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1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: André de Faria Thomáz
GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Copyright © UNIASSELVI 2022
Xxxxxx
Xxxxxxxxxxx
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
XXX p.; il.
ISBN XXXXXXXXXXXXX
1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxx
CDD XXXX.XXX
Impresso por:
Reitor: Janes Fidelis Tomelin
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
BASES TEÓRICAS E CONCEITUAIS DA GEOGRAFIA DA POPU-
LAÇÃO ............................................................................................ 8
CAPÍTULO 2
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ESTUDOS POPULACIONAIS ........ 50
CAPÍTULO 3
POPULAÇÃO E RECURSOS NATURAIS ..................................... 96
APRESENTAÇÃO
Olá! A partir deste momento, iremos juntos construir uma disciplina pautada 
na troca do conhecimento sobre Geografia da População, com base em dados 
históricos sobre as aplicabilidades em torno da sociedade e sua formação. 
No decorrer de nossos estudos, iremos abordar as ramificações em torno de 
uma geografia populacional, como por exemplo, geografia econômica, estruturas 
dos índices de desenvolvimento humano, separatismos e conflitos éticos-religio-
sos, paradigmas da geografia na sociedade, dinâmicas populacionais, politicas 
migratórias, recursos naturais e demais metodologias em torno do tema central de 
nossa disciplina.
Embora haja certa padronização cultural dentro da sociedade (ou uma ideia 
de padronização cultural) entalhada no contexto da globalização, o que se vê é 
uma diversidade cultural e multiculturalismo nos mais diversos quadrantes do pla-
neta. Se por um lado é certo que há uma assimetria naquilo que se chama de 
globalização econômica, por outro defender uma globalização cultural é, segura-
mente, muito mais penoso.
Portanto, em que consiste a cultura popular dentro da geografia da popula-
ção? Há cultura que não seja popular? Estamos diante apenas de uma discussão 
intelectual ou, simplesmente, de uma construção semântica? Antes de abrir um 
leque de discussão a respeito dessa “modalidade” de cultura, é preciso se deter 
especificamente em uma conceituação de “cultura popular”, a qual corresponde a 
um conjunto de fatos e fenômenos como saberes, crenças, costumes e tradições 
produzidos por um determinado grupo social. 
É importante chamar a atenção para o fato de que a ideia de cultura popular 
está associada a contingentes humanos e porções territoriais diminutos, ou seja, 
não é extensiva à totalidade da sociedade em que se insere, pois o conceito de 
popular se opõe a outras modulações culturais, como a erudita e a massificada, 
embora as três formas de se pensar a cultura se permeiem de modo constante e 
intenso.
No capítulo 1, iremos abordar as bases teóricas da geografia e no que diz 
respeito a isso, e é nas oposições: cultura popular x cultura erudita x cultura de 
massa, que reside um dos pontos mais debatidos dessa temática, afinal, não é 
porque há uma universalidade na obra de Machado de Assis que a literatura de 
cordel, associada mais ao improviso, à oralidade e à tradição, se torna menos lite-
ratura, mas, sim, uma criação literária distinta. 
No capítulo 2, vamos conhecer os métodos e técnicas dos estudos da ge-
ografia, onde as informações demográficas são de grande importância para um 
diagnóstico mais detalhado das condições reais de uma sociedade. Por meio de 
dados demográficos, é possível analisar a conjuntura atual e pretérita de um es-
paço geográfico, o que permite avaliar e analisar elementos conjunturais que in-
terferem na população, além de realizar estudos para o planejamento de políticas 
públicas e programas socioeconômicos.
 No capítulo 3, estudaremos sobre população e recursos naturais, onde 
perceberemos que nos últimos seis milênios, a história da humanidade foi perme-
ada pela construção dos impérios, poderosas formas de Estado que podiam com-
binar supremacia econômica, cultural e religiosa, mas que, principalmente, ex-
pressavam a soberania militar de um determinado povo. Assim, o objetivo máximo 
dos impérios era não apenas o fomento, mas as expressões de poder. A maneira 
como esse poder se manifestava é que poderia variar entre os diferentes tipos de 
império. O poder era a marca da ascensão e sua ausência estava presente nos 
processos de queda e ruptura dos impérios. 
 O território é um dos principais conceitos analíticos da geografia. Enten-
der o território é compreender os diversos atores e instituições que exercem po-
der e domínio sobre o espaço geográfico. Desse modo, conflitos separatistas e 
étnico-religiosos ocorrem justamente devido a um conjunto de ideais distintos de 
atores e grupos que disputam lugar de atuação, legitimação política e simbólica 
em espaços de conflito.
CAPÍTULO 1
BASES TEÓRICAS E CONCEITUAIS 
DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 conceituar e apresentar a forma que o homem se apresenta na sociedade;
 3 analisar a constituição do Império na construção da sociedade;
 3 definir as aplicabilidades da geografia no controle da formação da sociedade;
 3 descrever a importância da geografia econômica;
 3 definir as bases da geografia industrial;
 3 apresentar o controle da geografia dentro das rotinas da sociedade. 
 3 descrever as estruturas da Geografia Política;
 3 analisar as aplicabilidades dentro da Geografia Política; 
 3 introduzir a Geografia Política dentro das ações sociais. 
10
geografia da população
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A geografia percorreu um longo caminho até se constituir como ciência e for-
mar seus paradigmas próprios. Os paradigmas procuram explicitar os elemen-
tos do discurso científico que têm importância universal. Para Smith (2018), os 
paradigmas são atos científicos reconhecidos pelo mundo, que por um período 
de tempo contribuem com problemas e soluções modeladoras do conhecimento 
científico para a comunidade de praticantes de uma ciência. Por meio deles, é 
possível eleger o que é importante para a pesquisa.
Quando surgem, as novas ciências não têm um paradigma estabelecido, de 
modo que são chamadas por Smith (2018) de ciências imaturas. Para ele, quem 
faz ciência na ausência de um paradigma unificador se depara com uma cole-
ção aleatória de conceitos desorganizados, sem uma disposição integradora que 
possa conferir coerência e unidade, ou que possua inúmeras recomendações de 
arranjos integradores incompatíveis entre si. De acordo com Amin (2014), na ge-
ografia, a primeira teoria ou paradigma foi o determinismo geográfico, proposto 
pelo alemão Friedrich Ratzel. Há ainda outros quatro paradigmas importantes: 
possibilismo geográfico, método regional, nova geografia e geografia crítica da 
população. 
Em meados do século XVI, a geografia, por meio do senso comum e aliada 
às explicações religiosas e ao conhecimento filosófico, orientou as preocupações 
do homem em relação ao universo. Somente após o século XVI, com a perda de 
espaço da religião, é que a ciência seguiu uma linha de pensamento que propu-
nha encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias, ou seja, na 
procura do real ou das realidades estabelecidas na superfície terrestre. Assim, 
a geografia não buscava mais compreender os fenômenos apenas pormeio das 
descrições da natureza, mas sim buscava entender as relações entre os fenôme-
nos aliando a observação científica ao raciocínio. 
2 BASES TEÓRICAS E 
CONCEITUAIS DA GEOGRAFIA DA 
POPULAÇÃO
De acordo com Dantas, Morais e Fernandes (2011), a expressão “determi-
nismo geográfico” foi criada pelo etnógrafo e geógrafo alemão Friedrich Ratzel 
(1844-1904), que contribuiu para a história do pensamento geográfico e geopolíti-
co. Segundo Damiani (1998), a modernidade industrial e a geografia fragmentária 
dos séculos XIX e XX foram construídas a partir do holismo e com as caracterís-
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
ticas do século das luzes. Nesse período, a geografia teve como particularidade 
a organização do conhecimento científico, e o positivismo aparece como a matriz 
paradigmática.
FIGURA 1 – FATORES HISTÓRICOS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/b%c3%bassola-mapa-retro-
geografia-5137269/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Dantas, Morais e Fernandes (2011) explicam que a geografia 
se consolidou com o surgimento das “geografias sistêmicas”, ori-
ginadas da interface da geografia com outras ciências, por exem-
plo, da união entre geografia e geologia surgiu a geomorfologia; da 
união entre meteorologia e geografia, a climatologia.
Essa tendência fragmentária se opôs a uma tendência que surgiu com a ma-
nifestação geral das ciências, o que repercutiu na geografia por meio da criação 
das conhecidas geografia humana, geografia física e geografia regional. Essa ten-
dência da geografia veio na trilha do positivismo e foi uma expressão do novo 
paradigma que teve início na Alemanha.
As ideias de Friedrich Ratzel contribuíram para a institucionalização científica 
da geografia. Compreender o pensamento de Ratzel implica entender o período 
histórico em que ele viveu e produziu suas obras. Ratzel tem formação geográfi-
https://pixabay.com/pt/photos/b%c3%bassola-mapa-retro-geografia-5137269/
https://pixabay.com/pt/photos/b%c3%bassola-mapa-retro-geografia-5137269/
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geografia da população
ca, porém também estudou farmácia e zoologia. Seus estudos tiveram a influên-
cia de Ernst Haeckel (1834-1919). O mentor de Ratzel foi o criador da ecologia, 
disciplina que analisa a interação entre o homem e o meio. Assim, Ratzel desde 
jovem tinha uma perspectiva orgânica e evolucionista do mundo (SMITH, 2018).
Haeckel foi um biólogo, naturalista, filósofo, médico, professor 
e artista alemão que colaborou para popularizar a visão de Charles 
Darwin. 
Ratzel (apud DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011) defendia um império 
colonial alemão. Ele trabalhou na África e confeccionou um mapa do continente, 
que não era muito conhecido no final do século XIX. A África, apesar de pouco 
conhecida, já era disputada pelas potências europeias. Ao mesmo tempo, Ratzel 
(apud DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011) escreveu as obras teóricas: Estu-
do sobre o espaço político, em 1895; Estado e Solo, em 1896; Geografia política: 
uma geografia dos estados, do comércio e da guerra, em 1897. Ratzel também 
publicou Alemanha: introdução a uma ciência do país natal, em 1898. Nessa obra, 
ele expõe seu ponto de vista ambicioso a respeito da cientificidade, identificando 
as leis objetivas do desenvolvimento geográfico.
FIGURA 2 – CONTINENTE AFRICANO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/portugal-planisf%c3%a9rio-
mapa-mundo-1816896/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
https://pixabay.com/pt/photos/portugal-planisf%c3%a9rio-mapa-mundo-1816896/
https://pixabay.com/pt/photos/portugal-planisf%c3%a9rio-mapa-mundo-1816896/
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Por fim, em 1902, Ratzel elaborou mais uma obra de caráter filosófico inti-
tulada A Terra e a vida: uma geografia comparada. Nessa obra, ele esclarece a 
questão do misticismo e a comparação entre a biogeografia e a geografia huma-
na. Para Ratzel, todas as dinâmicas das atividades humanas estão tomadas por 
perspectivas vitais, biológicas, políticas e orgânicas, com a influência direta da 
geografia ou da superfície terrestre e com as particularidades desse ramo de es-
tudo. São essas características que marcam a teoria do determinismo geográfica 
(DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011).
2.1 HOMEM X ESPAÇO X 
GEOGRAFIA 
A relação entre a sociedade e a natureza ou entre os seres humanos e o 
meio faz parte das particularidades que cercam a ciência geográfica moderna. Tal 
ciência tem como aspecto fundante o aumento do saber sobre a superfície terres-
tre. No período moderno, a terra passa a ser encarada como um objeto de estudo 
da geografia.
FIGURA 3 – PLANETA TERRA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/people-holding-
earth-their-hands_14668475.htm#query=terra&position=12&from_
view=search>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Para entender melhor a relação entre a sociedade e a natureza, é neces-
sário conhecer as obras dos grandes pioneiros da modernidade. Immanuel Kant 
(1724-1804) foi um deles. Ele contribuiu para a geografia moderna conciliando a 
matemática para a esfera do tratamento científico da natureza com a matemática 
https://www.freepik.com/free-photo/people-holding-earth-their-hands_14668475.htm#query=terra&position=12&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/people-holding-earth-their-hands_14668475.htm#query=terra&position=12&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/people-holding-earth-their-hands_14668475.htm#query=terra&position=12&from_view=search
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geografia da população
institucional para a esfera do tratamento científico do homem. Desse modo, nas-
ceram as ciências naturais e as ciências humanas (SMITH, 2011).
Do século XIX para o XX, nasceram a geografia física e a geografia humana. 
As subáreas da geografia física são a geomorfologia, a climatologia e a biogeo-
grafia. Assim, a geografia física estuda os aspectos físicos e natural. 
Já as subáreas da geografia humana são a geografia agrária, a geografia 
urbana e a geografia econômica. Nesse período, a geografia física e a geografia 
humana eram simples nomenclaturas que não ofereciam referências teóricas e 
metodológicas, embora o neokantismo tenha oferecido tais referências para o pla-
no geral das ciências, reafirmando o modelo matemático para as ciências naturais 
e introduzindo o modelo das regras e normas culturais para as ciências humanas. 
Logo, seguiu-se uma direção epistemológica.
Neokantismo significa a adesão há um movimento filosófico 
que teve sua origem no kantismo, que se dedica a pesquisas psico-
lógicas, lógicas e morais para a sociedade e seus indivíduos. 
A ciência geográfica moderna teve sua origem na dicotomia referida anterior-
mente. Tal dicotomia ocorreu, porque os estudos das ciências exatas, da astrono-
mia, da matemática e da física acabaram por originar novos instrumentos, como 
as locomotivas e as máquinas a vapor. 
15
Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
FIGURA 4 – LOCOMOTIVAS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/comboio-locomotiva-viajar-
por-1728537/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Como você pode notar, os estudos do período foram importantes para a com-
preensão da relação dos homens com a natureza, relação esta que passou a in-
corporar a cultura industrial. A partir da técnica, foi possível, por exemplo, estudar 
as distâncias, o que facilitou o deslocamento de pessoas e mercadorias por meio 
de trens, navios e automóveis. 
FIGURA 5 – NÁVIO CARGUEIRO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/navio-de-
recipiente-6631117/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Nesse período, a natureza já era compreendida como recurso, mas para se 
chegar nessa perspectiva foi necessário incorporar a natureza à vida social, o que 
ocorreu por meio das técnicas desenvolvidas e aperfeiçoadas que começaram 
https://pixabay.com/pt/photos/comboio-locomotiva-viajar-por-1728537/https://pixabay.com/pt/photos/comboio-locomotiva-viajar-por-1728537/
https://pixabay.com/pt/photos/navio-de-recipiente-6631117/
https://pixabay.com/pt/photos/navio-de-recipiente-6631117/
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geografia da população
a fazer parte da cultura vigente, mesmo que ainda em escala local e regional. 
Além disso, as mudanças radicais na relação entre o homem e a natureza foram 
incorporadas ao território ocupado. Assim, surgiram as imagens de satélites, que 
permitiram conhecer toda a superfície terrestre (DAMIANI, 1998).
FIGURA 6 – SATÉLITE
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/cargo-space-craft-earth-
planet-dark-background-sci-fi-wallpaper-space-station-orbiting-earth-space-ship-
space-art-wallpaper-solar-observatory-elements-this-image-furnished-by-nasa-
3d-illustration_22790567.htm#query=satelite&position=17&from_view=search>. 
Acesso em: 08 de julho de 2022.
Hoje, como você sabe, os homens se encontram cada vez mais na condição 
de produtores da natureza. Desde 1970, vem se acentuando a globalização, por 
meio do processo internacional de integração econômica entre as diferentes so-
ciedades. Logo, o homem passa a dominar a natureza utilizando tecnologias com 
o objetivo de acumular capital. Isso tudo acaba aprofundando ainda mais a crise 
mundial e as desigualdades.
2.2 GEOGRAFIA DETERMINISTA
A Geografia Determinista e a Geografia Possibilista foram importantes para 
a consolidação dos primeiros paradigmas da geografia moderna. Tais paradigmas 
estão relacionados com o método tradicional da geografia, do período de 1870 
até 1950. A história do pensamento geográfico enfatiza a falsa dualidade entre o 
determinismo e o possibilismo. No período mencionado, estavam em cena a Es-
cola Determinista Alemã e a Escola Possibilista Francesa, considerada banal por 
alguns autores. 
https://pixabay.com/pt/photos/sat%c3%a9lite-soyuz-nave-espacial-2771128/
https://www.freepik.com/premium-photo/cargo-space-craft-earth-planet-dark-background-sci-fi-wallpaper-space-station-orbiting-earth-space-ship-space-art-wallpaper-solar-observatory-elements-this-image-furnished-by-nasa-3d-illustration_22790567.htm#query=satelite&position=17&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/cargo-space-craft-earth-planet-dark-background-sci-fi-wallpaper-space-station-orbiting-earth-space-ship-space-art-wallpaper-solar-observatory-elements-this-image-furnished-by-nasa-3d-illustration_22790567.htm#query=satelite&position=17&from_view=search
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https://www.freepik.com/premium-photo/cargo-space-craft-earth-planet-dark-background-sci-fi-wallpaper-space-station-orbiting-earth-space-ship-space-art-wallpaper-solar-observatory-elements-this-image-furnished-by-nasa-3d-illustration_22790567.htm#query=satelite&position=17&from_view=search
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Para complementar nossos estudos segue um livro para com-
plementar nossos estudos: DANTAS, E. M.; MORAIS, I. R. D.; FER-
NANDES, M. J. da C. Geografia da população. 2. ed. Natal: EDU-
FRN, 2011.
Ao se comparar a obra de Ratzel com a de Vidal de la Blache, costuma-se 
opor o pensamento determinista de Ratzel ao pensamento possibilista de Vidal 
de la Blache. Porém, essas particularidades e o dualismo não condizem com o 
propósito das teorias.
Ratzel foi muito importante para a sistematização da geografia moderna. Ele 
desenvolveu estudos geográficos pioneiros especialmente direcionados à discus-
são dos problemas humanos, integrados à área que Ratzel chamou de antropoge-
ografia. Esses estudos, com caráter interdisciplinar, tiveram como objetivo princi-
pal compreender as diversas formas de circulação de pessoas e bens materiais, e 
a distribuição dos povos sobre a superfície terrestre. Desse modo, Ratzel conside-
rava a influência das condições naturais sobre o comportamento humano, o que 
culminaria no determinismo. Ele também considerava as formações do território e 
a dimensão política da relação entre o homem e a natureza (DANTAS; MORAIS; 
FERNANDES, 2011).
Vidal de la Blache teve a iniciativa de inserir e institucionalizar a geografia na 
França. Por mais conflitante que isso pareça, ele tomou como referência as obras 
e os pensamentos de geógrafos alemães (Humboldt, Ritter e, inclusive, Ratzel). 
Vidal de La Blache realizou estudos bastante inovadores na geografia e deu sus-
tentação à criação da Escola Francesa de Geografia, que influenciou o desenvol-
vimento dessa ciência em diferentes países. 
Seu pensamento geográfico teve como características fundantes as ideias de 
totalidade, possibilismo, mapeamento das densidades e do gênero de vida. Con-
tudo, as obras dos dois geógrafos jamais podem ser consideradas algo simples e 
acabadas. A Escola Francesa foi quem influenciou o desenvolvimento da ciência 
sobre a geografia em diferentes países. Seu pensamento geográfico teve como 
características fundantes as ideias de totalidade, possibilismo, mapeamento das 
densidades e do gênero de vida. Ambas suscitam muitas indagações e acirram os 
ânimos de diversos estudiosos da geografia e de outras ciências (SMITH, 2018).
18
geografia da população
FIGURA 7 – MAPA TOPOGRÁFICO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/mapa-topografia-geografia-
planeta-3260506/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Pesquise como a Escola Francesa contribui para a geografia 
da população. Lembre-se de destacar suas referências e controles 
das atividades. 
Apesar da organização científica de Vidal de La Blache e Ratzel, segundo 
Smith (2018), eles vulgarizaram a noção de unidade terrestre, que Carl Ritter já 
havia estabelecido anteriormente. A noção filosófica de natureza está relacionada 
com “[...] o conjunto de todas as coisas, conjunto coerente, onde ordem e de-
sordem se confundem nesse processo de totalização permanente pelo qual uma 
totalidade evolui para tornar-se outra” (SMITH, 2018, p. 69). Portanto, o princí-
pio da totalidade é essencial para a desenvolvimento de uma filosofia do espaço 
do homem. Contudo, tanto Ratzel quanto Vidal de La Blache pouco usaram o 
princípio da totalidade, mas foram imprescindíveis na elaboração dos primeiros 
paradigmas que utilizaram a razão e os acontecimentos da época relacionados à 
dinâmica entre a sociedade e a natureza.
https://pixabay.com/pt/photos/mapa-topografia-geografia-planeta-3260506/
https://pixabay.com/pt/photos/mapa-topografia-geografia-planeta-3260506/
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
FIGURA 8 – CONHECIMENTO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/ci%c3%aancia-mapa-
palestra-alunos-2947645/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Dantas, Morais e Fernandes (2011), explicam que Vidal de La Blache é tido 
como um dos principais nomes do pensamento geográfico. Em 1875, ele foi no-
meado conferencista de geografia da Universidade de Nancy e, em 1880, se tor-
nou subdiretor da Escola Normal Superior. Já em 1898, foi para a famosa e re-
conhecida Universidade Sorbonne, de Paris. Seus estudos específicos na área 
da geografia foram realizados quando ele foi à Turquia para desenvolver o seu 
trabalho e tomou como guia uma obra que Carl Ritter havia escrito sobre o país. 
Além disso, ele percorreu a Europa e parte do norte da África e da América do 
Norte. Vidal de La Blache desenvolveu o pensamento geográfico possibilista e foi 
considerado o fundador da Escola Regional Francesa.
Você ainda deve considerar que La Blache não concordava com a caracteri-
zação da Escola Alemã como Geografia Determinista, o que havia sido postulado 
por Ratzel. Para este, as condições naturais do meio ambiente interferiam e pro-
vocavam atividades humanas e sociais. Poroutro lado, La Blache compreendia 
que o homem era quem transformava o meio onde vivia com suas ações (DAMIA-
NI, 1998).
Ratzel via como fundante a relação entre causa e efeito, acreditando que o 
homem era passivo e submisso às condições locais e que tinha como princípio de 
sobrevivência a necessidade de se adaptar ao meio. Já Vidal de La Blache defen-
dia que as relações entre homem e natureza aconteciam pela sua complexidade, 
atentando às iniciativas humanas transformadoras do meio ambiente. A teoria do 
determinismo geográfico de Ratzel foi refutada pela teoria do possibilismo geográ-
fico de Vidal de La Blache (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011).
https://pixabay.com/pt/photos/ci%c3%aancia-mapa-palestra-alunos-2947645/
https://pixabay.com/pt/photos/ci%c3%aancia-mapa-palestra-alunos-2947645/
20
geografia da população
Os alemães Immanuel Kant, Alexander Von Humboldt e Carl Ritter constru-
íram conhecimentos importantes para que Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache 
criassem as teorias que os consagraram como figuras importantes da história do 
pensamento geográfico, partindo dos paradigmas para a compreensão da relação 
entre a sociedade e a natureza. A partir daí, surgiram outros paradigmas impor-
tantes, ajudando a ciência geográfica a se consolidar e os estudiosos a pensar a 
respeito da complexa interação entre sociedade e natureza (DANTAS; MORAIS; 
FERNANDES, 2011).
FIGURA 9 – SOCIEDADE E NATUREZA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/sydney-paisagem-urbana-
c%c3%aanica-641631/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
2.3 FATORES HISTÓRICOS 
Você sabe o que é imperialismo? É muito comum ouvirmos essa palavra em 
associação a um contexto contemporâneo de supressão de uma cultura por outra, 
ou ainda, quando se faz referência à criação dos grandes impérios da antiguidade 
(SMITH, 2018). 
Mas, afinal, qual o significado de imperialismo? As duas possibilidades des-
critas podem apontar corretamente para situações de imperialismo, mesmo que 
cada uma delas tenha características diferentes. Isso acontece porque, histori-
camente, é possível identificar formas diferentes entre os imperialismos novos e 
antigos. Os imperialismos antigos, que caracterizaram o extenso período entre 
4.000 d.C. e 500 d.C., podem ser definidos pela conquista, dominação ou ane-
xação de um determinado território a um Estado que expresse o poder central. 
https://pixabay.com/pt/photos/sydney-paisagem-urbana-c%c3%aanica-641631/
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Neste caso, a intenção é a formação, a consolidação ou a expansão do poder do 
imperialista (DAMIANI, 1998). 
Uma característica comum nos imperialismos antigos é a manutenção das 
culturas dos territórios dominados, sem a pretensão da homogeneização da cul-
tura, embora haja exceções, como no caso do Império Romano, que você verá a 
seguir. Mas, no geral, tratava-se de estender o domínio a diferentes sociedades, 
mantendo-as com suas características, expressando o poder político, militar ou 
religioso dos imperialistas. 
FIGURA 10 – MAPA IMPÉRIO ANTIGO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/mapa-b%c3%bassola-
hist%c3%b3ria-vintage-5762796/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Nesse caso, a subordinação leva à formação de estados-clientes, cuja subor-
dinação se constitui em dependência econômica e financeira, mas há autonomia; 
há também: os estados vassalos, que mantêm sua estrutura organizacional e po-
lítico-administrativa, mas a subordinam completamente ao imperialista; os reinos 
ou estados aliados, que por alianças ou pressão comprometem-se no auxílio eco-
nômico, político e militar para com o imperialista; os vice-reinados, que foram mui-
tos comuns nas colônias de Espanha e Portugal na América Latina, que expres-
sam a presença da metrópole na colônia, como uma subunidade administrativa; e 
os territórios de controle direto, que mantêm suas fronteiras, cultura e estruturas 
organizacionais, mas são administrados completamente pelo imperialista, como 
no caso do Afeganistão após a invasão pelos Estados Unidos na década de 1990. 
Os estados-vassalos e protetorados possuem organização administrativa própria. 
Os novos imperialismos, porém, se baseiam na presença massiva da cultu-
ra imperialista, que chega a suprimir e até a dissolver a cultura das sociedades 
colonizadas. Essa presença é intencional e se orienta à construção de práticas 
https://pixabay.com/pt/photos/mapa-b%c3%bassola-hist%c3%b3ria-vintage-5762796/
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geografia da população
e comportamentos de consumo que favoreçam o país imperialista nas dinâmicas 
capitalistas.
Aprenda mais sobre a relação entre estudos populacionais e 
econômicos com Larry Harris e a pesquisa sobre mudanças demo-
gráficas e aposentadorias: https://www.nexojornal.com.br/entrevis-
ta/2017/01/06/Como-mudan%C3%A7as-demogr%C3%A1ficas-im-
pactam-a-taxa-de-juros-e-as-aposentadorias.
Esse tipo de imperialismo, portanto, se torna visível com o amadurecimento 
do capitalismo industrial no século XIX e tem como protagonistas os Estados Uni-
dos e a Inglaterra, muito embora existam imperialismos regionais e em escopos 
menores, como no caso do Brasil na América do Sul (SMITH, 1998).
Os imperialismos novos e antigos pontuam características centrais nas di-
nâmicas geopolíticas, determinando relações e diálogos, as formas de produção 
e de comércio, até as possibilidades de exercício de estruturas socioculturais e 
religiosas. Mas, de forma geral, as duas formas de imperialismo indicam que na 
trajetória das civilizações não nômades as disputas de poder entre duas compo-
sições sociais distintas permaneceram como marcador essencial das civilizações.
As primeiras civilizações não nômades de que se tem registro se estabelece-
ram ao longo de grandes rios, como o Rio Amarelo, na China; o Rio Nilo, no Egito; 
os Rios Tigre e Eufrates, que percorrem a região que constituía a Mesopotâmia e 
hoje é formada por Turquia, Síria e Iraque; o Rio Indo, na Índia; e o Rio Han, na 
Coreia do Sul. Dessas civilizações surgem alguns dos principais impérios da anti-
guidade, como você verá.
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/01/06/Como-mudan%C3%A7as-demogr%C3%A1ficas-impactam-a-taxa-de-juros-e-as-aposentadorias
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/01/06/Como-mudan%C3%A7as-demogr%C3%A1ficas-impactam-a-taxa-de-juros-e-as-aposentadorias
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/01/06/Como-mudan%C3%A7as-demogr%C3%A1ficas-impactam-a-taxa-de-juros-e-as-aposentadorias
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FIGURA 11 – RIO NILO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/rio-nilo-egito-barco-a-
vela-dhow-378495/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Com base nos conhecimentos até aqui, qual o papel das pri-
meiras civilizações dentro da constituição de dados sociais, uma so-
ciedade mais presente para evolução do homem?
Veja como exemplo o primeiro império conhecido: o Império Acadiano. Com 
território que se estendia pelo curso dos rios Tigre e Eufrates, o Acadiano é con-
siderado o primeiro império da história da humanidade, cuja origem aproximada 
remonta ao terceiro milênio antes de Cristo, mas a civilização que o precede tem 
origens ainda anteriores, que remontam ao contexto de cerca de 4.000 a.C. Os 
acadianos viviam na região central e em uma porção ao norte da Mesopotâmia, 
coexistindo de forma integrada com os sumérios, que se localizavam na região sul 
da Mesopotâmia. A forma de organização política e territorial eram as cidades-es-
tados. 
De acordo com Dantas, Morais e Fernandes (2011), o Império se forma quan-
do um rei acadiano, chamado Sargão de Akkad, decide anexar, via ação militar, as 
cidades-estados de Uruk, Ur, Lagash e Umma, sob seu domínio. Essas cidades 
eram acadianas, masa anexação rompia com o pressuposto de autogovernan-
ça das cidades-estados. Posteriormente, Sargão anexa cidades sumérias ao sul, 
https://pixabay.com/pt/photos/rio-nilo-egito-barco-a-vela-dhow-378495/
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geografia da população
além de cidades dos povos hurritas, ao leste, especialmente pelas jazidas de co-
bre localizadas nessa região.
Os impérios emergem em momentos distintos da história, exercendo um tipo 
de poder que costuma caracterizar aquele período. Mas você sabe como os impé-
rios nascem? Em primeiro lugar, os impérios surgem de um objetivo central que é 
perseguido por uma sociedade ou por um líder que seja sustentado por algum tipo 
de poder: o militar, o religioso ou o carismático. Assim, os impérios não nascem 
espontaneamente, mas possuem uma sociedade já estabelecida como base, e 
buscam expandir os domínios dessa base segundo o objetivo central.
