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GENÔMICA NUTRICIONAL: Ana Carolina Polachini, Gustavo Xavier e Vitória Christie Doenças Neurodegenerativas e Inflamatórias Ana C. Polachini, Gustavo Xavier e Vitória Christie Doenças Neurodegenerativas São patologias caracterizadas por fenômenos de perda neural, sináptica e axonal progressiva. Podem envolver um quadro neurológico de demência associada a um declínio de capacidades cognitivas e déficits motores. O dano causado no tecido neural, pode resultar em diversas complicações e consequências, como a doença de Alzheimer e o Parkinson, sendo ambas crônicas e progressivas, sendo mais comum entre o público idoso. Doença de Alzheimer Diagnóstico: marcadores biológicos, que apresentam alterações no peptídeo beta-amilóide, podendo ser notado de maneira precoce, até 10 anos antes da apresentação de sintomas iniciais. Nesses casos é possível notar a presença de placas resultantes da presença de agregados do peptídeo beta-amilóide, que dificultam a realização das sinapses e emaranhados neurofibrilares, relacionados à mutações causadas por uma adição excessiva de fósforo no processo de fosforilação da proteína TAU que possui a principal função estabilizadora dos microtúbulos do axônio, sendo muito presentes em neurônios do sistema nervoso central. Homocisteína e Transtornos Cognitivos Apesar de estar mais associada a doenças cardiovasculares, incluindo AVE e o IAM, idosos com aumento dos níveis de HCT apresentam quadro de atrofia hipocampal e maior risco de evolução para doença de Alzheimer. O aumento da HCT provocaria elevação nos níveis da proteína beta-amiloide e aumentaria a sua toxicidade nas placas senis, assim como promoveria hiperfosforilação da proteína TAU. Somado a isso, altos níveis de HCT promoveriam estresse oxidativo. Doença de Parkinson Uma forma de diagnóstico possível, é a análise de massa danificada de neurônios dopaminérgicos. Um estudo de 2002 verificou que a suplementação com folato e vitamina B6 reduziu significativamente as concentrações plasmáticas de homocisteína nos indivíduos estudados. Tem sido proposto o enriquecimento da dieta com vitaminas do complexo B, para aumentar o catabolismo da homocisteína e diminuir a hiperhomocisteinemia em pacientes com doença de Parkinson tratados com a Levodopa. Mark L et al., 2002 apud DANTAS, FRANK e SOARES, 2007. Doença de Parkinson Outro estudo, com 249 pacientes com diagnóstico de doença de Parkinson no Japão, indicou que o consumo de ácido fólico, cobalamina e riboflavina não estão associadas ao risco de Doença de Parkinson e, sim, a baixa ingestão de Vitamina B6. A piridoxina é uma vitamina hidrossolúvel que regula o metabolismo de energia pela modulação da síntese e degradação de carboidratos, lipídios, proteínas e compostos bioativos. MURAKAMI et al., 2010 apud LIMA, 2014. Piridoxina Além de antioxidante, a piridoxina exerce forte influência no Sistema Nervoso, pois em altas doses pode resultar em danos irreversíveis ao tecido nervoso e em caso de carência, distúrbios nervosos. A recomendação diária é de 1,7 mg para homens acima de 50 anos de idade e 1,5 mg diárias para mulheres da mesma faixa etária. Entre suas principais fontes de consumo, é possível citar o leite, batata inglesa, ovos, carne, banana e aveia. CORREIA et al, 2015 apud CLETO, Luiz Eduardo Senedese. A influência da dieta no tratamento e prevenção de doenças neurodegenerativas. Doença de Parkinson Um outro estudo demonstrou que o maior consumo de vitamina E e β-caroteno pode estar associado à diminuição do risco da Doença de Parkinson. Ômega-3 (n-3FAS) foi identificado por proporcionar um mecanismo de proteção ao nível celular e neuronal, incluindo a modulação da cascata inflamatória após a lesão cerebral traumática. MIYAKE et al., 2011 apud LIMA, 2014. Variantes de genes do metabolismo dos lipídeos: ● O gene que codifica a variante ApoE4 (alelo APOEԑ4) tem sido apontada como um fator de risco significativo para a doença de Alzheimer. ● Um polimorfismo no citocromo P450 monooxigenase