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PRÁTICA PENAL 4ª AULA – DENÚNCIA DENÚNCIA 1. Conceito: Denúncia é o ato processual por meio do qual o titular da ação penal pública (Ministério Público) se dirige ao Juiz, dando-lhe conhecimento da prática de um fato delituoso e manifestando a vontade de ser aplicada a sanção penal ao imputado, ou seja, denúncia é como se denomina a peça acusatória na ação penal pública. 2. Disciplina legal: a denúncia tem por fundamento legal os dispositivos que regulam a ação penal pública, previstos no art. 129, I, da CF/88, nos arts. 24 a 62 do Código de Processo Penal e no art. 100, § 1º do Código Penal. DENÚNCIA 3. Princípios 3.1 Obrigatoriedade: presentes as condições da ação penal e havendo justa causa para a deflagração de um processo criminal, o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. Deriva do art. 24 do CPP. Exceções ao princípio da obrigatoriedade: (1) Transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95); (2) Acordo de leniência (Lei nº 12.529/11, arts. 86 e 87 ); (3) Termo de ajustamento de conduta (Lei nº 7.347/85, art. 5º, § 6º); (4) Parcelamento do débito tributário (Lei nº 9.430/96, art. 83, § 2º, com redação dada pela Lei nº 12.382/11); DENÚNCIA (5) Colaboração premiada na nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/13, arts. 4º a 7º); (6) Acordo de não persecução penal (Art. 28-A do CPP). 3.2 Princípio da indisponibilidade – O Ministério Público não pode desistir da ação penal pública, nem tampouco do recurso que haja interposto (CPP, arts. 42 e 576). Isso, todavia, não significa dizer que o Ministério Público não possa pedir a absolvição do acusado. Exceção ao princípio da indisponibilidade: suspensão condicional do processo (Lei nº 9.099/95, art. 89). DENÚNCIA 3.3 Princípio da (in) divisibilidade: parte da doutrina entende que vigora na ação penal pública o princípio da indivisibilidade. Logo, havendo lastro probatório contra todos os coautores e partícipes, o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia contra todos (nossa posição). Outra parte da doutrina e a jurisprudência majoritária entende que vigora o princípio da divisibilidade, significando que o Parquet pode oferecer denúncia contra certos agentes, sem prejuízo do aprofundamento das investigações quanto aos demais envolvidos. 3.4 Princípio da intranscendência: a ação penal pública só pode ser proposta em relação ao provável autor do delito. DENÚNCIA 4. Condições gerais da ação penal 4.1 Legitimidade: 4.1.1. Legitimidade ativa – Ministério Público, conforme previsão no art. 129, I, da CF/88, no art. 100, § 1º, do CP e no art. 24, caput, do CPP. 4.1.2. Legitimidade passiva – pessoa física e maior de 18 anos. A Constituição Federal estabelece que os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis (art. 228). Legitimidade da pessoa jurídica: em regra não, salvo em crimes ambientais (teoria da dupla imputação - desde que haja a imputação simultânea da pessoa física que atua em nome ou em benefício da pessoa jurídica). DENÚNCIA 4.2 Interesse de agir: não ocorreu a extinção da punibilidade. O juiz pode de ofício reconhecer a extinção da punibilidade (Art. 61, caput, do CPP). Código Penal Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. DENÚNCIA 4.3 Possibilidade jurídica do pedido: possibilidade de pedido de condenação para fato típico. 4.4 Justa causa: Justa causa é o lastro probatório mínimo (probable cause) que deve lastrear toda e qualquer acusação penal. Tendo em vista que a simples instauração de um processo penal já atinge o chamado status dignitatis do imputado, não se pode admitir a instauração de processos levianos, temerários, desprovidos de um lastro mínimo de elementos de informação, provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis, que dê arrimo à acusação. Recebimento da denúncia/queixa-crime = in dúbio pro societate. DENÚNCIA 5. Condições específicas da ação penal Além das condições genéricas da ação penal, cuja presença é obrigatória em todo e qualquer processo penal, há determinadas situações em que a lei condiciona o exercício do direito de ação ao preenchimento de certas condições específicas. Exemplos de condições específicas da ação penal: a) Representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada à representação; b) Requisição do Ministro da Justiça, nos crimes de ação penal pública condicionada à requisição: Ex.: os crimes contra a honra do Presidente da República (CP, art. 145, parágrafo único); DENÚNCIA 6. Prazo: O prazo para o oferecimento da denúncia consta do art. 46 do CPP: “o prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito policial (art. 16), contar- se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos”. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação (CPP, art. 46, § 1º). DENÚNCIA 6.1 Prazo específicos para oferecimento da denúncia previsto em legislação especial: a) Lei de drogas – o prazo para oferecimento da denúncia é de 10 (dez) dias, no caso de imputado preso ou solto. b) No caso de crimes contra a economia popular, diz o art. 10, § 2º, da Lei nº 1.521/51, que o prazo para oferecimento da denúncia será de 2 (dois) dias, esteja ou não o acusado preso. c) O Código Eleitoral prevê o prazo de 10 (dez) dias para o oferecimento da denúncia, esteja o acusado preso ou em liberdade (Lei nº 4.737/65, art. 357, caput). DENÚNCIA 7. Requisitos – De acordo com o art. 41 do CPP, “a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. O aludido dispositivo tratou da denúncia ou queixa-crime com rara pobreza. A doutrina acrescenta outros, tais como o endereçamento da peça acusatória, sua redação em vernáculo, o pedido, assim como a subscrição da peça pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante, sem olvidar da procuração com poderes especiais, e do recolhimento de custas, no caso de queixa-crime DENÚNCIA 7.1 Endereçamento da peça acusatória - Para o juiz ou tribunal a que é dirigida. No momento, tem sentido uma indagação: se houver erro em relação ao juiz para o qual foi dirigida a denúncia, haverá inépcia? O STF, chamado a pronunciar-se sobre o quesito, entendeu inocorrer inépcia em tal caso. Nada impede que o juiz, ao receber o feito, constatando o equívoco, declare nos autos a sua incompetência, remetendo- os à autoridade judiciária competente, haja ou não alegação da parte adversa. Poderá, no entanto, o réu opor a exceção de incompetência a que alude o art. 108 do CPP, caso haja omissão por parte da autoridade judiciária. DENÚNCIA 7.2 A qualificação do réu ou os esclarecimentos pelos quais se possa identificá-los O vocábulo qualificação reveste conotação técnico-específica para indicar os meios pelos quais uma pessoa (no caso, o denunciado) que se distingue das demais. Assim, da denúncia deverão constar o nome completo do indiciado, o vulgo (muitas vezes, os marginais são mais conhecidos pelo chamado “nome de guerra”), o estado civil, CPF, número de identidade, etc. Como nem sempre será possível a obtenção de todosos dados identificadores do acusado. Em decorrência, a legislação previu aos “esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo”. Conclui-se que pode o acusado esteja identificado de forma incompleta. Porém, não se admite, jamais, uma acusação contra pessoa incerta. DENÚNCIA 7.3 Exposição do fato, com todas as suas circunstâncias: De todos os requisitos da denúncia, este é o que merece maiores cuidados no seu trato. Na verdade, o juiz julga o fato e isto resulta bem claro da leitura do art. 383 do CPP. Por outro lado, o réu se defende da imputação de fato determinado contido na denúncia e não da classificação dada pelo Ministério Público àquele mesmo fato. Desde que o fato esteja perfeitamente descrito na petição inicial, o juiz poderá, no momento oportuno, proceder à corrigenda do libelo (emendatio libelli). A respeito dos requisitos que a narração dos fatos deve ter: (1) a pessoa que praticou o fato; (2) os meios empregados; (3) o mal causado; (4) os motivos; (5) a maneira como foi praticado; (6) o lugar; (7) o tempo. DENÚNCIA A narração do fato, segundo boa doutrina, deve ser sucinta. Mas há fatos e fatos, casos e casos; dessa forma, nem sempre a denúncia poderá ser breve. O que importante, nesta fase, é a clareza da denúncia, seja ela sucinta ou não. Importa, isto sim, que ela propicie ao réu conhecer plenamente a acusação de maneira a exercer a ampla defesa. Desse modo, a data e o lugar do fato devem estar narrados. A data serve para fixação da prescrição e da decadência, enquanto o lugar para determinação da competência. O acusado e seu defensor precisam ter consciência, com precisão, do fato imputado. Não pode o acusado, em síntese, correr o risco de ter proferido contra si decreto condenatório por fato diferente daquele constante da peça acusatória. DENÚNCIA O fato da imputação é que se presta a delimitar a acusação e, assim, serve para a identificação da ação penal, para a verificação da correlação entre acusação e sentença, para a efetivação do contraditório e como garantia do exercício da defesa. Para Renato Brasileiro (2022), de maneira diversa da seara cível, a petição inicial do processo penal deve primar pela concisão, para que não se transforme em verdadeiros memoriais, avaliando provas e sugerindo jurisprudência a ser adotada. Deve se limitar a apontar os fatos delituosos cometidos pelo autor, deixando para a fase de alegações orais (ou memoriais) a valoração da doutrina e da jurisprudência. Devem ser descritos todos os elementos do tipo penal. Se houver concurso de pessoas, deve ser descrito o modo como cada um dos coautores ou partícipes concorreu para o