A situação é inversa quando se observa o Império Romano. O sistema de au-
tocracia se estabelece após a cidade-estado romper com séculos de organização 
republicana, centralizando o poder no imperador e atribuindo novas funções ao 
senado, limitando sua ação e eliminando a participação do povo, reestruturando 
o conceito de cidadão romano que, na república, remetia à cidadania e à demo-
cracia ateniense (SMITH, 2018). O poder se situava nas mãos do imperador e se 
sustentava com apoio militar. Ao romper com o modelo republicano, a anexação 
de territórios se inicia com as cidades-estados gregas; quando Roma toma a cida-
de de Constantinopla, toda a península grega já está sob domínio do novo império 
(SMITH, 2018).
Porém, diferente do Império Macedônico, Roma fundamentava seu poder 
nas anexações, no processo de aculturação e anulação da cultura local. A acultu-
ração se constitui em Roma pela absorção da cultura grega, sobretudo nas artes, 
literatura e ciências. Quando uma região era anexada, além da imposição de no-
vos líderes que sustentassem o domínio romano, a cultura local era suprimida em 
prol da cultura greco-romana. 
 Antes de chegarmos à explicação da ascensão dos Estados Unidos como 
uma potência, é preciso retomar a conjuntura que precede esse processo: o mer-
cantilismo e a expansão imperialista ultramarina entre os séculos XV e XVIII. 
Neste período, a produção de manufaturas e o comércio substituem a produção 
agrícola feudal na Europa. Entretanto, as manufaturas tinham projeção incipientes 
e o comércio de produtos locais estava saturado. Assim, a opção para reinos eu-
ropeus como Espanha, Portugal, França e Inglaterra foi a expansão ultramarina, 
que buscava novos territórios a serem explorados Imperialismos novos e antigos 
e economicamente (SMITH, 2018). 
Estes eram simplesmente compreendidos como “propriedade” das nações 
que ali chegavam, assim como suas riquezas naturais e a possível produção. A 
fim de proteger o território na verdade, proteger seus interesses no território, a 
nação que nessa dinâmica se denomina metrópole o colonizava: tornava-o legal-
mente propriedade, como uma extensão de seu território. Os produtos das colô-
nias, obtidos a baixíssimos custos, eram comercializados na Europa.
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
O poder do mundo se concentrava antes na Europa, contu-
do com a alteração do modelo produtivo e o estabelecimento do 
capitalismo com a Revolução Industrial, no século XIX, o pêndulo 
do poder se moveu. Os movimentos de independência das colônias 
ganham força e ajudam a minar por completo as monarquias abso-
lutistas.
Nesse contexto, um dos primeiros territórios a tornar-se independente é o 
dos Estados Unidos, país que nasce como uma colônia de povoamento da Ingla-
terra. A independência ainda no século XVIII permite maior aproximação com as 
transformações da Revolução Industrial, e o processo de produção por meio das 
indústrias nos Estados Unidos acompanha a Inglaterra, não acontecendo de ma-
neira tardia, como acontece com o Brasil, por exemplo. Quando, no fim do século 
XIX, o capitalismo industrial está amadurecido na Europa, os Estados Unidos já o 
têm absorvido como modelo produtivo, e não precisam de adaptações e auxílios 
externos.
O determinismo geográfico também é conhecido como determinismo am-
biental. Como você sabe, o desenvolvimento das grandes potências da Europa e 
da América foi possível por meio de vantagens relacionadas ao território, à locali-
zação, principalmente, às questões ambientais.
Aprendemos até aqui que os geógrafos deterministas, junto à geografia tra-
dicional em suas diversas versões, privilegiaram os conceitos de paisagem e re-
gião, estabelecendo discussões sobre o objeto da geografia e a sua identidade 
em relação às demais ciências. Nesse período, a abordagem espacial, associada 
à localização das atividades dos homens, era secundária. Ratzel também definiu 
o que chamou de “espaço vital”, compreendido como base indispensável para a 
vida do homem e determinante para as condições de trabalho, sendo elas natu-
rais ou socialmente produzidas. Portanto, para Ratzel, o espaço vital é o domínio 
do espaço transformando-se em elemento para a história do homem (DANTAS; 
MORAIS; FERNANDES, 2011).
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geografia da população
FIGURA 12 – HOMEM X NATUREZA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/hands-holding-earth-csr-business-campaign_17229783.
htm#query=planet&position=48&from_view=search>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Esse domínio poderia resultar na incorporação do território ao império, ou 
seja, o território anexado perde suas características individuais e passa a fazer 
parte do Estado que o anexa. Como exemplo contemporâneo desse tipo de ane-
xação, temos o estado brasileiro do Acre, que era território boliviano. Mas, no 
caso dos imperialismos, há também tipos de conexão que expressavam a subor-
dinação, sem haver a descaracterização do território anexado.
A colonização expressa o domínio direto de um território sobre o outro, e na 
dinâmica econômica mercantilista, manter as colônias como produtoras de bens 
primários produtos agrícolas e minérios era o mais vantajoso para as metrópoles.
2.4 GEOGRAFIA ECONÔMICA E 
INDUSTRIAL
As teorias da geografia econômica e da geografia industrial ajudam a com-
preender como o espaço geográfico se transforma de acordo com o tipo de pro-
dução realizado por determinados tipos de indústrias. A maneira como ocorrem 
os fluxos de mercadorias ou como se comportam o mercado de trabalho e os 
consumidores são exemplos de como o espaço geográfico pode ser alterado. A 
geografia econômica, portanto, estuda o espaço geográfico, como ele é transfor-
mado e como transforma a economia. Além disso, dedica-se a entender como o 
pensamento e as ideias da geografia se transformaram ao longo do tempo, condi-
cionados pelas conjunturas políticas e socioeconômicas de cada período. 
https://www.freepik.com/free-photo/hands-holding-earth-csr-business-campaign_17229783.htm#query=planet&position=48&from_view=search
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Desse modo, a geografia econômica e a geografia industrial derivam da geo-
grafia, que é a ciência que analisa e compreende o espaço como instância social, 
isto é, a relação entre o ser humano e o espaço. Neste capítulo, você vai estudar 
as teorias fundamentais da geografia econômica e da geografia industrial e rela-
cioná-las, conhecendo os elementos de produção e comercialização associados a 
indústria, consumo, fluxo de capitais, bens e localização, que resultam em vários 
tipos de arranjos espaciais das atividades econômicas em escala local, regional e 
global.
FIGURA 13 – GEOGRAFIA ECONÔMICA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/estat%c3%adsticas-estatisticas-
dinheiro-2473795/>.Acesso em: 08 de julho de 2022.
A geografia econômica é uma subdivisão dos estudos da ge-
ografia humana. Se dedica à compreensão dos fenômenos relacio-
nados à economia e que tratam da localização de unidades produ-
tivas e de agentes produtivos ou consumidores distribuição e fluxos 
de mercadorias e trabalhadores.
Dessa forma, é possível compreender como se estabelecem os arranjos das 
atividades econômicas tendo o espaço como instância social. A análise se faz ob-
servando o espaço: onde ocorrem os fenômenos; quais são os agentes influencia-
https://pixabay.com/pt/photos/estat%c3%adsticas-estatisticas-dinheiro-2473795/
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geografia da população
dos; e que influenciam a diversidade de condições econômicas sobre as escalas 
local, regional, nacional e global.
As atividades econômicas de uma determinada região podem inclusive ser 
influenciadas por condições climáticas ou geológicas, determinadas por fenôme-
nos naturais. Nessas situações, as consequências podem ser a disponibilidade 
ou não de recursos naturais, que impactam nas condições de trabalho e produti-
vidade, custo de transporte e condições de uso do solo. Também há atuação de 
fatores políticos, sociais e culturais afetando decisões e resultados na economia, 
como geração de emprego e níveis de consumo e produção.
Disserte sobre como as atividades econômicas interferem na 
sociedade e quais suas aplicabilidades dentro das atividades geo-
grafia econômica.
2.5 ESPECIFICIDADES DA 
GEOGRAFIA 
A geografia econômica tem ainda como abordagem critérios de espaço e mo-
vimento, como a distância que determinada mercadoria deve percorrer até chegar 
ao seu destino, os locais de prospecção e transformação de matérias-primas, os 
acessos a rodovias e portos marítimos para escoar a produção e as variáveis es-
paciais que afetam as condições econômicas do lugar que está sendo estudado. 
Dessa forma, a geografia econômica trata da distribuição e da estruturação de ati-
vidades econômicas e produtivas no espaço cuja abordagem está ligada à história 
da estruturação econômica e à análise das relações envolvidas da escala micro à 
escala macro, relacionando o local à dinâmica global. 
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FIGURA 14 – PORTO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/navio-envio-transporte-
geografia-4492212/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Os sistemas de fluxos também são elementos que desempe-
nham importante papel na organização espacial em relação à eco-
nomia. Os fluxos perpassam as redes geográficas, que podem ser 
entendidas por um sistema interconectado de pontos e ligações en-
tre as diferentes partes de uma cidade, de um país ou do planeta. 
As redes geográficas também permitem a circulação de elementos econômi-
cos, como capitais por meio de sites e aplicativos bancários e informações, como 
é o caso da internet e de pessoas, em eventos de migração. Os fluxos econômicos 
ocorrem quando há deslocamento de capitais, corporações, mercadorias, bens e 
investimentos. No caso dos capitais, há uma grande quantidade de dinheiro que 
circula em todo o mundo na forma de bits em computadores e smartphones todos 
os dias de forma ininterrupta, sendo que a maior parte de todo esse capital não 
está mais na forma de dinheiro impresso.
https://pixabay.com/pt/photos/navio-envio-transporte-geografia-4492212/
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geografia da população
FIGURA 15 – ECONOMIA MUNDIAL
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/stock-market-forex-trading-graph-
graphic-concept_4452252.htm#page=2&query=economia&from_query=economia%20
mundial&position=36&from_view=search>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Cabe ressaltar também o crescimento do fluxo de pessoas em níveis nacio-
nal e internacional, por meio do turismo e da migração. Esse último tipo de fluxo 
se intensifica por razões humanitárias, políticas, sociais, econômicas e por causa 
de guerras. Os fluxos são uma forma de estruturação do espaço e da socieda-
de em razão de redes globais que permitem interações informacionais, culturais, 
econômicas e políticas.
Os fluxos, principalmente os financeiros quando abordada a economia, po-
dem ser interpretados por meio dos chamados circuito inferior e circuito supe-
rior da economia (SANTOS, 2019). Os fluxos inerentes ao circuito superior são 
constituídos pelos negócios bancários, pelas trocas comerciais e pela indústria de 
exportação, bem como pela indústria urbana moderna. O ramo dos serviços mais 
sofisticados como comércio atacadista e transporte também fazem parte desse 
circuito. 
Já no circuito inferior, as formas de fabricação não fazem uso intensivo de 
capital; é composto por serviços menos modernos, abastecidos pelo comércio em 
pequena escala. Ambos os sistemas são considerados no estudo da organiza-
ção da economia para compreendê-la em âmbito espacial, tanto as atividades do 
circuito inferior quanto as do superior organizam o espaço e coexistem. Nesse 
contexto, o Estado promove ou não tais atividades econômicas, sendo um inter-
mediário entre os agentes e as realidades nacionais.
https://www.freepik.com/premium-photo/stock-market-forex-trading-graph-graphic-concept_4452252.htm#page=2&query=economia&from_query=economia%20mundial&position=36&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/stock-market-forex-trading-graph-graphic-concept_4452252.htm#page=2&query=economia&from_query=economia%20mundial&position=36&from_view=search
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FIGURA 16 – INDÚSTRIA DA EXPORTAÇÃO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/navio-porta-contentores-
cargueiro-596083/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Além disso, todos os agentes são condicionados pelas conjunturas históricas 
e políticas de cada período.
Para uma análise espacial dos aspectos econômicos, é importante conhecer 
a história da geografia econômica moderna. Seu desenvolvimento é caracteriza-
do pela organização de informações sobre distintas regiões do globo a partir de 
1950, considerando debates sobre o método e categorias da geografia, conjunta-
mente com outras ciências e ponderando sobre a realidade socioeconômica. Há 
inúmeras contribuições de geógrafos brasileiros que trataram aspectos gerais e 
elaboraram estudos no campo, como Milton Santos, Armando Corrêa da Silva, 
Silva Selingardi Sampaio, Miguel Angelo Campos Ribeiro, além de textos e artigos 
publicados no Brasil por Paul Claval, geógrafo francês também reconhecido no 
campo da geografia econômica. 
De acordo com Marx (2011), a estruturação da geografia econômica ocorreu 
no fim do século XIX. As origens da geografia econômica moderna têm como ex-
poente Karl Sapper (1866-1945), geógrafo econômico alemão cujo principal traba-
lho, Economic Geography, foi publicado na Encyclopaedia of the Social Sciences 
em 1967, é considerado uma referência. 
https://pixabay.com/pt/photos/navio-porta-contentores-cargueiro-596083/
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geografia da população
FIGURA 17 – ÍNDICES ECONÔMICOS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/estoque-negocia%c3%a7%c3%a3o-
monitor-1863880/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
O geógrafo Wilhelm Gö tz publicou, em 1882, um planejamento para organi-
zar campos de geografia econômica, quando o termo foi empregado pela primeira 
vez, e se preocupava com a natureza das regiões e sua influência sobre a produ-
ção e movimento dos bens. Havia, assim, uma relação entre a geografia física e 
geografia econômica, a influência do homem sobre o meio. Silva (1970) afirmava 
que a geografia econômica modernarelacionava a atividade econômica humana 
a uma área com os recursos naturais. 
Para Geiser (1963), a geografia econômica é um ramo da geografia que se 
relaciona com as potencialidades econômicas e com as relações entre os vários 
países e lugares. O geógrafo Alfred Rü hl (1882–1935) desenvolveu a ideia de 
que essa é uma disciplina que se localiza entre a geografia e as ciências econô-
micas com a distribuição geográfica do trabalho e as diferenças na qualidade e na 
quantidade da produção, do comércio e do consumo de vários territórios. 
https://pixabay.com/pt/photos/estoque-negocia%c3%a7%c3%a3o-monitor-1863880/
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FIGURA 18 – TERRITÓRIOS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/mapa-do-mundo-
continentes-globo-60526/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Para que possamos entender melhor sobre a geografia econô-
mica confira o artigo: Geografia econômica: origem, perspectivas e 
temas relevantes. Disponível: <http://periodicos.pucminas.br/index.
php/geografia/article/view/p.2318-2962.2017v27n50p573/11911>. 
Acesso: 04 de julho de 2022.
A geografia econômica se consolidou no início do século XX pelo acúmulo de 
informações do âmbito econômico entre países, suas condições físicas e recursos 
naturais, objetivando a ampliação de mercados. Também cresceram as pesquisas 
sobre agricultura, relatórios comerciais produzidos em casas de negócios e pelas 
influências dos fundamentos da geografia humana. Para esse desenvolvimento, 
foram utilizados aspectos da economia, como a concepção do homem como ser 
econômico e a influência homem-meio. 
De acordo com Santos (2019), a origem da geografia econômica foi marca-
da pelos trabalhos de Karl Sapper promovendo sub-ramos, como a geografia da 
indústria/industrial. Em consequência de profundas transformações políticas, eco-
nômicas e sociais após 1920, a ciência geográfica adotou um caráter mais apli-
cado para analisar e interpretar questões de fundo econômico. Entre as décadas 
de 1940 e 1960, a renovação da geografia se baseou na chamada perspectiva 
https://pixabay.com/pt/photos/mapa-do-mundo-continentes-globo-60526/
https://pixabay.com/pt/photos/mapa-do-mundo-continentes-globo-60526/
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/p.2318-2962.2017v27n50p573/11911
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/p.2318-2962.2017v27n50p573/11911
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geografia da população
teorética-quantitativa, com uma abordagem sistêmica, e na teoria da localização 
de atividades econômicas, concretizando a questão da indústria e, por conseguin-
te, a geografia da indústria/industrial. Depois da década de 1960, despontou a 
abordagem marxista.
FIGURA 19 – INDÚSTRIA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/esta%c3%a7%c3%a3o-de-
energia-energia-374097/>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Pesquise e reflita sobre como a geografia econômica contribui 
para as necessidades de uma sociedade nos dias atuais.
Essa abordagem é constituída por um conjunto de ideias da filosofia, econo-
mia, políticas e sociais elaborada por Karl Marx (1818-1883) — filósofo, sociólogo, 
historiador, economista e jornalista — e Friedrich Engels (1820-1895) — empre-
sário industrial e filósofo. Teve origem em 1848 e, até hoje, influenciam todas as 
áreas do saber (SANTOS, 2019).
Basicamente, aborda o trabalho como conceito fundamental da sociedade; 
toda a história da humanidade sucederia pela relação entre os proprietários dos 
meios de produção e os trabalhadores que realizam a tarefa de produzir os bens. 
Logo, na teoria marxista, a luta das classes sociais é o que impulsiona as transfor-
mações na história, e a produção de bens materiais condiciona a vida social, inte-
https://pixabay.com/pt/photos/esta%c3%a7%c3%a3o-de-energia-energia-374097/
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
lectual e política. Além disso, também foram estudadas as relações e instituições 
que moderavam as sociedades, como o governo e a propriedade privada.
Mais recentemente, os estudos econômicos passaram a focar as transforma-
ções contemporâneas relacionadas a inovações tecnológicas da indústria (como 
o sistema de produção flexível); o advento da economia da informação da comu-
nicação e do conhecimento (ramos que consideram a informação como mercado-
ria necessária às atividades econômicas no sistema capitalista); e a consolidação 
da globalização (SANTOS, 2019). A geografia teorético-quantitativa, que predo-
minou durante as décadas de 1960 e 1970, baseou-se na formulação matemáti-
ca dos raciocínios e métodos ligados ao espaço. O espaço era considerado fixo, 
hierarquizado e funcional. Nesse ponto de vista, a natureza estaria em uma lógica 
sistêmica, funcionando de forma homogênea. O entendimento de sua organiza-
ção é dado por padrões matemáticos, estatísticos e geométricos, aplicando pro-
babilidades. 
O emprego dessas ideias era subordinado a uma lógica desenvolvimentista, 
isto é, o desenvolvimento era tratado como uma necessidade para o equilíbrio es-
pacial. O espaço era tido como uma forma homogênea, principalmente no âmbito 
econômicos. Dessa forma, as contradições sociais e econômicas eram despre-
zadas para a defesa de um desenvolvimento geral. Posteriormente ao predomí-
nio da geografia teorético-quantitativa, a geografia econômica desenvolveu como 
fundamento a ideia de ciência crítica da Escola de Sociologia de Frankfurt. Essa 
vertente se baseava em estudos sobre a dominação dada pela indústria cultural, 
cujos estudos analisavam a massificação do conhecimento, da arte e da cultura e 
considerava a ciência e a técnica como portadores de ideologia.
Para complementar nossos estudos segue indicação de um 
livro: HARVEY, D. The limits to capital. Londres: Verso, 1982.
Em seguida, foram elaboradas as chamadas perspectivas alternativas, com 
abordagem economicista. Nesse caso, partia-se do pressuposto de que as con-
dições econômicas são essenciais e decisivas para a vida individual e social, fun-
damentais para explicar todos os acontecimentos da vida humana e social. Além 
disso, tinham como base também a economia política marxista, que tratava de 
três problemas: qual é o modo de construir os conceitos a serem utilizados; como 
estabelecer relações entre eles; e qual a relação entre essa construção conceitual 
36
geografia da população
e a realidade objetiva e como explicá-la. As ideias foram baseadas em O capital: 
uma crítica da economia política, de Karl Marx.
Nessa obra, Karl Marx faz uma análise da acumulação de mercadorias, da 
teoria do valor-trabalho, em que o valor de uma mercadoria se dá pelo tempo de 
trabalho socialmente necessário nela investido. Marx também desenvolveu teo-
rias sobre o chamado valor de uso, baseado na utilidade das mercadorias e no 
valor de troca, que é equivalente ao seu preço de mercado e tempo de trabalho 
(MARX, 2011).
2.6 GEOGRAFIA INDUSTRIAL
Com as implicações da crise de 1929, houve uma demanda por entender 
os problemas objetivos enfrentados pela sociedade. Nesse contexto, houve um 
movimento de renovação na geografia, que originou uma abordagem econômi-
co-social nas décadas de 1930 e 1940, com enfoque na utilização e na ocupação 
do território para fins mercadológicos. A interpretação do desempenho dos merca-
dos, de eventos políticos e das crises econômicas resultou em discussões sobre 
subdesenvolvimento, problemas econômicos, sociedades industriais e gêneros de 
vida. 
Quando essas discussões começaram a ampliar, desenvolveu-se também a 
ideia de indivíduo como produtor-consumidor (SANTOS, 2019). A partir da década 
de 1930, os Estados começaram a intervir com mais ênfase nos contextos eco-
nômicos. A geografia seguiu na direção do fortalecimento da presençado Estado, 
que precisou de estratégias para a organização do espaço e da população. 
Esses, inclusive, passaram a ser temas relevantes no âmbito das políticas 
nacionais. Ao oferecer conhecimento necessário para utilização dos recursos, 
essa nova orientação foi denominada geografia aplicada, e houve a necessidade 
de organização racional do mundo. Os geógrafos, assim, elaboraram trabalhos de 
planejamento em diversos países (MARX, 2011). 
O ramo que trata da localização industrial, da distribuição es-
pacial das atividades econômicas, do planejamento regional e de 
áreas industriais é a geografia industrial. Após a década de 1950, o 
fator localização abarcou a renovação da disciplina. 
37
Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Foram realizadas pesquisas sobre teoria, métodos e técnicas de mensuração 
da atividade industrial, pois é um fenômeno que transforma o espaço terrestre, 
especialmente o urbano. Enquanto a geografia econômica aborda o estudo da 
localização das atividades econômicas combinada à produção e ao consumo de 
bens e serviços, a geografia industrial investiga a indústria de transformação e 
processamento de materiais em produtos que servirão a novos fins e diferentes 
necessidades. 
Disserte sobre o papel da geografia industrial dentro das roti-
nas de uma sociedade e quais são suas finalidades.
De acordo com Marx (2011), de 1930 a 1970, a atividade de descrição dimi-
nuiu, e a geografia se tornou uma disciplina aplicável, utilizando modelos expli-
cativos. Nos anos 1950 e 1960, a chamada nova geografia começou a utilizar a 
Teoria da Localização derivada da Teoria dos Lugares Centrais, que interpretava a 
hierarquia das cidades e a formação de regiões polarizadas. 
Os geógrafos analisavam o desenvolvimento econômico considerando a re-
levância da informação na vida econômica e a natureza da economia das cidades 
e sua função nas relações sociais e espaciais. 
Na década de 1960, as pesquisas realizadas dentro da linha da geografia 
econômica abordavam a localização das atividades agrícolas e industriais. As-
sim, surgiu a divisão dos espaços urbanos para funções produtivas e residenciais, 
fomentando a Teoria das Migrações Humanas. A geografia econômica passou a 
tratar das problemáticas habitacionais, segregações urbanas e também das ativi-
dades ligadas ao turismo. 
A partir de 1970, um novo contexto econômico possibilitou novas discussões 
teóricas na economia utilizando noções do papel do consumo e dimensões cultu-
rais. Nesse período, a vida econômica se transformou em virtude dos novos sis-
temas de transportes rápidos e do desenvolvimento das telecomunicações, que 
transformou também o espaço mundial. A intensificação dessas transformações 
deu início ao termo globalização. 
A contemporaneidade foi marcada pela rapidez nos fluxos de transferências 
de informação e capitais e, no contexto intelectual, as ciências sociais assumiram 
um caráter mais crítico. Entre as décadas de 1970 e 1980, foi desenvolvida na 
38
geografia da população
geografia econômica uma nova Teoria sobre as Relações Econômicas, incluindo 
espaço e lugares com propriedades diferenciadas, não mais homogêneas, repre-
sentadas pelas ideias de Paul Krugman. 
Desse modo, o espaço econômico e os lugares passaram a ter uma análise 
mais complexa. O marxismo assumiu outro enfoque, tendo em vista que econo-
mistas e geógrafos buscaram reintroduzir o espaço na teoria marxista. Os primei-
ros estudos foram realizados por David Harvey no livro The limits to capital (Os 
limites do capital, no Brasil), de 1982, e pelo economista francês Maurice Aglietta, 
que trata da transição entre o modo de produção fordista e pós-fordista. Geógra-
fos, como Allen Scott, e economistas, como Robert Boyer, utilizaram os trabalhos 
sobre a economia das empresas.
A geografia econômica atual se estruturou por meio de várias abordagens, 
considerando a economia da informação e da comunicação, a economia do co-
nhecimento e dos distritos industriais, que são exemplos dessa convergência 
entre geografia econômica e industrial. A origem da geografia econômica e seu 
desenvolvimento teórico-metodológico foram marcados por vários contextos eco-
nômico-sociais que determinaram mudanças e reestruturações e impulsionaram a 
geografia como ciência, a entender a realidade por meio de uma ótica espacial. A 
partir de 1950, transformações dadas por situações internas à disciplina, conjun-
turas externas políticas e econômicas, bem como relações com outras disciplinas, 
principalmente com a economia, conectaram-se à realidade socioeconômica da 
época, motivando assim debates e revisões metodológicas.
2.7 GEOGRAFIA POLÍTICA
A geopolítica, por outro lado, é dotada de desconfianças, que se relacionam 
com à sua utilização na primeira metade do século XX, nas políticas expansionis-
tas, bélicas e coloniais, consistindo em um saber engajado e comprometido com 
o poder do estado.
A Geografia Política consiste em uma ciência básica, fundamental. Enquanto 
a geopolítica é uma ciência prática e aplicada. Indo mais a fundo, o desenvolvi-
mento da Geografia Política, enquanto um rol de teorias fundamentais e relati-
vamente universais, sempre se deu por uma prática acadêmica que procurava 
manter um distanciamento crítico e uma autonomia ante aos objetivos mais ime-
diatistas e pragmáticos. 
Por isso, pode-se dizer que a Geografia Política é um conjunto de ideias po-
líticas e acadêmicas sobre as relações da geografia com a política, na medida em 
que o conhecimento produzido por esse campo do saber é resultado da interpre-
39
Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
tação dos fatos políticos, em momentos distintos da história e em diferentes lu-
gares, se apoiando em uma reflexão teórica e conceitual desenvolvida na própria 
geografia ou em outros campos do saber, como a ciência política, a sociologia, a 
antropologia, entre outros (CASTRO, 2015).
Qual o papel do Estado dentro da geografia política? E como 
podemos destacar sua atuação dentro das relações da geografia 
dentro da política? 
2.8 APLICABILIDADES 
Para Costa (2012), autores importantes para a construção do pensamento 
geográfico, como Vidal de la Blache, são considerados os maiores representantes 
do que se chama Escola Possibilista. O possibilismo, campo oposto ao determi-
nismo geográfico, assenta o seu raciocínio na compreensão de que a liberdade 
causa um impacto na forma e no alcance em que o espaço geográfico limita ou 
possibilita a ação dos seres humanos, e o elemento humano/racional manifesta-
-se por meio da política. 
Desse modo, a relação entre o homem e a geografia é mediada pelo fator 
político e o que fundamenta essa escola geográfica são o progresso e a crença na 
ciência e na técnica, fatores que fazem com que a balança entre a racionalidade e 
a geografia penda a favor do homem (ARENDT, 2012). A Escola Possibilista trou-
xe grandes contribuições para a ciência geográfica e para os alicerces da Geogra-
fia Política. Porém, foi no determinismo germânico (ou alemão) que a Geografia 
Política e a geopolítica se desenvolveram enquanto disciplina. 
Ainda no século XIX, já existia a ideia de que a política mediava as relações 
entre o ser humano e o seu meio de vivência. Não obstante, o determinismo ge-
ográfico acreditava que o fator físico, ou seja, o meio natural, os fatores geográ-
ficos, climáticos, etc., tinha um papel preponderante na explicação do processo 
civilizatório (COSTA, 2012). Percebe-se, assim, que a Escola Geográfica Alemã, 
calcada pelo determinismo germânico, foi fortemente influenciada pelo naturalis-
mo e pelas ideias de Charles Darwin, resultando em uma base teórica-filosófica 
40
geografia da população
de conteúdo determinista para a explicação dos fenômenos, inclusive os políticos 
(COSTA, 2012).
Para Castro (2015), a tradição do determinismo da natureza naGeografia Po-
lítica foi um prolongamento de uma antiga preocupação de filósofos, como Mon-
tesquieu, sobre a possibilidade de explicar a fluidez da vida política com argumen-
tos embasados em fatores estáveis, quase imóveis como o meio físico (natureza), 
e durante muito tempo houve um esforço para mostrar como a distribuição dos 
continentes e oceanos, montanhas, rios, climas, etc., afetavam a maneira como a 
humanidade dividia o mundo em estados e impérios e como essas unidades bri-
gavam entre si para adquirir poder e influência. Sendo assim, semelhante ao que 
ocorria nos fenômenos do mundo natural, o estudo da relação homem-meio, elo 
criado pela ciência geográfica, seria realizado por meio da ótica biológica, em que 
o Estado consistia em um “organismo vivo”, possuindo necessidades biológicas, 
como a busca voraz por recursos e o estímulo natural à expansão.
Esse determinismo geográfico alemão, que condicionava o entendimento da 
política aos preceitos da natureza, aproximou, cada vez mais, a geografia da ci-
ência política, estritamente nas manifestações da política de poder, a exemplo da 
expansão, a guerra, a conquista de territórios com finalidade de sobrevivência e 
aumento de poder do Estado (CASTRO, 2015). 
A expressão Geografia Política foi utilizada em 1750 pelo filósofo francês Tur-
got na tentativa de apresentar um “tratado de governo”, uma formalização da in-
tersecção do político com o geográfico. A preocupação de Turgot era demonstrar 
que um governo começa no estudo dos elementos geográficos da política, que 
é anterior à participação e à ação política propriamente ditas (CASTRO, 2015). 
