Buscar

4 A educacao-era-melhor-na-epoca-da-ditadurapdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/12558/a-educacao-era-melhor-na-epoca-
da-ditadura
Publicado em NOVA ESCOLA 23 de Setembro | 2018
Mentira na Educação, não!
A Educação era melhor na época
da ditadura?
Analisamos dados de analfabetismo, reprovação, matrículas e
investimentos para comparar a Educação durante o governo militar com
os tempos atuais
Ana Rita Cunha, do Aos Fatos
Paula Calçade
Menor nível de analfabetismo infantil, liberdade de ensino, universalização do Ensino
Fundamental, queda nas taxas de reprovação, aumento de vagas na pré-escola, ampliação do
investimento em Educação básica. Essas são conquistas da democracia. Ainda que durante o
regime militar tenha havido uma expansão significativa do Ensino Fundamental e melhoras nas
taxas de alfabetização, foi durante os anos da democracia que esses avanços se consolidaram.
LEIA MAIS Como evitar que seus alunos sejam enganados na internet (e nos grupos de
WhatsApp)
Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob o regime de ditadura militar que restringiu as liberdades
individuais e políticas, censurou a opinião pública, a imprensa e as artes, criminalizando e
torturando opositores. Apesar de todos esses cerceamentos, não é incomum encontrar nas redes
sociais comentários de que a Educação no tempo dos militares era melhor. Para discutir essa
questão, NOVA ESCOLA, em parceria com a agência de verificação Aos Fatos, analisou dados
sobre analfabetismo, reprovação, atendimento escolar e investimentos estatais dos dois
períodos.
https://novaescola.org.br/conteudo/12558/a-educacao-era-melhor-na-epoca-da-ditadura
/conteudo/12517/como-evitar-que-seus-alunos-sejam-enganados-na-internet
A principal limitação de comparação é a ausência de dados qualitativos sobre o ensino durante o
período de governo militar, em parte, como consequência das próprias decisões dos governantes.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão fundado
em 1937, que coordena atualmente os sistemas de avaliação de ensino no Brasil, teve sua
estrutura restringida pelos militares, com o fechamento dos centros regionais de pesquisa em
1973 e do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) em 1976. O Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb), que atualmente avalia o Ensino Fundamental e Médio, começou a ser
estruturado em 1988, mas só passou a ser implementado a partir de 1990.
LEIA MAIS Ensino Superior é mesmo o grande sonho do jovem brasileiro?
Para Silvana Souza, pós-doutora em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora
em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), a falta de informação sobre a Educação
durante a ditatura militar revela a ausência de memória do que realmente ocorreu naquele
período no Brasil. “A chamada justiça de transição envolve três aspectos igualmente importantes,
que são: justiça, memória e verdade. A insuficiência das políticas de memória faz com que grande
parte dos brasileiros não saiba até hoje o que aconteceu de 1964 a 1985, inclusive a respeito dos
aspectos educacionais”, pontua. 
Na ausência dos dados qualitativos foram selecionados dados de alfabetização e reprovação
como variáveis para entender a eficiência do ensino na ditadura militar e no período de
democracia recente. Também usamos os dados sobre investimento estatal na Educação e taxa de
atendimento escolar para avaliar a distribuição de recursos do Estado na área de Educação. A
seleção das variáveis foi baseada nos números com séries históricas mais longas disponíveis.
Além disso, a discussão sobre liberdade de cátedra – um aspecto importante da Educação que
assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento – foi incluída nessa
análise.
LEIA MAIS Pode distribuir santinho em porta de escola?
Dito isso, a proposta é responder a quatro questões.
 
Mais crianças sabiam ler e escrever na época da ditadura?
Os dados do Censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que há mais crianças alfabetizadas atualmente do que durante o governo militar. Nos chamados
anos de chumbo, período de maior repressão do regime militar de 1968 a 1974, 24 a cada 100
crianças de 10 a 14 anos não sabiam ler e escrever, de acordo com dados da publicação
Estatísticas do Século XX. A partir da década de 1990, a proporção de crianças analfabetas cai e,
durante o período democrático, em média, apenas 5 a cada 100 crianças de 10 a 14 anos são
analfabetas.
Para chegar a esse número, o Aos Fatos fez a média da porcentagem da população analfabeta
nessa faixa etária presentes no Censo de 1970, 1980 e 1990 (este último com apenas quatro anos
no regime democrático). O resultado foi uma média de 23,8%. Se fossem usados apenas os dados
de 1970 e 1980. Teríamos uma média de 27,6%, arredondando, 28% – ou seja, 28 crianças a cada
100 não sabiam ler e escrever.
 
