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Prática de Ensino: Reflexões

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Autor: Prof. Wanderley Sérgio da Silva
Prática de Ensino: 
Reflexões
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Professor conteudista: Wanderley Sérgio da Silva
Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), 
mestre em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Geografia também pela 
USP. 
Durante quinze anos trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) com pesquisas 
relacionadas às Geociências e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, 
totalizando cerca de cem projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. 
Em 2001, ingressou na Universidade Paulista (UNIP), onde lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo 
relacionadas à Geografia, ao meio ambiente e ao planejamento, bem como as disciplinas didático-pedagógicas no 
curso presencial de Psicologia (Licenciatura). 
Atualmente é membro da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor nos cursos de Letras e Matemática 
da UNIP Interativa, sendo responsável pelas disciplinas relacionadas à Prática de Ensino, Didática Geral, Estrutura e 
Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da Educação. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-006/11, ISSN 1517-9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Valéria M. Nagy
 Lucas Ricardi
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Sumário
Prática de Ensino: Reflexões
1 CONTEXTUALIZAçãO DA ATIVIDADE ..........................................................................................................7
2 REFLEXãO GERAL SOBRE A PRáTICA DE ENSINO .................................................................................8
3 REFLEXãO GERAL SOBRE O ESTáGIO DOS CURSOS DE LICENCIATURA .................................... 10
4 A PRáTICA E O ESTáGIO NESTE CURSO ................................................................................................. 12
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
1 ContExtualização da atividadE
De início, é importante relembrar o contexto em que se insere esta atividade na dimensão prática do 
curso, uma informação passada em todos os livros-texto das disciplinas de prática de ensino, visando à 
inserção no contexto real da sua formação.
A prática de ensino está sendo desenvolvida em seis semestres, com atividades distribuídas por eles. 
Haverá uma articulação entre as atividades, perpassando todo o curso.
As atividades relacionadas à prática de ensino são as seguintes:
Quadro 1 - Prática de Ensino
1º sem. 2º sem. 3º sem. 4º sem. 5º sem. 6º sem.
Introdução à 
Docência
Observação e 
Projeto
Integração 
Escola X 
Comunidade
Vivência no 
Ambiente 
Educativo
Trajetória da 
Práxis Reflexões
Onde, de modo ideal:
 = Já cumpridas
 = Em andamento
De modo geral, a Prática de Ensino: Reflexões, ora em desenvolvimento, tem o objetivo de 
apoiá-lo no refletir de sua futura atuação profissional, partindo das atividades práticas vivenciadas 
nos cursos de licenciatura em geral e, especificamente, no seu curso. Visa ainda a orientá-lo na 
elaboração dos produtos finais do estágio (relatório, síntese do estágio, fichas, relatórios 
semestrais, eventuais projetos e relatórios de aplicação dos projetos), bem como dos 
procedimentos de entrega e validação.
Desde já é importante salientar que esta disciplina será avaliada por intermédio de atividades 
dissertativas a serem postadas no ambiente acadêmico. NÃO HAVERÁ PROVA. É necessário que 
você fique atento aos avisos e demais materiais explicativos sobre essas atividades, que serão 
disponibilizados oportunamente no seu AVA.
 observação
A Prática de Ensino perpassa todo o curso de modo a articular, na 
segunda metade, o estágio curricular supervisionado.
Num primeiro momento, serão apresentadas reflexões sobre a prática de ensino de um modo geral 
e no que concerne à sua formação. Posteriormente, as reflexões serão atinentes ao estágio curricular 
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
supervisionado dos cursos de licenciatura. Na parte final do livro-texto será apresentada uma síntese da 
prática de ensino e estágio curricular neste curso.
As informações serão baseadas em reflexões constantes de trabalhos de profissionais da Educação 
com ênfase nas atividades de prática de ensino, como Bárbara Maria Macedo Mendes e Maria do Socorro 
Lucena Lima, autoras que apresentam uma produção muito interessante sobre o assunto, cuja leitura é 
recomendada.
