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E N D O C A R D I T E I N F E C C I O S A Infecção, geralmente bacteriana, da superfície endocárdica do coração, acomete principalmente as válvulas cardíacas, embora em alguns casos os septos entre as câmaras, o endocárdio mural ou os dispositivos eletrônicos implantáveis possam ser comprometidos. Tradicionalmente, era classificada como aguda e subaguda, a depender da duração dos sintomas antes da apresentação, a aguda era causada pelo Staphylococcus aureus, e a subaguda pelos estreptococos do grupo viridans. LAYANE SILVA EI é infecção microbiana que envolve o endotélio cardíaco pode envolver valvas cardíacas, defeitos nos septos, corda tendínea, endocárdio mural, nos shunts arteriovenosos e artério-arteriais a EI pode se apresentar de forma aguda ou subaguda. a lesão característica da EI é a vegetação. Em geral, há uma infecção da circulação sistêmica, na qual a bactéria passa pela veia cava, átrio direito, ventrículo direito e vai para o pulmão, este pode ser o responsável pelo mecanismo de endocardite. A valva, dentro do coração, vai ser o marco anatômico mais envolvido dentro da endocardite, entretanto, outras estruturas podem estar envolvidas, dentre elas: septo, músculo papilar (responsável pelas cordas tendíneas abrir e fechar a tricúspide) - além disso, pode ainda envolver áreas de shunt, sejam eles interatriais e/ou interventriculares. Quando identificada, a endocardite deve ser tratada assim que possível e caso não tenha uma boa evolução com antibioticoterapia pode-se indicar o tratamento cirúrgico, visto que pode haver a apresentação aguda, na qual em poucos dias o paciente faz um quadro de sepse e se torna grave, geralmente associado ao Sthapyloccocus, e a apresentação subaguda na qual há uma evolução insidiosa (mais lenta), com mortalidade menor que pode estar frequentemente associada ao estresse. A vegetação consiste em um conglomerado de bactérias juntamente a células inflamatórias, que se assemelha a um "trombo infectado". Apenas uma proporção relativamente pequena (≈20%) dos casos clinicamente diagnosticados é classificada como definitiva - foi responsável por aproximadamente 1 caso em cada 1.000 admissões hospitalares nos Estados Unidos, com variação de 0,16 a 5,4 casos por 1.000 internações, e a incidência estimou-se em 10.000 a 20.000 novos casos por ano. EPIDEMIOLOGIA De forma geral, condições cardíacas que causam fluxo turbulento na superfície endocárdica ou através de uma válvula predispõem à EI, sendo mais comum afetar válvulas em ordem decrescente de prevalência: válvula mitral única, aórtica, mitral e aórtica em conjunto, tricúspide, infecção mista dos lados direito e esquerdo e válvula pulmonar. CONDIÇÕES PREDISPONENTES há uma incidência de 1,9-6,2: 100.000/ano, sendo 3:100.000/ano crianças - essa alta taxa em crianças deve-se à cardiopatia reumática (febre reumática). é mais comum no sexo masculino (1,6 a 2,5 mais casos do que mulheres) as taxas de EI por S. aureus têm aumentado. é uma condição de alta morbidade (50-60%) e mortalidade (20-30%). taxas de óbito podem chegar a mais de 50% nos grupos de alto risco avanços diagnósticos e terapêuticos (ATB + cirurgia) Os homens são acometidos com mais frequência que as mulheres (proporção de homens para mulheres de 1,7:1), mas em pacientes com menos de 35 anos ocorrem mais em mulheres, quanto à prevalência mais de 50% tem mais de 50 anos, o que pode resultar da a baixa incidência de febre reumática aguda, baixo desenvolvimento posterior de cardiopatia reumática e uma elevação simultânea na prevalência de cardiopatia degenerativa valvar na população em envelhecimento. A morbidade é a capacidade de gerar doenças e suas complicações, que na endocardite é próxima de 60%, já a mortalidade estima uma predição de morte de 30 pacientes a cada 100, mas esse cenário pode ser modificado se os médicos tratarem a doença corretamente e precocemente, ou seja, com o diagnóstico precoce, deve-se iniciar imediatamente o uso do antibiótico e solicitar um cirrgião para eventuais complicações. Todos os casos tem tratamento baseado no uso de antibiótico, mas até 50% dos casos necessita de cirurgia associada, apesar dessa alta incidência de endocardite que precisa de cirurgia é uma doença predominantemente clínica, cujo impacto está baseado no diagnóstico precoce e acurado e na uniformização de condutas terapêuticas. LAYANE SILVA C A R D I O P A T I A R E U M Á T I C A Historicamente foi a condição subjacente mais comum, cuja contribuição reduziu após a introdução dos antibióticos, principalmente em países desenvolvidos. V A L V O P A T I A D E G E N E R A T I V A Também está associada à EI, particularmente em pacientes idosos - como fator de risco, a crescente calcificação senil está associada a proporção crescente de comprometimento da válvula aórtica na EI. Se o paciente tem uma cardiopatia estrutural por um procedimento cirúrgico ou por uma doença do endocárdio envolvendo válvula, ou seja, uma valvopatia adquirida com endocardite prévia, as vegetações vão se aderindo a valva e formando as sequelas da endocardite - na maioria das vezes, o paciente já tem predisposição a essas sequelas, em raras exceções elas não ocorrem, apenas quando o episódio prévio de EI foi detectado e solucionado precocemente. D E F E I T O S C A R D Í A C O S C O N G Ê N I T O S C I A N Ó T I C O S , S H U N T S P U L M O N A R - S I S T Ê M I C O ( C I R U R G I C A M E N T E C O N S T R U Í D O S ) E D E F E I T O S D O S E P T O I N T E R V E N T R I C U L A R Conferem maior risco de EI, particularmente doença cianótica complexa como ventrículo único, transposição dos grandes vasos e tetralogia de Fallot, estes são fatores de risco pois para a EI é necessário que haja lesão endotelial e um shunt (curso turbulento de sangue em alguma região) para que o endotélio perca sua integridade e a bactéria seja capaz de passar por ali e formar uma vegetação. P R O L A P S O D A V A L V A M I T R A L C O M R E G U R G I T A Ç Ã O O prolapso da valva mitral ocorre quando a valva despenca e vai para "dentro do átrio", se houver apenas esse prolapso é um arranjo anatômico diferente, já se houver um prolapso com regurgitação de sangue terá uma predisposição para EI. Atualmente é a condição cardíaca subjacente mais comum nos pacientes com EI, uma estatística