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História da África do Século XX - Anotações

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HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SÉCULO XX
APRESENTAÇÃO
É comum que a África contemporânea seja relacionada com a pobreza extrema e as múltiplas guerras civis que assolaram o continente nos últimos anos. No entanto, embora as imagens vinculadas pela grande mídia sejam verdadeiras, elas não são a única história possível sore o continente africano. Para compreender as razões que criaram essa imagem negativa da África é necessário entender as múltiplas histórias existentes no continente, estabelecendo um amplo diálogo com a história mundial. Sendo assim, por meio do estudo da África nos séculos XIX e XX, iremos analisar aspectos cruciais da sua história, sublinhando seu passado colonial e os inúmeros movimentos de resistência que levaram à independência africana a partir da segunda metade do século XX.
AULA 1 – O tráfico e suas transformações no século XIX
As transformações causadas pelo tráfico a partir do século XIX, período em que o comércio passa a ser duramente combatido e questionado por diversas nações europeias, ao mesmo tempo em que passa a ser operado em escala nunca vista. O objetivo é analisar como essa dinâmica afetou uma série de estados africanos, causando inúmeras transformações políticas, sociais e econômicas nas sociedades envolvidas com o tráfico.
AULA 2 – Missionários e expedicionários na África
A entrada que os europeus passam a empreender no continente africano a partir da segunda metade do século XIX. Em um contexto marcado pelo início do neoimperialismo, serão tratadas as principais questões relacionadas com as missões evangelizadoras e expedições exploratórias enviadas pelas nações europeias para o continente africano destacando seus objetivos principais.
AULA 3 – A partilha do continente africano
O processo que levou à partilha do continente africano, em 1885, por meio do Congresso de Viena. Além de avaliar quais eram os principais interesses das nações europeias em relação ao continente, o aluno também analisará o processo que levou à partilha da África e qual ideologia estava por trás deste feito.
AULA 4 – Movimentos de resistência
A partilha da África foi um processo feito à revelia da maior parte das sociedades africanas, tendo em vista que as diferenças e as identidades étnicas e religiosas não foram levadas em consideração pelas nações europeias no momento de definir quais porções do continente africano fariam parte dos seus domínios. O objetivo é analisar quais foram os múltiplos movimentos de resistência impetrados pelas sociedades africanas.
AULA 5 – A efetivação da estrutura colonial
A partir dos últimos anos do século XIX, as nações europeias passaram a controlar a África por meio de uma ideologia neocolonial. O objetivo dessa aula é examinar os principais preceitos dessa ideologia neocolonialista, a fim de entender como ela foi posta em prática por meio da efetivação da estrutura colonial.
AULA 6 – O modelo colonial
Por mais que houvesse um denominador comum na estrutura colonial, salvaguardado pela ideologia imperialista que dominou a Europa entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do século XX, as nações europeias criaram modelos diferentes de colonização. Nessa aula, iremos analisar o modelo britânico.
AULA 7 – O modelo colonial
Por mais que houvesse um denominador comum na estrutura colonial, salvaguardado pela ideologia imperialista que dominou a Europa entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do século XX, as nações europeias criaram modelos diferentes de colonização. Nesta aula, iremos analisar os modelos francês e português.
AULA 8 – Pan-africanismo e as novas identidades
Em meio ao processo colonial, a criação de uma pequena elite de colonizados passou a ter acesso ao ensino universitário nas suas metrópoles. Essa situação permitiu que lideranças de diferentes localidades africanas observassem as semelhanças do sistema colonial, em diferentes partes da África, criando assim um movimento único de resistência à colonização, conhecido como pan-africanismo. Esse movimento e seus desdobramentos serão o tema desta aula.
AULA 9 – Processos de independência
A partir do século XX, uma série de movimentos de resistências passou a criticar a estrutura colonial. O advento das duas guerras mundiais também levou ao questionamento da ideologia imperialista. A soma desses dois movimentos resultou no processo de independência das nações africanas, tema que será analisado nesta aula por meio de uma abordagem geral.
AULA 9 – A construção dos estados-nacionais: novos desafios
Até os dias atuais, a colonização africana se faz sentir. Em 2012, o Sudão sofreu uma profunda guerra civil que levou à criação de dois países distintos. Guerras civis são constantes no continente africano, que ainda precisa lidar, cotidianamente, com as heranças do imperialismo. O objetivo dessa aula é compreender os desafios enfrentados pelos estados-nacionais africanos em processo de construção.
OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DA DISCIPLINA
· Analisar as razões que levaram à colonização do continente africano; 
· Examinar a constituição das políticas coloniais nas diferentes localidades da África; 
· Estudar os muitos movimentos de resistência desenvolvidos pelos africanos durante o período colonial; 
· Analisar os processos de independência do continente africano; 
· Relacionar a história da África com a história mundial; 
· Elencar os desafios travados pelos países africanos enquanto Estados nacionais soberanos.
AULA 1
O TRÁFICO E SUAS TRANSFORMAÇÕES NO SÉCULO XIX
1.Analisar as transformações gerais do tráfico de escravos no século XIX;
2- Listar os impactos das transformações nas sociedades africanas;
3- Relacionar as mudanças do tráfico com a visão imperialista da Europa.
Em 1839, os escravos que saíram da atual Serra Leoa estavam sendo levados (ilegalmente) para Cuba, quando se revoltaram e tomaram o navio. A embarcação ficou à deriva por alguns dias, até que foi interceptada pelos ingleses, que faziam o policiamento das águas do Atlântico, para que o tráfico da carne não ocorresse. Como estavam próximos da costa estadunidense, toda a tripulação foi levada para os Estados Unidos, e lá, começou uma implacável batalha jurídica para decidir qual seria o destino daqueles africanos escravizados. A história verídica é muito interessante e vale a pena ser conhecida mais a fundo. Mas, no que diz respeito ao estudo da história da África no século XX, o que ocorreu no La Amistad aponta as principais mudanças que o tráfico sofreu no século XIX e suas consequências.
A MORTE DO CAPITÃO FERRER, CAPITÃO DO AMISTAD, JULHO DE 1839
Don Jose Ruiz e Don Pedro Montez, da ilha de Cuba, após a compra de cinquenta e três escravos em Havana, importados a pouco tempo da África, os colocaram a bordo do Amistad, do Capitão Ferrer, para levá-los a Príncipe, outro porto da ilha de Cuba. Quatro dias após o início da viagem, para escapar e voltar para a África, os africanos tomaram o barco, munidos com facas de corte de cana e confrontaram o capitão e a tripulação do navio. Capitão Ferrer e o cozinheiro do navio foram assassinados; dois tripulantes escaparam; Ruiz e Montez foram feitos prisioneiros.
Essa imagem retrata uma das revoltas mais famosas do tráfico transatlântico: a rebelião dos escravos do navio La Amistad. 
A embarcação ficou à deriva por alguns dias, até que foi interceptada pelos ingleses, que faziam o policiamento das águas do Atlântico, para que o tráfico da carne não ocorresse. 
Como estavam próximos da costa estadunidense, toda a tripulação foi levada para os Estados Unidos, e lá, começou uma implacável batalha jurídica para decidir qual seria o destino daqueles africanos escravizados.
A história verídica é muito interessante e vale a pena ser conhecida mais a fundo. Mas, no que diz respeito ao estudo da história da África no século XX, o que ocorreu no La Amistad aponta as principais mudanças que o tráfico sofreu no século XIX e suas consequências.
A CONSTRUÇÃO DO TRÁFICO
A chegada dos europeus no continente americano redimensionou o tráfico de africanos no atlântico, fazendodesse comércio um dos mais lucrativos da época. 
A implementação do sistema colonial, que visava à produção em larga escala de gêneros tropicais com grande demanda na Europa, só poderia ser efetivada caso a mão de obra utilizada fosse abundante e barata, ou seja, escrava.
Por que, então, não utilizar as populações ameríndias nessa produção? 
Essa opção não teria sido menos custosa do que o transporte de africanos?
