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1 Referências: LOPES, H.P.; SIQUEIRA JÚNIOR, J.F. Endodontia: biologia e técnica. 3. ed., Rio de. Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Professores: Márcia Carneiro Valera Garankis, Rayana Khoury, Giovanna Minhoto, Felipe Anacleto, Gleyce Oliveira, Gustavo Guerrero, Bruna Corazza, Ana Paula Martins Gomes, Carolina Trefigio, Thais Santos. APOSTILA DE ENDODONTIA SUMÁRIO 1 – Introdução a Endodontia 2 – Abertura coronária em dentes anteriores e pré-molares 3 – Instrumental Endodôntico 4 – Odontometria 4 – Preparo biomecânico: meios químicos 6 – Preparo biomecânico: meios mecânicos 8 – Radiografia em Endodontia 10 – Medicação intracanal 12 – Obturação 14 – Anatomia e abertura coronária de molares 15 – Alterações Pulpares 19 – Tratamento Conservador 21 – Alterações periapicais 23 – Desafios clínicos na Endodontia 25 – Sequência Operatória de Biopulpectomia e Necropulpectomia 27 – Isolamento do campo operatório em Endodontia 28 – Urgências em Endodontia 29 – Cirurgia Paraendodôntica 30 – Traumatismo Dentário 33 – Relação Endoperiodontal 35 – Rizogênese incompleta 37 – Retratamento Endodôntico Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Introdução a Endodontia Endodontia significa ação dentro do dente. É dividida em três campos: 1. Conservadora: conserva a polpa viva 2. Radical: remoção da polpa viva ou necrosada 3. Complementar: cirúrgica (reparo em situações de trepanação) e estética (clareamento interno) A polpa é dividida em câmara pulpar e canal radicular. A câmara pulpar possui paredes: 1. Teto: estão presentes os cornos pulpares 2. Soalho: É real nos dentes multirradiculares e virtual nos dentes unirradiculares. Possui convexidade, liso e polido. Nos dentes multirradiculares, os canais são ligados através da linha Rostrum Canali. 3. Laterais: com as seguintes paredes: mesial, vestibular, língual e distal. Os canais radiculares podem ser classificados em: 1. Canal principal 2. Canal colateral (paralelo ao canal principal e pode se unir ou terminar em outro forame) 3. Canal recorrente 4. Canal lateral (vai para o periodonto lateral) 5. Canal secundário (vai para o periodonto apical) 6. Canal acessório (sai do canal lateral ou secundário e vai para o periodonto) 7. Canal intercanal (comunica canais entre si) 8. Canal cavo-interradicular (canal que comunica o soalho ao periodonto interradicular) 9. Delta apical (mais de um forame apical pois há uma ramificação) Fonte: FORP-USP Podemos observar mais de um canal na mesma raiz e pode haver as seguintes configurações: 1 canal no ápice, 2 canais no ápice e 3 canais no ápice. Existe o canal dentinário e o canal cementário. Entre ambos há o limite canal cemento-dentina (limite CDC). Existe o forame apical e este geralmente encontra-se lateral ao vértice apical (50% dos casos para distal). O avançar da idade provoca aumento da deposição do cemento que causa: 1. Desvio progressivo do forame em relação ao vértice. 2. Aumento do comprimento do canal cementário. 3. Diminuição do diâmetro do canal no limite CDC. 1. Deposição de dentina secundária (dente jovem tem câmara pulpar mais volumosa em relação ao dente do idoso) e dentina terciária (localizada em resposta a cárie ou restauração) 2. Calcificações pulpares (nódulos pulpares) 3. Reabsorção interna e externa 1. Reto 2. Curvilíneo 3. Bicurvilíneo 4. Angulada 5. Raiz com eixo deslocado 1. Todos os dentes superiores e inferiores anteriores inclinam para lingual. 2. Pré-molares e molares inferiores inclinam para vestibular 3. Todos os dentes inclinam para distal, exceto 3.1. 1º molar superior e Incisivo inferior: paralelo a linha mediana 3.2. 2º molar superior: inclina para mesial. Anatomia Interna Da Polpa Dentária Fatores que alteram a anatomia após a formação dentária Trajeto das raízes e canais radiculares Posição dos dentes na arcada 1 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Abertura coronária em dentes anteriores e pré-molares Após realização do exame clínico e radiográfico inicia-se a abertura coronária que é o primeiro passo do tratamento endodôntico. 1. Remover toda a cárie 2. Conservar estrutura dental sadia 3. Expor câmara pulpar (remover todo teto da câmara pulpar incluindo saliências. Deve ser liso. Não pode danificar o soalho e entrada dos canais radiculares. 4. Manter expulsividade da parede mesial nos dentes posteriores. 5. Obter acesso reto, livre e direto. 1. Abordagem: 1.1. Desgastar esmalte até chegar a dentina 1.2. Ponto de eleição: • dentes anteriores: face lingual • dentes posteriores: oclusal 2. Direção de trepanação: 2.1. Atingir a câmara pulpar 2.2. Túnel de penetração: na dentina posiciona a broca em direção a área de maior volume da câmara pulpar • Unirradiculares: longo eixo do dente • Multirradiculares: região do canal de maior volume desviando do soalho e região de furca 3. Forma de contorno 3.1. Remoção do teto e saliências da câmara pulpar com broca de ponta inativa 4. Forma de conveniência 4.1. Desgaste compensatório para melhorar a visão no interior da câmara pulpar e permitir fácil acesso aos canais 4.2. Remover irregularidades e projeções dentinárias na entrada dos canais com Endo-Z 1. Brocas 2. Kit clínico 3. Régua 4. Gaze 5. Cureta 6. Filme radiográfico Abordagem: face lingual no quadrilátero central utilizando broca esférica perpendicular a face lingual até atingir dentina. Direção de trepanação: broca paralela ao longo eixo do dente. Forma de contorno: Utilizar sonda exploradora com movimentos de tração para analisar a presença de teto que deverá ser removido com ponto de guia inativa. Não tocar na borda incisal. Forma de conveniência: remover ombro lingual com broca de guia inativa ou broca gates. O contorno final deverá ser triangular nos incisivos e losango nos caninos. ERROS COMUNS 1. Degrau nas paredes da câmara pulpar 2. Perfuração na parede vestibular e proximal por desconsiderar inclinações 3. Remoção excessiva da estrutura dental 4. Abertura pequena dificultando instrumentação 5. Presença de cornos pulpares 6. Abertura por proximal Abordagem: face oclusal no quadrilátero central. Direção de trepanação: inclina a broca para o canal de maior volume (normalmente o lingual). Forma de contorno: utilizar sonda exploradora para verificar presença de tetos e reentrâncias que deverão ser removidos com broca de ponta inativa. Forma de conveniência: parede mesial ligeiramente divergente para oclusal. Se o dente tiver curvatura apical deverá ser desgastado a parede oposta. O contorno final será ovalado. Abordagem: face oclusal no quadrilátero central. Direção de trepanação: perpendicular a face oclusal no esmalte. Ao atingir dentina a broca deverá estar paralela ao longo eixo do dente. Objetivos da abertura coronária Etapas da abertura coronária Material necessário Dentes anteriores Pré-molares superiores Pré-molares inferiores 2 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Forma de contorno: utilizar sonda exploradora para verificar presença de tetos e reentrâncias que deverão ser removidos com broca de ponta inativa. Forma de conveniência: remover ombro lingual com ponta diamantada de guia inativa e finalizar com brocas de gates. O contorno final será ovalado. ERROS COMUNS NOS PRÉ- MOLARES 1. Abertura coronária insuficiente, expondo somente os cornos pulpares 2. Formação de degraus nas paredes circundantes 3. Deformação do soalho 4. Perfuração nas paredes circundantes ou câmara pulpar Instrumental endodôntico São utilizados na prática endodôntica: pinça clínica, espelho de 1º plano, explorador reto e curvo, espátula nº 1, cureta dedentina e carpule. Também são utilizados brocas, limas e materiais complementares: 1. Broca Long Neck (LN) 1.1. Facilita a abertura dos canais radiculares 1.2. Utilizada em baixa rotação 1.3. Esférica de 28 mm 2. Broca Endo-Z 2.1. realiza um desgaste compensatório 2.2. sem corte e possui 9 mm de parte ativa 2.3. tem 6 fios cortantes helicoidais 3. Broca Batt 3.1. Tronco-cônica ou cilíndrica 3.2. Realiza um desgaste compensatório 3.3. 