada de força resultante. Os princípios da lei dos senos e cossenos são válidos para mais de uma força, porém, demanda um trabalho razoável para sua utilização. Nesse sentido, busca-se a utilização da decomposição de forças como uma alternativa rápida e de fácil entendimento para determinação da resultante de forças. 2.1. Resultantes das Forças Sobre Um Ponto Material O Vetor Resultante independe de qual sequência de vetores será tomada como base. Obedecendo ao sistema Ponta-a-cauda, o resultado sempre será o mesmo. Qualquer que seja a sequência tomada, a direção do vetor resultante não se altera, esse sistema é denominado regra do polígono. 2.2. Componentes de uma Força Para sistemas de mais de dois vetores, a técnica de decomposição vetorial é importante para definição do vetor resultante. A decomposição parte do princípio que Aula 2 – Estática I UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 17 qualquer força pode ser decomposta em direções principais, em geral definidas pelo eixo cartesiano. Entretanto qualquer força pode ser decomposta em qualquer direção, para esse primeiro caso trabalharemos apenas com as direções principais. Uma força única pode ser substituída por duas ou mais forças que, juntas, geram o mesmo efeito sobre o corpo, essas forças são chamadas de componentes da força original, e o processo de substituição da original por ela é denominado decomposição dos componentes da força. Para cada força existe um número infinito de possíveis conjuntos de componentes. Exemplo: Problema vetorial com 3 vetores. Decompondo-se o vetor v na direção ortogonal tem-se: vx = v . cos 35o vy = v . sen 35o Decompondo-se o vetor w na direção ortogonal tem-se: wx = w . cos 45o wy = w . sen 45o Decompondo-se o vetor u na direção ortogonal tem-se: ux = u . cos 20o uy = u . sen 20o Procedendo o somatório das forças nas duas direções principais, tem-se: ∑ Fx = vx – wx + ux ∑ Fx = v · cos (35o) - w · cos (45o) + u · cos (20o) Aula 2 – Estática I ESTABILIDADE 18 ∑ Fx = 3,5 . 0,8192 – 4,0 . 0,7071 + 2,0 . 0,9397 ∑ Fx = 1,9180 Na direção vertical temos: ∑ Fy = vy + wy – uy ∑ Fy = v · sen (35o) + w · sen (45o) - u · sen (20o) ∑ Fy = 3,5 . 0,5736 + 4,0 . 0,7071 - 2,0 . 0,3420 ∑ Fy = 4,1520 Aplicando o teorema de Pitágoras para os vetores ortogonais encontrados tem-se: R2 = Fx2 +Fy2 R2 = 1, 91802 + 4, 15202 R = 4,5736 kN 2.3. Métodos de Análise de Forças Como vimos existem dois métodos básicos para análise da composição de forças, o primeiro é o método gráfico utilizando o processo vetor-ponta-cauda, onde pode-se encontrar a resultante de um sistema de várias forças. Procedimento semelhante pode ser observado com a aplicação da regra do paralelogramo, sendo um método com pouca precisão. O segundo método consiste na interpretação numérica das forças utilizando duas vertentes, a lei dos cossenos e senos ou decomposição de forças. 3. Estática de Corpos Rígidos O corpo rígido é um corpo ideal, resultante da combinação de um número finitos de partículas ocupando posições fixas no espaço. Como dito no tópico anterior, a estática de pontos materiais considera o corpo como sendo apenas um ponto, desprezando sua massa e a relação de atuação da força no mesmo. Na estática de ponto material, todas as forças atuam em um mesmo ponto, fato que não acontece comumente na prática da engenharia. Em contrapartida, tem-se como válvula de escape o estudo da estática de corpos rígidos, onde se considera cada corpo como uma composição de pontos materiais. Sendo assim, deve-se a partir desse momento levar em consideração o tamanho, peso, a geometria, dentre outros fatores. Aula 2 – Estática I UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 19 Os corpos rígidos são tratados dentro da mecânica clássica como sendo corpos indeformáveis, entretanto sabemos que todos os corpos quando sujeitos a carregamentos deformam. Os problemas de deformação de corpos rígidos são estudados pela ciência denominada Resistência dos Materiais, e será alvo de estudo em outro momento. A estática de uma forma geral estuda a ação de força sobre os corpos, sendo que na estática de corpo rígido não se tem a restrição de um ponto de aplicação de força e sim a força pode atuar em qualquer ponto da geometria do corpo. Os