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NUTRIGENÔMICA

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NUTRIGENÔMICA 
2 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
3 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................4 
2. EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GENETICO..................................................6 
2.1. A INFLUENCIA DOS ALIMENTOS NA REGULAÇÃO GENERICA...................7 
2.2. A NUTRIGENÔMICA E A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS................................8 
2.2.1. FIBROMIALGIA E DOENÇAS CIRCULATORIAS ..........................................9 
2.2.2. DIABETES.....................................................................................................11 
2.2.3. CONTROLE LIPIDEMIA................................................................................11 
3. NUTRIGENOMICA E SAÚDE..............................................................................12 
3.1. TESTES GENÉTICOS .....................................................................................13 
4. NUTRIGENÔMICA E CANCER..........................................................................16 
4.1. NUTRIGENÔMICA: OBESIDADE E INFLAMAÇÃO.........................................17 
4.2. NUTRIGENÔMICA: ACIDOS GRAXOS E INFLAMAÇÃO................................17 
4.3. NUTRIGENÔMICA NO CENÁRIO BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA 
CIENTIFICA..............................................................................................................18 
5.NUTRIGENÔMICA NO CENÁRIO BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA 
POPULAR.................................................................................................................19 
6.ANÁLISE DA NUTRIGENÔMICA SOB A PERSPECTIVA DA INTERFACE ENTRE 
BIOÉTICA E SAÚDE GLOBAL.................................................................................21 
6.1. INSERÇÃO DA NUTRIGENÔMICA NOS CONTEXTOS FILOSOFICOS, 
BIOLOGICOS E CULTURAL ...................................................................................22 
6.2. NUTRIGENÔMICA SOB A PERSPECTIVA DA SAUDE...................................25 
6.3. NUTRIGENÔMICA SOBE A PERSPECTIVA LEGAL.......................................27 
 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................31 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
1. INTRODUÇÃO 
Nutri genômica? Ela é a área da Nutrição que utiliza ferramentas moleculares 
para pesquisar, acessar e entender as diversas respostas obtidas por meio de uma 
determinada dieta aplicada entre indivíduos ou grupos populacionais. O objetivo da 
nutri genômica é entender como os componentes de uma dieta específica 
(compostos bioativos) podem afetar a expressão de genes (aumentando ou 
suprimindo o seu potencial). Um exemplo dessa interação gene-nutriente é a 
capacidade de ligação a fatores de transcrição. Essa ligação aumenta ou interfere 
na capacidade de fatores de transcrição e na interação com os elementos que 
conduzem à cadeia da RNA polimerase. O objetivo da nutri genômica é fazer uma 
extrapolação de como a nutrição induz as alterações na expressão gênica afetando 
as características de desempenho e saúde. O enfoque é o efeito dos componentes 
bioativos dos alimentos no genoma, transcriptoma, proteoma e metaboloma. 
Através da determinação do mecanismo do efeito do nutriente ou efeito do regime 
nutricional a nutri genômica busca definir a relação entre estes componentes 
específicos ou dietas e características de desempenho. As novas tecnologias como 
a PCR tempo real e os micros arranjos tornam possível mensurar a expressão 
gênica desde um único gene até um genoma inteiro. 
Essa nova ciência está demonstrando com clareza que ninguém é igual e que 
também não podemos saber de maneira exata o que um indivíduo precisa para 
atingir a sua saúde máxima. Já que os conceitos de nossa nutrição foram baseados 
em populações grandes, precisamos revê-los com humildade. 
A nutrição não é ciência exata, e a prática comum de impor regras rígidas aos 
pacientes está gerando estresse e terrorismo desnecessários. 
Cientificamente, o termo nutri genômica, ou genômica nutricional, se 
caracteriza pelo estudo do impacto de nutrientes na expressão gênica, que permite 
conhecer melhor o mecanismo de ação das substâncias biologicamente ativas, 
contidas nos alimentos, e seus efeitos benéficos. A partir de 2001, quando foram 
iniciados os estudos de sequenciamento do DNA humano, a relação entre nutrição e 
https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/alimentos-sao-fontes-de-vitalidade-descubra-o-que-e-comida-bioativa_a812/1
https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/alimentos-sao-fontes-de-vitalidade-descubra-o-que-e-comida-bioativa_a812/1
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Faculdade de Minas 
genoma foi evidenciada pouco a pouco, auxiliando na melhor compreensão de 
como cada organismo responde a determinada dieta. 
2. EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GENÉTICO 
• 1950: citando o trabalho de alguns cientistas, Linus Pauling, no início da década 
de 50, demonstrou que a origem da doença era influenciada por radicais livres e 
que existia uma dose adequada de nutrientes para cada pessoa e não uma dose 
padrão para todos. Com esta noção da individualização da nutrição, Pauling 
trouxe à tona a “medicina ortomolecular”. 
• 1953: Watson e Crick propuseram o modelo de dupla hélice para a estrutura do 
DNA, o que provocou outro grande impacto sobre o estudo das doenças. 
• 1956: Roger Williams introduziu o princípio da “individualidade bioquímica”, 
anunciando uma nova era na nossa compreensão da etiologia da doença e o 
papel dos nutrientes como ferramentas de intervenção. Notavelmente, o Dr. 
Williams reconheceu que o estado nutricional pode influenciar a expressão de 
características genéticas, embora na época não houvessem ferramentas 
disponíveis para determinar a individualidade bioquímica e genética. Assim, o 
conceito de “medicina individualizada” começou a ser introduzido e marcou o 
pioneirismo dos campos da nutri genômica e Nutri genética. 
• 2003: a conclusão do Projeto Genoma Humano em 2003 identificou 
aproximadamente 3 bilhões de pares de bases que compõem o genoma humano 
(o chamado Livro da Vida), despertou a esperança de que doenças incuráveis 
pudessem ser curadas, como o câncer e Alzheimer, e definiu o que seria a 
estrutura básica do genoma humano para conseguirmos identificar as diferenças 
individuais. 
A partir de um desenvolvimento vertiginoso na tecnologia e suas técnicas de 
sequenciamento e identificação genética, atualmente já é possível, com apenas um 
pouco de saliva, realizar um mapeamento genético de muitos polimorfismos de 
nucleotídeo único (SNPs – sigla em inglês de Single Nucleotide Polimorfisms), 
definir nossa hereditariedade, nossas tendências a doenças, características 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linus_Paulinghttps://pt.wikipedia.org/wiki/James_Watson
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Crick
https://genoma.ib.usp.br/sites/default/files/projeto-genoma-humano.pdf
6 
 
 
 
