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As Legislações Sociais para: os Idosos; Pessoas com Deficiência e População em Situação de Rua Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Sarah Tavares Cortês 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário As Legislações Sociais para: os Idosos; Pessoas com Deficiência e População em Situação de Rua Para início de conversa… ................................................................... 04 Objetivos ........................................................................................... 05 1. Os Direitos das Pessoas com Deficiência .................................. 06 2. Os Direitos dos Idosos ........................................................... 09 3. A População em Situação de Rua ............................................ 13 Referências ........................................................................................ 19 Para início de conversa… As legislações sociais para idosos, pessoa com deficiência e população em situação de rua são conquistas recentes que ainda requerem lutas diárias para a efetivação. São direcionamentos para que essas pessoas participem ativamente na sociedade, garantindo direitos e ocasionando autonomia para lidar com as questões do seu cotidiano. Assim, neste capítulo, conheceremos legislações centrais na representação do direito para esses públicos, os quais detêm necessidades sociais específicas, contextualizadas nas particularidades da sua condição física, psíquica, estrutural e familiar. As legislações sociais específicas existem para dar visibilidade e representatividade às demandas e necessidades sociais de segmentos populacionais importantes e, muitas vezes, historicamente renegados e excluídos da atenção do Poder Público. 4 Direito e Legislação Social Objetivos ▪ Conhecer os Direitos das Pessoas com Deficiência; ▪ Conhecer os Direitos dos Idosos; ▪ Conhecer as legislações sociais para a população em situação de rua. 1. Os Direitos das Pessoas com Deficiência As pessoas com deficiência encontraram ao longo da trajetória histórica das civilizações até o século XX o lugar do abandono e inutilidade, sendo consideradas incapazes e sem grandes expectativas de vida, excluídas do convívio social e tratadas de forma desumana. Após uma longa jornada histórica, a visão sobre a pessoa com deficiência encontra hoje novo paradigma, uma vez que a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeiro tratado internacional incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro sob o procedimento do parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, inaugura figura jurídica inédita na legislação brasileira, consolidando-se como primeiro tratado internacional com força de norma constitucional (DICHER; TREVISAM, 2019). Em 24 de outubro de 1989, foi aprovada a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, “conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência” (educação, saúde, previdência social, assistência social, cultura, habitação, transporte, entre outros) (BRASIL, 1999). A Política de integração representa o início da conquista de direitos para as pessoas com deficiência, sendo o marco inicial na regulamentação de direitos. Anterior a esse instrumento normativo, o atendimento às pessoas com deficiência, especialmente na área da saúde e educação, era prestado por instituições filantrópicas ligadas à religião e à caridade. São princípios dessa política o desenvolvimento de ações entre Estado e sociedade civil; mecanismos que assegurem o exercício de direitos; respeito e igualdade de oportunidades. Outro destaque dessa legislação foi instituir o Conselho Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), responsável por zelar, acompanhar e fiscalizar as políticas destinadas às pessoas com deficiência. (BRASIL, 1999). 6 Direito e Legislação Social É interessante frisar que o decreto sofreu diversas alterações para adequação quanto a conceitos e direitos conquistados com o passar dos anos. Algumas pessoas consideram confuso compreender as mudanças, principalmente em terminologias que se referem às pessoas com deficiência. Por isso, traremos a seguir algumas informações extras para você ficar por dentro. QUAL O TERMO CORRETO? Pessoas com Deficiência. A pessoa está à frente da deficiência, valoriza-se primeiramente o ser humano, a pessoa, prioridade acima das suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, sem desconsiderar essas condições. (SILVA, 2019) TERMINOLOGIAS SUPERADAS: O termo “portadoras de deficiência” ou “portadoras de necessidades especiais”, utilizado principalmente na década de 1980, já não representa a identidade desse grupo. “Portadores” implica algo que se “porta”, que se “carrega”, transmitindo a ideia de ser algo possível se desfazer facilmente, de transitividade ou temporalidade, como portador de uma doença. Além disso, nota-se que a deficiência passa a ser “a marca” principal da pessoa, em detrimento de sua condição