Buscar

capitulo-06

Prévia do material em texto

As Legislações Sociais para: os 
Idosos; Pessoas com Deficiência e 
População em Situação de Rua
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação
Nara Pires
Pró-Reitoria de Programas de Graduação
Lívia Maria Figueiredo Lacerda
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Sarah Tavares Cortês
1ª Edição
Copyright © 2020, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por 
fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio.
Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária
Carlos de Oliveira Varella
Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Márcia Loch
Sumário
As Legislações Sociais para: os Idosos; Pessoas com Deficiência e 
População em Situação de Rua
Para início de conversa… ................................................................... 04
Objetivos ........................................................................................... 05
1. Os Direitos das Pessoas com Deficiência .................................. 06
2. Os Direitos dos Idosos ........................................................... 09
3. A População em Situação de Rua ............................................ 13
Referências ........................................................................................ 19
Para início de conversa…
As legislações sociais para idosos, pessoa com deficiência e população 
em situação de rua são conquistas recentes que ainda requerem lutas diárias 
para a efetivação. São direcionamentos para que essas pessoas participem 
ativamente na sociedade, garantindo direitos e ocasionando autonomia para 
lidar com as questões do seu cotidiano. Assim, neste capítulo, conheceremos 
legislações centrais na representação do direito para esses públicos, os quais 
detêm necessidades sociais específicas, contextualizadas nas particularidades 
da sua condição física, psíquica, estrutural e familiar. As legislações sociais 
específicas existem para dar visibilidade e representatividade às demandas e 
necessidades sociais de segmentos populacionais importantes e, muitas vezes, 
historicamente renegados e excluídos da atenção do Poder Público.
4 Direito e Legislação Social
Objetivos
 ▪ Conhecer os Direitos das Pessoas com Deficiência; 
 ▪ Conhecer os Direitos dos Idosos;
 ▪ Conhecer as legislações sociais para a população em situação 
de rua.
1. Os Direitos das Pessoas com Deficiência 
As pessoas com deficiência encontraram ao longo da trajetória 
histórica das civilizações até o século XX o lugar do abandono e inutilidade, 
sendo consideradas incapazes e sem grandes expectativas de vida, excluídas do 
convívio social e tratadas de forma desumana.
 
Após uma longa jornada histórica, a visão sobre a pessoa com 
deficiência encontra hoje novo paradigma, uma vez que a Convenção 
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 
o primeiro tratado internacional incorporado ao ordenamento 
jurídico brasileiro sob o procedimento do parágrafo 3º do artigo 5º 
da Constituição Federal de 1988, inaugura figura jurídica inédita 
na legislação brasileira, consolidando-se como primeiro tratado 
internacional com força de norma constitucional (DICHER; 
TREVISAM, 2019).
 
Em 24 de outubro de 1989, foi aprovada a Política Nacional para 
a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, “conjunto de orientações 
normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais 
e sociais das pessoas portadoras de deficiência” (educação, saúde, previdência 
social, assistência social, cultura, habitação, transporte, entre outros) 
(BRASIL, 1999).
A Política de integração representa o início da conquista de direitos 
para as pessoas com deficiência, sendo o marco inicial na regulamentação de 
direitos. Anterior a esse instrumento normativo, o atendimento às pessoas 
com deficiência, especialmente na área da saúde e educação, era prestado por 
instituições filantrópicas ligadas à religião e à caridade.
São princípios dessa política o desenvolvimento de ações entre Estado 
e sociedade civil; mecanismos que assegurem o exercício de direitos; respeito 
e igualdade de oportunidades.
Outro destaque dessa legislação foi instituir o Conselho Nacional 
da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), responsável por zelar, 
acompanhar e fiscalizar as políticas destinadas às pessoas com deficiência. 
(BRASIL, 1999).
6 Direito e Legislação Social
É interessante frisar que o decreto sofreu diversas alterações para 
adequação quanto a conceitos e direitos conquistados com o passar dos 
anos. Algumas pessoas consideram confuso compreender as mudanças, 
principalmente em terminologias que se referem às pessoas com 
deficiência. Por isso, traremos a seguir algumas informações extras para 
você ficar por dentro.
 QUAL O TERMO CORRETO? 
Pessoas com Deficiência. A pessoa está à frente da deficiência, valoriza-se primeiramente o 
ser humano, a pessoa, prioridade acima das suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, 
sem desconsiderar essas condições. (SILVA, 2019) 
 