 
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farmacogenéticas (tendências do corpo a não responder ou a responder 
excessivamente a certos medicamentos), e obter a base informativa para a 
interpretação nutri genética. 
2.1 A Influência Dos Alimentos Na Regulação Gênica 
Figura 1 
 
Os alimentos possuem substâncias, que quando ingeridas auxiliam na 
regulação da 5 expressão gênica de um organismo. Assim sendo, a nutri genômica 
busca analisar a interação dos nutrientes ingeridos e sua interação com o genoma 
humano, encontrando assim formas de ajudar na promoção da saúde e prevenção 
de doenças (Tessarin e Silva, 2013; Vieira et al., 2015). 
Os nutrientes presentes nos alimentos podem induzir alterações nos padrões 
de metilação do DNA e na expressão genética. Por isso, dietas personalizadas 
podem ajudar a promover a saúde e reduzir o risco de DCNTs como doenças 
cardiovasculares, câncer, diabetes entre outras (Slomko et al., 2012; Vieira et al., 
2015). 
A reação química denominada metilação é a adição de um radical metil (CH3) 
em regiões promotoras de genes, podendo assim anular a expressão do mesmo. 
Essa ação só ocorre no organismo porque as enzimas DNA metil transferases 
utilizam a S-adenosilmetionina (SAM) como doadora do radical metil. Entretanto, 
7 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
sabe-se que a disponibilidade da SAM é grandemente influenciada pela dieta 
alimentar (Milagro e Martínez, 2013; Vieira et al., 2015). 
2.2 A nutri genômica E A Prevenção De Doenças 
Figura 2 
 
(Fonte: Google) 
Neoplasias Diversos estudos buscam avaliar a nutri genômica como meio de 
prevenção e tratamento de neoplasias, os quais revelam ser um problema mundial. 
As neoplasias são caracterizadas pela proliferação anormal de células, de forma 
parcial ou totalmente descontrolada e é a segunda maior causa de mortes por 
doenças no Brasil. Estima-se que em 2030 haverá cerca de 21,4 milhões de casos 
novos de câncer (Tessarin e Silva, 2013; MS/INCA, 2014; Vieira et al., 2015). 
Uma enzima conhecida atualmente e com grande atividade em neoplasias é 
a desatilasse de histona (HDAC), que inibe genes supressores tumorais e de reparo 
do DNA. Porém, substâncias encontradas em fibras solúveis (butirato), no alho, 
cebola (dialildissulfeto) e brócolis (sulforato) podem inibir sua atividade, favorecendo 
assim a saúde do indivíduo acometido pela doença (Ordovás, 2013; Tessarin e 
Silva, 2013; Vieira et al., 2015). 
8 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Outros acontecimentos importantes que devem ser levados em consideração 
quando falamos de nutri genômica é a formação de radicais livres e o processo de 
oxidação. Radicais livres são átomos ou moléculas que contém elétrons não 
pareados, que possuem sua reatividade química aumentada e podem existir 
independentemente (Vieira et al.; 2015). Barbosa et al. (2010), afirma que sua 
formação se dá pelas mitocôndrias no processo de metabolismo do oxigênio no 
corpo e podem causar câncer, diabetes e aterosclerose. De forma semelhante, a 
oxidação no organismo pode causar consequências graves, revelando assim a 
importância dos antioxidantes (Vieira et al., 2015). Estudos afirmam que 
antioxidantes podem retardar ou até mesmo prevenir o aparecimento do câncer. 
Além de serem facilmente encontrados em diversos alimentos (Leite e Sarni, 2003; 
Peluzio et al, 2010; Cominetti et al., 2011; Nasser et al., 2011; Vidal et al., 2012; 
Vieira et al., 2015). 
2.2.1. Fibromialgia E Doenças Circulatórias 
Figura 3 
 
(Fonte: Google) 
9 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
A fibromialgia é uma síndrome frequente em pessoas de meia idade (mas 
pode afetar adolescentes, crianças e idosos) e apresenta sintomas como dor 
crônica, fadiga, alterações no sono, ansiedade e depressão. Embora não existam 
recomendações alimentares específicas, sabe-se que os portadores de tal síndrome 
podem beneficiar-se com uma dieta rica em antioxidantes (Siena e Marrone, 2009; 
Silva, 2011; Mazocco e Chagas, 2015; Silva e Schieferdecker, 2017). 
Alguns nutrientes, ingeridos como suplementos também vêm apresentando 
muitos benefícios à saúde. Alguns exemplos são os ácidos graxos essenciais 
(importantes para manter a integridade da membrana celular e ajudar na síntese de 
prostaglandinas), substâncias provenientes de peixes de água fria (principalmente 
ômega-3, são capazes de alterar a expressão gênica de mais de 100 genes. 
Inibindo assim o desenvolvimento da aterosclerose, auxiliando no fluxo sanguíneo e 
na transmissão dos impulsos nervosos), o resveratrol (capaz de reprimir a 
expressão de genes com capacidade vasodilatadoras e vasoconstritoras, 
beneficiando àqueles com doenças cardiovasculares), e o procianidólico oligômero 
(capaz de proteger músculos e prevenir artrite e bursite) (Giraldi, 2010; Vieira et al., 
2015; Silva e Schieferdecker, 2017). 
Nos casos de Alzheimer, os polifenóis antioxidantes têm obtido resultados 
que demonstraram ser uma boa alternativa para retardar a progressão da doença 
(Silva, 2011). Um exemplo é a romã, que é capaz de reduzir o dano oxidativo, inibir 
citocinas, melhorar a memória, função motora e reduzir a ansiedade. A 
epigalocatequina-3-galato (EGCG) presente no chá verde reduz a atividade da 
enzima DYRK1A. O aumento dessa enzima está associado ao maior risco de 
Alzheimer (Zimmermann e Kirsten, 2008; Torres, 2016). Atualmente, sabe-se que 
indivíduos com Síndrome de Down apresentam maior dificuldade de realizarem a 
metilação, característica essa que contribui para o envelhecimento acelerado e 
surgimento de doenças de maneira precoce (Smith, 1999). Pacientes com tal 
síndrome também possuem maior risco de desenvolverem Alzheimer, 
principalmente pelo fato de que o estresse oxidativo (característico da Síndrome de 
Down) também eleva a excitação glutamatérgica, contribuindo assim para o 
surgimento de seus sintomas (Torres, 2016; Vasconcelos, 2019). 
10 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
2.2.2 Diabetes 
Outra aplicabilidade do uso da nutri genômica bem demonstrada ser refere ao 
combate do diabetes mellitus tipo 2. Que consiste em uma doença metabólica muito 
frequente no mundo todo atualmente (90% dos casos de diabetes) caracteriza-se 
pela hiperglicemia como consequência da sensibilidade diminuída à insulina no 
organismo do portador. Apesar de sua maior prevalência na terceira idade, sabe-se 
que a incidência em jovens vem crescendo a cada ano (Palou et al., 2004; López e 
Casaverde, 2016; Moraes et al., 2017). 
Nesse tipo de diabetes as células não conseguem metabolizar a glicose de 
maneira eficiente, podendo assim causar visão embaçada, dificuldade na 
cicatrização de feridas, o chamado ‘pé de diabético’ e outras complicações (López e 
Casaverde, 2016; Moraes et al., 2017; Fonseca e Rached, 2019). 
Por ser uma doença diretamente relacionada à nutrição/alimentação, o 
estudo de sua relação gene-nutriente se torna imprescindível (Palou et al., 2004). 
Um estudo realizado em 2012 observou que a ingestão de ácido fólico por pacientes 
diabéticos do tipo 2 reduziu em parte sua resistência à insulina (Torres, 2016; 
Pereira 2019). 
2.2.3 Controle Da Lipidemia 
Apesar da grande semelhança genética entre os humanos (99,9%) as 
diferenças de 0,1% são responsáveis por muitas alterações como cor da pele, 
olhos, cabelos, necessidades de determinados nutrientes, compostos bioativos e 
também do maior ou menor risco de desenvolvimento de doenças. Essas diferenças 
são denominadas polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) (Conti, 2010; 
Tessarin e Silva, 2013; Vieira et al., 2015). Um SNP de grande importância foi 
identificado no gene PPARγ, que controla em parte as concentrações sanguíneas 
de triacilglicerol (Conti, 2010). Pessoas com esse tipo de polimorfismo apresentam 
maiores concentrações dessa substânciae, portanto, devem reduzir o consumo de 
alimentos gordurosos para evitarem problemas cardíacos no futuro (Conti, 2010; 
Day e Loss, 2011; Youngson e Morris, 2013; Huang e Hu, 2015). Outro SNP de 
interesse foi observado no gene APOA1. Indivíduos com esse polimorfismo não são 
11 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
beneficiados com o ômega-3, quando este beneficiaria outros, aumentando as 
concentrações do colesterol HDL (Conti, 2010; Giraldi, 1010). 
 