humana. (SILVA, 2019) “Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo ‘especiais’ e sua derivação ‘pessoas com necessidades especiais’. [...] Essa terminologia veio na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar” (SILVA, 2019, n.p). TERMINOLOGIAS PRECONCEITUOSAS: Alguns termos depreciativos ou que remetem a características das restrições que desvalorizam as potencialidades da pessoa com deficiência: · Inválidos; · Incapacitados; · Aleijado; · Impedidos; · Especiais; · Excepcionais. Curiosidade 7Direito e Legislação Social O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi aprovado em 06 de julho de 2015, lei de nº 13.146. Esta lei amplia a inclusão social em diversos espaços e políticas sociais, reforçando espaços já conquistados com a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. E combate expressamente todo tipo de discriminação. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL 2015). O art. 28 do estatuto garante que cabe ao poder público “assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar” o sistema educacional e garantir o acesso e permanência de pessoas com deficiência em escolas, cursos profissionalizantes e curso superior. (BRASIL, 2015). É importante ressaltar que o processo educacional das PcD passa a ser compreendido dentro das escolas regulares, não mais em escolas específicas, porém com garantias de meios e instrumentos de adaptação do processo de ensino aprendizagem para esse público. (BRASIL, 2015). Com relação a emprego e renda, são reservadas vagas em empresas “proporcionalmente ao número de empregados: 2% até 200 empregados, 3% de 201 a 500, 4% de 501 a 1.000 e 5% de 1.001 em diante. Concursos públicos, é destinado 20% das vagas ofertadas”. (SIMÕES, 2010, p. 355). Você lembra queestudamos a questão do Benefício de Prestação Continuada? Este benefício da Assistência Social é destinado a atender também pessoas com deficiência. Nesse caso, deve atender aos critérios estabelecidos pela legislação quanto ao perfil familiar de renda. Algumas deficiências são inclusas no BPC – tetraplegia, paraplegia e hemiplegia, cegueira total, surdez total, distúrbio psicomotor grave e irreversível, deficiências ou doenças que impeçam o trabalho ou exija permanência contínua, no leito; grande lesão, com perda de membros e impossibilidade de prótese; deficiência mental, com grave perturbação da vida orgânica e social e alteração das faculdades 8 Direito e Legislação Social mentais, com grave perturbação orgânica e social; ou outras perturbações que inviabilizam a vida independente (SIMÕES, 2010, p. 357). A partir do estatuto, foi criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão). Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferenciadas que permitam a identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das barreiras que impedem a realização de seus direitos. (BRASIL, 2015. p. 45). Esse cadastro possibilita, além da atualização do perfil do público, a criação de políticas públicas com base nas informações cadastradas pelas pessoas com deficiência. 2. Os Direitos dos Idosos Os direitos dos idosos estão fundamentados no Art. 230 da Constituição Federal de 1988 que diz: “A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. A Lei Federal Nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994 inaugurou a Política Nacional do Idoso (PNI), primeira medida estatal de âmbito nacional direcionada especificamente ao público idoso. Esta lei buscou complementar o dispositivo constitucional, assegurando direitos sociais aos idosos, criando condições para promover suas autonomias, integração e efetiva participação na sociedade. A PNI surge da necessidade de o país em ter uma política voltada exclusivamente para o segmento idoso, considerando o crescimento dos registros de violência e a ausência de Lei específica para assegurar direitos 9Direito e Legislação Social e tratamento diferenciado às fragilidades e potencialidades próprias do envelhecimento. Além disso, sua criação foi influenciada pelos avanços dos debates e lutas sociais sobre a questão do envelhecimento no mundo e especificamente no Brasil. Nesse sentido, a PNI objetiva viabilizar e atender as necessidades básicas do idoso, como saúde, educação, moradia, lazer, trabalho, assistência social e previdência, permitindo que a população idosa possa buscar alternativas para viver com dignidade. Vejamos os princípios dispostos no Art. 3: I – a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; II – o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III – o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; IV – o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; V – as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei. A Política Nacional do Idoso encara o envelhecimento como uma conquista, na qual o idoso tem o direito de vivenciar uma nova etapa da vida, resguardando a adoção de novos valores coletivos. Preconiza-se iniciativas de promoção ao bem-estar para