que reflete sua prevalência na população em geral (4%), normalmente confere maior risco somente em pacientes com válvulas mitrais espessadas e/ou com regurgitação significativa, caso em que o risco de EI aumenta cerca de 10 vezes acima da população geral. Deve-se atentar que se fosse apenas “prolapso da valva mitral” 30% da população teria endocardite, sendo necessário ser um prolapso da valva mitral com regurgitação. C A R D I O M I O P A T I A H I P E R T R Ó F I C A O B S T R U T I V A Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica estão sob maior risco de EI, em particular na presença de obstrução da via de saída, às vezes, a hipertrofia é tão grande que acaba causando uma obstrução na via de saída do ventrículo. Importante lembrar que não pode ser uma cardiomiopatia hipertrófica NÃO obstrutiva, apenas a obstrução causaria EI. V A L V A S C A R D Í A C A S P R O T É T I C A S valvas protéticas mecânicas podem ser, inicialmente, mais suscetíveis a EI, mas as valvas bioprotéticas tendem mais a desenvolver EI após 1 ano. Representam um importante fator de risco de EI, sendo que anualmente, mais de 150.000 valvas cardíacas são implantadas em todo o mundo, e EI em valva protética se desenvolve em 1-4% dos pacientes no primeiro ano após a substituição valvar e em 0,8% dos receptores anualmente do primeiro ano em diante. U S O D E D R O G A S I N J E T Á V E I S A incidência de EI em usuários de drogas injetáveis pode ser 30 vezes mais elevada que na população em geral e 4 vezes mais alta que o risco em adultos com cardiopatia reumática - em algumas áreas dos EUA, é a causa predisponente mais comum de EI em pacientes com menos de 40 anos. Staphylococcus aureus é o microrganismopredominante, observando‐se comprometimento da válvula tricúspide em 78% dos casos, comprometimento mitral em 24% e comprometimento aórtico em 8% - mais de uma valva é infectada em 20% dos casos, e algumas dessas infecções são polimicrobianas. Observa-se que o uso de drogas injetáveis de forma recorrente promove bacteremias constantes no coração, que com o tempo provocam microlesões que predispõem EI, por isso, é possível que o paciente usuário de droga faça endocardite sem necessariamente ter cardiopatia estrutural sobreposta. E N D O C A R D I T E P R É V I A Está entre os mais altos fatores de risco para casos de EI subsequentes, em geral, a condição predisponente de qualquer doença é já ter tido um episódio anterior. E I A S S O C I A D A A T R A T A M E N T O D E S A Ú D E Decorre principalmente de terapias invasivas, incluindo cateteres intravenosos (IV), linhas de hiperalimentação, marca‐passos, outros dispositivos eletrônicos implantáveis e dispositivos para hemodiálise - esta associação resultou na prevalência crescente de S. aureus e decrescente de estreptococos do grupo viridans em grande parte do mundo industrializado. Dispositivos eletrônicos implantáveis podem ficar infectados no momento em que são implantados, especialmente se os pacientes desenvolverem complicações, como hematoma, no local de incisão ou quando o dispositivo precisa ser revisto ou substituído. Outros fatores que aumentam o risco de infecção do dispositivo incluem idade avançada, comorbidades (insuficiência renal particularmente dependente de diálise) e um grande número de eletrodos de dispositivo. C O N D I Ç Õ E S C L Í N I C A S S I S T Ê M I C A S Algumas condições predispõem os pacientes à EI, entre elas: (1) a infecção por HIV em usuários de drogas injetáveis, com o risco aumentando à medida que a contagem de CD4 vai diminuindo, (2) bacteremia relacionada com cateter é um importante fator de risco de EI nosocomial, (3) doença renal em estágio terminal, em particular aqueles que se submetem a hemodiálise no longo prazo, e (4) pacientes com DM estão sob maior risco, por causa do acesso vascular recorrente para a hemodiálise e devido à imunossupressão de baixo grau. O desenvolvimento da doença obedece a uma sequência previsível: lesão endocárdica, agregação de plaquetas e fibrina, criando uma vegetação estéril, bacteremia transitória resultando em semeadura na vegetação, proliferação microbiana e invasão da superfície endocárdica, com infecção metastática para órgãos viscerais e cérebro. FISIOPATOLOGIA C O M P L E X O H O S P E D E I R O - M I C R O R G A N I S M O : “ E I é p a r a q u e m p o d e , n ã o p a r a q u e m q u e r ” A maioria dos casos começa com uma superfície endocárdica danificada, cuja lesão pode ser causada por vários fatores, que variam de doença inflamatória, congênita, degeneração senil e LAYANE SILVA De forma geral, há um defeito cardíaco que gera um gradiente de pressão (seja por jato ou shunt - cardiopatia cianótica ou comunicação entre as câmaras) formando lesões endoteliais, causando perda da integridade do endotélio cardíaco. Em casos de pacientes com baixa qualidade na saúde bucal, até mesmo a escovação pode causar bacteremia com consequente invasão de bactérias na corrente sanguínea que se invadir a barreira endotelial, começa a acumular plaqueta, fibrina, fazendo trombo junto com a bactéria e com isso dá origem à vegetação. Observa-se que bactérias de alta virulência que tem comportamento mais agressivo que faz bacteremia no sangue, Q U A D R O C L Í N I C O : > 9 0 % q u e i x a m d e f e b r e , i n a p e t ê n c i a , p e r d a p o n d e r a l , a d i n a m i a e c e f a l e i a em muitos usuários de drogas intravenosas com EI da valva tricúspide e pacientes com dispositivos implantáveis no lado direito do coração, a endocardite pode se apresentar como dor torácica pleurítica e pneumonia multilobar. EI associada a tratamento de saúde tende a ser clinicamente oculta e exige alto índice de suspeição. idosos e imunodeficientes tem manifestações atípicas. formas de evolução rápida podem causar toxemia e sepse. A maioria dos pacientes se queixa de febre e sintomas constitucionais inespecíficos, como fadiga, mal‐estar ou perda de peso, 50% deles se queixam de sintomas musculoesqueléticos que variam de artrite franca a mialgias difusas, 5-10% tem como principal queixa a lombalgia, mesmo na ausência de osteomielite ou abscesso epidural. A descrição do quadro clínico permite diversos diagnósticos diferenciais, tais como: dengue, Covid e chikungunya, além disso, em 10-20% dos casos de EI não há febre, o quadro afebril costuma