Embora milhares de indígenas tenham sido dizimados ou escravizados pelos colonos europeus, tais populações, em tese, estavam protegidas pela Igreja Católica, que depois de calorosos debates durante as três primeiras décadas do século XVI, havia decidido que os índios da América possuíam alma. Consequentemente, não poderiam ser escravizadas.
Veja a decisão do Papa Paulo III, em 1537. É importante destacar que, na época, a Igreja Católica era uma das instituições de maior peso político e moral na Europa.
“(...) os ditos Índios, e todos os outros povos que daqui em diante vierem a ser conhecidos pelos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, podem, livre e licitamente, assenhorar-se, usar e gozar da sua liberdade, como também do domínio de todas as suas coisas, e que não devem ser reduzidos à servidão”.
Embora a história demonstre que os colonos europeus, inclusive os padres jesuítas, frequentemente, escravizassem índios, havia de fato a crença de que, por terem alma, os índios eram passíveis de salvação, caso fossem catequizados. 
Já os negros africanos eram vistos como infiéis, e a única forma que eles tinham de salvar-se era passar pelo purgatório em vida. Esse purgatório era a escravidão. 
Junto a toda essa discussão religiosa, não podemos ignorar que o tráfico já era um negócio lucrativo para os europeus que estavam envolvidos com ele - uma vez mais, interesses econômicos e religiosos se convergiam na defesa do tráfico de africanos escravizados.
As colônias portuguesas de São Tomé e Ilha da Madeira são exemplos de sucesso do uso de africanos escravizados na produção de gêneros tropicais em larga escala.
Primeiras rotas do tráfico transatlântico
As primeiras grandes levas de africanos escravizados saíram da região que hoje corresponde aos países de Congo e Angola. 
A compra massiva de escravos nessa região estava intimamente ligada à conversão do rei do Congo ao catolicismo e à intima relação que este reino passou a ter com os portugueses. 
Logo em seguida, entre os séculos XVI e XVII, portugueses e outras nações europeias como os franceses, holandeses e ingleses começaram a comprar africanos escravizados da região que ficou conhecida como Costa do Ouro (no atual país de Gana) habitada sociedades acans, fantis e mandingas.
A partir do século XVII, mas, sobretudo, no século XVIII, o tráfico atlântico ampliou sua área de atuação para a região do Golfo do Benin, que ficou conhecida como a Costa dos escravos devido ao grande número de africanos que de lá saíram. 
O reino do Benin se transformou em um grande fornecedor de escravos para os europeus e brasileiros. E, assim, o tráfico de escravos tornou-se uma das atividades mais rentáveis de todo o mundo.
As mudanças do tráfico no século XIX
Nas últimas décadas do século XVIII, um ciclo de revoluções alterou o quadro mundial. 
Nesse período, que ficou conhecido como a “Era das Revoluções”, o Antigo Regime e o Sistema Colonial foram colocados em xeque, ao mesmo tempo em que o Liberalismo se expandia rapidamente. 
No continente europeu, os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, defendidos na Revolução Francesa, marcaram o fim do Absolutismo e viabilizaram a construção de um novo modelo de sociedade. Nele, conceitos como cidadania e soberania nacional eram palavras-chave, discutidas nos parlamentos recém-construídos.
A escravidão também foi tema de debates políticos em muitas nações europeias, chegando inclusive a ser combatida. Ao mesmo tempo, diversos países europeus começavam a colher os frutos trazidos pela Revolução Industrial, acontecimento que otimizou a produção industrial ao adotar máquinas a vapor na fabricação de bens manufaturados. Produzia-se muito mais em menos tempo.
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA NO CONTINENTE AMERICANO
Do outro lado do Atlântico, os conceitos descritos acima impulsionaram o processo de independência no continente americano. 
A Revolução Norte-Americana (1776) foi o primeiro evento de grandes proporções baseado nos princípios do Iluminismo que rompeu os paradigmas da colonização europeia, embora não tenha abolido a escravidão.
Já na região caribenha, os ideais da Revolução francesa foram levados ao extremo, viabilizando o que foi a maior revolução de escravos da história humana: a revolução do Haiti (1790). A partir de então, com exceção do Brasil e de Cuba, as novas nações americanas que se formaram também aboliram a escravidão.
Como se pode perceber, as mudanças que acabamos de ver não ficaram restritas à Europa e às Américas. O continente africano também foi afetado pela “Era das Revoluções”.
O CONTINENTE AFRICANO
As mudanças econômicas geradas pela Revolução Industrial criaram outras necessidades aos países europeus.
Em primeiro lugar, era preciso ampliar o mercado consumidor dos produtos manufaturados produzidos na Europa. Em segundo, para que a produção fosse feita em larga escala era preciso um grande estoque de matéria-prima que, grosso modo, não era encontrado na Europa a custos baixos.
Como a grande maioria das colônias americanas já havia declarado sua independência, os países europeus precisavam achar esses produtos primários em outro lugar. E esse lugar era a África. Então, a partir do início do século XIX, os europeus passaram a se interessar pela exploração dos recursos naturais africanos.
Mas a Europa não tinha fácil acesso ao continente africano- pelo contrário, suas relações com as sociedades africanas ocorriam principalmente nas feitorias e cidades costeiras, locais onde normalmente eles trocavam produtos manufaturados (como armas e tecidos) por escravos.
Primeira porta de entrada dos europeus na África
A abolição do tráfico transatlântico de escravos, decretada pela Inglaterra em 1807, viabilizaria a primeira porta de entrada dos europeus na África. 
Ainda que diversos ingleses envolvidos na luta pelo fim do comércio negreiro e da escravidão de fato acreditassem na importância da liberdade dos africanos, os recém-criados ideais humanitários não foram as únicas razões para o fim do tráfico. 
Os europeus, de um modo geral, teriam muito a lucrar com essa iniciativa.
Embora algumas regiões da África (como Angola e Moçambique) tenham mantido o comércio até meados do século XIX (Brasil e Cuba continuaram importando grande número de africanos escravizados até a década de 1850), após 1807, a maior parte das sociedades africanas envolvidas no tráfico se viu obrigada a reestruturar sua economia, para manter as redes internacionais de comércio que haviam construído com nações europeias anos atrás.
MUDANÇAS NA REDE DE COMÉRCIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A partir dos primeiros anos do século XIX, as elites político-econômicas de Ashanti (Império da Costa Ocidental africana) que, ao longo do século XVIII estabeleceram sua rede de comércio por meio da venda de ouro e escravos, viram-se obrigadas a produzir gêneros tropicais para sustentar suas negociações com comerciantes da Europa.
Situações parecidas ocorreram com outras sociedades africanas. O comércio de escravos, por exemplo, foi substituído pelo comercio de produtos primários como açúcar, algodão, óleo de dendê, amendoim, cacau, dentre outros.
Se em um primeiro momento, a substituição de escravos por gêneros tropicais parecia não causar danos imediatos, no médio prazo diversas sociedades africanas sofreram crises que as enfraqueceram politicamente.
Isso porque a unidade política de muitos Estados africanos envolvidos no tráfico era mantida por meio da relação estabelecida entre os grupos dominantes desses estados (que controlavam o comércio) e os demais grupos subjugados.
Esses eram obrigados a pagar tributos paranão serem escravizados ou então tinham algum tipo de participação no processo de escravização, como os canoeiros que faziam o transporte de africanos escravizados do interior do continente até as cidades portuárias.
FIM DO TRÁFICO
Com o fim do tráfico, boa parte dos grupos africanos dominados viu-se livre não só das taxações, mas também da obrigatoriedade política de fazer parte desses Estados que os controlavam. 
Isso causou o enfraquecimento e mais tarde a fragmentação política de extensos impérios, como Ashanti e Oió.
Esse duplo processo de fragmentação e enfraquecimento político das sociedades costeiras da África foi um dos fatores que facilitou a entrada de europeus no interior da África centro-ocidental. Mas não foram as únicas.
Paralelamente, regiões islamizadas da África Ocidental atravessavam um processo de mudança, no qual as jihads passaram a ser chefiadas por líderes autóctones (africanos islamizados), criando novas dinastias e, consequentemente, novos reinos que não tinham uma forte unidade política estabelecida.