22,5 ou 28 mm 1. Broca Gates-Gliden (terço cervical e médio) 1.1. Forma de chama que vai do 1 até o 6 (número de ranhuras) 1.2. 3mm de parte ativa 1.3. Existem as normais para os dentes anteriores e pré-molares e especiais para os molares. 2. Brocas Largo 2.1. Forma cônica – nº 1 a 6 2.2. Existem as normais (32 mm) e especiais (28 mm) IMPORTANTE 1. A broca LN tem corte. 2. Para desgaste compensatório pode ser utilizado a Endo-Z e Broca Batt. 3. Para os canais radiculares é recomendado a broca Gates-Gliden 1. Existem duas formas de secção: triangular e quadrada. 2. Quanto mais torcido, mais flexível o instrumental. 3. O ângulo mais agressivo tem maior poder de corte, portanto os instrumentos com forma de secção triangular. 4. O símbolo no plástico pode indicar: alargador, lima tipo Kerr, lima K flexofile, lima nitiflex e lima tipo hedstroem. 5. A conicidade aumenta 0,02 mm a cada mm. 6. D3 (diâmetro do final da parte ativa)= D1 (diâmetro da ponta) + 0,32 mm 7. A lima pode ter 21, 25 ou 31 mm 8. Existem 4 séries de instrumentos manuais Série especial Nº D1 D3 COR 8 0,08 0,40 CINZA 10 0,10 0,42 ROSA Primeira série Nº D1 D3 COR 15 0,15 0,47 branco 20 0,20 0,52 amarelo 25 0,25 0,57 vermelho 30 0,30 0,62 azul 35 0,35 0,67 verde 40 0,40 0,72 preto Segunda série Nº D1 D3 COR 45 0,45 0,77 branco 50 0,50 0,82 amarelo 55 0,55 0,87 vermelho 60 0,60 0,92 azul 70 0,70 1,02 verde 80 0,80 1,12 preto Existe terceira série também. 9. Os alargadores apresentam a parte ativa sob a forma de um espiral de passos longos. 10. As limas são utilizadas para alisamento, alargamento e remoção de irregularidades dos canais radiculares. 11. As limas tipo Kerr possuem parte ativa sob a forma de espirais de passos curtos. Brocas Para os canais radiculares Limas e alargadores 3 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP COMO USAR? Introduzir no canal, ao encontra resistência, pressão em direção ao ápice, rotação simultânea de ¼ a ½ volta no sentido horário, movimento de tração com pressão lateral de encontro as paredes do canal radicular. 12. As limas K-flexofile são indicadas para instrumentação de canais atresiados e curvos. Não são indicados para abrir espaço em profundidade. 13. As limas tipo Hedstroem são indicadas para remoção e corte de dentina das paredes do canal. COMO USAR? Movimento de rotação e tração. Sem rotação. 14. Também existem as limas pro-design manuais. 1. Espaçadores digitais: não possuem corte e são usados na obturação. 2. Condensadores verticais: obturação 3. Placas de petri: desinfecção dos cones de guta- percha 4. Tamborel: armazenamento das limas 5. Régua milimetrada. 6. Easy clean: agitação da solução irrigadora. 7. McSpadden: técnica híbrida de obturação. Odontometria • Odontometria é estabelecer o limite apical da instrumentação e obturação dos canais radiculares. • Existe o comprimento do dente (CD) e o comprimento de trabalho (CT). O comprimento de trabalho é a subtração de 1mm do CT (CT-1mm =CD). • Para determinar o CT podemos utilizar técnicas radiográficas e técnicas eletrônicas. Devido a limitação das radiografias foi desenvolvido o Método de Ingle. Método de Ingle 1. Obtenção da radiografia para diagnóstico. Medir o comprimento aparente do dente (CAD). 2. CAD-2mm=CRI (comprimento real do instrumento) 3. CRI=CTP (comprimento de trabalho provisório) 4. Colocar uma lima dentro do canal radicular tangenciando um ponto de referência bem definido (borda incisal ou ponta de cúspide) 5. radiografia (caso a diferença entre o final do instrumento e ápice radicular for maior que 3 mm realizar nova radiografia) 6. medir na radiografia a diferença entre o final do instrumento e o ápice radicular (acrescentar ou diminuir esse valor ao CRI para obter o CD) 7. determinar o CD e CT Preparo biomecânico: meios químicos O objetivo do preparo biomecânico (PBM) é a remoção do biofilme radicular. É composto pelas seguintes etapas: 1. ampliação e modelagem: ação mecânica dos instrumentos endodônticos 2. limpeza e sanificação: ação mecânica e de substâncias químicas 3. Na biopulpectomia a irrigação ajuda a controlar o sangramento e contaminação. 4. Na necropulpectomia a irrigação ajuda a neutralizar o conteúdo séptico-tóxico e remoção da smear layer. São objetivos da irrigação: 1. Auxiliar na remoção do tecido pulpar, restos necróticos e raspas de dentina 2. Diminuir a tensão superficial das paredes dentinárias 3. Prevenir o escurecimento da coroa 4. Facilitar a instrumentação 5. Combater possível infecção superficial na biopulpectomia 6. Neutralizar o conteúdo séptico-tóxico na necropulpectomia 7. Remover física e mecanicamente os micro- organismos na necropulpectomia. Canal radicular Ponto de referência CAD CAD-2mm + ou - CD - 1mm CT Materiais complementares 4 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP No PBM são utilizados meios físicos, químicos e mecânicos. MEIOS FÍSICOS: colocar a solução irrigadora preenchendo o canal e aspirar a solução irrigadora. MEIOS QUÍMICOS: qualidade da solução irrigadora que está relacionado com as propriedades da solução irrigadora: 1. Ação rápida 2. Dissolver matéria orgânica 3. Neutralizar produtos tóxicos 4. Ação antimicrobiana 5. Biocompatibilidade 6. Baixa tensão superficial 7. Umectante 8. Alvejante Três soluções irrigadoras são muito utilizadas na endodontia: Hipoclorito de sódio, clorexidina gel e EDTA. Vantagens: 1. Baixa tensão superficial 2. Bactericida 3. Dissolução de matéria orgânica 4. Lubrificante 5. Baixo custo 6. Ação rápida Desvantagens: 1. Tóxico em grandes concentrações 2. Instável 3. Irritante para pele e mucosa 4. Odor Concentrações: 0,5 %, 1% e 2,5 % quanto maior a concentração, maior o efeito e maior a toxicidade Armazenamento 1. Local fresco 2. Vidro âmbar 3. Não utilizar recipientes metálicos 4. Manter sempre fechado Manipulação: 1. Quanto maior a concentração, menor a estabilidade. 2. Não usar água sanitária. 3. Descarte com sugador. Cuidados: Proteger roupa, olhos e boca do paciente. Em caso de acidente utilizar capilary tip para sugar e irrigar com soro, amoxicilina, dexametasona e EDTA. Há risco de parestesia. Vantagens: 1. Amplo espectro de ação 2. Substantividade 3. Menos irritante que o hipoclorito de sódio 4. Medicação intracanal Desvantagens 1. Não dissolve smear lauer 2. Não dissolve matéria orgânica Nunca associar hipoclorito de sódio com clorexidina gel, pois forma paracloroanilina que causa um manchamento. Deve ser usado após o preparo biomecânico pois aumenta a desobliteração dos túbulos dentinários. 1. Utilizando uma seringa de 5 mL e agulha de irrigação calibrada realize a irrigação com Hipoclorito de sódio (Biopulpectomia 0,5 a 1% e na Necropulpectomia 1 a 2,5%) no canal radicular com movimentação. A irrigação final é realizada com EDTA. 2. Realize a aspiração com sugador esterilizável. 3. Para potencializar a irrigação é necessário agitar com easy clean (utilizada em baixa rotação e promove limpeza com agitação e atrito no interior do canal). 4. Para remover a camada residual: 4.1. MANUAL: irrigar o canal com EDTA. Agitação com lima Kerr #30 de3 a 5 minutos. Remoção do EDTA com 5 mL de hipoclorito de sódio 1%. Irrigação com 10 mL de soro fisiológico. Aspiração. Secagem com cone de papel. Medicação intracanal ou obturação. 