ser raro. dispositivos cardíacos implantáveis alteram a superfície endotelial e predispõem a infecções e à formação de biofilmes logo após a sua colocação e antes da endotelização e fibrose ocorrerem. calcificação - qualquer turbulência excessiva ou gradiente de alta pressão pode causar lesão no endocárdio vizinho. Em seguida, agregados de fibrina‐plaquetas se desenvolvem no local da lesão, formando vegetações estéreis, também denominadas endocardite trombótica não bacteriana, esta pode ocorrer de forma espontânea em pacientes com doenças sistêmicas (endocardite marântica em pacientes oncológico ou outras doenças consumptivas, e a endocardite de Libman-Sacks no lúpus eritematoso sistêmico). Quando ocorre bacteremia transitória — por exemplo, como resultado de infecção distante ou doença gengival —, a vegetação previamente estéril pode sofrer semeadura por bactérias, entre as espécies estão: estafilococos e estreptococos, que são mais avidamente aderentes e mais capazes de evitar as defesas intravasculares inatas do hospedeiro, e por essas razões podem causar endocardite com mais frequência. As bactérias proliferam dentro da vegetação e podem alcançar uma carga de microrganismos de 10^9 a 10^11 unidades formadoras de colônias por grama de tecido, mas as superfícies das valvas cardíacas e as vegetações são avasculares, dificultando a terapia com antibióticos e a cura. assim, tem poder patogênico maior, associado a maior virulência, com capacidade de se difundir no sangue de forma mais agressiva, com maior adesividade, ou seja, é importante que se tenha bactéria altamente patogênica com cardiopatia estrutural anatômica, exceto em casos de usuários de drogas. M E C A N I S M O S F I S I O P A T O L Ó G I C O S : c a r a c t e r i s t i c a s c a r d í a c a s a n a t ô m i c a s , d i s f u n ç ã o e n d o t e l i a l e h i p e r c o a g u l a b i l i d a d e , a t i v a ç ã o d o s i s t e m a i m u n e l e v a a a g r e s s ã o v a s c u l a r e t e c i d u a l Há um tipo de endocardite trombótica abacteriana ou Libman Sacks, que é comum em pacientes com lúpus, geralmente é diferente do quadro clássico, ou seja, não há febre nem manifestações sistêmicas, mas com vegetação ao ecocardiograma. A apresentação inicial da EI varia significativamente de paciente para paciente, alguns casos se desenvolvem de forma aguda, com sintomas progredindo rapidamente ao longo de vários dias e outros de forma insidiosa e se apresentam com sintomas inespecíficos ao longo de semanas ou meses. Em pacientes com suspeita de EI, o histórico inicial deve incluir revisão completa dos sistemas, histórico de viagem e uma discussão completa acerca dos comportamentos relacionados à saúde, como uso de drogas ilícitas e atividade sexual. APRESENTAÇÃO CLÍNICA H I S T Ó R I A C L Í N I C A A EI pode estar associada com abscesso hepático + febre, psoíte + febre de origem indetermidada, e outros, por isso deve ser pensada como doença multissistêmica com diagnóstico tardio Deve incluir a procura de sinais periféricos, febre está presente em até 90% dos casos (menos comuns nos idosos e pacientes com insuficiência renal ou insuficiência cardíaca), pressão de pulso alargada (possibilidade de insuficiência aórtica aguda), examinar pele e unhas à procura de fenômenos embólicos não específicos, como petéquias (mais frequentes na conjuntiva,palato e extremidades), nódulos de Osler (pequenos nódulos dolorosos encontrados com mais frequência nas superfícies palmares dos dedos das mãos e dos pés, muitas vezes, aparecem E X A M E F Í S I C O : s o p r o c a r d í a c o e m 8 5 % d o s c a s o s e e s p l e n o m e g a l i a e m 5 0 % d o s c a s o s ( p r i n c i p a l m e n t e n a f o r m a s u b a g u d a p e l a d i s s e m i n a ç ã o d e m i c r o ê m b o l o s p a r a o b a ç o ) LAYANE SILVA no qual o paciente cursa com endocardite, pneumonia e meningite, clinicamente observa-se um paciente com petéquias, rebaixamento do nível de consciência, febre, prótese aórtica e infiltrado pulmonar, já a síndrome de Austrian se diferencia por ser causada obrigatoriamente pelo Streptococcus pneumoniae. A mortalidade de ambos casos é altíssima e todas as doenças associadas são geradas pela endocardite, pois através dela se disseminam vegetação/êmbolo séptico para o cérebro (meninge) e para o pulmão (causando pneumonia). e regridem, podem ter um componente mediado por complexos imunológicos, mas é provável que sejam iniciados por microêmbolos), lesões de Janeway (máculas hemorrágicas indolores encontradas principalmente nas palmas e plantas, e sua origem é embólica) e hemorragias em estilhas (lesões vermelho‐amarronzadas, lineares, que não descoram, nos leitos ungueais, paralelas à direção de crescimento das unhas). pacientes com EI associada a tratamento de saúde apresentam menos sopro patológico à ausculta cardíaca na apresentação inicial do que os outros pacientes com EI. até 15-20% dos pacientes com endocardite têm um AVC antes da apresentação ou durante o curso da sua doença. pacientes com EI relacionada com dispositivo têm sinais e sintomas locais de infecção no local de implantação. O exame do fundo de olho deve ser realizado em busca de manchas de Roth, coriorretinite e endoftalmite (as 2 últimas são mais comuns em endocardite fúngica). Deve‐se realizar o exame cardíaco com extremo cuidado, a fim de detectar qualquer sopro sistólico ou diastólico ou evidência de insuficiência cardíaca, o que é um sinal de mau prognóstico. O abdome deve ser examinado à procura de esplenomegalia, um achado mais comum em pacientes com a forma subaguda de endocardite. Deve‐se realizar um exame neurológico completo, tanto para avaliar o paciente com relação a qualquer déficit neurológico focal quanto para servir como referência durante a hospitalização, pode demonstrar evidência de embolia de grande vaso, paralisia de nervos cranianos, defeitos de campos visuais ou uma encefalopatia toxicometabólica generalizada com estado mental alterado. O U T R A S M A N I F E S T A Ç Õ E S : f e n ô m e n o s p e r i f é r i c o s , t r í a d e d e O s l e r ( e n d o c a r d i t e , p n e u m o n i a e m e n i n g i t e , p o r u m m e s m o a g e n t e ) , s í n d r o m e d e A u s t r i a n ( t r í a d e d e O s l e r c a u s a d a p o r S t r e p t o c o c c u s p n e u m o n i a e ) O “padrão‐ouro” para