Ao norte do continente, a decadência do Império Turco-Otomano também criou uma fragilidade política em diferentes sociedades africanas, fato este que foi bem aproveitada pelos europeus. Na parte sul da África, a instabilidade gerada pelos conflitos entre os zulus e os africânderes também facilitou a entrada de europeus, sobretudo dos ingleses.
ANOTAÇÕES
Conteúdo Programático
· A construção do tráfico;
· As rotas do tráfico;
· As mudanças do tráfico no século XIX.
A construção do tráfico atlântico
· O sistema escravista já existe na África. Tomamos como exemplo o Reino do Congo, aonde os portugueses chegam em 1483. Ao entrar em contato com esse sistema, os portugueses começaram a comprar esses escravos para o sustento da economia agrário-exportadora que Portugal começara a implementar com sucesso na Ilha da Madeira e depois na América.
A conversão do Rei do Congo ao catolicismo facilitou muito as relações e facilitou a compra e venda de escravos pelos portugueses.
· Legitimação da escravidão dos africanos pela Igreja Católica baseada na bula Dum Diversas*, de 1452. Os Africanos eram considerados os descendentes legítimos de Cam, filho amaldiçoado por Noé por ter riso de sua nudez. A escravidão era vista como uma forma de punição para alcançar a salvação.
*Bula Dum Diversas: é uma bula papal emitida 18 de junho de 1452 pelo Papa Nicolau V e dirigida ao Rei Afonso V de Portugal. Através desta bula o papa afirma:
“(…) Nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa autoridade apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de cristo, onde quer que estejam, como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades (…) e reduzir suas pessoas à perpétua escravidão, e apropriar e converter em seu uso e proveito e de seus sucessores, os reis de Portugal, em perpétuo, os supramencionados reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades, possessões e bens semelhantes (…)”.
· Implementação e consolidação do sistema colonial (séculos XV e XVI), baseado na produção e comércio de gêneros tropicais em larga escala.
· É muito comum nos depararmos com o questionamento sobre o motivo pelo qual os indígenas não foram escravizados na mesma escala e intensidade dos negros africanos. Este é um assunto complexo que possui muitas nuances, mas para simplifica-lo podemos dizer que a Igreja Católica acreditava que, em função da maldição, o povo africano não possuía alma, diferente dos indígenas onde eles chegaram à uma conclusão oposta. 
· Não podemos dizer que os indígenas não foram escravizados, porém foram de uma forma diferente e mais branda. O objetivo principal era catequizar e ganhar as almas dos indígenas para a Igreja Católica e por isso eles eram, de certa forma, mais protegidos.
Rotas do tráfico transatlântico
As mudanças no tráfico no século XIX
· Revolução Industrial Inglesa (século XVIII);
· Revolução Francesa (1789);
· Revolução Norte-Americana (1776);
· Revolução do Haiti (1790).
· As ideias iluministas* e a experiência da Revolução Francesa inspiram movimentos emancipatórios na Europa e na América, colocando em xeque o Absolutismo e o colonialismo.
*O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVIII, marcado por valorizar a razão e tecer críticas ao absolutismo e ao mercantilismo. O Iluminismo foi um movimento político-intelectual que surgiu na Europa no século XVIII e fez com que ele ficasse conhecido como “século das luzes”.
Defendiam a liberdade política, econômica e religiosa de todos perante a lei; Criticavam o conhecimento sob controle da Igreja Católica, embora não fossem contra a crença em Deus; Defendiam um novo sistema econômico, em troca do criticado mercantilismo; Eram contra todos os privilégios da nobreza e do clero; Defendiam a predominância da razão sobre a fé e os misticismos.
· Depois desses acontecimentos e dos ideais iluministas, a escravidão aliada a produção começou a ser vista como atraso. Nesse contexto era necessário valorizar a mão de obra assalariada e criar um mercado para os produtos industrializados e a escravidão já não se encaixava.
· Abolição do tráfico transatlântico de escravos decretado pela Inglaterra em 1807.
· Não foi cumprido em algumas regiões, como Angola e Moçambique, que mantiveram seu comércio até meados do século XIX.
· Em outras regiões, como na Costa Ocidental, houve a substituição do comércio de escravos pelo comércio de produtos tropicais que, a médio prazo, acabou desestabilizando suas relações políticas e sociais.
· As mudanças econômicas geradas pela Revolução Industrial, com sua produção em menor tempo, criaram outras necessidades como: ampliação do mercado consumidor para seus produtos industrializados e o aumento do fornecimento de matéria prima a baixos custos. 
Já que grande parte das colônias americanas estavam independentes, onde buscar as duas principais pontas do processo produtivo? Na África.
· Se por um lado as ideias iluministas pareciam apontar para um futuro de liberdade, as necessidades da Revolução Industrial mostravam o contrário para a África.
· Todo esse processo gerou o Neocolonialismo, também conhecido como Imperialismo. 
O neocolonialismo, ou imperialismo, foi o processo de colonização e ocupação da África e da Ásia por grandes potências europeias, que se iniciou na segunda metade do século XIX e continuou até meados do século XX.
· Darwinismo Social: Esta teoria tem como base a superioridade racial, social e cultural, a qual afirmava que a sociedade se dividia em grupos superiores e inferiores, e consecutivamente os inferiores deveriam ser aperfeiçoados pelos superiores.
Foi empregado para tentar explicar a inconstância pós-revolução industrial, sugerindo que os que estavam pobres eram os menos aptos (segundo interpretação da época da teoria de Darwin) e os mais ricos que evoluíram economicamente seriam os mais aptos a sobreviver, por isso, os mais evoluídos.
· Contudo, a Europa não tinha fácil acesso ao continente africano. Pelo contrário, suas relações com as sociedades africanas ocorriam principalmente nas feitorias e cidades costeiras, locais onde normalmente eles trocavam produtos manufaturados por escravos, como armas e tecidos.
É justamente na fragmentação e no enfraquecimento político das sociedades costeiras da África que os europeus viram uma porta de entrada para o interior do continente.
· Ashanti – Império da Costa Ocidental Africana
Com o fim do tráfico e a substituição do comércio de escravos pelo comércio de produtos tropicais, a maioria dos grupos subjugados se viu livre dos tributos (antes pagos para não serem escravizados) e também da obrigatoriedade política de integrar esses estados que os controlavam.
Com isso, esse Império se fragmentou e abriu brechas para a entrada dos estrangeiros que se interiorizaramno continente.
· Conflitos entre Zulus e Africânderes – 1838, Blood River
No sul da África, atual África do Sul, o mesmo aconteceu. Esse processo gerou instabilidade que também facilitou a entrada dos europeus, sobretudo os ingleses.
Explorando o tema
· Filme La Amistad – Steven Spielberg (1997)
AULA 2
MISSIONÁRIOS E EXPEDICIONÁRIOS NA ÁFRICA
1. Analisar as razões que levaram expedicionários europeus à África;
2. Examinar os interesses dos missionários europeus no continente africano;
3. Relacionar as missões e expedições europeias na África com a ideologia imperialista do século XIX.
PREMISSA
Conforme vimos na primeira aula do curso, o fim do tráfico transatlântico de africanos escravizados teve grande impacto em muitas sociedades africanas, sobretudo naquelas que estavam diretamente ligadas a esse comércio. 
Muitos estados que dependiam da venda de escravos para sobreviver se viram em meio à necessidade de alterar sua estrutura econômica. Essa mudança causou grande instabilidade política.
Não foram, porém, apenas as sociedades escravizadoras e os traficantes que sofreram com a abolição do tráfico. O alto nível de especialização desse comércio havia criado uma ampla rede de grupos que dependiam, indiretamente, do tráfico transatlântico. Era o caso, por exemplo, dos povos que viviam da produção monocultora de gêneros alimentícios. Esses produtos eram comprados, em larga escala, pelas sociedades que haviam parado de produzir alimentos para produzir escravos.
