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COACHING EDUCACIONAL E PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA PARA EDUCADORES Autoria: Estelamaris Reif Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2022 R361c Reif, Estelamaris Coaching educacional e programação neurolinguística para educa- dores. / Estelamaris Reif – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 136 p.; il. ISBN Digital 978-65-5646-539-5 1. Coaching educacional. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 370 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS DE COACHING E MENTORING APLICADOS AO AMBIENTE EDUCACIONAL ............................................................ 7 CAPÍTULO 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) ............................ 45 CAPÍTULO 3 NEUROEDUCAÇÃO E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO ......................................................... 93 APRESENTAÇÃO De 1986 aos dias atuais, a Educação está em constante transformação. A universalização do ensino vem expandindo ao redor do mundo, os investimentos no setor educacional aumentaram e a formação docente evoluiu consideravelmente. No entanto, há muito a se fazer para garantir um ensino qualitativo e global. É neste sentido que cada vez mais tornam-se necessários os investimentos na área educacional e no aperfeiçoamento profissional dos docentes. Assim, será possível alcançar uma educação de qualidade. Nesse contexto é que se insere o Coaching Educacional, sendo uma modalidade de Coaching voltada tanto ao desenvolvimento dos professores e demais profissionais da educação, como ao melhoramento socioemocional das crianças e adolescentes em idade escolar. Por ser um método que congrega diversas técnicas e ferramentas de aprimoramento humano, é completo, e seus benefícios, ainda que de modos diferentes, também podem ser aplicados visando à evolução de ambos. Além do coach, temos a PNL, que é a Programação Neurolinguística. Essa técnica permite que o professor identifique a forma mais adequada de aprendizagem para cada um de seus alunos. Ou seja, PNL fornece técnicas ao professor para que ele detecte qual é o sistema representacional preferido do seu aluno. O mundo mudou, a educação mudou. A sala de aula passou a ser um ambiente plural, onde cada aluno tem a sua própria maneira de aprender. E é isso que estudaremos neste livro. Para isso, ele foi dividido em três capítulos, sendo que o primeiro abordará os Princípios de Coaching e Mentoring, o segundo tratará da Programação Neurolinguística (PNL) e o terceiro, e último, focará a Neuroeducação e Neurodidática. Pronto para conhecer um mundo de informações? Vamos lá! Professora Estelamaris Reif CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS DE COACHING E MENTORING APLICADOS AO AMBIENTE EDUCACIONAL A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: conhecer os princípios do coaching e mentoring educacional; apreender as estratégias e abordagens pedagógicas utilizadas no coaching educacional; entender as ferramentas utilizadas no coaching educacional; inteirar-se dos benefícios do coaching na educação; aplicar os princípios do coaching educacional; implementar as estratégias e abordagens pedagógicas do coaching educacional; utilizar no ambiente educacional, as ferramentas do coaching e mentoring educacional. 8 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES 9 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A ideia de coaching ainda é estranha para muitas pessoas, por isso é comum que o coaching seja confundido com atividades similares, treinamentos motivacionais, ou relacionado a ajudar pessoas a crescerem ou passarem por uma transição profi ssional ou pessoal; contudo, a maioria tem difi culdade em defi nir o coaching e o que realmente ele faz. Por isso, nossa jornada começa com esta pergunta: O que é Coaching? Para o International Coaching Federation (ICF), o coaching profi ssional é uma parceria com o cliente em um instigante e criativo processo que os inspira a maximizar o seu potencial pessoal e profi ssional, que é particularmente importante no ambiente incerto e complexo de hoje. Marion (2017) discorre que, segundo o ICF, o coach honra o cliente como o expert em sua vida e trabalho, e acredita que cada cliente é criativo, inventivo e completo. Baseado nesse fundamento, o coach é responsável por: • descobrir, esclarecer e alinhar-se ao que o cliente quer atingir; • incentivar a autodescoberta do cliente; • provocar soluções e estratégias geradas pelos clientes; • responsabilizar o cliente pelos compromissos assumidos. Esse processo ajuda o cliente a melhorar drasticamente a sua visão sobre sua vida profi ssional/pessoal e, ao mesmo tempo, melhorar suas habilidades de liderança e desbloquear o seu potencial. O coaching promove mudança e transformação. Este é o grande objetivo de um processo de coaching: materializar mudanças (exteriores) a partir de transformação (interior) de pessoas (MARION, 2017). O contexto educacional é benefi ciado pelas práticas de coaching quando integradas à atuação do professor, que deixa de ser o detentor do saber e passa a ser um sujeito participativo do processo, ora como mediador, ora como aprendiz, já que o aluno assume a participação ativa em seu desenvolvimento. Isso é favorecido pela formação signifi cativa, que permite a integração do conteúdo técnico com conhecimentos, habilidades e atitudes que emergem da proposta de vida do sujeito em formação (SILVA; MACHADO, 2019). 10 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES 2 COACHING NA EDUCAÇÃO Vamos começar com uma pergunta simples. Como funciona nosso cérebro? FONTE: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/cerebro-maquina- 100-por-cento-nossa-disposicao/>. Acesso em: 13 jun. 2021. FIGURA 1 – CÉREBRO Essa é a pergunta que todos os neurocientistas do mundo vêm tentando responder há muitos anos. O avanço da tecnologia tem dado uma grande ajuda para esses estudiosos. Hoje em dia, esses cientistas já conseguem enxergar reações de diversas regiões do cérebro a cada estímulo e, com isso, torna-se possível mapear e diagnosticar uma série de coisas (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020). Existem várias linhas de estudo sendo conduzidas em todo mundo. Cientistas das mais diversas universidades têm se debruçado sobre essas questões: Como recuperar movimentos perdidos? Como atuam as drogas no cérebro? Como se desenvolve e como curar o Alzheimer e o Parkinson? Como as memórias são formadas? Como funciona a depressão? E por aí vai... O fato é que esse órgão de 1,4 quilos, com algo próximo a 100 bilhões de células, que fi ca todo comprimido em nossa cabeça, é o local onde fi ca armazenado todo nosso conhecimento e precisa ser muito bem entendido para que nosso processo de aprendizagem seja realmente efi caz. Mas, qual a melhor maneira de educar uma criança? Devemos educar adultos do mesmo modo que educamos crianças? Existem tantas propostas pedagógicas que fi ca até complicado para qualquer pai avaliar aquela que mais vai ao encontro do que busca para seu fi lho. E como se essa diversidade já não fosse motivo sufi ciente para encher nossascabeças de dúvidas, ainda nos deparamos com 11 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 escolas que dizem aplicar uma proposta pedagógica, e quando vamos ver, não é bem isso o que acontece (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020). Temos visto muitos debates sobre o modelo educacional padrão que vem sendo utilizado há anos em praticamente todo o mundo. Várias propostas de escolas alternativas vêm sendo desenvolvidas, cada uma priorizando aquilo que mais entendem ser o melhor para o processo de educação de nossas crianças e jovens. Mas qual realmente se desenvolverá e qual realmente funciona? É aí que entra o coach educacional! A origem da palavra coach vem do esporte, que signifi ca treinador, tendo este, o papel de ensinar e dar instruções. Ao longo do tempo, esse conceito evoluiu, e Tim Gallwey, em seu livro O Jogo Interior de Tênis, sugere que a melhor contribuição como treinador não é ensinar, e sim ajudar os alunos a desenvolverem seu próprio processo de aprendizado. O esporte é uma boa analogia para entender o coaching, uma vez que representa a superação de limites e o aproveitamento máximo da potencialidade humana (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020). Coach é o profi ssional que inspira o cliente em direção a uma nova maneira de ser e pensar; sobre novas possibilidades e tomada de decisão. É aquele que acompanha o cliente no caminho da conquista, engajados para o futuro. O papel do coach não é construir resultados para seus clientes, mas despertar os recursos que há dentro de cada um dos coachees e servir de facilitador para que ele encontre o caminho rumo a sua meta. Portanto, o coach oferece espaço para que cada um possa ter consciência de suas habilidades e desenvolver outras tantas, liberando pensamentos e sentimentos emaranhados e acelerando o desenvolvimento pessoal. O profi ssional auxilia na expansão e crescimento das pessoas ao oferecer possibilidades de o coachee encontrar novas respostas, ampliando sua capacidade de criar alternativas e fazer escolhas, gerando, assim, comportamentos mais assertivos. 