Porém, foi apenas no final do século XIX que a concepção moderna de Geografia 
Política foi estabelecida como terminologia e área de conhecimento nas ciências 
sociais, sobretudo pela institucionalização da geografia e o reconhecimento da 
Geografia Política como uma subdisciplina formal na Alemanha, a partir dos traba-
lhos de Friedrich Ratzel.
Para complementar seus estudo leia o seguinte livro: HAR-
VEY, D. A justiça social e a cidade. São Paulo: Hucitec Editora, 
1980. 
41
Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Na área da Geografia Política, poucos autores são tão representativos de 
uma escola de pensamento como Ratzel. A sua obra ecoou no pensamento ge-
ográfico, passando pela Geografia Política e pela geopolítica, e a sua contribui-
ção é fundamental para entender o vocabulário político e estratégico utilizado por 
governantes e estadistas, bem como para compreender as grandes guerras da 
primeira metade do século XX (AMIN, 2014). 
Relacione a importância da Geografia Política dentro das 
ações geopolíticas.
Uma vez considerado como um organismo vivo, o Estado apresen-
ta uma tendência natural à expansão, como já foi dito, e desse modo, nem 
sempre reuniria as condições necessárias essenciais à sua sobrevivência 
e sustentação. A ausência de recursos e as pressões populacionais se 
apresentariam como grandes desafios, mas seriam incluídos no desafio de 
atingir o espaço vital. Foi observando a expansão territorial dos Estados 
Unidos da América, na segunda metade do século XIX, que Ratzel notou 
que a expansão do Estado não é uma pulsão natural, mas está assentado 
na conquista do espaço vital (COSTA, 2012). 
Para complementar seus estudos veja o seguinte artigo: Uma 
percepção do ensino de Geografia Política e geopolítica. Disponí-
vel: <http://periodicos.uea.edu.br/index.php/revistageotransfronteiri-
ca/article/view/1710/1042>. Acesso: 04 de julho de 2022.
O comportamento expansionista gera tensões nas zonas de expansão ime-
diata, ou seja, nas fronteiras, e como Costa (2012) afirma, a constituição dessa 
forma maior de institucionalização do poder político determina a fixação, cada vez 
mais rígida dos limites entre as sociedades-nações. É a fronteira que mantém o 
http://periodicos.uea.edu.br/index.php/revistageotransfronteirica/article/view/1710/1042
http://periodicos.uea.edu.br/index.php/revistageotransfronteirica/article/view/1710/1042
42
geografia da população
caráter definidor e estratégico do Estado definidor, porque o sentido de fronteira 
só é revelado quando a coletividade se identifica e controla determinado território, 
delimitando o espaço como resultantes de um antagonismo de necessidades e 
vontades manifestado por relações de força, poder e violência; estratégico, por-
que esses mesmos limites apontam para a zona de expansão do Estado (COSTA, 
2012).
FIGURA 20 – O BRASIL TEM FRONTEIRAS COM DEZ PAÍSES
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/map-south-america-brasil_20629131.
htm#query=mapa%20brasil&position=13&from_view=search>. Acesso em: 08 de julho de 2022.
Ao refletir sobre as ideias de território, outros conceitos são trazidos à tona. 
Pode-se pensar em soberania, fronteiras, Estado-nação, lugares, região. Uma 
das funções do território no século XVII era demarcar o espaço de poder sobera-
no, estabelecendo, assim, fronteiras e limites. A ideia de soberania está atrelada 
ao surgimento de uma autoridade suprema (soberano), que é reconhecida dentro 
e fora de seus domínios territoriais.
Para complementar seus estudos leia o livro: CASTRO, T. 
Geopolítica: princípios, meios e fins. Rio de Janeiro: Biblioteca do 
Exército, 1990.
https://www.freepik.com/premium-photo/map-south-america-brasil_20629131.htm#query=mapa%20brasil&position=13&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/map-south-america-brasil_20629131.htm#query=mapa%20brasil&position=13&from_view=search
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Desse modo, as ideias de território e de fronteira são fundamentais para 
distinguir a soberania interna, em que a autoridade política maior é reconhecida 
como detentora do direito de governar o povo dentro de seu território, da sobera-
nia externa, que garante o direito de uma autoridade soberana de governar seu 
próprio território e seu povo sem interferência de agentes externos, principalmen-
te por parte de outros estados (CASTRO, 2015). 
Na Geografia Política Clássica os elementos primordiais para delimitar os es-
paços domésticos e internacionais são os limites e fronteiras. Os limites delimitam 
formalmente a extensão territorial do Estado, indicando até onde vai a soberania 
dele. As fronteiras, por sua vez, se confundem com os limites, uma vez que, ape-
sar de serem o marco divisor entre duas ou mais entidades políticas, apontam 
para um horizonte expansionista. As nações podem ser compreendidas como gru-
pos de cidadãos que são ligadas por fatores culturais, por senso de identidade, 
religião ou território compartilhado (CASTRO, 2015). 
Já um Estado-nação é o resultado da convergência entre um povo que está 
imbuído de identidade nacional para um território organizado, politicamente, por 
um Estado próprio, que constitui uma entidade legal e política que exerce poder 
soberano dentro de seu próprio território.
De acordo com Castro (2015), a noção de fronteira, propriamente dita, surge 
quando um povo que habita determinado território adquire consciência nacional, 
ou seja, a noção de pátria. É essa consciência que dá sentido à ideia de na-
ção, fundamental para a identificação do corpo político institucional e de seu povo 
o Estado-nação. Ratzel (apud DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011), nesse 
mesmo sentido, afirmava que, como as culturas estavam contidas dentro de paí-
ses ou estados, era esperado que as suas fronteiras se movessem e ocorresse a 
expansão. Sendo assim, quanto mais desenvolvida fosse uma cultura, maior era a 
probabilidade de expansão do Estado para territórios de outros países, provavel-
mente dotados de culturas menos adiantadas.
Como se destaca fronteira e limites dentro das rotinas da Ge-
ografia Política? Descreva suas aplicabilidades. 
44
geografia da população
Sendo assim, na luta interminável por sobrevivência e segurança,gerada 
pelas tensões causadas pela busca do espaço vital, os estados nascem, cres-
cem (expandem) e morrem. Castro (2015), pontuava que o Estado poderia ser 
compreendido como um organismo vivo, onde o território é o corpo do Estado, a 
capital e os centros administrativos compõem o coração e os pulmões; os rios e 
estradas, suas veias e artérias; as áreas produtoras de matérias-primas e produ-
tos alimentícios são os seus membros (CASTRO, 2015).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O conceito de espaço aparece como vaga, ora associada a uma porção es-
pecifica da superfície terrestre identificada pela natureza, ora por um modo espe-
cífico como o ser humano deixou as suas marcas, ou ainda, como uma referência 
à mera localização. Mais do que isso, a palavra espaço tem o seu uso associado 
a diferentes escalas, desde a global até a um cômodo de uma casa (CASTRO, 
2015).
Todavia, o espaço na ciência geográfica é abordado de modos distintos entre 
as diferentes correntes do pensamento geográfico. Na geografia tradicional, por 
exemplo, o espaço não se constitui como um conceito-chave, sendo que os deba-
tes nessa escola incluíam mais os conceitos de paisagem, região natural, região-
-paisagem. A abordagem espacial, naquele momento (1870-1950 aproximada-
mente), era bastante secundária. A despeito dessa associação coadjuvante dada 
ao espaço, esse conceito está presente nas obras dos geógrafos tradicionais. 
Ratzel (apud DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011), por exemplo, o espa-
ço é visto como uma base indispensável para a vida do homem, encerrando as 
condições de trabalho, sejam essas condições naturais ou condições socialmente 
produzidas. Desse modo, o domínio do espaço transforma-se em elemento cru-
cial na história do homem (CASTRO, 2015). Já para a geografia teorético-quanti-
tativa (aproximadamente em 1950), o espaço é considerado sob duas formas que 
não se anulam: a noção de planície isotrópica e a representação matricial.
As planícies isotrópicas são superfícies planas de mesma 
propriedade ou seja homogêneas em suas medidas, já representa-
ção matricial são formas iguais que representam a mesma origem 
de medidas.
45
Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
Para a geografia crítica, o espaço desempenha um papel decisivo na estrutu-
ração de uma totalidade, de uma lógica ou de um sistema. Esse espaço, bastante 
relacionado com a prática social não deve ser considerado como um espaço ab-
soluto, vazio, representado por números, como na geografia teorética-quantitati-
va, nem como um produto da sociedade. O espaço, aqui, não é ponto de partida, 
nem o ponto de chegada. Mas também não é um instrumento político, uma área 
de ações individuais ou coletivas. O espaço, para a geografia crítica é mais do 
que isso, engloba essas concepções e, ainda, as ultrapassa. É os lócus da repro-
dução das relações sociais de produção (CASTRO, 2015).
Ao considerar o território, a questão principal não é refletir sobre quais são 
as características geográficas, ecológicas e os recursos naturais de uma certa 
área, ou o que se produz, ou quem produz em determinado espaço, ou mais sub-
jetivamente, quais as ligações de afeto e identidade entre uma sociedade e o seu 
espaço. Apesar de esses elementos serem importantes para a compreensão e o 
surgimento do território, o cerne da questão é: quem domina ou influência e como 
se domina ou influencia esse espaço? Uma vez que o território é um instrumen-
to de exercício de poder, outro questionamento pode ser feito: quem domina ou 
influencia quem nesse espaço e como esse exercício de dominação é realizado? 
(AMIN, 2014).
Todavia, é necessário aprender a despir o conceito de território da capa de 
imponência com a qual se encontra, muitas vezes, vestido. O conceito de territó-
rio evoca, normalmente, “território nacional” e nos faz pensar no Estado, que é o 
gestor do território nacional, em grandes espaços, sentimentos patrióticos, em go-
verno, dominação, guerras, etc. O território pode ser compreendido, também, em 
escala nacional e em associação com Estado. Todavia, esse conceito não precisa 
e nem deve ser diminuído a essa escala ou à associação com a figura estatal. 
Os territórios existem, são construídos e desconstruídos nas diversas escalas (da 
local à internacional, das ruas e bairros aos blocos econômicos), dentro dos mais 
diferentes tempos (dias ou séculos) (AMIM, 2014). 
Na Geografia Política Clássica, o território aparece como espaço concreto 
em si, ou seja, com os seus atributos naturais e socialmente construídos, que é 
apropriado, isto é, ocupado por um grupo social e essa ocupação é vista como 
algo produtor de raízes e identidade, no sentido de que um grupo não pode ser 
compreendido sem o seu território, no sentido de que a identidade sociocultural 
dos cidadãos estaria ligada aos atributos do espaço concreto (natureza, paisa-
gem). Os limites do território, ainda de acordo com Amin (2014), não são imutá-
veis, pois as fronteiras podem ser modificadas, pela força bruta e violência, mas 
cada espaço seria território durante todo o tempo, isso porque apenas a durabili-
dade poderia ser geradora da identidade sócio espacial. 
46
geografia da população
A ciência moderna geográfica começou a se institucionalizar em meados do 
século XIX. Três acontecimentos importantes levaram à institucionalização. Os 
dois primeiros estão relacionados às funções sociais: as guerras inglesa e france-
sa, que eclodiram na Europa entre os séculos XVI e XVII. O terceiro foi a Revolu-
ção Industrial. 
Tudo isso levou ao surgimento de um novo modo de produção, vigente até os 
dias de hoje, que substituiu o sistema feudal. Tal modo de produção foi essencial 
para que a ciência geográfica moderna definisse novos objetos de estudo, que 
serviriam para formular as primeiras teorias e métodos para a modificação das 
paisagens naturais. Nesse contexto, surgiu também uma sociedade marcada pela 
hierarquia de classes sociais, o que foi tema de diversos estudos.
A teoria ratzeliana, com a perspectiva da geografia humana, vê o homem do 
ponto de vista biológico, e não social. Desse modo, o homem não pode ser visto 
fora das relações de causa e efeito que determinam as condições de vida no meio 
ambiente, já que o homem e a sociedade seriam um fruto do ambiente em que se 
encontram. Nesse sentido, o homem é subordinado ao ambiente, que influencia 
fortemente a fisiologia e a psicologia humanas. Além disso, Ratzel compreendia 
que a história dos povos estava relacionada à interação entre o homem e a natu-
reza, de modo que algumas sociedades seriam melhor adaptadas para sobreviver 
ao meio (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011).
As grandes empresas sempre tiveram vantagens sobre as empresas peque-
nas e médias, pois podiam arcar com os altos custos para assegurar a trans-
ferência à longa distância das informações. Por meio das novas tecnologias de 
transporte e de telecomunicações, a transferência de informações pelos merca-
dos se tornou mais econômica. Surgiu, então, a fase da flexibilidade, do regime 
de acumulação flexível. Nessa fase, surgiu no Japão um modelo de produção de 
mercadorias, o Toyotismo, para uma maior flexibilização na fabricação de produ-
tos, adequando-se à demanda, com menor estoque. 
Além disso, as indústrias começaram a diversificar os tipos de produtos fa-
bricados com a facilitação da automatização de fases da produção, o que exigiu 
uma força de trabalho mais qualificada e que exercesse mais de uma função. As 
pesquisas ligadas à geografia econômica na sociedade de consumo, a concepção 
dos bens e os modos de consumi-los tiveram um papel central na dinâmica eco-
nômica. Nesse contexto, os trabalhos com abordagem cultural se desenvolveram, 
e o papel do consumo contemporâneo originou a geografia econômica cultural. 
Esse ramo estuda a influência da cultura na esfera do consumo, além de analisar 
os circuitos econômicos ligados à cultura e à metropolização. 
No fim do séculoXX, as pesquisas geográficas englobaram questões de mo-
bilidade, ligadas à migração e globalização, desenvolvimento do comércio global 
e dos oligopólios, de empresas multinacionais principalmente. As relações entre a 
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Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Bases Teóricas E Conceituais Da Geografia Da População Capítulo 1
geografia econômica e industrial ocorreram nesses pontos, além de questões de 
metropolização, hierarquias urbanas e o papel das grandes cidades e dos luga-
res, em uma relação interescalar.
1. Qual a importância da geopolítica para o estudo da sociedade e 
seus reflexos dentro da sociedade moderna? Ressalte na sua constru-
ção da resposta os pontos positivos e seus reflexos dentro da constru-
ção de uma sociedade mais eficiente no que diz respeito ao controle 
social.
2. Quando tratamos da geografia em sua síntese podemos descrever 
que a mesma atua de forma mais sintetizada dentro da geografia in-
dustrial em relação à economia e suas manifestações, atribuindo fun-
ções para toda sociedade no que diz respeito a mudanças mercadoló-
gicas e comportamentais. Disserte sobre as redes geográficas dentro 
do estudo da geografia industrial. 
3. No decorrer de nossos estudos aprendemos que a ciência geográ-
fica moderna teve sua origem na dicotomia referida anteriormente. Tal 
dicotomia ocorreu, porque os estudos das ciências exatas, da astro-
nomia, da matemática e da física acabaram por originar novos instru-
mentos, como as locomotivas e as máquinas a vapor. Disserte sobre a 
importância da ciência geográfica. 
48
geografia da população
REFERÊNCIAS
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totalitarismo. São Paulo: Companhia de bolso, 2012.
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GEISER, P. P. Evolução da rede urbana. Rio de Janeiro: CBPE, 1963.
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Malheiros Editores, 9º edição 4º tiragem, 1970.
SMITH, N. Desenvolvimento desigual: natureza, capital e a produção de 
espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2018.
CAPÍTULO 2
MÉTODOS E TÉCNICAS EM 
ESTUDOS POPULACIONAIS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 apresentar a importância da geografia no espaço demográfico;
 3 analisar a aplicabilidade da geografia sobre as faixas etárias;
 3 aplicar as métricas economias e demográ-
ficas dentro de uma sociedade;
 3 explicar o papel das Políticas Públicas Imigratórias; 
 3 definir como aconteceu o surgimento das sociedades. 
52
Geografia da população
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Dentro de Geografia da População é importante definirmos todos os contex-
tos que abrangem as métricas que envolvem os estudos populacionais. O surgi-
mento das cidades está relacionado com questões econômicas e sociais. Com o 
passar do tempo, esse organismo foi incorporando novas funções, representando 
a política, a cultura, o conhecimento e outros elementos. Desde o princípio, a po-
pulação contribui para a evolução dos espaços urbanos, seja de forma orgânica 
e natural ou por meio de ideias e intenções de parte dos cidadãos, geralmente 
aqueles de classe social privilegiada. Para garantir a participação de todos nas 
decisões sobre as cidades, colaborando com a elaboração de ações de melhora-
mento, surgiram instrumentos de consulta popular, uma vez que todos têm esse 
direito, sem exceções.
Neste capítulo, você compreenderá a importância dos métodos que desen-
volvem uma sociedade e da participação popular para os sistemas e processos 
da cidade, entendendo o motivo pelo qual essa ação é fundamental nos dias de 
hoje. Identificará os instrumentos da legislação brasileira que determinam essa 
participação, entendendo de que maneira isso pode ocorrer. Também conhecerá 
algumas iniciativas públicas e privadas que incluem a população na elaboração 
de propostas de melhoramento, buscando cidades mais justas e igualitárias, onde 
o direito de todos é garantido. 
A população urbana apresentou grande crescimento no último século, algo 
jamais visto em outro momento. Compreender o crescimento demográfico e as 
implicações da urbanização em escala planetária é fundamental para entender 
o foco das populações e seu desenvolvimento que é o mundo contemporâneo. 
Além disso, é fundamental estudar a mobilidade populacional, as aglomerações 
e espaços densamente povoados, bem como entender as diversas formas de so-
brevivência da população para gerar um retrato adequado da questão urbana atu-
al. 
Neste capítulo, você estudará diversos aspectos do crescimento demográ-
fico mundial, comparando a expansão da população urbana e rural. Além disso, 
conhecerá as relações existentes entre a demografia e a economia urbana, visto 
que todo processo de produção ou consumo está intimamente ligado à quantida-
de de pessoas que produzem, compram e consomem mercadorias. 
53
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
2 MÉTODOS E TÉCNICAS EM 
ESTUDOS POPULACIONAIS
Um dos métodos populacionais mais conhecidos é a métrica de contro-
le populacional por faixa etária, conhecida também como as pirâmides etárias, 
representações gráficas e ferramentas que possibilitam a análise da população 
segundo a sua estrutura demográfica. Com elas, os estudos populacionais se de-
dicam a compreender as dinâmicas de crescimento da população e a estudá-las 
de acordo com sua heterogeneidade em termos de idade, gênero, etnia, trabalho, 
renda, etc., de forma a extrair informações relevantes às políticas de gestão e 
desenvolvimento territorial coerentes com a realidade demográfica de cada lugar.
Desta forma iremos aprofundar nossos conhecimentos sobre a es-
trutura etária da população. Para isso, é importante conhecermos o concei-
to de População Economicamente Ativa (PEA), que representa a parcela 
jovem e adulta da população que se encontra em idade ativa para o traba-
lho. Além disso, também aprenderemos a identificar os diferentes tipos de 
pirâmides etárias e sua relação com o desenvolvimento econômico de um 
país.
FIGURA 1 – POPULAÇÃO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/people-world-map-high-angle_26559591.
htm#query=population&position=3&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
https://www.freepik.com/free-photo/people-world-map-high-angle_26559591.htm#query=population&position=3&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/people-world-map-high-angle_26559591.htm#query=population&position=3&from_view=search
54
Geografia da população
2.1 O CONCEITO E A IMPORTÂNCIA 
DA PEA
De acordo com Castro (2015), é possível conceber e analisar a estrutura da 
população estabelecendo alguns parâmetros de classificação, como faixa etária, 
gênero e situação ocupacional, ou seja, de trabalho. Para classificar a população 
de acordo com a sua situação no mercado de trabalho, foi convencionada a se-
guinte divisão:
• População Economicamente Ativa (PEA): refere-se àquela parcela da 
população, entre os 16 e 65 anos, que realiza atividades remuneradas 
ou não, ou então que está desempregada, mas que já trabalhou e encon-
tra-se disposta a trabalhar (está em busca de trabalho).
FIGURA 2 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/crowd-anonymous-people-
walking-city-street_5027435.htm#query=population&position=43&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
• População Ocupada (PO): trata-se de um recorte dentro da PEA. Consi-
dera a parcela da PEA que está empregada, exercendo atividades remu-
neradas ou não, independente do grau de formalidade do trabalho (tra-
balhadores autônomos, assalariados com carteira assinada, sem carteira 
assinada, empregadores, etc.).
https://www.freepik.com/premium-photo/crowd-anonymous-people-walking-city-street_5027435.htm#query=population&position=43&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/crowd-anonymous-people-walking-city-street_5027435.htm#query=population&position=43&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/crowd-anonymous-people-walking-city-street_5027435.htm#query=population&position=43&from_view=search
55
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
FIGURA 3 – POPULAÇÃO OCUPADA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/people-collage-design_12976939.
htm#query=population&position=4&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
• População Desocupada (PD): refere-se a outro recorte da PEA, compre-
endendo a parcela desempregada da população, que já foi empregada e 
que se encontra na busca por trabalho.
FIGURA 4 – POPULAÇÃO DESOCUPADA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/tensed-man-reading-newspaper-city-stairway_1473485.
htm#query=Unemployed&position=15&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
• População Economicamente Inativa (PEI) ou População Não Econo-
micamente Ativa (PNEA): compreende a porção da população que não 
exerce qualquer tipo de atividade remunerada (estudantes, donas de 
casa, aposentados, crianças, pessoas desempregadas que desistiram 
da busca por trabalho, etc.).
https://www.freepik.com/free-photo/people-collage-design_12976939.htm#query=population&position=4&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/people-collage-design_12976939.htm#query=population&position=4&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/tensed-man-reading-newspaper-city-stairway_1473485.htm#query=Unemployed&position=15&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/tensed-man-reading-newspaper-city-stairway_1473485.htm#query=Unemployed&position=15&from_view=search
56
Geografia da população
FIGURA 5 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE INATIVA
FONTE: <file:///Users/aluno/Downloads/E-book_Po%CC%81s_Unidade%202_
Geografia%20da%20Populac%CC%A7a%CC%83o_validado%20Marcelle.
docx/images/image5.jpg>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Embora o foco desta seção do capítulo seja o conceito e a importância da 
PEA, em certa medida também abordaremos as demais categorias, pois se tra-
tam de expressões da estrutura socioeconômica de realidades geográficas distin-
tas e complementares: países desenvolvidos e subdesenvolvidos. 
Além disso, outro questionamento realizado no campo dos estudos popula-
cionais em áreas diversas é: em que trabalha essa PEA da população, ou seja, de 
que forma a PEA está laboralmente distribuída?
Para responder essa pergunta, é interessante primeiramente entendermos 
que as atividades econômicas são compartimentadas de acordo com algumas ca-
racterísticas básicas, como os meios de produção, os modos de produção e os 
tipos de produtos ofertados (COSTA, 2012). 
57
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
FIGURA 6 – SETORES ECONÔMICOS
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/multicolored-pie-chart-blue-line-paper-graph-
texture-business-strategy-financial-concept-perspective-view-3d-illustration-rendering_19970666.
htm#page=4&query=graphic&position=16&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Assim na visão de Arendt (2012), estamos falando do setor primário, secun-
dário e terciário, que são definidos da seguinte forma:
• Setor primário: refere-se às atividades econômicas cuja produção envol-
ve a exploração direta dos recursos naturais, como a agricultura, pecu-
ária, pesca e extrativismo. Os meios de produção no setor primário são 
variados, sobretudo no campo da agricultura, em que existem produções 
altamente mecanizadas e outras com baixo grau de mecanização, como 
as agriculturas realizadas por alguns camponeses e populações tradi-
cionais (indígenas, quilombolas, etc.). Entre os produtos ofertados pelas 
produções do setor primário estão as matérias-primas para as indústrias 
ou agroindústrias, alimentos (in natura, grãos), etc.
FIGURA 7 – SETOR PRIMÁRIO
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/human-hand-holding-tomatoes-vegetable-
garden_17295978.htm?query=agricultura>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
https://www.freepik.com/premium-photo/multicolored-pie-chart-blue-line-paper-graph-texture-business-strategy-financial-concept-perspective-view-3d-illustration-rendering_19970666.htm#page=4&query=graphic&position=16&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/multicolored-pie-chart-blue-line-paper-graph-texture-business-strategy-financial-concept-perspective-view-3d-illustration-rendering_19970666.htm#page=4&query=graphic&position=16&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/multicolored-pie-chart-blue-line-paper-graph-texture-business-strategy-financial-concept-perspective-view-3d-illustration-rendering_19970666.htm#page=4&query=graphic&position=16&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/human-hand-holding-tomatoes-vegetable-garden_17295978.htm?query=agricultura
https://www.freepik.com/premium-photo/human-hand-holding-tomatoes-vegetable-garden_17295978.htm?query=agricultura
58
Geografia da população
Fundamente sobre o setor primário e suas características 
dentro das atividades demográficas.
• Setor secundário: este setor, de forma geral, abarca as atividades indus-
triais e da construção civil. As produções industriais normalmente trans-
formam as matérias-primas do setor primário, processam os alimentos, 
fabricam produtos de alto valor agregado (carros, computadores, máqui-
nas, etc.) e, para isso, incorporam constantemente inovações tecnológi-
cas em seu processo produtivo.
FIGURA 8 – SETOR SECUNDÁRIO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/photo-car-bodies-are-assembly-line-
factory-production-cars-modern-automotive-industry_26150002.htm#query=industry%20
car&position=0&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
• Setor terciário: este setor é considerado o mais complexo de todos, pois 
abarca uma maior diversidade de atividades produtivas. O terciário é co-
mumente associado às ofertas de serviço de todos os tipos, como saúde, 
educação, comércios, financeiros, transporte, entretenimento, turismo e 
gastronomia. Também incorpora os trabalhos realizados no campo das 
ciências, tecnologias e pesquisas. 
https://www.freepik.com/free-photo/photo-car-bodies-are-assembly-line-factory-production-cars-modern-automotive-industry_26150002.htm#query=industry%20car&position=0&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/photo-car-bodies-are-assembly-line-factory-production-cars-modern-automotive-industry_26150002.htm#query=industry%20car&position=0&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/photo-car-bodies-are-assembly-line-factory-production-cars-modern-automotive-industry_26150002.htm#query=industry%20car&position=0&from_view=search
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Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
FIGURA 9 – SETOR TERCIÁRIO
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/interior-shot-racks-with-
shirts-undershirts-jeans_5875333.htm#query=comercio&position=29&from_
view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Os trabalhos informais também estão inseridos nesta catego-
ria, como os realizados pelos vendedores ambulantes. 
Atualmente, trata-se do setor que mais absorve mão de obra, tanto em pa-
íses desenvolvidos quanto subdesenvolvidos. Isso ocorre em virtude de sua sig-
nificativa diversidade e complexidade em termos de produção e trabalho, do alto 
grau de automatização da produção industrial, que requer cada vez menos detrabalhadores, bem como da crescente mecanização da produção agrícola em 
larga escala.
https://www.freepik.com/premium-photo/interior-shot-racks-with-shirts-undershirts-jeans_5875333.htm#query=comercio&position=29&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/interior-shot-racks-with-shirts-undershirts-jeans_5875333.htm#query=comercio&position=29&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/interior-shot-racks-with-shirts-undershirts-jeans_5875333.htm#query=comercio&position=29&from_view=search
60
Geografia da população
FIGURA 10 – VENDEDOR AMBULANTE
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/chap%c3%a9u-venda-de-
chap%c3%a9u-barraca-2646162/>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Outro exemplo pode ser a produção de energia nuclear, que depende direta-
mente da extração de urânio (minério), que é considerada uma atividade do setor 
primário. Além disso, precisamos entender que espacialmente não existe uma se-
paração dos setores, pois é possível identificar agricultura nos espaços urbanos 
e periurbanos (ainda que em menor escala), turismo nas zonas rurais, (agro)in-
dústrias de processamento de alimentos no campo, entre outras atividades que 
desafiam as compartimentações teóricas da economia e da produção em um sen-
tido estrito. Lembremos da reflexão sobre o espaço geográfico em sua dimensão 
material e de fluxo, ou seja, sua divisão em política, economia e industrial.
FIGURA 11 – ENERGIA NUCLEAR
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/energia-usina-nuclear-grohnde-
weser-4030427/>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
https://pixabay.com/pt/photos/chap%c3%a9u-venda-de-chap%c3%a9u-barraca-2646162/
https://pixabay.com/pt/photos/chap%c3%a9u-venda-de-chap%c3%a9u-barraca-2646162/
https://pixabay.com/pt/photos/energia-usina-nuclear-grohnde-weser-4030427/
https://pixabay.com/pt/photos/energia-usina-nuclear-grohnde-weser-4030427/
61
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
A partir dessa reflexão sobre os setores da economia, é possível termos uma 
noção dos setores das atividades profissionais realizadas ou buscadas pelas pes-
soas incluídas no grupo da PEA. Já sabemos que o setor terciário é o que mais 
emprega a população e que essa realidade é comum a diferentes países no mun-
do, como Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Brasil (COSTA, 2012). 
Nos países desenvolvidos, é comum a existência de grande variedade de 
serviços com alta valorização no mercado, como as áreas de Tecnologia da Infor-
mação (TI) e de pesquisa científica, que exigem uma maior qualificação da PEA, 
e consequentemente são mais valorizadas no mercado de trabalho. A realidade 
do setor terciário em países subdesenvolvidos é mais precária, devido ao lento e 
instável processo de desenvolvimento econômico. 
Em virtude de um crescimento desordenado do setor de serviços na econo-
mia, a crescente força de trabalho direcionada ao terciário não é plenamente ab-
sorvida e enfrenta, de forma recorrente, situações de precariedade e insegurança 
do ponto de vista trabalhista.
As pirâmides etárias são desenvolvidas para a análise da estrutura de uma 
população por faixas de idade e permitem avaliar se determinada população é 
composta majoritariamente por jovens, adultos ou idosos, por homens ou mulhe-
res, além de possibilitar interpretações a respeito de suas taxas de natalidade, fe-
cundidade e expectativa de vida (COSTA, 2012). Graficamente, a pirâmide etária 
apresenta dois lados: o lado esquerdo corresponde à população masculina e o 
direto, à população feminina. Além disso, possui um eixo horizontal, que indica a 
quantidade de habitantes, em termos absolutos ou em porcentagem, e outro verti-
cal, que representa a faixa etária da população (as idades). Como toda pirâmide, 
ela é estruturada em três partes principais: base (parte inferior), corpo (parte inter-
mediária) e topo (parte superior). Demograficamente, a base representa a popula-
ção jovem; o corpo, a população adulta; e o topo, a população idosa. 