evento. DENÚNCIA 7.4 Classificação do crime: A classificação do crime é a indicação do dispositivo legal que descreve o fato criminoso praticado pelo imputado. Não basta a simples menção do nomen juris da figura delituosa (homicídio simples), pois, sob a mesma denominação, podem aparecer crimes diferentes, como o homicídio previsto no Código Penal e o homicídio previsto no Código Penal Militar. Deve haver, portanto, a indicação do dispositivo legal em cuja pena se encontra incurso o acusado (CP, art. 121, caput). Prevalece o entendimento de que, no processo penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação que lhes seja atribuída. DENÚNCIA Quando do recebimento da peça acusatória, entende- se que não se trata do momento adequado para a apreciação do verdadeiro dispositivo legal violado, até mesmo porque o magistrado não fica vinculado à classificação do crime feita na denúncia. Não se deve indicar na denúncia as agravantes e atenuantes, pois estas não definem qualquer tipo penal, apenas irão influir na dosagem da pena pelo juiz (art. 68). Já as qualificadoras deverão estar descritas na denúncia, pois estas definem um tipo revestido de condições especiais acrescidas ao tipo penal básico. DENÚNCIA 7.5 Dos pedidos: Do requerimento de citação do imputado. A citação, em sua natureza, revela um ato de comunicação processual; melhor dizendo: o mais importante de todos os atos de comunicação processual, surgindo como exigência inafastável do contraditório e do devido processo legal. O pedido de condenação ou de pronúncia. Nos crimes da competência do Tribunal do Júri, o Ministério Público não pode pedir a condenação do réu quando do oferecimento de denúncia, pela simples razão de que o pedido seria juridicamente impossível, tendo em vista que o juiz de direito não dispõe de jurisdição para tanto. Cabe pedir apenas a pronúncia. DENÚNCIA As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos. Com a denúncia, o autor indicará todas as provas que pretende produzir, solicitando ao juiz sua admissão, sob pena de preclusão, caso não o faça. Abra-se exceção para a prova documental que pode, a todo o tempo, ser trazida para os autos (art. 231, CPP). Art. 231, CPP. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase. DENÚNCIA 7.6 Rol de testemunhas: Segundo o art. 41 do CPP, a peça acusatória deve conter o rol de testemunhas, quando necessário. Como fica evidente, a apresentação do rol de testemunhas não é um requisito essencial. Afinal, há situações em que a prova do fato delituoso é eminentemente documental, sendo desnecessária a oitiva de quaisquer testemunhas (crimes contra a ordem tributária). Porém, como esse é o momento processual oportuno para a apresentação do rol de testemunhas pela parte acusadora, caso não o faça, haverá preclusão temporal. DENÚNCIA O número máximo de testemunhas: a) procedimento comum ordinário: 8 (oito) testemunhas (CPP, art. 401, caput); b) procedimento comum sumário: 5 (cinco) testemunhas (CPP, art. 532); c) procedimento sumaríssimo: 3 (três) testemunhas; d) primeira fase do procedimento do júri: 8 (oito) testemunhas (CPP, art. 406, § 3º); e) segunda fase do procedimento do júri: 5 (cinco) testemunhas (CPP, art. 422); f) procedimento da Lei de drogas: 5 (cinco) testemunhas (Lei nº 11.343/06, art. 54, inciso III). DENÚNCIA 7.7 Redação em vernáculo A peça acusatória deve ser redigida em português. Apesar de não haver dispositivo expresso nesse sentido constante do CPP, tal requisito pode ser extraído dos arts. 193, 223, 236 e 784, § 1º, do CPP, os quais denotam que os atos processuais devem ser praticados na língua portuguesa. DENÚNCIA 7.8 Peça acusatória subscrita pelo Ministério Público A denúncia deve ser subscrita pelo órgão do Ministério Público que detém atribuições para atuar no caso concreto. A ausência dessa assinatura, todavia, por entendimento do STF e do STJ, não ensejará a obrigatória rejeição da peça acusatória ou a nulidade ab initio do processo, caso não haja dúvidas acerca da autenticidade da peça acusatória, ou quando for facilmente identificável aferir quem a elaborou. Pode a denúncia ser assinada por estagiário do Ministério Público? Sim, desde a denúncia também venha firmada pelo Promotor de Justiça. Assinatura da denúncia por mais de um Promotor de Justiça. DENÚNCIA 8. Denúncia genérica e crimes societários Na hipótese de infrações penais cometidas por mais de um agente, há necessidade de a peça acusatória descrever o quanto possível a conduta delituosa de cada um dos agentes. Ou seja, há necessidade de se individualizar o máximo possível as ações delituosas atribuídas a coautores e partícipes, evitando-se acusações genéricas ou afirmações como, por exemplo, que “os dois acusados, de comum acordo, praticaram o crime”. Dizemos que essa individualização deve ser feita o