 TERMINOLOGIAS SUPERADAS: 
O termo “portadoras de deficiência” ou “portadoras de necessidades especiais”, utilizado 
principalmente na década de 1980, já não representa a identidade desse grupo. 
“Portadores” implica algo que se “porta”, que se “carrega”, transmitindo a ideia de ser algo 
possível se desfazer facilmente, de transitividade ou temporalidade, como portador de uma 
doença. Além disso, nota-se que a deficiência passa a ser “a marca” principal da pessoa, em 
detrimento de sua condição humana. (SILVA, 2019) 
 
“Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo ‘especiais’ e sua 
derivação ‘pessoas com necessidades especiais’. [...] Essa terminologia veio na esteira das 
necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser 
utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar” (SILVA, 2019, n.p). 
 
TERMINOLOGIAS PRECONCEITUOSAS: 
Alguns termos depreciativos ou que remetem a características das restrições que desvalorizam 
as potencialidades da pessoa com deficiência: 
 
· Inválidos; 
· Incapacitados; 
· Aleijado; 
· Impedidos; 
· Especiais; 
· Excepcionais. 
Curiosidade
7Direito e Legislação Social
O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi aprovado em 06 de julho 
de 2015, lei de nº 13.146. Esta lei amplia a inclusão social em diversos 
espaços e políticas sociais, reforçando espaços já conquistados com a Política 
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. E combate 
expressamente todo tipo de discriminação.
 
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento 
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, 
o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições 
com as demais pessoas. (BRASIL 2015).
 
O art. 28 do estatuto garante que cabe ao poder público “assegurar, 
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar” o sistema 
educacional e garantir o acesso e permanência de pessoas com deficiência em 
escolas, cursos profissionalizantes e curso superior. (BRASIL, 2015).
É importante ressaltar que o processo educacional das PcD passa a ser 
compreendido dentro das escolas regulares, não mais em escolas específicas, 
porém com garantias de meios e instrumentos de adaptação do processo de 
ensino aprendizagem para esse público. (BRASIL, 2015). 
Com relação a emprego e renda, são reservadas vagas em empresas 
“proporcionalmente ao número de empregados: 2% até 200 empregados, 3% 
de 201 a 500, 4% de 501 a 1.000 e 5% de 1.001 em diante. Concursos 
públicos, é destinado 20% das vagas ofertadas”. (SIMÕES, 2010, p. 355).
Você lembra queestudamos a questão do Benefício de Prestação 
Continuada? Este benefício da Assistência Social é destinado a atender 
também pessoas com deficiência. Nesse caso, deve atender aos critérios 
estabelecidos pela legislação quanto ao perfil familiar de renda. 
 
Algumas deficiências são inclusas no BPC – tetraplegia, paraplegia 
e hemiplegia, cegueira total, surdez total, distúrbio psicomotor 
grave e irreversível, deficiências ou doenças que impeçam o trabalho 
ou exija permanência contínua, no leito; grande lesão, com perda 
de membros e impossibilidade de prótese; deficiência mental, com 
grave perturbação da vida orgânica e social e alteração das faculdades 
8 Direito e Legislação Social
mentais, com grave perturbação orgânica e social; ou outras 
perturbações que inviabilizam a vida independente (SIMÕES, 2010, 
p. 357).
 
A partir do estatuto, foi criado o Cadastro Nacional de Inclusão da 
Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão).
 
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa 
com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico 
com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar 
informações georreferenciadas que permitam a identificação e a 
caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como 
das barreiras que impedem a realização de seus direitos. (BRASIL, 
2015. p. 45).
 