As faixas de idade comumente convencionadas são: jovens (0-14 anos) ou 
(0-19 anos); adultos (15-59 anos) ou (15-64 anos) ou (20-59 anos); idosos (mais 
de 60 anos) (COSTA, 2012).
62
Geografia da população
FIGURA 12 – EXEMPLO DE PIRÂMIDE ETÁRIA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pir%C3%A2mide_populacional_para_o_
Munic%C3%ADpio_de_Moxico_em_grupos_de_cinco_anos.jpg>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Outra característica da pirâmide etária é a localização da PEA (empregada 
ou desempregada e procurando trabalho) em sua parte intermediária (corpo), que 
representa a população adulta. Isso significa que quanto mais expandido for o 
corpo da pirâmide de um país, maior será a sua PEA.
Agora, após essas explicações, podemos nos perguntar: o que essa estrutu-
ra gráfica da pirâmide sugere em termos de interpretação das dinâmicas demo-
gráficas de um município, estado, região ou país? Segundo Amin (2014), a pirâmi-
de etária, nos permite entender as taxas de natalidade, fecundidade e expectativa 
de vida da população. Vejamos esses conceitos demográficos aplicados a um 
exemplo prático, a estrutura etária italiana é representativa para países desenvol-
vidos socioeconomicamente. Se analisarmos casos de países como Alemanha, 
Finlândia e Espanha, perceberemos que apesar de algumas variações, existe um 
relativo padrão em sua estrutura etária: uma baixa presença de população jovem 
e uma expressiva quantidade de idosos. Os países desenvolvidos, como já sabe-
mos, completaram sua transição demográfica, ou seja, percorreram as fases de 
crescimento demográfico. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pir%C3%A2mide_populacional_para_o_Munic%C3%ADpio_de_Moxico_em_grupos_de_cinco_anos.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pir%C3%A2mide_populacional_para_o_Munic%C3%ADpio_de_Moxico_em_grupos_de_cinco_anos.jpg
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Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
FIGURA 13 – EM UMA FAMÍLIA EXISTEM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-vector/big-family-concept_9649052.htm#query=kids%20
adults%20and%20old&position=12&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Atualmente, o crescimento demográfico encontra-se na fase de estabilização 
do crescimento e apresentam uma população envelhecida ou em fase de enve-
lhecimento (CASTRO, 2015). A realidade de países subdesenvolvidos revela-se 
um pouco mais heterogênea, ainda que seja possível observar um padrão de pre-
dominância de população jovem e adulta. 
A média da expectativa de vida em países latino-americano 
é de 75 anos e sua tendência é aumentar com o passar dos anos 
(CASTRO, 2015). Nesse sentido, tais países em desenvolvimento 
socioeconômico tendem a apresentar um incremento no número de 
idosos e um encolhimento de sua população jovem, em virtude da 
redução das taxas de natalidade. 
Já um país com grande proporção de idosos precisa melhorar seu sistema 
previdenciário para garantir uma aposentadoria de qualidade e investir mais em 
sistemas de saúde para atender as demandas dessa fatia demográfica. Por sua 
vez, países com uma estrutura etária em que prevalece a população adulta preci-
sam elaborar medidas para desenvolver os setores da econômica, principalmente 
o de serviços, com o objetivo de ampliar as ofertas de emprego à PEA que, como 
sabemos, é a parcela da população que compõe a força produtiva do país. 
https://www.freepik.com/free-vector/big-family-concept_9649052.htm#query=kids%20adults%20and%20old&position=12&from_view=search
https://www.freepik.com/free-vector/big-family-concept_9649052.htm#query=kids%20adults%20and%20old&position=12&from_view=search
64
Geografia da população
2.3 DINÂMICA POPULACIONAL
Coletadas por meio de pesquisas censitárias, registro civil ou outros meca-
nismos de coleta, as informações demográficas podem demonstrar tanto um re-
trato de uma época quanto a dinâmica populacional de um determinado lugar no 
decorrer do tempo. Por sua importância estratégica, desdea antiguidade, impera-
dores e governantes vêm coletando dados populacionais como forma de controle 
do seu território. 
FIGURA 14 – MÉTRICAS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/demographic-census-concept-representation_18155917.
htm#query=metric&position=8&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Afinal, a partir das informações demográficas, é possível fornecer cifras fac-
tuais ao poder público, permitindo planejar medidas e ações de melhorias dos 
mais diversos indicadores. Neste capítulo, você vai analisar a importância da ob-
tenção de informações censitárias para a tomada de decisão nas áreas de políti-
cas públicas e até mesmo em ações relacionadas a instituições privadas. 
2.4 INFORMAÇÕES 
DEMOGRÁFICAS
As informações demográficas são de grande importância para um diagnós-
tico mais detalhado das condições reais de uma sociedade. Por meio de dados 
demográficos, é possível analisar a conjuntura atual e pretérita de um espaço ge-
ográfico, o que permite avaliar e verificar elementos conjunturais que interferem 
https://www.freepik.com/free-photo/demographic-census-concept-representation_18155917.htm#query=metric&position=8&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/demographic-census-concept-representation_18155917.htm#query=metric&position=8&from_view=search
65
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
na população, além de realizar estudos para o planejamento de políticas públicas 
e programas socioeconômicos. 
FIGURA 15 – SOCIEDADE
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/united-states-america-population-
community-concept-3d-rendering_24536939.htm#query=population&position=15&from_
view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Nesse sentido, a coleta de dados demográficos é essencial para estudos re-
lacionados à população, além de diagnósticos relacionados a aspectos econô-
micos e sociais, de forma que os dados se configuram em ferramentas para a 
tomada de decisão, bem como para a análise de resultados de políticas adotadas.
A palavra censo origina-se do latim census, que designa um conjunto dos 
dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado ou nação. O 
censo era realizado desde os tempos antigos e tinha como objetivo determinar o 
número de habitantes para controlar o alistamento militar, e também a quantidade 
de pessoas que deveriam pagar impostos. Há registros de que os censos eram 
realizados muito antes da era cristã, em impérios como do Egito, Babilônia, China, 
Palestina e Roma, cujas contagens periódicas da população contribuíam para es-
tabelecer suas bases fiscais, de trabalhadores ou de soldados (CASTRO, 2015).
https://www.freepik.com/premium-photo/united-states-america-population-community-concept-3d-rendering_24536939.htm#query=population&position=15&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/united-states-america-population-community-concept-3d-rendering_24536939.htm#query=population&position=15&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/united-states-america-population-community-concept-3d-rendering_24536939.htm#query=population&position=15&from_view=search
66
Geografia da população
FIGURA 16 – CENSO
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/group-people-standing-pie-
chart-public-voting-statistic-d-render_24149493.htm#query=census&from_
query=censo&position=18&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
De acordo com Arendt (2012), o registro mais antigo de processo censitário 
remonta ao ano de 2238 a.C., no Império Chinês, quando o Imperador Yao re-
alizou um censo da população e das lavouras cultivadas. Contudo, somente os 
indivíduos relevantes para a sociedade eram computados, como os proprietários, 
chefes de família ou homens sujeitos ao alistamento militar. Outro registro censi-
tário importante na história ocorreu por volta de 1700 a.C., no tempo de Moisés, 
além dos censos anuais realizados pelos egípcios no século XVI a.C. De modo si-
milar, os gregos e os romanos também realizaram coletas censitárias entre os sé-
culos VIII e IV a.C., em que buscavam informações sobre o número de habitantes. 
A partir do número obtido no censo, tornou-se possível determinar a quanti-
dade de pessoas que poderiam ser recrutadas pelo exército e que estariam aptas 
para o exercício dos direitos políticos. Além disso, também eram coletados dados 
relativos às riquezas do povo para se estabelecer cálculos de pagamento de im-
postos (CASTRO, 2015). Na Bíblia, é narrado que José e a Virgem Maria saíram 
de Nazaré, na Galileia, para Belém, na Judeia, para responder ao censo ordena-
do por César Augusto, pois naquela época as pessoas tinham que ser entrevista-
das no seu local de origem. Maria, na ocasião, estava grávida de Jesus, e por isso 
ele nasceu em Belém.
https://www.freepik.com/premium-photo/group-people-standing-pie-chart-public-voting-statistic-d-render_24149493.htm#query=census&from_query=censo&position=18&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/group-people-standing-pie-chart-public-voting-statistic-d-render_24149493.htm#query=census&from_query=censo&position=18&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/group-people-standing-pie-chart-public-voting-statistic-d-render_24149493.htm#query=census&from_query=censo&position=18&from_view=search
67
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
2.5 FONTES DE INFORMAÇÕES 
Dessa forma, observamos que até na antiguidade os censos eram realizados 
com o objetivo de conhecer cifras populacionais, realizar o recrutamento para as 
guerras, determinar a quantidade de crianças e seus respectivos gêneros e para 
cobrar impostos. As pessoas que se negavam a participar podiam ser condena-
das à morte.
Na Idade Média, houve diversos recenseamentos na Europa, como na Pe-
nínsula Ibérica durante a dominação muçulmana, do século VII ao XV, no reinado 
de Carlos Magno, entre 712 e 814 d.C., e também nas repúblicas italianas nos 
séculos XII e XIII. Além disso, podemos citar o Domesday Book, que foi um levan-
tamento das propriedades rurais decretado pelo Rei Guilherme I da Inglaterra em 
1086, e também a contagem domiciliar do État des Subsides na França, em 1328 
(CASTRO, 2015). 
Também há relatos na história sobre levantamentos populacionais realizados 
em Nuremberg na Alemanha, em 1449, bem como na Sicília e em outras regiões 
na Itália a partir de 1501, considerados os primeiros censos no sentido pleno da 
palavra. Outras experiências pioneiras são os levantamentos populacionais de 
Quebec, no Canadá, a partir de 1666, e de diversas outras colônias francesas e 
inglesas na América do Norte, e ainda na Islândia, que realizou um levantamento 
completo da sua população em 1703 (CASTRO, 2015). Contudo, o censo sueco 
de 1749 é considerado o primeiro levantamento que satisfaz quase todos os cri-
térios considerados essenciais para um recenseamento moderno. Em sua estei-
ra, vieram também os censos da Noruega, em 1760, e da Dinamarca, em 1769 
(CASTRO, 2015). 
De acordo com Arendt (2012), os Estados Unidos foram o primeiro país a es-
tabelecer uma rotina legal para a organização decenal de censos populacionais, 
cuja periodicidade e obrigatoriedade se basearam na Constituição, segundo a 
qual o levantamento periódico da população nacional era necessário para reclas-
sificar as unidades de representação política para as eleições estaduais e da Câ-
mara Federal. O primeiro censo norte-americano foi realizado em 1790. Inglaterra 
e França realizaram seus primeiros censos de maneira organizada em 1801. Na 
América Latina, os primeiros censos foram realizados após a independência das 
colônias, começando pela Colômbia (1825), Chile (1843) e Uruguai (1852). Hoje 
em dia, cada país possui seu sistema de coleta de informações demográficas, 
realizada de acordo com parâmetros internacionais. 
Esses dados são unificados e comparados pela divisão de estatística da Or-
ganização das Nações Unidas (ONU).Esse órgão é responsável por compilar e 
68
Geografia da população
disseminar as estatísticas globais coletadas pelos censos, além de desenvolver 
padrões e referenciais para as atividades estatísticas e de apoiar os países no 
fortalecimento dos seus sistemas estatísticos. 
2.6 MÉTRICAS DEMOGRÁFICAS NO 
BRASIL
De acordo com Arendt (2012), a primeira lei brasileira que tratou de recomen-
dar a realização de recenseamentos populacionais em âmbito nacional e em um 
intervalo de 10 anos foi a Lei nº 1829, sancionada durante o Império, em 1870. 
Essa lei determinou ainda que o governo deveria organizar os registros relacio-
nados aos nascimentos, casamentos e óbitos, criando, na capital, uma Diretoria 
Geral de Estatística. Antes da primeira lei determinando o recenseamento, os da-
dos coletados até então se limitavam a informações registradas de maneira pouco 
sistematizada, nos registros civis, principalmente por meio do batismo e em listas 
nominativas com objetivos fiscais. 
Apesar da lei específica para recenseamento ter sido aprovada somente em 
1870, a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, estimulou a realização 
do primeiro levantamento da população brasileira. Na época, foi contabilizado um 
total de 4 milhões de habitantes no país (ARENDT, 2012). 
O registro civil tinha por objetivo registrar os nascimentos, casamentos e óbi-
tos que ocorriam no Império, mas era bem desorganizado, sem qualquer sistemá-
tica. Em 1814, houve a primeira tentativa de organização dos registros, mediante 
a implementação de mudanças em relação à obtenção dessas informações. Uma 
dessas mudanças foi a proibição do sepultamento de pessoas sem a certidão de 
óbito expedida por um médico ou equivalente. Entretanto, na época havia poucos 
profissionais habilitados de acordo com as exigências e o país era predominante-
mente rural, com propriedades distantes entre si e com meios de transporte limita-
dos e lentos, o que tornou os efeitos dessa mudança restritos.
Na década de 1860, quando as migrações internacionais ao Brasil tornaram-
-se mais intensas, novos decretos foram sancionados atribuindo a responsabilida-
de de regulamentação do registro civil de casamentos e de óbitos ao Estado. Es-
ses registros que o Estado passou a realizar estavam relacionados aos indivíduos 
que não professavam a religião oficial do Império, que era a católica e que realiza-
va os registros vitais dos seus fiéis, ou seja, casamento, batismo e sepultamento. 
Assim, até o Estado assumir o registro civil, todas essas informações eram 
coletadas pela Igreja Católica. A partir de 1870, quando os dados censitários pas-
saram a ser coletados pelo Estado, as estatísticas relacionadas à população da 
69
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
época passaram a ser obtidas de maneira mais rápida e eficiente. Como as rela-
ções entre o Estado e a Igreja nem sempre eram estáveis, as informações obtidas 
no registro civil das igrejas eram repassadas com deficiência para o governo. 
As informações coletadas até então, tanto pelo Estado quanto pela Igreja 
Católica, tinham o objetivo de acompanhar o crescimento da população por meio 
das taxas de natalidade (nascimentos) e taxas de mortalidade (óbitos e sepulta-
mentos), além da entrada de imigrantes no país. De acordo com Costa (2012), 
a promulgação da Lei nº 1.829 em 1872 permitiu a realização do primeiro censo 
nacional da população, sob responsabilidade da Diretoria Geral de Estatística do 
Ministério de Negócios do Império. 
O primeiro censo de 1880 foi realizado com o objetivo de estimar todos os 
habitantes do Império: nacionais, estrangeiros, livres, escravos, presentes e au-
sentes. O censo de 1880 não foi realizado por problemas políticos, enquanto os 
censos de 1890 e 1900 até foram realizados, mas apresentaram muitos proble-
mas com relação à cobertura e à qualidade dos questionários. 
Os censos de 1910 e 1930 tampouco foram realizados, mas o censo de-
mográfico de 1920 foi feito com bastante detalhe, mas teria superestimado a 
população da época em cerca de 10% (ARENDT, 2012). Mesmo com as falhas 
de periodicidade, os censos conduzidos até então foram muito importantes, pois 
trouxeram informações como a quantificação da população, sua composição (na-
cionais, estrangeiros, livres, escravos, presentes e ausentes), a estrutura etária e 
a distribuição pelo território brasileiro, que serviram para conhecer e compreender 
a dinâmica populacional brasileira. Com a criação do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE) em 1936, a partir da década de 1940 o censo demográ-
fico passou a ser de responsabilidade dessa instituição. 
Nesse período, além dos elementos que já eram analisados, também foram 
acrescentadas observações referentes a fecundidade, mortalidade e migrações 
internas. O censo de 1940 representou um grande passo na história das estatísti-
cas populacionais nacionais, especialmente com relação à dinâmica demográfica. 
De acordo com Costa (2012), a nova etapa do censo demográfico na déca-
da de 1940 pode ser atribuída ao esforço e conhecimento do demógrafo italiano 
emigrado para o Brasil, Giorgio Mortara, considerado um dos pioneiros do IBGE. 
70
Geografia da população
Para saber mais sobre a história de Giorgio Montara, consul-
te sua breve biografia no site Memória IBGE: https://memoria.ibge.
gov.br/historia-do-ibge/pioneiros-do-ibge/20977-giorgio-mortara.
html. Acesso em: 23 jul. 2022.
3 MÉTRICAS DA POPULAÇÃO 
URBANA 
Além da expansão demográfica, outro fenômeno que acompanhou esse pro-
cesso foi à própria urbanização mundial. O aumento das aglomerações urbanas 
e da metropolização de vários espaços no mundo configuraram territórios densa-
mente povoados, o que trouxe uma série de implicações. Entre os resultados do 
fenômeno da urbanização mundial e da expansão demográfica estão a ausência 
de infraestrutura adequada, equipamentos públicos insuficientes, ausência de sa-
neamento básico e de acesso a uma série de bens e serviços (ARENDT, 2012). 
FIGURA 17 – POPULAÇÃO URBANA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/modern-tokyo-street-
background_25969084.htm?query=city>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
https://memoria.ibge.gov.br/historia-do-ibge/pioneiros-do-ibge/20977-giorgio-mortara.html
https://memoria.ibge.gov.br/historia-do-ibge/pioneiros-do-ibge/20977-giorgio-mortara.html
https://memoria.ibge.gov.br/historia-do-ibge/pioneiros-do-ibge/20977-giorgio-mortara.html
https://pixabay.com/pt/photos/tianjin-p%c3%b4r-do-sol-cidade-2185510/
https://www.freepik.com/free-photo/modern-tokyo-street-background_25969084.htm?query=city
https://www.freepik.com/free-photo/modern-tokyo-street-background_25969084.htm?query=city
71
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
Grandes aglomerações urbanas que se formaram principalmente em países 
pobres de economia periférica levaram as populações desses locais a viverem em 
locais inapropriados, com ausência de serviços essenciais para dignidade huma-
na (ARENDT, 2012). 
FIGURA 18 – CASAS CONSTRUÍDAS EM LOCAIS IMPRÓPRIOS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/beautiful-aerial-shot-buildings-comuna-
13-slum-medellin-colombia_17243984.htm#query=population&position=49&from_
view=search#position=49&query=population>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
A industrialização dos países periféricos e a dispersão produtiva, somada 
ao fenômeno da globalização, permitiu um rápido deslocamento de pessoas e 
mercadorias que passaram a se aglomerar em grandes centros urbanos (COSTA, 
2012). A revolução verde, possibilitou o suprimento da demanda por alimentos no 
mundo, ao mesmo tempo, promoveu uma drástica implementação tecnológica em 
vários espaços rurais, que passaram a adotar um modelo de agricultura moderna 
e tecnológica. Isso promoveu o êxodo rural em vários locais do mundo, ampliando 
ainda mais o fenômeno da urbanização (CASTRO, 2015). 
https://www.freepik.com/free-photo/beautiful-aerial-shot-buildings-comuna-13-slum-medellin-colombia_17243984.htm#query=population&position=49&from_view=searchhttps://www.freepik.com/free-photo/beautiful-aerial-shot-buildings-comuna-13-slum-medellin-colombia_17243984.htm#query=population&position=49&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/beautiful-aerial-shot-buildings-comuna-13-slum-medellin-colombia_17243984.htm#query=population&position=49&from_view=search
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Geografia da população
FIGURA 19 – IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA NA AGRICULTURA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/drone-quad-copter-with-high-resolution-
digital-camera-green-corn-field-agro_10141243.htm#query=agricultura%20
drone&position=23&from_view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
O êxodo rural foi um dos responsáveis pela formação de gran-
des aglomerações urbanas, pois muitos trabalhadores rurais viram 
nas cidades uma possibilidade de encontrar trabalho e ter acesso à 
educação, aperfeiçoamento técnico, saúde, entre outros. O avanço 
do capitalismo também contribuiu para que as cidades se tornas-
sem foco de uma série de investimentos principalmente por incorpo-
rar serviços ligados ao consumo de massa. 
Ao mesmo tempo, a propaganda do urbano como espaço moderno e sofisti-
cado passou a ser propagada pelos novos meios de comunicação no século XX e 
despertou o sonho de uma vida melhor em milhares de pessoas, que viam nas ci-
dades uma oportunidade de crescimento profissional e econômico. Desse modo, 
apesar de extremamente complexa, a explicação para o crescimento demográfico 
planetário e a urbanização mundial envolve um conjunto de fatores, como busca 
de melhores condições de vida, ausência de emprego no campo, investimentos 
do Estado centralizado nas cidades, avanço do capitalismo mundial e industriali-
zação das áreas urbanas. Tudo isso promoveu um forte e expressivo adensamen-
to populacional em várias regiões do mundo (ARENDT, 2012). 
https://www.freepik.com/free-photo/drone-quad-copter-with-high-resolution-digital-camera-green-corn-field-agro_10141243.htm#query=agricultura%20drone&position=23&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/drone-quad-copter-with-high-resolution-digital-camera-green-corn-field-agro_10141243.htm#query=agricultura%20drone&position=23&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/drone-quad-copter-with-high-resolution-digital-camera-green-corn-field-agro_10141243.htm#query=agricultura%20drone&position=23&from_view=search
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Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
Além disso, a facilidade dos deslocamentos populacionais, propiciada pelo 
avanço dos meios logísticos e da própria globalização, também favoreceu a mi-
gração de milhares de pessoas para grandes centros urbanos. Até 1950, a única 
cidade do mundo que ultrapassava a marca dos 10 milhões de habitantes era 
Nova York, nos Estados Unidos. Em 1975, Tóquio, Nova York, Xangai, Cidade do 
México e São Paulo já haviam ultrapassado tal marca, e nos anos 2000 quase 20 
cidades já haviam alcançado a marca. 
Enquanto essas cidades crescem em ritmo acelerado e sofrem com graves 
problemas sociais, outros espaços sentem com ausência de investimentos e per-
da da população, que migra para grandes centros em busca de oportunidades de 
emprego, estudo, etc. O mesmo ocorre no campo: enquanto as grandes fronteiras 
agrícolas se expandem, levando a monocultivos e produção em larga escala, as 
condições de pequenos proprietários de terra ou trabalhadores rurais se complica 
diante do avanço da desertificação em regiões da África, Ásia e outros locais. 
Monocultivo trata de uma única forma de plantio, como por 
exemplo, plantar somente arroz ou soja. Nunca associando a dois 
ou mais grãos ao mesmo tempo. 
Além disso, a ausência de políticas públicas para manutenção de pequenos 
proprietários rurais no campo leva principalmente jovens a buscarem oportunida-
des nas grandes cidades.
É possível verificar que após os anos 2000, o campo sofreu um processo de 
estagnação no crescimento populacional, enquanto as áreas urbanas seguiram 
em ritmo elevado de crescimento. Esse fenômeno ocorreu no Brasil na segunda 
metade do século XX, quando o êxodo rural se ampliou e o país sofreu um pro-
cesso de urbanização extremamente rápido. 
Esse processo trouxe para o país consequências catastróficas, como (COS-
TA, 2012): 
• urbanização concentrada sobretudo no Sul e Sudeste;
• formação de favelas e ocupações irregulares;
• ampliação da desigualdade social;
74
Geografia da população
• desemprego estrutural nas áreas urbanas;
• graves problemas urbanos, como mobilidade, segregação socioespacial, 
poluição e outros. 
FIGURA 20 – POLUIÇÃO NOS CENTROS URBANOS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/city-with-pollution_1017305.
htm#query=city%20%E2%80%8B%E2%80%8Bpollution&position=2&from_
view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
Pensar a mobilidade, o emprego, a renda, o acesso a serviços básicos como 
saúde e educação, além da infraestrutura urbana necessária, como saneamento 
básico, energia elétrica e segurança, é um grande desafio para essas grandes 
aglomerações urbanas que crescem de tal forma que é difícil acompanhar o ritmo 
exato da expansão demográfica desses locais (FERREIRA, 2000). 
Ao mesmo tempo, é urgente pensar ainda hoje na pobreza, na desigualdade 
e nos ambientes insalubres em que grande parte da população habita por falta de 
terra urbanizada com preços acessíveis e inclusão social promovida pelo Estado, 
principal agente regulador do espaço urbano (ARENDT, 2012). 
3.1 MÉTRICAS ECONÔMICAS
Os estudos demográficos são essenciais para a compreensão da economia 
urbana. A quantidade de pessoas de determinada região ou território influencia as 
demandas por investimentos nos mercados, nos setores produtivos e na econo-
mia de forma geral. A circulação econômica e os investimentos públicos tendem 
a ser mais maiores em locais com maiores níveis populacionais. A exemplo disso, 
https://www.freepik.com/free-photo/city-with-pollution_1017305.htm#query=city%20%E2%80%8B%E2%80%8Bpollution&position=2&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/city-with-pollution_1017305.htm#query=city%20%E2%80%8B%E2%80%8Bpollution&position=2&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/city-with-pollution_1017305.htm#query=city%20%E2%80%8B%E2%80%8Bpollution&position=2&from_view=search
75
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
podemos tomar como referência as cidades mais populosas do Brasil, e constatar 
que também são as que apresentam o maior Produto Interno Bruto (PIB) (AREN-
DT, 2012).
Você sabia que no Plano Diretor Municipal é definida a Lei de Zoneamento? 
Essa lei é fundamental para ordenamento do território e direciona, por meio de um 
instrumento legal, aquilo que pode ou não ser construído em determinado bairro 
ou espaço dentro do perímetro urbano. Os parques industriais são definidos na 
lei de zoneamento e geralmente são escolhidos em áreas de fácil escoamento de 
mercadorias e veículos pesados. 
O Plano Diretor Municipal traduz a necessidade da sociedade 
e as obrigações do Estado para com a população, como por exem-
plo, saneamento básico em áreas mais carentes ou construção de 
escolas públicas ou estaduais).
No contexto do Brasil, é possível notar ampla semelhança entre o mapa de 
distribuição espacial da indústria e o mapa de densidade demográfica. Essa se-
melhança se dá não apenas como fator relacional, mas a própria indústria do Bra-
sil se fixou nos locais cujo Estado historicamente direcionou um conjunto de in-
vestimentos, contribuindo para atrair a população que ficou concentrada no litoral, 
nas capitais e na região sudeste, comparativamente às outras (ARENDT, 2012). 
Se formos considerar o setor industrial, que em geral situa-se nos perímetros 
urbanos, podemos constatar que mais de 90% dos empregos gerados no país 
encontram-se nas áreas urbanas. Apesar da existência de novas funções técnicas 
no ambiente rural, como agrônomos, técnicos agropecuários, tratoristas, motoris-
tas, etc., o número de empregosna área rural caiu muito com a modernização da 
agricultura, pois a mão de obra sem especialização foi substituída por maquiná-
rios modernos em áreas de monocultivo e agricultura produzida em larga escala. 
76
Geografia da população
A urbanização também contribuiu para formação de novos 
mercados e funções econômicas, formais e informais. Profissões 
vinculadas a construção civil e tecnologia computacional, além de 
outras vinculadas à prestação de serviços, possibilitaram uma nova 
dinâmica produtiva nas cidades, que passaram a contar com profis-
sionais liberais de diversos níveis e especializações. 
Esse processo não ocorreu somente no Brasil; várias cidades do mundo 
passaram a contar com novas profissões, novos mercados, novos tipos de in-
vestimentos, desde aplicativos de fast food até desenvolvedores de sistemas de 
câmeras para segurança pública e privada em áreas urbanas. As transformações 
no ambiente urbano decorrentes das inovações tecnológicas, da globalização 
acentuada e da miscigenação cultural que esses grandes aglomerados urbanos 
suscitam trouxeram dinâmicas e características novas às cidades globais e aos 
grandes aglomerados populacionais (AMIN, 2014). 
Se a oferta por emprego é um dos maiores motivos de atração populacio-
nal e o mundo do trabalho passou e passa por grandes transformações e inova-
ções, as cidades também tiveram que se inventar e reinventar cotidianamente 
nas esferas econômicas, sociais e culturais (LISBOA, 2008). Ao passo em que as 
grandes metrópoles vivem rupturas e mutações, as pequenas cidades enfrentam 
outros desafios, como a perda populacional e a ausência de investimentos. As 
populações residentes em pequenas cidades são dependentes de centros urba-
nos maiores que oferecem serviços essenciais, como por exemplo, atendimentos 
especializados e hospitalares. 
77
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
FIGURA 21 – HOSPITAIS
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/blur-image-background-
waiting-area-hospital-clinic_1847696.htm#query=hospital&position=25&from_
view=search>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
A própria economia das pequenas cidades apresenta, em muitos casos, 
grande decadência, o que leva a um processo em que o próprio poder público 
municipal fica refém de verbas da União ou de outros entes federativos. Muitas 
cidades apresentam baixas ofertas de emprego e servem exclusivamente como 
locais de moradia, obrigando a população residente a se deslocar para municípios 
próximos para trabalhar. Esse processo motiva um processo de migração interna 
para regiões já densamente povoadas, que sofre com o superpovoamento e com 
inchaço urbano (AMIN, 2014). 
Mesmo as migrações internas podem ter diversas características, como a mi-
gração fixa indeterminada, migração temporária, migração sazonal, além dos mo-
vimentos pendulares. Vamos conhecer agora um pouco mais sobre estes tipos? 
As migrações fixas por tempo indeterminado são aquelas em que o sujeito 
por algum motivo migra para outro local em busca de (re)construir sua vida, seus 
laços ou em busca de oportunidades, visando manter-se fixo naquele local. A mi-
gração temporária é aquela na qual o sujeito migrante vai morar em outro local 
por um tempo determinado, buscando aperfeiçoar seus estudos ou para outros 
fins, mas com o objetivo de retornar após um certo período (ARENDT, 2012). 