12 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES FONTE: <https://images.app.goo.gl/tKRxeafonJDeWe1D7>. Acesso em: 22 maio 2021. FIGURA 2 – COACHING EDUCACIONAL Portanto, os coaches estão sempre em sintonia fi na com os movimentos do cliente, têm a responsabilidade de criar ambiente relacional e de cocriação na qual o coachee possa usar sua energia, ideias e potenciais para encontrar a sua própria solução. Como coaches, vemos cada ser humano como o melhor especialista de sua vida, dotado de todas as chaves das quais precisa para se desenvolver. O profi ssional não necessariamente precisa ter conhecimento específi co e prévio daquilo que o coachee lhe traz como desafi o. Seu papel é despertar e acompanhar o cliente ao longo de sua caminhada, por meio da conscientização e responsabilização (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020). Mas o que difere o coaching de outras formas de serviços utilizados para desenvolvimento de pessoas e grupos, como treinamento, consultoria, mentoria e terapia? Em termos gerais, a principal diferença entre os serviços é a metodologia usada e o objetivo que cada cliente busca. Vamos a algumas defi nições, segundo Almeida, Esteves e Amaral (2020): • Treinamento é oferecido como aquisição de conhecimentos ou desenvolvimento de competências por meio de estudo, experiência ou ensino. O facilitador, por defi nição, é um especialista, e o treinamento provavelmente focará habilidades e resultados específi cos, oferecendo respostas e soluções. Seu objetivo é transmitir conhecimento a partir de processos e técnicas já estabelecidas. • O trabalho de consultoria visa a um diagnóstico focado no problema relatado, para que o consultor possa oferecer um parecer e dar soluções acerca de um assunto ou especialidade. O consultor fornece 13 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 conhecimento especializado na busca de soluções para problemas que vêm sendo vividos, relacionados a algo que começou no passado e continua no presente. • Mentoria, assim como todo processo de aconselhamento, tem como objetivo a orientação. Cabe ao mentor aconselhar, compartilhar e transmitir experiência. Normalmente é feito por um profi ssional sênior, considerado possuidor de conhecimento em uma determinada área. Na maioria das vezes, o mentor é alguém que vai dar “dicas” de como desenvolver e crescer pessoal e profi ssionalmente. Assim como no treinamento, o mentor diz qual é o caminho a percorrer, algo que não acontece no coaching. • A terapia foca questões psicológicas, que apenas o profi ssional capacitado pode realizar. A razão para uma pessoa buscar ou ser indicada a fazer terapia, normalmente, é superar algum sofrimento ou desconforto emocional que viveu ou esteja vivendo e que interfi ra no seu caminhar frente à vida. O encaminhamento para terapia é justifi cado, ainda, quando há distúrbios e transtornos psíquicos específi cos. A visão sobre psicoterapia, durante muito tempo, esteve associada a problemas, doenças e busca de “cura”. Isso se deve ao fato de ter surgido em ambiente médico, psiquiátrico e ter sido construída sobre conceitos como doença psíquica, traumas, impulsos agressivos, entre outros. Atualmente, algumas frentes de psicoterapia trabalham de forma a ocuparem- se de questões do passado, do presente e futuro, e a olhar as fortalezas do ser humano, reforçando as emoções que funcionam como um protetor para enfrentamento das situações da vida. Nesse aspecto, coaching e psicoterapia se assemelham, criando uma linha muito tênue entre ambos que requer atenção e cuidado (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020). Por ser mais focado, o processo do coaching costuma ser mais rápido e envolver as pessoas de forma objetiva no estabelecimento de alvos bem defi nidos, assim como na identifi cação de metas. O coaching não tem como objetivo treinar, oferecer um parecer ou soluções prontas; o coach não é amigo, conselheiro, terapeuta e nem professor. Um coach não apadrinha nenhum de seus clientes. Não opina, não julga, não diagnostica e nem analisa. E mais, não está focado no problema e nem se preocupa com questões do passado. Marion (2017), em seu livro, faz uma comparação do coaching com outras atividades. Observe essas comparações no quadro a seguir. 14 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES ATIVIDADES O QUE DIZ FOCO DE ATUAÇÃO DIFERENÇAS DO COACHING Mentoring É assim que eu faria... A essência do mentoring é transmitir o conhecimento e sabedoria. Funciona como um discipulado, no qual o discípulo observa alguém mais experiente, recebe conselho, orientação e toma o mentor como um modelo. Tanto o mentoring quanto o coaching estão relaciona- dos, por conduzir alguém além dos seus próprios lim- ites e conhecimentos. Con- tudo, a natureza do relacio- namento de um e de outro é distinta. No processo de coaching, o coach não precisa ser mais velho de idade ou mais ex- periente. No coaching não é requerido que se tenha es- pecialidade nos assuntos que serão tratados como objeto de desenvolvimento. O coach precisa ser um especialista em coaching. Couseling Tente fazer desta for- ma... Pessoas que procuram este atendimento usualmente chegam desmoralizadas, angustiadas ou em um es- tado de espírito negativo so- bre algo. Cabe ao Counsel- er prestar aconselhamento ou orientação na tomada de decisões, em particular, em situações emocionalmente signifi cativas. O foco desse trabalho é sair de um proble- ma e promover alívio. No coaching, não se oferecem conselhos, pressupõe-se que a resposta está no coachee e terá maior signifi cado se ele mesmo a descobrir. O coaching também não foca no problema, antes, propõe a mentalização de novos alvos que se pretende conquistar. QUADRO 1 – COMPARAÇÃO DO COACHING COM OUTRAS ATIVIDADES 15 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo1 Psicoterapia Por que você tem agido as- sim? É essencialmente um trata- mento para problemas psi- cológicos, que pode variar de acordo com as linhas da psicologia (cognitivo-com- portamental, interpessoal etc.). Pode ser um relacio- namento individual ou co- letivo com um psicólogo. Procura focar nas doenças da mente, como depressão ou ansiedade, aprofundan- do-se nas suas causas e nos efeitos que resultam em dor psicoemocional. O coaching não é remediati- vo, e seu foco não é a cura de traumas emocionais sofridos. O coaching atua mais sobre a psicologia positiva. No coach- ing, o acesso a memórias feridas acontece quando elas delimitam o potencial que pre- cisa ser liberado e é realizado em situações pontuais, com exercícios predefi nidos. Treinamento Aprenda a fazer as- sim... Um treinamento está des- tinado a desenvolver ou aprimorar conhecimentos, habilidades e comportamen- tos. O treinamento depende de um expert no assunto, que também dispõe de ha- bilidade didática para a ca- pacitação de um grupo. Es- pera-se que a partir de um treinamento se desenvol- vam conhecimentos, habil- idades ou atitude para mel- horia de desempenho. O coach é um expert em coaching, e nessa relação não se visa à capacitação em alguma nova competência ou habilidade. No coaching, a aprendizagem acontece como autodescoberta por um processo de Discovery. Pressupõe-se que o cére- bro é um Big Data cheio de informações sobre você e o mundo, que precisam ser acessadas de maneira cria- tiva, liberando um potencial bloqueado. Diferentemente da maioria dos treinamentos, sessões de coaching são uma relação de um para um. 16 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES Consultoria É assim que deve ser feito... Um consultor é um especial- ista contratado para prov- er ferramentas, métodos, conhecimento e informação visando à melhoria no re- sultado de uma atividade organizacional. Usualmente, oferece um plano de ação e/ou recomendações para serem executadas pela or- ganização. Novamente, o coach não é um especialista em negócios e não emite recomendações ou sugestões de melhoria a uma organização ou equipe orga- nizacional. Pressupõe-se que o coachee é capaz de identi- fi cá-las e o ajudará nesse la- birinto do conhecimento, das escolhas e decisões, visan- do desenvolver um Plano de Ação claro, a partir da identifi - cação de problemas críticos e metas bem estabelecidas. Ensino É assim que deve ser feito... Uma relação pedagógica de ensinar e aprender. Geral- mente, o professor é tido como o detentor do con- hecimento; o aluno, como o aprendiz. A maioria dos sistemas de ensino adultos está pautada em princípios de aprendizagem pedagógi- co-tradicional e cria repeti- dores de informação, e não pensadores críticos. Em uma relação de coaching não se ensina. O coachee tem em si as respostas de que precisa. O coach o aju- dará a identifi cá-las. FONTE: Marion (2017, p. 7) Um cliente que entra em um processo de coaching deve ter o entendimento de que é responsável por criar as suas próprias decisões e resultados. O relacionamento de coaching, de nenhuma maneira, deve ser interpretado como aconselhamento, seja psicológico ou de outra natureza. O compromisso e a responsabilidade do coach é oferecer espaço e estar presente para as questões do coachee, auxiliando-o em sua caminhada. Todo processo de coaching é espaço de aprendizado. É ferramenta de desenvolvimento e busca alavancar soluções (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020). 17 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 Coach, Coaches e Coachee: saiba a diferença! Coach é o profi ssional apto a exercer e aplicar o processo de coaching em pessoas e empresas. Coaches é a nomenclatura aplicada no plural do termo coach. Coachee é o cliente do coach. É o termo utilizado para se referir ao indivíduo que está passando pelo processo de coaching. E o coaching educacional? A escola atual é desinteressante, pois apresenta fragmentação das disciplinas, desarticulação dos currículos, desmotivação dos professores, a consequente falta de um contínuo aperfeiçoamento e, ainda, o distanciamento entre a escola necessária e a real (MORAN, 2007). Como a escola mantém ainda um trabalho de educação tradicional (professor transmissor do conhecimento), com base na aprendizagem fortemente relacionada ao conteúdo disciplinar, vários autores trazem para discussão as necessidades e o modo operante de uma nova geração virtual chamada homo zappiens ou geração Z. A geração Z é composta por quem nasceu na primeira década do século XXI. Por não haver uma exatidão na contabilização do tempo em relação ao surgimento das diferentes gerações, podemos considerar como geração Z quem nasceu no fi m da década de 1990. O mais marcante dessa geração é a sua íntima relação com a tecnologia e com o meio digital, considerando que ela nasceu no momento de maior expansão tecnológica proporcionada pela popularização da internet (PORFIRIO, 2021). 