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Flavonóides Características gerais Possui 15 átomos de carbono em seu núcleo fundamental, duas fenilas ligadas por uma cadeia de três carbonos entre elas. Núcleos A, B e C, e os átomos de carbono recebem a numeração com números ordinários para os núcleos A e C e os mesmos números seguidos de uma linha (') para o núcleo B. Flavonas, flavonóis e seus O-heterosídeos As flavonas que possuem um grupamento metoxila ou isoprenila ligados ao carbono 3 são chamadas de 3-metoxiflavonas ou 3-prenilflavonas, respectivamente. A numeração do núcleo fundamental está apresentada no Quadro 15.2. luteolina apigenina rutina Flavonoides C-heterosídeos Os flavonoides C-heterosídeos são diferenciados dos O-heterosídeos pela ligação açúcar-genina, sendo que nos primeiros a ligação é feita entre o carbono C-1 (anomérico) do açúcar e um ou dois carbonos do anel A do flavonoide (sempre nos carbonos 6 e/ou 8). Sua principal característica química é a resistência à hidrólise ácida. vitexina Antocianos Antociano é um termo empregado originalmente para descrever os pigmentos azuis de Centaurea cyanus L. As antocianidinas (forma livre) podem apresentar-se de maneira mais estável na forma de heterosídeos, chamadas de antocianosídeos. Os açúcares mais encontrados são glicose, galactose, ramnose, arabinose e xilose. Esses sacarídeos estão localizados na maior parte dos casos nas posições C-3 e C-5 do núcleo flavílio (fenil-2-benzopirílio). Chalconas As chalconas são compostos precursores da via de biossíntese dos flavonoides. buteina Auronas cor de ouro apresentada por esses compostos e da semelhança estrutural com as flavonas. Di-hidroflavonoides Os representantes desta classe são as flavanonas (ou di-hidroflavonas), os di-hidroflavonóis (ou flavanonóis ou 3-hidroxiflavanonas) e as di-hidrochalconas. Como característica comum, possuem uma ligação simples entre os carbonos 2 e 3 (ou α e β para as di-hidrochalconas) em seu núcleo fundamental (hidrogenado), ao contrário das outras classes de flavonoides. Quadro 15.7 Núcleo fundamental das flavanonas e os representantes mais comuns Quadro 15.8 Núcleo fundamental dos di-hidroflavonóis e os representantes mais comuns As di-hidrochalconas não apresentam centros assimétricos. Da mesma forma que, nas outras classes de flavonoides, as variações de estruturas consistem em substituintes hidroxilas, metilas, açúcares, alquilas, etc. dos núcleos fundamentais (Quadro 15.9). Muitos di-hidroflavonoides foram identificados na forma de heterosídeos. Quadro 15.9 Núcleo fundamental das di-hidrochalconas e os representantes mais comuns Flavanas, leucoantocianidinas Esses compostos fazem parte de uma classe de flavonoides, junto com os biflavonoides e os isoflavonoides, na qual é possível encontrar estruturas oligomerizadas. Isoflavonoides Os isoflavonoides são caracterizados, como os demais flavonoides, por uma cadeia arila-C3- arila, mas do tipo difenil-1,2-propano. • Propriedades fisico-químicas e extração Em geral as agliconas - cristais amarelos – solúveis em solventes orgânicos apolares e em soluções aquosas alcalinas (fenólico) Heterosídeos solúveis água e álcoois diluídos, insolúveis nos solventes orgânicos habituais Extração: 1ª. solvente apolar (óleos, gorduras, esteróis e pigmentos) 2ª. solvente pouco mais polar (clorofórmio, diclorometano, acetato de etila ou éter) – recupera agliconas livres pouco polares (flavonas, flavonóis, flavanonas, isofLavonas, etc) Solvente mais polar (acetona, metanol, água) - agliconas poli-hidroxiladas, flavonas e flavonóis mais polares, auronas, chalconas. 3ª. Água quente arrasta heterosídeos mais polares (catequinas, procianidinas, açúcares). Em meio ácido – antocianinas Obs: extrato etanólico – evaporar solvente – água – partição com solv. média polaridade (n-butanol) Ensaios cromáticos Ensaios cromatográficos CCD em silica. (N-butanol-ácido acético-água)-reagentes cromogênicos Isolamento , purificação e doseamento CCD preparativa – observação bandas na LUV, raspar, eluir, concentrar e purificar Espectrofotométrico (UV)- doseamento: núcleo benzopirona : 240-285 nm – Banda II (A), 300- 400 nm – Banda I (B) CLAE – tempo de retenção relativo – separação e doseamento dos constituintes – detector UV Propriedades farmacológicas Tratamento de doenças circulatórias e agindo como cofator da vitamina C Rutina e hesperidina – denominados de