Vídeo: https://www.youtube.com/embed/hl35uu5O8xI
http://www.inep.gov.br/
http://portal.inep.gov.br/historia
http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/2376/2325
http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/saeb
/conteudo/12562/ensino-superior-e-mesmo-o-grande-sonho-do-jovem-brasileiro
/conteudo/12557/pode-distribuir-santinho-em-porta-de-escola
https://www.ibge.gov.br/
https://seculoxx.ibge.gov.br/
https://www.youtube.com/embed/hl35uu5O8xI
A partir do período da redemocratização, foi se consolidando na legislação que regula o sistema
educacional brasileiro a ampliação da obrigatoriedade do acesso à escola. Silvana Souza
exemplifica que de 1988 para cá, saltamos de 8 anos de escolarização obrigatória para 14 anos.
“O ‘espírito’ da legislação educacional a partir da Constituição Federal de 1988 é universalizar o
acesso não somente ao Ensino Fundamental, mas progressivamente atingir a totalidade da
Educação Básica, que inclui Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio”, enfatiza.
Para chegar à média de 5 a cada 100 crianças de 10 a 14 anos analfabetas a partir da década de
1990, Aos Fatos usou os dados dos anos 2000 e 2010, que é de 4,9%.
Vale notar que durante a ditadura houve redução no número de crianças analfabetas em relação
aos anos anteriores. De acordo com o Censo de 1960, quase 40% das crianças entre 10 e 14 anos
não sabiam ler e escrever, número que caiu progressivamente até alcançar 18,9% no censo de
1990, poucos anos após o final do governo militar. Entretanto, é importante ressaltar que durante
o período mais duro do regime militar, nos governos dos presidentes Emílio Médici e Ernesto
Geisel, o ritmo de redução do analfabetismo infantil registrou uma desaceleração. Entre os
censos de 1960 e 1970, a porcentagem de crianças analfabetas recuou de 39,7% para 32,9%
nessa mesma faixa entre 10 e 14 anos. Já dos anos 1970 a 1980, a queda foi de 32,9% para 25,5%.
Entre os censos de 1980 e 1991, a redução do analfabetismo infantil atingiu 18,9% entre as
crianças de 10 a 14 anos.
Durante o período democrático, o acesso ao Ensino Fundamental foi universalizado e, de acordo
com os dados do último Censo de 2010, apenas 2,5% das crianças de 10 a 14 anos eram
analfabetas.
 
A reprovação escolar era menor na ditadura?
A principal dificuldade para comparar dados de repetência está na diferença como esses dados
são coletados e avaliados ao longo do tempo. O estatístico Ruben Klein, do Laboratório Nacional
de Computação Científica, em artigo publicado pelo Inep, explica que nos censos escolares até
1993 só contavam como repetentes alunos que reprovavam e voltavam a se matricular nas
escolas. Alunos que deixavam de frequentar a série ao longo do ano eram incluídos nas
estatísticas de evasão escolar e não na de repetência.
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/484184/Produ%C3%A7%C3%A3o+e+utiliza%C3%A7%C3%A3o+de+indicadores+educacionais+metodologia+de+c%C3%A1lculo+de+indicadores+do+fluxo+escolar+da+educa%C3%A7%C3%A3o+b%C3%A1sica/def14c32-639f-4c1e-98e5-2e7d0105a4a1?version=1.2
Para evitar erros ao comparar dados com coletas e tratamentos estatísticos diferentes, vamosusar a série corrigida dos dados de repetência do Censo Escolar a partir da metodologia sugerida
por Klein, que vai de 1981 a 2001. Nessa série histórica estão incluídos os cinco anos finais da
ditadura militar, permitindo avaliar a consolidação das políticas educacionais realizadas nesse
período de 21 anos do regime repressivo.
Nos anos iniciais, há uma redução considerável da reprovação escolar no período democrático,
principalmente na primeira série. Ao final da ditadura militar, mais da metade das crianças que
entravam na primeira série repetiam de ano. Essa proporção cai para 32% em 2001. Ou seja,
ainda que o problema da reprovação persista no período democrático, houve avanços
significativos. No artigo O Censo Educacional e o modelo de fluxo: o problema da repetência,
Ruben Klein destaca que a melhoria na repetência está associada ao maior acesso à pré-escola. A
taxa de atendimento escolar de crianças de 4 a 6 anos saltou de 28%, em 1980, para 90% em
2015, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, também houve avanços na redução da reprovação
escolar ao longo do período democrático. Ao final do regime militar, as taxas de reprovação
estavam em 45% para os alunos que cursaram a 5ª série e 25% para os alunos que cursaram a 8ª
série. Em 2001, a reprovação na 5ª série era de 28% e na 8ª série, 15%.
 