18 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES FIGURA 3 – PERFIL DA GERAÇÃO Z FONTE: <https://images.app.goo.gl/PhnQcxS3QadZMxdj6>. Acesso em: 22 maio 2021. Essa geração cresceu usando os recursos da tecnologia em rede, enquanto os professores, imigrantes digitais, ainda estão aprendendo. A escola e o docente correm para se adequarem a essa nova realidade do aluno no cenário do século XXI, isto é, um discente que necessita ter relações interpessoais, integração, mutabilidade, colaboração, inovação, autonomia, multitarefas, trabalho em grupo, multiconectado em redes sociais, dentre outras, para poder ser um bom profi ssional em um mundo tecnológico (PORFIRIO, 2021). A educação necessita de práticas inovadoras para melhorar o processo de aprendizagem dos alunos. O “coaching educacional” é um conjunto de ferramentas que tem por fi m o autoconhecimento, aumentar o desempenho dos alunos, usar os conhecimentos adquiridos por estes para criar novos, transformar os limites de cada discente em recursos promissores, pensar e discutir metas e ações observando o passado e visando ao futuro, focando na aceleração de resultados e felicidade. 19 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 A transição de um modelo tradicional para um modelo emergente no processo ensino e aprendizagem de pessoas é essencialmente um desafi o de compreensão e adaptabilidade aos novos tempos, principalmente, com o advento da internet. O processo de ensino e aprendizagem deixa de ser para existir um processo de aprendizagem de ambos (docente e discente), em que o professor passa a ser um instigador através de perguntas (Filosofi a Socrática) ao aluno a fi m de que este comece a refl etir no tema junto ao seu meio ambiente (Vygotsky) (BARROQUEIRO et al., 2017). LEITURA COMPLEMENTAR Benefícios do Coaching Educacional no desenvolvimento dos membros da escola O que é Coaching Educacional? O Coaching Educacional é uma vertente que tem como foco principal auxiliar o desenvolvimento dos profi ssionais da educação e dos alunos. Funciona como uma espécie de acelerador de sua evolução, no que tange aos aprendizados técnicos, emocionais e comportamentais, de modo que o indivíduo possa agregar novos conhecimentos e habilidades, crescer e conquistar o sucesso que deseja em sua vida e carreira. As escolas além de instituições também são empresas e, como tais, carecem de uma efetiva gestão de pessoas e processos. Para isso, o Coaching Educacional oferece técnicas, ferramentas e métodos que trazem aos gestores uma visão ampla sobre a administração escolar e aos demais profi ssionais uma infi nidade de recursos para potencializar sua performance. O método também atua positivamente ajudando a defi nir metas e objetivos na carreira, reafi rmar sua missão profi ssional e de vida, a identifi car pontos fortes e talentos, trabalhar os pontos de melhoria, investir no desenvolvimentode novas competências e habilidades e, com isso, otimizar os resultados profi ssionais em todos os sentidos. Na prática, isso se mostra através de um ambiente escolar de mais qualidade, com professores e gestores empoderados, que se relacionam melhor em equipe, que são mais confi antes para superar os desafi os enfrentados dentro e fora de sala de aula e ainda mais comprometidos com o seu trabalho. 20 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES Além disso, é possível observar também melhorias na relação com os alunos, que ao perceberem as mudanças implementadas nos métodos de ensino dos professores, se sentem mais interessados em aprender o conteúdo ministrado, afastando, com isso, situações que geram problemas em sala de aula, como é o caso da indisciplina, por exemplo. Como podemos perceber, o Coaching Educacional é um método transformador e que tem possibilidades infi nitas de agregar, tanto ao desenvolvimento dos profi ssionais da educação, quanto aos alunos e à escola como um todo. Coaching Educacional – Aplicações e Benefícios! Após entendermos o que de fato é o Coaching Educacional, vamos compreender agora como este processo é aplicado e quais os seus benefícios para os membros da escola, de forma geral, e para os alunos. Nova forma de aprendizado para alunos E se o Coaching Educacional é um método efi ciente para desenvolver os líderes escolares, quando o foco é o aprimoramento dos alunos, seus resultados não são diferentes. Os estudantes têm neste processo, que realmente consegue orientá-los, uma oportunidade para vencer seus medos e desafi os e sair de seu estado atual para o estado desejado, que pode ser, por exemplo, a aprovação no vestibular. Para isso, a metodologia ajuda a identifi car quais são suas lacunas, seus pontos de melhoria, no que tangem aos aspectos práticos, como disciplina, foco e comprometimento. Também atua na eliminação de comportamentos e crenças limitantes, que afetam seu desempenho escolar, causam inseguranças em relação ao futuro e que, hoje, limitam também a que os alunos tenham melhores resultados na escola. Trabalha a inteligência emocional Além de ajudar a identifi car e trabalhar os pontos de atenção mencionados acima, o Coaching Escolar também trabalha questões ligadas ao desenvolvimento emocional e comportamental, tanto dos alunos, quanto dos profi ssionais de educação, que fazem parte da escola. Tratar estes pontos é fundamental para dirimir problemas em suas relações intra e interpessoal, vencer pensamentos negativos, ansiedades, potencializar seu autoconhecimento, autovalorização 21 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 e para que estudantes, professores e demais membros da escola tenham uma vivência positiva dentro desta e atitudes também positivas fora dela. Contribui para o desenvolvimento profi ssional Outro ponto em que o Coaching Educacional atua é no desenvolvimento da carreira dos profi ssionais que fazem parte da escola, sejam eles professores ou não. Isso acontece através do despertar do autoconhecimento de cada um, que permite que estes tenham maior consciência sobre o que desejam conquistar profi ssionalmente. A partir disso, ou seja, da defi nição dos objetivos de carreira de cada um, os membros que fazem parte da escola, sentem-se empoderados a elaborar estratégias efi cientes e a colocarem em prática ações capazes de fazê-los sair do estado atual em que se encontram e caminharem em direção ao estado em que desejam e sempre desejaram estar em suas carreiras. FONTE: José Roberto Marques (Referência em Desenvolvimento Humano). Disponível em: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/benefi cios-do-coaching-educacional- no-desenvolvimento-dos-membros-da-escola/>. Acesso em: 22 maio 2021. 3 ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS PEDAGÓGICAS COM COACHING Durante um processo de coaching é muito comum enfrentar um grande vilão: a resistência a mudanças. É da natureza humana que qualquer pessoa saudável psicologicamente deseje progresso em sua vida. Contudo, o progresso está necessariamente ligado a mudanças que acontecem ou precisam acontecer (MARION, 2017). A nossa natureza, todavia, prefere acomodar-se, procurar uma zona de conforto, conhecida, previsível e controlável. Não gostamos de mudar, pois mudanças implicam incertezas, evocam nossas crenças mais profundas sobre nós (quem somos, do que somos capazes ou o que é possível ser feito). Mudanças, como vimos, exigem perdas em troca daquilo que vamos ganhar (menos tempo de TV, para fazer um novo curso, para promover minhas chances 22 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES de crescimento profi ssional) ou qualquer tipo de troca; perdemos algo para ganhar algo (MARION, 2017). Sempre ouvimos de nossos pais e professores que para estudar temos que ler, fazer resumos e exercícios. Aí nos sentamos para estudar, nos organizamos e começamos a ler o texto. Passados dois parágrafos, não nos lembramos do que lemos no primeiro. Aí achamos que a solução é começar a sublinhar ou passar um marca texto e tudo será resolvido. Resolve? Você aprende algo assim, realmente? Há estudantes que sublinham tanto e marcam tantos trechos que fi ca impossível descobrir o que era realmente importante a ser destacado. Nosso cérebro tem seus mecanismos de defesa, ele só armazenará o que demonstrarmos realmente ser importante armazenar. E como passamos essa informação para o cérebro? Marcando de amarelo? Sublinhando? Não. Existem dois grandes fatores que determinam o que virará memória de longo prazo: a emoção com que a informação é recebida e/ou a frequência com que será repetida. Observe a fi gura a seguir, e veja que a retenção da informação está diretamente ligada à forma como ela foi transmitida. FIGURA 4 – ESTÍMULOS AO CÉREBRO FONTE: A autora 23 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 Quando estudamos algo, o conhecimento fi ca armazenado em diversas áreas do cérebro. As imagens fi cam em um local, o som das palavras em outro, e, ainda, existe uma terceira área responsável por organizar isso no cérebro; enfi m, são várias regiões que precisam de incentivos para que sejam formadas as sinapses que irão gerar a memória. Segundo Marion (2017), apesar de considerar natural a resistência ao novo desconhecido, encontramos casos especiais em que há um histórico de traição, decepção, frustração