o diagnóstico de EI é a cultura do microrganismo patogênico de uma valva ou de outra superfície endocárdica mas - exceto se o paciente receba substituição valvar ou nos casos de necropsia - o diagnóstico é clínico a partir dos critérios modificados de Duke que dependem dos resultados das hemoculturas e dados ecocardiográficos e que têm sensibilidade de 76-100% e especificidade de 88-100%, com valor preditivo negativo de pelo menos 92%. DIAGNÓSTICO O diagnóstico geralmente é tardio devido ao quadro multissistêmico, por vezes, o médico espera pelo ecocardiograma e hemocultura para fechar o diagnóstico, mas o paciente pode apresentar diversas reações sitêmicas que podem ajudar a fechar o diagnóstico clínico e iniciar o tratamento precoce antes da chegada dos exames complementares. Um dos exemplos é a tríade de Osler, que é considerao um caso grave Em 1980, Von Reyn começou a pensar em endocardite apenas com manifestação clínica e hemocultura, tendo sensibilidade de 50-60%, conseguindo fechar o diagnóstico em menos da metade dos quadros de EI. C R I T É R I O S D E V O N R E Y N ( 1 9 8 0 ) : h e m o c u l t u r a s + e v i d ê n c i a s c l í n i c a s Com a incorporação das evidências ecocardiográficas tornou-se mais sensível (76%: Duke e 56%: Von Reyn) e com a mesma especificidade (99%), pois foi possível visualizar a vegetação, abscesso, fístula e cardiopatia estrutural, confirmado a EI. C R I T É R I O S D E D U K E ( 1 9 9 4 ) : h e m o c u l t u r a s + e v i d ê n c i a s c l í n i c a s + e v i d ê n c i a s e c o c a r d i o g r á f i c a s LAYANE SILVA Observa-se que ao exercício físico, ocorre aumento da demanda de oxigênio, e consequentemente sangue, mas, como há queda do débito cardíaco, o músculo não recebe o aporte necessário e o paciente se queixa de dor - nesses casos, o ecocardiograma pode fornecer o diagnóstico pela imagem/anatômico. E I D E F I N I T I V A : 2 m a i o r e s , 1 m a i o r + 3 m e n o r e s , 5 m e n o r e s o u a n a t o m o - p a t o l ó g i c o ( n e c r ó p s i a o u c i r u r g i a , e s t e é u m c r i t é r i o a b s o l u t o e ú n i c o , g e r a l m e n t e a p ó s a m o r t e ) . Microbiológicos: isolamento de microorganismos típicos de 2 amostras isoladas de hemocultura; ou isolamento de microrganismos de hemoculturas persistentemente positivas; ou simples hemocultura positiva para Coxiella burnetti (ou títulos de IgG > 1:800). 03 amostras de 10 ml (aeróbios e anaeróbios) sangue periférico, intervalo de 20-30 minutos entre cada coleta, antes de iniciar antibiótico. 90% dos casos apresentam hemoculturas positivas. na febre, há bacteremia o que aumenta a chance da cultura ser positiva nesse período. qualquer germe que positivar na cultura pode fazer parte do critério maior ou menor a depender do agente. Deve haver 2 culturas positivas de germes típicos (Streptococcus viridans, Streptococcus bovis, grupo HACEK, S. aureus ou enterococos) OU 3 culturas positivas (denominadas culturas persistentemente positivas). Pelo menos 3 pares de hemocultura, cada conjunto composto por 1 tubo aeróbico e 1 anaeróbico, devem ser obtidos a partir de locais separados, com atenção à técnica asséptica. Idealmente, estes pares devem ser colhidos com, pelo menos, 20-30 minutos de intervalo para documentar bacteremia contínua, entretanto, quando os pacientes estão criticamente doentes, essa abordagem pode não ser viável. C R I T É R I O S M A I O R E S : ( 1 ) h e m o c u l t u r a s p o s i t i v a s d e g e r m e s t í p i c o s e ( 2 ) e n v o l v i m e n t o e n d o c á r d i c o o u e c o c a r d i o g r a m a a l t e r a d o M I C R O R G A N I S M O S C A U S A D O R E S Cerca de 90% dos casos de EI em valva nativa, adquiridos na comunidade, devem‐se a estafilococos, estreptococos e enterococos, que são germes comuns da pele, orofaringe e trato Agentes típicos: S. aureus, Enterococos, Streptococcus viridans, Streptococcus bovis, Grupo HACEK (Haemophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella e Kingella - 5%) urogenital, respectivamente, com acesso frequente à corrente sanguínea - esses microorganismos expressam receptores específicos para fixação e aderência a superfícies endoteliais danificadas. A causa mais comum em pacientes sem histórico de uso de droga injetável ou tratamento médico recente eram as espécies estreptocócicas, já se houver algum desses fatores de risco epidemiológico, o principal agente é o Staphylococcus aureus - atualmente, o S. aureus é a causa mais comum de EI pois a exposição a tratamento médico tornou‐se um fator de risco predominante para infecções da corrente sanguínea. Grupo HACEK: microrganismos Gram‐negativos (Haemophilus spp., Actinobacillus spp., Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella spp.) é responsável por cerca de 5% dos casos de endocardite, que com métodos atualizados crescem em meio de hemocultura em 7 dias. Agentes atípicos: bacilos gram negativos, S. epidermidis,fungos, micobactérias, rickettsias, clamídias, micoplasmas, Coxiella burnetti e Bartonella spp. Os demais agentes etiológicos são atípicos, mas se estiverem constantemente positivos podem estar entre os critérios maiores de EI. Fungos: mais comuns encontrados na EI são espécies de Aspergillus (raramente crescem em hemoculturas e devem ser isolados de uma amostra anatomopatológica) e Candida (muitas vezes crescem em hemoculturas). O grupo HACEK pode demorar em média de 14-21 dias para crescer em meio à cultura, por isso ficam em um grupo isolado. De modo geral, a endocardite aguda é causada por S. aureus, associada a toxemiae febre mais aberrante e a endocardite subaguda é causada por Streptococcus viridans, tem um quadro subagudo, insidioso, associados a febre e perda de peso Endocardite em usuário de drogas IV (pp. em valva tricúspide): Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Candida. Endocardite por Enterococos: manipulação do trato geniturinário (necessário associar Ampicilina) O S. aureus é o patógeno de maior preocupação entre usuários de drogas injetáveis ou pacientes com histórico de tratamento médico, tem evolução clínica aguda, com progressão rápida ao longo dos dias, assim, cerca de 10-15% desses pacientes têm evidência ecocardiográfica de endocardite mesmo na ausência de sinais clássicos. Assim, deve ser sempre considerado o possível