Esse cadastro possibilita, além da atualização do perfil do público, 
a criação de políticas públicas com base nas informações cadastradas pelas 
pessoas com deficiência.
2. Os Direitos dos Idosos
Os direitos dos idosos estão fundamentados no Art. 230 da Constituição 
Federal de 1988 que diz: “A família, a sociedade e o Estado têm o dever 
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.
A Lei Federal Nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994 inaugurou a Política 
Nacional do Idoso (PNI), primeira medida estatal de âmbito nacional 
direcionada especificamente ao público idoso. Esta lei buscou complementar 
o dispositivo constitucional, assegurando direitos sociais aos idosos, criando 
condições para promover suas autonomias, integração e efetiva participação 
na sociedade.
A PNI surge da necessidade de o país em ter uma política voltada 
exclusivamente para o segmento idoso, considerando o crescimento dos 
registros de violência e a ausência de Lei específica para assegurar direitos 
9Direito e Legislação Social
e tratamento diferenciado às fragilidades e potencialidades próprias do 
envelhecimento. Além disso, sua criação foi influenciada pelos avanços 
dos debates e lutas sociais sobre a questão do envelhecimento no mundo e 
especificamente no Brasil.
Nesse sentido, a PNI objetiva viabilizar e atender as necessidades básicas 
do idoso, como saúde, educação, moradia, lazer, trabalho, assistência social e 
previdência, permitindo que a população idosa possa buscar alternativas para 
viver com dignidade.
Vejamos os princípios dispostos no Art. 3:
 
I – a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao 
idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação 
na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito 
à vida;
II – o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, 
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;
III – o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
IV – o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das 
transformações a serem efetivadas através desta política;
V – as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, 
as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser 
observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na 
aplicação desta Lei.
 
A Política Nacional do Idoso encara o envelhecimento como uma 
conquista, na qual o idoso tem o direito de vivenciar uma nova etapa da vida, 
resguardando a adoção de novos valores coletivos. Preconiza-se iniciativas 
de promoção ao bem-estar para atribuir ao envelhecimento populacional 
experiências mais prazerosas.
No sentido de incorporar avanços maiores a legislação que protege os 
idoso, o Estatuto do Idoso, Lei de n°10.741 foi aprovado em 1º de outubro de 
2003. Seguindo as premissas constitucionais, O Estatuto do Idoso apresenta, 
em seu Art 3º, que é
10 Direito e Legislação Social
 obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público 
garantir ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao 
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e 
à convivência familiar e comunitária”. (BRASIL, 2003).
 
O Estatuto objetiva assegurar os direitos sociais do idoso, condições 
para sua autonomia, integração na sociedade e participação efetiva. Ampara-se 
em princípios e critérios identificados com a igualdade, a equidade e a justiça 
social, bem como com a perspectiva de promoção da autonomia do cidadão. 
Por fim, apresenta previsões para fiscalizar, acompanhar e avaliar conselhos, 
instituições, asilos e abrigos que tenham atividade voltada à proteção do idoso.
Estudantes, vamos ver mais um pouco sobre o que diz a “letra da lei”? 
Uma das primeiras premissas desse dispositivo, dispostas nos parágrafos que 
seguem o art. 3º, consubstancia as garantias de prioridade do idoso. Vejamos:
§ 1º A garantia de prioridade compreende: 
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos 
órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais 
públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas 
relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e 
convívio do idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, 
em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam 
ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de 
geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de 
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais 
de envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência 
social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
11Direito e Legislação Social
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos 
maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre 
preferencialmente em relação aos demais idosos.
 