2 REflExão GERal SobRE a PRátiCa dE EnSino
A sociedade contemporânea tem exigido dos professores desempenhos cada vez mais qualificados e 
eficazes para conviver com suas contradições e problemas na sociedade globalizada.
Convivemos com males advindos do final do século XX, como os decorrentes da repartição desigual 
dos benefícios gerados pelo progresso econômico, tecnológico e científico, que tem como um dos 
principais reflexos a elevação dos índices de desemprego e a decorrente exclusão social. Neste contexto, 
mais uma vez, a Educação surge como meio de amenizar os problemas e afastar os riscos das questões 
sociais provocadas pela globalização, e cabe ao professor o papel de ajudar seus alunos a encontrar, 
organizar e gerir o seu saber (DELORS, 2001, p. 145 apud LIMA, 2008, p. 197).
 lembrete
Na sociedade globalizada contemporânea, o papel do professor adquire 
cada vez mais relevância social.
Pensar nos cursos de formação de professores em suas perspectivas teóricas e práticas leva-nos 
invariavelmente a refletir sobre o trabalho docente de modo mais amplo, a profissão de professor 
na sociedade e o momento histórico em que estamos inseridos. De modo mais específico, nas 
questões atinentes à prática de ensino na formação de professores, surgem em nossa mente 
indagações sobre o assunto, tais como: qual o espaço e a importância da prática na formação dos 
professores? E da teorização da prática? Que lições de estágio podem ser apreendidas pelos alunos 
dos cursos de licenciatura?
A prática de ensino, em sentido amplo, é o eixo que permeia todo o processo formativo dos cursos 
de licenciatura. Juntamente com o estágio curricularsupervisionado, articula a formação específica 
com a formação pedagógica, e completa a formação do professor profissional.
 observação
A prática de ensino é o eixo que permeia todo o processo formativo, 
articulando sua formação específica com a pedagógica.
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Destacar
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Destacar
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
O que dá sentido às atividades práticas dos cursos de formação de professores é o movimento 
dinâmico que ocorre a partir dessas atividades, saberes e conhecimentos, que se confrontam e se 
cruzam, promovendo a aplicabilidade das teorias. Neste ínterim, permeando o processo educativo, as 
atividades de reflexão poderão auxiliar no entendimento das questões relativas às contradições do 
trabalho docente. Se, durante as atividades, vários conflitos e questionamentos forem ensejados, a 
reflexão sobre eles pode ajudar na sua compreensão e na identificação de saídas para os problemas.
A construção da identidade docente se dá, basicamente, de três formas:
1) na construção das teorias;
2) no confronto entre as teorias e as práticas;
3) na análise sistemática das práticas à luz das teorias.
Essa identidade é formada tanto na perspectiva individual como na dimensão coletiva, sendo 
constituída pela experiência pessoal e as vivências individuais; caracterizando-se, no interior dos grupos, 
como identidade coletiva, isto é, proporcionado pelo conjunto de disciplinas da grade curricular, porém 
o confronto é quase limitado às atividades de prática de ensino e disciplinas didático-pedagógicas a 
elas relacionadas.
A prática de ensino constitui-se, portanto, em pilar importante da sua formação como professor, 
e poderá possibilitar a você, no futuro, a construção e reconstrução de elementos teórico-práticos do 
cotidiano da docência. A articulação desses elementos é mobilizada de forma reflexiva.
 lembrete
A prática de ensino constitui-se pilar importante da sua formação 
como professor.
Um dos grandes desafios dos cursos de licenciatura é o de diminuir a lacuna ainda existente entre 
teoria e prática, que, às vezes, impossibilita o aluno-estagiário de perceber criticamente as questões 
inerentes à escola, transformando-o em mero executor de normas pré-fixadas. Daí surge com muita 
força a necessidade da reflexão sobre essas atividades, visando à melhoria da qualidade da formação.