envolvimento cardíaco em qualquer paciente com bacteremia por S. aureus, mas especialmente naqueles com bacteremia ou febre recorrente ou persistente, infecção adquirida na comunidade ou dispositivo cardíaco implantável. A bacteremia enterocócica é muito mais comum, especialmente em pacientes hospitalizados, do que a endocardite enterocócica, entretanto, são responsáveis por muitos casos de endocardite adquirida na comunidade e nosocomial. Na maioria dos casos, a fonte da bacteremia pode ser o trato geniturinário, e a apresentação é geralmente subaguda, e a endocardite é sugerida pela aquisição de infecção na comunidade, ausência de fonte LAYANE SILVA Endocardite por Streptococcus bovis: malignidade do trato gastrointestinal e pólipos colônicos (indicada colonoscopia). clara de infecção, cardiopatia valvar preexistente e ausência de bacteremia polimicrobiana - > 90% dos casos deve-se a infecção por Enterococcus faecalis. Em caso de endocardite por Streptococcus bovis, ao tratar o paciente e passar a fase aguda, deve-se encaminhá-lo para colonoscopia para averiguar a existência de câncer e pólipos no trato gastrointestinal. Endocardite em até 60 dias de pós-operatório do centro cirúrgico: Staphylococcus epidermidis. S. aureus, Candida Albicans (flora bacteriana hospitalar, ou seja, deve ser tratada com antibiótico para germes resistentes - na prática esse risco pode ser de até 1 ano). em casos tardios, entre os estafilococos coagulase‐negativos pode ser observada resistência à oxacilina. espécies estafilocócicas são responsáveis pela grande maioria (≥70%) de infecções de dispositivo cardíaco implantável. prevalência da resistência à oxacilina entre cepas de S. aureus varia entre 30-50%. Endocardite da valva protética pode ser classificada em um dos dois grupos com base no tempo entre a cirurgia da valva e o início da doença: precoce (<2 meses após a cirurgia) e tardia (>2 meses), estafilococos predominam no período precoce quando a EI decorre de infecção perioperatória, já, no período tardio, predominam S. aureus e estreptococos do grupo viridans. E N D O C A R D I T E D E V A L V A P R O T É T I C A A ecocardiografia é usada como ferramenta diagnóstica para identificar cardiopatia predisponente, forneces informações sobre as vegetações, detectar complicações, avaliar consequências hemodinâmicas, realizar avaliação seriada e avaliar prognóstico. Na época de Von Reyn, levava-se em consideração que o sopro cardíaco era um dos critérios de envolvimento endocárdico pois não havia ecocardiograma, posteriormente, percebeu-se que o sopro pode ser benigno ou de uma doença prévia, e geralmente não é possível diferenciar, assim, o foi retirado dos critérios para aumentar a assertividade. Evidência de envolvimento endocárdico: piora ou novo sopro de regurgitação, ecocardiograma positivo (massa intracardíaca, abscesso perianular ou nova deiscência de valva protética). Não apenas o ecocardiograma pode estar alterado, mas outros exames como: tomografia e cintilografia, entretanto o ECO é o exame de escolha e, na maioria das vezes, é suficiente, pode mostrar: concentração, abscesso, fístula e disfunção de prótese. Na maioria dos pacientes com EI que não receberam terapia por antibióticos prévia, todas as hemoculturas são positivas porque a bacteremia da endocardite é contínua, assim, as hemoculturas são verdadeiramente negativas em menos de 5% dos casos, mas a administração prévia de antibiótico pode diminuir o rendimento das hemoculturas em até 35%. Assim, a maioria dos casos de endocardite com “cultura negativa” ocorre em pacientes que receberam agentes antimicrobianos recentemente e, provavelmente, são causados pelos mesmo pelos mesmos microrganismos responsáveis pela maior parte das endocardites de valva nativa, principalmente estreptococos do grupo viridans e microrganismos HACEK. E N D O C A R D I T E C O M H E M O C U L T U R A S N E G A T I V A S Quando as hemoculturas são negativas e suspeita‐se de endocardite, especialmente quando não há histórico de tratamento recente com antimicrobianos, devem‐se levar em conta os microrganismos de crescimento lento, fungos e os microrganismos não cultiváveis, principalmente quando o histórico do paciente sugere exposição a animais de fazenda ou leite não pasteurizado, gatos, piolhos ou aves. E V I D Ê N C I A D E E N V O L V I M E N T O E N D O C Á R D I C O Local mais frequente da vegetação: borda livre dos folhetos (superficie atrial das valvas AV e superficie ventricular das valvas semilunares). Acometimento: valva mitral (40%) e valva aórtica (34%). Geralmente, a endocardite que faz mais abcesso de valva aórtica ou a que mais emboliza na valva mitral é a que está colada à cúspide anterior, em geral, a vegetação está ligada onde tem lesão endotelial, portanto, se houver regurgitação, a vegetação se move para esse lado, se o substrato (fator predisponente) for a insuficiência mitral, a lesão fica para o lado da face atrial da valva mitral. LAYANE SILVA O acometimento geralmente segue a ordem de preferência: valva mitral > valva aórtica > valva mitral + valva aórtica > valva protéticas - além disso, valvas direita + esquerda podem causar shunt intracardíaco (CIA/CIV). Sensibilidade: o ECO TT tem 60-70% (valva nativa) e 15-35% (valva protética), ja o ECO TE tem 90-100%. ECO TT analisa melhor vegetações em valvas direitas, e a ECO TE analisa melhor valvas degeneradas ou calcificadas, prótese e complicações. A ecocardiografia transtorácica (ETT) e a ecocardiografia transesofágica (ETE) são exames altamente específicos (≈ 98%) quando usados como parte da avaliação diagnóstica de suspeita de EI, sendo que a ETE tem sensibilidade muito mais elevada (90-95%) do que ETT (48-63%), assim, a ETT negativa não é suficientemente sensível para excluir endocardite. A ETE é o único meio não invasivo de se detectar extensão perivalvar da infecção, qualquer paciente com anormalidade nova do sistema de condução ou febre persistente — preditores clínicos de extensão perivalvar — deve ser avaliado com ETE. Entre as desvantagens: (1) coágulos assépticos nos eletrodos em 5-10% dos pacientes com dispositivos intracardíacos, e (2) a descoberta de “vegetação” em um eletrodo não é específica de infecção. A alta sensibilidade da ETE para detectar vegetações em valvas nativas pode ser usada em combinação com parâmetros