OS EUROPEUS ADENTRAM A ÁFRICA
Graças à vulnerabilidade econômica e à instabilidade política em diferentes regiões africanas, os europeus sentiram-se à vontade para iniciar aquilo que Leila Hernandez (2005) chamou de “processo de roedura”. Com interesses múltiplos, diversas nações europeias iniciaram uma exploração aparentemente pacífica do interior africano. Nesse contexto, três personagens foram fundamentais para o aprofundamento do conhecimento que os europeus tinham do continente africano:
Os comerciantes, os missionários e os expedicionários
Os comerciantes europeus já eram conhecidos entre as sociedades africanas envolvidas no comércio de africanos escravizados. Muito embora esses homens poucas vezes tenham adentrado o continente, a relação comercial foi o principal vínculo entre a Europa e a África entre o século XV e meados do XIX. A partir da segunda metade do século XIX, o que mudou foram os produtos negociados.
A saída do escravo como principal item de exportação abriu espaço para que os africanos passassem a comercializar uma gama mais variada de mercadorias.
É importante ressaltar, porém, que, grosso modo, as sociedades africanas vendiam gêneros básicos (óleo de palma e amendoim, por exemplo) em troca de produtos manufaturados (sobretudo os tecidos produzidos nas fábricas inglesas).
Consequência da entrada das manufaturas
A entrada maciça de manufaturas serviu para abalar ainda mais as sociedades africanas que ainda se recuperavam das transformações econômicas causadas pelo fim do tráfico transatlântico: a substituição dos tecidos tradicionalmente produzidos por aqueles que chegavam aos montes graças aos comerciantes europeus. 
Muitos artesãos, por não conseguirem competir com os baixos preços desses produtos, acabaram sendo obrigados a largar suas oficinas de produção para engrossar a massa de trabalhadores nas lavouras destinadas a abastecer o mercado externo.
É preciso ressaltar ainda o início do comércio de produtos de luxo. A partir da segunda metade do século XIX, a África passou a ser a maior exportadora de marfim do mundo, sem contar o ouro da costa ocidental e os diamantes que passaram a ser encontrados na região centro-ocidental do continente.
As missões na África
Embora a presença de missionários religiosos na África date dos primeiros contatos estabelecidos entre europeus e africanos, a partir do século XIX essas missões passaram a ser mais numerosas. 
Ainda que muitos missionários tenham se preocupado em compreender as diferentes culturas africanas com as quais entraram em contato (conhecendo seus costumes, línguas e tradições, o principal objetivo das missões era converter os africanos não apenas à fé cristã mas também à cultura da Europa ocidental. 
Dessa forma, nas escolas e igrejas construídas pelos missionários, os africanos deveriam aprender outras línguas e cultuar outros deuses.
Mesmo que as missões religiosas tivessem “nobres intenções” (muitos missionários aceitaram escravos foragidos em suas propriedades), o resultado da catequese foi desastroso para os grupos convertidos, sobretudo para as pequenas aldeias e vilas.
As chamadas sociedades tradicionais africanas reconheciam nos chefes religiosos uma importante autoridade política e tinham o culto aos deuses e antepassados como uma das formas de preservar sua memória. A imposição de um novo Deus e de novos valores morais acabou alterando padrões de vida milenarmente construídos, enfraquecendo, assim, muitos povos africanos.
O ímpeto expedicionário
Desde o início de sua relação com a África, os europeus tinham o objetivo de conhecer aquele continente que, para eles, era uma mistura de barbárie e exotismo.
A soberania das sociedades africanas e as epidemias de malária e febre amarela, contudo, impediram que os europeus adentrassem o continente africano de forma sistemática até meados do século XIX. Até então, o conhecimento sobre os “sertões” da África era obra de alguns aventureiros e das leituras feitas de viajantes muçulmanos, como demonstra o mapa abaixo:
 Africa. Drawn by - 1850
Author: Fitch, George W.; Fairchild, Lucy
Printed map form with title, grid lines and numbers or "mapping plate." Map data added including relief by hachures in pen-and-ink by Lucy Fairchild. Prime meridians: Greenwich and Washington.
Em meio à formação da ideologia neoimperialista que passava a vigorar nas nações europeias (que haviam perdido suas possessões no Novo Mundo fazia pouco tempo), o continente africano passou a ser visto como o futuro celeiro da Europa, onde seria possível encontrar mão de obra barata, mercado consumidor e gêneros primários. No entanto, para dominar, era preciso conhecer esse continente.
CONHECENDO O CONTINENTE
As expedições tinham como objetivo principal conhecer o curso dos rios (as verdadeiras estradas naturais da África) e das sociedades africanas que viviam no interior do continente. 
Essas campanhas, compostas de dezenas de homens, eram minuciosamente documentadas por seus chefes; dessas anotações sairiam as informações necessárias para a exploração das regiões reconhecidas.
As descrições feitas por esses exploradores também permitiram que boa parte da Europa, e não só as autoridades governamentais, conhecesse com mais detalhes a vida na África. 
Diversos jornais europeus narravam essas expedições como verdadeiras aventuras, nas quais bravos homens conviviam dia após dia com o perigo de uma terra repleta de tribos, animais ferozes e doenças desconhecidas.
Tais narrativas ajudaram a criar, no continente europeu e nos Estados Unidos, a ideia de uma África que muito se assemelha com aquela descrita no romance de Tarzan.
Depois da familiarização com o ambiente
As expedições se tornaram tão frequentes ao longo do século XIX que exploradores chegaram a se encontrar em meio às campanhas no continente africano. Tais encontros podem ser encarados como a primeira versão da corrida pela África que se iniciaria pouco depois.
Nomes como Mungo Park, Henri Barth, David Livingstone, Richard Francis Burton e Henry Stanley tornam-se famosos na Europa e nos Estados Unidos. 
Livingstone, um médico missionário escocês, fez sua expedição pelo sul do continente e foi responsável pela “descoberta” do lago Niassa em 1859. Nesse mesmo ano, o inglês Burton ―escritor, diplomata, antropólogo, linguista e geógrafo ― “encontrou” o lago Tanganica, no nordeste africano.
O reconhecimento do território africano empreendido pelas campanhas de exploração e pelas missões religiosas foram facilitadores de uma verdadeira invasão de mercadores europeusnas caravanas e rotas de comércio que ligavam diferentes pontos do continente. 
Muitos desses mercadores começaram a controlar algumas redes de comércio, criando novos sistemas de autoridade que não passavam mais por líderes africanos.
De início isso não representou nenhum tipo de perigo para as elites africanas, que já estavam acostumadas a negociar com árabes, indianos e com os próprios europeus. No entanto, no decorrer do século, os europeus se tornaram senhores das principais rotas comerciais do litoral africano, incluindo as que ligavam as cidades orientais ao continente asiático.
MARFIM: O OBJETIVO DOS EUROPEUS
Como já mencionado, o marfim era um dos produtos mais procurados pelos europeus. Isso porque era trocado por um produto de grande serventia aos africanos: o mosquete.
Desde o início do comércio entre africanos e europeus, a arma de fogo foi um dos itens que mais entraram na África, pois tinha diferentes usos. 
As sociedades africanas detentoras de armas de fogo tinham grande vantagem militar sobre as que utilizavam arcos, flechas e lanças. 
Além disso, as armas dificultavam a destruição de rebanhos e plantações, e facilitavam a caça de animais selvagens. A grande aceitação do mosquete, porém, tinha um detalhe em especial. Essa espingarda poderia ser carregada com as balas de pólvora feitas na África, bem como ser consertada pelos próprios ferreiros africanos.
Ainda assim, apesar de o mosquete ter grande serventia para diferentes sociedades africanas, havia uma grande desvantagem na compra dessa arma: ela era infinitamente inferior às metralhadoras produzidas na Europa. No momento certo, os europeus souberam aproveitar essa diferença.
ANOTAÇÕES
Conteúdo Programático
· As expedições europeias e seus interesses na África;
· As missões europeias e as razões que as levaram ao continente africano;
· A relação entre esses dois movimentos de incursão com as ideias imperialistas do século XIX.