efeitos das forças não pontuais em um corpo pode ser entendido a analisado por 3 parâmetros: • Sistema equivalente de força-binários; • Momento de uma força em relação a um ponto; • Forças externas e forças internas. Tomemos como exemplo o caminhão nas condições de carregamento abaixo: Exemplo: Aplicação das leis de Newton na estática de corpos rígidos. No problema acima tem um caminhão sendo rebocado por uma corda, sendo assim podemos destacar as forças atuantes no sistema como sendo: Destacando o peso próprio por “P”, as reações do solo nas rodas como sendo ”R1” e ”R2” e a força que reboca o caminhão por “F”. O Princípio da transmissibilidade pode ser usado livremente para o cálculo de forças externas e determinação da condição de equilíbrio ou movimento de um corpo rígido, entretanto deve ser evitado para o cálculo das forças internas (Figura). Aula 2 – Estática IESTABILIDADE 20 Quando se fala de forças externas não existem problemas quanto ao uso do princípio enunciado por Newton, entretanto, analisando a aplicação do princípio da transmissibilidade na Figura abaixo. No sistema descrito na Figura, em ambas as situações a resultante externa será sempre nula, ou seja, o deslocamento da força “P1” não influenciou no sistema de equações externas, entretanto para forças internas os dois sistemas estudados são completamente diferentes No primeiro o corpo está tracionado e no segundo o corpo está comprimido. O estudo de forças internas se dará em aulas futuras. 4. Momento de uma Força em Relação a um Ponto Momento é a tendência que uma força, atuando sobre um corpo, tenha a possibilidade de girá-lo em tomo de um ponto fixo. O momento depende somente da intensidade da força e do seu braço de alavanca. No caso de ponto material, basta garantir que o corpo não translade, estará garantido que o corpo estará em equilíbrio. No caso de uma barra ou uma ponte (corpos extensos) teremos que garantir que o corpo não rotacione também. A grandeza física que relaciona força e rotação num ponto é chamada de momento ou torque. Obtém-se o momento de Aula 2 – Estática I UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 21 uma força em relação a um ponto multiplicando-se a intensidade da força pela distância do ponto à linha de ação da força (Figura). M = ± | F |. r Convenção de Momentos Fletores (será estudado futuramente) Aula 2 – Estática I ESTABILIDADE 22 Retomando o exemplo anterior: O momento das forças em relação ao ponto “a”: Mf = F . h Mp = P . L MR2 = R2 . x MR1 = R1 . 0 Exemplo: De acordo com a figura e supondo que o corpo estejam em equilíbrio, sob a ação das forças ilustradas, qual será o valor das resultantes H1, R1 e R2 em relação ao ponto “a”? ∑ Fx = 0 -F + H1 = 0 H1 = 5 kN ∑ Fy = 0 R1 + R2 – P = 0 R1 + R2 = 10 kN ∑ M = 0 (F . 0,2) – (P . 2) + (R2 . 3) – (5 . 0,5) = 0 R2 = 7,16 kN Como R1 + R2 = 10 kN R1 = 2,84 kN Aula 2 – Estática I UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL 23 5. Momento de um Binário Um caso especial ocorre quando um corpo está sujeito a duas forças, F e – F, que têm o mesmo módulo, linhas de ação paralelas e sentidos opostos formando um binário ou conjugado. A soma das componentes das duas forças em qualquer direção é zero. Entretanto, a soma dos momentos das duas forças em relação a um dado ponto não é zero. Apesar das duas forças não transladarem o corpo no qual atuam, tendem a fazê-lo girar. A distância d mostrada na Figura chama-se braço binário. Exemplo: A força F, de módulo 20 N, e os pontos A, B e C estão todos no plano do papel. Os pontos representam as intersecções entre o plano do papel e três eixos perpendiculares a ele. Utilizando a convenção dos sinais dos momentos, calcule o momento escalar de F em relação a A, B e C. Em relação a A, a força F dá tendência de rotação no sentido horário. Sendo F = 20 N e b = 3 m, temos: M = - F . b = 20 . 3 ⇒ M = - 60 Nm Em relação a B, a força F dá tendência de rotação no sentido anti-horário. Sendo F = 20 N e b = 2 m, temos: M = + F. b = – 20 . 2 ⇒ M = + 40 Nm Em relação a C, a força F não dá tendência de rotação, pois b = 0: M = F. b = 20 . 0 ⇒ M = 0 Baseado e adaptado de Rodrigo Mero Sarmento da Silva. Edições sem prejuízo de conteúdo.
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