4.2. EASY CLEAN: irrigar e inundar com hipoclorito de sódio 1%. Agitar com easy clean por 20 segundos e renova a solução (Repetir 3X). Inundar com EDTA, agitar com easy clean por 20 segundos e renova a solução (Repetir 3x). Remoção do EDTA com 5mL de hipoclorito de sódio 1%, irrigação com 10mL de soro fisiológico e secagem com cone de papel. Hipoclorito de sódio Clorexidina Gel EDTA Protocolo de irrigação 5 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Preparo biomecânico: meios mecânicos A instrumentação é o conjunto de procedimentos do preparo biomecânico para alcançar os princípios de limpeza (eliminação de todo conteúdo dos sistemas de canais radiculares) e modelagem (dar ao canal uma forma cônica e formar um batente apical) dos canais radiculares. Os canais radiculares podem ser classificados em: 1. Amplos e retos: ápice volumoso com maior dilatação 2. Atresiados (afilados): menor dilatação e há risco de trepanação 3. Curvos: O ápice pode ser volumoso ou afilado. Utilizar limas flexíveis e com pré-curvatura. Se o canal for curvo e atrésico não ultrapassar a lima K#25. 1. Anestesia 2. Acesso a câmara pulpar 3. Isolamento absoluto + antissepsia do campo com hipoclorito de sódio 2,5% 4. Irrigar câmara pulpar com hipoclorito de sódio 2,5% 5. Localização e mentalização da entrada dos canais radiculares 6. Exploração do canal radicular até o CRI 7. Irrigação dos canais radiculares com hipoclorito de sódio 1% 8. Odontometria 9. Remoção da polpa radicular: 9.1. Canais amplos: remoção em bloco utilizando Lima Hedstroem de menor calibre em relação a lima Kerr no CT. Penetrar até o CT e tracionar com pressão lateral. 9.2. Canais atrésicos e curvos: remoção por esmagamento utilizando Lima Kerr até 20. 10. Irrigação com hipoclorito de sódio 2,5% para evitar escurecimento 11. Alargamento e limagem radicular com movimentos de cateterismo (movimento de penetração com leve pressão apical e ¼ de volta a direita e ¼ de volta a esquerda) utilizando: 11.1. Canais amplos: LK compatível 11.2. Canais atrésicos: LK até 20 11.3. Canais curvos: LK flexofile 12. O objetivo do movimento de cateterismo é conhecer a direção e calibre dos canais, verificar se há curvaturas, obstrução e acessar o terço apical. 13. Para confeccionar o batente apical (anteparo ao cone de guta-percha principal no momento da obturação) no CT selecione o IAI (instrumento apical inicial) e 4 limas calibradas no CT através da técnica deriada 14. Se IAI ≤ 20 IAI (LK#15) – LK # 20 – IAI – LK # 25 – IAI – LK # 30 – IAI – LK #35 (IM = instrumento de memória) – IAI – GATES GLIDEN 15. Se IAI > 20 GATES GLIDEN – IAI (LK#25) – LK #30 – IAI – LK #35 – IAI – LK #40 – IAI – LK # 45 (IM) – IAI 16. Técnica escalonada é utilizada para dar conformação cônica ao canal, sendo: 16.1. Calibrar o IM no CT 16.2. Selecionar 1 lima > IM calibrada no CT- 1 16.3. Selecionar 1 lima 2 vezes maior que o IM calibrada no CT-2 16.4. Selecionar 1 lima 3 vezes maior que o IM calibrada no CT-3 17. Se IM = LK # 35 LK #40 (CT-1) – IM (CT) – LK #45 (CT-2) – IM (CT) – LK#50 (CT – 3) – IM (CT) 1. Anestesia 2. Acesso a câmara pulpar 3. Isolamento absoluto + antissepsia do campo com hipoclorito de sódio 2,5% 4. Localização e mentalização da entrada dos canais radiculares 5. Inundar câmara pulpar com hipoclorito de sódio 2,5% 6. Neutralização do conteúdo séptico tóxico até CRI com hipoclorito de sódio 1 a 2,5 % e remover com lima Kerr que fica folgada no canal. Descer o comprimento da coroa de 2 em 2 mm até atingir CRI (sempre irriga, aspira e inunda). 7. Odontometria 8. Neutralização do conteúdo necrótico até o CD 9. O objetivo da neutralização é evitar que os micro- organismos presentes no canal radicular cheguem ao periápice e evitar um flare-up. Biopulpectomia Necropulpectomia (sempre 2 sessões) 6 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP 10. Confeccionar batente apical no CT (CD-1mm). 11. Para isso selecione IAI (instrumento apical inicial até o CT), IAF (instrumento apical foraminal até o CD) e 4 limas calibradas no CT 12. Se IAI ≤ 20 IAF (LK#15) - IAI (LK#15) – LK # 20 – IAF – LK # 25 – IAF – LK # 30 – IAF – LK #35 (IM = instrumento de memória) – IAF – GATES GLIDEN 13. Se IAI > 20 GATES GLIDEN – IAI (LK#25) – IAF - LK #30 – IAF– LK #35 – IAF – LK #40 – IAF – LK # 45 (IM) – IAF 14. Para a técnica escalonada será usado o IAF. 15. Se IM = LK # 35 LK #40 (CT-1) – IM (CT) – LK #45 (CT-2) – IM (CT) – LK#50 (CT – 3) – IM (CT) – IAF (CD) 1. Qual o objetivo do alargamento e limagem do canal? - Ampliar, retificar as curvaturas, alisar paredes e remover resíduos dos canais - Limpeza e conicidade dos canais sem comprometer sua forma original. 2. Como instrumentar? - Apreensão pelo cabo da lima com o dedo indicador e polegar. Utilizar o dedo anelar como apoio. 3. Cuidados ao instrumentar - Manter CT - Não perder a referência (ponta de cúspide, borda incisal) - Realizar amplitude de no máximo 3 mm - Apoiar a lima por inteiro na parede do canal - Instrumentar todas as paredes por igual para não criar sulcos - Nunca girar a lima. 4. Nos canais retos: - Movimentos de penetração com leve pressão apical e rotação de ¼ de volta direita e ¼ de volta esquerda até atingir CT - Rotação de ¼ de volta a ½ de volta no sentido horário - Tração com pressão lateral - Percorrer todas as paredes no sentido horário. 5. Canais curvos - Não é possível a rotação, apenas tentativa de rotação para evitar trepanação. - Apenas lima flexofile. - Se o ápice for afilado e com curvatura realizar o preparo do batente apical até LK Flexofile # 25. 6. IAI é o instrumento apical foraminal. Na necropulpectomia evita formar plug de dentina, desobstrui canal cementário e elimina infecção perirradicular. 7. Erros comuns da técnica escalonada: 7.1. degrau: deformação ou reentrância na parede do canal 7.2. trepanação: perfuração da raiz através do canal 7.3. condensação apical de restos teciduais Técnica Pro Design A técnica Pro Design apresenta as seguintes vantagens: 1. Menor uso de limas de primeira e segunda série 2. Não usa gates gliden 3. Obturação com cone único 4. Preparos conservadores 5. Menor chance de erros 6. Diferentes conicidades A cinemática de instrumentação ocorre a partir: 1. Apreensão do cabo da lima com indicador e polegar 2. Movimento de rotação no sentido horário 3. Empurre a lima até a resistência e mantendo a pressão apical realize rotação de ¾ a 1 volta até encontrar resistência 4. Diminua a pressão apical e continue girando a lima e puxando suavemente para fora do canal Biopulpectomia 1. Realize a odontometria sempre com Lima Kerr 2. Explore até o CT e remova a polpa radicular com lima Hedstroem 3. Determinar IAI com lima Kerr #15 IAI – 25.01 – IAI – 15.05 – IAI – 25.06 4. Se o IAI for: LK #15 ou #20 – termina na 25.06 Pontos importantes 7 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP LK # 25 ou 30 – termina na 35.05 LK # 35 ou 30 – termina na 40.05 1. Neutralização com Lima Kerr até o CD 2. Determinar IAF LK # 15 ou 20 – termina na 25.06 LK #25 ou 30 – termina na 35.06 LK # 35 ou 40 – termina na 40.05 3. Exemplo – IAF: LK # 15 IAF – 25.01 – IAF – 15.05 – IAF – 25.06 – IAF 1. Descarte as limas danificadas 2. Limpe as limas endodônticas 3. Irrigação e aspiração final: 3 ciclos de 20 seg – NaOCl 1% 3 CICLOS DE 20 seg – EDTA 17% 3 ciclos de 20 seg – NaOCl 1% 4. Para esses ciclos utilizar easy clean 2 mm aquém do CT 5. Lavagem do canal com sorofisiológico, secagem com cânula de aspiração calibrosa, secagem com cânula de aspiração fina, secagem com cone de papel. Radiografia em Endodontia A radiografia interproximal é útil para localização da câmara pulpar quando há calcificação, após pulpotomia e ao procurar uma ponte dentinária. Em geral, utiliza-se a técnica da bissetriz. Fatores que indicam a presença de 1 ou mais canais 1. Centralização do canal radicular: quando há 1 canal é centralizado. Quando há 2 ou mais canais não é centralizado. 2. Proporção em relação ao diâmetro mesio- distal da raiz: quando há 1 canal a parede dentinária é proporcional na mesial e distal. Quando há dois ou mais canais não há essa proporção. 3. Quando há 1 canal ocorre o estreitamento uniforme e progressivo em direção ao ápice. Isso não ocorre quando há 2 canais. 4. Quando há 1 canal, este é visível em toda extensão da raiz. Quando há 2 ou mais canais isso não ocorre. 