Relembrando...
· A proibição do tráfico transatlântico de africanos escravizados teve grande impacto em muitas sociedades africanas, sobretudo naquelas que estavam diretamente ligadas a esse comércio. Graças à vulnerabilidade econômica e à instabilidade política em diferentes regiões africanas os europeus se sentiram à vontade para iniciar aquilo que Leila Hernandez chamou de “processo de roedura”. Com interesses múltiplos, diversas nações europeias iniciaram uma exploração aparentemente pacífica no interior africano.
Os europeus adentram a África
· Nesse contexto, três personagens foram fundamentais para o aprofundamento do conhecimento que os europeus tinham do continente africano: comerciantes, missionários e expedicionários.
Comerciantes: Consequências da entrada das manufaturas
· A entrada maciça de manufaturas serviu para abalar mais ainda as sociedades africanas que ainda se recuperavam das transformações econômicas causadas pelo fim do tráfico transatlântico: a substituição dos tecidos tradicionalmente produzidos por aqueles que chegavam aos montes graças aos comerciantes europeus.
· Muitos artesãos, por não conseguirem competir com os baixos preços desses produtos, acabaram sendo obrigados a largar suas oficinas de produção para engrossar a massa de trabalhadores nas lavouras destinadas a abastecer o mercado externo.
· A imagem abaixo ilustra a alimentação da mão de obra que se transforma em matéria-prima para a indústria e a benção e a autorização da igreja para tal feito.
· Essa imagem é muito significativa, pois mostra a cooperação de diversos indivíduos para um mesmo objetivo. Um não poderia fazer sem o outro, principalmente se levarmos em consideração a benção da igreja nesse processo.
· Há também outra interpretação da imagem: “Essa é, na verdade, uma imagem de propaganda alemã de antes da Primeira Guerra Mundial que pretende ilustrar que os Britânicos queriam apenas drogar os africanos com álcool e religião para explorá-los. Ideias simplistas como essa sobre o Imperialismo Britânico sobrevivem até os dias modernos”. Fonte: https://www.britishempire.co.uk/article/squeezingafricans.htm
· É preciso ressaltar ainda o início do comércio de produtos de luxo. A partir da segunda metade do século XIX, a África passou a ser a maior exportadora de marfim do mundo, sem contar o ouro da costa ocidental e os diamantes que passaram a ser encontrados na região centro-ocidental do continente.
Missionários: O papel das missões na África
· Embora a presença de missionários religiosos na África date dos primeiros contatos estabelecidos entre europeus e africanos, a partir do século XIX esses missões passaram a ser mais numerosas.
· Ainda que muitos missionários tenham se preocupado em compreender as diferentes culturas africanas com as quais entraram em contato, o principal objetivo das missões era converter os africanos não apenas à fé cristã, mas também à cultura da Europa Ocidental. Dessa forma, nas escolas e igrejas construídas pelos missionários, os africanos deveriam aprender outras línguas e cultuar outros deuses.
· Além de tudo, essa abordagem tornava mais fácil vender os produtos que possuíam um padrão europeu e, de certa maneira, controlar essa sociedade através dessa identificação cultural que era construída.
· É importante ressaltar como essa descaracterização cultural levou à fragmentação e a instabilidade política. Isso se dá em função da constante desvalorização dos representantes políticos e religiosos dessas comunidades.
· A visão selvagem e distorcida do continente africano levou esses europeus a acreditarem que, devido aos seus costumes, cultura, religião e modo de viver, a África era um lugar que precisava de salvação.
· Mesmo que as missões religiosas tivessem “nobres intenções”, o resultado da catequese foi desastroso para os grupos convertidos, sobretudo para as pequenas aldeias e vilas.
· As chamadas sociedades tradicionais africanas reconheciam nos chefes religiosos uma importante autoridade política e tinham o culto aos deuses e antepassados como uma das formas de preservar sua memória. 
· A imposição de um novo deus e de novos valores morais acabou alterando padrões de vida milenarmente construídos, enfraquecendo, assim, muitos povos africanos.
Expedicionários: o ímpeto expedicionário
· Desde o início de sua relação com a África, os europeus tinham o objetivo de conhecer aquele continente que, para eles, era uma mistura de barbárie e exotismo. Contudo, a soberania das sociedades africanas e as epidemias de malária e febre amarela impediram que os europeus adentrassem o continente africano de forma sistemática até meados do século XIX
· Os europeus empreenderam uma jornada muito perigosa e nociva, tanto para aqueles que faziam parte das expedições, quanto para aqueles que estavam presentes nas terras prestes a serem exploradas. Mas, essa última parte não foi muito levada em consideração. 
· É evidente que tanto os exploradores quanto os nativos tiveram dificuldades no quesito das diversas epidemias, afinal, eram mundos muito diferentes que se encontravam. 
· Apesar de uma significativa quantidade de doentes e mortos, as expedições continuaram de forma mais cautelosa e menos sistemática. 
· Se observarmos no dicionário a palavra ímpeto significa:
 “Ímpeto: substantivo masculino
1. movimento repentino, precipitado; impulso.
"de um í., ele se pôs de pé"
2. força súbita e intensa; violência.
"o í. das ondas quebrando sobre o rochedo"
Acredito que tal definição já diz muito sobre a continuidade das expedições mesmo diante das adversidade.
2
 COMO ERA
Mapa com os principais povos e reinos pouco antes da divisão feita pelos europeus na Conferência de Berlim entre 1884 e 1885. Algumas regiões do norte já eram colonizadas pelo Império Otomano, mas a maioria, autônoma.
Leia mais em: https://super.abril.com.br/especiais/a-partilha-da-africa/
COMO FICOU
Mapa com os principais povos e reinos pouco antes da divisão feita pelos europeus na Conferência de Berlim entre 1884 e 1885. Algumas regiões do norte já eram colonizadas pelo Império Otomano, mas a maioria,autônoma.
Leia mais em: https://super.abril.com.br/especiais/a-partilha-da-africa/
· A África passa a ser vista como o futuro celeiro da Europa, fornecedora de mão de obra barata, mercado consumidor e gêneros primários. No entanto, era necessário conhece-la.
· Abaixo, à esquerda, os expedicionários portugueses Roberto Ivens e Hermenegildo Capello e, à direita, o também expedicionário português Alexandre de Serpa Pinto.
Conhecendo o continente
· As expedições tinham como objetivo principal conhecer o curso dos rios e das sociedades africanas que viviam no interior do continente. Essas campanhas, compostas de dezenas de homens, eram minuciosamente documentadas por seus chefes e, dessas anotações, sairiam as informações necessárias para a exploração das regiões reconhecidas.
· As grandes bacias hidrográficas eram as regiões mais visadas, pois era nelas que aconteciam as principais trocas comerciais.
· As descrições feitas por esses exploradores também permitiram que boa parte da Europa, e não só as autoridades governamentais, conhecessem a vida na África com mais detalhes.
· Diversos jornais europeus narravam essas expedições como verdadeiras aventuras, nas quais bravos homens conviviam dia após dia com o perigo de uma terra repleta de tribos, animais ferozes e doenças desconhecidas.
Depois da familiarização com o ambiente
· As expedições se tornaram tão frequentes ao longo do século XIX que exploradores chegaram a se encontrar em meio às campanhas no continente africano. Tais encontros podem ser encarados como a primeira versão da corrida pela África que se iniciaria pouco depois.
· Nomes como Mungo Park, Henri Barth, David Livingstone, Richard Francis Burton e Henry Stanley tornam-se famosos na Europa e nos Estados Unidos.
· Como consequência das incursões, os europeus acabam por dominar as principais rotas do comércio do litoral africano, inclusive as que ligavam as cidades orientais ao continente asiático.
O comércio estabelecido
· Produtos industrializados: tecidos, armas de fogo, principalmente.
· Marfim como artigo de luxo.
Resumindo
· As expedições europeias e seus interesses na África;
· As missões europeias e as razões que as levaram ao continente africano;
· A relação entre esses dois movimentos com as ideias imperialistas do século XIX.