contínua, fracassos, a partir do qual se criou um mecanismo de defesa e proteção psicológico destinado a evitar ou minimizar mais sofrimento. Essa resistência nada mais é do que travas e bloqueios interiores que se revelam como obstáculos ao novo. Ficamos presos (bloqueados) por diferentes motivos. Observe o que o autor discorre sobre o assunto: a) As crenças pessoais são as “verdades absolutas” criadas a partir de experiências doloridas do passado que estabelecem um condicionamento limitador e interpretador do mundo a nossa volta. b) O estado emocional afeta a disposição de mudança, a autoestima, a energia de superação e busca por crescimento. Sem recursos emocionais, inviabiliza-se a superação de obstáculos comuns em um processo de mudança, como o medo, a ansiedade e a incerteza, tornando-nos mais vulneráveis a desistir, a voltar atrás e a sabotar o progresso em nossa vida. c) Os hábitos são rotinas de um estilo de vida e comportamento aprendido, muitas vezes incorporado falsamente como traço de personalidade, tornando-se justifi cativa para resistir à mudança (MARION, 2017). Marion (2017) descreve “Cinco Passos para Mudança”, um recurso simples que o coach poderá utilizar visando ajudar o seu coachee a superar a resistência. A seguir, descrevemos em detalhe cada um dos cinco passos. • PASSO 1: VEJA A SITUAÇÃO COMO É, E NÃO PIOR DO QUE É! Ajude seu coachee a ver o problema como ele é, mas não torne o problema maior do que ele é. Aumentar o problema o inclinará a desistir. Não importa qual a situação, veja-acomo é, e não pior. Tende-se, muitas vezes, a dramatizar uma situação além da realidade; isso acontece na linguagem que usamos, generalizando-se realidades pontuais. Por exemplo, quando seu coachee, reclamando de uma situação em que seu colega não o convidou para um happy hour, aumentar a situação, dizendo: “... sou sempre excluído dos convites sociais dos meus amigos”. 24 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES É nesse momento que as pessoas se deprimem e reagem de maneira a criar uma compensação à sensação de rejeição, dor, perda, decepção etc. Lançam- se num prato de comida, alcoolizam-se, drogam-se, entre outros compensadores escolhidos. Essa reação resultará em um pessimismo generalizado e na própria estagnação. Algumas estatísticas sugerem, inclusive, que 63% dos norte-americanos acreditam que o estilo de vida futuro será pior que o estilo de vida passado. • PASSO 2: VEJA A VERDADE E ENFRENTE-A! Boas perguntas que poderão ser feitas pelo coach nesse passo são: Qual é a verdade por trás desse fato? O que preciso admitir a mim mesmo? Ajude seu coachee a assumir responsabilidade pela realidade na qual ele se encontra. Procurar culpados, reclamar e justifi car apenas prolongarão a sensação de miséria e incapacidade de mudar. Vamos supor que eu esteja procurando um emprego há dois anos na mesma indústria a que me dediquei em toda minha vida. Contudo, essa indústria foi ultrapassada por uma nova tecnologia, reduzindo expressivamente a demanda pela qualifi cação que eu apresentava. Qual a verdade que terei que encarar? O mercado mudou. Precisarei me reinstrumentalizar em outro campo de conhecimento que me coloque de volta no mercado. Talvez tenha me acomodado por anos e decidi ignorar as mudanças que vinham acontecendo. O disco de vinil foi uma indústria milionária durante 85 anos; chegaram as fi tas cassetes e essa indústria ainda permaneceu. Contudo, chegou o CD e a digitalização da música, e hoje o disco de vinil é um mercado de colecionadores. Se você atua no negócio de disco de vinil, é necessário que se reinstrumentalize. Por pior que seja a verdade, por mais impossível, injusta, dolorosa… é preciso confrontá-la. • PASSO 3: ESTABELEÇA UMA VISÃO E SE FORTIFIQUE NELA. A visão é o combustível psicológico e a força propulsora de que precisamos para mudar. Quanto mais clara e inspiradora for a visão, maior será o seu efeito para superar obstáculos, como a resistência. No livro de sabedoria de Provérbio, diz-se que um povo sem visão está suscetível a se corromper ou perecer. Visão é um vislumbre de como o futuro se parece para mim, uma foto de um futuro que visitei. A visão precisa ser escrita, ou melhor, desenhada em uma imagem e continuamente visualizada. 25 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 • PASSO 4: TENHA UM MODELO DE REFERÊNCIA E APRENDA SUAS ESTRATÉGIAS. Não precisa reinventar a roda. Pode-se aprender com a experiência de outros que já passaram por aquilo que seu coachee está passando. Nessa etapa é necessária uma investigação, uma pesquisa quanto à experiência de outras pessoas vivas ou mortas, que pode facilitar e agilizar a lacuna de onde você está para aonde você quer chegar. De tempos em tempos, o mercado passa por um ciclo econômico de crise. É uma fase repleta de pessimismo, e as pessoas tendem a assumir uma atitude conservadora, apegando-se ao máximo às coisas que têm. Um coach desafi aria um cliente a olhar para uma crise econômica com outro olhar, talvez encontrando oportunidade que um mercado aquecido não oferece. Ao se deparar com esse quarto passo, podemos encontrar alguns modelos de pessoas que desenvolveram estratégias para enriquecer na crise, ou seja, tomaram proveito do pessimismo do mercado. Uma intrigante história é a do Sr. John Templeton, um investidor multibilionário de origem humilde, que quando jovem, planejou enriquecer, apesar de ter uma concepção pouco comum. John acreditava que o pessimismo era o segredo do sucesso. Na sua ideia, ele seria tão rico que poderia ajudar as pessoas fi nanceiramente. Os anos passaram, e com foco no seu objetivo, John montou sua primeira estratégia para fi car rico. No auge da Segunda Guerra Mundial, quando todos estavam pessimistas, certos de que Hitler dominaria o mundo, as pessoas venderem seus bens pelo preço que podiam. O Sr. John Templeton, não! Juntou 10 mil dólares e comprou ações com valor igual ou menor do que 1 dólar. O que aconteceu? Quando a guerra fi ndou, a economia foi retomada, as indústrias voltaram a produzir e crescer e o preço das ações multiplicaram-se. Então, John fi cou rico. Sua tese acerca do pessimismo tinha uma certa relevância, porém manter o foco e o objetivo, também foram pontos importantes para ele. Assim, John conseguiu alcançar seus objetivos, pois criou uma das maiores fundações fi lantrópicas do mundo, a “John Templeton Foundation”, e pôde ajudar muitas pessoas. Conheça mais sobre a história da fundação John Templeton no site: https://www.templeton.org/pt/. 26 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES • PASSO 5: DÊ MUITO MAIS DO QUE ESPERA RECEBER. Esse último passo é um dos grandes segredos que levam à mudança e à apreciação do valor que ganhamos diante dos outros. Quando você decide fazer pelos outros mais do que qualquer outra pessoa, procurando uma forma de atender às necessidades das pessoas a sua volta (negócios, família, funcionários), terá um novo jogo. A doação é a melhor comunicação. Pense um pouco em alguém que você realmente ame e valorize na sua vida. Perceba que o valor das pessoas está diretamente relacionado à maneira como nos serviram e nos ajudaram mais do que qualquer outra pessoa. Não só isso: ao fazer, não crie a expectativa de receber algo em troca, isso lhe dará uma sensação de liberdade contra frustrações e decepções que poderá sofrer. A atuação de um coach deve estar pautada por competências e um código de ética que permitirão uma relação na qual o cliente se sentirá respeitado, seguro e aberto para buscar possibilidades, desenvolvimento, soluções e resultados (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020). 4 FERRAMENTAS DE COACHING EDUCACIONAL É importante que o coach esteja munido de um conjunto de ferramentas que apoiarão o coachee a promover decisões de progresso e mudança de vida. Para isso, neste subtópico vamos tratar os promotores de mudança, que são os recursos usados para ressignifi car uma realidade limitadora que vem sendo experimentada pelo coachee, aumentar o nível de consciência sobre suas escolhas, decisões e responsabilização sobre os resultados atuais (MARION, 2017). Pretende-se, através dos promotores, superar obstáculos mentais e comportamentais, empoderando o coachee a assumir uma nova perspectiva, postura e atitude nas diferentes áreas de sua vida. Uma vez que esses recursos são utilizados, são capazes de acionar gatilhos de mudança através de um novo insight ou input recebido. De acordo com Marion (2017), discorre-se sobre os cinco poderosos promotores de mudança no comportamento para utilizar o método e as ferramentas no coaching educacional: 27 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 I. Os sete enquadramentos. II. Mapa não é território. III. Não existem erros, apenas resultados. IV. Autoconsciência. V. Autorresponsabilidade. I. OS SETE ENQUADRAMENTOS Enquadramento é a forma como as pessoas dão sentido ao mundo a sua volta e como constroem sua realidade. Para entender o poder de um enquadramento, precisamos começar pela compreensão do papel de uma moldura em um quadro comum, conforme a fi gura a seguir: FIGURA 5 – FOTO EM MOLDURA FONTE: <https://cdn.iset.io/assets/55268/produtos/34727/thumb_428-428-quadro- decorativo-abstrato-abacaxi-minimalista-na-praia_02.jpg>. Acesso em: 13 jan. 2022. Qual é a função dessa bela moldura? Sua função principal é focar sua atenção na imagem e separar o ambiente interno doambiente externo. É exatamente o que um fotógrafo faz quando está tirando uma fotografi a. Ele seleciona e determina o que pode e o que não pode ser visto na fotografi a. Para isso, ele conta com a função “zoom”, podendo privilegiar detalhes de uma imagem ou ampliá-la e revelar o seu contexto. 