Dentre as atividades de prática de ensino, o estágio curricular supervisionado assume papel 
de grande relevância, pois promove a aplicação de teorias de modo mais direto e permite ao aluno-
estagiário vivenciar seu futuro ambiente de trabalho. No âmbito das atividades de prática de ensino, o 
momento da realização do estágio, regra geral, gera um impacto e leva-o a vivenciar sentimentos de 
insegurança, ansiedade e angústia em virtude do desconhecimento do olhar crítico da escola e da sala 
de aula. Diminuir esse impacto é outro desafio importante para os formadores de professores, o que nos 
remete à necessidade de refletir também, e de modo mais específico, sobre essas atividades.
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
3 REflExão GERal SobRE o EStáGio doS CuRSoS dE liCEnCiatuRa
Em verdade, as reflexões sobre o estágio nos levam a perceber, inicialmente, a transitoriedade dessa 
atividade. Seu caráter passageiro faz com que o momento do estágio seja sempre incompleto, porque 
ele não se conclui no sentido de levar o estagiário a compreender seu futuro profissional, uma vez que 
é somente no efetivo exercício da docência que a profissão é apreendida, mesmo assim, de maneira 
sempre renovada. Desse modo, o período do estágio, ainda que transitório, não pode ser menosprezado, 
pois pode se tornar um exercício efetivo de participação e conquista sobre as aprendizagens profissionais 
que a escola proporciona.
 observação
O estágio, embora transitório, pode caracterizar-se como momento 
fundamental de aprendizagem da prática educativa.
Alguns desafios e contradições que envolvem a operacionalização do estágio na universidade nem 
sempre são estudados e compreendidos, seja por formandos ou por formadores. Dentre eles, surgem, 
com destaque, por exemplo:
• o fato de o estágio ser obrigatório para o aluno, mas não haver uma correspondente obrigatoriedade 
da escola em aceitá-lo; 
• a distância entre o discurso em prol da significância do estágio e a prática pedagógica restritiva, 
que dificulta sua realização;
• o fato das atividades serem, geralmente, concentradas no período letivo de um ou dois semestres, 
dificultando a visão do todo e do quanto é importante o estágio na formação do futuro professor.
Como resultado de tantos problemas, pode ficar despercebida uma questão fundamental da atividade, 
que está na base de muitos dos nossos descontentamentos e conflitos no decorrer do estágio, que é 
o movimento de aproximação de duas instituições de ensino, cada uma trazendo valores, objetivos, 
cultura e relações de poder diferentes, com o objetivo de realizarem um trabalho comum: a formação de 
professores. No meio desses dois campos de força está o estagiário, preocupado em cumprir os requisitos 
acadêmicos propostos pelo professor-orientador da disciplina e em transitar de maneira satisfatória 
pela escola, na busca de aprendizagens sobre sua futura profissão.
 observação
No período de estágio, o estagiário posiciona-se entre a instituição 
formadora e a concedente, o que pode gerar conflitos.
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
Podemos perceber que há uma complexidade que envolve o estágio e as práticas executadas no seu 
âmbito. Por analogia, ele poderia ser comparado com uma ponte, na qual os estagiários exercem suas 
atividades na tensão desse jogo de forças entre a instituição formadora e a que o recebe.
Tanto na universidade quanto na escola, o estagiário vai conviver com problemas e contradições 
que são agravados pelo fato dele (estagiário) não ter clareza das relações que se estabelecem entre 
as instituições e as pessoas que por elas transitam. Ocorre, em ambos os casos, que cada escola tem 
um jeito específico de conduzir o seu cotidiano e de se posicionar diante das questões e desafios que 
surgem. O estágio é, assim, um espaço de mediação reflexiva entre a universidade, a escola e a 
própria sociedade.
Do ponto de vista da instituição formadora, a construção das atividades que comporão o estágio deve 
fundamentar-se em sucessivas reflexões sobre o processo de tornar-se professor; o processo formativo 
requer conhecimentos específicos sobre a prática de ensinar, bem como habilidades profissionais 
inerentes ao ofício.
A cultura vivenciada pelo estagiário (na escola onde realiza suas atividades de estágio) é 
trazida para a universidade e entra em confronto com o conhecimento formal do currículo. Nem 
sempre a teoria é refletida na prática, o que provoca mais um conflito interno. Os professores da 
instituição formadora, muitas vezes até o próprio professor de prática de ensino ou orientador 
do estágio, não aplicam a teoria na sua prática profissional e, quando são confrontados quanto a 
isso, se recusam a dialogar.