3. NUTRIGENÔMICA E SAÚDE 
Como citado previamente, as utilizações de ferramentas avançadas de 
genética molecular contribuem para uma melhor compreensão de como as dietas 
interagem com o genoma humano. Doenças crônicas e complexas acometem 
milhares de pessoas todos os anos, levando muitas vezes a morte. Nestas doenças, 
como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, a dieta tem papel 
fundamental pois está incluída entre os fatores ambientais que também exercem 
influência sobre os genes no desenvolvimento e progressão das mesmas 
(AZEVEDO; MARTINEZ; STEEMBURGO, 2009). 
Os genes podem sofrer alterações desde a vida intrauterina, com os 
nutrientes e outros compostos de alimentos modelando suas expressões. A 
alimentação contribui como ferramenta para modular as respostas do organismo 
frente a exposição a compostos tóxicos e infecções. É preciso cada vez mais 
aprofundar os estudos sobre a influência dos compostos bioativos, assim como as 
consequências de polimorfismos gênicos nas necessidades de nutrientes e destes 
compostos no risco do aparecimento de doenças (LIMA, 2014). 
O alimento é um fator ambiental que merece destaque, visto a exposição a 
diversos patógenos podendo causar consequências. Os hábitos alimentares são os 
fatores que mais merecem atenção, uma vez que a identificação de que os 
nutrientes têm a capacidade de interagir e modular mecanismos moleculares 
essenciais nas funções fisiológicas dos organismos sugere uma revolução no 
campo da nutrição. Atualmente, sabe-se que o genoma humano possui de 20 a 
25.000 genes, um número muito menor daquele pensado antes. A tecnologia atual 
permite identificar um número superior a 500.000 polimorfismos por pessoa. Alguns 
deles podem afetar as funções das proteínas, bem como suas interações com 
outras proteínas e substratos. (FUJII; MEDEIROS; YAMADA, 2010). 
12 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
O conhecimento empírico sobre nutrição baseado em pesquisas e rotina já é 
aplicado para o benefício da saúde pública, como trabalhos de conscientização 
junto à população sobre os benefícios e malefícios dos alimentos individualmente 
(cardápios personalizados). Estudos têm sido realizados com a indicação de 
cardápios individualizados para a redução de peso em pacientes obesos, em 
tratamento de câncer, diabetes tipo I e tipo II, sendo que o cardápio adequado pode 
resultar em significativa perda de peso e na melhora metabólica (BAUMLER, 2012). 
Baseado nestas aplicações, a grande contribuição da nutri genômica é a nutrição 
personalizada, uma vez que os indivíduos não respondem da mesma forma aos 
tratamentos e as dietas, sendo alguns favoráveis e a outros não. Esta vertente vem 
de encontro também com a medicina personalizada, sendo que na primeira, os 
dados genéticos devem estar relacionados com a dieta para um determinado 
genótipo, a fim de reduzir o risco de doença, enquanto na segunda, os dados 
genotípicos estão ligados ao risco de desenvolver doença (GIBNEY; WALSH, 2013). 
3.1 Testes Genéticos 
Figura 4 
 