28 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES O “efeito moldura” é uma cegueira não intencional criada pela própria moldura. Esse fenômeno acontece toda vez que falhamos em observar um estímulo inesperado que está em nosso campo de visão, mas passa despercebido por ter nossa atenção em outro foco. Para Daniel Simons, o “efeito moldura” acontece quando falhamos em ver algo que é óbvio diante de nós por termos nossa atenção em outra coisa ou em outra pessoa. As molduras não estão somente nos quadros, mas nas estruturas mentais que criamos frequentemente. Enquadramento é uma metáfora usada na sociologia para fazer referência a uma estrutura mental que criamos, que visa simplifi car e guiar nossa compreensão do mundo e de suas realidades complexas. CURIOSIDADE! Daniel Simons é um psicólogo experimental da Universidade de Illinois. Para ele, a realidade é apenas uma ilusão, uma interpretação do cérebro. Tudo o que você vê, ouve e sente é a sua própria realidade criada por aquilo que seu cérebro lhe dá, que pode ser completamente diferente de uma outra pessoa. Daniel Simons publicou um vídeo sobre seus experimentos: The Monkey Business Illusion. Acesse e confi ra: https://www.youtube.com/ watch?v=IGQmdoK_ZfY O contraefeito dessa simplifi cação é a redução, limitação, desconexão e até mesmo a distorção dos fatos, de acordo com o signifi cado que atribuímos a eles. A maneira como enquadramos um problema que enfrentamos pode torná-lo mais fácil ou mais difícil de resolver, de acordo com o signifi cado que atribuímos. A experiência pura não tem nenhum signifi cado. Apenas é. Atribuímos um signifi cado a ela de acordo com nossas crenças, valores, preocupações, gostos e desgostos. A forma como enquadramos um fato pode estar limitando ou impedindo uma mudança que buscamos fazer em nossa vida. Portanto, reenquadrar, ou seja, mudar nossa perspectiva de um fato ou uma realidade, poderá acionar um gatilho, ativar um novo estado de recursos ou ainda promover uma percepção renovada. Os reenquadramentos devem ser usados como ferramentas pelo coach para buscar outro sentido dos fatos que estão sendo descritos. 29 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 Vamos explorar a aplicação de sete reenquadramentos, que de acordo com O’Connor (2013 apud MARION, 2017), são: I. Reenquadramento ecológico. II. Reenquadramento de resultado. III. Reenquadramento de backtracking. IV. Reenquadramento de contraste. V. Reenquadramento de “como se”. VI. Reenquadramento sistêmico. VII. Reenquadramento de negociação. I. Reenquadramento ecológico (confronta o enquadramento do “EU”) Tipo de moldura: nesta moldura, só consigo ver o que é bom para mim agora. Minhas escolhas privilegiam benefícios pontuais e imediatos, desconsiderando a ecologia da vida, ou seja, seus efeitos e impactos sobre outras pessoas, outros pilares de vida e seus resultados no longo prazo. Conhecido também como “Efeito Rei Midas”. O rei Midas desejava que tudo o que suas mãos tocassem virasse ouro, mas se esqueceu de que para viver pre- cisaria tocar em comida e em pessoas. Exemplo: Se for bom para mim agora, então está bom! Perguntas de reenquadramento ecológico: Como será isso a longo prazo? Quem mais será afetado? Isso será bom para outros pilares importantes de sua vida? Que preço terá seu sucesso nessa área? II. Reenquadramento de resultado (confronta o enquadramento da “CUL- PA”) Tipo de moldura: nesta moldura, assume-se uma posição de vitimação e procur- am-se culpados por sua situação. Contudo, culpar os outros não mudará os re- sultados. É necessário mudar o foco e avaliar eventos e escolhas que o aproximem dos resultados que se quer. Exemplo: Não batemos a meta porque eu tenho a pior equipe da empresa! Perguntas de reenquadramento de resultado: O que essa conclusão lhe propor- ciona de valioso? Para onde sua atitude o está levando? Como a sua crítica o está aproximando do que quer? O que ganha culpando os outros? Quais resulta- dos pretende atingir agindo assim? QUADRO 2 – OS SETE REENQUADRAMENTOS DE MUDANÇA 30 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES III. Reenquadramento de backtracking (confronta o enquadramento da “PARÁFRASE”) Tipo de moldura: nesta moldura, interpreta-se o que os outros disseram e deter- mina-se quais eram suas intenções ao dizerem aquilo. A comunicação é impre- scindível nos resultados em qualquer área da vida, portanto assumir responsab- ilidade pelo que está compreendendo é fundamental. O backtracking é a habilidade de reafi rmar palavras-chave que foram ditas por al- guém, que mostrem seus valores e signifi cado. Sem o backtracking, as pessoas interpretam o que quiserem. Exemplo: Com certeza, ele quis me desmoralizar quando disse isso! Perguntas de reenquadramento de backtracking (2ª pessoa): Posso me certifi car de que compreendi...? Posso resumir as coisas até agora...? Então você está dizendo...? IV. Reenquadramento de contraste (confronta o enquadramento da “MES- MICE”) Tipo de moldura: avalia-se o contraste dos resultados de uma ação/decisão sem recursos e uma ação/decisão com recursos. O reenquadramento se dá ao no- tar-se a diferença de empregar recursos ou não. É interessante observar que a Programação Neurolinguística (PNL) começou a partir de um quadro de contraste. Richard Blander e John Grinder começaram modelando comunicadores excelentes, sabendo que estavam fazendo algo dif- erente, algo fora do comum. Essas diferenças tornaram-se a base dos primeiros modelos explícitos da PNL. Exemplo: Na verdade, é tudo a mesma coisa, não importa como faça! Perguntas de reenquadramento de contraste: Que tipos de resultados se veem entre a presença e a ausência desse recurso? Quais as diferenças importantes entre essas realidades? Como isso é diferente? V. Reenquadramento de “como se” (confronta o enquadramento da “PAS- SIVIDADE”) Tipo de moldura: analisam-se situações criativas e imaginadas para certo proble- ma, vislumbrando-se como poderiam ser as coisas e o que levaria a que fossem assim em vez de assumir um estado de vitimação e uma condição de indefeso. No “como se”, podemos acessar a nossa intuição. Você pode não saber a re- sposta, mas terá palpites que podem ser surpreendentemente precisos. É um pouco parecido com um jogo de realidade virtual. Você sabe que não é real, mas ainda assim pode aprender muito e testar seus refl exos enquanto joga. Exemplo: Se não sei o futuro, então não há nada que possa fazer a respeito. Perguntas de reenquadramento de “como se”: Como seria se...? Você pode imaginar o que aconteceria se...? E se supuséssemos que...? 31 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 VI. Reenquadramento sistêmico (confronta o enquadramento do “TOTAL- ITÁRIO”) Tipo de moldura: quando se vislumbra um evento relacionado a outros eventos. Um sistema é um grupo de elementos conectados e que se infl uenciam mutua- mente. Olha-se como os fatores se combinam e afetam uns aos outros. Tentar mudar um sistema na sua totalidade pode parecer uma tarefa inviável. Em vez disso, busca-se identifi car os obstáculos que afetam o sistema para alcançar a mudança pretendida. Exemplo: As coisas aqui sempre foram assim e nunca vão mudar. Perguntas de reenquadramento sistêmico: Como um evento se relaciona com o outro nesse sistema? Como o que estou fazendo mantém as coisas como são? O que exatamente impede a mudança? VII. Reenquadramento de negociação (confronta o enquadramento da “GUERRA”) Tipo de moldura: esse enquadramento avalia por acordo. Supõe que todos os envolvidos querem chegar a um acordo e segmenta o problema para encontrar áreasde concordância. Exemplo: Eu quero alguma coisa e vou conseguir mesmo que isso nos mate. Perguntas de reenquadramento de negociação: Em que podemos concordar? Qual é o mínimo múltiplo comum nesse relacionamento? FONTE: Marion (2017, p. 37-38) O próximo promotor de mudança a ser abordado é: II. MAPA NÃO É TERRITÓRIO Desafi e a visão que seu coachee tem da sua própria realidade ou “mapa de vida”. Cada pessoa carrega seu próprio mapa dentro de si. O nosso mapa é a nossa orientação de vida. Herdamos nosso mapa dos nossos pais e/ou educadores, ou seja, muito de como nós interpretamos nossa própria realidade de vida foi transferido por como outros receberam ou interpretaram sua própria realidade. Todo mapa tem limites, regras de vida e signifi cados que damos como guias determinantes. Nosso mapa, contudo, é apenas uma perspectiva parcial do território da vida. O coach deve ajudar o coachee a ampliar sua visão e desafi ar limites mentais sobre a realidade. Muitas vezes, por estarmos tão imersos em uma realidade ou problema, supomos que todos veem a realidade em que estamos da mesma forma que nós 32 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES e, portanto, consideram-se certos fatos óbvios e evidentes e não apenas uma interpretação da realidade. Contudo, percebemos que uma realidade é apenas uma perspectiva, olhada de um ângulo, baseada em uma moldura mental, a partir de uma lente herdada por nossos pais e educadores. Diante de uma perspectiva limitada e diminuída de escolhas e oportunidades, desafi e seu coachee: “E se seu mapa de vida for apenas uma ilusão? E se descobrisse que seu mapa não representa todo o território do mundo de escolhas que tem? O que faria?”. III. NÃO EXISTEM ERROS, APENAS RESULTADOS Claro, ninguém gosta de errar ou fracassar, especialmente em uma sociedade cuja cultura é perfeccionista e intolerante aos erros. Criamos uma geração com fobia de erros. Qual o resultado? As pessoas não agem, pois têm medo de fracassar ou falhar. É preferível nem tentar e evitar as frustrações, gerando um tipo de paralisia. Uma forma de superar esse medo é compreender que o erro é o signifi cado que damos a uma escolha que produziu um resultado. Resultados são fruto de escolhas que fazemos. Se não quero mais certo tipo de resultado, preciso fazer novas escolhas. Isso anula o efeito punitivo do erro e o recondiciona de maneira pedagógica, como parte de um processo de crescimento e aprendizado. Diante da inação movida pelo medo de falhar, desafi e seu coachee: “Se tivesse convicto de que na vida não existe fracasso, apenas feedback e resultados, o que faria de novo hoje?”