É na sala de aula, durante o estágio, que ocorre o embate real entre o conhecimento proporcionado 
pelas disciplinas do curso de formação e a cultura vivenciada por alunos e professores. Fourquim (1993, 
p. 10 apud LIMA, 2008, p. 199) afirma que 
[...] a escola é um caldeirão de culturas, espaço de efervescência cultural, 
identificado na forma de organização do trabalho escolar e nos elementos 
que a constituem: hierarquia, visão de mundo, tipo de formação, concepção 
de ciência e espaços de poder. 
Diante de toda cultura que mobiliza a escola, é necessário que o estagiário possa entendê-la como um 
grupo social interativo, no qual ocorre o fenômenoeducacional em suas contradições e possibilidades. É 
necessário também que ele procure as vias de aplicação das teorias na realidade prática social.
 lembrete
Os professores da instituição formadora, muitas vezes até o próprio 
professor de prática de ensino ou orientador do estágio, não aplicam a 
teoria na sua prática profissional e, quando são confrontados quanto a isso, 
se recusam a dialogar.
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
Pinto e Fontana (2002, p. 116, apud LIMA, 2008), quando escrevem sobre o trabalho escolar e a 
produção do conhecimento por ocasião das atividades de prática de ensino, advertem para o encontro 
e o confronto que acontecem entre os professores da escola de educação básica, os professores da 
universidade e os educadores em formação. Consideram o estágio uma grande convergência de saberes, 
histórias de vida e experiências individuais e coletivas. Cientes desse confronto e refletindo sobre eles, 
o estagiário poderá situar-se e entender os acontecimentos, tirando deles as lições necessárias à sua 
formação. Realmente não é fácil, há muita complexidade envolvida nesse processo.
Enquanto o professor do estágio assume o papel de orientador, o estagiário aproveita a oportunidade 
de contato com a escola para descobrir seus valores, organização e funcionamento, bem como a vida e 
o trabalho de seus professores, gestores e alunos. Importa que ele consiga vislumbrar-se como professor 
e não como aluno-estagiário, pois isso o levará a apreender a realidade e situar-se em seu contexto de 
forma a buscar soluções para os problemas verificados.
4 a PRátiCa E o EStáGio nEStE CuRSo
A UNIP, por intermédio da Coordenadoria de Estágios em Educação, responsável pelas disciplinas 
didático-pedagógicas dos cursos de licenciatura (que são aquelas mais diretamente relacionados à sua 
formação como professor), tem procurado promover maior articulação entre as disciplinas de cunho 
teórico e prático que a envolvem, de modo a diminuir o impacto de muitos dos problemas referenciados 
nas reflexões anteriormente citadas.
 observação
Neste curso, o estágio está inserido num contexto didático-pedagógico 
integrado a outras disciplinas teórico-práticas.