5. Quando há 2 ou mais canais observa-se a imagem de 1 ou 2 ápices e linhas radiolúcidas laterais. Isto não é visível quando há apenas 1 canal. Técnica de Clark Para saber a localização dos canais deve-se dissociar a imagem através da Técnica de Clark, no qual realiza três radiografias: ortorradial, mesializada e distalizada. 1. A lingual sempre está no lado de incidência 2. Para saber quem é o mesial e distal pode utilizar asa do grampo, ponta de cúspide, ponto de contato é mais nítido no lado de incidência. 3. A língual projeta mais apical 4. Na distalização, o disto sobrepõe o lingual Necropulpectomia Após o Preparo Biomecânico 8 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP 5. A técnica de Heckel Almeida (dicotomografia) permite a tomada mesializada e distalizada no mesmo filme radiográfico. Variação do ângulo vertical – Técnica de Le Master Proporciona a visualização do ápice, fraturas radiculares transversais e radiografia de molar inferior com grampos. Rastreamento radiográfico triangular Permite a visualização de curvaturas radiculares, reabsorção interna e perfuração radicular. 1. Na radiografia ortorradial observa a presença de uma curvatura na distal que pode ser: distal, distovestibular ou distolingual. 2. Caso a curvatura seja distolingual, esta desaparecerá na radiografia mesializada. Se não desaparecer ou é distal ou distovestibular. 3. Se for distovestibular irá desaparecer na radiografia distalizada. Caso não desapareça é distal. _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ 9 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Medicação intracanal (curativo de demora) A colocação de uma medicação intracanal (MIC) permite concluir o tratamento endodôntico em uma sessão seguinte. A MIC é obrigatória na necropulpectomia após o preparo biomecânico e alguns casos da biopulpectomia. Biopulpectomia A MIC tem a função de controlar a reação inflamatória que ocorre próxima ao coto pulpar. Pode ser utilizada: 1. Falta de habilidade 2. Pacientes ou casos difíceis 3. Uso de soluções irrigadoras irritantes 4. Contaminação do campo operatório 5. Sobre-instrumentação 6. Reabsorções internas 7. Urgência Pode ser utilizado: corticosteroide-antibiótico (otosporin ou maxitrol por 48h a 7 dias) ou hidróxido de cálcio por 48h a 60 dias (pode ser utilizado apenas quando removeu toda a polpa). O hidróxido de cálcio tem as seguintes atividades: Atividades biológicas Anti-inflamatório (Bio) Induz mineralização (Bio e necro) Atividade antimicrobiana (Necro) Atividades químicas Solvente de matéria orgânica (bio e necro) Ação alcalina (bio e necro) Propriedade anti- hemorrágica (bio) Atividade física Barreira físico-química (bio e necro) 1. Atividade anti-inflamatória: ação higroscópica (absorve fluídos e diminui pressão hidrostática tecidual), formação de pontes de cálcio, ação na Fosfolipase A2. 2. Induz mineralização: ativa enzimas cálcio- dependentes e com o pH alcalino há uma necrose de coagulação que favorece o reparo e cicatrização. 3. Solvente de matéria orgânica: devido ao pH alcalino há quebra de ligações iônicas de proteínas, desnaturação das + susceptíveis e solubilização por NaOCl. 4. Ação alcalina: Faz a difusão de íons hidroxila nos túbulos dentinários, aumenta o pH, neutraliza ácidos, inibe enzimas relacionadas a reabsorção e ativa a fosfatase alcalina. 5. Anti-hemorrágica: proporciona uma cauterização química do tecido devido necrose de coagulação 6. Barrreira físico-química contra infiltração salivar e perda ou fratura do material selador. O líquido do hidróxido de cálcio é chamado de veículo e determina a velocidade de dissociação iônica entre o hidróxido de cálcio, capacidade de solubilização e reabsorção da pasta nos tecidos apicais e proporciona difusão nos tecidos que pode ser rápido ou lento. O veículo pode ser aquoso, viscoso e oleoso. 1. AQUOSO: dissociação iônica rápida, maior difusão, alta solubilidade, menor tempo de ação (trocas frequentes). Ex: água destilada, anestésico e soro fisiológico. Usado em situações de urgência e traumatismo. 2. VISCOSO: dissociação iônica lenta, atividade + duradoura, necessidade de menor número de trocas. Ex: glicerina, polietilenoglicol, propilenoglicol. Usado em grandes lesões, tratamento de dentes traumatizados e dentes com rizogênese incompleta. 3. OLEOSO: Não é adequado. Em algumas situações podem ser utilizado substâncias que ajudam a dar radiopacidade, como o óxido de zinco. Necropulpectomia Na necropulpectomia o objetivo é combater a infecção que é causa dos micro-organismos e seu biofilme. A MIC deve ter amplo espectro de ação. Pode ser usado o hidróxido de cálcio, clorexidina e hidróxido de cálcio +clorexidina. A clorexidina age contra Gram-Positivos, alguns gram- negativos, aeróbios e anaeróbios facultativos. Tem capacidade de adsorção aos tecidos dentais e mucosa. Apresenta substantividade. O hidróxido de cálcio +clorexidina deve ser utilizada por no mínimo 14 dias e é a primeira escolha. Não pode ter contato entre hipoclorito de sódio e clorexidina pois forma um precipitado que impede a ação da medicação. 10 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP São opções de curativo de demora na necropulpectomia e deve ser usado por 14 dias: 1. Hidróxidode cálcio + clorexidina gel: preparo pronto, sem intercorrências. 2. Hidróxido de cálcio + propileno/soro+ultracal: Não realizada completa neutralização do conteúdo do canal, apenas abertura coronária. 3. Hidróxido de cálcio + soro: urgências e infecção persistente. 4. Clorexidina gel 2%: não houve sucesso com hidróxido de cálcio Técnica 1. Selecionar cone de papel absorvente estéril até CT 2. Levar cone até CT 3. Levar medicamento com Kit irrigação da Ultradent e inundar com o cone em posição 4. Colocar bolinha de algodão estéril na câmara pulpar 5. Rolha com pasta de hidróxido de cálcio + soro 6. Cotosol 7. CIV _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ ________________________________________ 11 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Obturação 1. Quais são os três objetivos da obturação? - Preenchimento dos espaços vazios propícios para a proliferação de micro-organismos (se tiver micro- organismos remanescentes há fracasso do tratamento) - Manter o estado de desinfecção obtido com PBM e uso da MIC - Oferecer condições para reparação periapical sem causar danos aos tecidos 2. Qual a importância do selamento? - Impedir a entrada de fluídos nos canais - Impedir o tráfego de micro-organismos e seus produtos para o periápice 3. O material utilizado na obturação deve ser inerte e antisséptico, não deve interferir e deve estimular se possível o reparo apical e periapical. 4. Obturação é o preenchimento do canal com materiais que promovam um selamento tridimensional e estimulem ou não interfiram o reparo. 5. O limite apical de obturação é o limite CDC no CT. Na biopulpectomia pode ser a 1 ou 2mm do ápice. Já na necropulpectomia deve estar há 1 mm do ápice. 6. Para obturar deve: sem odor, sem dor e seco. 7. Não pode obturar quando há dor ou edema, fístula ativa, dor a percussão ou palpação e sangramento/secreção. 8. Na biopulpectomia pode obturar na primeira sessão, mas depende da urgência, tempo, complexidade anatômica, sangramento persistente, habilidade profissional e sobre-instrumentação. 9. Obturação na necropulpectomia leva 2 ou mais sessões. 10. Propriedades biológicas do material obturador: - boa tolerância tecidual (biocompatível) -ser reabsorvido no periápice em caso de extravasamento - não desencadear resposta imune nos tecidos periapicais - estimular ou permitir deposição de tecido fibroso e tecido mineralizado - não ser mutagênico ou carcinogênico - ter ação antimicrobiana 11. Propriedades físico-químicas do material obturador: - no momento de inserção deve estar plástico e depois ficar sólido - facilidade de inserção - possuir bom escoamento - boa viscosidade e aderência - bom tempo de trabalho - não sofrer contrações - permitir selamento mais hermético possível - não se solubilizar no interior do canal - pH próximo ao neutro - ser radiopaco - não manchar estruturas dentárias - ser de fácil remoção. 