(Fonte: Google) 
Os avanços nas ferramentas de biologia molecular permitiram o 
desenvolvimento e oferecimento de testes genéticos em genes relacionados à 
nutrição. Estes testes incluem identificação de variações nos genes relacionados 
aos mecanismos de absorção dos nutrientes, o metabolismo, a excreção e até 
13 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
mesmo o paladar. Além disso, estudos genéticos têm demonstrado o quanto 
determinados genes determinam a preferência alimentar e o grau de satisfação 
(saciedade e apetite) dos seres humanos (OLGUIN, 2018). 
Os exames laboratoriais permitem detectar, por exemplo, níveis séricos 
anormais de IgG4 (proteínas associadas à sensibilidade). A intolerância alimentar, 
corresponde a uma reação de hipersensibilidade tipo III, nas quais se formam imuno 
complexos circulantes, mediada por IgG específicas (IgG4). A reação de 
hipersensibilidade alimentar que culmina na produção de IgG4, tem na base uma 
má tolerância alimentar a algum grupo de alimentos, onde a digestão permanece 
incompleta, provavelmente por alguma deficiência enzimática do sistema digestivo. 
Como consequência, são produzidos polipeptídios que o organismo reconhece 
como substâncias estranhas e que causam uma reação de sensibilidade alimentar. 
(MONTE, 2015). Algumas evidências sugerem que a eliminação do consumo dos 
alimentos para os quais são detectados níveis de IgG específicas acima da 
normalidade, induz melhorias notáveis em elevada porcentagem das situações 
clínicas. 
Testes mais conhecidos, como da intolerância a lactose e ao glúten tem se 
tornado bastante populares e acessíveis. A intolerância a lactose ocorre pela 
incapacidade do organismo de digerir a lactose devido a quantidade insuficiente de 
enzimas digestivas responsáveis por quebrar as moléculas lácteas, como a lactase 
(SWALLOW, 2003). Os principais sintomas em decorrência à intolerância são 
gastrointestinais, como inchaço, flatulência, dor abdominal, fezes moles e diarreia ou 
constipação (KATSILA; PATRINOS; PAVLIDIS, 2015). 
Polimorfismos populacionais são testados para a identificação da intolerância 
primária. O SNP no intron 13 do gene da lactase LCT (LCT-13910 C>T ou 
rs4988235) é o mais prevalente entre os polimorfismos para o gene. Um indivíduo 
homozigoto para o alelo C é considerado intolerante à lactose ou lactase não 
persistente. Diferente da maioria das variantes genéticas que apresentam 
consequências nutri genômicas de perda de função, mutações no gene LCT 
resultam em persistência da lactase (PL), conferindo a habilidade de produzir a 
enzima lactase até a idade adulta (KATSILA; PATRINOS; PAVLIDIS, 2015). 
14 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Notavelmente, a doença é mais frequente em algumas populações do que 
outras (HEANEY, 2013), evidenciando o fator genético herdado. A recomendação 
dietética para estas populações, na confirmação da variante genética é eliminar ou 
limitar alimentos contendo lactose, usar suplementos de lactase ou consumir 
produtos sem lactose para evitar desconforto gastrointestinal (SWAGERTY et al., 
2002). Como consequência da grande parcela da população incluída nesta limitação 
alimentar, foram desenvolvidas enzimas sintéticas que podem ser ingeridas como 
suplemento à falha da enzima corpórea. 
Um outro exemplo é a intolerância ao glúten, uma reação do organismo a 
alimentos que tenham trigo, cevada, centeio e outros tipos específicos de grãos. 
Chamada de doença celíaca, esta intolerância é uma inflamação crônica hereditária 
comum no intestino delgado causada por intolerância permanente a glúten/gliadina 
(FERRETI et al., 2012). Após uma digestão proteolítica não completa, a estrutura e 
as funções da célula intestinal são afetadas, modulando a expressão gênica de 
citocinas pró-inflamatórias, moléculas de adesão e enzimas da via NF-κB. Portanto, 
glúten deve ser restrito como parte do manejo nutricional e dietético da doença 
(LUDVIGSSON et al., 2014). 
Há uma forte associação entre a doença celíaca e os genes específicos do 
antígeno leucocitário humano (HLA), tornando a genotipagem do HLA uma 
ferramenta útil em situações clínicas específicas. Da mesma forma, há variabilidade 
étnica e populacional, sendo que os principais genes de susceptibilidade são o HLA-
DQ2 (especificamente HLADQ2.5 e HLA-DQ2. 2) e HLA-DQ8, que são encontrados 
na grande maioria (99%) dos pacientes com doença celíaca, o que auxilia o 
diagnóstico (Tye-Din, 2018). Emboraesses genes, transmitam risco relativo 
substancial para a doença celíaca, o risco absoluto é baixo e a maioria dos 
pacientes com um ou mais desses genes não desenvolverá doença celíaca. Um 
teste HLA positivo não diagnostica a doença celíaca, mas indica que mais 
investigações podem ser necessárias. 
A nutri genômica emergiu como uma forte aliada à nutrição, fornecendo 
conhecimento e ferramentas para que vias metabólicas de absorção e degradação 
de compostos alimentares sejam identificadas, sugerindo novos marcadores 
moleculares que podem ser utilizados em testes genéticos. O esforço de 
15 
 
 
 
 
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profissionais multidisciplinares no tratamento e prevenção de doenças é 
imprescindível para a formulação de dietas personalizadas. O custo dos testes 
ainda é elevado para grande parte da população e nem todos estão disponíveis 
comercialmente, porém acredita-se que em um futuro breve a acessibilidade será 
maior. E que serão implantadas políticas públicas de prevenção, em detrimento aos 
altos custos de tratamentos de doenças complexas. 
 A nutrição como base para a qualidade de vida saudável do indivíduo, aliada 
aos conhecimentos fornecidos pela nutri genômica sugerem adicionalmente 
alterações no cultivo, processamento e consumo dos alimentos. O desenvolvimento 
tecnológico, pesquisas e conscientização da população sobre a influência do estilo 
de vida no desenvolvimento de doenças multifatoriais aliados ao avanço da 
medicina permitirão somente o aumento da expectativa de vida, mas um aumento 
com qualidade para usufruir com saúde da melhor idade. 
 