A prática e o estágio estão num contexto maior, didático-pedagógico, e são articulados com outras 
disciplinas. Na sequência, serão apresentadas as principais características de cada uma das atividades 
práticas desenvolvidas durante o curso:
• Prática de Ensino: introdução à docência – ministrada de modo ideal no início do curso, tem o 
objetivo de levá-lo a perceber que existe uma educação acontecendo ao seu redor que perpassa 
sua vida e que o influencia, bem como a todos os que o rodeiam, e que esta educação não se 
restringe ao ambiente escolar, mas ocorre também em outros ambientes educativos. Trabalha-se 
com textos reflexivos desde o início, que apontam para a importância que a educação, termo 
muito amplo, exerce sobre a vida de todas as pessoas;
• Prática de Ensino: observação e projeto – em seguida, esta atividade de prática de ensino tem 
por objetivo analisar e levá-lo a compreender os conceitos dos termos “observação” e “projeto”, 
do ponto de vista científico, e levá-lo a uma aproximação com relação a essa educação que o 
rodeia, dirigindo seu olhar para observar mais de perto as escolas e outros ambientes onde a 
educação ocorre (como teatros, parques, ginásios de esporte etc.). No âmbito dessa atividade, 
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
sugere-se a elaboração de um relato de observação de ambientes educativos, bem como de um 
pequeno projeto de integração pedagógica entre um ambiente não escolar e uma escola;
• Prática de Ensino: integração escola X comunidade – o objetivo dessa atividade é levá-lo 
a uma aproximação ainda maior com relação à educação por meio da observação e do estudo 
integrado entre uma unidade escolar e a comunidade onde ela se insere. Enfoca-se a importância 
da articulação entre ambas e sugere-se a elaboração de outro projeto que envolva a caracterização 
sucinta do ambiente escolar (com ênfase na identificação de problemas que possam ser 
supridos com a colaboração da comunidade onde ela se insere); a caracterização da 
comunidade (com ênfase para a identificação de problemas que possam ser supridos com 
a participação ativa da escola); e a idealização de um projeto que promova a articulação entre 
elas;
• Prática de Ensino: vivência no ambiente educativo – visa à inserção no contexto de um ambiente 
escolar – seu futuro ambiente de trabalho –, por meio do estágio curricular supervisionado. 
É a atividade de prática de ensino que articula o estágio propriamente dito, de observação, 
participação e regência exigidos pela legislação. Adicionalmente, no âmbito da disciplina, visa a 
orientá-lo e treiná-lo à elaboração e compreensão de instrumentos didáticos importantes na sua 
futura atuação profissional, como o “plano de aula” e a “sequência didática”;
• Prática de Ensino: trajetória da práxis – promove e orienta a finalização do seu estágio, 
enriquecendo-o com a reflexão sobre a trajetória seguida no processo de sua realização, a fim de 
ajudá-lo a terminar o estágio curricular supervisionado com qualidade e estímulo. A atividade é 
enriquecida com orientação de atividades pedagógicas importantes, entre as quais se destaca o 
“plano de ensino”;
• Prática de Ensino: reflexões – trata-se da disciplina ora em desenvolvimento, que tem por 
objetivo promover uma reflexão sobre a prática de ensino e o estágio curricular supervisionado, 
tanto no âmbito geral dos cursos de licenciatura quanto no seu curso especificamente, além de 
orientar a realização de uma atividade de microensino (avaliação crítica de aula a ser orientada 
oportunamente – fique atento ao seu AVA), visando ao aprimoramento da sua visão sobre a 
importância da preparação adequada de uma aula.
A essas atividades práticas, unem-se de modo articulado algumas disciplinas de cunho teórico, cujas 
principais características são apresentadas na sequência:
• estrutura e funcionamento da educação básica: tem por objetivo informá-lo quanto ao fato do 
funcionamento da educação básica apoiar-se numa estrutura definida pela legislação, o que leva 
à necessidade de obtenção de conhecimento sobre noções básicas de legislação, para entender 
esse funcionamento. Apresenta-se também a compreensão histórica do tratamento dado à 
educação nos principais diplomas legais que tratam do assunto no país, visando à promoção, 
ao aprendizado e à compreensão adequada da questão. Toda essa trajetória é necessária para 
entender os caminhos trilhados pela legislação educacional até redundar no atual sistema, 
definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) vigente no país atualmente. 