12. O material obturador mais utilizado é a guta- percha. 13. A guta-percha deve ser armazenada em local fresco e protegida da luz. 14. Os cimentos podem ser a base de óxido de zinco e eugenol e de resinas plásticas. 15. O cimento a base de óxido de zinco e eugenol possui selamento satisfatório, baixa solubilidade, citotóxico, boa radiopacidade e atividade antimicrobiana. 16. O cimento a base de resinas plásticas possui excelente escoamento, capacidade de selamento apical, excelente comportamento histológico, antibacteriano e capacidade adesiva. 17. Os cones de guta-percha tem 28 mm. Existem os padronizados/principais e os secundários/acessórios. 18. Para obturar o canal deve estar limpo e sem smear layer. 19. Para desinfetar os cones de guta percha utiliza hipoclorito de sódio a 2,5% por 10 minutos seguido de lavagem com solução salina estéril. 12 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP 20. Deve separar para desinfecção: 1 cone = diâmetro do batente (IM) 1 cone < diâmetro do batente 1 cone > diâmetro do batente Cones acessórios 21. O cone principal deve passar em três critérios: visual, tátil e radiográfico (1 mm do ápice). Imagens da Professora Dra Rayana Khouri. 22. Caso o cone de guta-percha não entra deve instrumentar e irrigar, remover smear layer e melhorar batente apical. 23. Existem três técnicas de obturação: condensação lateral, cone único e termoplastificação. 24. A condensação lateral pode ser ativa (espaçadores ou LK #30) ou passiva (insere cones secundários de modo passivo) 25. A condensação lateral é indicada, mas ao utilizar cones secundários pode não preencher tudo, espaçadorpode causar fraturas ou trincas, o espaçador pode remover o cimento e pode ter o deslocamento do cone principal. 26. O cimento deverá estar em ponto fio, deve pegar com espátula, passar no cone, levar o cone com a pinça clínica no canal e realiza radiografia para verificar condensação lateral. 27. Para condensação utiliza maçarico e calçadores de Paiva: Aquecido: cortar a 2 mm abaixo da JAC Frio: condensar Limpar câmara pulpar com bolinha de algodão com álcool 90 e realiza radiografia final. 28. Cone único quando utilizado Easy Pro Design: menor risco de deslocamento do cone, maior conicidade do PBM, risco de travamento antes do batente, maior linha de cimento. 29. Termoplastificada: injetar guta percha e não usa cimento. Pode gerar extravasamento para o ápice. 30. Guta condensor/McSpadden (corrigir a obturação): complementa a condensação lateral e nos casos de reabsorção interna é útil. Penetra em movimento no sentido horário até 2/3 do canal radicular e pode gerar extravasamento para o ápice. 31. Realize o selamento provisório com cotosol + CIV. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Serve! Cortar o cone com lâmina de bisturi 15 Testar outro ou cortar 13 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - UNESP Anatomia e abertura coronária de molar Primeiro molar superior Segundo molar superior Primeiro molar inferior Segundo molar inferior Raízes 3 ou 4 raízes. Na maioria: - MV – curva D - DV – reta - P – curva ou reta 3 raízes separadas 2 raízes MV DV + P 1 raiz Na maioria: MV – curva D DV – reta P - reta 2 raízes 3 raízes (distolingual) Na maioria: M – curva para D D - reta 2 raizes separadas 2 raizes separadas no terço médio 1 raiz fusionada 3 raizes (distolingual) Na maioria: M – curva D D – reta Fusionadas - reta Canais 4 canais: DV, MV, P, MV2 3 canais: DV, MV e P Maioria converge para único forame 3 canais ou 4 canais 3 canais: MV, ML e D 4 canais: MV, ML, DV e DL Maioria tem trajetórias paralelas independentes. Trajetória convergente para um único forame. Igual 1MI Complicações anatômicas Raiz palatina tem acentuada convergência para vestibular Raiz mesial curva para distal Achatamento MD - oclusal Raíz palatina curva para vestibular Achatamento MD oclusal Raiz mesial curva para distal no terço apical. Convexidade da parede mesial Canal em forma de C Câmara pulpar Irregularmente cúbica Achatada MD Semelhante 1 MS Maior achatamento MD Ampla Trapedoizal Triangular próxima ao assoalho Parede mesial com acentuada convexidade Semelhante ao 1MI. Teto com menos reentrâncias Parede mesial tem acentuada convexidade Molares superiores Molares inferiores Abordagem Ponto de eleição: fosseta central. Não atingir ponte de esmalte. Utilizar ponta diamantada esférica perpendicular a superfície oclusal Quadrilátero central e ponta diamantada perpendicular a superfície oclusal Direção de trepanação Canal lingual Canal distal Forma de contorno Trapedoizal com base voltada para vestibular. Remover teto com Endo Z. Desgaste em direção a cúspide MV e DV. Triangular com base voltada para mesial ou trapedoizal com base maior voltada para mesial. Remover teto, encontrar entrada dos canais e realizar desgaste em direção a cúspide MV e ML. Forma de conveniência Desgaste compensatório: expulsividade no ângulo DV e remoção de ombro dentinário mesial Parede mesial expulsiva. Remover ombro dentinário. Parede distal ligeiramente inclinada para distal. 14 Alterações pulpares Quais são as funções da polpa? 1. Formativa: forma dentina durante toda a vida 2. Nutritiva: nutre elementos do complexo dentina-polpa 3. Sensorial (transmite dor e controla vasos sanguíneos) - Fibras A delta: dor provocada, rápida e curta duração na extremidade da polpa - Fibras C: dor severa, contínua, espontânea, as vezes difusa no interior da polpa 4. Defensiva (forma dentina reacional e reparadora) As alterações pulpares são induzidas por fatores fisiológicos, envelhecimento e agentes bacterianos (toxinas e enzimas da cárie), físicos (trauma, iatrogenia) e químicos (materiais restauradores, sistemas adesivos, fotopolimerização) 1. Alterações dimensionais: diâmetro dos túbulos, esclerose dentinária, tratos mortos, dentina reacional 2. Alterações estruturais: células, fibras, vascularização/inervação, calcificações Anamnese 1. Quando a dor iniciou? 2. Dor espontânea ou provocada? 3. Em alguma situação piora? 4. Dor com quente, frio ou doce? 5. Alguma medicação melhora? 6. Demora para passar? 7. Intermitente ou contínua? 8. Alguma situação melhora (quente, frio)? 9. Dor localizada ou difusa? 10. 0 a 10, qual a sua dor? Exame extra-oral 1. Simetria facial 2. Palpação ganglionar Exame intra-oral 1. Inspeção visual (anatomia, iatrogênia, fratura, cor) Teste térmico: frio 1. A dor é causada devido a contração com deslocamento de fluídos e aumento da pressão intrapulpar 2. Passos: - testar primeiro dente saudável e depois o dente investigado - secar superfície - isolamento relativo - aplicar ice na bolinha de algodão - colocar no terço médio - cronometrar tempo de resposta: vitalidade pulpar (+), alteração pulpar (+++) e sem vitalidade (-) Teste térmico: calor 1. A vasodilatação causa aumento da pressão interna. Na polpa normal causa uma dor tardia. Na polpa inflamada causa uma dor imediata que demora para passar. 