clínicos para dar suporte à decisão de abreviar a terapia se bacteremia por S. aureus associada a cateter vascular. E C O T T X E C O T E Indicações para ECO TE: próteses valvares, avaliação minuciosa do aparato paravalvar se suspeita de complicações (abscessos, fístulas, disfunçãoprótese), janela transtorácica inadequada (pacientes portadores de obesidade/elevação do IMC) e ECO TT negativo associado a alta suspeita clínica. Já, em uma vegetação de câmaras direitas, o ecocardiograma transtorácico é suficiente porque as câmaras direitas são mais superficiais, portanto, esse exame que é transtorácico consegue vê-las muito bem - se for constatada EI não é necessário um exame invasivo para confirmar, mas se não for possível visualizar a EI e tiver alta suspeita, deve-se solicitar o ECO TE. Sempre deve-se começas com ECO TT e se necessário pode-se completar com ECO TE. LAYANE SILVA Êmbolo arterial maior: formação de êmbolo em alguma artéria maior, como a artéria pulmonar ou uma artéria que irriga algum membro; Infarto pulmonar séptico: associar com TEP, no qual o trombo migra e provoca um infarto pulmonar, mas nesse caso seria um trombo com bactéria; Hemorragia intracraniana por aneurisma micótico: o trombo migra bate na parede do vaso causando um processo inflamatório local, que dilata a parede, e em algum momento extravasa sangue, podendo inclusive gerar morte encefálica, então é um aneurisma por enfraquecimento da parede por embolização séptica, se for no cérebro pode causar aneurisma cerebral, se for na aorta pode causar rotura de aorta - no entanto, esse processo é raro na aorta porque a parede da aorta é mais firme; Petéquias: ocorre quando há embolização em microvasos. Hemorragia subconjuntival; Hemorragias subungueais: presença de petéquias embaixo da unha, ou seja, pontinhos de sangue. Lesões de Janeway: manchas eritemato-hemorrágicas, pequenas (5 mm), indolores, nas regiões palmares e plantares. Destacam-se embolização séptica, ou seja um êmbolo de infecção/vegetação passeando pelo sistema circulatório, então ele pode ir para o pulmão se for do lado direito, para o cérebro se for do lado esquerdo, assim, ele sai da aorta e segue o seu refluxo, e pode ir para qualquer órgão. Assim, os fenômenos vasculares são aqueles no qual há um êmbolo séptico (bactéria + trombo), ou seja, uma vegetação que está migrando pelo sistema circulatório arterial, pode haver uma vegetação aórtica ou mitral que vai para qualquer órgão do corpo. Por exemplo, se passar pelo tronco braquiocefálico e carótida, pode ir para o cérebro e causar AVC; se passar pela subclávia pode fazer isquemia do braço, mas geralmente poupa o braço pela presença das colaterais, exceto se as vertebrais estiverem com alguma oclusão e podem fazer isquemia; se ocluir uma artéria renal pode causar isquemia renal - então são dependentes do sistema circulatório. Ademais, se for para o pulmão ocorre embolização pulmonar, que pode ser TEP, Predisposição para EI: EI prévia, uso de drogas injetáveis, valva protética, prolapso de valva mitral, cardiopatia congênita cianótica, outras lesões cardíacas que geram fluxo turbulento dentro das câmaras. Febre: temperatura > 38 C. Fenômeno vascular: evento embólico arterial maior, infarto pulmonar séptico, aneurisma micótico, hemorragia intracraniana, hemorragia subconjuntival e lesões de Janeway. Fenômenos imunológicos: presença de marcadores sorológicos, glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth. Achados microbiológicos que não se enquadram nos critérios maiores. C R I T É R I O S M E N O R E S : ( 1 ) c o n d i ç ã o c a r d í a c a p r e d i s p o n e n t e , ( 2 ) u s o d e d r o g a s I V , ( 3 ) f e b r e d e 3 8 , 9 C , ( 4 ) f e n ô m e n o s v a s c u l a r e s , ( 5 ) f e n ô m e n o s i m u n o l ó g i c o s , e ( 6 ) e v i d ê n c i a s m i c r o b i o l ó g i c a s . F E N Ô M E N O S V A S C U L A R E S Fenômenos embólicos podem estar presente em até 43% dos casos (SNC é o sítio mais comum: AVCi, AVCh, aneurisma micótico, meningite, abscesso) Também podem acometer órgãos abdominais como baço e fígado (abscessos), extremidades (isquemia aguda de membros) e coronárias Embolia pulmonar é muito frequente na El de câmaras direitas (usuário de drogas, HIV +) abscesso pulmonar, pneumonia ou infarto pulmonar a depender de qual parte foi ocluída - as embolizações pulmonares geralmente ocorrem em endocardite de câmaras direitas. Nas câmaras esquerdas pode haver aneurisma micótico, hemorragia cerebral (basta romper), AVC isquêmico, entre outros - o importante é pensar no êmbolo séptico como um trombo que pode levar isquemia ou abscesso para onde ele se deslocar, basta migrar o êmbolo para aquela víscera. Presença de marcadores sorológicos; Glomerulonefrite: nesse caso, não é necessário fechar o diagnóstico de glomerulonefrite, basta observar proteinúria e hematúria no sumário de urina, assim pode-se suspeitar de glomerulonefrite como fenômeno imunológico para suspeita de EI. Nódulos de Osler: lesões elevadas, eritematosas, dolorosas, pequenas (2 a 15 mm) e evanescentes, ou seja, que podem sumir em algumas horas ou dias, então diante de uma suspeita de EI é essencial realizar exame diário na periferia desse paciente. Em geral, surgem nas polpas de dedos ou artelhos, ocasionalmente na eminência tenar, podem ser encontrados também em LES, anemias hemolíticas e infecções gonocócicas. Manchas de Roth: lesões hemorrágicas retinianas com palidez central, observadas no exame de fundo de olho. F E N Ô M E N O S I M U N O L Ó G I C O S Anemia com cinética do ferro de doença crônica é muito frequente nas EI prolongadas/subaguda (90%) Nos casos agudos pode ocorrer leucocitose com desvio, particularmente se o S. aureus é o agente causador. Elevação de PCR e VHS Positividade do fator reumatóide (até 50% dos casos) Exame da urina: hematúria microscópica, proteinúria, cilindros hemáticos, piúria, cilindros leucocitários e bacteriúria. O diagnóstico é feito a partir de ecocardiograma e hemocultura dentro dos critérios de Duke, mas existem outros achados laboratoriais, tais como: VHS elevado, PCR, fator reumatóide, sumário de urina com hematúria e proteinúria (glomerulonefrite) - ou seja, existem outros fatores laboratoriais que podem aumentar a suspeita de EI. Assim, os testes laboratoriais iniciais devem incluir hemograma