. IV. AUTOCONSCIÊNCIA Toda iniciativa de mudança e transformação se inicia na autoconsciência. Por isso, ela é imprescindível em um processo de coaching. Sem autoconsciência, o coaching se torna só mais uma ferramenta em uma maleta de soluções rápidas, portanto não poderia enfatizar sufi cientemente a importância dela. Autoconsciência é produto do foco, da atenção, da concentração e da clareza. Signifi ca estar consciente, ou seja, não ignorar ou desconhecer. É uma característica que nos distingue de todos os outros animais criados. Há infi nitos níveis de consciência, que podem ser ricos ou pobres, em uma pessoa sobre determinada realidade. 33 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 No coaching, pretende-se aumentar a quantidade (dos fatos) e a qualidade (relevância) do nível de consciência. Aumentar a autoconsciência é como oferecer uma lente de aumento para alguém, aumentando sua capacidade de ver o que antes não podia. Nosso nível natural de autoconsciência é relativamente baixo. Sozinhos, levaríamos um período muito maior para descobrir, se descobríssemos, assumindo consciência dos fatos. Torna-se indispensável a habilidade de um coach para promover essa autoconsciência. V. AUTORRESPONSABILIDADE “É a crença de que você é o único responsável pela vida que tem levado, sendo assim, é o único que pode mudá-la” (VIEIRA, 2008 apud MARION, 2017, p. 1). A autorresponsabilidade é uma das grandes geradoras de rupturas na vida das pessoas. Assumir autorresponsabilidade pela minha vida e pelos meus resultados não é fácil, e pode ser altamente confrontivo e intimidador assumir uma postura de passividade e fracassos. Todavia, a incapacidade de viver de forma autorresponsável nos faz reviver as mesmas circunstâncias de dor ao longo da vida. Começamos a progredir quando assumimos a responsabilidade pelas nossas mudanças. A verdade é que as coisas não mudarão até nós mudarmos. Observe no quadro a seguir, os seis pressupostos da autorresponsabilidade. 1. Eu sou o único responsável pela vida que tenho levado. 2. Eu estou onde me coloquei, e somente eu posso mudar essa circunstância. 3. Minha vida é mérito meu, por ações conscientes ou inconscientes. 4. Meus resultados são fruto da qualidade de minhas atitudes, palavras e pensamentos. 5. Não existem coincidências, você está colhendo o que plantou. 6. É a certeza de que nada na minha vida muda até que eu mude. FONTE: Vieira (2008 apud MARION, 2017, p. 42) QUADRO 3 – OS SEIS PRESSUPOSTOS DA AUTORRESPONSABILIDADE 34 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES Por mais difícil que seja, minha mudança depende do meu nível de autorresponsabilidade. É o princípio da semeadura. Signifi ca reconhecer que tenho a vida que mereço, o emprego que mereço, o casamento que mereço, o salário que mereço, os amigos que mereço, a saúde física que mereço, pois são fruto e resultados das minhas próprias escolhas (MARION, 2017). Autorresponsabilidade é uma realidade libertadora. A crença de que você se colocou ou pelo menos se permitiu colocar, por ação ou inação, em certa realidade. A minha vida hoje é resultado das escolhas que eu tomei. Eu sou responsável por elas. A boa notícia que a autorresponsabilidade nos traz é que não dependemos de ninguém para começar a mudar. Sim, autorresponsabilidade é tomar o leme do barco de sua vida em suas mãos e decidir o rumo. E quando chegar a algum lugar desagradável, basta entender que é você que está no controle, sendo assim, basta zarpar e ir em outra direção (MARION, 2017). De acordo com Vieira (2010 apud MARION, 2017), agir com autorresponsabilidade signifi ca seguir estas cinco leis: • Lei I – Não criticar as pessoas: ajudá-las a focar na solução e na melhoria, e não no erro e fracasso. • Lei II – Não reclamar das situações: contaminamo-nos com o veneno da insatisfação e da crítica. • Lei III – Não buscar culpados: maneira fácil e rápida de se desresponsabilizar. • Lei IV – Não se fazer de vítima: crianças doentes recebem mais amor (criador de vício emocional). • Lei V – Não justifi car seus erros: se não houver erros, não há aprendizado, sem aprendizado, não há mudanças. Como mecanismo de fuga, notamos que frequentemente pessoas alocam a um ser supremo uma responsabilidade que lhes foi atribuída, dizendo: “Minha vida está como Deus quer”. Lembre-se do livre-arbítrio e que a palavra “responsabilidade” nada mais é do que a junção de “resposta + habilidade”, ou seja, como você tem respondido à habilidade, ao tempo e aos recursos que lhe foram dados. 4.1 TÉCNICAS DE ESTUDO Contar com algumas técnicas de estudo pode ser extremamente efi caz para o estudante que precisa assimilar de forma completa um conteúdo. Desse modo, é necessário que a preparação seja estratégica nesse momento, baseada em 35 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 métodos que garantem a fi xação e a aceleração do processo de aprendizagem (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020). Portanto, mesmo que o estudante conte com poucas horas diárias ou semanais para estudar, é possível aplicar metodologias que o auxiliem a aumentar a produtividade e a otimizar o tempo. No entanto, deve-se escolher uma opção que atenda às necessidades, considerando a mais adequada para cada caso. Umbom desempenho estudantil com a utilização de um coaching educacional compreende as fases apresentadas na fi gura a seguir: FIGURA 6 – FASES DA MENTORIA EDUCACIONAL FONTE: <https://meudeverdecasa.com.br/como-funciona/>. Acesso em: 22 maio 2021. 36 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES As técnicas aqui apresentadas foram desenvolvidas a partir dos conceitos da neuroeducação, ciência nova que trabalha com a interação entre as descobertas da neurociência e sua aplicabilidade para o aprendizado através das propostas da psicologia cognitiva e da pedagogia (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020). FIGURA 7 – COMPOSIÇÃO DA NEUROEDUCAÇÃO FONTE: <https://docplayer.com.br/docs-images/109/187990513/ images/9-0.jpg>. Acesso em: 22 maio 2021. Vamos entender um pouco desses conceitos, de acordo com a Escola de Apoio MDC (2020): • Neurociência: é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente, e também suas alterações. Abrange áreas diversas e está focado nos trabalhos voltados ao entendimento do processo de formação de memória e de aprendizado que ocorrem no cérebro. • Psicologia cognitiva: é um segmento da psicologia voltado ao estudo da maneira como as pessoas percebem, aprendem, recordam e representam as informações da realidade. Abrange como principais objetos de estudo, a percepção, o pensamento e a memória, procurando explicar como o ser humano percebe o mundo e como utiliza-se do conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas, tais como: falar, pensar, resolver situações e memorizar. 37 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 • Pedagogia: é a ciência que tem como objeto de estudo a educação, o processo de ensino e a aprendizagem. Se baseia em dois grandes pedagogos: Jean Piaget e Vygotsky. O primeiro, um os principais representantes da psicologia cognitiva, ao contrário do que muitos pensam, não construiu uma teoria da aprendizagem, mas uma teoria do desenvolvimento mental humano. Para ele, a aprendizagem é entendida como o aumento do conhecimento e apenas ocorre aprendizagem quando o esquema de assimilação passa pelo processo de acomodação. Em outras palavras, para que alguém aprenda é preciso que haja uma reconfi guração da estrutura cognitiva (esquemas de assimilação) do indivíduo, resultando em novos esquemas de assimilação cognitiva. Vygotsky, por sua vez, na análise que faz das relações entre pensamento e linguagem, apresenta a questão do signifi cado com grande relevância. ”É no signifi cado da palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal”. Essa nítida demonstração do envolvimento de várias áreas do cérebro para a formação da linguagem demonstram a coerência de sua teoria. A teoria de Piaget aproxima-se da teoria de Vygotsky ao afi rmar que o desenvolvimento cognitivo de um indivíduo consiste em seu constante esforço para adaptar-se ao meio em que vive em termos de assimilação e acomodação. Vamos às técnicas, ainda segundo a Escola de Apoio MDC (2020): I. BUSCANDO O FOCO A primeira atividade indicada é sintetizada na técnica denominada: Buscando o Foco. Manter o foco e a concentração às vezes é muito complicado; e isso acontece, ainda mais quando consideramos chato o que temos que fazer. Muito se fala sobre esse tema, mas nossa intenção é apresentar uma técnica simples que ajudará a iniciar o processo de concentração. Como fazer? a) Mantenha na mesa apenas o necessário para o estudo e tenha uma boa iluminação. b) Procure usar fones de ouvido tocando músicas que tenham frequência Alfa ou Beta. Esse tipo de música é facilmente encontrado no Youtube e é gratuito. c) Sente-se de modo confortável, mas sentindo que suas costas estão apoiadas, totalmente, no encosto da cadeira. d) Respire fundo contando até cinco. Prenda o ar nos pulmões, conte até cinco novamente e solte o ar lentamente, novamente, contando até cinco. Repita esse procedimento por quatro vezes. 