2. Passos: - testar primeiro dente saudável e depois o dente investigado - secar a superfície - isolar com vaselina - isolamento relativo - aquecer bastão de guta-percha - posicionar no terço médio - cronometrar resposta: vitalidade pulpar (+), necrose pulpar (-) e alteração pulpar (dor) Percussão horizontal 1. Com o cabo do espelho bater levemente a 90º no sentido do longo eixo do dente (1º saudável e 2º investigado). Se houver dor indica alteração no ligamento periodontal. A ausência de dor significa normalidade. Percussão vertical 1. Com o cabo do espelho bater levemente no sentido do longo eixo do dente (1º dente saudável e 2º investigado). Se houver dor indica alteração periapical. A ausência de dor significa normalidade. Palpação 1. Utilizando o dedo pressione a região periapical (1º periodonto saudável e 2º periodonto investigado). Observe se há dor ou não. Mobilidade dentária 15 Rastreamento de fístula 1. Desinfecção do cone de guta-percha, cortar a ponta do cone e introduzir até encontrar resistência mecânica. Radiografar e descobrir se é uma lesão de origem endodôntica ou periodontal. Sondagem periodontal Transiluminação 1. Com a luz do fotopolimerizador observar se há fraturas. Teste de mordida 1. Peça ao paciente para morder um palito de sorvete. Esse teste é útil para identificar periodontite apical e fraturas. Corantes 1. São úteis para verificar a presença de fraturas. Teste de anestesia 1. Diagnosticar se édor difusa ou reflexa. Anestesie e caso a dor continue, você está diante de uma dor reflexa. Será necessário prescrever analgésico para que a dor se torne localizada e você consiga intervir. Teste de cavidade 1. Realize a abertura coronária sem anestesia e observe se o paciente sente dor. Caso sinta dor, o dente está vital. A ausência de dor indica perda da vitalidade do dente. Exploração cirúrgica 1. Pode ser útil para visualizar fratura vertical. Exame complementar: radiografia periapical ou tomografia computadorizada Esses testes são úteis para chegar no diagnóstico! ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ 16 Alterações microscópicas CÁRIE Alta int. Baixa intensidade PULPITE AGUDA SEROSA FOCAL SUBCLÍNICA - Toxinas bacterianas penetram na polpa - Inicia processo inflamatório - Vasos liberam exsudato seroso discreto (infiltrado polimorfonuclear que não interage) - Sem manifestação clínica - Pode ter o reparo PULPITE CRÔNICA FOCAL SUBCLÍNICA - Falta de integração dos neutrófilos - Mudanças do perfil inflamatório (macrófagos, linfócitos e plasmócitos) - Sem manifestação clínica - Exsudação plasmática exuberante e difundida - Desorganização da camada odontoblástica - Vaso congesto -> penetração de micro- organismos PULPITE AGUDA PURULENTA PARCIAL - Exuberante infiltrado polimorfonuclear - interação entre bactérias geram enzimas lisossomais proteolíticas - Focos de liquefação tecidual (microabscessos) - Reparo PULPITE AGUDA SEROSA - REPARO PULPITE AGUDA PURULENTA GENERALIZADA - Microabscessos começam a comprometer áreas mais extensas - Reparo PULPITE CRÔNICA ULCERADA - reparo 3 OPÇÕES: - MANUTENÇÃO: assintomático, dor apenas se estimulado, fluxo salivar mantem o equilíbrio de virulência - REAGUDECIMENTO (cavidade fechada por alimento): aumento de micro-organismos que leva a uma pulpite aguda purulenta ou necrose parcial ou total - NECROSE LENTA E GRADUAL PULPITE CRÔNICA HIPERPLÁSICA - pólipo pulpar: tecido epitelial estratificado pavimentoso com tecido de granulação NECROSE PULPAR POR LIQUEFAÇÃO - cavidade pulpar ainda fechada - drenagem de pús - exuberante derramamento de enzimas proteolíticas - formação de úlcera pulpar recoberta por res - liquefação por toda polpa até coto pulpar restos necróticos, rede de fibrina e PMN - camada odontoblástica ausente (pseudomembrana com tec. De granulação) - dentina sucumbe devido fragilidade 17 POLPA NORMAL PULPITE REVERSÍVEL PULPITE DE TRANSIÇÃO PULPITE IRREVERSÍVEL PULPITE IRREVERSÍVEL CRÔNICA ULCERADA PULPITE IRREVERSÍVEL CRÔNICA HIPERPLÁSICA REABSORÇÃO INTERNA NECROSE PULPAR COMO É A DOR? Assintomática Dor provocada de declínio lento Dor espontânea/provocada de/intermitente de declínio lento Dor aguda, espontânea, pulsátil, difusa, reflexa, localizada e de longa duração assintomática TESTE TÉRMICO (FRIO) Reposta fraca ou moderada positivo Exarcebada Exarcebada longo com alívio no final +alterado positivo negativo PERCUSSÃO Negativo (sem dor) PALPAÇÃO ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS - restauração extensa - lesão cariosa profunda sem exposição pulpar - lesão cariosa profunda ou restauração extensa - lâmina dura intacta Restauração extensa Cárie profunda Exposição pulpar Exposição pulpar com área de necrose ou úlcera Exposição pulpar com desenvolvimento de pólipo Achado radiográfico Restauração extensa Cárie profunda coroa marrom ou cinza CONDUTA CLÍNICA - remoção do estímulo - proteção pulpar indireta - remoção da cárie ou restauração - tratamento conservador ou radical biopulpectomia Tratamento radical necropulpectomia QUANDO ACESSADA Sangramento abundante, vermelho vivo, resistente ao corte e consistência preservada Sangramento discreto ou ausente (vermelho escuro ou claro) - pastoso ou liquefeito - sem resistência ao corte - sangramento abundante - sangramento vermelho rutilante ou escuro - consistência firme - resistência ao corte - sem sangramento - escuro ou esbranquiçado - sem resistência ao corte OBSERVAÇÕES - pulpite de transição tem alívio com analgésico - todas as crônicas são assintomáticas 18 Tratamento conservador São procedimentos que visam resguardar a integridade, reestabelecer a higidez ou impedir o total comprometimento da polpa mantendo-a completa ou parcialmente vital INDICAÇÕES (dente precisa ter vitalidade): - cárie profunda com possível envolvimento pulpar - exposição pulpar por cárie ou trauma - exposição pulpar durante realização do preparo AVALIAR - história e característica da dor - aspecto do tecido pulpar - idade - condição periapical - higiene oral PARA DAR DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO AVALIAR: - tamanho da exposição - tempo até tratamento - cor e volume do sangramento TRATAMENTO CONSERVADOR TRATAMENTO ENDODÔNTICO RADICAL consistência Sem consistência Hemorragia normal Pouca hemorragia Resistência ao corte Sem resistência ao corte Cor vermelho vivo Vermelho escuro ou claro MATERIAIS PARA PROTEÇÃO PULPAR: hidróxido de cálcio e MTA Sem exposição pulpar: proteger dentina, evitar progressão da inflamação e induz formação de dentina reparadora Com exposição pulpar: promover reparo e induz formação de ponte de dentina REQUISITOS DOSMATERIAIS PARA PROTEÇÃO PULPAR - adesividade ao dente - boa capacidade de selamento - induz formação de tecido mineralizado - estabilidade dimensionl - radiopaco - bioatividade - insolúvel - não pode ser reabsorvível, tóxico e carcinogênico Hidróxido de cálcio MTA pH alcalino Biocompatível Bloqueia estímulos térmicos e elétricos Torna alcalino Alta solubilidade antimicrobiano Baixa resistência mecânica Baixa solubilidade Não promove bom selamento radiopaco Aumenta selamento Diminui infiltração Alto custo Fatores a serem considerados: idade, higiene oral, tamanho e natureza da exposição, estágio de formação radicular, tempo decorrido da exposição, doença periodontal, prótese Tratamento conservador 1. CAPEAMENTO PULPAR DIRETO - aplicação de um material em contato direto com o tecido pulpar visando o reestabelecimento ou manutenção de integridade - objetivo: ponte de dentina - indicações: exposição pulpar devido fratura coronária (24h a 48h): preparo cavitário profundo e procedimentos protéticos restauradores 2. CURETAGEM PULPAR - excisão superficial/parcial de uma porção de polpa exposta - cuidado para não manter um tecido inflamado e/ou lacerado - objetivo: remover camada superficial onde há suspeita de contaminação - indicações: fratura coronária (+48h) e polpa exposta de tecido cariado PASSOS 1. Anestesia, isolamento absoluto 2. CAPEAMENTO PULPAR DIRETO: 19 - cárie: remoção com broca esférica em baixa rotação e lavagem com soro fisiológico estéril - trauma: lavagem com soro fisiológico 3. CURETAGEM PULPAR: - trauma e remoção da cárie seguido de lavagem com soro estéril, remoção do tecido pulpar com cureta ou broca esférica 4. Hemostasia e secagem com bolinha de algodão estéril 5. Aplicação de bolina de algodão umedecida com otosporim por 10 min 6. Secagem com bolinha de algodão estéril 7. Pó ou pasta de hidróxido de cálcio ou MTA 8. Restauração provisória ou definitiva 3. PULPOTOMIA - completa excisão da polpa coronária após exposição pulpar por traumatismo