Mais crianças frequentavam a escola durante a ditadura?
A taxa de atendimento escolar, ou seja, parcela de uma população que se encontra matriculada
no ensino regular teve uma forte expansão durante o período militar principalmente na faixa de 7
a 17 anos. É no período democrático, no entanto, que vemos a consolidação do acesso ao nível
Fundamental e Médio e também temos uma expansão expressiva do acesso ao ensino pré-
escolar.
A pós-doutora da UnB Silvana Souza ressalta que a escolarização obrigatória é aquela que é
direito de todos dos 4 aos 17 anos e responsabilidade do poder público e isso é uma conquista da
democracia. “As famílias também têm sua parte de obrigação, pois a matrícula nesse período
escolar é responsabilidade legal dos familiares. Hoje, nenhuma família brasileira tem o direito de
deixar suas crianças fora da escola, sob pena de responder por isso e o estado também não pode
deixar de oferecer escolas”, sintetiza.
Em 1970, 67,1% da população de 7 a 14 anos frequentavam a escola. Esse número sobe para
81,8% em 1985, último ano do governo militar, de acordo com dados do Ministério da Educação,
disponíveis no relatório Estatísticas da Educação Básica do Brasil, do Inep. Em 1991, o
atendimento escolar de crianças de 7 a 14 anos salta para 91,6%, ainda de acordo com os dados
do Ministério da Educação e alcança 98,5% em 2015, de acordo com a Pnad, realizada pelo IBGE.
A proporção de crianças matriculadas na pré-escola teve avanços no período militar, mas foi
durante o período democrático que se seguiu que ela passou a atender a maioria da população
de 4 a 6 anos. De acordo com os dados do Ministério da Educação, em 1970, 9,3% das crianças de
4 a 6 anos estavam matriculadas em escolas, parcela que aumentou para 28,6% em 1985 e saltou
para 72,5% em 2005, alcançando 90,5% em 2015 (esses dois últimos dados são da Pnad).
Em relação aos jovens de 15 a 17 anos, em 1970, apenas 40,1% estavam matriculados em escolas.
Essa porcentagem sobe para 59,2% em 1985. Esse primeiro ciclo de expansão pode ser explicado
pelas mudanças na legislação da educação durante o regime militar. A obrigatoriedade do ensino
foi instituída pela primeira vez na Constituição de 1934, mas ela só foi regulamentada em 1961,
com a primeira Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB). Essa lei regulamentou a
obrigatoriedade dos quatro anos iniciais do Ensino Fundamental, na época chamado de ensino
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/484154/Estat%C3%ADsticas+da+educa%C3%A7%C3%A3o+b%C3%A1sica+no+Brasil/e2826e0e-9884-423c-a2e4-658640ddff90?version=1.1
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html?edicao=18264&t=microdados
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html
primário. Com isso, o ingresso nos quatro anos seguintes, chamados de ginásio, exigia um exame
de admissão. Em 1971, foi promulgada a segunda LDB, que instituiu a obrigatoriedade dos 8 anos
de Ensino Fundamental e extinguiu o exame ginasial. Com isso, a nova legislação ampliou a
permanência de jovens nas escolas.
A maior expansão de matrícula de jovens de 15 a 17 anos ocorreu nos anos 1990, a partir da
Constituição de 1988 e da atual LDB, quando o Ensino Médio passou a ser obrigatório e criaram-
se mais vagas nessa etapa – e, consequentemente, ampliação de matrículas. Em 1991, a parcela
de jovens de 15 a 17 anos matriculados na escola salta para 69,2%. Em 2015, 84,3% dos jovens de
15 a 17 anos frequentam a escola, de acordo com a Pnad do IBGE.
 