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
Assim, uma visão geral a respeito do tratamento dado ao assunto nesta lei compõe o restante 
do conteúdo da disciplina, com ênfase no sistema educacional brasileiro. De modo geral, propicia 
condições para que você compreenda esse sistema, reconheça-o como um elemento de reflexão 
sobre a realidade educacional brasileira e sinta-se estimulado a acompanhar as medidas que 
alteram o sistema, pois isso muda o pano de fundo do seu futuro profissional;
• planejamento e políticas públicas da educação: oferecida na sequência da disciplina Estrutura 
e Funcionamento da Educação Básica, objetiva levá-lo a um conhecimento mais detalhado 
sobre a principal lei que regula a educação no país e reflete em si a política adotada pelo Poder 
Público, a LDB. De modo geral, dá condições para que você compreenda o embasamento legal 
para sua atuação profissional e as políticas a ela associadas, reconheça o sistema escolar como 
um elementode reflexão sobre a realidade educacional brasileira e seja estimulado a acompanhar 
as atualizações constantes que vêm sendo realizadas por intermédio dos membros do Conselho 
Nacional de Educação, do Ministério da Educação e dos parlamentares deste assunto. Aqui, você 
toma conhecimento das principais prerrogativas legais de interesse à sua formação e atuação 
profissional, bem como pode refletir sobre questões que orbitam em torno delas, como a gestão 
escolar e as diferentes formas de se planejar a prática educativa. Assim, se na disciplina a educação 
é destacada em seus aspectos históricos que redundaram na atual estrutura e funcionamento do 
sistema, em Planejamento e Políticas Públicas, parte-se da atual estrutura e funcionamento para 
o futuro, com destaque a ações de planejamento;
• didática geral: é uma disciplina que se preocupa com o processo de ensino e aprendizagem. 
Estudar didática, por sua vez, significa ir além do acúmulo de conhecimento sobre técnicas 
que ajudam a desenvolver o processo. Significa, antes de tudo, desenvolver a capacidade de 
questionamento e de experimentação sobre esses procedimentos — aprender a refletir ao escolher 
entre as diversas alternativas de desenvolvimento da atividade docente. Antes de tratar da questão 
de modo específico e detalhado, no contexto dessa disciplina, são apresentados elementos de 
reflexão que orbitam na didática e que com ela se fundem e, por vezes, se confundem. É muito 
importante que você, futuro professor, tenha uma visão ampla e profunda do contexto em que 
se desenvolverá sua atividade docente, ou seja, da escola, e, principalmente, da sala de aula. 
É nesse sentido que os elementos dessa disciplina tentam ajudá-lo a seguir. São apresentados 
aspectos conceituais básicos, onde você aprende a diferenciar termos como: educação, ensino, 
aprendizagem, didática, pedagogia e filosofia, que se entrelaçam por possuírem, em alguns 
casos, ligações até profundas entre si, mas que apresentam significados diferentes. Em seguida, 
o foco é a importância da didática na formação profissional do professor, ou seja, na sua 
formação. Entre outros aspectos de interesse, enfatiza-se o esclarecimento do compromisso 
social e ético que a profissão exige, o futuro papel que você deverá desempenhar na sociedade 
e no processo de ensino – aprendizagem de seus futuros alunos. Apresenta-se ainda uma visão 
geral sobre o contexto da instituição escolar, seu futuro local de trabalho e, ao final, é dada 
atenção especial para a relação professor X aluno no contexto da sala de aula, com destaque 
para as dimensões afetiva, cognitiva, socioeconômica e cultural diferenciadas dos alunos;
• didática específica: oferecida na sequência da disciplina Didática Geral, enfoca os métodos, 
técnicas e recursos didáticos que estão à disposição do professor e que o auxiliam na comunicação 
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
com os alunos, para promover o máximo de aprendizagem. Informa também quanto à existência 
de temas transversais que devem ser inseridos frequentemente nas aulas, por serem mais afeitos 
à realidade social contemporânea, o que promove maior aproximação entre a sala de aula e a 
realidade social;
• psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem: tem o objetivo de estabelecer condutas 
adequadas a cada grupo de alunos com os quais você for trabalhar, de acordo com seu nível 
de maturidade. Apoiados na Teoria Cognitiva, de Jean Piaget, a Epistemologia Genética, bem 
como em teóricos essenciais sobre o assunto, como Vygotsky, Ausubel, Skinner e Wallon, 
são apresentadas as condições sobre as quais se desenvolvem as estruturas mentais e a 
inteligência nos indivíduos.
De tudo o que foi trabalhado com você durante o curso e que foi aqui sintetizado, depreende-se que 
você, aluno-estagiário, não é visto como um mero receptor de informações prontas, incontestáveis e 
que não ensejam feedback, mas como um sujeito capaz de compreender e formar opinião, com o desejo 
de aprender e desenvolver suas atitudes e habilidades de modo a tornar-se um professor diferenciado 
no mercado.