ou remoção do tecido cariado preservando a vitalidade do tecido pulpar radícula - indicações: toda ou boa parte da polpa está contaminada, ampla exposição após trauma (+48h) e lesões cariosas profundas TÉCNICA MEDIATA TÉCNICA IMEDIATA Curativo inflamatório- antibiótico por 48h a 7 dias Curativo inflamatório- antibiótico por 10 min Controle da inflamação Evita contaminação entre sessões Aumenta tempo para diagnóstico Risco de contaminação entre sessões PASSOS 1. Anestesia + isolamento absoluto + desinfecção 2. remoção da cárie 3. remoção do teto e observar sangramento vermelho-vivo 4. irrigação com soro fisiológico estéril para controle do sangramento 5. remoção de toda polpa com cureta afiada ou broca esférica lisa sob irrigação com soro 6. lavagem abundante com soro fisiológico estéril 7. bolinha de algodão estéril para hemostasia 8. bolinha de algodão com otosporin (técnica mediata ou imediata) 9. secagem com bolinha de algodão estéril 10. pó ou pasta de hidróxido de cálcio ou MTA 11. restauração provisória ou definitiva ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ 20 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 Alterações periapicais Suas características são próprias e exclusivas Acomete qualquer dente, qualquer idade, qualquer gênero e todas as raças ORIGEM MULTIFATORIAL - causa biológica (micro-organismos e seus produtos) - causa física (sobre-instrumentação, oclusão traumática, ortodontia e trauma) - causa química (solução irrigadora, medicamentos, pasta e cimento obturador) MICROSCOPICAMENTE Há um dente necrosado cujo agressor chega no periápice onde ocorre fenômenos vasculoexsudativos (células PMN e exsudato inflamatório) e paciente irá relatar dente crescido (extrusão dental de pequenas proporções. Após 24 a 48h iniciará a pericementite aguda. Na pericementite aguda não teve tempo para interação entre neutrófilos e agente agressor. Pode ser de origem: bacteriana, traumática (trauma oclusal, acidente ou forças ortodônticas) ou ocorrer após a biopulpectomia. Caso não haja tratamento após 24 a 48h pode ocorrer o abscesso dentoalveolar agudo, pericementite crônica ou reparo caso haja realização do tratamento endodôntico. 1. Abscesso dentoalveolar agudo Enzimas proteolíticas destroem micro-organismos, tecidos e leucócitos e há formação de exsudato o que gera microabscessos. Isso caracteriza o abscesso dentoalveolar agudo que possui 6 fases: 1. Fase apical 2. Fase óssea: neutrófilos + exsudato no osso 3. Fase subperiosteal: perfuração da cortical óssea, exsudato entre osso e periósteo, enzimas e endotoxinas causam uma agressão no tecido mole. Há tumefação e assimetria facial. 4. Fase flegmatosa: perfuração e destruição do periósteo. Há pus e inflamação no tecido mole caracterizando um flegmão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SISTÊMICAS vermelho dor liso febre brilhante Mal-estar Hipertérmico cefaleia firme Alterações nos linfonodos Dor a palpação trismo 5. Fase subcutânea: tecido de granulação e exsudato se distribuindo nos tecidos moles. 6. Fase Fistulização: há formação de fístula Após a fase de fistulização e ausência de tratamento haverá a formação de um abscesso crônico que poderá se manter, reagudecer, reparar ou ter complicações, como o Abscesso Fênix. No Abscesso Fênix há uma dor severa, presença ou ausência de inchaço intra-oral, ausência de edema extra-oral e localização apical. 2. Pericementite crônica A pericementite crônica se origina de macrófagos, linfócitos e plasmócitos.Há uma mínima destruição, reabsorção óssea devido infiltrado celular. Pode ter reparo, abscesso dentoalveolar agudo secundário ou granuloma apical. 3. Granuloma Apical O granuloma apical é a primeira tentativa do organismo em direção a cicatrização e cura. Pode ter 1 no interior do outro. Pode ser um granuloma apical imunológico ou de corpo estranho. Pode ter o reparo, manutenção, abscesso dentoalveolar agudo secundário ou cisto periodontal apical. 4. Cisto periodontal apical Em sua evolução pode-se observar um abscesso dentoalveolar agudo secundário, reparo ou neoplasia. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ 21 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 ALTERAÇÕES PERIAPICAIS AGUDAS ALTERAÇÕES PERIAPICAIS CRÔNICAS PERICEMENTITE AGUDA ABSCESSO INICIAL ABSCESSO EM EVOLUÇÃO ABSCESSO EVOLUÍDO ABSCESSO DENTOALVEOLAR CRÔNICO PERICEMENTITE CRÔNICA GRANULOMA CISTO PERIODONTAL APICAL VITALIDADE PULPAR Presente ou ausente NECROSE PULPAR RADIOGRAFIA LIGAMENTO PERIODONTAL (LP) NORMAL LP NORMAL EXCETO QUANDO O FEIXE DE RAIOS-X FOR INCIDIDO NO LONGO EIXO DO DENTE REABSORÇÃO ÓSEA DIFUSA ACHADOS RADIOGRÁFICOS Alargamento do espaço periodontal Interrupção da lâmina dura Radiolúcida Circunscrita Reabsorção radicular DOR LOCALIZADA DIFUSA ASSINTOMÁTICO Pouco intensa intensa Moderada/intensa moderada Exarcebada ao toque vertical Pulsátil, contínua e espontânea PERCUSSÃO VERTICAL DOR EXARCEBADA DISCRETA SENSIBILIDADE PERCUSSÃO HORIZONTAL DOR EXARCEBADA MASTIGAÇÃO EXARCEBADA TRISMO EXTRUSÃO E MOBILIDADE PRESENTE DISCRETA PRESENTE PALPAÇÃO LEVE EXARCEBADO OBSERVA Dente crescido Sem edema Pode ter febre, prostação e edema COROA ESCURA - Expansão da cortical óssea - Tumefação dura ou indolor - Tumefação mole Difuso, firme e aquecido Ponto de flutuação COMPLICAÇÕES OSTEOMIELITE, SINUSITE, ANGINA DE LUDWIG, PERIOSTITE OSSIFICANTE EVOLUÇÃO MANUTENÇÃO, REPARO, REAGUDECIMENTO OU EVOLUÇÃO PARA FASE POSTERIOR TRATAMENTO NECROPULPECTOMIA Necro+drenagem cirúrgica ASPIRAÇÃO 22 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 Desafios clínicos na Endodontia Na endodontia buscamos o sucesso do tratamento endodôntico caracterizado pela: - Ausência de doença perirradicular após um período de proservação adequado - Ausência de sinais e sintomas. As lesões perirradiculares podem ser persistentes, emergentes ou recorrentes. Na Endodontia existem os desafios relacionados a: 1. Qualificação Profissional Os erros comuns da ABERTURA CORONÁRIA são: acesso inadequado, perfuração, fratura de instrumento e presença de material restaurador. A FRATURA DE INSTRUMENTO ENDODÔNTICO pode ocorrer devido torção, dobramento ou fadiga. Para remoção pode utilizar inserto ultrassônico, by-pass ou Kit Masseran. O cirurgião-dentista pode não encontrar o canal adicional o que acarreta o insucesso do tratamento endodôntico. DEGRAU A presença de degraus ocorre devido perda do comprimento de trabalho especialmente em canais curvos. CAUSAS - Desconhecimento da anatomia dentária e, particularmente, do sentido da curvatura radicular. - Erro no acesso à cavidade pulpar. - Uso de instrumentos endodônticos com diâmetros não compatíveis com o diâmetro e a anatomia do canal. - Ângulo de rotação excessivo aplicado ao instrumento durante o seu avanço em sentido apical do canal. - Uso de instrumentos rígidos em segmentos curvos de canais radiculares. - Obstrução do canal por raspas de dentina ou outros resíduos durante a instrumentação COMO PREVENIR? - Um acesso coronário adequado, removendo interferências anatômicas dentinárias da embocadura do canal (desgaste compensatório). - Criação do leito do canal, quando realizada adequadamente e com princípios mecânicos corretos, favorece o avanço do instrumento endodôntico no sentido apical do canal radicular. - Cuidados nos movimentos rotacionais em dentes curvos, devendo-se realizar tentativa de rotação. - A identificação precoce da formação de degraus favorece a manobra de retomada da trajetória original do canal radicular. COMO TRATAR OS DEGRAUS? - Pequeno encurvamento da extremidade de um instrumento endodôntico de aço inoxidável tipo K 15 ou menor, se o diâmetro do canal radicular exigir. - Deve-se girar à direita e à esquerda, com pequeno avanço e retrocesso em sentido apical, para desviar do degrau e encontrar o trajeto original do canal. –A ampliação do segmento cervical permite o avanço em sentido apical da ponta do instrumento e inclinação do cabo do instrumento no sentido do degrau. - O instrumento endodôntico deve trabalhar com movimento de alargamento parcial à direita combinado ao de limagem até alcançar liberdade junto às paredes do canal radicular, em movimentos curtos sem ultrapassar o degrau. - Se o degrau não for ultrapassado, instrumenta-se e obtura-se o canal até ele. - O degrau favorece a formação de um falso canal cujo prognóstico é desfavorável. Também existe o transporte foraminal ou desvio que é a mudança do trajeto de um canal radicular curvo em seu segmento apical. TRANSPORTE FORAMINAL Desgaste progressivo da parede externa de um canal radicular curvo (convexa da raiz) na região apical. Ocorre em virtude do emprego do movimento de limagem e de instrumentos endodônticos rígidos - Transporte apical interno: desvio apical permanece na massa dentinária, junto ao comprimento de trabalho. 