vitamina P ou fator de permeabilidade. Tratamento de quadros caracterizados por sangramento e fragilidade capilar Antiviral Antioxidante Anti-inflamatória Antitumoral Estrogênica – Isoflavonas (estrogênio-like) Ansiolítica – Flavonas (benzodiazepine-like) Principais espécies de interesse terapêutico G I Ginkgo biloba L. N Ginkgoaceae K G O Árvore considerada fóssil vivo. Farmacógeno : folhas Princípios ativos: 21 flavonóides glicosídeos de quercetina, canferol, isoramnetina (24%) lactonas terpênicas: ginkgolídeos e bilobalídeos (6%) H Derivados de campferol OH Derivados de quercetina OCH3 Derivados de isoramnetina R A monografia publicada pela Comissão E em agosto de 1994 determina que os únicos extratos aceitáveis são aqueles obtidos com uma proporção de erva/extrato na faixa de 35:1 a 67:1 (média 50:1), que tenham sido obtidos de uma mistura de água e acetona e depois purificados sem a adição de constituintes concentrados ou isolados. Esse processo padronizado elimina componentes indesejados, inclusive aqueles que tornam o produto menos estável ou apresentam um risco toxicológico excessivo. Os extratos adequados para uso na fabricação de drogas não contêm ácidos gincólicos (<5 ppm) e são designados na literatura como EGb 761 e LI 1370 (Schulz et al., 2002). •aumenta a tolerância à hipóxia, especialmente no tecido cerebral; ∙ inibe o desenvolvimento de edema cerebral pós-traumático ou induzido por toxina e apressa sua resolução; ∙ reduz edema e lesões da retina; ∙ melhora a memória e a capacidade de aprendizagem e ajuda na compensação de distúrbios de equilíbrio, agindo particularmente no âmbito da microcirculação; ∙ remove radicais livres tóxicos derivados do oxigênio; ∙inibe o fator de ativação de plaquetas (PAF) e exerce um efeito neuroprotetor. Schulz et al., 2002 Ginkgo biloba constitui o fitoterápico mais comercializado no Brasil (Suzuki, 2002), sendo usado por ter um mecanismo de ação polivalente: Ações: neuroproteção, vaso-regulação generalizada, antioxidante, sequestrador de radicais livres (Simões e Farias, 2002). Obs: O uso de pó das folhas desta planta não é recomendado por apresentar ácido gincólico, substância alergênica que é encontrada em concentrações menores que 5 ppm no extrato padronizado. Além disso, sua concentração em flavonóides é aproximadamente de 0,8%. O pó de ginkgo não tem equivalência farmacêutica com o extrato, sendo que 100Kg folha corresponderiam ao uso de 2,5 kg extrato. Interações: Potencializa o efeito de drogas antiplaquetárias (ácido acetil salicílico e outros antinflamatórios não esteróides) e com anticoagulantes (varfarina, heparina) (Cupp, 2000) Toxicidade: Testes em camundongos mostraram um DL50 de 7725 mg/kg em administração oral e 1100 mg/kg em administração intravenosa (Schulz et al., 2002). Posologia: 40 a 80 mg ES padronizado para conter 24% de flavonóides, 2 ou 3 vezes ao dia (19,2 a 57,6 mg de flavonóides / dia) Extrato fluido: (1:1): 0,5 ml, 3 vezes / dia As reações adversas mais frequentes incluem náusea, azia, dor de cabeça, hematoma subdural e hemorragia subaracnóide intracerebralMaracujá Passiflora incarnata L. , P. alata L., P. edulis L. – Passifloraceae Folha Flavonóides (até 2,5%): vitexina e iso-vitexina (C-heterosídeos), apigenina e crisina Alcalóides (não mais que 0,01%): harmana, harmina Ação: sedativo Posologia: ansiedade: 100 mg 2-3 vezes/dia (3,5% isovitexina/dose). Insônia: 200 mg antes de dormir. Passiflora edulis Passiflora alata Curtis Passiflora incarnata L P. incarnata e P. edulis apresentam folhas lobadas. P. caerulea possui folhas digitadas/palmatilobadas. P. edulis a margem da folha é mais nitidamente serrilhada e irregular que P. incarnata. A face dorsal de P. incarnata é pubescente, isto não ocorre em P. edulis. Interações medicamentosas: potencializa o sono induzido pelo pentobarbital e os efeitos analgésicos da morfina. Também pode ocorrer bloqueio parcial da ação das anfetaminas. Superdosagem: DL50 = 465 mg/Kg Camomila Matricaria recutita –Asteraceae – capítulo floral Flavonóides: apigenina, quercetina, luteolina Óleo essencial (0,44-1%): proazuleno, cazuleno (6-15%), matricina, alfa-bisabolol Ação: antinflamatória, sedativa, antisséptica, espasmolítica Posologia: 400 a 1600 mg ES (1,2% apigenina/dia), dividida em doses durante o dia Infuso: 3g em 150 mL água, 3 a 4 x / dia Efeitos adversos: hipersensibilidade Fitoestrógenos : isoflavonas