A porcentagem do PIB investido em Educação era maior?
De acordo com levantamento do Ministério da Educação e os dados da Unesco, o Brasil ampliou
de forma significativa a parcela de investimento em Educação em relação ao PIB durante o
período democrático. Em 1980, as despesas com Educação dos governos federais, estaduais e
municipais representavam 2,46% do PIB do país, de acordo com os dados do relatório do IBGE
Estatísticas do Século XX. Ao final do regime militar, em 1985, essas despesas passaram a
representar 2,72% do PIB.
A partir do processo de redemocratização, os investimentos em Educação tiveram uma alta
significativa, passando a representar 4,5% do PIB em 1995, de acordo com dados da Unesco. Na
última década, os gastos também aumentaram e, em 2014, representavam 5,95% do PIB, ainda
segundo a Unesco.
O aumento do investimento em Educação, vinculado à expansão do atendimento, é uma
conquista democrática, na opinião de Silvana Souza. Ela afirma que não há como quase dobrar a
Educação obrigatória sem o respectivo aumento do investimento financeiro, o que ainda está em
construção no Brasil. “Só se poderá falar em democracia na Educação quando houver acesso e
permanência, inclusive na idade própria, a um sistema escolar de qualidade para todos”, define.
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm
https://seculoxx.ibge.gov.br/
http://data.uis.unesco.org/?queryid=181
 
Os professores tinham liberdade para dar aula no governo militar?
Durante a maior parte da ditadura, os professores não tiveram a liberdade de cátedra, ou seja, a
liberdade para ensinar e pesquisar sem censura. A Constituição Federal de 1967, promulgada
durante o regime militar, mencionava o direito à liberdade de cátedra e essa menção foi excluída
após uma emenda constitucional em 1969. Esse direito só voltou a ser garantido pela
Constituição Federal de 1988.
Nos primeiros anos do regime militar, entre 1964 e 1966, vigorou a Constituição promulgada em
1946. Nesse texto constitucional estava garantida a liberdade de cátedra na seção sobre Educação
e Cultura. A Constituição de 1967 foi promulgada após abertura extraordinária do Congresso
Nacional — que foi fechado pelo governo militar em outubro 1966. A nova legislação mantinha o
direito à cátedra, dessa vez na seção sobre Família, Educação e Cultura.
A partir do AI-5 (Ato Institucional n° 5), em dezembro 1968, ocorreu um endurecimento da
ditadura, com novo fechamento do Congresso, instituição da censura prévia e aumento do poder
do presidente. Seguido desse processo conhecido como “golpe dentro do golpe”, a emenda
constitucional em 1969 excluiu o trecho sobre liberdade de cátedra. A emenda instituiu que
estaria resguardada a “liberdade de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério”,
desde que não houvesse o “abuso de direito individual ou político com o propósito de subversão
do regime democrático ou de corrupção”. Caso um professor ou professora fosseconsiderado
subversivo, ele poderia sofrer suspensão dos direitos individuais ou políticos por um período de
dois a dez anos.
A repercussão disso, para Silvana Souza, foi a mudança do perfil dos intelectuais brasileiros e a
limitação da atuação dos professores como um todo. “Com a mordaça política e intelectual
decorrente da ditadura, os intelectuais brasileiros ficaram mais circunscritos ao ambiente
acadêmico das universidades e a política perde muito com isso até hoje”, afirma a pós doutora
pela UnB, enfatizando que até o golpe de 1964, os intelectuais brasileiros eram operadores da
política, como Anísio Teixeira, Darci Ribeiro e Paulo Freire.
A Constituição de 1988 retomou a liberdade de cátedra, mas não apareceu citada nominalmente.
Na atual Constituição, no art. 206, inciso II, está garantida a “liberdade de aprender, ensinar,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. Pela Constituição, a liberdade de cátedra só
pode ser limitada quando em choque com outro direito fundamental.
 
LEIA MAIS
As taxas de analfabetismo ainda são altas no Brasil?
Dar bônus a professores resolve problema na Educação?
Carreira de professor passou a ser mais valorizada no Maranhão?
Essa reportagem faz parte da campanha Mentira na Educação, não!, que realizará
checagens de notícias sobre Educação. A iniciativa é realizada por NOVA ESCOLA, com
apoio do INSTITUTO UNIBANCO, INSTITUTO ALANA, CANAL FUTURA e FACEBOOK.
 
 
 
 
/conteudo/12398/as-taxas-de-analfabetismo-ainda-sao-altas-no-brasil
/conteudo/12235/dar-bonus-a-professores-garante-uma-educacao-melhor
/conteudo/11614/governo-do-ma-cumpre-apenas-em-parte-promessa-de-valorizar-professores
http://www.institutounibanco.org.br/
http://alana.org.br/
http://futura.org.br/
https://www.facebook.com/
	Mais crianças sabiam ler e escrever na época da ditadura?
	A reprovação escolar era menor na ditadura?
	Mais crianças frequentavam a escola durante a ditadura?
	A porcentagem do PIB investido em Educação era maior?
	Os professores tinham liberdade para dar aula no governo militar?

Continue navegando