completo, eletrólitos séricos, medida da função renal e exame de urina. Radiografia de tórax: anormal, demonstrando consolidação, atelectasia, derrame pleural ou êmbolos sépticos transparentes na esmagadora maioria dos pacientes com EI de câmaras direitas, também pode apresentar evidências de IC. ECG: evidências de bloqueio de condução atrioventricular, em especial intervalo PR prolongado, sugestivo de abscesso do anel aórtico ou infarto do miocárdio franco. ACHADOS LABORATORIAIS LAYANE SILVA Outros testes complementares, como a velocidade de hemossedimentação, os níveis de proteína C‐reativa e os níveis de procalcitonina, em geral, não são úteis no estabelecimento do diagnóstico de endocardite. Fator reumatóide: exame complementar atualmente incluído nos critérios modificados de Duke como “critério menor”, na categoria dos “fenômenos imunológicos”, pode estar positivo na endocardite subaguda ou crônica. se S. aureus resistente a meticilina (SARM) for uma consideração importante, como nos casos de usuários de drogas injetáveis e pacientes com histórico de tratamento de saúde, ou em pacientes com alergia grave à penicilina, a terapia empírica deve consistir em vancomicina + ceftriaxona + gentamicina. 80% dos pacientes tem resposta com tratamento adequado. Um de dois esquemas fornece cobertura empírica adequada para pacientes com suspeita de endocardite em valva nativa: nafcilina (ou oxacilina) + penicilina + gentamicina ou vancomicina + gentamicina - esta combinação fornece ótima cobertura para estreptococos do grupo viridans, estafilococos sensíveis à meticilina, enterococos e organismos HACEK. Pacientes com valvas protéticas devem ser tratados empiricamente com vancomicina + gentamicina + rifampicina para cobertura adequada dos patógenos mais importantes neste cenário (SARM, estafilococos sensíveis à meticilina e estafilococos coagulase‐negativos). Ao suspeitar de endocardite deve-se pedir ecocardiograma, hemoculturae deve-se tentar fechar o diagnóstico com os critérios, caso não for possível (diagnóstico indefinido), mas não há outra doença que explique o quadro, deve-se manter a suspeita de endocardite e lançar mão de outros exames que são mais específicos, como PET scan/CT, RNM e tomografia multislice, além de fazer culturas e sorologias especiais que nem todo centro hospitalar tem disponível, além da reação em cadeia de polimerase e RNA ribossomal em busca do microrganismo. Se cultura e ecocardiograma posteriormente estiverem negativos, pode-se suspender o ATB, mas se ambos positivos será considerado erro médico não ter iniciado o antibiótico. Se EI aguda, deve-se pensar em Staphylococcus aureus, mas se for subaguda suspeitar de Streptococcus viridans ou bovis, este pode ser tratado com penicilina G cristalina ou Cetftriaxone e, às vezes, associar com Gentamicina ou Vancomicina O tratamento é feito com antibiótico a depender do germe, será feito por 4-6 semanas, venoso, porque a vegetação é avascular então é necessário um ATB venoso com muito tempo para tratar - em geral cada hospital tem um protocolo institucional para EI, que deve ser suspeitada se fator predisponente e febre, e logo deve-se internar, pedir cultura e ecocardiograma, e iniciar ATB. O tratamento antibiótico definitivo é guiado pelo resultado do teste de suscetibilidade a antimicrobianos do agente patogênico responsável isolado de culturas, em geral, é aconselhável iniciar o tratamento empírico antes do resultado das culturas estar disponível, mas nem todos os pacientes que são admitidos por possível endocardite necessitam ser tratados empiricamente. TRATAMENTO Se o paciente fez um procedimento genitourinário, deve-se suspeitar de Enterococos, que deve ser tratado com penicilina G cristalina com Gentamicina ou Ampicilina com Gentamicina ou Vancomicina com Gentamicina - nesse caso o Gentamicina é obrigatório. Quando o paciente tem sintomas há 4 semanas é uma endocardite subaguda, que deve ser tratado com penicilina G cristalina + Gentamicina - não é necessário Oxacilina ou Vancomicina porque não está associado a estafilococos. Quando o paciente tem sintomas há 3-7 dias e está em sepse e intubado é endocardite aguda, que deve ser tratado com Oxacilina (estafilococos) + penicilina G cristalina + Gentamicina (streptococcus + enterococcus), assim, é possível tratar para todos os tipos de microrganismos com tratamento de alta cobertura - se for um paciente usuário de drogas ou que foi internado recentemente deve-se retirar Oxacilina e substituir por Vancomicina que também trata streptococcus, então pode- se manter apenas Vancomicina + Gentamicina. ENDOCARDITE DO LADO DIREITO Ocorre em 5-10 % dos casos (30-70% - usuário de drogas IV*), o principal fator de risco são as drogas intravenosas, seguidas do paciente com Portocath - o paciente em uso de marcapasso fala sobre infecção pode ser uma endocardite de câmara direita. É mais comum na valva tricúspide, e está associado a drogas IV, cateter de demora e MP - se o paciente usa marca-passo ele não precisa fazer profilaxia para EI, mas se ele tem marca passo ele tem fator de risco para EI - mais raramente atinge a valva pulmonar. As vegetações geralmente são grandes porque há muitas bactérias se proliferando e se agregando cada vez mais. Diagnóstico: esse paciente deve ser submetido ao ecocardiograma e hemocultura, entretanto, deve-se pensar rapidamente no diagnóstico, pois eles tendem a morrer mais rápido, principalmente se tiver dispositivo intracardíaco. Deve-se pedir ECO TE quando o paciente tiver com marca- passo pois os artefatos às vezes dificultam a análise. Cirurgia: opera-se com vegetações tricúspides grandes com > 20 mm ou com embolização, ou seja, ele mandou para o pulmão diversas vezes ou paciente evoluiu com ICC, ou seja, o paciente não precisa ter manifestações de IC para indicar cirurgia, basta ter vegetação grande associadas a embolizações recorrentes. A vegetação emboliza no pulmão, sendo perceptível infecção em ambos os lados em diferentes lobos. LAYANE SILVA Deve ser utilizado antibiótico parenteral durante todo tratamento Duração: Estreptococos: 4 semanas; Estafilococos e gram negativos: 6 semanas; Fungos: 6 a 8 semanas Repetir hemocultura 3 a 5 dias após início do tratamento para avaliar resposta inicial é de 48 a 72 horas após término para avaliar eficácia. Tratamento de microrganismos