atribuir ao envelhecimento populacional experiências mais prazerosas. No sentido de incorporar avanços maiores a legislação que protege os idoso, o Estatuto do Idoso, Lei de n°10.741 foi aprovado em 1º de outubro de 2003. Seguindo as premissas constitucionais, O Estatuto do Idoso apresenta, em seu Art 3º, que é 10 Direito e Legislação Social obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público garantir ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”. (BRASIL, 2003). O Estatuto objetiva assegurar os direitos sociais do idoso, condições para sua autonomia, integração na sociedade e participação efetiva. Ampara-se em princípios e critérios identificados com a igualdade, a equidade e a justiça social, bem como com a perspectiva de promoção da autonomia do cidadão. Por fim, apresenta previsões para fiscalizar, acompanhar e avaliar conselhos, instituições, asilos e abrigos que tenham atividade voltada à proteção do idoso. Estudantes, vamos ver mais um pouco sobre o que diz a “letra da lei”? Uma das primeiras premissas desse dispositivo, dispostas nos parágrafos que seguem o art. 3º, consubstancia as garantias de prioridade do idoso. Vejamos: § 1º A garantia de prioridade compreende: I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. 11Direito e Legislação Social § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. Em continuidade, o art. 4º dispõe sobre a inviolabilidade dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, colocando como dever de todos prevenir ameaça ou violação aos direitos dos idosos. O caput do artigo prevê que “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.” (BRASIL,2003). Alunos e alunas, essa premissa vai se apresentar também mais adiante no texto. Na verdade, ela atravessa e fundamenta o princípio legislativo do estatuto. Vejamos: Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; III – em razão de sua condição pessoal. O Estatuto do Idoso, uma legislação que veio para proteger a população idosa, com direitos, deveres e punição para quem infringi-la, prevê medidas de proteção que são aplicáveis sempre que forem violados os direitos dos idosos, entre outros. Nesse sentido, traz um grande avanço no funcionamento das instituições e asilos, voltados ao abrigamento de pessoas idosas. Possibilitao controle e a fiscalização sobre o funcionamento destes estabelecimentos, bem como prioriza a família como ator no cuidado com o idoso. Observem o que está no art. 48, parágrafo único: As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão 12 Direito e Legislação Social competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei; III – estar regularmente constituída; IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigente. Dentro da rede de Assistência Social, o atendimento ao idoso se expressa nas proteções Social Básica e Especial, além dos órgãos que compõem o Sistema de Garantia de Direitos, como Ministério Público, Promotoria do Idoso, SOS Idoso, dentre outros, a fim de articular e fortalecer a rede de atendimento às famílias. As políticas públicas devem atuar de forma articulada, de modo a contribuir para a ampliação e efetivação dos direitos e proteção à pessoa idosa. Visando, assim, o reconhecimento desse público como cidadãos, como pessoas que estão no processo de envelhecimento, tendo em suas histórias diversas marcas de contribuição com a sociedade, devendo-se respeito, autonomia e cuidados a essa população. 3. A População em Situação de Rua É muito comum hoje, principalmente nos centros urbanos, encontrar pessoas em números cada vez maiores vivendo e morando nas ruas. São homens, mulheres, idosos, jovens, crianças, famílias que sobrevivem na desproteção das ruas e dos espaços públicos, por motivos os mais diversos possíveis, que perpassam questões relacionadas à pobreza, violências, dependência química, doenças, dentre outras. 13Direito e Legislação Social Por essas características, a Política Nacional para População em Situação de Rua, Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, faz a seguinte definição no parágrafo único do art.1º: Para fins deste Decreto, considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. Uma outra definição que pode se apontar aqui é a do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), responsável pelas políticas nessa área, o qual caracteriza a população em situação de rua como pessoas compelidas a habitar logradouros públicos (ruas, praças, cemitérios etc.), áreas degradadas (galpões e prédios abandonados, ruínas etc.) e, ocasionalmente, utilizar abrigos e albergues para pernoitar. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil tinha em 2015 mais de 100 mil pessoas em situação de rua: 40,1% estavam em municípios com mais de 900 mil habitantes; 77,02% habitavam municípios com mais de 100 mil pessoas; nos municípios menores, com até 10 mil habitantes, a porcentagem era apenas de 6,63%. As pessoas vão para a rua por várias situações, mas há algumas razões estruturais, como a ausência de renda, o déficit habitacional, entre outras. No entanto, uma razão é central, a saber: a formação de uma superpopulação relativa sobrante, que não é absorvida pelo mercado de trabalho (CFESS, 2011, p. 204). Em tempos de intensificação das expressões da questão social, principalmente o desemprego, além da crise política e econômica, o quantitativo de população de rua aumenta e cenas como esta abaixo são cada vez mais cotidianas. 14 Direito e Legislação Social Figura 1: População em situação de rua. Fonte Wikimedia A legislação que garante visibilidade e direitos dessa população é recente e caminha na busca pela efetivação e valorização dessas pessoas, visando sua reintegração aos espaços como política de habitação, emprego e renda, saúde e reconstrução dos vínculos. A Política Nacional para População em Situação de Rua (BRASIL, 2009) tem como objetivos: I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda; II - garantir a formação e capacitação permanente de profissionais e gestores para atuação no desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas às 15Direito e Legislação Social pessoas em situação de rua; III - instituir a contagem oficial da população em situação de rua; IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de serviços públicos à população em situação de rua; V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para a formação de cultura de respeito, ética e solidariedade entre a população em situação de rua e os demais grupos sociais, de modo a resguardar a observância aos direitos humanos; VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento; VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua; VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização de canais de comunicação para o recebimento de denúncias de violência contra a população em situação de rua, bem como de sugestões para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas para este segmento; IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos benefícios previdenciários e assistenciais e aos programas de transferência de renda, na forma da legislação específica; X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de serviços; XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto na estruturação e reestruturação dos serviços de acolhimento temporários; XII - implementar centros de referência especializados para atendimento da população em situação de rua, no âmbito da proteção social especial do Sistema Único de Assistência Social; XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente à alimentação pela população em situação de rua à alimentação, com qualidade; e XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho. 16 Direito e Legislação Social Alguns serviços para essa população têm sido implantados na tentativa de promover o acesso a direitos sociais mínimos, como assistência social, saúde e educação. Pontuamos alguns serviços para você, estudante, entender um pouco melhor a estrutura de equipamentos que a lei vem assumindo: Quadro 1: Serviços para a população em situação de rua. SERVIÇOS / ÓRGÃO ATIVIDADE QUE REALIZA Abordagem Social / MDS trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique nos territórios a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras. Nessa direção, o serviço oferta atendimento a crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência. Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua - CENTRO POP / MDS unidade pública e estatal, dereferência e atendimento especializado à população adulta em situação de rua, no âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade do SUAS. Deve ser espaço de referência para o convívio grupal, social e o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e respeito. Além disso, deve proporcionar vivências para o alcance da autonomia e estimular a organização, a mobilização e a participação social. Acolhimento institucional (abrigo e casa de passagem) e Repúblicas / MDS oferta de atendimento integral que garanta condições de estadia, convívio e endereço de referência, para acolher com privacidade pessoas em situação de rua e desabrigo por abandono, migração, ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento. Consultórios na rua / MS procura ampliar o acesso da população em situação de rua e ofertar, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde, por meio das equipes e serviços da atenção básica. Devem realizar as atividades de forma itinerante e em horários de funcionamento adequados à população de rua. FONTE: Ministério da mulher, da família de dos direitos humanos (2019). As ações direcionadas à população de rua ainda estão direcionadas dentro do âmbito da assistência social. As reivindicações desse público têm pautado um outro direcionamento dentro do movimento “moradia primeiro”, o qual mobiliza a necessidade de políticas de habitação permanente e individual, 17Direito e Legislação Social de maneira que essas pessoas tenham segurança