quanto possível porquanto há situações em que é inviável exigir-se do órgão acusador a narrativa da conduta de cada um dos concorrentes. Ex.: roubo a banco de agentes encapuzados. DENÚNCIA Especificamente quanto aos chamados crimes societários (ou de gabinete), assim entendidos aqueles praticados por sócios, mandatários, administradores ou responsáveis por uma pessoa jurídica, a jurisprudência entendia, num primeiromomento, ser válido o oferecimento de denúncia genérica, ou seja, uma denúncia que não descrevesse, individualizadamente, a conduta de cada um dos denunciados. DENÚNCIA Contudo, recentemente, nota-se que a jurisprudência passou a se inclinar no sentido da impossibilidade de oferecimento de denúncia genérica. De fato, em julgados mais recentes dos Tribunais Superiores, tem-se entendido que, quando se trata de crime societário, a denúncia não pode ser genérica. Ela deve estabelecer o vínculo do administrador ao ato ilícito que lhe está sendo imputado. É necessário que descreva, de forma direta e objetiva, a ação ou omissão do acusado. DENÚNCIA 9. A denúncia oral - A regra geral é a de que a denúncia, como petição inicial da ação penal pública, seja escrita. Porém, com o advento da Lei 9.099/95, criou-se uma nova modalidade de exordial: a denúncia oral (art. 77, caput, e § 3º). Art. 77, Lei 9.099/95 Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei. DENÚNCIA É evidente que o legislador, sentindo a precariedade da denúncia oral, manda que ela seja reduzida a termo (art. 78). Ora, reduzir a termo significa pôr por escrito o que foi dito oralmente. Isto quer dizer que a denúncia oral, no regime da Lei nº 9.099/95, termina sendo escrita. Cópia dela é entregue ao acusado que, com ela, ficará citado. Art. 78, Lei 9.099/95 Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. DENÚNCIA 10. Aditamento à denúncia - É possível que, durante o curso do processo penal, surjam fatos novos dos quais as partes não tinham conhecimento quando do oferecimento da peça acusatória. Basta pensar, por exemplo, na hipótese de eventual confissão judicial do acusado, delatando comparsas que sequer foram investigados durante o inquérito policial; ou, ainda, em instrução processual que revele a prática de outros crimes pelo mesmo denunciado. Emerge, daí, a possibilidade de se proceder ao aditamento da peça acusatória. Sob o ponto de vista processual, aditar significa acrescentar ou complementar a peça acusatória com fatos, sujeitos ou elementos novos que não constaram, inicialmente, da denúncia ou queixa. DENÚNCIA Em processos penais, a expressão aditamento também é usada com o significado de mera retificação ou mesmo ratificação, suprimento ou esclarecimento da peça inicial. No processo penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados na peça acusatória, se lhe foi imputada originariamente a prática do crime de roubo simples, e se não houve qualquer aditamento à peça acusatória, não pode o juiz querer condená-lo pela prática de um crime de roubo circunstanciado, ainda que tenha ficado provado o concurso de duas ou mais pessoas, sob pena de violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da correlação entre acusação e sentença. Pudesse o juiz fazê-lo, sem prévio aditamento da peça acusatória, estar-se-ia violando, de uma só vez, os três princípios acima referidos. DENÚNCIA Se o fato novo surgido durante a instrução processual não guardar relação de conexão ou continência com aquele narrado na peça acusatória, não há por que se cogitar de aditamento da denúncia. Há, sim, de se aplicar o quanto disposto no art. 40 do CPP, ou seja, deve o magistrado remeter os autos ao Ministério Público para que possa, eventualmente, oferecer nova denúncia, dando ensejo à instauração de outro processo criminal perante órgão jurisdicional diverso, se for o caso. O aditamento da denúncia pode ser feito pelo órgão do Ministério Público desde o oferecimento da peça acusatória até o momento imediatamente anterior à prolação da sentença. DENÚNCIA Na verdade, quando falamos que o Promotor pode aditar a peça acusatória, queremos dizer que o aditamento, em si, não é obrigatório, já que existe a possibilidade de o Promotor optar pelo oferecimento de nova denúncia, ao invés de fazer o aditamento. Perceba-se que o que possibilita a reunião dos dois processos é existência de conexão e/ ou continência. Porém, essa reunião dos processos não é obrigatória. Na verdade, a depender do quanto avançado estiver a marcha procedimental do processo relativo à imputação originária, o aditamento pode até se revelar contraproducente. QUEIXA-CRIME 16. Rejeição da denúncia (= queixa) – art. 395 do CPP I - for manifestamente inepta – confusa ou incompreensível. II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
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