CYP2D6 tem sido associado com o risco de doença de Alzheimer e de Parkinson. Na tentativa de retardar a doença de Alzheimer foram usados antioxidantes que demonstraram um efeito protetor contra o peptídeo beta-amiloide. “Através de técnicas de biofísica molecular e de modelagem computacional, descobrimos que o ácido ascórbico se liga à β-amiloide no mesmo local da ligação entre os peptídeos, impedindo a formação dos agregados. Além disso, ele é capaz de se ligar e desestabilizar fibras já formadas.” Esclerose Múltipla (EM) - Doença Inflamatória Crônica Autoimune - Hereditária - Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) — Locus do genoma onde se encontram os genes do sistema imunológico. - Genes HLA-DR2, HLA-DR15, alelo DRB1*1501 e o HLA-DQ6 - Suscetibilidade para EM. - Linfocitos e macrofagos — Causam lesões na bainha de mielina e dos oligodendrócitos - Alguns compostos bioativos presentes no açafrão, gengibre, brássicas, ômega 3 - são benéficos no tratamento da inflamação. Porém não foram encontrados estudos conclusivos se tem efetividade no tratamento da EM. Doenças Inflamatórias São patologias caracterizadas como resultado de uma injúria tecidual, sucessivo a produção de mediadores que provocam alterações bioquímicas, celulares e vasculares, que tem como finalidade restaurar a homeostase do organismo. Doença celíaca É uma doença inflamatória do intestino delgado, autoimune, desencadeada pela presença de glúten na dieta de indivíduos com predisposição genética. A intolerância ao glúten se deve à fração prolamina das proteínas dos cereais como gliadina do trigo, hordeína na cevada, secalina no centeio e avenina na aveia. Estudos mostram que peptídeos de gliadina afetam a integridade da mucosa intestinal através da modulação da expressão gênica e estresse oxidativo. Sendo, a toxicidade do glúten se deve a dois grupos de peptídeos derivados da fração a-gliadina, grupos contendo serina (efeito citotóxico) e outros tirosina (desencadeia reação imunológica). Os peptídeos de a-gliadina que exercem efeitos citotóxicos são P31-43, P31-49 e P44-55, sendo P31-43 com capacidade de penetrar nas células por endocitose, o acúmulo desse peptídeo nos lisossomos leva a ativação de mecanismos de sinalização celular e aumento de ROS (espécies reativas de oxigênio) e RNS (espécies reativas de nitrogênio). As espécies reativas geradas ativa o NF-kB, conhecido como fator de transcrição. Isso leva à transcrição de citocinas pró-inflamatórias e enzimas como COX2 (ciclooxigenase 2) e iNOS (óxido nítrico sintase induzida). Franco et al., 2019. Estudos de nutrigenética e nutrigenômica e as relações com frutas e hortaliças. Doença celíaca Pesquisas com ômega-3, polifenóis e carotenóides vêm demonstrando efeitos modulatórios do estresse oxidativo, da expressão gênica e da produção dos mediadores inflamatórios. Foi observada reduzida ativação do NF-kB na presença da vitamina E, especialmente o g-tocoferol. Vitaminas C e E possuem capacidade de modular resposta imunitária a partir da modulação da função leucocitária e proliferação linfocitária. Polifenóis e carotenoídes presentes nas hortaliças e frutas podem intervir na reação em cascata de sinalização que leva a ativação de NF-kB. Flavanóides devido sua atividade antiinflamatória inibem enzimas (COX, LOX, cPLA2) e ainda a indução da expressão da óxido nítrico sintase induzida (iNOS). Franco et al., 2019. Estudos de nutrigenética e nutrigenômica e as relações com frutas e hortaliças. Doença Celíaca Carotenóides devido sua capacidade antiinflamatória tem ação de supressão da ativação do NF-kB e de inibição de proteínas quinase, evitando, a expressão de enzimas e proteínas relacionadas ao processo inflamatório. Licopeno, diminui a expressão gênica da iNOS e da COX, em nível de transcrição, a partir da inibição da ativação de NF-kB, IRF-1 e STAT-1a. Franco et al.,2019. Estudos de nutrigenética e nutrigenômica e as relações com frutas e hortaliças. Doença de Crohn É uma desordem inflamatória do aparelho gastrointestinal de