4. NUTRIGENÔMICA E CÂNCER 
 Epigenética é o estudo das alterações passíveis de transmissão hereditária 
na expressão de genes que ocorrem sem alterações na sequência do DNA. Fatores 
epigenéticos são componentes importantes para o desenvolvimento e proliferação 
celular normais. Anormalidades nesses mecanismos são fatores promotores de 
doenças. Os fatores dietéticos são importantes para a provisão e regulação do 
suprimento e regulação de grupos metil para a formação da S-adenolimetionina 
(SAM ou SAMe). Compostos bioativos da dieta podem modificar a utilização do 
grupo metil, alterando a atividade da DNA metil transferase. A desmetilação do 
DNA, pode alterar a regulação dos genes que influenciam absorção, metabolismo 
ou o local de ação de componentes bioativos. 
Compostos fitoquímicos com potencial anti-inflamatórios podem ter papel 
importante na quimioprevenção. Muitas pesquisas têm focalizado vários polifenóis 
vegetais, incluindo epigalocatequina 3 galato (EGCG), curcumina, 6-gingerol e 
resveratrol. Esses compostos demonstraram inibir as vias de transdução de sinais 
na cascata de quinases, incluindo as vias da proteína quinase C (PKC), I-kB 
quinase (IKK), quinase de proteínas ativas de mitógenos (MAPK) e fosfoinositol-3-
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quinase (PI3K), provocando ativação diminuída de fatores de transcrição pró-
inflamatórios como NFkB, AP-1 e β-catequina. A inibição dessas vias reduz a 
formação de enzimas pró-inflamatórias, incluindo ciclooxigenase-2 (COX-2) e óxido 
sintase induzível (iNOS) e de mediadores pró-inflamatórios como TNF-α, IL-8, PGE2 
e óxido nítrico. Efeitos semelhantes sobre a sinalização celular e a inflamação foram 
observados nas antocianinas, e em uma variedade de polifenóis vegetais comuns 
em alimentos de cores vivas, como batata doce. 
4.1. Nutri genômica: Obesidade E Inflamação 
Dentre os mecanismos moleculares envolvidos no desencadeamento da 
resposta inflamatória induzida pela obesidade, destaca-se a via de sinalização do 
fator de transcrição NF-kB, a qual aumenta a expressão de diversos genes que 
codificam proteínas envolvidas na resposta inflamatória e, consequentemente, está 
ligada à patogênese de diferentes doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). 
A estimulação da via de sinalização do NF-kB pode ocorrer pela ligação de 
um ligante em um receptor de superfície celular, como o receptor do TNF-α e o 
receptor do TLR-4, sendo que este último pode ser ativado tanto por 
lipopolissacarídeos (LPS) quanto por ácidos graxos saturados. O aumento do 
consumo de ácidos graxos saturados na dieta favorece a ativação da resposta 
inflamatória e, consequentemente, o aumento do risco para DCNT. 
A ativação da via de sinalização do NF-kB pelo TNF-α envolve a participação 
da família das proteínas quinases ativadas por mitígenos (MAPK), que atuam em 
reguladores upstream da via de sinalização do NF-kB. O aumento da atividade da 
MAPK e seu envolvimento na regulação da síntese de mediadores inflamatórios, 
tanto em nível de transcrição quanto de tradução, tornam essas enzimas alvos 
moleculares relevantes no contexto da nutri genômica, da inflamação e da síndrome 
metabólica. 
4.2. Nutri genômica: Ácidos Graxos E Inflamação 
No tocante ao efeito metabólico dos ácidos graxos saturados no tecido 
adiposo branco, verifica-se que o excesso de palmitato aumenta a inflamação e a 
apoptose, por meio do estresse oxidativo, do estresse do retículo endoplasmático, 
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da síntese de ceramidas e da ativação da via de sinalização da proteína quinase C 
(PKC). 
Em adipócitos, o palmitato aumenta a fosforilação da JNK, ao mesmo tempo 
em que ativa a PKC, o NF-kB e a via de sinalização da MAPK, o que induz a síntese 
de citocinas pró-inflamatórias em adipócitos. 
Ácidos graxos saturados podem causar diretamente inflamação e resistência 
insulínica no tecido muscular, por exemplo, o acúmulo de lipídios no tecido muscular 
causa resistência periférica à insulina mediada pelo palmitato, através da via de 
sinalização da PKC. Adicionalmente o palmitato aumenta a expressão e a secreção 
de citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-α) e prejudica a via de sinalização da 
insulina a partir da ativação da via do NF-kB. Além disso, ácidos graxos saturados 
induzem a resistência insulínica por sua ação antagônica sobre o co ativador do 
receptor ativado por proliferadores de peroxissomos gama (PPAR-γ) o qual promove 
a expressão de genes mitocondriais envolvidos com a fosforilação oxidativa e com a 
captação de glicose mediada pela insulina. 
4.3. Nutri genômica No Cenário Brasileiro Sob A Perspectiva Científica 
Metade da produção científica associada à nutri genômica condicionada ao 
Brasil, que teve seu auge em 2014, abordou as temáticas: suplementação, dietas ou 
ingestão de determinados nutrientes para mitigar efeitos de doenças ou suas 
modificações no dna. Registraram-se também as associações de doenças com 
genes presentes no dna (33,3%) e estudos de revisão sobre os aspectos da 
nutrição e/ou nutri genômica (17%). Já o descritor “nutrigenomics” em abrangência 
global resultou em 939 registros relativos ao período de 2001 a 2017, com 
prevalência em 2007, destacando-se como temas abordados: nutri genômica 
(39,2%), fenômenos fisiológicos da nutrição (14,9%) e dieta (13,6%). 
A análise do conteúdo dos artigos nacionais indicou potenciais conflitos. 
Santana Santos, Prosdocimi e Ortega (23) apenas citaram que a nutri genômica 
pode trazer complicações, dependendo de como os testes são disponibilizados à 
sociedade. Os aspectos econômicos referentes à utilização dessa nova ferramenta 
também foram considerados (24), principalmente quanto à dificuldade de acesso. 
Veem-se também questões sobre os possíveis problemas e incertezas à saúde 
18 
 
 
 
 
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proveniente do consumo de alimento enriquecido (suplementação), seja pela falta 
de estudos, seja pelas controversas (25). Fujii, Medeiros e Yamada (13) destacam a 
correlação da Bioética com a nutri genômica, uma vez que está ainda precisa de 
muitas pesquisas, tendo em vista suas incertezas, cuja realização é orientada pela 
Bioética. A proteção das informações dos indivíduos foi levantada por Sales, 
Pelegrini e Goersch (26), ao afirmarem que é necessária a existência de órgãode 
proteção contra as empresas que possam oferecer o serviço. Os outros artigos não 
levantaram quaisquer pontos de conflitos decorrentes da utilização da nutri 
genômica. 
 
5. NUTRIGENÔMICA NO CENÁRIO BRASILEIRO SOB A 
PERSPECTIVA POPULAR 
O conteúdo textual disponível na mídia digital indicou um posicionamento 
direcionado para clientes, para a população geral e para a academia que aborda 
principalmente o conteúdo sobre a fundamentação da nutri genômica, com 
conceitos, definição, processos e aplicação na área da saúde, na prevenção e 
tratamento de doenças. Na rede social YouTube, têm sido divulgados vídeos com 
explanação e palestras, cujo conteúdo se refere, na sua maioria, à fundamentação 
teórica com exposição de conceitos, definições e processos, sendo este mais 
evidente para o termo “nutri genômica”, assim como à apresentação das 
possibilidades de aplicação no dia a dia, sendo evidenciada uma relação da nutri 
genética com a obesidade (c2(3)=12,7; participantes, cujo objetivo principal é 
divulgar notícias sobre a temática, com relação também a grupos escolares e 
profissionais. Já as páginas que congregaram grande número de seguidores 
apresentaram cunho predominantemente comercial. 
O conteúdo vinculado aos testes de nutri genômica referiu-se ao 
oferecimento de testes e à discussão sobre o tema. A maioria dos sites de testes 
(40%) não disponibiliza informações precisas quanto aos procedimentos de coleta 
de material, ao diagnóstico e ao retorno, e não responderam prontamente à 
solicitação de informações por e-mail. Além disso, 33,3% indicam a necessidade de 
consulta prévia com médicos, nutricionistas ou laboratórios e apenas 13,3% dão 
19 
 
 
 