Já a migração sazonal ocorre em determinado período do ano, geralmente 
envolvendo trabalhadores que saem de uma região para outra a fim de trabalha-
rem nas colheitas em período de safras, ou trabalhadores que se deslocam para 
o litoral em épocas de temporada para servir como mão de obra, como no período 
de final de ano, por conta das datas comemorativas e férias.
https://www.freepik.com/premium-photo/blur-image-background-waiting-area-hospital-clinic_1847696.htm#query=hospital&position=25&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/blur-image-background-waiting-area-hospital-clinic_1847696.htm#query=hospital&position=25&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/blur-image-background-waiting-area-hospital-clinic_1847696.htm#query=hospital&position=25&from_view=search
78
Geografia da população
Como o sujeito migra em determinada época do ano para realização de algu-
ma atividade e depois retorna, o período de deslocamento apresenta uma sazo-
nalidade (ARENDT, 20122). 
Por fim, o movimento pendular ou deslocamento pendular, é aquele caracte-
rizado pela saída do sujeito de determinado município para trabalhar ou estudar 
em um município vizinho ou próximo, retornando ao final do dia. Ou seja, o sujeito 
se desloca dia a dia para exercer algum tipo de função e retorna para o município 
no qual reside.
Isso é comum em metrópoles, pois devido ao elevado custo de vida e ao 
encarecimento do solo urbano, o que contribui para a elevação dos preços para 
moradia, aluguéis, entre outros, muitas pessoas optam por morar em municípios 
metropolitanos e se deslocam diariamente para o município vizinho para trabalhar 
ou estudar. 
O mesmo ocorre em aglomerações industriais, em que mui-
tas pessoas residem em municípios próximos e se deslocam dia-
riamente para esses eixos industriais para trabalhar, retornando ao 
final do dia. Isso pode ser visto também em cidades universitárias, 
às quais muitos habitantes de municípios adjacentes vão e voltam 
todos os dias para estudar. 
O elevado fluxo de deslocamento de populacional em áreas e eixos metropo-
litanos cria um caos urbano e os inúmeros problemas relacionados à mobilidade, 
como excesso de trânsito nas principais vias, modais de transportes pouco diver-
sificados e poluição atmosférica, trazendo desafios complexos aos gestores. 
O planejamento urbano das metrópoles é incapaz de responder aos enormes 
gargalos que essas aglomerações enfrentam. Somado a isso, a demanda por es-
paço é tão grande que cria um enorme ambiente especulativo, levando a popula-
ção mais pobre a morar cada vez mais longe das áreas com ofertas de trabalho, 
estudo e bons serviços públicos, o que eleva a urbanização extensiva e o desafio 
da mobilidade. 
Muitos municípios servem como cidades-dormitório, termo empregado para 
aquelas cidades cuja população retorna apenas ao final do dia. Esses locais de-
têm pouca função econômica e servem basicamente de moradia, sendo sua ma-
79
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
lha urbana predominantemente residencial. Municípios que apresentam elevado 
fluxo de deslocamento pendular diário perdem capacidade de investimento e ca-
pacidade de injeção financeira no território, pois a população que dia após dia sai 
para os centros urbanos mais próximos acaba efetuando compras e contribuindo 
para movimentar a economia do município vizinho, que atrai a população adjacen-
te. 
Sobre o tema cidades-dormitórios, cite exemplo destas fun-
cionalidades geográficas e suas aplicabilidades.
No contexto brasileiro, também é possível verificar que as principais aglo-
merações urbanas e populacionais se constituíram a partir do processo de migra-
ção interna. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília apresentam em 
grande parte população oriunda dos estados do Nordeste e de outras regiões do 
país. Desse modo, apesar do Brasil ter tido expressiva quantidade de imigrantes, 
o processo de migração interna foi extremamente grande e contribuiu para confi-
guração da população na atualidade. 
É possível verificar que a região Sudeste historicamente recebeu o maior 
contingente de pessoas oriundas do processo de migração interna e que a região 
Nordeste sofreu com o processo de perda populacional mais expressivo compara-
tivamente às outras regiões (ARENDT, 2012). Esse processo se dá pelos fatores 
já citados anteriormente, como oferta de emprego, investimento do Estado, além 
de outros serviços específicos. 
Desse modo, o processo de deslocamento populacional influencia diretamen-
te na organizaçãoespacial das cidades e interfere diretamente em sua dinâmica. 
Por isso, os fluxos populacionais acabam determinando diretamente os níveis de 
investimentos, os desafios de cada ambiente e a potência econômica local. 
Locais com forte tendência atrativa apresentam foco de atenção, pois podem 
estar se configurando como áreas prósperas que oferecem qualidade de vida e 
dispõem de boa infraestrutura e equipamentos públicos, além de oferecer empre-
gos e serviços, ou podem estar se configurando como um aglomerado urbano que 
sofrerá fortes desafios, por não comportar a demanda populacional, apresentando 
problemas atrelados a saneamento básico, segregação socioespacial, poluição e 
problemas de mobilidade. Em diferentes contextos, às vezes esses locais podem 
apresentar ambas realidades. 
80
Geografia da população
De acordo com Castro (2015), o planeta passou por um crescimento demo-
gráfico acelerado a partir do século XVIII, testemunhando uma grande explosão 
demográfica durante o século XX. Atualmente, o planeta conta com mais de 7 
bilhões de habitantes, sendo que a maior parte deles vive nas áreas urbanas. 
O crescimento populacional nas áreas urbanas foi algo sem precedentes no 
último século. A urbanização mundial concentrou grande parte da população em 
aglomerações com um elevado adensamento demográfico (taxa de crescimento 
da população). Os desafios para essas grandes aglomerações populacionais são 
inúmeros, desde questões como saúde, saneamento básico, alimentação saudá-
vel até problemas essencialmente urbanos, como mobilidade, infraestrutura, ofer-
ta de empregos, etc.
Compreender a questão populacional é fundamental para enfrentar a dinâmi-
ca das cidades, pois a economia urbana, as políticas públicas e a própria dinâmi-
ca da produção do espaço estão intimamente atreladas ao contingente populacio-
nal e à demanda por serviços e condições de viver dignamente nas cidades.
FIGURA 22 – TERRITÓRIO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/viajar-por-fixado-fixa%c3%a7%c3%a3o-
mapas-2650303/>. Acesso em: 23 de julho de 2022.
3.2 POLÍTICAS DEMOGRÁFICAS E 
MIGRATÓRIAS
A imigração é um assunto muito discutido na atualidade. Devido à globali-
zação da economia e à abertura dos mercados, vem aumentando o número de 
https://pixabay.com/pt/photos/viajar-por-fixado-fixa%c3%a7%c3%a3o-mapas-2650303/
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Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
pessoas que saem de seus países de origem em busca de melhores condições 
de vida e até mesmo de refúgio. Nesse contexto, o Brasil tem recebido um núme-
ro considerável de imigrantes e refugiados. O Serviço Social, ao atuar diretamente 
nas manifestações da questão social, atende esse importante grupo, desenvol-
vendo políticas e assegurando direitos. 
Neste momento, você vai conhecer os principais aspectos históricos da imi-
gração no Brasil e os seus impactos no mundo contemporâneo. Você também vai 
estudar os conceitos de imigrante e refugiado, aprendendo como diferenciá-los. 
Além disso, você vai verificar como o assistente social atua junto aos imigrantes 
e refugiados e se familiarizar com as políticas públicas existentes para esses pú-
blicos.
Descreva como a imigração contribuiu para o crescimento 
das sociedades dentro do espaço geográfico.
O desenvolvimento do processo imigratório no Brasil é importante, entre ou-
tros aspectos, para compreender o processo atual de recebimento de imigrantes 
no País, situação que tem sido bastante frequente. Assim, em termos históricos, a 
imigração teve início com a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500. 
O processo de colonização iniciado por eles tinha como finalidade única a: 
[...] “apropriação militar e econômica da terra, a implantação da grande lavoura 
de exportação, a qual deu origem ao tráfico de escravos africanos, movimento 
migratório forçado que perdurou por três séculos (até 1850) e introduziu cerca de 
4 milhões de cativos” (CASTRO, 2015, p. 62).
Esse movimento foi o responsável pela formação da sociedade escravocrata, 
que deixou importantes marcas na sociedade brasileira, inclusive na sua cultura e 
mesmo após a abolição da escravatura, em 1888. 
A abolição da escravatura instaurou uma nova realidade no país, caracteri-
zada pela falta de mão de obra e, ao mesmo tempo, pela expansão da produção 
de café. Esses fatores favoreceram a abertura para a chegada de imigrantes: “[...] 
um período de imigração em grande escala da Europa para a América, em espe-
cial para o Brasil, aconteceu entre 1870 e 1930” (CASTRO, 2015, p. 96).
De acordo com (PATARRA; FERNANDES, 2011, online), “esse ínterim, es-
timativas indicam que 40 milhões de pessoas tenham migrado do Velho para o 
82
Geografia da população
Novo Mundo”. Segundo os autores, é no século XX que o movimento de imigra-
ção começa a se diversificar, deixando de ser algo exclusivo dos portugueses. Por 
exemplo,
um projeto de colonização agrícola com objetivos de defesa e 
de povoamento da terra, com base na pequena propriedade 
de policultura, atraiu alemães, italianos e outros estrangeiros 
para o sul do país. Já em meados desse século, imigrantes se 
dirigem à cafeicultura do oeste paulista; outros foram canali-
zados para o trabalho em obras de infraestrutura urbana e na 
construção de caminhos e estradas (CASTRO, 2015, p. 64). 
No entanto, após esse período de liberdade na entrada de imigrantes no 
país, em 1930, acompanhando a crise mundial de 1929 (que afetou a produção 
de café e, consequentemente, a demanda por mão de obra), foram publicadas 
medidas políticas públicas voltadas a refugiados e imigrantes para restringir a en-
trada de pessoas no Brasil. 
De acordo com Arendt (2012), tais restrições ampliaram-se ao longo do tem-
po, até atingir a determinação de cotas na Constituição Federal de 1934 e depois 
na de 1937. Todo esse processo conduziu o país a uma nova fase: com a redução 
no processo migratório internacional, a demanda por mão de obra foi suprida por 
migrações internas no Brasil (CASTRO, 2015). 
A reduzida entrada de imigrantes permaneceu até meados do século XX e 
“[...] tal fato, associado à praticamente inexistente emigração, indicava que, até 
meados dos anos 80 do século XX, o Brasil, em termos demográficos, poderia ser 
considerado um país fechado à migração” (CASTRO, 2015, p. 69).
Um novo momento para os processos migratórios começa a partir dos anos 
1980, década em que se consolida o aumento do número de brasileiros residindo 
no exterior. Isso faz com que o Brasil, até então caracterizado como um país re-
ceptor de imigrantes, passe a ser visto como um “expulsor” da população. 
Os principais países que passaram a receber os brasileiros foram Paraguai, 
Estados Unidos, Japão e países da Europa, como Espanha e Portugal e, poste-
riormente, Itália. Muitos fatores contribuíram para a saída de brasileiros do país, 
entre eles, melhores possibilidades de trabalho. Na atual conjuntura, o número de 
brasileiros que deixam o país tem diminuído (CASTRO, 2015).
Nos últimos anos, o processo imigratório no Brasil tem acompanhado a situa-
ção vivenciada por outros países da América do Sul: há um crescente aumento da 
migração entre países que compõem esse bloco. Destaca-se não apenas a quan-
tidade de pessoas, mas principalmente a diversidade que as compõem. Nesse 
contexto, as pessoas que chegam ao país permanecem não apenas nas grandes 
metrópoles, mas partem também para localidades menores. 
83
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
Castro (2015) assinala que no Brasil houve, nos últimos tempos, aumento no 
número de imigrantes bolivianos, devido especialmente à estrutura social e eco-
nômica da Bolívia, às condições de miserabilidade e instabilidade política do país. 
Considerando que,
a América do Sul, o Brasil e a Argentina formam o pólo receptor 
da maior parte dos migrantes de baixa renda, principalmenteem decorrência do baixo custo com o deslocamento, por pos-
suírem uma extensa fronteira em comum, esse fenômeno tem 
atraído a atenção de órgãos humanitários, em função da explo-
ração que esses trabalhadores acabam sofrendo em território 
brasileiro (CASTRO, 2015, p. 71).
Embora nos últimos tempos um número significativo de bolivianos tenha 
adentrado no Brasil, desde 1950 estudantes da Bolívia vêm ao país por meio de 
um programa de intercâmbio cultural. Contudo, antes a maior parte das pessoas 
era jovem, solteira e de ambos os sexos, originária principalmente de La Paz e 
Cochabamba. 
Na atualidade, boa parte dos imigrantes bolivianos encontram-se em situa-
ção irregular no Brasil, uma vez que o Estatuto do Estrangeiro (legislação vigente 
de cada país para seus indivíduos) favorece a entrada de empreendedores e tra-
balhadores especializados. A alternativa para aqueles que se encontram excluí-
dos desses critérios é casar-se com brasileiros ou ter filhos nascidos no território 
nacional (COSTA, 2012).
Alguns decretos foram aprovados no sentido de assegurar anistia aos estran-
geiros que estavam em situação irregular no Brasil. É o caso do Decreto nº 6.964, 
de 29 de setembro de 2009, e do acordo de livre trânsito entre indivíduos na área 
do Mercosul (COSTA, 2012). Além dos bolivianos, destacam-se os peruanos que 
chegam ao Brasil e se estabelecem em sua maioria na área da floresta amazô-
nica, além de pessoas originárias de países africanos e haitianos. Nos últimos 
anos, devido à entrada do Brasil na economia mundial, o país tem demandado 
profissionais qualificados, já que o mercado nacional não consegue suprir tal ne-
cessidade (PATARRA; FERNANDES, 2011). 
Esse tipo de demanda dá origem à migração qualificada, ou seja, de pessoas 
com nível de escolaridade maior (que cursam ou já completaram o nível superior). 
Como você viu, o Brasil vive em constante movimento com o processo de entrada 
e saída de pessoas. Ambas as situações têm aspectos positivos, mas também 
impactos negativos. 
Segundo Amin (2014), o Brasil vivenciou importantes e rápidas mudanças na 
sua política migratória, considerando as suas aspirações no cenário internacional 
e no processo de globalização. Além disso, registrou crescente participação da 
sociedade civil por meio de movimentos populares atuantes no processo de mi-
gração.
84
Geografia da população
3.2.1 Imigrantes e refugiados
De forma geral, as nações têm vivenciado um processo intenso de entrada e 
saída de pessoas que passam a viver fora de seus países de voltadas a refugia-
dos e imigrantes é temporária, por necessidade de serviço, passando pela busca 
por maior qualidade de vida e chegando até a fuga de guerras ou situações con-
flituosas e violentas. 
Apesar de algumas restrições para entrada em determinados países, o nú-
mero de migrações tem aumentado nos últimos tempos. É nesse contexto que 
aparecem os imigrantes e os refugiados.
A imigração é um movimento caracterizado pela mudança de pessoas de um 
país para outro. Assim, imigrantes são todos aqueles que saem de seu país de 
origem e vão para um país estrangeiro em busca de residência e trabalho. A ideia 
não é uma estadia passageira, como acontece em viagens turísticas, por exem-
plo; está em jogo a perspectiva de fixar residência no novo país. Arendt (2014) as-
sinala que muitos fatores favorecem o deslocamento de pessoas para fora de seu 
território nacional, como por exemplo, políticos, sociais, econômicos e ambientais. 
Vejamos a seguir acerca do surgimento das sociedades e vivência demográfica.
4 SURGIMENTO DAS SOCIEDADES 
E SUA VIVÊNCIA DEMOGRÁFICA 
Desde o princípio, com o nascimento das primeiras aglomerações urbanas, 
a participação das pessoas foi fundamental para a organização e o mantimento 
das cidades, quando as comunidades se fixaram em porções do território, definin-
do os locais de moradias, convívio, alimentação, entre outros. Com o passar dos 
anos e conforme essas aglomerações foram adquirindo importância, a vida em 
sociedade passou por mudanças e, além de espaços para moradias, surgiu a ne-
cessidade de áreas comerciais para a troca de produtos, originando as relações 
econômicas. 
Para Arendt (2012, p. 58), esse fenômeno está relacionado com questões 
que vão além da necessidade das pessoas, envolvendo também relações de ca-
pital, ressaltando que a produção do espaço urbano é “[...] produto de contradi-
ções emergentes do conflito entre as necessidades da reprodução do capital e as 
necessidades da sociedade como um todo”.
Diante da necessidade de espaços mais apropriados para as moradias, para 
o lazer, para o trabalho, para o comércio e para a política, as cidades passaram a 
85
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
se organizar de forma mais complexa, com alguns responsáveis que detinham o 
poder e definiam questões relativas ao funcionamento desses locais. 
Na sociedade grega, segundo Castro (2015), a cidade estava vinculada a 
uma forma de governo exercida pelos cidadãos que, conforme Aristóteles, tinham 
por intuito alcançar uma igualdade social. Assim, o termo política advém desse 
momento da história e deriva de assembleia de cidadãos, que deve ser parte dos 
processos do governo. 
Ao longo dos anos e por meio de diferentes momentos da história, a partici-
pação dos cidadãos no desenvolvimento das cidades expressou-se de maneiras 
distintas. Entretanto, na maior parte do tempo, questões relativas à cidade eram 
definidas por membros dos governos, que tinham interesses particulares ou que 
privilegiavam determinadas classes da sociedade, descaracterizando um proces-
so igualitário e democrático.
Na cidade do período da Revolução Industrial, por exemplo, Costa (2012, p. 
75) ressalta que havia uma fala política, pois a dita democracia era marcada pelo 
patrimonialismo e individualismo, “[...] cujas origens remetem ao Renascimento, 
quando as classes emergentes perceberam que seu envolvimento na política po-
deria lhes proporcionar vantagens na seguridade de seus patrimônios”. 
Com isso, surgiram políticas centralizadoras, em que a individualidade per-
maneceu sobre as intenções públicas, enfatizando ainda mais a segregação 
social. Nos anos de 1930, as ideias do urbanismo modernista buscavam uma 
sociedade mais igualitária a partir da padronização arquitetônica, que visava pro-
porcionar igualdade. Segundo Holston (1993), por meio da Carta de Atenas, do-
cumento que traçou os princípios do urbanismo modernista, a cidade poderia ser 
organizada e projetada de acordo com as necessidades humanas universais do 
século XX, visando às quatro funções: trabalhar, habitar, locomover-se e recrear. 
Conforme Amin (2014, p. 74): 
este conceito recebeu fácil aceitação pelo Estado, especial-
mente no caso brasileiro, graças ao intenso conteúdo técnico 
que ganhou alcance mundial, havendo uma renovação jurídica 
e política pela forma inovadora destes projetos, que respondia 
à racionalidade dominante naquele momento histórico.
Contudo, mesmo que a intenção de urbanismo igualitário do modernismo te-
nha sido interessante, essa vertente urbanística conformou-se de uma maneira 
muito engessada, e a gestão continuou autoritária, o que desfavoreceu a partici-
pação popular nas ações de planejamentos urbano. No Brasil, importante expo-
ente mundial do Modernismo, essa vertente se expressa em um período que o 
interesse do país voltou-se ao ambiente urbano (não mais rural), havendo forte 
concordância com as políticas nacionais. 
86
Geografia da população
Esses projetos reformadores eram regidos por meio de planos, 
zoneamentos, leis de ocupação e ordenação do solo e que, 
por isso, tinham um respaldo jurídico complexo. A concordân-
cia desses projetos com a política resultou na supervaloriza-
ção dos planos diretores, sem o entendimento do que esse 
instrumento realmente era pela maior parte da população, bem 
como pelos técnicos e gestores municipais (COSTA, 2012, p. 
99).
Esses planos foram submetidosa interesses imobiliários, sem comprometi-
mento com todas as classes sociais. Essa falta de engajamento desmobilizou a 
população, que não encontrava representatividade ou resultados políticos. As leis 
de zoneamento, por exemplo, apesar de serem desenvolvidas com bastante rigor, 
ignoravam as questões de ilegalidade de moradias, comuns em muitas cidades 
brasileiras, excluindo a porção da população que convivia com esse problema. 
Amin (2014) ressalta que as primeiras críticas à qualidade dos espaços das 
cidades no mundo iniciaram por volta dos anos de 1960, fortalecendo-se em 
1970, fomentando o debate sobre novos conceitos de planejamento urbano que 
incluíssem a participação popular em 1980. 
O modelo de planejamento colaborativo se caracterizava pela criação de re-
lações e pelo compartilhamento de conhecimentos entre diferentes agentes da 
população, a fim de criar argumentos para confrontar e resolver situações emble-
máticas nas cidades, priorizando sempre o diálogo, buscando soluções comuns 
e compartilhadas. Diante dessa explanação, é possível perceber que a cidade é 
caracterizada por um conjunto indissociável de elementos, de sistemas, de obje-
tos e de ações. 
Por isso, esses locais necessitam da interação das pessoas e de suas con-
tribuições para adquirir funcionalidade. Assim, a cidade se comporta como um 
território onde ocorrem acontecimentos econômicos, sociais, políticos e culturais, 
diretamente ligados ao espaço construído, responsáveis pelas mudanças e pela 
evolução desses locais, seja pela relação de poder nas comunidades, pelas tro-
cas, pelas apropriações ou até mesmo pelo domínio de áreas da cidade. 
Assim, não existe uma cidade sem a participação da população, seja ela 
planejada e requerida ou desenvolvida de modo orgânico, afinal os espaços são 
produzidos por meio da expressão dos povos e influenciam diretamente a repro-
dução da sociedade. Para Costa (2012, p. 23), o espaço como produto de uma 
sociedade é “[...] um modo e um instrumento, um meio e uma mediação. [...] O 
espaço é um instrumento político intencionalmente manipulado, mesmo se a in-
tenção se dissimula sob as aparências coerentes da figura espacial”. 
Isso quer dizer que, quando analisamos um espaço que é produto das ações 
de pessoas sobre determinada área, podemos tirar dessa análise conclusões so-
87
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
bre como as pessoas se sentem em relação àquela porção da cidade. De acordo 
com Castro (2015, p 85-86):
o espaço social e político tornou-se cada vez mais reconhecido 
como uma força material (e não material, isto é, ideológico) in-
fluente, ordenando e reordenando as próprias relações sociais 
produtivas. Longe de ser um reflexo passivo, incidental, um 
“espelho”, a espacialidade tornou-se ativa como uma estrutura 
concreta e repositório de contradições e conflitos, um campo 
de luta e estratégia política. As relações sociais e espaciais, a 
divisão social e espacial do trabalho, a práxis social e espacial 
estão deste modo interativamente engajadas e concatenadas, 
ao invés de reduzidas a simples gênese-reflexo, causa inicial e 
efeito subsequente. 
Assim, a produção dos espaços urbanos é contínua e acontece por meio da 
ordenação das coisas, a partir das necessidades das pessoas, o espaço é “[...] 
visto como um receptáculo no qual o mundo avança, mas também como coprodu-
to dos processos, ressaltando a importância de se entender o espaço como cons-
trução da sociedade e que consequentemente tem influência sobre esta” (COSTA, 
2012, p. 91).
É fundamental que a população esteja engajada na elabora-
ção das ações de planejamento urbano, tendo em vista que essa 
ação é realizada para o melhoramento da vida nas cidades.
Dentro do planejamento demográfico existem inúmeras situações que estão 
relacionadas ao comportamento do indivíduo dentro da sociedade, como êxodo 
rural, estrutura econômica e migrações rurais.
O planejamento urbano no Brasil é uma atividade recente cuja 
necessidade passou a se fazer sentir com intensidade cada 
vez maior nas últimas décadas sob o impacto do crescimen-
to rápido e desordenado das nossas cidades. Com efeito, em 
consequência do crescimento econômico e físico e da indus-
trialização, as cidades brasileiras perderam o caráter de orga-
nismo dotado de funções urbanas diferenciadas e específicas, 
capazes de satisfazer a uma ampla gama de necessidades, 
para se transformarem nos aglomerados uniformemente caó-
ticos e congestionados que todos nós conhecemos (COSTA, 
2012, p. 82). 
88
Geografia da população
Todo o debate sobre a importância e necessidade do planejamento urbano 
aliado à participação popular resultou na inclusão dos artigos 182 e 183, que tra-
tam da política urbana na Constituição Federal de 1988, com o objetivo de “[...] 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade” (COSTA, 2012, 
p. 56). 
4.1 REFLEXOS DA PARTICIPAÇÃO 
POPULAR NAS CIDADES
O processo de produção do espaço urbano não é homogêneo, mas fragmen-
tado e articulado de acordo com as necessidades. Da mesma forma, a produção 
do espaço urbano é desigual, pois reflete as ações de cada grupo social em de-
trimento a uma área. De acordo com Arendt (2012, p. 52), “[...] cada sociedade 
produz e reproduz sua existência de modo determinado, deixando no espaço as 
marcas de suas características históricas específicas”. 
Os instrumentos reguladores que exigem a participação popular nos proces-
sos de planejamento da cidade têm por intuito permitir que todos possam ser ouvi-
dos, evitando que a produção do espaço urbano seja voltada para apenas alguns 
privilegiados. É importante destacar que o Estado deve se impor no sentido da 
ação de planejar, evitando conflitos e benefícios a privilegiados, mas isso não sig-
nifica que essa tarefa represente uma hierarquia de poder sob os demais agentes. 
Desta maneira, o Estado tem como foco a infraestrutura dos espaços geo-
gráficos para manter o equilíbrio entre a sociedade e as necessidades de suas 
populações. Afinal, os espaços urbanos são a garantia da manutenção da vida, do 
solo como moradia e fonte de riqueza, portanto, possui um valor importante para 
as cidades, devendo ser gerido de maneira eficaz e apropriada.
Descreva o papel do Estado na constituição da demográfica, 
também conhecida como produção de espaços.
Nem sempre o Estado estará inserido nas ações de melhoramento, isso pode 
acontecer por meio de iniciativas privadas que, apesar de não haver obrigatorie-
dade da participação da população nessas ações, já percebeu a necessidade de 
89
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
ouvir os principais interessados. Um bom exemplo é a iniciativa de se projetar um 
conjunto de casas impressas em 3D (GRACE, 2019), elaborado pela organização 
filantrópica New Story.
Atualmente, a organização está realizando testes no México, mas já entregou 
mais de 2.500 casas em pelo menos quatro países. A ideia é utilizar a ferramenta 
para solucionar a falta de moradia digna, oferecendo abrigo seguro. Para isso, a 
empresa realiza o projeto com base nas características e realidade de cada local. 
Depois, efetua testes com a participação da população para compreender o que 
pode ser melhorado. Só assim, por meio da opinião e da colaboração da popu-
lação beneficiada, é que eles prosseguem com o projeto, compartilhando a ideia 
(COSTA, 2012). 
A última etapa buscou avaliar tanto o processo de criação e elaboração da 
proposta quanto os resultados da sua execução. No projeto, a premissa é com-
preender de forma empática as necessidades das pessoas, buscando uma al-
ternativa em que prevaleça o equilíbrio entre o que é desejável e o que pode ser 
executável no aspecto financeiro.
Nestes projetos, a participação pode ocorrer de diferentes maneiras, seja por 
meio de ideias, debates, discussões, desenhos, entrevistas, encontros ou qual-
quer outra maneira em que as pessoasse sintam importantes e inseridas no pro-
cesso. Buscar a opinião e a participação das comunidades permite que cada um 
se sinta parte do projeto e com isso se envolva mais, ajude a realizar e a manter, 
entendendo que o que será realizado é para um bem comum e maior. 
Com isso, nota-se que o planejamento urbano está diretamente relacionado 
à produção do espaço urbano, e a atividade de planejar tem o poder de induzir, 
limitar e direcionar investimentos, opções e usos de forma distribuída por todo 
o território da cidade, de maneira a evitar ao máximo as desigualdades sociais, 
muitas vezes intensificadas pela influência dos agentes nos órgãos públicos e na 
sociedade em geral.
Por essa razão, a preparação do censo demográfico é complexa e exige mui-
ta atenção para que os dados sejam estatisticamente válidos. Os dados coletados 
pelo censo demográfico referem-se a informações como: nome completo, idade, 
sexo, relação com o chefe do domicílio, estado civil, ocupação laboral, condição 
econômica e educacional, condição de naturalidade em relação ao município e à 
unidade da federação em que ocorre a entrevista, entre outras questões (COSTA, 
2012). Os elementos a serem avaliados nos questionários variam em função do 
seu tipo. Assim, os questionários básicos são aplicados ao universo da popula-
ção, enquanto os questionários amostrais mais completos são aplicados a uma 
amostra dessa população.
90
Geografia da população
A seleção dos domicílios para responderem ao questionário amostral é feita 
de modo aleatório, a partir do computador de mão que é portado pelo recensea-
dor. Os domicílios estão listados no computador, e à medida que o recenseador 
avança na pesquisa, o sistema sorteia os domicílios, de modo que eles sejam 
espalhados geograficamente, contemplando toda a extensão do setor censitário.
O questionário completo, além de ser utilizado para aprofundar o conheci-
mento sobre as caraterísticas sociais, econômicas e demográficas da população, 
também tem a função de checar a qualidade das informações referentes ao uni-
verso, em uma espécie de conferência desses resultados. Além disso, a fração 
amostral para a aplicação do questionário completo é determinada de acordo com 
o tamanho da população do município (COSTA, 2012). 
Os resultados obtidos no censo permitem saber qual é o quantitativo popu-
lacional e inferir as características sociais, econômicas e demográficas da popu-
lação, contribuindo no planejamento e na determinação de políticas públicas para 
os municípios, estados e a federação. Pela aplicação do censo, é possível de-
terminar as áreas mais vulneráveis e criar mecanismos de geração de trabalho 
e renda, ou mesmo associar escolaridade e renda à concentração de um deter-
minado grupo social ou etnia, etc. Além disso, os resultados também podem ser 
transformados em mapas temáticos, como aqueles que comparam a densidade 
populacional ao longo do tempo, as diferenças de renda e escolaridade entre mu-
nicípios, estados e regiões, dentre outros, e assim realizar comparações tempo-
rais e cruzamento de dados.
No entanto, devemos observar que o censo, por se tratar de um processo 
complexo, também está sujeito a erros e limitações que podem superestimar, su-
bestimar ou ainda classificar os resultados de forma equivocada. A superestima-
ção pode ocorrer quando há uma falha na delimitação do território a ser pesquisa-
do e um indivíduo é entrevistado duas vezes. 