AULA 3
A PARTILHA DO CONTINENTE AFRICANO
1. Examinar os ditames da política neoimperialista;
2. Analisar os eventos que levaram à partilha do continente africano;
3. Avaliar os reais interesses na partilha desse continente.
Se observarmos o mapa político da África atual, vai observar que a demarcação de muitas fronteiras entre os países parece ter sido feita com régua e compasso, e de fato foi. Nos últimos anos do século XIX, depois de décadas realizando o mapeamento do continente africano, as nações europeias resolveram partilhar a possessão da África entre elas. Na época, o objetivo dessa partilha era não só iniciar a exploração desse continente como também levar a civilização para os africanos. Nesta aula vamos analisar os antecedentes da partilha da África e suas motivações.
O NEOIMPERALISMO
A frase “Fardo do homem branco”, criada pelo poeta inglês Rudyard Kipling (autor do livro Mogli, o menino lobo), sintetiza os fundamentos da ideologia imperialista, que, na época, via a colonização da África como um dever a ser cumprido. 
De acordo com as principais nações capitalistas da época (as europeias e os Estados Unidos), cabia ao homem branco fazer com que povos de outras raças, sobretudo os africanos e os asiáticos, atingissem o modelo europeu/branco de civilização. 
Era o que os brancos acreditavam ser o auge do progresso e da evolução humana.
SÍNTESE DO “FARDO DO HOMEM BRANCO”
A doutrina do darwinismo social foi o instrumento científico utilizado por essas nações “brancas”.
Segundo essa doutrina (que aplicava da evolução das espécies, desenvolvida por Charles Darwin (1809-1882), os diferentes biótipos humanos existentes eram, na realidade, diferentes raças humanas, sendo a raça branca a mais desenvolvida entre todas. 
Por isso, cabia aos homens brancos fazerem com que as demais raças evoluíssem. A única forma de realizar esse feito era por meio da colonização.
Embora se saiba que, atualmente (do ponto de vista biológico), não existem raças humanas, pois a humanidade é uma só, do final do século XIX até meados do século XX, o uso das ciências para comprovar a falsa desigualdade existente entre os homens, promoveu o racismo científico, que não só justificou a colonização da África e da Ásia como também foi a justificativa utilizada pelos movimentos nazistas e fascistas comprovar a falsa desigualdade existente entre os homens, promoveu o racismo científico, que não só justificou a colonização da África e da Ásia como também foi a justificativa utilizada pelos movimentos nazistas e fascistas.
O CASO DO CANAL DE SUEZ
A presença europeia com interesses genuinamente imperialistas já era uma realidade no continente africano desde a década de 1850.
Um dos maiores exemplos dos planos das nações da Europa que se julgavam detentoras da civilização e do progresso foi a construção do Canal de Suez. 
Esse canal foi a realização de um desejo antigo (desde o Egito faraônico) de ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. Os estudos preparatórios começam com a ocupação do Egito por Napoleão, em 1832, mas as obras só foram iniciadas em 1859.
Grosso modo, é possível dizer que o Canal de Suez foi idealizado por europeus, mais especificamente pelos franceses, mas quem realizou efetivamente a obra foram os milhares de egípcios recrutados para o serviço.
O canal só ficou pronto dez anos depois, em 1869, em uma inauguração repleta de reis e de chefes de Estado de diferentes nacionalidades. É a partir desse momento que a Inglaterra passa a mostrar interesse crescente pela região. De forma escusa, cujas negociações são até hoje pouco conhecidas, os ingleses conseguiram comprar Ações Financeiras da Companhia do Canal de Suez.
Sendo assim, o grande empreendimento deixava de ser nacional e passava para o controle da Inglaterra, que ainda conseguiu que o Egito fosse obrigado a pagar 5% sobre o valor das ações vendidas aos ingleses por um período de dezenove anos. 
Era o alvorecer da perda de soberania dos estados africanos e da consequente submissão econômica dessas mesmas sociedades.
O ESTOPIM CAUSADO POR LEOPOLDO II E A PARTILHA DA ÁFRICA
Até a década de 1860, a presença de diferentes nações europeias no continente africano não causava questões diplomáticas na Europa. A situação começou a mudar entre as décadas de 1870 e 1880, período em que as condições para a partilha foram criadas.
Um aspecto que acendeu ainda mais o interesse e a cobiça europeia pela África foi a descoberta casual de diamantes na atual África do Sul e, um pouco mais tarde, de ouro e de cobre ainda na parte meridional do continente.
A descoberta de grandes reservas de minério em diferentes áreas do continente africano, bem como o conhecimento cada vez mais aprofundado da geografia da África (graças às expedições de exploração já estudadas), fez com que uma série de projetos de ocupação do território africano fosse desenvolvida pelas nações europeias.
O objetivo era criar estruturas hidráulicas e férreas que viabilizassem a entrada efetiva dos europeus. Alguns projetos chegaram a ser extremamente audaciosos. A Inglaterra, por exemplo, elaborou um projeto de construção férrea que ligaria o Cairo à Cidade do Cabo, cortando, longitudinalmente, todo o continente africano.
Embora a presença europeia se fizesse sentir cada vez mais forte em algumas regiões da África, o estopim para a partilha da África foram os desejos expansionistas do rei belga Leopoldo II.
Durante vinte anos, o monarca da Bélgica fez grandes investimentos, até mesmo pessoais, no intuito de possuir uma colônia tropical. Quando as expedições de Henry Stanley localizaram a bacia do rio Congo, uma das maiores do continente, Leopoldo II parecia ter encontrado seu grande sonho. 
Em1876, o rei belga reuniu uma conferência internacional de geografia em seu palácio, em Bruxelas. Desse encontro criou-se a Associação Internacional Africana, cujo objetivo era levar a civilização para a única parte do globo ainda não penetrada. 
Como presidente dessa associação, Leopoldo tinha acesso a uma quantidade privilegiada de informações sobre o continente.
O ESTADO LIVRE DO CONGO
Extremamente perspicaz e aproveitando-se do conhecimento adquirido pelas expedições europeias na África, Leopoldo II constitui, em 1877, o Estado Livre do Congo. Em tese, esse Estado era propriedade privada do rei, não tendo nenhum vínculo direto com a Bélgica. Sendo assim, o rei Leopoldo poderia explorar aquilo que lhe aprouvesse.
A criação desse Estado surpreendeu e acirrou os ânimos das demais nações europeias, mesmo porque ele representava o controle do acesso à Bacia do Congo, que pertencia ao rei belga. 
Embora o Estado Livre do Congo tenha permanecido com Leopoldo II até 1904, para evitar possíveis embates (até mesmo bélicos), o rei teve de negociar com as demais nações da Europa o uso das redes fluviais da região.
As aspirações coloniais de Leopoldo II foram rapidamente compartilhadas por outros países europeus que iniciaram uma verdadeira corrida para a África, como veremos a seguir.
OUTROS PAÍSES EUROPEUS NA CORRIDA PELA PARTILHA DA ÁFRICA
Alemanha, França e Inglaterra intensificaram o contato com lideranças autóctones dos territórios que pretendiam dominar.
Em 1881, Túnis foi declarada protetorado francês; no ano seguinte, Inglaterra e França se uniram para subjugar o Egito. Em meio a esse processo, o chanceler alemão Otto Von Bismarck convocou os representantes das grandes potências da época para uma conferência (ocorreu entre dezembro de 1884 e abril de 1885) em Berlim.
O objetivo inicial desse encontro era controlar as pretensões expansionistas europeias na África Ocidental, sobretudo as de Leopoldo II, mas não foi exatamente o que aconteceu. 
A Conferência de Berlim desnudou os interesses imperialistas da Europa, processo que se deu à revelia das múltiplas nações e etnias africanas que passaram a ser colonizadas.
Além de legitimarem o poderio do monarca belga na Bacia do Congo, os representantes reconheceram possessões alemãs na África “tropical” e autorizaram a ocupação colonial em todo o território africano.