etiologia complexa, associada a fatores ambientais, que incluem nutrientes e microbiota. O gene NOD2 (Nucleotide-biding oigomerization domain-2), também designado como CARD15 (caspase recruitmente doain-15), situado no cromossomo 16, tem sido associado com o aumento da suscetibilidade para a DC, funcionando como receptor intracelular de bactérias invasivas, causando inflamação. Estudos mostram que 3 polimorfismos (R702W, G908R, 1007Fs) estão associados diretamente ao aumento da suscetibilidade ao desenvolvimentos da DC. Foi analisado ainda que a presença de um alelo mutado conferia um risco de 2,4% maior, e a presença de dois alelos mutados aumentava o risco para17,1%. GUERREIRO, Catarina Sousa. Tese de doutoramento, Ciências e Tecnologias da Saúde (Nutrição), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2011. Doença de Crohn Estudos realizados investigaram genes de selenoproteínas sob baixas concentrações de selênio (DIO1, DIO2, GPX-1, GPx-3, SEPHS1, SEPSECS e TXNRD2) como fatores de risco para Doença de Crohn. Ou seja, foi analisado que pacientes com Doença de Crohn tinham significativamente menores concentrações de selênio. Foi analisado também, que a vitamina D pode induzir diretamente a expressão da nucleotide-binding oligomerization domain containing 2 (NOD2), que é uma proteína envolvida com a função no sistema imune. A deficiência dessa vitamina desempenha papel importante na gênese da doença de Crohn. Provavelmente, a deficiência de vitamina D interage com polimorfismos do seu receptor, aumentando a predisposição ao desenvolvimento da Doença de Crohn. SCHMIDT, L.; SODER, T. F.; BENETTI, F. Nutrigenômica como ferramenta preventiva de doenças crônicas não transmissíveis. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 23, n. 2, p. 127-138, maio/ago. 2019 Doença de Crohn A indicação de alimentos benéficos para a Doença de Crohn é difícil, devido ao alelo G do polimorfismo rs12212067 do gene FOXO3. Estudos mostram que a melhor composição seria kumara, que mostrou benefício em 17% da população estudada. Síndrome do Intestino Irritável A síndrome do intestino irritável (SII) é uma desordem gastrointestinal funcional e multifatorial caracterizada pela presença de dor abdominal ou desconforto contínuo ou remitente , distensão abdominal, alteração no ritmo intestinal e ausência de marcadores específicos. Os polimorfismos em genes de citocinas pró- e anti- inflamatórias estão dentre os vários mecanismos dependentes do hospedeiro que podem favorecer o desenvolvimento da SII. Citocinas são proteínas solúveis de baixo peso molecular que podem ser produzidas por quase todos os tipos de células, que modulam o crescimento, a multiplicação, a migração e a diferenciação das células. são classificadas de acordo com a ação, em pró-inflamatórias (Th1) ou regulatórias (Th2). Estudos mostram que polimorfismos em genes de citocinas pro-inflamatórias (IL-6, TNF e IL-1), mostraram que o alelo G e o homozigoto G/G do polimorfismo IL-6 -174 G>Cfoi maior enquanto que o heterozigoto G/C foi menor em pacientes com SII. LOPES, Mabel Proence Pereira. Polimorfismo de genes das citocinas TNF,, IFN-γ, TGF-β1, IL-10 e IL-6 e marcadores informativos de ancestralidade em indivíduos com síndrome do intestino irritável. Programa de pós-graduação em imunologia. salvador, BA. 2012. GENES ASSOCIADOS À SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL F. Lozano-Hernández, R. Gutiérrez-Aguilar: Genetics and genomics in IBS: A primer for the neurogastroenterologist. NeuroGastroLatam Rev. 2021;5(3):170-187. GENES ASSOCIADOS À SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL F. Lozano-Hernández, R. Gutiérrez-Aguilar: Genetics and genomics in IBS: A primer for the neurogastroenterologist. NeuroGastroLatam Rev. 2021;5(3):170-187. GENES ASSOCIADOS À SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL F. Lozano-Hernández, R. Gutiérrez-Aguilar: Genetics and genomics in IBS: A primer for the neurogastroenterologist. NeuroGastroLatam Rev. 2021;5(3):170-187. GENES ASSOCIADOS À SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL F. Lozano-Hernández, R. Gutiérrez-Aguilar: Genetics and genomics in IBS: A primer for the neurogastroenterologist. NeuroGastroLatam Rev. 2021;5(3):170-187. Síndrome do Intestino Irritável Frutas ricas em flavonóides, especialmente com antocianinas, está associada à redução de TNF, citocina pró-inflamatória que está associada a SII. Há estudos que mostram que o suco de baybarry reduz a concentração de TNF . Cápsulas do extrato de uva (GRAPE) reduz as concentrações de IL-6. Gomes, Simone Fátima; Silva, Fernanda Cacilda; Pinheiro Volp, Ana Carolina. Efeito do consumo de frutas ricas em flavonoides sobre mediadores inflamatórios, bioquímicos e antropométricos relacionados ao metabolismo energético.Nutr. clín. diet. hosp. 2016; 36(3):170-180. Referências: ALVES. Letícia Furtado. Doença de Alzheimer: Uma revisão sistemática da literatura. Núcleo do Conhecimento, 2022. Disponível em: <10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/revisao-sistematica>. Acesso em 21 de outubro de 2022. ANGLER Franco J. M.; LUDWIG D.; KLAIC Éder; SCHAEDLER M. R.; SEVERO J.; DOS SANTOS Oliveira M. Estudos de nutrigenética e nutrigenômica e as relações com frutas e hortaliças. Boletim Técnico-Científico, v. 5, n. 2, 19 ago. 2019. CLETO, Luiz Eduardo Senedese. A influência da dieta no tratamento e prevenção de doenças neurodegenerativas.Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Brasília, 2020. DANTAS, Anny Motta Coutinho; FRANK, Andréa Abdala; SOARES, Eliane Abreu. Vitaminas antioxidantes na Doença de Parkinson. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 11, p. 105-116, 2019. GUERREIRO, Catarina Sousa. Tese de doutoramento, Ciências e Tecnologias da Saúde (Nutrição), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2011. Gomes, Simone Fátima; Silva, Fernanda Cacilda; Pinheiro Volp, Ana Carolina. Efeito do consumo de frutas ricas em flavonoides sobre mediadores inflamatórios, bioquímicos e antropométricos relacionados ao metabolismo energético.Nutr. clín. diet. hosp. 2016; 36(3):170-180. Referências: LIMA, Ana Rita da Cunha. Nutrigenética. Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa, 2014. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/4430>. Acesso em: 12 de outubro de 2022. SCHMIDT, L.; SODER, T. F.; BENETTI, F. Nutrigenômica como ferramenta preventiva de doenças crônicas não transmissíveis. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 23, n. 2, p. 127-138, maio/ago. 2019 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Experimentos mostram como ácido ascórbico age contra agregação de placas amiloides. Portal USP São Carlos, 2022. Disponível em < http://www.saocarlos.usp.br/experimentos-mostram-como-acido-ascorbico-age-contra-agregacao-de-placas-amiloides/>. Acesso em: 21 de outubro de 2022. VILAÇA, Celmir de Oliveira. Metabolismo da homocisteína em doenças neurológicas. Revista Brasileira de Neurologia, 2015.Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/rbn/article/view/3102>. Acesso em 21 de outubro de 2022. LOPES, Mabel Proence Pereira. Polimorfismo de genes das citocinas TNF,, IFN-γ, TGF-β1, IL-10 e IL-6 e marcadores informativos de ancestralidade em indivíduos com síndrome do intestino irritável. Programa de pós-graduação em imunologia. salvador, BA. 2012. https://www.google.com/url?q=https://bdigital.ufp.pt/&sa=D&source=editors&ust=1668965951625558&usg=AOvVaw2ctU3ozwe647OhTxgHG3Sk https://www.google.com/url?q=https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/4430&sa=D&source=editors&ust=1668965951625750&usg=AOvVaw043QAoH0mBUHJBaaY1x0vr https://www.google.com/url?q=http://www.saocarlos.usp.br/experimentos-mostram-como-acido-ascorbico-age-contra-agregacao-de-placas-amiloides/&sa=D&source=editors&ust=1668965951626266&usg=AOvVaw3Ct0EJ0UEuFIwszCegZ6z8 https://www.google.com/url?q=https://revistas.ufrj.br/index.php/rbn/article/view/3102&sa=D&source=editors&ust=1668965951626595&usg=AOvVaw3K-oquM-z22jGgFn071zCv
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