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Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume Fisiopatologia SNC – Lesões Gerais, Edema e Hipertensão Função das Células do SNC: • Neurônio: processamento • Oligodendrócito: mielinogênese • Micróglia: limpeza dos restos celulares • Ependimárias: secreção do líquor • Astrócitos: • Ajudam os neurônios a crescerem no desenvolvimento • Colaboram com o transporte de íons, água e nutrientes • Metabolismo do glicogênio Patologia Celular do Sistema Nervoso Central: • Os neurônios requerem um suprimento contínuo de oxigênio e glicose para atender às necessidades metabólicas. • A manutenção e a qualidade das prote- ínas precisam ser cuidadosamente regu- ladas para garantir a integridade celular → membrana celular perfeita, citoesque- leto, proteínas que participam do trans- porte de moléculas. • Caso hipóxia, isquemia, trauma, infec- ção ou lesão química, o tecido nervoso responde com características peculiares → resposta específica dependendo do agente que provoca a lesão • A compreensão desses padrões pode in- formar o mecanismo de lesão celular e o tipo de doença. Alterações Neuronais: 1. Corpo Celular: A. Cromatólise (Reação axonal) • Alteração observada no corpo celular durante a regeneração do axônio (rea- ção precoce e reversível). • Secção (axotomia) ou dano grave do axônio de neurônios motores (Substância cinza - corno anterior da medula espi- nal). • ↑ de proteínas envolvidas na regenera- ção do axônio (estado metabólico au- mentado). • Aumento do tamanho e arredondamento do corpo celular (tumefação), desloca- mento periférico do núcleo, aumento do tamanho do nucléolo e dispersão da substância de Nissl do centro para a pe- riferia da célula. Esquerda: neurônios normais Direita: neurônio com cromatólise neuronal Deficiências no Armazenamento B. Tumefação ou Degeneração espongiforme: • Modificações na permeabilidade da membrana citoplasmática. • Contorno do neurônio torna-se abau- lado, enquanto diminui a basofilia do ci- toplasma (célula opaca). • Evolução da tumefação com aspecto vacuolar no neurópilo (Degeneração es- pongiforme). Citoplasma abaulado com modificações no formato da célula. A água entra na célula e gera uma degeneração espongiforme C. Atrofia Simples: • Processos crônicos, no envelhecimento e processos crônicos isquêmicos. • Retração do corpo neuronal com basofi- lia citoplasmática (cor mais azulada) e hi- percromasia nuclear. • Conseqüente atrofia muscular, paralisias e morte Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume D. Atrofia pigmentar: • Acúmulo de lipofucsina (cor marrom) neurônios pequenos, material acastanhado (li- pofucsina) e com atrofia E. Necrose (neurônios vermelhos ou isquê- micos) • Alterações em decorrência de anóxia por isquemia aguda. • Neurônios vermelhos ficam evidentes em torno de 12 a 24 horas após lesão. • Retração do corpo celular (forma trian- gular), picnose do núcleo, desapareci- mento do nucléolo e perda da substân- cia de Nissl, com intensa eosinofilia cito- plasmática (mais vermelha). Pode sofrer lise e calcificação. Foto direita: Coloração avermelhada, com o formato alterado, citoplasma denso. Podem ser encontradas áreas de calcificações que podem ser observados em exames de imagem. Erro Inato (Doenças genéticas): • Deficiência de enzimas lisossômicas re- sultam em acúmulo do substrato no cito- plasma de neurônios. • Pericário abaulado e espumoso, com o núcleo deslocado para a periferia. Aspecto aumentado, contorno abaulado. As vezes é possível observar o material que está acumulando. F. Doenças Degenerativas no SNC: • Doença de Alzheimer (emaranhados neurofibrilares resultante do acúmulo da proteína tau hiperfosforilada) • Inclusões intracitoplasmáticas (em torno no núcleo ou ocupando todo o pericá- rio); • Coloração mais enegrecida com inclu- sões intracitoplasmáticas • Inclusões