Em continuidade, o art. 4º dispõe sobre a inviolabilidade dos direitos 
e garantias fundamentais da pessoa humana, colocando como dever de todos 
prevenir ameaça ou violação aos direitos dos idosos. O caput do artigo prevê 
que “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, 
violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação 
ou omissão, será punido na forma da lei.” (BRASIL,2003).
Alunos e alunas, essa premissa vai se apresentar também mais adiante 
no texto. Na verdade, ela atravessa e fundamenta o princípio legislativo do 
estatuto. Vejamos:
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que 
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de 
atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.
O Estatuto do Idoso, uma legislação que veio para proteger a população 
idosa, com direitos, deveres e punição para quem infringi-la, prevê medidas 
de proteção que são aplicáveis sempre que forem violados os direitos dos 
idosos, entre outros.
Nesse sentido, traz um grande avanço no funcionamento das 
instituições e asilos, voltados ao abrigamento de pessoas idosas. Possibilitao 
controle e a fiscalização sobre o funcionamento destes estabelecimentos, bem 
como prioriza a família como ator no cuidado com o idoso. Observem o que 
está no art. 48, parágrafo único:
As entidades governamentais e não-governamentais de assistência 
ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão 
12 Direito e Legislação Social
competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa 
Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da 
Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados 
os seguintes requisitos:
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de 
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho 
compatíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigente.
Dentro da rede de Assistência Social, o atendimento ao idoso se 
expressa nas proteções Social Básica e Especial, além dos órgãos que compõem 
o Sistema de Garantia de Direitos, como Ministério Público, Promotoria do 
Idoso, SOS Idoso, dentre outros, a fim de articular e fortalecer a rede de 
atendimento às famílias.
As políticas públicas devem atuar de forma articulada, de modo a 
contribuir para a ampliação e efetivação dos direitos e proteção à pessoa idosa. 
Visando, assim, o reconhecimento desse público como cidadãos, como pessoas 
que estão no processo de envelhecimento, tendo em suas histórias diversas 
marcas de contribuição com a sociedade, devendo-se respeito, autonomia e 
cuidados a essa população.
3. A População em Situação de Rua
É muito comum hoje, principalmente nos centros urbanos, encontrar 
pessoas em números cada vez maiores vivendo e morando nas ruas. São homens, 
mulheres, idosos, jovens, crianças, famílias que sobrevivem na desproteção 
das ruas e dos espaços públicos, por motivos os mais diversos possíveis, que 
perpassam questões relacionadas à pobreza, violências, dependência química, 
doenças, dentre outras.
13Direito e Legislação Social
Por essas características, a Política Nacional para População em 
Situação de Rua, Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, faz a seguinte 
definição no parágrafo único do art.1º:
Para fins deste Decreto, considera-se população em situação de rua 
o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza 
extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a 
inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os 
logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia 
e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como 
as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como 
moradia provisória.
 
Uma outra definição que pode se apontar aqui é a do Ministério 
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), responsável pelas 
políticas nessa área, o qual caracteriza a população em situação de rua como 
pessoas compelidas a habitar logradouros públicos (ruas, praças, cemitérios 
etc.), áreas degradadas (galpões e prédios abandonados, ruínas etc.) e, 
ocasionalmente, utilizar abrigos e albergues para pernoitar.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o 
Brasil tinha em 2015 mais de 100 mil pessoas em situação de rua: 40,1% 
estavam em municípios com mais de 900 mil habitantes; 77,02% habitavam 
municípios com mais de 100 mil pessoas; nos municípios menores, com até 
10 mil habitantes, a porcentagem era apenas de 6,63%.
 
As pessoas vão para a rua por várias situações, mas há algumas 
razões estruturais, como a ausência de renda, o déficit habitacional, 
entre outras. No entanto, uma razão é central, a saber: a formação 
de uma superpopulação relativa sobrante, que não é absorvida pelo 
mercado de trabalho (CFESS, 2011, p. 204).
 