A subestimação ocorre quando um determinado grupo não é computado pelo 
censo, como imigrantes ilegais que evitam qualquer aproximação por parte do 
Estado. Já os resultados que são classificados de maneira errônea podem ocor-
rer quando uma informação fornecida por um entrevistado é inverídica, como as 
mães solteiras que omitem a existência dos filhos, pessoas que arredondam a 
idade, entre outros.
Outra fonte de dados é o registro civil, que tem como objetivo acompanhar as 
ocorrências de eventos que modificam o tamanho ou a composição da população 
ao longo do tempo, ou seja, dados e eventos dinâmicos. A unidade de enume-
ração do registro civil, portanto, é o evento demográfico, enquanto a unidade de 
enumeração do censo é o indivíduo (COSTA, 2012). O registro civil é responsável 
pelo registro dos nascidos vivos, divórcios, separações judiciais, casamentos, óbi-
tos e óbitos fetais.
91
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo 2
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Embora tenhamos a consciência de que todas as pessoas contribuem para 
a economia de um país seja pelo trabalho, pelo consumo ou por trabalhos con-
siderados de cuidado e reprodução social, que são realizados majoritariamente 
por mulheres em seus espaços domésticos, precisamos reconhecer a importância 
socioeconômica da PEA. Percebemos que a relevância da PEA reside em uma 
dinamização da estrutura econômica de um país, por meio do trabalho agrícola, 
da produção de mercadorias diversas, pela prestação de serviços, pagamento de 
impostos, e assim por diante. 
Em outras palavras, a população economicamente ativa faz a economia de 
um país girar. Além disso, no contexto brasileiro, a PEA é a parcela contribuinte 
para a manutenção de um sistema de previdência responsável por garantir a qua-
lidade de vida da população aposentada (que um dia também já foi economica-
mente ativa e contribuidora) (COSTA, 2012). 
Com isso, percebemos a relação direta entre a categoria PEA e a estrutura 
etária da população de um país. Sabemos que no Brasil a idade mínima de 16 
anos é determinada para o enquadramento como PEA, cuja maioria, de acordo 
com o censo de 2010, é a população adulta de 30 a 49 anos (CASTRO, 2015).
Desse modo, vemos que é a população jovem e adulta que representa gran-
de parte da mão de obra e garante a reprodução e o desenvolvimento da econo-
mia de um país. Sendo assim, não é por acaso a existência de uma preocupação 
entre os países desenvolvidos com o processo de envelhecimento de sua popula-
ção, como a China e o Reino Unido. 
Relacionando a estrutura etária com o desenvolvimento econômico, é pre-
ciso ter em mente que esse retrato demográfico não deve ser interpretado pas-
sivamente, atendo-se a associar certas características da pirâmide etária a cir-
cunstâncias demográficas dadas, como taxa de natalidade, expectativa de vida, 
etc. A estrutura etária também deve orientar ações governamentais específicas 
na elaboração de políticas de desenvolvimento social e econômico coerentes com 
cada realidade demográfica. 
Isso quer dizer que um país com uma quantidade expressiva de jovens pre-
cisa priorizar seus investimentos em serviços direcionados a essa parcela da 
população. Além de garantir sua educação e saúde, deve fomentar a formação 
profissional para qualificar sua população economicamente ativa e melhorar seu 
desenvolvimento econômico, social e humano.
92
Geografia da população
Os locais mais densamente povoados também são foco de investimentos 
públicos, pois o Estado passa a direcionar equipamentos públicos, infraestrutura 
e outros serviços para suprir a demanda populacional. Consequentemente, isso 
atrai investimentos privados, pois os níveis populacionais elevados de certa re-
gião são locais propícios para expansão do comércio e realização de negócios. 
Ao mesmo tempo, regiões economicamente prósperas, com grande oferta 
de empregos, geralmente apresentam elevado nível de atração populacional e 
tendem a receber populações oriundas de outros locais. Outros fatores que contri-
buem para a atração populacional são as ofertas de serviços educacionais, servi-
ços atrelados à saúde, entre outros (COSTA, 2012).
O nível de industrialização também desempenha papel importante no pro-
cesso de urbanização. Geralmente, as indústrias são instaladas em parques in-
dustriais específicos adjacentes à malha urbana, e a oferta de empregos atrai 
milhares de pessoas que passam a residir na cidade.
93
Métodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisMétodos E Técnicas Em Estudos PopulacionaisCapítulo2
1. Quando o tema é métricas populacionais, precisamos mencionar o 
fluxo e os estudos em torno das faixas etárias, pois através das mes-
mas podemos conhecer o comportamento de uma parcela da socie-
dade, como por exemplo, quais são suas características em torno do 
espaço geográfico que estão localizados. Disserte sobre a importância 
dos estudos de faixa etária.
2. Descreva o papel da setorização para a evolução da economia e 
como esta ferramenta é classificada dentro dos padrões da sociedade 
e seus espaços demográficos. 
3. Descreva como o Estado desempenha seu papel dentro dos espa-
ços geográficos e como este pode interferir na vida dos indivíduos de 
uma sociedade constituída. 
94
Geografia da população
REFERÊNCIAS
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ARENDT, H. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo e 
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BRASIL. Decreto nº 6.964, de 29 de setembro de 2009. Brasília, DF: Presidente 
da República, [2009]. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d6964.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%20
6.964%2C%20DE%2029,6%20de%20dezembro%20de%202002>. Acesso em: 
25 Jul. 2022. 
CASTRO, T. Geopolítica: princípios, meios e fins. Rio de Janeiro: Biblioteca do 
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COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discursos sobre o território e o 
poder. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2012.
GRACE, I. Monitoramentos da Sociedade. São Paulo: Ática, 2019.
HOLSTON, J. A Cidade Modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia - 
São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
LISBOA, A. Gestão Estratégica: Conceitos, modelos e instrumentos. São 
Paulo. Escolar Editora. 2008. 
PATARRA, N. L.; FERNANDES, D. Brasil: país de imigração? Revista 
Internacional em Língua Portuguesa – Migrações, v. III, n. 24, 2011.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6964.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%206.964%2C%20DE%2029,6%20de%20dezembro%20de%202002
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6964.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%206.964%2C%20DE%2029,6%20de%20dezembro%20de%202002
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6964.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%206.964%2C%20DE%2029,6%20de%20dezembro%20de%202002
CAPÍTULO 3
POPULAÇÃO E RECURSOS 
NATURAIS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 descrever a importância da economia den-
tro da Geografia e suas aplicabilidades;
 3 analisar o papel do professor no ensino da Geografia; 
 3 interpretar a geopolítica dentro das atividades de Geografia;
 3 implementar inovações no ensino da Geografia.
98
Geografia da população
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O esgotamento dos recursos naturais é tema de uma série de estudos que 
visam incorporar os serviços promovidos pelo meio ambiente com as variáveis 
econômicas, para desenvolver modelos econômicos ambientais que promovam o 
equilíbrio entre a economia e o bem-estar social. Isso porque as relações de pro-
dução e consumo são direcionadas pelo sistema econômico. Além disso, agregar 
valor aos recursos naturais desperta ainda mais a necessidade de preservação 
desses meios, tendo em vista sua finitude.
Neste capítulo, você vai estudar as características gerais da valoração eco-
nômica dos recursos naturais, a metodologia em torno dos conceitos de geogra-
fia com fluxo nas movimentações internas e externas da população, o papel do 
professor de geografia no conceito de população, os principais tipos de valores 
relativos aos recursos naturais, bem como os vários métodos econômicos aplica-
dos à valoração ambiental. Falando em valoração econômica dos recursos natu-
rais, isso tem causado uma quebra de paradigma na economia global, porque há 
uma maior conscientização sobre a importância desses recursos, que até então 
eram tidos como fontes inesgotáveis de energia. A ameaça de escassez desses 
recursos levou à criação de um sistema de valoração que coloca os interesses 
econômicos alinhados com as questões ambientais, estreitando as relações entre 
homem e natureza.
A ecologia é o estudo dos processos que envolvem os seres vivos e o meio 
ambiente, mas quando aplicada aos recursos naturais visa também, para iden-
tificar qual foi a causa ambiental que por ação dos homens prejudicou o meio 
ambiente e seus indivíduos. Esta trata de uma das preocupações em torno do 
tema, que engloba muitas outras, todas com aplicações diretas no entendimento 
dos serviços ecológicos e ambientais e a utilização mais racional dos recursos na-
turais, buscando a sustentabilidade, conteúdo indispensável para os futuros ges-
tores do ambiente. Além disso, o estudo de populações é de grande auxílio para 
o desenvolvimento de atividades que utilizam diretamente os recursos naturais, 
como no caso de populações ribeirinhas que vivem de pesca e movimentações 
ambientais.
Vamos estudar as noções gerais sobre as atuais perspectivas da geopolítica, 
e poderemos articular essas informações com o uso estratégico de recursos na-
turais de diferentes países do mundo. Você identificará quais são as funções dos 
recursos naturais e a postura adotada pelas nações diante do controle por esses 
itens; assim, será capaz de diferenciar suas estratégias de apropriação, explora-
ção e preservação mundial.
99
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
2 POPULAÇÃO E RECURSOS 
NATURAIS
A proposição da valoração econômica dos recursos naturais não visa somen-
te precificar o meio ambiente, mas também demonstrar o valor econômico que 
os recursos naturais oferecem e a perda irreparável que a sua escassez pode 
provocar. A valoração econômica dos recursos ambientais nada mais é que a es-
timação do valor monetário desses recursos em relação a outros bens e serviços 
(COSTA, 2012).
FIGURA 1 – IMPORTÂNCIA DA ECOLOGIA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/prote%c3%a7%c3%a3o-ambiental-
reserva-natural-326923/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
O conceito da valoração econômica dos recursos naturais está associado 
aos impactos ambientais gerados pelas práticas da economia de mercado, des-
de o processo de produção até o consumo. Esses impactos implicam na dimi-
nuição da qualidade da água e do ar, redução da cobertura vegetal, destruição 
de hábitats naturais da fauna silvestre, perda de biodiversidade e outros serviços 
ambientais que não podem ser contabilizados por meio da economia tradicional 
(CASTRO, 2015).
Dessa maneira, os valores agregados aos bens ou recursos ambientais po-
dem ser de caráter moral, ético ou econômico, como o fornecimento de matéria-
-prima, capacidade de degradação de resíduos, funções de estética e de recre-
ação, biodiversidade e manutenção da vida no planeta. As relações econômicas 
com o meio ambiente estão diretamente ligadas, uma vez que diversos sistemas 
de produção extraem a sua matéria-prima dos recursos naturais e acabam por 
devolver apenas resíduos, que muitas vezes, implicam na degradação ambiental.
https://pixabay.com/pt/photos/prote%c3%a7%c3%a3o-ambiental-reserva-natural-326923/
https://pixabay.com/pt/photos/prote%c3%a7%c3%a3o-ambiental-reserva-natural-326923/
100
Geografia da população
A valoração ambiental torna-se então uma ferramenta indispensável na luta 
contra a degradação ambiental e o uso indiscriminado dos recursos naturais, uma 
vez que desconhecemos tecnologia que possa suprir os serviços proporcionados 
pelo meio ambiente. Dessa maneira, a economia precisa estar em equilíbrio com 
a natureza, de forma que não ultrapassem os níveis de biocapacidade do planeta.
Caso o sistema econômico extrapole a biocapacidade do planeta Terra, a 
manutenção da vida pode sofrer um desequilíbrio. Por isso, a valoração ambiental 
é uma opção para introduzir os danos ambientais na precificação de produtos e 
serviços. No entanto, a valoração econômica dos recursos naturais ainda é um 
assunto que enfrenta barreiras na literatura e no mercado emrazão da pouca 
informação disponível com relação a um modelo mercadológico concretizado que 
possa ser utilizado como referência. Nas correntes de pensamento, existe uma 
diferença entre economia ambiental e economia ecológica.
FIGURA 2 – CONTROLE AMBIENTAL
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/sustainable-living-
environmentalist-hand-holding-green-earth_15604456.htm#query=meio%20
ambiente&position=6&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
A economia ambiental tem recursos naturais como bens substituíveis na pro-
dução, o que torna a conservação e a preservação desses recursos dispensável, 
desde que o sistema de produção seja mantido por meio de tecnologias, como por 
exemplo, pesquisa com lixo orgânico para melhorias do ambiente. Isso significa 
que as inovações tecnológicas teriam capacidade de substituir os recursos natu-
rais no processo de produção. Já a economia ecológica defende que a exploração 
dos recursos naturais não deve exceder sua capacidade de recuperação, bem 
como a produção de resíduos precisa ser menor que a capacidade de absorção 
do planeta, como exemplo podemos citar o reuso de agua da chuva para novos 
https://pixabay.com/pt/photos/mundo-terra-globo-guarda-dar-3258865/
https://www.freepik.com/free-photo/sustainable-living-environmentalist-hand-holding-green-earth_15604456.htm#query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/sustainable-living-environmentalist-hand-holding-green-earth_15604456.htm#query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/sustainable-living-environmentalist-hand-holding-green-earth_15604456.htm#query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
101
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
plantios. Nesse sentido, os recursos naturais são elementos complementares no 
processo de produção, sendo insubstituíveis.
2.1 VALORAÇÃO AMBIENTAL 
DIANTE DA ECONOMIA 
NEOCLÁSSICA
A relação da economia com o meio ambiente e os recursos naturais se fun-
damenta na economia neoclássica, que defende que a valoração deve coincidir 
com o uso e o equilíbrio entre oferta e demanda. Os estudiosos da economia 
neoclássica possuem duas vertentes quanto a essa relação. A primeira defende 
que deve haver um equilíbrio na utilização dos recursos naturais, além de sua 
valoração. Já a segunda vertente defende o direito à posse dos recursos naturais 
que sejam de característica de bem público (CASTRO, 2015).
Quando falamos sobre valoração econômica dos recursos na-
turais, é preciso contextualizar alguns conceitos da microeconomia, 
como bens públicos e externalidade, em virtude da dificuldade em 
precificar os serviços ambientais de acordo com o sistema econômi-
co tradicional, bem como os benefícios desses serviços. 
Externalidades são os subprodutos resultantes das atividades do homem que 
não podem ser computados, uma vez que não possuem preço de mercado. Em 
outras palavras, externalidade ocorre quando o bem-estar do ser humano ou do 
meio ambiente sofre impacto, sem que o causador desse impacto pague ou seja 
compensado. Quando os subprodutos prejudicam a qualidade de vida do homem 
e do meio ambiente, temos externalidades negativas, como poluição do ar e da 
água, modificação da paisagem, etc.
Já por bens públicos entendemos tudo aquilo que não permite a exclusão 
de um indivíduo de usufruir seu benefício (CASTRO, 2015). Por exemplo, todos 
temos direito a respirar ar puro, independentemente do poder aquisitivo; os que 
possuem mais dinheiro não podem impedir que os que possuem menos dinheiro 
respirem o mesmo ar; logo, o ar é considerado um bem público.
102
Geografia da população
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA 
VALORAÇÃO DOS RECURSOS 
NATURAIS
Sabendo que a valoração dos recursos naturais não possui precificação des-
crita nos modelos econômicos tradicionais, precisamos, de alguma maneira, iden-
tificar esse valor econômico. O valor econômico dos recursos naturais é decor-
rente das suas peculiaridades, podendo ou não estar relacionado com seu uso, 
podemos citar como exemplo a educação ambiental para comunidades carentes 
ensinando como fazer o descarte de lixo corretamente. Consumir os recursos na-
turais é uma questão de uso ou não uso.
FIGURA 3 – VALOR ECONÔMICO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/dinheiro-moeda-
investimento-2724241/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
A valoração econômica ambiental procura determinar a variação dos impac-
tos ao bem-estar humano derivados das alterações ambientais. Essa variação é 
determinada pelas diferentes intensidades de utilização dos recursos atrelada à 
fluidez dos bens e serviços do meio ambiente. O cálculo de valor de um recurso 
natural se dá por meio das relações entre o fluxo de serviços e disponibilidade do 
recurso (CASTRO, 2015).
Arendt (2012) descreve a seguinte equação para calcular o valor econômico 
dos recursos ambientais: VERA = (VUD + VUI + VO) + VEV
Sendo:
https://pixabay.com/pt/photos/dinheiro-moeda-investimento-2724241/
https://pixabay.com/pt/photos/dinheiro-moeda-investimento-2724241/
103
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
• VUD = valor de uso direto;
• VUI = valor de uso indireto;
• VO = valor de opção;
• VE = valor de existência.
Vejamos, a seguir, a descrição de cada um desses elementos.
• Valor de uso direto: está relacionado à apropriação direta do recurso 
ambiental, seja pela produção, seja pelo consumo, como a utilização da 
madeira das árvores, a comercialização de produtos florestais não ma-
deireiros, atividades de lazer, uso do meio ambiente para recreação.
FIGURA 4 – VALOR DE USO DIRETO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/courageous-kids-playing-adventure-
park_16136477.htm#query=camping&from_query=cammping&position=41&from_
view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
• Valor de uso indireto: são aqueles provenientes dos serviços ecossistê-
micos, em que a ação humana não é necessária para a provisão, como 
disponibilidade de água, ar, ciclos hidrológicos e manutenção do clima 
nas florestas.
https://www.freepik.com/free-photo/courageous-kids-playing-adventure-park_16136477.htm#query=camping&from_query=cammping&position=41&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/courageous-kids-playing-adventure-park_16136477.htm#query=camping&from_query=cammping&position=41&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/courageous-kids-playing-adventure-park_16136477.htm#query=camping&from_query=cammping&position=41&from_view=search
104
Geografia da população
FIGURA 5 – VALOR DE USO INDIRETO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/waterfall-cascada-de-texolo-xico-mexico_12328187.
htm#query=cachoeira&position=9&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
• Valor opção: refere-se à disponibilidade que um indivíduo tem para pa-
gar a manutenção de recursos ambientais para uso futuro. É, portanto, 
opcional ao indivíduo pagar ou não para usar o recurso no futuro. Por 
exemplo, você estaria disposto a financiar uma pesquisa que estuda o 
potencial medicinal de plantas da Amazônia na produção de medicamen-
tos futuros?
FIGURA 6 – VALOR OPÇÃO
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/woman-scientist-biologist-laboratory-
research-plants_17887810.htm#query=PESQUISA%20plantas&position=17&from_
view=search&track=ais>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
https://www.freepik.com/free-photo/waterfall-cascada-de-texolo-xico-mexico_12328187.htm#query=cachoeira&position=9&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/waterfall-cascada-de-texolo-xico-mexico_12328187.htm#query=cachoeira&position=9&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/woman-scientist-biologist-laboratory-research-plants_17887810.htm#query=PESQUISA%20plantas&position=17&from_view=search&track=ais
https://www.freepik.com/premium-photo/woman-scientist-biologist-laboratory-research-plants_17887810.htm#query=PESQUISA%20plantas&position=17&from_view=search&track=ais
https://www.freepik.com/premium-photo/woman-scientist-biologist-laboratory-research-plants_17887810.htm#query=PESQUISA%20plantas&position=17&from_view=search&track=ais105
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
• Valor de existência ou de não uso: está associado à existência de um 
determinado recurso ambiental. Pode ter também valor cultural, a im-
portância atribuída aos recursos ambientais somente por existirem. Por 
exemplo, cidadãos de outros países que estão dispostos a pagar para a 
manutenção da floresta amazônica, mesmo não a conhecendo pessoal-
mente ou fazendo uso dos seus produtos, somente pelo valor de existên-
cia que a floresta possui.
FIGURA 7 – VALOR DE EXISTÊNCIA OU DE NÃO USO
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/plants-that-grow-coins-female-
hands-with-business-growth-ideas_24835423.htm#query=meio%20ambiente%20e%20
dinheiro&position=10&from_view=search&track=ais>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
A valoração econômica dos recursos naturais é definida somando-se todos 
os valores de uso direto e indireto e acrescendo os valores de opção e de exis-
tência. Podemos perceber que atribuir valor econômico aos recursos naturais não 
é uma tarefa fácil, principalmente quando inserimos o valor de não uso. Vamos a 
seguir quais são os métodos de valoração econômica ambiental?
2.3 MÉTODOS DE VALORAÇÃO 
ECONÔMICA AMBIENTAL
São diversos os métodos de valoração econômica, que podem ser utilizados 
para estimar a valoração dos recursos naturais, os quais, como vimos anterior-
mente, não possuem precificação definida. Os métodos mais comuns são diretos 
e indiretos.
https://pixabay.com/pt/illustrations/gr%c3%a1fico-homem-de-negocios-dinheiro-4065756/
https://www.freepik.com/premium-photo/plants-that-grow-coins-female-hands-with-business-growth-ideas_24835423.htm#query=meio%20ambiente%20e%20dinheiro&position=10&from_view=search&track=ais
https://www.freepik.com/premium-photo/plants-that-grow-coins-female-hands-with-business-growth-ideas_24835423.htm#query=meio%20ambiente%20e%20dinheiro&position=10&from_view=search&track=ais
https://www.freepik.com/premium-photo/plants-that-grow-coins-female-hands-with-business-growth-ideas_24835423.htm#query=meio%20ambiente%20e%20dinheiro&position=10&from_view=search&track=ais
106
Geografia da população
Os métodos diretos (reflorestamento), que estimam o valor ambiental por 
meio da observação de mercados existentes ou hipoteticamente criados, basean-
do-se nos valores de mercado ou produtividade, aplicados quando há a possibili-
dade de contabilizar os estoques de recursos ambientais (CASTRO, 2015). Esses 
métodos consideram a disponibilidade do indivíduo em pagar ou não pelos bens e 
serviços ambientais.
Já os métodos indiretos (cultivo de arvores nativas), que referem-se a tudo 
aquilo que não pode ser valorado pelo comportamento do mercado, como ele-
mentos do ecossistema (CASTRO, 2015). Esses métodos estimam o valor dos 
recursos naturais na produção de bens, sendo eles a produtividade marginal e os 
bens substitutos (custos evitados, custos de controle, custos de reposição e cus-
tos de oportunidade).
Acerca da produtividade marginal, você precisa saber que ela confere valor 
aos recursos naturais pela sua quantidade ou qualidade, correlacionando direta-
mente à produção de determinado produto que possua valor definido no mercado. 
É utilizado quando determinado recurso natural é matéria-prima na produção de 
um produto no mercado. Por exemplo, se um plantio de milho for devastado por 
pragas, isso afetará os custos e níveis de produção; logo, essa mudança na pro-
dução será constatada pelo mercado.
Já os bens substitutos (custos evitados, custos de controle, custos de repo-
sição e custos de oportunidade) se aplicam quando o preço de um produto não 
pode ser obtido devido a uma mudança ambiental, mas pode ser estimado por 
meio de um substituto disponível no mercado. Os valores de opção e de existên-
cia não podem ser incluídos nas estimativas de bens substitutos, uma vez que 
não é possível substituir um recurso natural com valor de opção ou existência. 
Vejamos a seguir os custos de bens substitutos e suas características:
• Custos evitados: estimam valores ambientais por meio de despesas 
com ações preventivas. Baseia-se nos gastos de um indivíduo para 
prevenção, redução ou minimização de um impacto ambiental no seu 
bem-estar. Suas ações preventivas funcionam como um substituto na 
precaução de um impacto ambiental. Por exemplo, podem ser utiliza-
dos para avaliar a prevenção dos impactos causados por enchentes na 
degradação do solo, avaliando o quanto seria necessário para reparar 
esses impactos.
• Custos de controle: estimam as despesas necessárias para que não 
ocorra uma mudança ambiental, a fim de promover os recursos naturais 
disponíveis para as gerações futuras, como custos com tratamento de 
esgoto para evitar a poluição dos rios de modo que esse recurso esteja 
disponível no futuro.
107
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
• Custos de reposição: estimam os gastos com a recuperação de um 
recurso natural depois da sua degradação, como a estimativa dos gastos 
com programas de recuperação florestal de áreas desflorestadas e a re-
posição das camadas do solo em áreas de mineração. 
• Custos de oportunidade: baseiam-se na estimativa de perda de receita 
em detrimento das políticas de proteção e conservação ambiental. Essas 
áreas possuem custos de oportunidade de atividades econômicas que 
deixam de ser realizadas por impedimento das legislações ambientais, 
impossibilitando a geração de lucro. Por exemplo, o valor de uma pro-
priedade rural pode não ser corretamente estimado quando o preço é 
formulado em função das áreas de exploração permitida, não levando 
em consideração o valor das áreas de proteção e conservação ambien-
tal.
Os métodos de valoração não são ferramentas perfeitas. 
Cada um possui seus limites, sendo difícil formular um método ca-
paz de englobar os diversos tipos de valor atribuídos aos recursos 
naturais. 
Ainda assim, os métodos de valoração dos recursos naturais são fundamen-
tais, não somente no processo de estima do meio ambiente, mas também para 
demonstrar que podem estar atingindo a sua capacidade limite. Além disso, ve-
rificam a intenção, positiva ou negativa, dos indivíduos de cuidar e proteger os 
recursos naturais.
Você provavelmente já visitou algum parque nacional ou outra área de pre-
servação ambiental com fins turísticos e se deparou com alguém pedindo para 
fazer uma breve entrevista com você. Entre as perguntas, você é questionado so-
bre sua profissão, local de origem e, até mesmo, média salarial. Nessa situação, 
você provavelmente participou do estudo de estimativa de valoração econômica 
do local visitado por meio do método de custo de viagem. Digamos que esse local 
que você visitou está em outro estado. Logo, você teve um custo com o desloca-
mento, possível ingresso de entrada no parque, entre outros gastos. Ainda assim, 
você usa seu dinheiro para realizar a visitação, pois acredita que terá retorno com 
a experiência vivenciada. Portanto, o método de custo de viagem é ideal para a 
valoração ambiental de áreas recreativa.
108
Geografia da população
FIGURA 8 – PESQUISA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/closeup-african-american-teenager-
hands-searching-online-information-working-management-project-typing-strategy-
laptop-computer-young-woman-standing-studio-with-blue-background_21696933.
htm#page=3&query=pesquisa&position=27&from_view=search>. Acesso em: 08 de agosto de 2022.
Vamos agora refletir sobre o que já estudamos?
No que diz respeito ao controle dos gastos e despesas para 
manutenção e espaços ecológicos e geográficos, é importante citar 
que toda forma de controle deve ser realizada para que todas as 
ações possam criar beneficios para as melhorias que serão realiza-
das. Escreva sobre a importância do custo de oportunidade.
Agora que você já estudou sobre valoração de recursos naturais, vamos ver 
esses recursos e a ecologia dentro da geografia.
https://www.freepik.com/free-photo/closeup-african-american-teenager-hands-searching-online-information-working-management-project-typing-strategy-laptop-computer-young-woman-standing-studio-with-blue-background_21696933.htm#page=3&query=pesquisa&position=27&from_view=searchhttps://www.freepik.com/free-photo/closeup-african-american-teenager-hands-searching-online-information-working-management-project-typing-strategy-laptop-computer-young-woman-standing-studio-with-blue-background_21696933.htm#page=3&query=pesquisa&position=27&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/closeup-african-american-teenager-hands-searching-online-information-working-management-project-typing-strategy-laptop-computer-young-woman-standing-studio-with-blue-background_21696933.htm#page=3&query=pesquisa&position=27&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/closeup-african-american-teenager-hands-searching-online-information-working-management-project-typing-strategy-laptop-computer-young-woman-standing-studio-with-blue-background_21696933.htm#page=3&query=pesquisa&position=27&from_view=search
109
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
3 ECOLOGIA E RECURSOS 
NATURAIS DENTRO DO 
GEOGRAFIA
A ecologia é uma vertente da Biologia que estuda as relações entre indivídu-
os de uma mesma espécie, de espécies diferentes e destas com o meio ambiente 
onde vivem. A palavra é de origem grega e significa “estudo da casa” — oikós, 
que significa casa, e logos, que significa estudo.
O estudo da ecologia envolve fatores abióticos e bióticos. Os fatores bióticos 
abrangem todos os seres vivos, como produtores e consumidores. Já os fatores 
abióticos abrangem processos físicos e químicos, como condições e fatores cli-
máticos.
Sendo a ecologia a relação entre os seres vivos e o meio onde vivem, po-
demos entender que as alterações nesse espaço causam consequências diretas 
nas populações que nele interagem. As populações dependem do equilíbrio e da 
disponibilidade de recursos para se manterem em determinado ambiente.
FIGURA 9 – RECURSOS E PESSOAS
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/three-hands-holding-young-
plant-planting_8226727.htm#page=2&query=meio%20ambiente&position=6&from_
view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Como exemplo disso, Costa (2012) aplicou um estudo taxonômico e ecoló-
gico de algas fitoplanctônicas em trechos da bacia do rio Piranhas-Açu, na região 
semiárida do nordeste brasileiro, de 2010 a 2011, visando avaliar a qualidade da 
água, recurso natural essencial à nossa vida. O estudo destacou a presença de 
https://www.freepik.com/premium-photo/three-hands-holding-young-plant-planting_8226727.htm#page=2&query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/three-hands-holding-young-plant-planting_8226727.htm#page=2&query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/three-hands-holding-young-plant-planting_8226727.htm#page=2&query=meio%20ambiente&position=6&from_view=search
110
Geografia da população
81 táxons, sendo alguns desses potencialmente produtores de toxinas; e concluiu 
o trabalho indicando a presença de um alto potencial de risco à saúde da popula-
ção ao utilizar essas águas.
Táxon é um ramo da biologia que representa a quantidade ou 
ordenação dos seres vivos de uma determinada espécie.
Já Castro (2015) avaliou os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) do solo, 
microrganismos-chave na manutenção de plantas em agroecossistemas (pomar 
orgânico) e em ambientes naturais adjacentes, indicando a dominância de espo-
ros de uma única espécie no pomar orgânico, bem como a redução da diversida-
de de esporos (pequenas estruturas produzidas por bactérias) de FMA, quando 
comparados com a vegetação natural adjacente. Além disso, indicaram que o solo 
sob sapotáceas (plantas tropicais), apresentava níveis de nutrientes e número de 
esporos de FMA igual à vegetação natural.