Empresas europeias (muitas das quais utilizando o capital dos Estados Unidos) aproveitaram o ímpeto imperialista de suas nações e passaram a exercer monopólios comerciais tão eficientes quanto ou mais eficientes que os tratados de proteção acordados entre diplomatas europeus e diferentes lideranças africanas.
Além dos interesses políticos e econômicos que por si só já eram argumentos suficientes para a colonização europeia da África, os diferentes países da Europa ainda acreditavam estar fazendo um bem a todo o continente africano, pois o neocolonialismo era a única forma de levar a civilização aos africanos.
Assim como ocorrera quatrocentos anos antes, quando o papa Nicolau V permitiu a escravização de africanos, os europeus utilizavam a crença no “Fardo do homem branco”, entendida como a superioridade dos europeus brancos e cristãos, para dominar outros povos. 
A DIVISÃO DO CONTINENTE AFRICANO
A fim de assegurar que a ocupação do continente africano não causaria grandes conflitos entre os países europeus, o primeiro-ministro britânico, Lorde Salisbury, utilizou, em 1891, seu vasto conhecimento sobre a geografia da África para fazer uma divisão equilibrada do continente entre as metrópoles. De maneira geral:
· À França coube a África Ocidental;
· À Inglaterra, a África Oriental;
· À Itália, a região nordeste do continente;
· À Portugal, a África Centro-Ocidental
CONCLUINDO
Em relação aos dois últimos postulados apresentados podemos dizer que um plano fica definido por 3 pontos não colineares ou por 1 reta e 1 ponto fora dela.
Mais do que separar, a partilha da África juntou diferentes grupos africanos, muitas vezes rivais, em um mesmo todo político, fato que trouxe consequências graves durante o processo de independência dessas colônias.
ANOTAÇÕES
Conteúdo programático
· O aumento da presença europeia na África;
· Os interesses europeus na África;
· A partilha da África.
O Imperialismo ou Neocolonialismo
O termo “fardo do homem branco”, criado pelo poeta inglês Rudyard Kipling, sintetiza os fundamentos da ideologia imperialista segundo a qual a colonização da África era um dever a ser cumprido pelo homem branco, que levaria os povos de outras raças, sobretudo os africanos e os asiáticos, ao modelo europeu-branco de civilização, que eles acreditavam ser o auge do progresso e da evolução humana.
· Colonialismo do século XVI versus Neocolonialismo do século XIX. 
Ambos tem ligação com o expansionismo político e econômico dos países europeu que, com objetivo de alimentar suas economias, expandiram as fronteiras e colonizaram outras regiões.
· O Colonialismo, foi estabelecido do século XVI ao XVIII, principalmente nas Américas. As nações europeias implantaram colônias efetivas nos territórios americanos, buscando produtos complementares à economia europeia, estabelecendo governos e impondo sua cultura aos povos nativos.
· O Neocolonialismo ocupou basicamente África, Ásia e América, durante os séculos XIX e XX. Foi caracterizado pela interferência em sociedades já estabelecidas, podendo demandar uso de força militar, para atender interesses imediatos do processo de industrialização das potências europeias. A administração dos territórios podia ser feita diretamente pelos países europeus, ou por via indireta, através de alianças com elites locais.
O Darwinismo Social foi o instrumento científico utilizado por essas nações “brancas”. Segundo essa doutrina, que aplicava “A teoria da evolução das espécies”, de Charles Darwin (1809-1882), os diferentes biotipos humanos existentes eram, na realidade, diferentes raças humanas, sendo a raça branca a mais desenvolvida dentre todos. Por isso, cabia aos homens brancos fazer com que as demais raças evoluíssem e a única forma de realizar este feito era por meio da colonização.
Principais interesses
1. Exploração de riquezas minerais e agrícolas;
2. Novas rotas para o comércio;
3. Expansão do mercado consumidor.
O caso do Canal de Suez e o aumento da presença europeia na África
· Já se falava do Canal de Suez desde que Napoleão ocupou o Egito.
· 1832: Estudos com a ocupação francesa.
1859: Início das obras;
1869: Conclusão
· Além da participação efetiva do Egito, o empreendimento contou ainda com a colaboração da França, efetivada por apoio técnico, e do Reino Unido, por meio de apoio financeiro.
· Além disso, franceses e ingleses controlaram grande parte do comércio realizado no canal ao longo dos anos.
· Em 1956, o Canal de Suez foi nacionalizado pelo Egito. O objetivo do governo egípcio era assumir o controle do canal. Porém, França e Reino Unido, com o apoio de Israel, não aceitaram o processo de nacionalização e declararam guerra ao Egito, invadindo a região do Canal de Suez.
A Guerra de Suez, iniciada em 1956, teve como derrotado militarmente o Egito. Mesmo assim, a atuação diplomática dos Estados Unidos e da ONU, assim como o temor da participação da União Soviética a favor do Egito, resultou na retirada das tropas invasoras e no controle absoluto do Egito sobre o canal.
O estopim causado por Leopoldo II e a partilha da África
Em 1777, o rei belga criou o Estado Livre do Congo como sua propriedade privada, no sentido de explorar o que lhe conviesse.
· Essa região sequer estava ligada ao Estado belga, era propriedade pessoal do rei, que queria usufruir de toda e qualquer riqueza que encontrasse lá para si.
· Tal ação causou muito incomodo para outras nações, iniciando assim a corrida da África e, posteriormente, a partilha.
A corrida para a África
· Alemanha, França e Inglaterra intensificaram o contato com as lideranças locais dos territórios que pretendiam dominar;
· Em 1881, Túnis foi declarada protetoradofrancês;
· Em 1882, Inglaterra e França se unem para subjugar o Egito;
· Entre dezembro de 1884 e abril de 1885, acontece a Conferência de Berlim, legitimando o poderio do rei belga na Bacia do Congo, reconhecendo possessões alemãs na “África tropical” e autorizando a ocupação colonial em todo o continente;
· Em 1891, o primeiro-ministro britânico, Lorde Salisbury realizou uma divisão equilibrada da África para evitar os conflitos.
A partilha da África entre os países europeus.
· Mapas da partilha nas páginas ... e ...
AULA 4
MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA
1. Examinar as múltiplas resistências africanas à partilha;
2. Analisar a trajetória de alguns dos maiores líderes dos movimentos de resistência;
3. Avaliar até que ponto esses movimentos tiveram êxito.
A partilha da África foi um ato que dividiu e defendeu os interesses dos países europeus e dos Estados Unidos, que, desde meados do século XIX, comungavam o “fardo do homem branco” e, justamente por isso, acreditavam que tinham a missão de civilizar todas as sociedades que não compartilhassem seus modelos de organização e governo. Esse furor civilizador, no entanto, trazia em seu bojo o gérmen do colonialismo, que se remodelava em meio à conjuntura oitocentista. Embora algumas lideranças africanas tenham participado do processo que resultou na partilha do continente, a maior parte dos estados africanos esteve aquém das decisões que culminaram na colonização do continente. Nesta aula, vamos analisar alguns movimentos de resistência levados a cabo por grupos e importantes nomes de diferentes regiões da África, demonstrando assim que a colonização esteve longe de ser um movimento pacífico e acordado pelos habitantes do continente colonizado.
A RESISTÊNCIA E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS
Embora grande parte das sociedades africanas estivesse passando por um momento de reorganização ou de fragmentação política e possuísse um arsenal bélico infinitamente inferior ao europeu, diversos movimentos de resistência foram organizados em toda a África antes da partilha do continente. 
De modo geral, esses movimentos foram liderados por chefes religiosos (islâmicos, cristãos e sacerdotes da chamada religião tradicional da África) que usavam a religião como elemento agregador de diferentes povos e etnias para promover a organização necessária para lutar contra os invasores.
Na realidade, a resistência africana foi anterior à partilha propriamente dita. Antes mesmo de 1885 e da redefinição do continente africano, muitas sociedades e lideranças não viam com bons olhos a crescente presença europeia em suas terras.