23 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 - Transporte apical externo ou Zip: desvio apical alcança o comprimento de patência e modifica a forma original do forame. Para prevenir utilizar instrumentos mais flexíveis e realizar movimentos de alargamento durante o preparo do batente apical. SOBREINSTRUMENTAÇÃO Observa hemorragia persistente e dificuldade em travar o cone de guta-percha. CAUSAS: - Radiografia de má qualidade - determinação incorreta do comprimento do dente e de trabalho - ponto de referência coronário deficiente - cursor mal posicionado - falta de atenção no controle da medida obtida do comprimento de trabalho. COMPLICAÇÕES - criação de ápice aberto o que aumenta possibilidade sobreobturação - dificuldade de selamento apical - favorece infiltração de líquidos - provoca dor e desconforto SUBINSTRUMENTAÇÃO Preparo do canal radicular aquém do limite apical de instrumentação estimado. CAUSAS - Erros na determinação do comprimento de trabalho - instrumentação aquém do CT, formação de “plug apical” - deficiente volume de solução química auxiliar durante a instrumentação - deficiência quanto à frequência da irrigação- aspiração - negligência quanto a recapitulação no CD ou CT - uso prolongado de instrumentos endodônticos. TRATAMENTO: - desobstrução de segmento apical do canal radicular com lima Kerr com irrigação e aspiração abundante. - Em canais curvos forma-se um falso canal ou perfuração radícular apical. - Pode levar ao insucesso do tratamento. 2. Morfologia Interna Dificultam o tratamento endodôntico: - dentes com grandes restaurações, cariados e fraturados - canal calcificado - dens in dente - canaisacessórios - Bifurcações e anastomoses - canais curvos - fratura radicular - reabsorção radicular - canais em C 3. Micro-organismos A microbiota relacionada ao insucesso=o do tratamento endodôntico em 90 % dos casos está relacionado com Enterococcus faecallis. Essa bactéria é resistente ao hidróxido de cálcio e sobrevivem a longos períodos em locais com reduzida disponibilidade de nutrientes. 4. Resposta imunológica Alguns micro-organismos conseguem superar as defesas do hospedeiro. Pode haver a persistência bacteriana na lesão após a remissão de um abscesso agudo. O selamento apical insatisfatório e consequente sobreobturação favorece a manutenção de micro-organismos. A ausência de um selamento coronário está relacionada com o insucesso do tratamento endodôntico. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ 24 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 Sequência Operatória de Biopulpectomia e Necropulpectomia Para o diagnóstico é necessário: anamnese, exame clínico e radiográfico. Revisar sobre anamnese e exame clínico aprendido na aula de Alterações Pulpares. Na avaliação do exame radiográfico deve observar: 1. Proximidade de lesões cariosas ou restaurações com câmara pulpar 2. Volume da câmara pulpar 3. Se há reabsorção e nódulos 4. Grau de formação radicular 5. Rarefações ósseas 6. Proximidade dos ápices com seio maxilar 7. Tratamentos endodônticos 8. Alterações anatômicas Para definir o tratamento: POLPA NORMAL Trat. conservador POLPA INFLAMADA Pulpite Reversível – tratamento conservador Pulpite de transição – tratamento conservador ou biopulpectomia Pulpite irreversível - biopulpectomia NECROSE PULPAR E RETRATAMENTO Necropulpectomia INDICAÇÕES DA BIOPULPECTOMIA: 1. Pulpite irreversível 2. Pulpite crônica 3. Exposição acidental da polpa mediante avaliação 4. Reabsorção Interna 5. Prótese-cirurgia PRIMEIRA SESSÃO DE BIOPULPECTOMIA (pode ser realizada em sessão única) 1. Anestesia 2. Inicia abertura coronária 3. Quando expor a câmara pulpar realizar isolamento absoluto 4. Antissepsia com álcool iodado 0,3% ou clorexidina gel 2% 5. Complementação da abertura coronária 6. Pulpotomia – remoção da polpa coronária 7. Irrigação da câmara pulpar com NaOCl 2,5% para prevenir escurecimento da coroa e combater possível infecção superficial 8. Exploração dos canais com movimento de cateterismo até 2 mm aquém do CAD 9. Odontometria 10. Pulpectomia – remoção da polpa radicular Canais amplos: em bloco Canais atresiados e curvos: fragmentação Irrigar com NaOCl 1% até completa remoção 11. Irriggar câmara pulpar com NaOCl 1 a 2,5% para remoção de sangue 12. Preparo biomecânico com NaOCl 0,5 a 1% 13. Medicação intracanal: corticosteroide- antibiótico ou hidróxido de cálcio 14. Cotosol + CIV SEGUNDA SESSÃO DE BIOPULPECTOMIA 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto + antissepsia 3. Remoção do selamento coronária e medicação intracanal 4. EDTA – 3 a 5 minutos com agitação com Easy Clean 5. Irrigação com NaOCl 0,5% 6. Irrigação com soro fisiológico 7. Secagem do canal 8. Seleção do cone de guta percha e desinfecção com NaOCl 2,5% por 10 minutos 9. Passar nos testes: tátil, visual e radiográfico 10. Obturação com cimento AH PLUS: técnica clássica ou técnica biológica controlada (levar o cimento junto com o cone removendo o excesso de cimento da ponta) 11. Técnica da condensação lateral: ativa ou passiva 12. Cortar o cone há 2 mm da junção amelocementária 13. Limpeza da câmara pulpar com bolinha de algodão embebida de álcool 14. Material obturador + cotosol + CIV PRIMEIRA SESSÃO DE NECROPULPECTOMIA 1. Anestesia 2. Remoção da cárie ou restauração 3. Inicia abertura coronária 4. Quando expor a câmara pulpar realizar isolamento absoluto 5. Antissepsia com álcool iodado 0,3% ou clorexidina gel 2% 6. Complementação da abertura coronária 7. Irrigação da câmara pulpar com NaOCl 2,5% 25 Nathália Maria Ferreira Gonçalves – T65 8. Neutralização (técnica imediada (tem tempo e utiliza hipoclorito de sódio 1 a 2,5%) e técnica mediata (sem tempo e utiliza hidróxido de cálcio +clorexidina) 9. Preparo biomecânico 10. Remoção da camada residual com Easy Clean 11. CURATIVO DE DEMORA Hidróxido de cálcio + clorexidina gel 2% Hidróxido de cálcio + soro Hidróxido de cálcio + propilenoglicol CASO NÃO TERMINE O PBM OU NEUTRALIZAÇÃO Hidróxido de cálcio + soro URGÊNCIA Pasta de hidróxido de cálcio + soro SEGUNDA SESSÃO NECROPULPECTOMIA 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto + antissepsia 3. Remoção do selamento coronária e medicação intracanal 4. EDTA – 3 a 5 minutos com agitação com Easy Clean 5. Irrigação com NaOCl 0,5% 6. Irrigação com soro fisiológico 7. Secagem do canal 8. Seleção do cone de guta percha e desinfecção com NaOCl 2,5% por 10 minutos 9. Passar nos testes: tátil, visual e radiográfico 10. Obturação com cimento AH PLUS: técnica clássica ou técnica biológica controlada (levar o cimento junto com o cone removendo o excesso de cimento da ponta) 11. Técnica da condensação lateral: ativa ou passiva 12. Cortar o cone há 2 mm da junção amelocementária 13. Limpeza da câmara pulpar com bolinha de algodão embebida de álcool 14. Material obturador + cotosol + CIV ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________
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