FIGURA 10 – RECURSOS NATURAIS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/praia-de-areia-praia-
f%c3%a9rias-5356260/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Arendt (2012) apresenta outro exemplo, do eixo da ecologia da paisagem e 
sua aplicação no gerenciamento de áreas de conservação, que possuem como 
objetivo justamente resguardar os recursos naturais ou simplesmente utilizá-los 
https://pixabay.com/pt/photos/praia-de-areia-praia-f%c3%a9rias-5356260/
https://pixabay.com/pt/photos/praia-de-areia-praia-f%c3%a9rias-5356260/
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População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
de forma mais consciente. Nesse estudo, o autor analisa a fragmentação flores-
tal da área de proteção ambiental Coqueiral, localizada no sul de Minas Gerais, 
observando um alto índice de conectividade para todas as simulações, indicando 
que as paisagens apresentam elevada conectividade estrutural.
3.1 PRINCIPAIS CONCEITOS
De acordo com Castro (2015), é importante ressaltar que a ecologia é basea-
da em níveis de organização, que obedecem a um arranjo hierárquico de agrupa-
mento de sistemas, dos mais simples aos mais complexos: átomos < moléculas < 
células < tecidos < órgãos < sistemas < organismo < população < comunidade < 
ecossistema < biosfera.
Alguns dos conceitos mencionados acima se referem a:
• População: conjunto de indivíduos da mesma espécie, que vivem juntos 
e no mesmo habitat.
• comunidade, biocenose ou biota: onde “bios” = vida; “koinos” = co-
mum, público. Conjunto de diversas espécies e/ou populações que vi-
vem em uma mesma região.
• Ecossistema: conjunto dos elementos bióticos e abióticos de uma deter-
minada região.
• Biosfera: toda a camada da terra que contém seres vivos.
Segundo Castro (2015), a litosfera, a hidrosfera e a atmosfera compõem a 
biosfera, isso porque podemos encontrar seres vivos na terra, no mar ou rios e 
no ar. A maioria dos seres vivos vive em até 5.000 m de altitude, mas se constata 
que já foi encontrada uma espécie de aranha no Monte Everest vivendo acima de 
7.000 m de altitude. Lembremos, também, que as aves migratórias voam acima 
de 8.800 m. Já dentro d’água, existem bactérias que sobrevivem em até 9.000 m 
de profundidade.
Litosfera, é a razão nominal dada para identificar a parte sóli-
da formada por rochas já a hidrosfera é a porção de água na super-
fície terrestre, e atmosfera, trata de uma camada de ar que envolve 
a Terra e seus indivíduos.
112
Geografia da população
Para o estudo da biologia, têm-se os níveis de organização da geografia que 
podem ser ajustados desde o nível mais simples até o mais complexo. A física e a 
química ajudam a melhor compreender como essa organização de complexidade 
do sistema biológico funciona. É através da ecologia que podemos entender a 
movimentação e as relações entre as populações e os elementos abióticos.
FIGURA 11 – MEIO AMBIENTE
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/noite-crep%c3%basculo-irlanda-
panorama-1038148/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Na visão de Costa (2012), outros conceitos recorrentes no estudo ecológico 
são:
• Espécie: conjunto de indivíduos semelhantes entre si e são capazes de 
se reproduzir em condições naturais, gerando descendentes férteis e se-
melhantes.
• Nicho ecológico: função de um ser, o que ele faz no ecossistema, seus 
hábitos e costumes.
• Hábitat: local onde vive determinada espécie.
• Cadeia alimentar: relação alimentar entre os seres vivos em um ecos-
sistema. Essa cadeia é composta por produtores, consumidores e de-
compositores, ocorrendo, assim, o fluxo de matéria e energia por meio 
da nutrição.
• Decompositores: processo de reciclagem natural da matéria orgânica, 
realizado por bactérias e fungos, para obtenção de energia. Com isso, 
liberam-se substâncias mais simples e fáceis de serem aproveitadas pe-
los vegetais. Papel-chave na reciclagem de toda a matéria orgânica que 
https://pixabay.com/pt/photos/noite-crep%c3%basculo-irlanda-panorama-1038148/
https://pixabay.com/pt/photos/noite-crep%c3%basculo-irlanda-panorama-1038148/
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População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
é lançada no meio ambiente pelos seres vivos, seja ela uma folha morta 
de árvore ou o lixo orgânico produzido em nossa casa (restos de alimen-
to, fezes, papel, etc.).
• Produtor: grupo de autótrofos, seres que produzemsua própria energia 
através da fotossíntese ou quimiossíntese, como por exemplo, as plan-
tas.
• Consumidor: grupo de heterótrofos, seres que não conseguem fabricar 
seu próprio alimento, mas consomem os produtores ou outros consumi-
dores para adquirir energia, como por exemplo, os animais.
• Bioma: compreende as grandes paisagens da terra. Um bioma pode 
ser definido como uma paisagem homogênea de nosso planeta; isto é, 
o conjunto de comunidades bióticas combinado a fatores abióticos simi-
lares.
De forma prática, a ecologia pode ser definida como o estudo das interações 
entre os organismos e sua relação com o meio ambiente. Além disso, a ecologia 
procura agregar abordagens focadas em níveis de organização diferentes, como 
o estudo de indivíduos, de populações, de comunidades e de ecossistemas. Per-
guntamos então, o que a ecologia tem a ver com recursos naturais? Quando con-
sideramos que os recursos naturais compreendem qualquer material, biótico ou 
abiótico, disponível na natureza e nos ecossistemas para a utilização humana, 
podemos considerar, também, que esses recursos são alvo do estudo ecológico.
A ecologia auxilia, sobretudo, no entendimento das relações 
entre seres vivos e desses com seu meio. Além disso, a ecologia, 
como uma ciência aplicável aos distintos níveis de classificação bio-
lógica, apresenta ótimas ferramentas de diagnóstico das condições 
ambientais, bem como de recuperação e retorno às condições natu-
rais em áreas degradadas. 
A aplicação da ecologia no manejo de recursos naturais tem mostrado ótimos 
resultados, auxiliando na tomada de decisão quanto à utilização de um determina-
do recurso, como também na sua preservação para as futuras gerações. 
De acordo com Castro (2015, p. 96),
114
Geografia da população
o termo manejo pode ser definido como a execução de 
procedimentos e operações que interferem nas condi-
ções ambientais de uma determinada área, visando in-
crementar a produtividade, melhorar a qualidade e agre-
gar valores à matéria-prima. O manejo sustentável dos 
recursos naturais é aquele em que o planejamento das 
operações em determinada área deve prever a continui-
dade da disponibilidade de recursos naturais. Dessa for-
ma, levando em consideração que a ecologia é o estudo 
das relações entre o meio biótico e o abiótico, suas prá-
ticas auxiliam no uso sustentável de recursos naturais.
Essas relações são essenciais para a manutenção dos pro-
cessos naturais abióticos (compostos químicos e físicos no 
ambiente) e bióticos (interações entre animais e vegetais), que 
fazem parte de toda a biosfera, produzindo certo equilíbrio no 
planeta. Esse equilíbrio se relaciona à distribuição das grandes 
paisagens (os biomas) em relação às condições climáticas, 
edáficas e outras. De acordo com Castro (2015), no entanto, 
há 10.000 anos atrás, a espécie Homo Sapiens deu início a 
uma drástica mudança no ambiente, o que se intensificou após 
a revolução industrial.
Grandes florestas foram fragmentadas, de modo que hoje temos, inclusive, 
um ambiente totalmente distinto do dito natural: as grandes metrópoles. No en-
tanto, se considerarmos os elementos naturais como a origem de tudo que pos-
suímos em nosso cotidiano e que esses são oriundos dos biomas, temos que 
considerar a ecologia como um serviço realmente essencial para a manutenção 
de recursos naturais.
Serviços ecológicos se referem aos benefícios que a biosfera proporciona, 
através da manutenção de seus fluxos, ocorrendo entre o meio biótico e abiótico 
(geológicos, climáticos, bioquímicos). Tais serviços são essenciais para a nossa 
sobrevivência, pois são determinantes na manutenção do equilibro do planeta 
como um todo.
A temática de ecologia e recursos naturais pode ser dividida em áreas distin-
tas de concentração, conforme o departamento e a universidade onde as pesqui-
sas sobre o tema são desenvolvidas. Vamos ver a seguir uma delas?
115
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
3.2 GEOPOLÍTICA E 
SUSTENTABILIDADE
Para pensarmos a geopolítica contemporânea dos recursos naturais, é inevi-
tável recorrer ao pensamento de clássicos, como as teorias de Ratzel, por exem-
plo. Quando consideramos o conteúdo de qualquer obra, devemos ter em mente 
que o material foi elaborado a partir de determinados contextos temporais e espa-
ciais vividos pelos(as) autores(as). Ratzel criou suas teorias em um momento de 
extrema fragilidade social e territorial alemã, propondo a reflexão sobre a função 
do Estado diante de tal situação, por isso muitas vezes sua obra é associada a 
fins imperialistas (CASTRO, 2015).
O geógrafo Wanderley Messias da Costa explica que, em sua visão orgâ-
nica do território, a partir de conceitos da biogeografia, Ratzel pensa o Estado 
como um organismo vivo, e, nesta analogia, de acordo com as leis da natureza, 
há fases e processos indispensáveis à vida: nascer, avançar, recuar, estabelecer 
relações, proteger e declinar. O autor chegou a essa analogia a partir das articula-
ções entre o solo e o povo — o primeiro é permanente, enquanto o segundo, que 
incorpora o Estado, é transitório (CASTRO, 2015).
Os Estados tendem a articular internamente e externamente o seu espaço de 
domínio, de acordo com seus interesses e com possíveis ameaças de invasões 
inimigas, de modo a valorizarem nós e redes que configuram sua geopolítica.
De acordo com Costa (2012), o termo geopolítica foi utilizado pela primeira 
vez pelo cientista sueco Rudolf Kjéllen, em meados da década de 1900. Para ele, 
a geopolítica consistia em um ramo autônomo da ciência política. De acordo com 
Costa (2012), a geopolítica é, antes de tudo, um subproduto técnico e pragmático 
da geografia política, permitindo a aplicação de seus pressupostos em situações 
concretas, avaliando o jogo das forças estatais projetadas no espaço.
O geógrafo estadunidense David Harvey já havia nos alertado para o fato 
de que a riqueza e o bem-estar de alguns países aumentam às custas de outros 
(CASTRO, 2015). As assimetrias e condições socioeconômicas díspares não re-
sultam apenas das condições geográficas, da dotação de recursos naturais ou 
das vantagens de localização, mas são produzidas e reforçadas pelas relações 
assimétricas de poder nas relações de troca.
A geógrafa Iná Elias de Castro argumenta que, para Ratzel, a geografia polí-
tica tinha como base a atividade de demonstrar que o Estado só se completa para 
a realidade humana sobre o solo de um país. Por isso a ideia de um organismo 
que necessita manter relações diretas com o solo. A obra do autor permite a com-
preensão de que o sentido geográfico sempre esteve presente na história de acu-
116
Geografia da população
mulação do capital sob expressões como “instinto espacial” e “vocação colonial”, 
“sentido inato de poder” (CASTRO, 2015).
Como ressalta Castro (2015), o projeto intelectual de Ratzel ia além da cons-
trução de uma disciplina científica, mas ele pretendia elaborar um projeto de Es-
tado para a sociedade. É claro que devemos considerar o contexto expansionista 
europeu no qual o autor alemão estava envolvido. Por isso, a geografia serviu, a 
princípio, para consolidar as ideias do mercantilismo na Europa, sendo uma ciên-
cia política e bélica desde a sua origem.
A geopolítica vinculava-se, então, à expressão e ao modo de controle dos 
conflitos sociais dos Estados sobre seus territórios.
Disserte sobre o que são serviços ecológico.
Na visão de Costa (2012), a geógrafa Bertha Becker destaca que, ao término 
da Guerra Fria, bem como com a queda do muro de Berlim, o mundo passa a vi-
ver uma nova fase da política mundial, na qual o espaço não era mais dividido em 
blocos mundiais e suas áreas de influência; ao contrário, vemos diferenciações 
espaciais das mais distintas ordens: política, econômica, cultural, religiosa, ideoló-
gica, entre outras (CASTRO, 2015).
FIGURA 12 – CONTROLE MUNDIAL DA ECOLOGIA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/mundo-terra-espa%c3%a7o-
m%c3%a3os-globo-3268457/>. Acesso em: 06de agosto de 2022.
https://pixabay.com/pt/photos/mundo-terra-espa%c3%a7o-m%c3%a3os-globo-3268457/
https://pixabay.com/pt/photos/mundo-terra-espa%c3%a7o-m%c3%a3os-globo-3268457/
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População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
Castro (2015) ressalta que, atualmente, os conflitos e interesses localizados 
regionalmente compõem a nova agenda de regiões que se beneficiam das dife-
renças de níveis tecnológicos e tentam combater a isonomia intrínseca do Estado 
nacional. Como exemplos, a autora menciona o caso de regiões ricas de alguns 
países europeus: Emília Romana (Itália), Catalunha e País Basco (Espanha) e 
Flandres (Bélgica). Há, nesses casos, a luta contra ações compensatórias que 
prejudicam o território dessas área e, ainda, em alguns deles, reivindicações pelo 
separatismo e a criação de novos Estados.
A abordagem da autora supracitada dialoga com as observações de Becker 
(2000, p. 297):
A globalização, conduzida pelos grandes bancos e corporações 
transnacionais, retira do Estado o controle sobre o conjunto do 
processo produtivo e afeta a integridade do território nacional e 
a autonomia do Estado, afetado igualmente por nacionalismos 
separatistas e movimentos sociais apoiados na afirmação da 
identidade e na tradição do lugar.
Nesses casos, os regionalismos locais pressionam os Estados nacionais 
mais antigos e podem enfraquecê-los, como ocorreu com movimentos separatis-
tas do Québec ou da Escócia. O próprio Estado-nação pode organizar seu territó-
rio com o intuito de tirar vantagens da competitividade imposta pela globalização, 
criando assim zonas econômicas e culturais — são exemplos a região em torno 
de Hong Kong, o Norte da Itália, o vale do Silício, na Califórnia, e a região em tor-
no de Barcelona e o País Basco, na Espanha (CASTRO, 2015).
É interessante pensar em como as estratégias globais têm se redesenhado 
em função da crise ambiental. Arendt (2012) destacou que a produção em larga 
escala gerou conflitos ecológicos e sociais por todo o mundo. A tendência de va-
lorização do Estado-nação fortemente arraigada na geografia passa então a ser 
tensionada. Na visão da autora, não devemos pensar no Estado como unidade 
única de poder; é uma instância privilegiada, porém não é a única a executar a 
negociação de forças, tanto é que os conflitos não se concentram apenas entre os 
Estados, como antigamente, mas também internamente. Como a própria autora 
nos adverte, o Estado não é uma forma acabada, está sempre em processo.
O crescimento do Estado-nação depende, além de condições econômicas, 
da incorporação de novos espaços, sendo tarefa do Estado a proteção de seus 
espaços, por meio da política territorial. Na atual perspectiva, o espaço global tem 
uma racionalidade cuja interferência de grupos de diferentes segmentos se faz 
presente, tecnoestrutura estatal, interesses de grandes empresas, agências e 
instituições multilaterais; tem-se, então, sobre o espaço, um efeito simultâneo de 
globalização e fragmentação dos lugares (CASTRO, 2015). A produção se tornou 
cada vez mais globalizada, com diferentes etapas do processo produtivo espa-
118
Geografia da população
lhadas por diferentes cantos do mundo, e a informação e a tecnologia são hoje 
características permanentes da mediação do ser humano na natureza.
FIGURA 13 – PREOCUPAÇÕES MUNDIAIS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/hand-presenting-earth-
sustainable-environment-remix_17602066.htm#page=3&query=meio%20
ambiente&position=38&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Há, ainda, um novo zoneamento do espaço mundial; como explicou Castro 
(2015), o avanço tecnológico aprofundou a distinção entre áreas desindustrializa-
das, áreas de difusão da indústria e da agroindústria convencionais e áreas que 
devem ser ambientalmente preservadas. A intervenção de agentes econômicos e 
financeiros nos territórios nacionais afeta diretamente a gestão política dos paí-
ses. Há uma dualidade entre a ideia da proteção de recursos naturais, com o uso 
reduzido de matérias-primas e de energia, e a natureza transmutada em capital, 
passível de utilização atual ou futura por meio de tecnologias que a transformam 
em fonte de informação (codificação da vida) para a ciência e a tecnologia (CAS-
TRO, 2015).
Se aplicarmos a geopolítica para pensarmos as estratégias territoriais dos 
Estados em termos de uso e controle de seus recursos naturais, vemos que essa 
ramificação de nossa ciência pode contribuir positivamente para a compreensão 
e a solução de problemas de diversas escalas local, regional, nacional, mundial e 
de diferentes ordens energia, recursos naturais, biodiversidade (CASTRO, 2015). 
Vamos ver a seguir quais são as funções da geopolítica?
https://www.freepik.com/free-photo/hand-presenting-earth-sustainable-environment-remix_17602066.htm#page=3&query=meio%20ambiente&position=38&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/hand-presenting-earth-sustainable-environment-remix_17602066.htm#page=3&query=meio%20ambiente&position=38&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/hand-presenting-earth-sustainable-environment-remix_17602066.htm#page=3&query=meio%20ambiente&position=38&from_view=search
119
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
3.3 FUNÇÕES DA GEOPOLÍTICA
A geopolítica da água orienta as políticas do Estado no que tange à gestão, 
à preservação e à solução de conflitos envolvendo os recursos hídricos. Em ra-
zão da intensidade de consumo da água e sua futura escassez, por ser um item 
indispensável à vida, a água tornou-se uma questão de segurança e defesa os 
Estados. Ademais, há grandes corporações interessadas na privatização desse 
recurso.
FIGURA 14 – ÁGUA
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/hand-water-from-tap-drink_6902003.
htm#query=water&position=35&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Castro (2015) explica que há em curso duas visões conflitivas sobre a dis-
puta hídrica mundial. Uma delas pretende mercantilizar a água, tornando-a uma 
commodity. A outra defende a água como um direito humano inalienável, ao qual 
associam-se movimentos sociais, ativistas e intelectuais em uma articulação glo-
bal. Um exemplo de conflito que merece ser mencionado refere-se ao evento co-
nhecido como Guerra da Água, na Bolívia, uma tentativa de privatização de re-
cursos hídricos no município de Cochabamba — o que felizmente não ocorreu, 
graças às manifestações populares, embasadas na própria Constituição Plurina-
cional da Bolívia.
https://www.freepik.com/premium-photo/hand-water-from-tap-drink_6902003.htm#query=water&position=35&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/hand-water-from-tap-drink_6902003.htm#query=water&position=35&from_view=search
120
Geografia da população
Commodity são mercadorias agrícolas que fazem parte de 
uma negociação financeira.
FIGURA 15 – UNIÃO POLITICA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3os-amizade-junto-
pessoas-3331216/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
A América Latina precisa organizar uma estratégia continental para proteger 
seus recursos, necessita “integrar para não entregar”, estabelecer pautas em co-
mum, unir investimentos em termos de pesquisa e aprimoramento tecnológico, 
além de fortalecer seu corpo e instrumentos militares. Tudo isso deve incorporar 
um projeto de médio a longo prazo; do contrário, seguiremos perecendo às lógi-
cas do capital internacional e sem condições de utilizarmos nossos recursos para 
a geração de divisas de nossos países e a amenização dos problemas sociais 
que nos aflige.
https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3os-amizade-junto-pessoas-3331216/
https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3os-amizade-junto-pessoas-3331216/
121
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
4 METOLOGIA E INOVAÇÃO NO 
ESTUDO DA GEOGRAFIA
A utilização de músicas, filmes e documentários para o ensino das diversas 
temáticas da geografia têm grande potencial para enriquecer as aulas e motivar 
os alunosa relacionarem os conteúdos da disciplina com as complexas trans-
formações espaciais, sociais, econômicas, tecnológicas e políticas que ocorrem 
atualmente, e assim se descreve as metodologias ativas em geografia.
A partir do entendimento de que a geografia é uma ciência 
que analisa o presente e a acumulação desigual de tempos, em que 
se verifica o espaço geográfico em movimento (SANTOS, 2004), é 
importante utilizar diversos instrumentos para envolver os alunos a 
compreenderem, se encantarem e aplicarem, no seu dia a dia, tal 
entendimento.
Cabe também ressaltar que quando os alunos saem da rotina das aulas ge-
ralmente expositivas e com recursos básicos, como o uso da lousa, e se deparam 
com novos recursos de aprendizagem, é gerada expectativa e abre-se um canal 
interessante para explorar o ensino da geografia, como planejamento de aula.
4.1 CONTEXTO PEDAGÓGICO
Nesse contexto, o ambiente pedagógico precisa ser um lugar que tenha a 
possibilidade de gerar fascinação e despertar a criatividade, para que o processo 
de aprendizagem ocorra com o uso dos sentidos, despertados por meio da mú-
sica, de filmes, documentários e, inclusive, fotos. Portanto, todo o conhecimento 
tem uma vinculação com os sentidos do corpo, que devem ser acompanhados da 
sensação de aprazimento.
122
Geografia da população
FIGURA 16 – ENSINO DA GEOGRAFIA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/ci%c3%aancia-mapa-palestra-
alunos-2947645/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Há outras linguagens que também podem ser utilizadas, como: as pinturas 
de séculos passados, que demonstram a passagem do tempo e a mudança das 
paisagens; o teatro, que é um meio de ensino que trata várias informações e habi-
lidades que interagem como recursos didáticos e pedagógicos; opções de ensino, 
como as cartas, contos, reportagens, entre outras produções textuais, para que os 
alunos tenham contato com aspectos artísticos e se sintam estimulados a conhe-
cer mais sobre essas expressões.
Geralmente, nas escolas brasileiras, ainda prevalece o ensino da geografia 
da forma tradicional no ensino fundamental e no ensino médio, o que reduz essa 
ciência a métodos como memorização, sem se referir às experiências sócio espa-
ciais e do próprio cotidiano do aluno.
Dessa forma, para que o interesse pelo conhecimento ocorra, é preciso que 
haja a relação do sujeito que está aprendendo com o seu objeto de conhecimento. 
Por isso, é fundamental o papel do professor como mediador da aprendizagem. 
Quando se remete às novas gerações e suas práticas ligadas às Tecnologias de 
Comunicação e Informação (TIC), as aulas centradas somente na lousa e no livro 
didático empobrecem a capacidade de instigar os alunos para o estudo da geo-
grafia.
Os professores devem utilizar outros instrumentos pedagógicos para tornar 
o ensino mais interessante e prazeroso, relacionando-os ao cotidiano dos alu-
nos. Assim, a utilização de recursos didático-pedagógicos, como músicas, filmes 
e documentários, permite trabalhar os conteúdos geográficos de maneira crítica e 
criativa. É visto que, nos dias atuais, há um crescente acesso aos vários tipos de 
https://pixabay.com/pt/photos/ci%c3%aancia-mapa-palestra-alunos-2947645/
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População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
mídias e tecnologias. Por isso, os professores não são as únicas fontes de infor-
mações para os alunos.
Eles buscam meios de adquirir conhecimento mais instigantes e ligados à 
sua forma de comunicação ligada às tecnologias da informação. Assim, é neces-
sário cada vez mais que os professores se integrem aos interesses e novas de-
mandas desses alunos. O professor é cada vez mais necessário para que realizar 
essa mediação, além da ligação a toda a profusão de informações que está à 
disposição, também tem o papel de selecionar aquelas que são cientificamente 
comprovadas e aquelas que não são e negam a ciência. Logo, os professores, 
no período atual, podem utilizar as várias mídias a favor do ambiente pedagógico, 
para despertar nos alunos o interesse, a curiosidade e o contentamento em estu-
dar geografia.
FIGURA 17 – ESTUDO DA GEOGRAFIA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/children-using-magnifying-glass-geography_13133017.
htm#query=geografia&position=6&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
A atividade lúdica é um extraordinário recurso pedagógico nas práticas de 
ensino, sobretudo quando usada a partir de um enfoque do cotidiano, e faz parte 
da importante área da geografia e da educação. No caso do uso da música no en-
sino da geografia, é possível tratar de uma gama enorme de assuntos abordados 
por essa ciência, como as questões geopolíticas, a violência urbana, as guerras, 
os conflitos raciais, a desigualdade social e econômica, a fome, a carência de in-
fraestruturas nas cidades, as belezas naturais dos variados biomas brasileiros, as 
questões de degradação do meio ambiente, o tema de imigração e da rica cultura 
brasileira, por exemplo.
Uma aplicação que pode ser interessante em aula é a literatura de cordel, 
que é um tipo de poema popular, oral ou impresso em folhetos, apresentados pen-
https://pixabay.com/pt/photos/inova%c3%a7%c3%a3o-o-neg%c3%b3cio-homem-de-negocios-561388/
https://www.freepik.com/free-photo/children-using-magnifying-glass-geography_13133017.htm#query=geografia&position=6&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/children-using-magnifying-glass-geography_13133017.htm#query=geografia&position=6&from_view=search
124
Geografia da população
durados em cordas. Nas aulas de geografia, pode ser usado para representar a 
cultura regional, principalmente do Nordeste, tratando de peculiaridades culturais 
e lendas da região, questões ambientais e sociais, dando mais subsídios para a 
geografia ser apreendida sob o aspecto cultural.
De acordo com Castro (2015), o Brasil é um país riquíssimo de extraordiná-
rios compositores, que inclusive produziram músicas com grande capacidade de 
representar temas da geografia. Alguns dos grandes nomes da cultura brasileira 
que compuseram músicas interessantes, sofisticadas e profundas sobre os mais 
diversos temas são:
• Cartola (1908–1980);
• Adoniran Barbosa (1910–1982);
• Luiz Gonzaga (1912–1989);
• Dorival Caymmi (1914–2008);
• Tom Zé (1936);
• Gilberto Gil (1942);
• Caetano Veloso (1942);
• Chico Buarque (1944);
• Aldir Blanc (1946–2020);
• Renato Russo (1960–1996);
• Marisa Monte (1967);
• Arnaldo Antunes (1960);
• Gonzaguinha (1945–1991);
• Chico Science (1966–1997).
Um exemplo é a música “Sampa”, de Caetano Veloso, que retrata as primei-
ras impressões dos migrantes nordestinos em São Paulo, tratando do seu cres-
cimento e da dinâmica populacional no Brasil, como as migrações. As músicas 
“Construção” e “Apesar de Você”, de Chico Buarque, também fazem alusão ao 
período da ditadura militar, como resistência a esse momento de perseguição e 
censura da história brasileira. Tais obras podem despertar o olhar dos alunos para 
os temas cantados e tratados em sala de aula.
Outros dispositivos que podem contribuir muito com o ensino da geografia 
sob uma perspectiva cultural são os filmes e documentários transmitidos pela tele-
125
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
visão. Há de se considerar que a sociedade brasileira tem grande influência da in-
formação transmitida pela televisão, objeto que está presente em quase todos os 
lares. Informar-se sob uma visão crítica é uma ação libertadora, mas que carece 
de ser filtrada para a análise que possa discernir a veracidade das informações, 
senão elas levam facilmente as pessoas à alienação.
Assim, o professor tem um papel crucial na tarefa de auxiliar os alunos a ge-
rirem da melhor forma as notícias que chegam a eles diariamente. Assim, a escola 
deve utilizar o recurso da mídia como parte da constituição do conhecimento e 
auxiliar na percepção dos alunos de que a geografia e os fenômenos espaciaisocorrem em seu dia a dia, tanto na sala de aula, como em todas as escalas da 
vivência humana.
Os filmes e documentário podem ser utilizados para análise, discussão e ati-
vidades que enriquecem grandemente o ensino dessa disciplina. Assim como na 
área da música, os documentaristas brasileiros também são excelentes e tratam 
de diversas temáticas de geografia. Assim, o ensino numa perspectiva cultural 
traz inúmeros benefícios, tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino 
médio. O uso de música, filmes e documentários aprofunda a análise e o entendi-
mento dos fenômenos espaciais, além de auxiliar na revisão de conteúdos já tra-
balhados e na preparação das próximas etapas de ensino pelas quais os alunos 
passarão. Tais usos estão de acordo com o período atual pelo qual a sociedade 
passa, com profundas e rápidas transformações.
Por conta disso, a geografia é uma ciência fundamental para analisar e com-
preender o espaço geográfico e as transformações humanas sobre o meio e, 
nesse contexto, não deve ser ensinada e estudada de forma inerte. Portanto, no 
período caracterizado pelo desenvolvimento veloz de técnicas, ciências e infor-
mação, é cada vez mais necessário aprender geografia para entender o mundo e 
as várias escalas em que incidem essas transformações, inclusive no lugar e no 
cotidiano dos alunos. Eles demandam motivação para que essa aprendizagem 
aconteça de forma proficiente.
Atualmente, há muitas formas de ensinar que estão ultrapas-
sadas. Por essa razão, trabalhar com diferentes linguagens no en-
sino de geografia pode mudar positivamente esse panorama. Sa-
be-se dos diversos problemas enfrentados pela educação brasileira 
hoje em dia, o que não se trata somente da qualidade das aulas, 
mas, também, da infraestrutura das escolas. 
126
Geografia da população
Cada caso deve ser avaliado e discutido entre professores e direção para 
encontrar a melhor solução. O livro didático ainda é uma ferramenta importante 
para direcionar e organizar os conteúdos, porém eles não podem ser somente 
o único recurso e nem mesmo são suficientes para aulas criativas, prazerosas e 
com a ativa participação dos alunos. Faz-se necessário o uso de metodologias 
diferenciadas para apreensão do conhecimento, “porém, ter domínio da técnica é 
tão importante como possuir o domínio do conteúdo”.
FIGURA 18 – METODOLOGIA
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/businessman-putting-wooden-
block-top-with-icons_5671192.htm#query=methodology&position=39&from_
view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Nessa perspectiva, a produção cultural é uma aliada fundamental do ensino 
escolar, que pode ser acompanhada da utilização de obras literárias, artes plás-
ticas, filmes e documentários, peças teatrais, fotos, imagens, cartuns, etc. A es-
cola também tem o papel de estimular e socializar o conhecimento das variadas 
formas de expressão cultural, guiando e provendo meios para análise crítica da 
realidade.