Ensinar não se resume em transferir conhecimento, mas cria possibilidades para sua própria 
produção ou construção, desenvolvendo em você a capacidade de observar, analisar, interpretar e 
pensar criticamente a realidade educacional, prioritariamente, para melhor compreendê-la e buscar sua 
transformação naquilo que for necessário.
 lembrete
Ensinar não se resume em transferir conhecimento; envolve criar 
possibilidades para sua produção e construção.
Temos tentado atualizar e mudar a feição da prática de ensino em nossos cursos de licenciatura, 
conferindo às disciplinas uma conotação mais reflexiva e crítica, buscando encontrar caminhos que 
favoreçam o melhor desempenho dos alunos no enfrentamento dos desafios do ensino na educação 
básica, como o fracasso escolar que gera o desestímulo, compromete a ação docente e desarticula o 
processo educacional. De fato, as mudanças estão acontecendo em nossos cursos, não apenas por nossa 
vontade, mas por imposição da dinâmica social.
Na medida em que vão sendo evidenciadas as vulnerabilidades da funcionalidade e da 
operacionalização do estágio, em seu lugar vão surgindo indicativos de sua ressignificação, bem como 
de redirecionamentos das atividades docentes e discentes. Ganham espaço fatores diretamente ligados 
à qualidade do ensino. Os alunos-estagiários são levados a questionar o que se aprende e não se aprende 
na escola, o que se ensina, como se dá a interação entre alunos e professor e qual a importância disso 
na promoção da aprendizagem. Aprendem que a escola pública deve ser defendida como um direito, o 
que acarreta obrigações para com ela (CHARLOT, 2005, p. 147 apud LIMA).
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PRÁTICA DE ENSINO: REFLEXÕES
Como reflexo desse esforço de qualificação de professores, é esperado que você, como futuro 
professor, possa viabilizar uma sistemática de trabalho que:
• propicie um bom relacionamento com os alunos;
• facilite a compreensão de conteúdos;
• desperte a curiosidade do aluno;
• tenha comprometimento social, assumindo sua responsabilidade na formação da cidadania do 
aluno;
• tenha entusiasmo no exercício da profissão;
• acredite nas possibilidades do aluno;
• tenha humildade para perceber sua necessidade de crescimento pessoal e profissional;
• promova o desenvolvimento de competências que favoreçam a autocrítica acerca da sua prática 
docente;
• conduza o aluno a fazer reflexões pessoais e profissionais;
• adote postura investigativa, na busca de novos caminhos e conhecimentos;
• auxilie o aluno a desenvolver autodisciplina.
Trata-se do empenho em aprofundar seus conhecimentos teóricos e práticos sobre a escola, não 
mais de forma descomprometida, mas com o olhar de professor; de perceber que quando as perguntas e 
dificuldades básicas começam a ser superadas, a carga horária prevista para o estágio chega ao fim, antes 
mesmo que encontremos todas as respostas às perguntas iniciais. Ao elaborar novamente esse processo, 
lembramos que somos todos estagiários em vários aspectos da vida e estamos sempre despreparados 
para as perguntas e desafios pessoais e profissionais que surgem. Isso é ser estagiário, um constante 
aprendizado.
 lembrete
Somos todos estagiários em vários aspectos da vida e estamos sempre 
despreparados para as perguntas e desafios pessoais e profissionais que 
surgem.
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REFERÊNCIAS
LIMA, M. S. L. Reflexões sobre o estágio/prática de ensino na formação de professores. Revista Diálogo 
Educacional. Curitiba: PUC-PR, 2008, v. 8, n. 23, p. 195-205.
MENDES, B. M. M. Novo olhar sobre a prática de ensino e o estágio curricular supervisionado de 
ensino: (re)significando experiênciasformativas. Teresina: UFPI, 2006. Disponível em: <http://www.
ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt2/GT2_2006_18.PDF>. Acesso em: 1º jul. 2014.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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