 
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autonomia para o cliente coletar o material por meio de kit, enviar pelo correio e 
obter o resultado por meio digital, muitas vezes ligados ao laboratório italiano. O 
custo médio dos testes foi de 2.585,00 reais, com até 40 dias para o resultado. 
Na avaliação do mapeamento do conteúdo associado à expressão “nutri 
genômica animal”, 44% não apresentavam associação com a temática ou 
consistiam em réplicas de notícias já caracterizadas. Das notícias analisadas (56%), 
observou-se que a maioria (79%) detinha como eixo orientador animais de 
produção, com o elenco de fatores como a intensificação da produtividade, a 
qualidade da carne, a produção de alimentos funcionais e com melhores processos 
metabólicos, bem como as técnicas de produção sustentável. Com índices menores 
(5%), foram encontrados registros relacionados a estudos nutrigenômicos que 
envolviam animais de pesquisa, com a identificação de fatores genéticos como 
possíveis causas para melhorias e transtornos metabólicos em humanos e animais. 
Apenas 16% das notícias analisadas continham informações relacionadas a animais 
domésticos, com a abordagem de temáticas relacionadas ao manejo nutricional, ao 
aumento da longevidade, bem como à relação de enfermidade que acometem 
humanos e animais. 
Nutri genômica no cenário brasileiro 
 
20 
 
 
 
 
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Figura 1. Fluxograma dos resultados obtidos com a categorização da 
abordagem científica e popular da nutri genômica no cenário brasileiro. 
 
6. ANÁLISE DA NUTRIGENÔMICA SOB A PERSPECTIVA DA 
INTERFACE ENTRE BIOÉTICA E SAÚDE GLOBAL 
A expectativa de atuação da nutri genômica foi ressaltada em 47 referências 
agrupadas em oito categorias, relacionadas principalmente à prevenção das 
doenças, à aplicação na saúde pública e à importância do conhecimento gerado 
(c2(7) = 47,2; P<0,001). Por sua vez, foram registrados 165 pontos conflitantes 
agrupados em 24 categorias; dos registros relativos a mais de cinco citações (58%), 
a maioria indicou a incipiência de diretrizes para os diagnósticos. Logo, demandam 
uma regulamentação mais incisiva que questione a idoneidade das informações 
passadas tanto pelo participante das pesquisas quanto pelo paciente e pelo cidadão 
(c2(11) =19,2; P<0,001). Os textos recuperados evidenciaram que a Bioética tem 
sido pouco inserida nos debates sobre a nutri genômica, nos quais apenas 11 
traziam alguma referência da Bioética associada à atuação dos comitês de ética na 
proteção dos participantes da pesquisa, dos vulneráveis, dos interesses da 
sociedade, além de regulamentar, orientar e acompanhar pesquisas e aplicação dos 
testes (Figura 2). 
Nutri genômica na perspectiva bioética 
 
(Fonte: Google) 
21 
 
 
 
 
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6.1 Inserção Da nutri genômica Nos Contextos Filosófico, Biológico E 
Cultural 
 O processo civilizatório ocidental, como resultado da relação do homem com 
a natureza e baseado no conhecimento científico, o qual considera o pensamento 
decorrente da Antiguidade grega (Platão e Aristóteles), da época Medieval (São 
Tomás de Aquino), dos tempos modernos (em especial, os séculos XVI e XVII, 
representados por pensadores como Nicolau Copérnico, Thomas Hobbes, René 
Descartes, Isaac Newton, Immanuel Kant, e o século XIX, com Hegel, Darwin, 
Spencer) e da visão contemporânea (Hans Jonas, Arthur Koestler, Lutzenberger e 
Kesselring) — evidencia a consolidação do pronunciamento do domínio do homem 
sobre a natureza e da sua exploração pela técnica, na qual não se percebe como 
parte integrante, o que o torna simultaneamente ator e vítima do seu próprio 
progresso. Essa análise filosófica da questão mostra que a construção do homem 
moderno passou por uma sequência atrelada ao processo evolutivo do 
conhecimento, que o conduziu ao exercício de múltiplos papéis na relação com a 
natureza, ora se posicionando como parte, ora como expectador e, ainda, como 
dominador. 
A ciência, diante da impossibilidade de retornar ao estágio prévio à 
degradação e à insalubridade atual, passou a ser direcionada na busca de meios de 
adaptar o homem, como os demais seres vivos de interesse comercial ou social, a 
esse ambiente artificialmente inóspito à vida no planeta. A evolução do pensamento 
humano e a forma como se percebia conduziram ao cenário atual, cuja relação 
insustentável e predatória da natureza evidencia inegáveis e catastróficas 
consequências, potencialmente irreversíveis. O questionamento é se o atalho que o 
ser humano acreditava que o levaria a uma vida mais leve, sem tanto esforço físico, 
que o liberaria para dispor de mais tempo para viver, o prendeu em uma teia de 
artificialidade que frustrou a expectativa de retomar o ponto inicial. Partindo do 
pressuposto da impossibilidade de retornar a uma relação natural com o ambiente a 
partir de uma reversão dos danos já causados à natureza, a outra opção seria, por 
meio do conhecimento dos processos e da tecnologia, promover a adaptação do 
homem ao ambiente alterado, mediante a manipulação genética e epigenética, 
constituindo como nova meta o domínio do caos. 
22 
 
 
 
 
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O conflito entre o corpo biológico do ser humano paleolítico, de mais de 200 
mil anos, lentamente moldado pela evolução, e as demandas de adaptação 
decorrentes das intensas e exponenciais mudanças tecnológicas do homem 
neolítico é um ponto relevante para os estudos genéticos e principalmente os 
nutrigenômicos .Considerando que, em menos de 4% da sua história de vida, o 
Homo sapiens sapiens foi exposto a essas novidades, não é plausível de esperar 
uma adaptação instantânea. Os alimentos gerados pelos novos meios de produção 
neolítico criaram tensão ao entrarem em contato com o genoma lentamente 
selecionado para a interação com os alimentos disponíveis no ambiente natural, 
subjugados às disponibilidades sazonais e aos inerentes contaminantes biológicos 
de uma época sem saneamento. Os novos alimentos caracterizam-se por carências 
de determinados nutrientes, abundância de calorias, diversidade de elementos 
artificiais e contaminantes de agrotóxicos. Para Zwart, o conflito entre as dietas 
neolíticas e os genomas paleolíticos incorreu nos problemas que hoje a saúdepública investe para remediar, tais como obesidade, diabetes, doenças 
cardiovasculares, câncer de colón e intolerâncias alimentares. O autor sugere a 
interação entre pesquisadores da genômica e da arqueologia a fim de que se 
insiram na sociedade dietas trans neolíticas compostas por alimentos paleolíticos, 
que readaptem a interação ambiental com genomas acrescidos de mudanças de 
modos de vida. 
Comer é um ato de convívio social, de identidade, com costumes que 
simbolizam um povo ou uma crença, sendo o alimento concebido pelo viés saúde, 
seja pelo comportamento por meio de restrições, seja por sua abundância de 
variedade e quantidade. Boff utilizou o termo “comensalidade” para representar o 
ato de comer como um convívio social; segundo o autor, esse comportamento 
permitiu o salto da animalidade em direção à humanidade; nesse sentido, a 
destituição dessa condição é um meio de retornar à desumanidade e à crueldade, 
tal como já se apresenta em muitas situações atuais. Nas sociedades 
contemporâneas, o consumo alimentar tem refletido influências da mídia nas 
escolhas, o que retira do alimento seu papel central como cultura, resultando no 
vício em açúcar, sal e gordura. Dessa forma, o valor atribuído ao alimento passa a 
ser o prazer imediato e a saciedade dos vícios, incorrendo em uma diversidade de 
agravos à saúde. 
23 
 