Em tempos de intensificação das expressões da questão social, 
principalmente o desemprego, além da crise política e econômica, o 
quantitativo de população de rua aumenta e cenas como esta abaixo são cada 
vez mais cotidianas.
14 Direito e Legislação Social
Figura 1: População em situação de rua. Fonte Wikimedia
A legislação que garante visibilidade e direitos dessa população 
é recente e caminha na busca pela efetivação e valorização dessas pessoas, 
visando sua reintegração aos espaços como política de habitação, emprego e 
renda, saúde e reconstrução dos vínculos.
A Política Nacional para População em Situação de Rua (BRASIL, 
2009) tem como objetivos:
I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e 
programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, 
previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, 
lazer, trabalho e renda;
II - garantir a formação e capacitação permanente de profissionais 
e gestores para atuação no desenvolvimento de políticas públicas 
intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas às 
15Direito e Legislação Social
pessoas em situação de rua;
III - instituir a contagem oficial da população em situação de rua;
IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, 
econômicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de 
serviços públicos à população em situação de rua;
V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para 
a formação de cultura de respeito, ética e solidariedade entre a 
população em situação de rua e os demais grupos sociais, de modo 
a resguardar a observância aos direitos humanos;
VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos 
sobre a população em situação de rua, contemplando a diversidade 
humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de gênero e 
geracional, nas diversas áreas do conhecimento;
VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a 
população em situação de rua;
VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização de canais 
de comunicação para o recebimento de denúncias de violência 
contra a população em situação de rua, bem como de sugestões para 
o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas para 
este segmento;
IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos 
benefícios previdenciários e assistenciais e aos programas de 
transferência de renda, na forma da legislação específica;
X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência 
Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de 
serviços;
XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto 
na estruturação e reestruturação dos serviços de acolhimento 
temporários;
XII - implementar centros de referência especializados para 
atendimento da população em situação de rua, no âmbito da 
proteção social especial do Sistema Único de Assistência Social;
XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional 
suficientes para proporcionar acesso permanente à alimentação pela 
população em situação de rua à alimentação, com qualidade; e
XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para as 
pessoas em situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso 
ao mercado de trabalho.
16 Direito e Legislação Social
Alguns serviços para essa população têm sido implantados na tentativa 
de promover o acesso a direitos sociais mínimos, como assistência social, 
saúde e educação. Pontuamos alguns serviços para você, estudante, entender 
um pouco melhor a estrutura de equipamentos que a lei vem assumindo: 
Quadro 1: Serviços para a população em situação de rua.
SERVIÇOS / ÓRGÃO ATIVIDADE QUE REALIZA
Abordagem Social 
/ MDS
trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique nos territórios a incidência 
de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, 
dentre outras. Nessa direção, o serviço oferta atendimento a crianças, adolescentes, 
jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de 
moradia e/ou sobrevivência.
Centro de Referência 
Especializado para 
População em 
Situação de Rua - 
CENTRO POP / MDS
unidade pública e estatal, dereferência e atendimento especializado à população 
adulta em situação de rua, no âmbito da Proteção Social Especial de Média 
Complexidade do SUAS. Deve ser espaço de referência para o convívio grupal, social 
e o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e respeito. Além disso, 
deve proporcionar vivências para o alcance da autonomia e estimular a organização, a 
mobilização e a participação social.
Acolhimento 
institucional (abrigo 
e casa de passagem) 
e Repúblicas / MDS
oferta de atendimento integral que garanta condições de estadia, convívio e endereço 
de referência, para acolher com privacidade pessoas em situação de rua e desabrigo 
por abandono, migração, ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem 
condições de autossustento.
Consultórios na rua 
/ MS
procura ampliar o acesso da população em situação de rua e ofertar, de maneira 
mais oportuna, atenção integral à saúde, por meio das equipes e serviços da 
atenção básica. Devem realizar as atividades de forma itinerante e em horários de 
funcionamento adequados à população de rua.
FONTE: Ministério da mulher, da família de dos direitos humanos (2019).
As ações direcionadas à população de rua ainda estão direcionadas 
dentro do âmbito da assistência social. As reivindicações desse público têm 
pautado um outro direcionamento dentro do movimento “moradia primeiro”, 
o qual mobiliza a necessidade de políticas de habitação permanente e individual, 
17Direito e Legislação Social
de maneira que essas pessoas tenham segurança de uma estrutura de moradia 
para reconstruir suas vidas. 
Imaginem, estudantes, o que não é ter um comprovante de residência, 
numa época em que este documento é obrigatório em qualquer emprego, para 
fazer a matrícula escolar ou em tantas outras situações. Sem comprovante, sem 
acesso, sem dignidade... Essas pessoas são alvo constante de criminalização 
e preconceito. A assistência deve existir em medidas emergenciais, mas o 
necessário é estruturar uma política de habitação, junto ao acesso a emprego 
e renda, educação e saúde.
Concluímos aqui nosso capítulo. O decorrer de nossos estudos nos 
permitiu conhecer um pouco mais das legislações sociais que referenciam 
a defesa do direito de pessoas com deficiência, idosos e população de rua. 
Trabalhamos nossas reflexões a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência 
(primeiro tópico), Estatuto do Idoso (segundo tópico) e Política Nacional 
para População em Situação de Rua (terceiro tópico), considerando que 
essas legislações são centrais para a defesa do direito dos referidos públicos, 
contendo as demandas e particularidades que atravessam suas lutas históricas 
para atendimento na política pública e social. 
18 Direito e Legislação Social
Referências
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Norma 
Operacional Básica – NOB/SUAS. Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome. Brasília – DF, 2005.
 
BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm. Acesso em: 22 de 
set. de 2019.
 
BRASIL. Estatuto da pessoa com deficiência. Brasília: Senado Federal, 
Coordenação de Edições Técnicas, 2015. 65 p. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 
10 out. 2019.
 
BRASIL. Política Nacional para População em Situação de Rua. 2009 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.
htm. Acesso em: 22 nov. 2019.
 
BRASIL. População em situação de rua. Ministério da Mulher, da Família 
e dos Direitos Humanos (MDH). Disponível em: https://www.mdh.gov.
br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua. Acesso em: 30 nov. 
2019.
 
BEHRING, E.R. BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 
6. Ed. São Paulo: Cortez, 2009.
 
CFESS. Conselho Federal de Serviço Social O trabalho do/a Assistente 
Social no Suas: seminário nacional / Conselho Federal de Serviço Social - 
19Direito e Legislação Social
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm
https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua
https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua
Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta. – Brasília: CFESS, 2011. p. 
200 a 217.
DICHER, M; TREVISAM, E. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: 
inclusão como exercício do direito à dignidade da pessoa humana. Disponível 
em: http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b.
Acesso em: 02 de dezembro de 2019.
 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Pesquisa estima que o 
Brasil tem 101 mil moradores de rua. Disponível em: http://www.ipea.gov.
br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930. Acesso 
em: 03 de dezembro de 2019.
 
SIMÕES, C. Curso de Direito do Serviço Social. 4. ed. São Paulo, Cortez, 
2010.
 
SILVA, M.I. Por que a terminologia “pessoas com deficiência”?. Disponível 
em: https://www.selursocial.org.br/porque.html. Acesso em: 02 de dezembro 
de 2019.
20 Direito e Legislação Social
http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2930
https://www.selursocial.org.br/porque.html
	Título da Unidade
	Objetivos
	Introdução
	A Relação Estado e Sociedade Civil
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	O Estado Moderno e os Clássicos da Teoria Política
	2.	O Estado no Capitalismo Monopolista e a 
Luta de Classes 
	3.	O Estado Neoliberal 
	Referências
	O Estado e a Constituição
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	Entes Federativos - Organização Política
	2.	Administração Pública Direta e Indireta
	3.	Direitos Humanos e Direitos Sociais
	Referências
	A Seguridade na Constituição Federal Brasileira
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	A Saúde
	2.	A Previdência Social 
	3.	A Assistência Social
	Referências
	O Conceito e o Papel da Família
	Para início de conversa…
	Objetivos 
	1.	O Conceito de Família na Produção Acadêmica
	2.	O Conceito de Família nos Marcos Jurídicos 
	Referências
	A Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	A Política Nacional de Assistência Social 
	2.	O Sistema Único de Assistência Social
	3.	O Benefício de Prestação Continuada (BPC) e os Benefícios Eventuais
	Referências
	 As Legislações Sociais para: os Refugiados; as Mulheres Vítimas de Violência; as Crianças e os Adolescentes
	Para início de conversa…
	Objetivos 
	1.	Proteção Internacional dos Refugiados
	2.	A Lei Maria da Penha
	3.	O Estatuto da Criança e do Adolescente
	Referências
	O Terceiro Setor
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	A Relação Público e Privado
	2.	Responsabilidade Social
	Referências
	_3znysh7
	 As Legislações Sociais para: os Idosos; Pessoas com Deficiência e População em Situação de Rua
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	Os Direitos das Pessoas com Deficiência 
	2.	Os Direitos dos Idosos
	3.	A População em Situação de Rua
	Referências

Continue navegando