Cabe ressaltar que a utilização de músicas, filmes e/ou documentários em 
aula deve ter relação direta com determinado assunto, e não ser uma simples 
sessão de cinema. Essa atividade demanda planejamento e requer que os profes-
sores assistam ao vídeo antes de trabalhá-lo com os alunos. Desse jeito, podem 
ser selecionadas as partes mais importantes para o tema trabalhado, além da 
importante observação do conteúdo e se ele é adequado para a faixa etária do 
público. Deve-se ter muito claro o que se objetiva com a apresentação do filme/
documentário ou da música e a sua função na aula.
https://pixabay.com/pt/illustrations/livro-cachorro-contos-de-fadas-794978/
https://www.freepik.com/premium-photo/businessman-putting-wooden-block-top-with-icons_5671192.htm#query=methodology&position=39&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/businessman-putting-wooden-block-top-with-icons_5671192.htm#query=methodology&position=39&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/businessman-putting-wooden-block-top-with-icons_5671192.htm#query=methodology&position=39&from_view=search
127
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
Após a reprodução do recurso escolhido, é interessante propor discussões 
sobre os assuntos tratados em sala de aula. Tais meios conduzem ao estudo da 
geografia como uma atividade prazerosa e reflexiva a respeito dos vários temas 
que podem ser explorados.
Por meio da percepção que os alunos têm do meio em que vivem, é possí-
vel que os conteúdos da geografia possam ser trabalhados de maneira dialogada 
e interativa, com trocas de experiência, possibilitando que os limites da escola 
sejam extrapolados. O objetivo disso é que os alunos se tornem capazes de ad-
quirir uma postura crítica em relação aos fenômenos naturais, científicos e sociais 
(CASTRO, 2015).
As influências culturais dos diferentes povos africanos na cultura brasileira 
atual são muitas, como na alimentação, em diversos ingredientes e alimentos que 
fazem parte de nossa cultura, como o acarajé, o vatapá, o uso de pimentas e 
óleos. O idioma que falamos também têm muitas palavras de origem africana, 
como “cafuné”, que significa coçar a cabeça de alguém, “quitute”, comida refinada 
ou petisco, “cochilo”, que significa sono leve e breve, “ginga”, que é o movimento 
corporal, e “xará”, aquelas pessoas que têm o mesmo nome.
Cabe destacar que o uso da música também expõe a musicalidade africana 
que influencia os diferentes ritmos musicais e as danças no Brasil, resultado da 
presença africana aqui, como o samba, o maracatu, o lundu e a congada. Os 
instrumentos musicais, como o atabaque, a cuíca e o berimbau, são também bas-
tante usados no Brasil e de origem africana. Essa atividade promove que os alu-
nos identifiquem a presença de algumas palavras de origem africana e de ritmos 
musicais, como o samba, em seu cotidiano. Assim, diversos outros elementos que 
que constituem o espaço geográfico podem ser mencionados por eles, envolven-
do-os na temática e trazendo a curiosidade e o prazer em aprender conteúdos da 
ciência geográfica.
Assim, os recursos didáticos têm relevância para a participação do estudante 
na construção do conhecimento e para definir o seu papel como sujeito transfor-
mador do espaço, explorando sua criticidade e percepção sobre a sociedade e 
o espaço. O uso de diferentes recursos culturais no ensino de geografia permite 
explorar músicas e filmes que complementam o livro didático e tornam as aulas 
mais estimulantes. Logo, ensinar geografia usando linguagens e recursos diver-
sos exige do professor e da escola competências para mediar esses processos, 
além das atividades derivadas desse uso, para que tenham extrema relevância 
que possibilite aos alunos a construir estratégias de conhecimento durante o per-
curso de ensino.
Além disso, é preciso considerar que as novas tecnologias estão presentes 
no modo de vida dos alunos e da sociedade contemporânea. Dessa maneira, as 
estratégias de ensino baseadas em vídeos e músicas tendem a atrair a atenção 
128
Geografia da população
dos alunos. Portanto, o ensino precisa relacionar-se à busca de novas formas de 
aprendizagem, que tornam a sala de aula um ambiente de interação e conheci-
mento.
4.2 PAPEL DO PROFESSOR
E qual é o papel do professor, você já pensou nisso? A escola tem posto de 
lado a geografia tradicional e se associado à geografia crítica. Nessa transição, 
o aluno deixa de ser simples receptor de temas (relevo, clima, vegetação, hidro-
grafia, densidade demográfica, localização, etc.) e passa a entender como cada 
elemento age sob influência da ação humana, ou seja, passa a compreender as 
relações do homem com o seu espaço geográfico e todos os elementos existen-
tes nele. Essas relações envolvem não apenas as associações entre o homem e 
a natureza, mas também os vínculos do homem com as sociedades no tempo e 
no espaço.
FIGURA 19 – PROFESSOR
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/portrait-smiling-school-teacher-
holding-books-classroom_6629339.htm#query=teacher&position=11&from_view=search>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Como você sabe, o bom professor não é simplesmente aquele que ensina, 
mas aquele que ajuda os alunos a aprenderem. Portanto, o papel do docente não 
é o de reproduzir, mas o de produzir conhecimento. O professor deve saber que 
o educando não é um depósito vazio que recebe o conteúdo externo: o aluno é 
um indivíduo que pertence à sua comunidade e que têm uma história de vida que 
deve ser levada em consideração no processo de ensino e aprendizagem. Além 
https://pixabay.com/pt/illustrations/estudante-de-faculdade-professor-2052868/
https://www.freepik.com/premium-photo/portrait-smiling-school-teacher-holding-books-classroom_6629339.htm#query=teacher&position=11&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/portrait-smiling-school-teacher-holding-books-classroom_6629339.htm#query=teacher&position=11&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/portrait-smiling-school-teacher-holding-books-classroom_6629339.htm#query=teacher&position=11&from_view=search
129
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
disso, o aluno é um ser pensante e com capacidade de assimilar, reelaborar, criar 
e reconstruir o saber.
Antes mesmo de a geografia ser considerada uma ciência, em meados do 
século XIX, já existiam professores de geografia. As aulas eram ministradas para 
crianças, adolescentes e adultos e contavam com a ajuda de manuais que esque-
matizavam um saber prático que servia para viagens, comércio e guerra. A insti-
tucionalização da geografia deveu-se precisamente à necessidade de formar um 
grande número de professores para o sistema escolar em crescimento no século 
XIX (CASTRO, 2015).
Historicamente, no Brasil, a educação formal caracterizou-se 
pelo privilégio da elite em detrimento das classes mais populares. 
Isso ocorreu desde D. João VI, persistindo por todo o período im-
perial, primeiramente com a criação dos colégios jesuíticos e poste-
riormente com a criação dos cursos superiores. 
Em um território onde quase todos eram analfabetos, quem tinha formação 
era privilegiado. Essa configuração do ensino deu origem, no século XXI, a um 
sistema educacional deficiente se comparado ao de muitos países.
De acordo com Castro (2015), o Programa Internacional de Avaliação de Es-
tudantes (Programme for International Student Assessment — Pisa) analisou a 
educação em 70 países, a posição do Brasil não é nada animadora. Com base no 
resultado dos mais de 23 mil estudantes brasileiros avaliados em todo o território 
nacional, tanto dos estabelecimentos de ensino públicos como dos particulares, o 
Brasil ocupa o 59º lugar em leitura, 63º em ciências e 65º em matemática.
O Pisa é uma iniciativa de avaliação comparada, aplicada de 
forma amostral a estudantes matriculados a partir do 7º ano do 
ensino fundamental na faixa etária dos 15 anos, idade em que 
se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na 
maioria dos países. O programa é coordenado pela Organiza-
ção para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 
com o apoio de uma coordenação nacional em cada país par-
ticipante. No Brasil, a coordenação do Pisa é responsabilida-
de do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (Inep) (CASTRO, 2015, p. 89).
130
Geografia da população
É muito grande a distância entre o que seria ideal e o que é a realidade brasi-
leira. Entre os problemas nacionais, estão a baixa remuneração dos professores, 
o elevado número de aulas por semana que muitos profissionais da educação 
precisam dar, o excesso de alunos em sala de aula, além da falta de equipamen-
tos como vídeos, projetores multimídia, laboratórios e, em alguns casos, quadro e 
giz (CASTRO, 2015).
Diante de tantos problemas e desafios, quais são as perspectivas para a me-
lhoria da qualidade do ensino no Brasil? É necessário considerar, segundo Castro 
(2015), que a educação é parte da sociedade e sofre a influência de diversos pro-
cessos socioeconômicos, políticos e culturais.
A educação no Brasil é o que é, pelo menos em parte, em virtude de nossa 
cultura no sentido amplo do termo: valores, hábitos, conceitos ou preconceitos ar-
raigados, características das famílias, das relações de amizade e de parentesco, 
como meio de comunicação para expressar sua pratica dentro dos parâmetros 
educacionais e humanos, através de leitura e discussão sobre os temas abor-
dados durante o percurso educacional : muitos pais de alunos que reclamam e 
querem o tradicional, porque julgam que com isso os seus filhos terão uma maior 
chance nos vestibulares; alguns diretores de escolas que detestam qualquer novo 
procedimento que saia da rotina preestabelecida; a pressão de muitos alunos (que 
não querem estudar de fato e preferem o comodismo das aulas expositivas e dos 
questionários nos quais se copiam as respostas); e até mesmo de alguns colegas, 
professores de diversas disciplinas que se sentem ameaçados por alguém que se 
esforça para melhorar e, dessa forma, deixa implícito para quem sabe refletir a 
fragilidade das aulas repetitivas e não criativas (COSTA, 2012, p.52).
FIGURA 20 – CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/vectors/abstract-fundo-
crian%c3%a7as-1264071/>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
https://pixabay.com/pt/vectors/abstract-fundo-crian%c3%a7as-1264071/
https://pixabay.com/pt/vectors/abstract-fundo-crian%c3%a7as-1264071/
131
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
Descreva como o professor de geografia deve interpretar 
seus alunos e seus conhecimentos.
Esses são casos que podem ser superados se houver professores dispostos 
e escolas abertas e flexíveis que saibam superar as pressões que tentam manter 
o conservadorismo da escola tradicional. Nesse contexto, ensinar geografia não é 
uma tarefa fácil. A disciplina integra as ciências humanas, que, dependendo dos 
Parâmetros Nacionais Curriculares (PNC), têm sua carga horária reduzida, o que 
acaba gerando um corte nos conteúdos necessários para a formação do aluno 
cidadão. Considere o seguinte: acabar com a geografia é tão tentador, que por 
várias razões os conceitos das outras disciplinas são melhor estabelecidos e mais 
presentes no discurso social. 
Com os novos programas, o risco de escamotear a aprendi-
zagem em sala de aula dos raciocínios geográficos é ainda 
maior. Mesmo que o ajustamento de uma nova tentativa es-
barre em dificuldades epistemológicas reais, afirmar posições 
progressistas e recusar estudar geografia é ignorar que ela é 
fundamentalmente um saber estratégico, parte importante do 
exercício dos poderes (COSTA, 2012, p. 47).
Cabe ao professor de geografia estimular o raciocínio do aluno sobre o espa-
ço por meio da história ou da economia política marxista. Dessa forma, o estudan-
te pode se situar politicamente em relação às classes sociais e à nação.
É necessário levar os alunos a pensar, por exemplo, como o estabelecimento 
de uma empresa pode influenciar um espaço, seja um bairro ou uma cidade. Além 
disso, os estudantes devem conhecer as forças políticas, econômicas e sociais 
que agem sobre cada território. Eles precisam saber o que é desenvolvimento, 
subdesenvolvimento e imperialismo, bem como estar cientes das suas relações 
com os diferentes espaços geográficos. Não entender esses conceitos e suas re-
lações com o espaço pode causar erros de análise graves (CASTRO, 2015). Os 
PCN são diretrizes organizadas pelo Governo Federal com a função de orientar 
os educadores no sistema educacional.
De natureza aberta e caráter flexível, os PCN orientam os educadores nas 
decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação 
da realidade educacional. Seu modelo curricular não é homogêneo e sua posição 
não é imposta à competência político-executiva dos estados e municípios, pois 
132
Geografia da população
há respeito à autonomia dessas instâncias, bem como à diversidade sociocultural 
das diferentes regiões do país e ao trabalho de professorese equipes pedagógi-
cas (CASTRO, 2015).
Desta maneira, podemos dizer que existem omissões no Brasil em relação a 
forma de atuar como docente. Arendt (2017, p. 78-79),
em suas pesquisas sobre a atuação dos professores de ge-
ografia em sala de aula, observou uma relativa ausência do 
professor enquanto sujeito condutor do processo pedagógico: 
O professor está mais para um gerente burocrata que evita, às 
vezes sem conseguir, o excesso de barulho, do que alguém 
que instaura o que considero fundamental: o conflito, a tensão 
cognitiva entre ele e os alunos; tensão entre o modo de pensar 
o “antes” e o “depois” da explanação do professor. Raras ve-
zes, lembro de um professor dar uma aula, fazer uma explana-
ção, conduzir uma linha de raciocínio. Por cerca de 30 minutos 
que seja. Sim, houve muitos momentos em que o professor co-
ordenou o processo, deu informações, solicitou tarefas. Não se 
trata de dizer que os professores não cumprem suas tarefas.
Ainda sobre aos problemas relativos à docência, o autor complementa:
A hipótese que levanto é que estas “tarefas de professor” es-
tão muito rebaixadas, estão muito ligadas ao comportamental 
e cada vez menos ao cognitivo, ao intelectual. Não sei se no 
passado recente — décadas de 60 e 70 — era diferente, e não 
quero idealizar uma escola do passado que nunca houve, mas 
me parece inequívoco que, a partir do final da década de 70, as 
escolas públicas começaram a perder qualidade com mais for-
ça. A intenção não é comparar o ontem e o hoje, mas constatar 
que as escolas têm se contentado em realizar um trabalho que 
está mais para o burocrático do que para o reflexivo (ARENDT, 
2014 p. 85).
O professor não deve simplesmente repassar um conteúdo pronto, mas estar 
preparado para explicar por que certos acontecimentos ocorrem e para relacio-
ná-los ao contexto do Planeta, da Nação, dos estados e das regiões. O educador 
deve saber representar no mapa os espaços vividos: onde e por que aí? Deve en-
tender também a respeito da noção de localização: “De fato, é importante enten-
der que, hoje, as práticas espaciais, isto é, os gestos, os atos, as trocas de nossa 
vida social, para serem executadas, desenrolam-se em lugares específicos e não 
se limitam ao que é imediatamente visível [...]” (ARENDT, 2014, p. 96).
Você deve notar que não existe um programa ideal, um método geográfico 
pronto. Cabe ao bom professor a tarefa de se concentrar em pesquisas e experi-
ências relacionadas ao campo geográfico, de forma a construir com o educando o 
conhecimento necessário para que ele atue como cidadão consciente na socieda-
133
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
de. A seguir, você vai conhecer algumas propostas didáticas de atuação docente 
que vão contribuir para a sua formação como professor de geografia.
Como você sabe, o mundo está em constante mudança e os processos de 
transformação obrigam as áreas do conhecimento a um movimento constante de 
renovação. Esse movimento representa a atualização e a renovação de ideias, 
que só podem ocorrer se houver uma reflexão crítica de modo a avançar em no-
vos conhecimentos.
Refletir é pensar o espaço geográfico e as suas relações no âmbito social, 
histórico e natural por meio de uma dimensão fenomenológica. Nesse sentido, os 
processos de formação dos espaços e as suas múltiplas relações podem ou não 
se alterar.
Segundo Costa (2012, p. 41),
[...] a ciência geográfica tem como tarefas a compreen-
são explicitamente reproduzida da realidade e o questio-
namento sobre o modo pelo qual a análise espacial pode 
contribuir para o entendimento do mundo e seu processo 
de transformação, recriando constantemente a necessi-
dade de se repensar o papel explicativo da geografia.
Estudar os aspectos físicos do planeta Terra continua sendo 
muito importante. As formas de relevo terrestre, como os com-
ponentes da litosfera, são indispensáveis para a adequação 
dos métodos de organização geográfica das sociedades hu-
manas. Porém, a Terra tem sofrido graves alterações nas suas 
características físicas e biológicas, devido principalmente à in-
terferência humana.
De acordo com Costa (2012), o ser humano passou a alterar significativa-
mente o meio ambiente a partir da Primeira Revolução Industrial (século XVIII). 
Os problemas causados por essas alterações só começaram a ser debatidos a 
partir da década de 1970 e mais intensamente nos anos 1990. Como você sabe, 
a interferência humana sobre o meio ambiente afeta os ecossistemas como um 
todo, pois o homem, na busca desenfreada por capital, altera o relevo e, conse-
quentemente, o clima do planeta. Além disso, polui as águas superficiais e subter-
râneas, os oceanos e o solo, devastando a flora e a fauna.
Em meio a tudo isso, como os alunos podem obter os conhecimentos neces-
sários para compreender as transformações da superfície da Terra e dos ecos-
sistemas se os conteúdos forem trabalhados de forma isolada? Hoje, não é vi-
ável estudar isoladamente os fenômenos, separando-os no tempo e no espaço. 
É preciso trabalhar na complexidade, com temas variados relativos a um mesmo 
problema. Ou seja, os problemas do planeta não podem ser resolvidos de modo 
unilateral por ramos isolados das ciências, nem mesmo por um só país ou conti-
134
Geografia da população
nente, pois o ambiente é planetário. Não se pode estudar o clima, o solo, os recur-
sos hídricos e as florestas sem deixar de mencionar, por exemplo, a industrializa-
ção, o crescimento da população mundial, os impactos sociais e econômicos, os 
países ricos e os pobres.
A visão individualista em relação às diversas áreas do conhecimento deu ori-
gem a códigos de linguagem, teorias e procedimentos específicos em cada área, 
fortalecendo as barreiras existentes entre as especialidades, o que não é positivo. 
Segundo Costa (2012, p. 47), “[...] as questões relativas ao meio ambiente, do 
passado e do presente, demandam uma reorganização da divisão do trabalho 
científico que se reflete, por exemplo, na atual preocupação com aproximações 
inter-transmulti-ou-a-disciplinares [...]”.
Assim, vale a pena insistir na abordagem sobre a formação e as transforma-
ções físicas do planeta, considerando as várias áreas do conhecimento, como a 
geologia, a biologia, a física e a química, juntamente à economia, à sociologia, à 
história, etc. Você deve ter em mente que os processos ocorrem em escalas que 
vão do global ao local, acontecendo em intervalos de tempo distintos e em dife-
rentes espaços. Os temas podem variar desde o movimento das placas tectônicas 
até a erosão e a poluição do solo e das águas como consequência da atividade 
econômica e social do homem.
A geografia escolar encontra-se hoje em uma dinâmica dialé-
tica. De um lado, está a realidade da escola e da sala de aula. De 
outro, a necessidade de inovar o ensino e a aprendizagem confor-
me as transformações históricas no campo geográfico na academia 
e as ações governamentais expressas pelos PCN e pelas avalia-
ções impostas aos professores e alunos. Além disso, há o embate 
entre escola pública e privada. 
Nesse contexto, existem diversas ações e orientações das instituições cen-
trais ligadas à política educacional no Brasil (COSTA, 2012). Considerando tudo 
isso, o professor pode se questionar: que caminho devo seguir para que os alunos 
de diferentes níveis de ensino entendam o espaço geográfico de modo a expandir 
a sua visão de mundo, compreendendo as relações entre as sociedades em um 
ambiente globalizado? De que modo a globalização interfere no espaço geográ-
135
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
fico do professor e do aluno? Como integrar os fenômenos que ocorrem global-
mente a uma escala local?
O objetivo principal da escola, seja particular ou pública, não é simplesmente 
formar profissionais para o mercado de trabalho, mas formar jovens de personali-
dade criativa e crítica, que ajam de forma reflexiva com base no que aprenderam 
e na realidade do seu espaço.O docente de geografia precisa dominar o método para que o estudante pos-
sa construir o conhecimento geográfico. É preciso propor atividades que desen-
volvam o raciocínio geográfico. O professor pode iniciar abordando as condições 
de existência do próprio aluno e de seus familiares. Assim, o aluno aprende a 
analisar o espaço a partir da própria vivência e pode expandir a sua visão sobre 
os diferentes espaços.
. A competência do professor alicerçada apenas no conhecimento acadêmi-
co é algo superado, pois ele precisa ir além, necessita de outras competências. 
Segundo Arendt (2014, p. 58), o educador precisa de “[...] conhecimentos na área 
de psicologia de aprendizagem, de psicologia social, da história da educação, da 
história da disciplina geográfica, de linguagens e métodos a serem utilizados em 
sala de aula [...]”.
Os conhecimentos adquiridos no ambiente acadêmico, seja em pesquisas de 
campo, bibliografias ou junto aos professores universitários, devem servir como 
instrumento teórico a ser reelaborado, recriado e transformado em saber escolar. 
Os caminhos que o professor de geografia escolhe para ministrar suas aulas são 
selecionados num universo de conhecimentos adquiridos na universidade. Para 
isso, o docente considera a própria estrutura da disciplina, a realidade e a essên-
cia dos alunos, sua faixa etária, a classe social a que pertencem, além das suas 
condições culturais e econômicas (COSTA, 2012).
O bom professor de geografia precisa conhecer diferentes fontes que lhe au-
xiliarão e lhe darão suporte científico. Ele pode utilizar pesquisas empíricas, in-
ventários, vídeos, além dos convencionais mapas, cartas geográficas, gráficos e 
tabelas. Também pode se valer de ferramentas mais atuais, como o sensoriamen-
to remoto e os recursos oferecidos na era digital. A utilização desses recursos, 
além de obras literárias, fotografias, cinema, etc., auxilia os alunos a compreen-
derem e a serem críticos em relação à produção do espaço (CASTRO, 2015). O 
professor também deve compreender a escala em que está produzindo a geogra-
fia com seus alunos: local, regional, nacional ou internacional. Afinal, é necessário 
considerar a existência de sociedades desiguais econômica e socialmente (COS-
TA, 2012).
Segundo Castro (2015, p. 102), “[...] o estudo de qualquer parte da realidade 
não deve se restringir aos seus limites, mas estar inserido no interior de um con-
136
Geografia da população
texto maior, que é o social, político, econômico e espacial [...]”. Outra proposta 
didática diz respeito à interdisciplinaridade, que requer uma alteração nas formas 
tradicionais de ensinar geografia, aproximando os seus temas e conteúdos aos 
das demais disciplinas escolares.
A interação entre as disciplinas como história, literatura, matemática, biolo-
gia, química, entre outras, amplia a visão sobre o espaço geográfico e permite um 
melhor entendimento da ciência geográfica como disciplina (COSTA, 2012).
Como você pode notar, o professor de geografia escolar tem a importante 
tarefa de auxiliar seus alunos na compreensão do espaço geográfico. O trabalho 
pedagógico deve ensinar e conscientizar o aluno a respeito de suas responsabi-
lidades e de seus direitos, mesmo havendo tantas diferenças e injustiças sociais. 
Conscientizar o aluno é auxiliá-lo e entender o seu papel de cidadão na sociedade 
atual, permitindo a ele assumir posições diante dos problemas que enfrenta e en-
frentará em qualquer ambiente de que participe (familiar, escolar, laboral, institu-
cional).
FIGURA 21 – IMPORTÂNCIA DO ENSINO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/top-view-assortment-still-life-friendship-
day-elements_14311728.htm>. Acesso em: 06 de agosto de 2022.
Cabe ao professor dominar as técnicas e selecionar o que realmente serve 
de alicerce para a boa formação do educando. Leituras importantes para a atua-
ção no espaço geográfico. A geografia tem o importante papel de ensinar o edu-
cando a refletir sobre a sociedade e as relações que desenvolve com o espaço 
geográfico em que vive. Atualmente, é o viés da geografia crítica que permite a 
reflexão sobre as modificações que ocorrem no espaço geográfico devido à ação 
humana. Uma das formas de compreender essas modificações é por meio do 
https://pixabay.com/pt/vectors/vetor-apartamento-livro-estudar-1697029/
137
População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
conceito de território, pensado em diferentes abordagens, como espaço natural, 
social, cultural, econômico e político.
As modificações podem ser de caráter político, por exemplo. Assim, estudar 
os movimentos políticos, as ações democráticas e as ditatoriais de diferentes es-
paços auxilia no entendimento das ações políticas dentro do território nacional e 
na compreensão dos eventos geopolíticos que ocorrem local e globalmente.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Sendo assim, os estudos voltados à ecologia e aos recursos naturais são 
diversos, mas principalmente focados no entendimento ecológico básico; ou seja, 
de como funciona a relação entre os seres vivos e entre esses e o seu meio, vi-
sando aplicar esse conhecimento nas mais vastas áreas, como: ao monitoramen-
to ambiental; à compreensão de como restaurar ambientes alterados, um serviço 
essencial diante da alteração ambiental vislumbrada na atualidade; ou mesmo ao 
estudo da dinâmica das populações, tendo em vista sua preservação e sua con-
servação e sua utilização. O entendimento das condições naturais pode, inclusi-
ve, auxiliar na tomada de decisões quanto à melhor forma de gestão, manejo e/ou 
utilização dos recursos naturais.
Ainda, afirmaram que os dados oriundos da ecologia de paisagem são rele-
vantes subsídios para a tomada de decisões aplicada à gestão e ao planejamento 
de territórios e de unidades de conservação, como no caso da área de proteção 
ambiental Coqueiral.
Dessa forma, podemos perceber que o estudo ecológico da população de 
quelônios auxiliou no entendimento e na manutenção da disponibilidade desse 
recurso, essencial, como fonte de renda, para essas populações local.
Por estarem intrinsecamente ligados a um território, os recursos naturais são 
foco de disputas entre os países do mundo. Os confrontos envolvem diferentes 
ideologias e perspectivas. Um país de poder no cenário mundial, que detenha em 
demasia um determinado recurso, se dedicará a controlar o mercado global para 
dominar seu preço e negociações. Pode agir de forma direta ou indireta, por meio 
de companhias multinacionais ou agrupamentos regionais, concentrando e orga-
nizando suas estratégias de domínio. Mesmo aqueles países que recuperaram 
suas matérias-primas após muito tempo de colonização, por meio da independên-
cia e da nacionalização de seus recursos, precisam se articular para fazer frente 
a essas questões.
138
Geografia da população
A música também é uma linguagem alternativa no processo de ensino-apren-
dizagem da geografia, por meio de interpretação das letras das músicas, em con-
textos em que podem ser utilizados diferentes gêneros. Além disso, a música é de 
fácil alcance, boa aceitação e identificação pelos alunos, que pode ilustrar ou re-
forçar conteúdos, discussões e debates a respeito de vários temas, promovendo 
um ambiente mais descontraído, que estimule os alunos a exporem suas ideias 
sobre os assuntos.
Na geografia, vários materiais devem ser utilizados para dar suporte metodo-
lógico e didático às aulas. O uso de algumas ferramentas no ensino também é ne-
cessário para subsidiar o docente no momento de ensinar, permitindo exemplifica-
ções e oferecendo apoio na práxis pedagógica. Alguns recursos e materiais ainda 
possibilitam que o aluno compreenda mais facilmente os conteúdos. Nas aulas de 
geografia, é comum que o professor utilize mapas, imagens e figuras, bem como 
o globo terrestre, desenhos e até o corpo humano para exemplificar diversas si-
tuações, conteúdos e temas. Isso facilita a compreensão do aluno e melhora as 
maneiras de representar o conteúdo. Contudo, os usos de outrosrecursos e de 
algumas tecnologias possibilitaram novas formas de ensinar, criando exigências 
diversas no processo de ensino e aprendizagem.
A elaboração de materiais didáticos e ferramentas específicas de ensino, ou 
o uso de recursos inovadores no ambiente escolar, pode contribuir para a inclusão 
e para um processo de aprendizagem significativa. No caso da geografia, a cons-
trução de práticas de representação espacial e o apoio à leitura e à compreensão 
dos fenômenos existentes na superfície terrestre devem ser trabalhados de dife-
rentes maneiras para permitir o envolvimento de todos.
Tais práticas, contudo, devem ser subsidiadas por um amplo processo de 
planejamento, de modo que os objetivos de aprendizagem norteiem a construção 
da prática pedagógica.
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População E Recursos NaturaisPopulação E Recursos NaturaisCapítulo 3
1. A economia sustentável valora o recurso natural de acordo com a 
disponibilidade dos indivíduos de visitar determinado parque, reserva, 
etc., considerando gastos com deslocamento, tempo de viagem, en-
trada e fatores socioeconômicos. Geralmente, é realizado por meio de 
questionários com os visitantes, estimando-se o valor de determinado 
recurso natural. Disserte sobre o que é ecologia.
2. Há um novo paradigma para a qualidade de um produto, com base 
no rastreamento de seu ciclo de vida e no quanto ele permite sua reu-
tilização como matéria-prima para novas linhas de produções ao seu 
término. Disserte sobre o que é manejo em geografia e ecologia.
3. A geografia teórica não teve repercussão direta no ensino dos pri-
meiros anos como por exemplo no fundamental ou no médio, pois 
existem inúmeras políticas educacionais que interferem na realidade 
vivida seja pelos professores ou alunos, que podem contribuir para a 
dinâmica dos estudos. Qual o papel do docente de geografia? 
140
Geografia da população
REFERÊNCIAS
ARENDT, H. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo e 
totalitarismo. São Paulo: Companhia de bolso, 2012.
BECKER, Howard S: Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Ed. Jorge 
Zahar, Rio de Janeiro, 2000.
CASTRO, T. Geopolítica: princípios, meios e fins. Rio de Janeiro: Biblioteca do 
Exército, 2015
COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discursos sobre o território e o 
poder. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2012.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São 
Paulo: EDUSP, 2004.
	APRESENTAÇÃO
	CAPÍTULO 1
	BASES TEÓRICAS E CONCEITUAIS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 
	CAPÍTULO 2
	MÉTODOS E TÉCNICAS EM ESTUDOS POPULACIONAIS
	CAPÍTULO 3
	POPULAÇÃO E RECURSOS NATURAIS
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