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Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Urgência e Emergência - aula 8 Prof. Tiago Amaral 10/09/19 Acidente vascular encefálico Objetivos de Aprendizado: - Como reconhecer um acidente vascular encefálico? - Como diferenciar quadro parenquimatoso de HSA? - Quais são os diagnósticos diferenciais a serem considerados? - Como diferenciar AVE isquêmico e hemorrágico? - Quais exames devem ser realizados ao longo do atendimento de um paciente com AVE? - Manejo do AVE isquêmico. - Manejo do AVE hemorrágico. - Manejo da HSA. Definição: - OMS, 2005: • “Comprometimento neurológico focal (ou, às vezes, global), de ocorrência súbita e duração de mais de 24 horas (ou que cause morte) e provável origem vascular.” Se houver a reversão do quadro antes de 24h estamos diante de um acidente vascular transitório. - Quatro componentes (Tem que ter esses 4 componentes fundamentais): • Comprometimento neurológico ou déficit. • Início súbito. • Duração > 24 horas. • Origem vascular. Início súbito: por ser um problema vascular. �1 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Classificação: Podemos dividir os AVC em dois grandes grupos.: • Intraparenquimatosos: quando acontece dentro do espaço cerebral. • Meníngeo: acontece sangramento dentro do espaço meníngeo. - Os dois possuem início súbito. - Intraparenquimatoso: • Sinais e sintomas neurológicos focais. • É possível localizar a lesão no sistema nervoso central. - Meníngeo (Hemorragia subaracnóidea): • Sinais/sintomas meníngeos. • Cefaleia muito intensa, aguda, generalizada. • Pode haver sinais e sintomas neurológicos, principalmente comprometimento de pares cranianos. O intraparenquimatosa tem sinais e sintomas focais, então sabemos onde que aconteceu. No meníngeo tem sinais meníngeos. E o que é um sinal focal (sinal de localização)? Sinal de localização é o sinal em que é possível somar os sinais que o paciente está sentindo + sinais do exame físico —> e localizar onde do cérebro foi comprometido. Para isso devemos saber quais áreas são responsáveis pelo o que. �2 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Tem várias síndrome relacionadas com o AVC. Tem o sulco central, o córtex motor primário (pré giro) e após o giro o córtex sensitivo. De trás para frente: tem a área de Wernick (compreensão da fala) e área de Broca (área de expressão de fala). Do lado do cérebro em que não somos dominante não tem a área da fala. Esse é o Umunculo de penfigue. Na parte central tem a inervação dos membros inferiores (abaixo da cintura). Na convexidade do cérebro temos a internação da face e dos membros superiores. �3 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Irrigando a área onde tem o AVC mais prevalente, tem a artéria cerebral anterior e média. Na parte da convexidade do umunculo tem a artéria cerebral média. Na parte central do umunculo: irrigação da artéria cerebral anterior. Sempre que tiver comprometimento do olho, pensar em artéria cerebral posterior. �4 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena A capsula interna é onde se convergem todas as fibras motoras do córtex. No caso, se pegar a cápsula interna, atinge a parte motora. Se pegarmos a parte da convexidade: perdemos a força e sensibilidade da face e dos membros superiores. Quem irriga essa região é a artéria cerebral média. Se pegarmos a parte central: perdemos a força e sensibilidade do membro inferior. E quem irriga essa parte é a artéria cerebral anterior. Esse slide é importante!!! Se pegar a cerebral anterior: Diminui força, sensibilidade na metade contralateral do corpo predominando do membro inferior. �5 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Se pegar a cerebral média: Diminui força, sensibilidade na metade contralateral do corpo predominando face e membro superior. Se pegar a cerebral posterior: tem hemianopsia (perde metade da visão). Se pegar a carótida interna: tem perda da visão porque oclui a artéria oftálmica. Isso porque a carótida interna da origem a artéria oftálmica. Temos que guardar essas 5 síndromes. Quanto mais o AVC, maior o risco de hipertensão intracraniana e maior o risco de herniação. Temos que saber essas localizações para saber os diagnósticos diferenciais. Diagnósticos diferenciais: - Sinais focais —> maioria dos AVEs • Hipoglicemia. • Migrânea com aura. • Realizar história clínica + glicemia. Se o sinal for focal os principais diagnósticos diferenciais são: hipoglicemia e migrânea com aura. A hipoglicemia da sinal focal, o cérebro para de funcionar. Nesse casos teríamos que fazer uma história clínica boa e pedir dextro. - Rebaixamento do nível de consciência —> AVEs de grande extensão. • Distúrbios eletrolíticos (Na e Ca). • Uremia. • Intoxicações. • Encefalopatia hepática. • Realizar história clínica + Uréia/ Creatinina/ BI/ TP/ Alb. Se a manifestação principal da paciente for rebaixamento do nível da consciência, esmoa falando de um AVC de grande extensão ou então quadro metabólicos. Nesse caso pediríamos mais exames. E como diferenciar isquêmico de hemorrágico? Quando já excluímos os diagnósticos diferenciais e temos certeza que é um AVC, temos que saber se é isquêmico ou hemorrágico. �6 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Hemorrágico: mais grave e tem mais chance de ter hipertensão arterial e intracraniana maior. Causa mais dor de cabeça e perda da consciência. Contudo, isso também acontece no isquêmico. Portante, para diferenciar os dois temos que fazer tomografia. Quando fazemos esse exame, procuramos sangue. O sangue agudo é branco. Se não vimos nada branco, não é hemorrágico. Se temos certeza que diagnosticamos clinicamente um AVC, e não é hemorrágico, é isquêmico. O diagnóstico do AVC é clinico. Usamos a tomografia somente para diferenciar o isquêmico do hemorrágico. No isquêmico: tomografia normal ou com hipodensidade (escuro). No hemorrágico: hiperdensidade (branco). Obs.: a punção de liquor não é muito eficiente porque se o sangramento for dentro do parênquima, não vai sair sangue no liquor (sai somente se pegar os ventrículos). Além disso, se o paciente tiver hipertensão intracraniana, não pode puncionar. Essa é a imagem de um AVC de carótida interna. Esse é um AVC bem grande com muito edema e muito risco de sangramento. �7 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Tomografia: 1. Isquêmico vs hemorrágico. 2. Isquêmico com transformação hemorrágica. 3. Extensão e prognóstico. AVE isquêmico Fisiopatologia: - Trombo branco vs Trombo vermelho —> Diferença no tratamento. A origem mais comum de trombos no coração é FA. No trombo branco: é formado por plaquetas. Nesse caso tratamos com antiplaquetário. No trombo vermelho: tratamento com anticoagulação. �8 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena - Aterotrombótico: • Angio CT (avaliar o sistema vascular). • Tratar com antiplaquetário. - Tromboembólico: • ECG. • Ecocardiografia TE. • Tratar com anticoagulação. - Importante para o manejo subagudo. A importância de diferenciar os trombos é que temos diferença no manejo clínico deles. Para diferenciar um do outro, muitas vezes, temos que lançar mão de exames complementares. A angio tomografia indica problemas dos vasos, quanto o ECG e ecocardio mostra se tem FA. Caso clínico: - Homem, 63 anos. - AP: HAS há 30 anos. - Hemiplegia súbita em hemicorpo direito, desproporcionado. - Predomínio braquifacial. - Afasia. Esses são os exames para diagnosticar porque teve um AVC tão extenso: �9 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Esse é um exame que ajuda a fechar o diagnóstico de onde obstruiu o aterotrombótico. Nesse caso tem que ir para a cirurgia. Manejo na urgência: - Manutenção da vida —> MOV e ABCDE. - Redução da morbidade/sequelas —> terapia de reperfusão. A primeira coisa que temos que fazer é manter esse paciente vivia e depois reduzir assequelas a médio e longo prazo. Sempre temos que fazer ABCDE antes de tudo. Uma vez que estabilizamos o paciente, tentamos reperfundir para deixar a isquemia a mais curta possível. Manutenção da vida: - A: • Abrir/garantir via aérea (COT/CNT/hiperextensão/IOT (?). • Aspirar secreção quando necessário. • Evitar aspiração gástrica (>30°/jejum VO/IOT GCS ≤ 8). - B: • Garantir ventilação. • Bradipneia —> ventilação bolsa máscara. • O2 se SatO2 < 94%. Momento da CT! - C: • ASS 300mg SL. �10 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena • Controle da PA conforme indicação de fibrinólise ou não. • Sem indicação de fibrinólise: redução de PA só é indicada se PAS > 220/PAD > 120 mmHg ou PAM > 150. Aspirar as secreções: o paciente com AVC vai ficar acumulando saliva o tempo