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29.3 Difteria e coqueluche
A difteria é uma doença respiratória grave que geralmente infecta as crianças. A difteria é causada por Corynebacterium diphtheriae, uma bactéria gram-positiva, imóvel e aeróbia, que origina células bacilares irregulares ou claviformes du- rante o crescimento e forma colônias pequenas e lisas em placas de ágar-sangue (Figura 29.12). A coqueluche, também conhecida por pertússis, é uma doença respiratória grave causada pela infecção por Bordetella pertussis, um pequeno cocobacilo gram-negativo aeróbio (Figura 29.14a). A coque- luche afeta principalmente crianças, mas também pode cau- sar doença respiratória grave em adultos. Ambos, difteria e coqueluche, podem ser prevenidas por vacinação e curadas por antibioticoterapia.
 DIFTERIA 
O Corynebacterium diphtheriae (Figura 29.12a) penetra no corpo por via respiratória, com as células infectando os teci- dos da garganta e das amígdalas. A resposta inflamatória dos tecidos da orofaringe à infecção por C. diphtheriae resulta na
formação de uma lesão característica, denominada pseudo- membrana (Figura 29.13), que consiste em células hospedeiras lesadas e células de C. diphtheriae. Linhagens patogênicas de C. diphtheriae carreiam um bacteriófago lisogênico, cujo ge- noma codifica uma potente exotoxina denominada toxina diftérica. A toxina diftérica inibe a síntese proteica no hospe- deiro, promovendo, assim, a morte celular (	Figura 23.20). A pseudomembrana pode bloquear a passagem de ar, sendo a morte por difteria geralmente decorrente de uma combinação dos efeitos de asfixia parcial e destruição tecidual pela exotoxi- na. O isolamento de Corynebacterium diphtheriae da orofarin- ge é diagnóstico para a difteria. Swabs nasais ou da garganta são utilizados para a inoculação em meio ágar-sangue, contendo telurito (Figura 29.12b), ou meio seletivo de Loeffler, que inibe o crescimento da maioria dos demais patógenos respiratórios.
A prevenção da difteria é realizada pelo uso de uma vaci- na altamente eficaz. A vacina é produzida pelo tratamento da exotoxina diftérica com formalina, originando uma preparação de toxoide imunogênico. O toxoide diftérico é um dos compo- nentes da vacina DTP (toxoide diftérico, toxoide tetânico e per- tússis acelular) (	Seção 24.6). A difteria é ausente em países desenvolvidos, onde a vacina é amplamente utilizada. A peni- cilina, eritromicina e gentamicina geralmente são eficazes no tratamento para difteria, mas em casos de risco de vida, a anti- toxina diftérica (um antissoro produzido em cavalos) pode ser administrada em adição à terapia com antibióticos.
Coqueluche
A coqueluche, também conhecida como pertússis, é uma doença respiratória aguda, altamente infecciosa. As crianças com idade inferior a seis meses, muito novas para serem efeti- vamente vacinadas, apresentam a maior incidência da doença, sofrendo também sua forma mais grave. As células de B. per- tussis (Figura 29.14a) aderem-se às células do trato respiratório superior e secretam a exotoxina pertússis. Essa potente toxina induz a síntese de adenosina monofosfato cíclico (AMP cícli- co,	Figura 7.14), o qual é parcialmente responsável pelos eventos que levam a dano tecidual no hospedeiro. B. pertussis também produz uma endotoxina (	Seção 23.10), a qual pode induzir alguns dos sintomas da coqueluche. Clinicamente, a coqueluche é caracterizada por tosse violenta e recorrente, po- dendo perdurar por até seis semanas. A natureza espasmódica da tosse deu origem ao nome da doença na línguainglesa*, de- vido ao som característico em guincho resultante da inalação profunda para obtenção de ar suficiente.
No mundo, ocorrem até 50 milhões de casos de coquelu- che, com mais de 250.000 mortes a cada ano, principalmente nos países em desenvolvimento. B. pertussis é endêmica em todo o mundo e a coqueluche continua a ser um problema, mesmo em países desenvolvidos, geralmente devido à imu- nização inadequada. Nos Estados Unidos, tem-se observa- do uma tendência crescente de coqueluche desde a década de 1980, com picos de casos relatados em 2005, 2010 e 2012 (Figura 29.14b); sendo que muitos desses casos ocorreram em adultos jovens com idade inferior a 20 anos. Nos Estados Unidos, a coqueluche causa menos de 20 mortes por ano. Mas a coqueluche é uma doença endêmica clássica, em que a in- cidência aumenta clinicamente quando novas populações se tornam suscetíveis e são expostas ao patógeno. A combina- ção de protocolos de vacinação negligentes e o fato de que a coqueluche é uma doença muito mais comum que a difteria provavelmente têm promovido a maior incidência global de coqueluche nos últimos anos.
A coqueluche pode ser tratada com ampicilina, tetracicli- na ou eritromicina, embora os antibióticos utilizados isolada- na ou eritromicina, embora os antibióticos utilizados isolada- mente não levem à cura completa e os pacientes continuem a apresentar os sintomas e a permanecer infectados por até duas

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