38 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES e) Agora, você deverá fechar os olhos por uns instantes e procurar acalmar sua mente. Ao fechar os olhos, repita a respiração mais vezes e, ao fi nal, abra os olhos. f) Inicie seus estudos fazendo caça-palavras, jogo de sete erros ou uma palavra cruzada simples. O objetivo é fazer com que sua concentração seja “capturada”. g) Nada de acessar celular ou computador (que não seja para consultas do estudo). Esses são os grandes vilões que nos tiram a concentração. E procure parar a cada 60 minutos de estudo; isso é importante para refrescar a cabeça. II. LVPR – LER OU VER PARA RETER Essa técnica é indicada para o estudo da parte teórica de todas as matérias, inclusive as da área de exatas. Como ler um texto ou ver alguma explicação em vídeo? São necessários cinco passos: 1º – LEITURA/VISUALIZAÇÃO RÁPIDA: separe o texto ou o vídeo da matéria que irá estudar e dê uma primeira lida/assistida bem rapidamente. O objetivo é que você consiga se contextualizar com o tema. Não é necessário que ainda esteja totalmente focado. O importante nesse momento é você ter como meta o conhecimento geral do que está no texto ou no vídeo. Do que se trata a matéria? Seja história, química, física, matemática, geografi a, não importa; é fundamental que tenha conhecimento da teoria para que possa compreender e desenvolver com mais facilidade os exercícios que serão posteriormente solicitados. Defi na um tempo que terá para ler uma página ou o trecho da matéria a ser estudada. No caso de vídeos, o tempo já estará defi nido. Esse tempo é importante para que você não se distraia nessa primeira leitura. Essa leitura ou esse processo de visualização do vídeo tem que ser direta, sem interrupções, e como você terá um tempo defi nido para ler (ou ver o vídeo), isso o forçará a ter foco e concentração. Não é para apostar corrida! É para ler/ver direto, sem interrupções, sem anotar, sem sublinhar, sem voltar para reler ou ver algo. Apenas se concentre e leia ou assista. 2º LEITURA/VISUALIZAÇÃO DETALHADA COM ANOTAÇÕES E DESENHOS: sem tempo defi nido, leia ou veja com calma, com o objetivo de entender melhor o que leu ou viu da primeira vez e sempre que algo chamar a atenção, anote numa folha em branco ou em um caderno – não anote no mesmo local onde está o texto. Escreva apenas os tópicos que considerar importantes e faça gráfi cos e desenhos. Faça desenhos que o ajudem a memorizar. Podem ser organogramas, gráfi cos, desenhos soltos, qualquer tipo de desenho que forme uma historinha na sua cabeça. Use símbolos. 39 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 Caso o conteúdo esteja falando da França, por exemplo, um desenho da Torre Eiffel pode ser útil, já se o tema for biologia, desenhe a célula e escreva ao lado dela o que eventualmente esteja no texto. Para o nosso cérebro, quanto mais elementos usarmos, mais efi caz será o processo de formação de memória. Existe alguma palavra ou termo que não conhece e que você percebe que é importante para o entendimento do texto? Então pare a leitura ou o vídeo e procure a defi nição. Esse passo servirá para fornecer os tópicos importantes do material de estudo que o ajudarão na elaboração do futuro resumo. 3º LEITURA/VISUALIZAÇÃO DE CONFERÊNCIA: ao fi nal do segundo passo, você deverá ler/ver mais uma vez para verifi car se algo importante deixou de ser anotado. Agora, o seu nível de compreensão deverá ser quase total. Caso reste alguma dúvida, anote e busque o entendimento fi nal. 4º RESUMO: chegou a hora de você verifi car o que entendeu e começar o processo efi caz de memorização. Feche o livro, o caderno, o texto ou desligue o vídeo, e baseado apenas nas anotações e desenhos que fez, escreva um resumo (não consulte o texto nem acesse ao vídeo nesse momento). Escreva seu resumo da maneira que se lembrar, mesmo tendo dúvidas, não consulte o texto. Consulte apenas suas anotações.Não se preocupe em usar as palavras do texto ou do vídeo. O importante é ver se você conseguiu entender o que a matéria apresentava. 5º CHECAGEM E RESUMO APERFEIÇOADO: ao fi nalizar o resumo é hora de voltar ao texto/vídeo e verifi car se o que escreveu está correto e contempla tudo que considera importante. Caso necessário, proceda a eventuais correções, mas sempre sem copiar do texto ou do vídeo. Após essa checagem, elabore um novo resumo, desta vez, aperfeiçoado, que nada mais é que o seu primeiro resumo, só que mais completo. III. ECE – ESTUDANDO COM EXERCÍCIOS Esta técnica é indicada para sessões de estudos que são feitas através de exercícios. Fazer exercícios é uma ótima maneira de estudar. Quanto mais colocamos em teste nosso conhecimento sobre determinado tema, mais aprendemos. Apenas fazer exercícios com frequência já é ótimo e, se utilizarmos algumas pequenas dicas no momento em que estivermos fazendo os exercícios, essa atividade terá um efeito ainda mais efi caz. Algumas matérias, principalmente da área de exatas, como matemática, física e química, necessitam do conhecimento de fórmulas para o desenvolvimento de várias questões. Ao ler o enunciado da questão, o importante é entender o que 40 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES é perguntado e que fórmula ou fórmulas deveremos utilizar. A maioria dos erros nesse tipo de questão vem, em primeiro lugar, por desentendimento do enunciado e, em seguida, por utilizar a fórmula errada ou de modo errado na questão. Etapas para solucionar um exercício com fórmulas: 1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: esse momento é fundamental para que você tenha o melhor entendimento do que está sendo perguntado. 2º DEFINA A FÓRMULA QUE PRECISARÁ SER UTILIZADA: ao entender o problema, veja que fórmula(s) precisará(ão) utilizar e escreva-as. 3º INICIE A RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO. 4º REVISÃO: ao fi nal, reveja o exercício (muitos erros ocorrem por distrações). Exercícios com respostas discursivas: Quando o exercício a ser desenvolvido pedir respostas discursivas, os cuidados deverão ser os seguintes: 1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: essa etapa sempre será importante. 2º RELEMBRE A TEORIA: com calma, respire fundo e lembre-se dos resumos que fez sobre o tema quando estudou usando a técnica LVPR. 3º INICIE, EM SUA CABEÇA, A FORMULAÇÃO DA RESPOSTA. 4º RASCUNHE E ORDENE: escreva num rascunho, os tópicos principais da questão e depois ordene-os. 5º REDIJA: baseado no rascunho, redija a resposta de modo objetivo e claro. Exercícios com respostas de múltipla escolha: Os exercícios com respostas de múltipla escolha são perigosos. Uma palavra, um sinal ou uma pontuação pode mudar todo o sentido da resposta e induzir ao erro. A proposta com esse tipo de exercício é verifi car, além do conhecimento do aluno, sua capacidade de atenção. As etapas deverão ser as seguintes: 1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: como vimos anteriormente, a leitura é fundamental. 2º NÃO VEJA AS RESPOSTAS: nossa atitude imediata é ver as opções, não faça isso ainda. 3º RESPONDA À PERGUNTA COMO SE ELA NÃO FOSSE MÚLTIPLA ESCOLHA: responda à pergunta fazendo contas, caso o exercício assim exija, ou escrevendo a resposta. 4º COMPARE SUA RESPOSTA COM AS OPÇÕES APRESENTADAS. 5º ESCOLHA A OPÇÃO QUE MAIS SE APROXIMA DA SUA RESPOSTA. 41 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 IV. AUTOTESTE Esta técnica deverá ser empregada após o estudante ter passado pelas técnicas LVPR e ECE. O objetivo é consolidar conceitos através de uma autoavaliação, que levará o estudante a imaginar, o que é baseado nas suas leituras e exercícios, realmente essencial em toda a matéria estudada. Como fazer? 1º O ESTUDANTE ACESSA SEUS RASCUNHOS DE ESTUDO E DE AULA: esses rascunhos devem conter aquilo que ele entendeu que era fundamental no momento em que estava estudando. 2º ELABORAR PERGUNTAS: com base nos rascunhos, ele mesmo elabora perguntas que imagina que seriam feitas pelos professores. 3º RESPONDA, SEM CONFERÊNCIA: sem acesso aos rascunhos, livros ou videoaulas, o estudante responde às perguntas com base em sua memória de estudo. 4º CHECAR RESPOSTAS: uma vez respondidas a todas as perguntas, ele deverá checar suas respostas no livro ou na fonte onde está o conteúdo. 5º APRIMORAR RESPOSTAS: por último, deverá aprimorar suas respostas baseado na consulta feita. V. ALUNO PROFESSOR Esta técnica visa reforçar as anteriores levando o estudante a ter mais confi ança em seu processo de aprendizagem. Como fazer? 1º O estudante, com base em todo o conhecimento até então adquirido, deverá imaginar que terá que dar uma aula para toda a turma. 2º Essa aula terá o tempo máximo de 50 minutos e os tópicos a serem ensinados deverão ser dados nesse tempo. 3º O estudante começa a preparar a aula dividindo-a em tópicos: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Exemplos. 4º O estudante monta essa aula hipotética e simula a situação. Nesse momento, ele deverá, caso esteja estudando sozinho, criar eventuais perguntas que podem ser feitas e preparar as respostas a essas perguntas. Funciona muito bem quando o estudante pode dar essa “aula” a colegas ou familiares. VI. INTERROGATÓRIO ELABORADO Esta técnica é voltada a alunos que têm maior curiosidade sobre os fatos, sobre o mundo e sobre a funcionalidade das coisas. Uma curiosidade que vai além da matéria propriamente dada. Uma curiosidade que os levará a ter mais 42 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES consciência dos temas e, consequentemente, um domínio mais abrangente da matéria. Esta técnica demanda que haja interatividade com o professor ou com alguém que esteja apto a formular as perguntas abaixo indicadas. Como fazer? 1º O estudante deverá estar com um bom domínio dos temas. 2º Um professor ou um responsável deverá, baseado na matéria estudada, elaborar perguntas que incitem o aluno a investigar detalhes do assunto, como: Qual o sentido disso? O que estava na cabeça dessas pessoas quando isso aconteceu? Por que isso aconteceu nessa época da história? Qual seria uma utilização prática desse conhecimento? Como essa questão poderia ser utilizada nos dias de hoje? Cite um exemplo concreto de como podemos usar essa fórmula. 