todo. Tem que deixar o paciente tem jejum e elevar a cabeceira a 30º. Se o glasglow estiver muito baixo tem que entubar. Temos que suplementar oxigênio para manter a saturação acima de 94%. Se a saturação estiver acima, não tem beneficio em dar oxigênio. Se o AVC for isquêmico podemos dar AAS sublingual, para ter uma absorção mais rápida (isso só serve para alimentos que não passam pela metabolização hepática). Depois que conseguimos manter o paciente vivo, fazemos a reperfusão. E ela depende de algumas coisas. Redução da morbidade/sequelas: - Reperfusão: • É possível? - Janela terapêutica 4,5h. - Há contraindicações. Precisamos fazer algumas perguntas antes de reperfundir: Podemos fazer reperfusão? Isso depende da janela terapêutica que é de 4,5h. Estudos mostraram que depois de 4,5h tem um aumento grande da mortalidade, porque sangra muito depois da fibrinólise. �11 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena - Há contraindicação? • NIH Stroke Scale (NIHSS) < 4 (exceto afasia) ou > 22 (relativa) • Contraindicações absoluta e relativas (associadas a maior morbimortalidade) �12 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Essa escala nada mais é do que um exame físico pontuado. Consiste em um exame neurológico completo. Se a pontuação é muito pequena, quer dizer que o déficit é pequeno e não fazemos (exceto se tiver afasia). Se o exame neurológico estiver muito ruim, significa que o AVC é muito grande. Então, tem uma área de necrose grande e o risco de sangramento depois da fibrinólise é muito grande também. Nesse caso devemos conversar com a família para saber se faz ou não. Depois temos que saber patologias do paciente que podem levar a sangramentos grandes. �13 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena A gravidez é importante e é contraindicação. Os alvos de pressão para fazer fibrinólise são: PA ≤ 185/110 para começar a fazer a fibrinólise. �14 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Se o paciente não atingir a meta mesmo usando remédio, não faz a fibrinólise. Se conseguiu atingir a meta e realizar a fibrinólise. Nesse caso durante a fibrinólise depois (por 24h depois) e pressão deve estar menor ou igual a 180/105 mmHg. O AAS volta somente depois de 24h da fibrinólise, porque tem risco de sangramento até 24h depois da fibrinólise. O AAS que é feito no C do ABCDE pode ser feito ou não. Se o paciente não for fazer fibrinólise, dai dá. �15 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena A fibrinólise fazemos bolus de 10% e o resto infunde por 1 hora. Se o paciente piorar, quer dizer que sangrou. Então temos que parar imediatamente a infusão de fibrinolítico e realizar uma tomografia. E se estiver fora da janela de 4,5h? Muitas pessoas tem AVC no período noturno. Então ninguém viu que começou. Nesses casos temos que considerar que passou de 4,5h. Esse é o fluxograma que fazemos quando já passou das 4,5h. �16 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena E se acordou com déficit ou ninguém sabe a hora em que ocorreu? Foi visto que durante essas 4,5h conseguimos ver uma imagem que ocorre nesse período. Então, no paciente que ninguém sabe quando ele teve AVC, fazemos a tomografia. Se ele tiver essa imagem, quer dizer que está dentro da janela de 4,5h. E se não der para reperfundir, não há mais nada a fazer?? Se não der para reperfundir, fazemos o AAS. E no paciente que fez a fibrinólise, devemos esperar 24h para voltar com o AAS. Além disso, tem outros cuidados que temos que ter com esses pacientes (tanto os que foram reperfundidos como os que não foram): - Decúbito: • Evitar aspiração – 30°. �17 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena - Glicemia: • < 60: glicose. • > 185: insulina. - Temperatura: • Evitar hipertermia. - PA: • Só reduzir se PAS > 220/PAD > 120 mmHg. - Deglutição: • Jejum até avaliação da deglutição. - Prevenção de trombose: • Heparina baixo peso molecular (> 24h). - Estatina: • Assim que possível (ação anti-ninflamatória). - IRSS: • Diminui sequelas. Quando esse paciente for para casa, mandamos ele somente com AAS ou vamos agir no AVC aterotrombótico como no infarto e damos dois antiplaquetários? Isso é pesquisa e tende a ser mudado. Hoje em dia, remos que mandar o paciente para casa com AAS ou clopidogrel. - Aterotrombótico —> AAS. - Tromboembólico —> Anticoagulação - Varfarina ou inibidor de fator Xa. �18 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Se tiver sinais de localização: fazemos tomografia que vai mostrar hipo ou hiperdensidade. A tomografia deve ser feita depois do A e B e antes do C. Depois de mantermos o paciente vivo, fazemos a fibrinólise. Para isso temos que ver o tempo e as contraindicações. Se tiver condições de fazer fibrinólise, temos que regular primeiro a pressão para 185/110 mmHg. �19 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena Depois de 24h usamos o antiplaquetário para o atero-trombótico e o anticoagulante é para o tromboembólico. AVE hemorrágico Intraparenquimatoso: - Manutenção da vida. - Redução da morbidade. Na urgência a parte do A e do B é igualzinha para o AVC isquêmico. Depois isso é o momento que faz a tomografia. Então, decidimos o que vamos fazer depois. No AVC hemorrágico tem metas de pressão diferentes. Manutenção da vida: - A: • Abrir/garantir via aérea (COT/CNT/hiperextensão/IOT (?). • Aspirar secreção quando necessário. • Evitar aspiração gástrica (>30°/jejum VO/IOT GCS ≤ 8). - B: • Garantir ventilação. • Bradipneia —> ventilação bolsa máscara. • O2 se SatO2 < 94%. - C: • Controle da PA. • Se PA inicial do paciente (150 a 220) —> reduzir para PAS = 14 mmHg (e 1h). �20 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena • Se PA inicial do paciente > 220 —> reduzir PAS 140 a 160 mmHg. Também devemos evitar a aspiração e manter o paciente em jejum até que a equipe da fono avalie a deglutição. - Decúbito: • Evitar aspiração – 30°. - Glicemia: • < 60: glicose. • > 185: insulina. - Temperatura: • Evitar hipertermia. - Deglutição: • Jejum até avaliação da deglutição. Tem algumas coisas que são diferentes: tem que parar a anticoagulação caso o paciente use. Se o paciente tiver algum problema de sangramento (diátese hemorrágica), tem que repor o fator que está deficiente/ reverter a diátese hemorrágica.Devemos também avaliar hipertensão intracraniana e chamar a neurocirurgia, invariavelmente. - Suspender anticoagulação e reverter diátese hemorrágica. - Avaliar hipertensão intracraniana. - Neurocirurgia. • Hipertensão intracraniana: - Medidas iniciais: • Elevação da cabeceira (30°). • Analgesia (morfina, fentanil) e sedação (propofol/etomidato/midazoam). - Se sinais de maior gravidade ou ausência de resposta: (GCS < 8/ evidência de herniação/ hidrocefalia ou sangramento ventricular grande). • Diurético osmótico (manitol: bolus of 1g/kg infusões de 0,25 to 0,5 g/kg 6/6h). • Hiperventilação (PaCO2 25 – 30 mmHg). • Bloqueio neuromuscular. • Coma barbitúrico. • Drenagem LCR (cateter ventricular). �21 Urgência e Emergência | AnnaJulia Pena Se o sangramento está muito grave e somente suspender os antiplaquetários não será suficiente, podemos fazer uma transfusão de plaquetas. Se identificarmos a hipertensão intracraniana (nível de consciência, avaliar pupila, fundo de olho, etc) temos que elevar o decúbito. Nesse caso fazemos analgesia e sedação, porque quando mais tranquilo ele estiver, menor é a pressão intracraniana. Se isso não for suficiente, temos que retirar volume de dentro da cabeça: diurético osmótico (faz em bolus), diminui CO2 (faz uma vasoconstrição temporária), usar barbitúrico. PPC = PAM - PIC Hemorragia subaracnóidea: �22 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena O paciente chega com uma dor de cabeça, geralmente moderada a intensa. O par craniano mais comprometido é o óculo motor. Se o quadro for muito intenso, o paciente vai ficar confuso, torporoso. Temos que manejar o pressão arterial, porque quanto mais alta a pressão, maior é o sangramento. Além disso, temos que manejar a pressão sem prejudicar a pressão de perfusão cerebral. • Objetivos do tratamento: - Diminuir lesão cerebral (Hunt-hess: III a V). - Manejo de complicações (manutenção da vida). - Prevenção de re-sangramento. �23 Urgência e Emergência | Anna Julia Pena São as mesmas coisas: cabeceira elevada, jejum, oxigênio, reverter os sangramentos, etc. A pressão é entre 140 e 160 mmHg. Se o edema cerebral for muito intenso, não hiperventila (porque já tem vasoconstrição), então, nesse caso faz apenas o manitol. - Pressão arterial. - Hipertensão intracraniana (PPC). - Vasoespasmo. - Convulsões. �24
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