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DOUTO JUÍZO DA ... VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE X Mévio, brasileiro, portador do RG nº..., CPF nº..., Título de eleitor nº ..., estado civil, profissão, residente e domiciliado em..., endereço eletrônico..., por seu advogado (procuração anexa), o qual exerce as atividades profissionais em..., vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, inciso LXXII, da CF/88 e no art. 1º da Lei nº 4.717/65, propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR Em face de Fulano de Tal, presidente da República, CPF nº...., RG nº..., o qual exerce as atribuições funcionais em...; da União, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº..., a qual é representada judicialmente pela AGU, com sede em...; e Centro Universitário NF, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ..., com sede em..., em virtude das razões de fato e de direito que passa a expor. 1. DOS FATOS Fulano de Tal, Presidente da República, concedeu a qualificação de Organização Social ao “Centro Universitário NF”, pessoa jurídica de direito privado que explora comercialmente atividades de ensino e pesquisa em graduação e pós-graduação em diversas áreas. Diante da referida qualificação, celebrou contrato de gestão para descentralização das atividades de ensino, autorizando, gratuitamente, o uso de um prédio para receber as novas instalações da universidade e destinando-lhe recursos orçamentários. Além disso, celebrou contrato com a instituição, com dispensa de licitação, para a prestação de serviços de pesquisa de opinião. Diversos veículos de comunicação demonstraram que Sicrano e Beltrano, filhos do Presidente, são sócios do Centro Universitário. Indignado, o autor, cidadão residente no Município X, objetivando impedir a consumação da transferência de recursos e o uso não remunerado do imóvel público pela instituição da qual os filhos do Presidente são sócios, vem ajuizar a presente Ação Popular com pedido liminar. 2. DO DIREITO Qualquer cidadão é parte legítima para ajuizar ação popular objetivando anular ato ou contrato lesivo à moralidade administrativa e ao patrimônio público, conforme o art. 5º, inciso LXXII e art. 1º da lei nº 4.717/65. A cidadania deve ser comprovada através do título eleitoral ou documento equivalente, o qual encontra-se juntado à petição, demonstrando, portanto a legitimidade ativa do autor, nos termos do art. 1º, § 3º, da lei nº 4717/65. Veja-se que o réu, Presidente da República, em expressa afronta à lei, qualificou entidade privada, com fins lucrativos, como Organização Social, violando, assim, o art. 1º, da Lei nº 9.637/98, com o propósito de beneficiar a empresa da qual seus filhos são sócios. Em assim agindo, além de violar o princípio da legalidade, resta evidente a afronta ao princípio da moralidade e da impessoalidade, ambos previstos no caput do art. 37 da CF/88, ao utilizar a máquina pública para favorecer seus filhos. A série de ilegalidades cometida pelos réus não para por aí. Isso porque ao celebrar contrato de prestação de serviços de pesquisa de opinião, ou seja, objeto diferente do contrato de gestão (serviços educacionais), os réus violaram flagrantemente o disposto no art. 24, inciso XXIV, da Lei nº 8.666/93. Verifica-se, portanto que, não somente o contrato de gestão é nulo, por vício na qualificação da OS, que destina além de recursos públicos, a cessão de um bem imóvel gratuitamente, como também o contrato de prestação de serviços por dispensa de licitação. 3. DA MEDIDA LIMINAR Prevê o art. 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65, que na defesa do patrimônio público, cabe a suspensão liminar do ato impugnado. Veja-se que os requisitos para a concessão da medida, são o fumus boni iuris (probabilidade do direito) direito e o periculum in mora (perigo da demora). A probabilidade do direito resta demonstrada pela série de ilegalidades cometidas pelos réus, conforme expostas na fundamentação, as quais eivam de ilegalidade não apenas o ato de qualificação da sociedade empresária como Organização Social, mas também o contrato de gestão e o contrato de prestação de serviços sem licitação. O periculum in mora se evidencia pela iminência de transferência de recursos financeiros para a entidade privada, bem como a ocupação e utilização de bem público, de modo gratuito, restando evidente o perigo de dano ao patrimônio público, se não concedida a liminar. Assim, desde já, torna-se necessária a suspensão do ato de qualificação, bem como do contrato de gestão e de prestação de serviço firmados pelos réus, determinando-se à União que se abstenha de permitir a utilização do imóvel pela pessoa privada e de repassar qualquer espécie de recurso financeiro. 4. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: 1) A concessão da medida liminar para suspender o ato de qualificação, bem como o contrato de gestão e de prestação de serviço firmados pelos réus, determinando-se à União que se abstenha de permitir a utilização do imóvel pela pessoa privada e de repassar qualquer espécie de recurso financeiro; 2) a citação dos réus para contestarem a ação no prazo legal de 20 dias; 3) a juntada do título eleitoral como prova da cidadania; 4) a produção de todas as provas não defesas em lei; 5) a procedência da ação para, em definitivo, anular o ato de qualificação e os contratos celebrados pelos réus, nos termos do pedido liminar; 6) a condenação dos réus em custas processuais e honorários advocatícios, com a isenção do autor, uma vez presente a boa-fé; e 7) a intimação do membro do ministério público para a emissão de suas considerações. Nestes termos, pede deferimento. Dá-se à causa, o valor de R$... Local/Data Advogado/OAB