intracitoplasmáticas; • Imunorreatividade para α-sinucleína (proteína envolvida na homeostase da vesícula pré-sináptica). • Doença de Parkinson (corpúsculos de Lewy) Coloração Marrom - Imuno-histoquímica anti α-sinucleína Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume G. Infecções Virais: • A infecção viral pode levar a (1) inclusões intranucleares e/ou (2) citoplasmáticas anormais (resultantes da replicação viral) o Infecção herpética (corpúsculo de Cowdry) (1) • Raiva (corpúsculo de Negri) (2) • Citomegalovírus (inclusões no nú- cleo e/ou citoplasma) (1,2) Aspecto em olho de coruja 2) Dendritos • Redução da ramificação dendrítica é encontrada no envelhecimento, na do- ença de Alzheimer e após axotomia. • Alterações no padrão da ramificação dendrítica e na forma e no número de es- pinhos são encontradas em algumas do- enças associadas a retardamento men- tal (p. ex., síndrome de Down) e na epi- lepsia do lobo temporal. 3) Axônio • Lesão axonal aguda é um achado co- mum em traumatismos cranioencefáli- cos. → Perda da função da célula. o Axotomia primária: Sem rup- tura, interrupção do fluxo axo- nal, tumefação e fragmenta- ção do segmento afetado (Axotomia secundária). Lesão axonal difusa - Imuno-histoquímica para neurofilamento. Alterações das Células Gliais ❖ Reações dos Astrócitos à Lesão: A. Tumefação: • Processos de isquemia (degeneração hi- drópica – célula mais envolvida neste processo – edema citotóxico); aumento da expressão de aquaporina-4. B. Gliose: • A gliose é o indicador histopatológico mais importante de lesão do SNC inde- pendentemente da etiologia • É caracterizada tanto pela hipertrofia quanto pela hiperplasia dos (astrocitose) → Geralmente associado com células da micróglia • Reparo e cicatrização do tecido ner- voso. • Astrócito reativo a lesão. • Núcleo aumentam de tamanho e se tor- nam vesiculares, desenvolvendo nucléo- los proeminentes. • Expansão citoplasmática, rosa- brilhante irregular ao redor de um núcleo excên- trico, numerosos prolongamentos vigoro- sos e ramificados (astrócitos gemistocíti- cos). • Aumento na expressão da proteína GFAP (proteína fibrilar ácida glial). Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume C. Astrócitos de Alzheimer tipo II: • Não relacionado à doença de Alzhei- mer, mas descrito pela primeira vez pelo mesmo indivíduo. • Hiperamonemia de longa duração (do- ença hepática crônica, doença de Wil- son ou em distúrbios metabólicos heredi- tários); • Célula da substância cinzenta que possui um núcleo grande, cromatina central de coloração pálida, uma gotícula intranu- clear de glicogênio, e membrana nu- clear e nucléolos proeminentes. • Não expressa GFAP (proteína fibrilar ácida glial) D. Fibras de Rosenthal: • Estruturas espessas, alongadas, irregula- res e brilhantemente eosinófilas, que ocorrem dentro de um prolongamento astrocitário (forma de cenoura). • São encontradas em regiões de gliose de longa duração. • Também são características de um tipo de tumor glial, o astrocitoma. • Doença de alexander → Leucodistrofia associada a mutações no gene codifica- dor da GFAP (proteína fibrilar ácida glial) E. Corpúsculos amiláceos (corpúsculos de poliglicosanos) • São estruturas arredondadas, fraca- mente basófilas. • Localizam onde existam prolongamentos astrocitários, especialmente nas zonas subpial e perivascular. • Polímeros de glicosaminoglicanos (polí- mero de glicose) e proteínas de choque proteínas αβ- cristalina, hsp27 e ubiqui- tina. • ↑ com a idade com degeneração do astrócito. Astrócito mais arredondado e basofílico devido a al- guma alteração queprovoque lesão no SNC. ❖ Reações dos Astrócitos à Lesão: • Doença de Lafora (Genética); • Manifestação da doença: Epilepsia mio- clônica. • Depósito de polímeros de glicose no cito- plasma de neurônios. Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume Corpúsculos de Lafora (genética) em diversos pericários (setas) Corpúsculos menores em outras regiões (cabeça da seta) ❖ Reações da Micróglia à Lesão: • Proliferação e atividade fagocitária, mi- cróglias e monócitos do sangue tornam- se globosos e carregados de restos celu- lares e lipídeos (macrófagos espumosos ou xantomizados ou células granulogor- durosas. • Proliferação, núcleos alongados (células em bastonete), formando agregados em torno de pequenos focos de necrose te- cidual (nódulos microgliais); ou em torno dos pericários de neurônios que estão morrendo (neuronofagia). F. Reações de Oligodendrócitos: • Lesão característica de doença desmie- linizante (leucodistrofia ou infecção viral) • Redução de número de ologodendróci- tos nas áreas desmielinizadas. • Picnose e cariorrexe (fragmentação nu- clear) nas células remanescentes. Oligodendrócito aumentado (setas) Macrófagos com partículas de mielina (cabeça de seta) Astrócito reativo - gemistocítico (asterísco) ❖ Edema Cerebral: É o acúmulo anormal de líquido no espaço intra e/ou extracelular do tecido nervoso, localizado ou difuso, resultando em aumento do volume encefálico. 1. Edema Vasogênico: • Causa mais comum de edema cerebral • Aumento de permeabilidade capilar por alguma razão • O líquido sai do vaso e se acumula no in- terstício e no meio extracelular • Lesão da barreira hematoencefálica (BHE) – Aumento da permeabilidade ca- pilar. • Edema forma-se ao redor das lesões (maior na substância branca). → Principais Causas: • Hemorragia cerebral • Infarto cerebral • Abscesso cerebral • Neoplasias intracranianas • Traumatismos cranioencefálicos • Crises convulsivas • Encefalopatia hipertensiva • Radiação • Intoxicação por chumbo → Morfologia: • Expansão do espaço extracelular, disso- ciação (descontinuidade) das fibras ner- vosas. • Tumefação e vacuolização da mielina e diminuição da afinidade tintorial, co- rando-se a substância branca mais pali- damente pela eosina. • Quando o edema é prolongado, a área exibe astrocitose fibrilar e fragmentação e perda parcial da mielina, a qual é fa- gocitada por macrófagos Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume Neoplasia causando intenso edema cerebral → Te- cido com textura mais frouxa pelo acúmulo de água B) Edema Citotóxico: • Intracelular (edema celular) • Degeneração hidrópica (neurônio e prin- cipalmente astrócito) • ↓ O2 → Falha bomba de Na+/K+/ATPase→ ↑ osmolaridade (Na+) intracitoplasmático → tumefação celu- lar. • BHE preservada → Causas: • Resulta de isquemia regional por obstru- ção vascular por redução global, transi- tória ou permanente, do fluxo sanguíneo cerebral. • Encefalopatia hepática e distúrbios ge- néticos do ciclo da ureia → hiperamone- mia Célula retém água → Aumenta a célula de ta- manho. Citoplasma mais cheio e deslocamento do núcleo para a periferia. C) Edema Intersticial: • Surge na hidrocefalia obstrutiva por obs- táculo na circulação liquórica e au- mento da pressão intraventricular. • Liquor passa através do epêndima para a substância branca periventricular (neu- rópilo). → Hiposmótico: • Deve-se à diminuição da osmolaridade plasmática. • Entrada de água nos espaços extracelu- lares do tecido nervoso e no interior dos strócito. → Causas: • Infusão intravenosa de grande quanti- dade de solução salina ou glicosada. • Secreção inapropriada de hormônio an- tidiurético. • Depleção aguda de sódio, resultando em hiponatremia (< 120 mmol/l). → Morfologia: • O cérebro mostra-se aumentado de vo- lume e de peso. • Giros achatados. • Sulcos apagados. • Redução do espaço subaracnóide • Dura-máter tensa. • Redução das cavidades ventriculares. • Desvio da linha média. ❖ Hipertensão Intracraniana: O compartimento intracraniano é preenchido por: • Encéfalo (cerca de 1.400 mL) • Sangue (100 a 150 mL) • Liquor (100 a 200 mL). • Estes estão na cavidade craniana (caixa inelástica após ossificação das suturas. Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume • O aumento da pressão leva a compensação espacial: o 1° Redução do volume liquórico (di- minuição da produção ou aumento da absorção). o 2° Redução do componente sanguí- neo (venoso). o 3°Hipertensão intracraniana quando a pressão medida no compartimento liquórico ultrapassa 15 mmHg. Inca- pacidade de manter os mecanismos compensatórios. → Causas: • Edema cerebral. • Lesões expansivas com efeito de massa: o Neoplasias primárias ou metastáticas. o Hematomas (acúmulo de sangue fora do vaso). o Abscessos e outras doenças infeccio- sas. o Infartos cerebrais o TCE. o Hidrocefalias. → Manifestações: • Cefaleia: Distensão das meninges e va- sos (nociceptores). • Papiledema: Disco óptico (tumefação da papila do nervo óptico) – Exame de fundo de olho. • Náusea e vômito: Compressão do bulbo – centro do vômito no assoalho do IV ventrículo. • Hérnias (manifestações relacionadas a compressão de áreas específicas). O aumento da PIC (pressão intracraniana) re- sulta em duas consequências graves e potenci- almente fatais. 1. Redução da pressão de perfusão cere- bral 2. Hérnias cerebrais: o Distorção e deslocamento de partes do encéfalo de um compartimento de maior pressão para outro de me- nor pressão. → Hérnia do giro do cíngulo (supracalosa ou Subfalcina) • Lesão expansiva se localiza na região frontoparietal de um hemisfério cerebral. • Compressão de artérias pericalosas. • Lesão clinicamente tolerável. • Pode causa Infarto no córtex frontopari- etal parassagital, resultando em déficit motor e sensitivo dos membros inferiores. → Hérnia do giro para-hipocampal (Transtento- rial) • Lesões expansivas da porção lateral do hemisfério cerebral. • Compressão do n. oculomotor (mais co- mum) → dilatação pupilar ipsilateral (mi- dríase), ptose palpebral e oftalmoplegia. • Compressão do mesencéfalo o Hemiparesia ou hemiplegia contrala- teral seguida de sinal do no outro lado. o Isquemia, necrose e hemorragia. → Hérnia das tonsilas cerebelares (tonsilar): • Lesões expansivas da fossa posterior. • Deslizamento do bulbo e das porções paramedianas da face inferior do cere- belo através do forame magno. • Compressão e achatamento do bulbo contra a borda anterior do forame magno. • Apneia por compressão dos centros res- piratórios(bulbo). • Necrose isquêmica e hemorrágica, por compressão de seus vasos (cerebelo her- niado). ❖ Hidrocefalia: Aumento do volume e da pressão do líquor • Hidrocefalia interna: Acúmulo de liquor nos ventrículos encefálicos. • Hidrocefalia externa: Acúmulo de líquor no espaço subaracnóideo (incomum) • Hidrocefalia comunicante: Circulação do liquor não é bloqueada (redução da absorção do liquor pelas vilosidades aracnóideas). o Aumento do tamanho de todo o sis- tema ventricular. Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume • Obstrutiva ou não comunicante: Sistema ventricular obstruído e não se comunica com o espaço subaracnoide. o Formação de massa no 3° ventrí- culo). → Causas: • Comunicante: o Fibrose da aracnoide e pia mater (pós-meningite ou pós-hemorragia subaracnóidea). o Papiloma do plexo coroide (menos frequente). • Obstrutivas: o Cisticercose (Tênia). o Malformações (hidrocefalia congê- nita).o Hemorragia ventricular. A. Hidrocefalia ex vacuo: Dilatação ventricular e alargamento do espaço subaracnóideo secundários a atrofia cerebral de qualquer natu- reza • Doenças neurodegenerativas • Infartos cerebrais. • Sequela de traumatismo cranioencefá- lico. • Procedimentos neurocirúrgicos. B. Congênita: Quando a hidrocefalia surge na infância, antes do fechamento das suturas cranianas, ocorre aumento da cabeça, manifestado pelo au- mento do perímetro cefálico. C. Adquirida: Quando a hidrocefalia surge após esse período é associada à expansão dos ventrículos e ao au- mento da pressão intracraniana, sem alteração do perímetro cefálico.
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