de uma estrutura de moradia para reconstruir suas vidas. Imaginem, estudantes, o que não é ter um comprovante de residência, numa época em que este documento é obrigatório em qualquer emprego, para fazer a matrícula escolar ou em tantas outras situações. Sem comprovante, sem acesso, sem dignidade... Essas pessoas são alvo constante de criminalização e preconceito. A assistência deve existir em medidas emergenciais, mas o necessário é estruturar uma política de habitação, junto ao acesso a emprego e renda, educação e saúde. Concluímos aqui nosso capítulo. O decorrer de nossos estudos nos permitiu conhecer um pouco mais das legislações sociais que referenciam a defesa do direito de pessoas com deficiência, idosos e população de rua. Trabalhamos nossas reflexões a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência (primeiro tópico), Estatuto do Idoso (segundo tópico) e Política Nacional para População em Situação de Rua (terceiro tópico), considerando que essas legislações são centrais para a defesa do direito dos referidos públicos, contendo as demandas e particularidades que atravessam suas lutas históricas para atendimento na política pública e social. 18 Direito e Legislação Social Referências BRASIL. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Brasília – DF, 2005. BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm. Acesso em: 22 de set. de 2019. BRASIL. Estatuto da pessoa com deficiência. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015. 65 p. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 10 out. 2019. BRASIL. Política Nacional para População em Situação de Rua. 2009 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053. htm. Acesso em: 22 nov. 2019. BRASIL. População em situação de rua. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH). Disponível em: https://www.mdh.gov. br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua. Acesso em: 30 nov. 2019. BEHRING, E.R. BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 6. Ed. São Paulo: Cortez, 2009. CFESS. Conselho Federal de Serviço Social O trabalho do/a Assistente Social no Suas: seminário nacional / Conselho Federal de Serviço Social - 19Direito e Legislação Social http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta. – Brasília: CFESS, 2011. p. 200 a 217. DICHER, M; TREVISAM, E. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: inclusão como exercício do direito à dignidade da pessoa humana. Disponível em: http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b. Acesso em: 02 de dezembro de 2019. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Pesquisa estima que o Brasil tem 101 mil moradores de rua. Disponível em: http://www.ipea.gov. br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930. Acesso em: 03 de dezembro de 2019. SIMÕES, C. Curso de Direito do Serviço Social. 4. ed. São Paulo, Cortez, 2010. SILVA, M.I. Por que a terminologia “pessoas com deficiência”?. Disponível em: https://www.selursocial.org.br/porque.html. Acesso em: 02 de dezembro de 2019. 20 Direito e Legislação Social http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930 http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930 https://www.selursocial.org.br/porque.html Título da Unidade Objetivos Introdução A Relação Estado e Sociedade Civil Para início de conversa… Objetivos 1. O Estado Moderno e os Clássicos da Teoria Política 2. O Estado no Capitalismo Monopolista e a Luta de Classes 3. O Estado Neoliberal Referências O Estado e a Constituição Para início de conversa… Objetivos 1. Entes Federativos - Organização Política 2. Administração Pública Direta e Indireta 3. Direitos Humanos e Direitos Sociais Referências A Seguridade na Constituição Federal Brasileira Para início de conversa… Objetivos 1. A Saúde 2. A Previdência Social 3. A Assistência Social Referências O Conceito e o Papel da Família Para início de conversa… Objetivos 1. O Conceito de Família na Produção Acadêmica 2. O Conceito de Família nos Marcos Jurídicos Referências A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS Para início de conversa… Objetivos 1. A Política Nacional de Assistência Social 2. O Sistema Único de Assistência Social 3. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) e os Benefícios Eventuais Referências As Legislações Sociais para: os Refugiados; as Mulheres Vítimas de Violência; as Crianças e os Adolescentes Para início de conversa… Objetivos 1. Proteção Internacional dos Refugiados 2. A Lei Maria da Penha 3. O Estatuto da Criança e do Adolescente Referências O Terceiro Setor Para início de conversa… Objetivos 1. A Relação Público e Privado 2. Responsabilidade Social Referências _3znysh7 As Legislações Sociais para: os Idosos; Pessoas com Deficiência e População em Situação de Rua Para início de conversa… Objetivos 1. Os Direitos das Pessoas com Deficiência 2. Os Direitos dos Idosos 3. A População em Situação de Rua Referências
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