específicos : quando o microrganismo está definitivamente identificado, o tratamento antibiótico deve ser reduzido em conformidade, e esquemas validados devem ser seguidos. Tratamento continuado do paciente com endocardite: o tratamento apropriado do paciente internado inclui antibióticos e vigilância cuidadosa do desenvolvimento de complicações - além de um exame cardíaco diariamente para avaliar novos sopros regurgitantes. dano local no endocárdio ou miocárdio pode erodir diretamente através do envolvimento de valva cardíaca ou parede miocárdica adjacente, resultando em perfuração valvar hemodinamicamente significativa ou fístula intra ou extracardíaca - em geral, tem início agudo de IC e prognóstico pobre. abscessos de anel valvar também exigem intervenção cirúrgica e são mais frequentes em pacientes com valvas protéticas. pericardite é rara e está, em geral, associada a abscessos miocárdicos. cerca de 35% dos pacientes têm pelo menos um evento embólico clinicamente evidente. Podem ser divididas em 4 grupos para cada classificação: lesão valvar direta e consequências da invasão local, complicações embólicas, infecções metastáticas da bacteremia e fenômenos imunológicos. COMPLICAÇÕES Alguns pacientes com EI necessitam de cirurgia para estabelecer a cura da infecção ou impedir complicações - a maioria dos pacientes com evidências de extensão direta da infecção para estruturas miocárdicas, disfunção de valva protética ou IC por dano valvar induzido pela EI deve submeter‐se a cirurgia. TRATAMENTO CIRÚRGICO LAYANE SILVA Disfunção valvar + sinais de IC IAo ou IM com repercussões hemodinâmicas (aumento de câmara, aumento de pressão venosa, insuficiência mitral grave, aumentando o ventrículo) El por fungos/organismos altamente resistentes El complicada (abscesso, fístula, deiscência) Embolia recorrente (2 ou mais embolizações) Vegetações persistentes Vegetação móvel > 10-15 mm (CR IIb) Assim, se o tratamento com antibiótico não estiver evoluindo bem (fístula, sepse, regurgitação valvar, IC, deiscência de prótese) deve-se enviar o paciente para cirurgia, que em geral, é necessária em 50% dos pacientes. Cirurgia em valva nativa: nesse caso, espera-se que o corpo reaja ao antibiótico e apenas estará indicada a cirurgia quando complicar - diferentemente da valva protética que na maioria das vezes será cirúrgica. Os antibióticos profiláticos são recomendados para prevenir EI quando os pacientes com maior risco de desfechos adversos são submetidos a (1) procedimentos dentários que envolvam manipulação de tecido gengival, região periodontal ou perfuração da mucosa oral, (2) procedimento invasivo do trato respiratório, com incisão ou biópsia da mucosa respiratória, tal como tonsilectomia e adenoidectomia, ou (3) procedimentos invasivos envolvendo pele infectada, estruturas cutâneas ou tecidos musculoesqueléticos. PROFILAXIA A única condição que emboliza mas não pode ser operada é no caso de pacientes com AVC sintomático, porque ele pode ter um quadro de AVC hemorrágico e até morte cerebral durante o procedimento pelo uso da heparina. IC Deiscência Obstrução/ Regurgitação crescente Complicações (abscesso, fístulas, regurgitação grave) Bacteremia persistente/Estafilococos Êmbolos Cirurgia em valva protética: 30% dos casos de EI ocorrem em prótese valvar, que em sua maioria requerem uma consulta com cirurgia cardíaca, e as indicações de cirurgia incluem: Maior valorização da saúde odontológica do que a profilaxia com antibióticos antes do procedimento Indicada apenas nos pacientes com maior risco para El que sejam submetidos a procedimentos odontológicos (manipulaçãogengival, periapical ou com perfuração da mucosa) - Sociedade Americana e Européia População de risco: El prévia Cardiopatia congênita cianótica (não reparada ou corrigida parcialmente) ou corrigida com material protético (< 6 meses) Valvopatia de receptores de transplante cardíaco Prótese valvar. A principal profilaxia para endocardite é a saúde bucal, pois em um paciente que tem predisposição apenas o ato de escovar os dentes, assim, a endocardite que vem da comunidade tem como principal profilaxia a saúde bucal, mas antibioticoprofilaxia só será indicada em caso de manipulação odontológica de alto risco de bacteremia - por exemplo, paciente que tem uma doença perigengival ou periodontal e vai fazer uma tartarectomia, pois o paciente para desenvolver endocardite precisa do complexo organismo-hospedeiro e uma das fontes de bacteremia pode ser esse tipo de procedimento dentário ou urológico. Na Diretriz Brasileira indica-se que toda vez que houver um paciente com alto risco para endocardite é necessário fazer profilaxia se procedimentos odontológicos de alto risco de bacteremia (se sangramento na gengiva) ou se procedimento no trato genitourinário ou esofâgo e trato gastrointestinal com lesão de mucosa - porque o perfil dos brasileiros tem mais cardiopatia estrutural, cardiopatia reumática, saúde bucal ruim e, consequentemente maior risco de endocardite do que quando comparado a EUA e Europa por isso as diretrizes são diferentes. LAYANE SILVA Os antibióticos escolhidos para profilaxia pré‐procedimento devem ser ativos contra os microrganismos com mais tendência a serem liberados para corrente sanguínea pelo procedimento, assim, recomendam‐se antibióticos que cobrem a flora oral em procedimentos dentários e respiratórios superiores. pacientes com endocardite relacionada a estreptococos do grupo viridans, apresentam um risco mais baixo de morte. pacientes com endocardite devido a S. aureus, endocardite fúngica e endocardite zoonótica têm mortalidades mais altas. bastante elevada, variando de 17-36%, sendo as principais causas de morte: IC e eventos do SNC. A endocardite recidiva em 12-16% dos pacientes, e é mais comum em usuários de drogas intravenosas, pessoas idosas e pacientes com valvas protéticas - essa taxa varia de acordo com o microrganismo causador, em geral, infecções facilmente tratadas tem baixa taxa de recaída (5%), mas microrganismos que são mais difíceis de erradicar podem apresentar taxas significativamente mais altas. Quando não tratada, a EI é uniformemente fatal, mas o tratamento agressivo melhora significativamente o desfecho - a mortalidade global da EI em valva nativa e protética ainda é PROGNÓSTICO
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