3º O estudante poderá consultar suas fontes para elaborar as respostas. 4º As respostas deverão ser entregues ao professor/responsável e este deverá avaliar se estão devidamente respondidas e, se possível, buscar um aprofundamento ainda maior. Acadêmico, chegamos ao fi nal do Capítulo 1. Esperamos que você tenha gostado dos assuntos e assimilado as informações. 1) Qual a origem da palavra coach? 2) O International Coaching Federation (ICF) afi rma que o coach honra o cliente como o expert em sua vida e trabalho e acredita que cada cliente é criativo, inventivo e completo. Baseado neste fundamento, o coach é responsável por quais atividades? 3) Em suas palavras, qual a defi nição de Coach Educacional? 4) Por que o coaching educacional vem crescendo no mercado? 5) Resistência nada mais é do que travas e bloqueios interiores que se revelam como obstáculos ao novo. Apresente os diferentes motivos de resistência estudados neste livro. 6) O coach deve estar munido de um conjunto de ferramentas que apoiarão o coachee a promover decisões de progresso e mudança de vida. Sobre os promotores de mudança abordados, qual deles lhe chamou mais a atenção e por quê? 43 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E. Capítulo 1 7) Contar com técnicas de estudo pode ser extremamente efi caz para o estudante que precisa assimilar um conteúdo de forma completa. No que consiste a técnica Aluno Professor e como ela deve ser aplicada? 5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A origem da palavra coach vem do esporte, que signifi ca treinador, tendo este o papel de ensinar e dar instruções. Coach é o profi ssional que inspira o cliente em direção a uma nova maneira de ser e pensar; sobrenovas possibilidades e tomada de decisão. É aquele que acompanha o cliente no caminho da conquista, engajado para o futuro. Algumas palavras são comumente confundidas com o coach, são elas: treinamento, consultoria, mentoria e terapia. O coaching educacional é um conjunto de ferramentas que tem por objetivo promover o autoconhecimento, aumentar o desempenho dos alunos, usar os conhecimentos adquiridos por estes para criar novos, transformar os limites de cada discente em recursos promissores, pensar e discutir metas e ações observando o passado, visando ao futuro, focando na aceleração de resultados e felicidade. Durante um processo de coaching, é muito comum enfrentar um grande vilão: a resistência a mudanças. É da natureza humana que qualquer pessoa saudável psicologicamente deseje progresso em sua vida. Quando estudamos algo, o conhecimento fi ca armazenado em diversas áreas do cérebro. As imagens fi cam em um local, o som das palavras em outro, e, ainda, existe uma terceira área responsável por organizar isso no cérebro; enfi m, são várias regiões que precisam de incentivos para que sejam formadas as sinapses que irão gerar a memória. O coach deve estar munido de um conjunto de ferramentas que apoiarão o coachee a promover decisões de progresso e mudança de vida. 44 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES REFERÊNCIAS ALMEIDA, Patricia; ESTEVES, Veronica Esteves; AMARAL, Roberta. Diálogos Entre Coaches. Editora Alta Books, 2020. BARROQUEIRO, Carlos Henriques et al. Coaching educacional na formação de professores para melhorar o processo de aprendizagem dos alunos. Instituto Federal de São Paulo, 2017. ESCOLA DE APOIO MDC. 2020. Disponível em: https:// meudeverdecasa.com.br/. Acesso em: 22 maio 2021. MARION, Arnaldo. Manual de Coaching: Guia Prático de Formação Profi ssional. Grupo GEN. [Minha Biblioteca], 2017. MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafi os e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007. PORFIRIO, Francisco. “Geração Z”. Brasil Escola. 2021. Disponível em: https:// brasilescola.uol.com.br/sociologia/geracao-z.htm. Acesso em: 22 maio 2021. SILVA, Andreza Regina Lopes da; MACHADO, Andreia de Bem. Coaching como estratégia para a inovação educacional. Educação no Século XXI - Volume 47. Formação Docente Tecnologia na Educação, 2019. p. 52. CAPÍTULO 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: conhecer os princípios da Programação Neurolinguística (PNL); compreender os princípios da Programação Neurolinguística (PNL) em um contexto geral; aprender sobre a Programação Neurolinguística (PNL) na área da educação; entender a estrutura do pensamento (funcionamento); aplicar os princípios da Programação Neurolinguística (PNL); utilizar a Programação Neurolinguística (PNL) na área da educação; compreender a estrutura do pensando na formação do indivíduo. 46 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES 47 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A Programação Neurolinguística (PNL) é um assunto ainda pouco debatido entre os educadores. A PNL constitui-se de um mecanismo em que o aluno começa a aprender sobre seus pensamentos, o modo que isso pode infl uenciar no seu cotidiano para que, a partir disso, ele possa desenvolver a mente a seu favor. Não raro são encontradas em salas de aula situações em que alguns alunos apresentam difi culdades para assimilar os novos conhecimentos com determinado professor, porém, diante da presença de outro, a mesma disciplina consegue ser compreendida pelos mesmos alunos de maneira natural (LORENA; PINHO, 2015). Esse fato muitas vezes é refl exo de confl itos na relação professor-aluno, sejam estes explícitos ou implícitos; isto é, o discente normalmente culpa o professor por achar que este está “enrolando” o assunto, ou talvez se apresente rígido demais, ou não sabe se expressar, entre outros motivos. O professor, por sua vez, culpa o aluno por este não ter interesse em aprender, ou não demonstrar o desempenho necessário para a disciplina, ou porque não entrou na universidade com a base de conhecimento sufi ciente etc. (LORENA; PINHO, 2015). Segundo Lima (2019), professores desmotivados, alunos com baixo rendimento e famílias distantes da escola é um cenário com eminente necessidade de transformação nas mais diversas áreas educacionais, por isso a necessidade da Programação Neurolinguística – PNL – como ferramenta facilitadora do processo de ensino-aprendizagem devido a sua capacidade de compreender o funcionamento interno do ser e reprogramá-lo de maneira a atingir objetivos almejados. Não que a PNL seja a solução de todas as problemáticas que envolvem o âmbito educacional institucionalizado, porém podemos destacá- la como um instrumento de grande valia para o educador. PNL é um estudo revolucionário do processo do pensamento humano. Em outras palavras, é o estudo do que realmente está acontecendo quando pensamos. O interessante sobre a mente é que, se abrirmos um cérebro, não conseguiremos encontrá-la. Não é possível encontrar um poema nem o gosto do chocolate, o sentimento de um primeiro beijo nem a música do baile de formatura. Tudo o que se encontrará é um monte de tecido nervoso. O tecido nervoso em seu cérebro age como um substrato. É quase como um computador. Ele age como seu disco rígido ou placa-mãe, e basicamente é confi gurado para armazenar vários bits de dados e montá-los, remontá-los, reorganizá-los e chamá-los sempre que você 48 CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES desejar (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018). A PNL é uma compreensão, não do cérebro, mas de como a mente, usando o cérebro, expressa-se em sua vida e cria o que você chama de sua experiência. 2 PRINCÍPIOS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) Como diria Connor (2000), vamos começar pelo começo. O que é PNL? Não se pode reduzir a Programação Neurolinguística (PNL) a uma única defi nição. Há muitas explicações do que seja PNL, cada uma como um feixe de luz brilhando de um ângulo diferente, iluminando inteiramente a forma e a sombra do objeto. A PNL estuda talento e qualidade – como organizações e indivíduos excelentes obtêm resultado excelentes. Os métodos podem ser ensinados a outros para que eles também possam obter a mesma classe de resultados. Esse processo denomina-se “modelagem”. Para modelar, a PNL estuda como estruturamos nossa experiência subjetiva – como pensamos sobre nossos valores e crenças e como criamos nossos estados emocionais – e como construímos nosso mundo inteiro a partir de nossa experiência e lhe damos signifi cado. Nenhum evento tem signifi cado em si mesmo, nós lhe atribuímos signifi cado, e pessoas diferentes podem atribuir signifi cados iguais ou diferentes. Assim, a PNL estuda a experiência pelo lado de dentro (CONNOR, 2000). A PNL teve início na Universidade da Califórnia no começo dos anos 1970, quando Richard Bandler, um estudante de psicologia, e John Grinder, um professor de linguística, iniciaram os estudos sobre PNL na Universidade de Santa Cruz. O primeiro trabalho que realizaram foi modelar famosos terapeutas da época, buscando identifi car quais eram os padrões internos e externos que eles utilizavam que tornavam o trabalho deles tão efetivo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021). Os pesquisadores da PNL estudaram originalmente terapeutas famosos por conseguirem resultados quase milagrosos com seus clientes. Um dos psicoterapeutas estudados inicialmente foi Fritz Perls, que desenvolveu a terapia gestalt “estar aqui agora”. Ele era um perito em linguagem corporal e obter mudanças imediatas. Sua abordagem única era o oposto direto da Psicanálise, que requer anos de terapia e autoestudo para desenvolver uma compreensão de como alguém chegou a ser quem é. 49 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA
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