 
 
 
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A ciência da nutrição é a área base da nutri genômica e são justamente os 
seus fundamentos que devem ser usados para permear a orientação do homem na 
busca da sua restauração natural aos seus processos hemostáticos. Fujii, Medeiros 
e Yamada classificaram a nutri genômica como o que há de mais atual na ciência da 
nutrição, indicando a disseminação no meio acadêmico e profissional; contudo, 
assumiram a necessidade de novos estudos. A utilização da nutri genômica como 
ferramenta para criar dietas personalizadas deve considerar a diversidade de 
metabolismos e de necessidades decorrentes de diferentes modulações genéticas e 
atividades diárias das pessoas. Assim, utiliza-se da influência das características 
genéticas em uma nova forma de fazer recomendações nutricionais 
individualizadas, com a promoção principal da saúde e da escolha de alimentos 
específicos que auxiliem na redução das ocorrências de doenças crônicas não 
transmissíveis. Por sua vez, existe o risco do reducionismo em conduzir a uma 
relação instrumental com o alimento a ponto de lhe atribuir um valor secundário, 
quando comparado com a saúde. 
O sucesso da nutri genômica está condicionado à integração da ciência com 
a tradição cultural, emocional, ética e sensual da relação com o alimento. Deve-se 
considerar que o alimento é a base da formação, manutenção e evolução das 
sociedades, visto que o momento da ingestão materializa um dos raros instantes da 
vida em que o sujeito abre totalmente seu organismo para incorporar o mundo 
exterior. Logo, automaticamente, está vulnerável a incorporar elementos físicos e 
emocionais que podem ser nocivos. Nordström, Jönsson, Nordenfelt e Görman 
reforçaram que o alimento representa o empoderamento biopsicossocial, 
representando um ato deliberado na construção da identidade pessoal. 
A exacerbação da suplementação nutricional pode reduzir o ato da 
alimentação apenas à ingestão de nutrientes básicos e descontextualizar o 
processo biológico, fisiológico e social. Dessa forma, recomendou-se que a dieta 
personalizada não devesse apenas ajustar a alimentação, mas também o estilo de 
vida. Mudanças de hábitos são difíceis, principalmente se abrangerem a 
alimentação, devido às representações envolvidas no processo de produção, 
preparo e consumo, cujo autoconhecimento, criticidade e protagonismo são 
importantes para alcançar a qualidade de vida. Nesse contexto, para Hurlimann et 
24 
 
 
 
 
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al., devido ao papel sociocultural do alimento, a recomendação dietética pode ser 
recebida com resistência por ser percebida como um obstáculo para as tradições 
culturais, para as conexões entre os membros da família e para a percepção 
holística de saúde, apresentando distintas expressões que dependem de fatores 
geográficos, étnicos e socioeconômicos. 
Os autores alertaram para a preocupação das pessoas em transformarem 
alimento em medicação e passarem a perceber o alimento in natura como algo 
perigoso. 
6.2. Nutri genômica sob A Perspectiva Da Saúde 
 O principal benefício atrelado à nutri genômica é a possibilidade de prevenir 
o aparecimento de doenças e diminuir a vulnerabilidade dos doentes, o que aliviaria 
as demandas da saúde pública. A relação das pessoas com a saúde tem influências 
pessoais e sociais que devem ser inseridas na discussão de como implementar a 
nutrição personalizada. A saúde pode ser percebida no meio médico simplesmente 
como viés estatístico, cuja doença é entendida como a ausência daquela; por 
consequência, o foco da intervenção médica parte da doença para sua mitigação. 
Além disso, pode ser analisada com base em uma visão holística, na qual o 
indivíduo saudável é entendido a partir da sua habilidade em associar metas vitais, 
preferências e saúde, entendendo a saúde como qualidade de vida. Para 
Nordström, Jönsson, Nordenfelt e Görman, a nutri genômica deve adotar a visão 
holística, na qual a motivação para promover a saúde é individual, munida pelo 
autoconhecimento e pelo interesse no autocuidado. Para tal, o profissional de saúde 
deve elaborar estratégias de informação, sensibilização e conscientização para 
cada paciente. 
A exagerada atenção e valorização da saúde pelas sociedades ocidentais foi 
vista como uma questão preocupante. Embora essas sociedades tenham dobrado a 
expectativa de vida nas últimas décadas, a obsessão pela saúde, principalmente por 
parte da classe média, pode ser reflexo de uma redução da autonomia na escolha. 
Isso porque se encontra diante da concepção do alimento como medicamento e da 
diminuição da percepção da saúde como um limitante do bem-estar geral. 
Profissionais da saúde canadenses consideraram que a associação da saúde com o 
25 
 
 
 