Medicamentos vegetais são usados no tratamento de irregularidades menstruais, tensão pré-menstrual (TPM), dismenorréia e problemas da menopausa em casos que drogas de ação mais forte não são indicadas ou são recusadas pelo paciente. TPM: sintomas (físicos e comportamentais) complexos que geralmente aparecem dias antes do início da menstruação, tais como os de natureza congestiva : inchaço e dor nas mamas (mastodinia), desconforto abdominal, constipação, edema : tornozelo, olhos e mãos. A diminuição da função ovariana que acontece por volta dos 50 anos de idade é marcada por problemas físicos e psicológicos referidos coletivamente como síndrome da menopausa. O sintoma mais frequente e característico são os fogachos. Cerca de 50% das mulheres também tem problemas psicológicos, como nervosismo, irritabilidade, insônia ou depressão. Como os desconfortos da menopausa são resultado da diminuição da produção hormonal, a reposição destes pode ser uma terapia eficaz, porém está associada a riscos e efeitos colaterais. Neste sentido, a terapia alternativa com agentes de ação mais branda respalda os medicamentos vegetais contra problemas da menopausa. OBS: Plantas medicinais não podem substituir hormônios sexuais indicados por médicos. Faltam estudos para estabelecer eficácia terapêutica de forma a satisfazer os padrões atuais. Trifolium pratense - Trevo vermelho -Red clover (Leguminosae) – capítulo floral Isoflavonóides: daidzeina, genisteína, formononetina, biochanina Flavonóides: kaempferol, isoramnetina, quercetina e seus glicosídeos Ação : estrogênica – eleva nível de FSH e LH (animais) Indicação: alívio sintomas da menopausa (ondas de calor e suores noturno) Posologia: 500 mg/dia (40 mg de isoflavonas por dose) Efeitos adversos: sensibilidade nas mamas Contra-indicação: usar com cautela durante terapia de reposição hormonal com estrogênios sintéticos e contraceptivos; neoplasias estrógenos-dependentes. Uso de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários Glycine max – Soja – Fabaceae – sementes Isoflavonas : genisteína (13 a 17%), daidzeína Ação:estrogênica e antioxidante prevenção: perda óssea, doença cardíaca dislipidemia Indicações: sintomas da menopausa Posologia: extrato de soja: 400 mg (40 mg em isoflavonas), 2 vezes / dia Tópico: anti-rugas Consumo alimentar de fitoestrógenos (Leguminosae: soja (Gyicine max), trevo vermelho (Trifolium pretense) é até 30 x mais alto na Ásia Oriental do que na Europa e América do Norte. Como estas substâncias têm fraca afinidade ao receptor, assume-se que elas não possam exercer seus efeitos hormonais, uma vez que estrógenos e progestinas endógenas sejam predominantes. Porém, conforme a produção desses hormônios diminui (menopausa), os fitoestrógenos podem ajudar a compensar as deficiências hormonais, moderando os sintomas de sua diminuição. Isoflavonas da soja combinadas a proteína da soja – redução (10%) nos níveis de colesterol LDL total em pessoas hipercolesterolêmicas (25 g ptn soja e 25, 42, 58 mg isoflavona de soja) Faltam estudos para investigar efeito das isoflavonas na redução do risco de câncer de mama ou próstata (homens chineses têm menor incidência de doença de próstata), na osteoporose ou nos fogachos Cimicifuga racemosa - Cimicífuga –Black cohosh – Ranunculaceae, rizomas e raiz Formononetina Triterpenos: Acteína, 26-desoxi-acteína, cimicifugosídeo. Ácido isoferúlico Ação: ativador dos receptores estrogênicos, ação vascular (hipotensor) Indicações: sintomas da menopausa; tratamento síndrome pré-menstrual Posologia: 40 mg ES (2,5% triterpenos), 2 vezes / dia = 2,5 mg desoxiacteína/dia Efeitos adversos: dose excessiva: náusea, vômito, tontura, sudorese, bradicardia. Vitex agnus-castus - Pimenta dos monges, agno-casto Verbenaceae – fruto Flavonóides: kaempferol, casticina Iridóides: 0,3% de aucubina; 0,6% de agnusídeo Ação: modulador hormonal Indicação: tratamento sintomas pré-menstruais e dismenorréia espasmódica, alívio sintomas da menopausa Posologia: 400 mg/dia ES (0,5% mg de agnusídeo e 0,6% aucubina pela manhã, estômago cheio = 2 mg agnusídeo/dia) Efeitos adversos: reações alérgicas, cefaléia. Contra-indicação: pode interferir TRH, anticoncepcionais, hormônios sexuais Vitis vinifera – uva roxa – Flavonóide/estilbeno: Resveratrol Ativador dos receptores de estradiol, antioxidante, proteção problemas cardíacos
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