 
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estilo de vida independe de testes genéticos mais precisos, sendo a conduta 
preventiva almejada pelos profissionais e pela sociedade atual detentora de maiores 
níveis de informação, educação e monetário. 
As síndromes metabólicas decorrentes do mau funcionamento do organismo, 
desencadeado por múltiplos fatores genéticos, como a consanguinidade, e 
ambientais, tais como alimentação e estresse, são atualmente generalizadas, o que 
se torna uma preocupação da saúde pública. Entre os agravos à saúde e as 
principais causas de morte no Brasil, Brant et al. destacaram que as doenças 
crônicas não transmissíveis são as mais violentas e notadamente evitáveis. A 
intervenção pode se dar por meio da mudança de modo de vida, de dietas e do 
consumo de alimentos funcionais, suplementos e nutracêuticos, cuja eficácia pode 
ser maior, caso a intervenção seja adaptada ao indivíduo mediante marcas 
genéticas. A expectativa da adesão popular por tratamentos nutrigenômicos e 
consequente prevenção de doenças faz com que essa área seja de interesse da 
saúde pública, principalmente no que tange à possível redução de custos, uma vez 
que há redução dos efeitos colaterais associados à medicação generalizada. A dieta 
personalizada pode auxiliar em resultados mais satisfatórios para a saúde, contanto 
que leve em conta a herança genética (que pode ter alterações decorrentes da 
influência da condição de saúde física e dos hábitos dos progenitores) e o estilo de 
vida do paciente. 
6.3. Nutri genômica sob A Perspectiva Legal 
Além dos resultados do presente estudo atestarem para a necessidade da 
consolidação de uma base filosófica, teórica e ética para alicerçar a controversa 
aplicação da nutri genômica, concomitantemente, deve-se prover proteção legal. 
Todo cidadão tem seu direito resguardadono que tange a meios e 
instrumentalização para que possa exercer o autocuidado com autonomia e ter 
acesso à informação, ambiente e alimentação saudáveis. Promover autonomia dos 
sujeitos no seu modo de viver por meio de informações que favoreçam as suas 
escolhas responsáveis e saudáveis poderá garantir-lhes maior qualidade de vida e 
saúde. Contudo, ser autônomo não é a mesma coisa que ser respeitado como um 
agente autônomo. Logo, devido à íntima relação com a vulnerabilidade diante desse 
26 
 
 
 
 
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conflito, o cidadão deve ter garantido o direito de autodeterminação, que sustenta o 
direito de autonomia, confidencialidade e privacidade. 
Nos termos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do 
Brasil, a vulnerabilidade refere-se ao estado de pessoas ou grupos que, por 
diferentes motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação reduzida ou 
impedida, ou, de qualquer forma, estejam impedidos de opor resistência, sobretudo 
no que se refere aos termos da pesquisa . 
O excesso de normas alimenta a burocracia, e esta infla os custos da 
pesquisa, podendo dificultar e até inviabilizar o processo. Acordos internacionais já 
sinalizam a mobilização da gestão pública para prevenir doenças por meio da 
manutenção do ambiente saudável. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
— dudh —, os objetivos de desenvolvimento sustentável e a apa são documentos 
que devem ser inseridos na questão da nutri genômica. A dudh garante a 
alimentação adequada como condição primária para o exercício da cidadania. A 
alimentação adequada é um direito inerente a todas as pessoas quanto ao acesso 
regular, permanente e irrestrito, quer diretamente, quer por meio de aquisições 
financeiras, a alimentos seguros e saudáveis em quantidade e qualidade adequadas 
e suficientes. Assim, a alimentação adequada é um dos direitos fundamentais 
previstos no ordenamento jurídico nacional e internacional (dudh, 61), no Pacto 
Internacional de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 e na 
Convenção sobre os Direitos da Criança. 
A estratégia da apa é fortalecer comunidades locais balizadas em princípios 
de sustentabilidade, equidade, cooperação, comunicação e responsabilidade, o que 
lhe dá um caráter interdisciplinar. Ao promover um novo modelo de gestão 
ambiental, inclui a participação ativa de todos os atores em prol da organização, da 
prevenção, da proteção, da diversidade, da autogestão, da autonomia e da 
solidariedade. 
Existe a necessidade da criação de novas legislações para a inserção da 
nutri genômica ou a adequação das já existentes, sendo imprescindível que 
incorporem a percepção da população e considerem que o pouco tempo de atuação 
da nutri genômica é insuficiente para determinar quais são as boas práticas 
27 
 
 
 
 
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esperadas. Bergmann, Görman, Mathers e Bergmann, Bodzioch, Bonet, Defoort, 
Lietz e Mathers (66) divulgaram parte das diretrizes na pesquisa nutri genômica por 
meio de uma ferramenta implementada em 2004, denominada “European 
Nutrigenomics Organization” (nugo), em quatro áreas: 
• Proteção do participante da pesquisa por meio de informação e 
consentimento; 
• Geração e uso de informação genotípica; 
• Estabelecimento e manutenção de biobancos; 
• Troca de amostras e de dados. 
Os autores esperam que essas diretrizes ultrapassem a aplicação ética 
acadêmica e sejam incorporadas por comitês normalizadores, revistas científicas, 
agências de fomento e indústria. 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O panorama da nutri genômica até o momento assinala uma expectativa de 
mitigar a vulnerabilidade do ser humano às condições de vida impostas pelas 
sociedades contemporâneas, cujo ritmo de vida tem oferecido poucas chances de 
promoção da saúde biopsicossocial. A possibilidade de conhecer as necessidades 
específicas individuais e de poder prover os nutrientes que já não são viáveis de 
serem obtidos in natura pode se constituir de alternativas para pessoas que se 
encontram em situação de risco. Por sua vez, assim como outras ciências 
inovadoras, a nutri genômica traz atrelada uma série de incertezas técnicas, sociais 
e éticas, que não devem ser negligenciadas em prol do idôneo objetivo de 
prevenção de doenças, pois são plausíveis de gerarem mais vulnerabilidades. 
A promoção de um ambiente saudável, de alimentos eficazes e seguros, do 
autocuidado e da autogestão da saúde como medidas preventivas são as 
expectativas ideais para que o ser humano desfrute de uma existência saudável. 
Contudo, as demandas modernas, principalmente decorrentes das impactantes 
alterações ambientais e da atuação do sistema capitalista de consumo, criaram um 
conflito entre o biológico e o cultural, cuja alternativa tecnológica inseriu um 
28 
 
 
 
 
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elemento conflitante a mais. Essas novas questões podem ser difíceis de resolver 
com a utilização dos recursos legais, morais e éticos atuais, portanto, requerem a 
intervenção da Bioética como ferramenta para intermediar o diálogo e a busca de 
soluções consensuais. 
A Bioética, todavia, se vê inserida na questão como regulamentadora das 
investigações, com o objetivo de superar a vulnerabilidade do participante da 
pesquisa diante dos interesses da ciência ou da indústria, da pouca capacitação 
técnica e ética dos profissionais. Além disso, das informações incipientes, 
incompletas ou manipuladas, potencialmente capazes de comprometer a tomada de 
decisão autônoma e consciente quanto à participação na pesquisa, no âmbito direto 
das consequências biopsicossociais da intervenção na sua integridade e quanto ao 
destino do seu material genético. A Bioética pode e deve ter uma atuação mais 
ampla e efetiva, questionando a concepção e relação do ser humano com a 
natureza, com incentivos ao autoconhecimento e à autopercepção como ser vivo 
componente de uma teia de inter-relações atemporais. Estas, cada vez mais, 
demandam a instrumentalização desse cidadão quanto à sua criticidade, autonomia 
e protagonismo, para que contribua para um planeta melhor para todas as gerações 
de seres vivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
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