Resistência ao poderio inglês
Os ingleses tiveram de lidar com movimentos de resistência em diferentes lugares. Na África Ocidental, as elites do império Ashanti, por exemplo, resistiram à entrada inglesa durante setenta anos.
Os Ashantis, que haviam sido parceiros comerciais dos ingleses durante o período de legalidade do tráfico transatlântico, não concordaram com a diminuição de sua soberania diante da crescente presença inglesa em seu território.
· 1823
Os ingleses tiveram de lidar com movimentos de resistência em diferentes lugares. Na África Ocidental, as elites do império Ashanti, por exemplo, resistiram à entrada inglesa durante setenta anos. Os ashantis, que haviam sido parceiros comerciais dos ingleses durante o período de legalidade do tráfico transatlântico, não concordaram com a diminuição de sua soberania diante da crescente presença inglesa em seu território. 
Os conflitos entre os ashantis e os ingleses datam de 1823, quando foi declarada a primeira guerra Anglo-Ashanti. Na ocasião, os ingleses já tentavam dominar parte do território por meio das negociações de Sir Charles McCarthy, mas os termos não foram aceitos pelas lideranças, que acabaram assassinando McCarthy e expulsando os demais britânicos da região.
· 1853
Trinta anos depois, em 1853, os ashantis tornaram a entrar em guerra contra os ingleses a fim de defender o controle do rio Pra. O conflito durou mais de dez anos terminou com a vitória Ashanti graças às numerosas epidemias que assolaram as tropas inglesas.
· 1891
Em 1891, na tentativa de expulsar os franceses que tentavam controlar seu território ao mesmo tempo que buscavam as minas de ouro da região, os ashantis se tornaram um protetorado inglês. Dessa vez, os britânicos vieram muito mais armados e dispostos a controlar a região, enfrentando uma guerra que durou mais de cinco anos.
· 1896
Somente em 1896, quando os ingleses introduziram a metralhadora nos combates, garantindo sua vitória sobre os ashantis, que foram de fato incorporados à Costa do Ouro.
OS XONAS E OS ZULUS
Conforme mencionado anteriormente, os ingleses tiveram de enfrentar outros movimentos de resistência no continente africano. Na parte sul da África, destacam-se os movimentos feitos pelos xonas e pelos zulus.
Os grupos xona e ndebele que viviam no atual Zimbábue organizaram movimentos insurretos que contaram com a participação ativa de líderes religiosos. Entre 1896 e 1897, o líder religioso Milmo teria sido o responsável por fomentar o ódio contra os colonos ingleses. Segundo o sacerdote, os britânicos eram responsáveis pela seca e pelas pragas de gafanhoto que assolaram a região desde o início da década de 1890.
Tanto os xonas quanto os ndebeles pegaram em armas e, sob o nome de chimurengas (que significa revolta na língua xona), lutaram por dois anos contra os ingleses. A supremacia bélica e o grande número de soldados britânicos trouxeram a vitória para os colonos.
Depois da morte do líder Milmo, os xonas e os Ndebeles foram unificados e ficaram sob o comando da empresa do britânico Cecil Rhodes. Ainda que tenham saído derrotados, os africanos dessa região reconhecem a Primeira Batalha Chimurenga como o primeiro passo na luta pela independência, que ocorreria quase um século depois.
No extremo sul do continente, os ingleses encontraram um exército zulu armado e determinado a impedir o avanço colonial. Na realidade, esse embate entre os zulus e os britânicos remonta a meados do século XIX, quando houve uma usurpação do trono zulu por meio da linhagem de Cetshwayo.
Esse episódio enfraqueceu a organização política do reino, facilitando, assim, a entrada dos ingleses a partir da década de 1870. Mesmo sem contar com o apoio de todos os chefes de seu reino, Cetshwayo e os zulus causaram a maior derrota da Inglaterra, matando cerca de 1.600 soldados britânicos. Essa luta ficou imortalizada como Batalha de Isandhlawana, ocorrida em 22 de janeiro de 1879.
BATALHA DE ISANDHLAWANA
Ainda que bem armados e com uma organização tática bem-estruturada que fazia inveja ao Exército britânico, os ingleses mudaram suas táticas de guerra e começaram a realizar pequenos conflitos, que levaram à tomada de Ulundi, a capital do reino zulu.
Após esse episódio, o Rei Cetshwayo foi capturado e levado para a Cidade do Cabo, retornando ao reino zulu seis anos depois, a fim de aplacar uma guerra civil que assolava a região. Morto, possivelmente por envenenamento, em 1884, Cetshwayo foi sucedido por seu filho de apenas 15 anos.
RELIGIÃO E RESISTÊNCIA
Os franceses também sentiram na pele o poder dos movimentos de resistência.
Na primeira metade do século XIX, em 1830, quando a partilha ainda não fazia parte dos planos europeus, a França tomou à força a cidade de Argel (capital da Argélia). 
A rapidez e a violência desse episódio geraram um duplo movimento de resistência por parte dos futuros argelinos. No entanto, ainda que numerosos conflitos tenham ocorrido, a divisão entre os revoltosos e a superioridade militar dos franceses propiciou a vitória dos últimos. Em 1848, a Argélia se transformava em um dos departamentos da França.
Como muçulmano ferrenho, Omar Tall lutou tanto contra o cristianismo que acompanhava a presença cada vez mais constante dos franceses em seu território quanto contra as sociedades, que considerava animista. Os mais de quarenta anos de luta terminaram em 1868, quando Omar Tall morreu em um ataque. Sua figura atéhoje é relembrada nos atuais países do Mali e do Senegal.
No atual Senegal, Omar Tall foi o líder de diversos conflitos contra os invasores. Nascido no final do século XVIII, transformou-se em um dos mais poderosos líderes políticos e religiosos da parte ocidental do continente.
A religião foi uma importante arma na luta contra a presença europeia na África
No atual Sudão, um poderoso exército chefiado pelo líder muçulmano Samori Touré conseguiu resistir aos franceses entre 1882 e 1900 graças às táticas de deslocamento das tropas pelo território e ao fato de os ferreiros da região terem copiado os fuzis utilizados pelos europeus, diminuindo assim a diferença na tecnologia bélica.
AS VITÓRIAS AFRICANAS
Mesmo com a supremacia bélica, os europeus não foram capazes de colonizar dois países africanos: a Libéria e a Etiópia.
A Libéria foi um país criado em 1847, após a declaração de Independência da Sociedade Americana de Colonização, criada pelo estadunidense Robert Finley, que pretendia levar todos os negros livres e libertos dos Estados Unidos para lá.
Embora países como a França e a Inglaterra exercessem forte pressão para ocupar a região, a República da Libéria conseguiu manter sua soberania durante o período colonial por meio de acordos feitos em 1885 e em 1892, em que seu território foi demarcado.
A história da Etiópia está muito atrelada aos movimentos de resistência descritos anteriormente.
Embora a Itália tenha empreendido diversas invasões ao território etíope, conseguindo até mesmo colonizar a atual Eritreia, o movimento comandado pelo Imperador Menelik II conseguiu impedir a invasão italiana. O lema dos etíopes era “morrer antes de ceder uma polegada do território etíope”. O rei etíope, que era um cristão ortodoxo, conseguiu apoio de grande parte da população islâmica, formando assim uma unidade política coesa e um exército forte.
A BATALHA DE ADOWA
O confronto decisivo, conhecido como Batalha de Adowa, ocorreu em 1896, ocasião em que quatrocentos soldados italianos foram mortos pelo exército de Menelik II. 
No início do século XX, a Etiópia foi reconhecida como reino independente pelas nações europeias.
Filme: A Batalha de Argel. Direção: Gillo Pontecorvo. 1965
As Guerras Anglo-Ashanti
As guerras ANGLO ASHANTI foram quatro conflitos entre o Império Ashanti, no interior Akan da Costa do Ouro, atual Gana e o Império Britânico no século 19 entre 1824 e 1901. O governante do Ashanti foi o Asantehene. As guerras eram principalmente sobre o estabelecer um forte controlo sobre as áreas costeiras do que hoje é Gana. Populações costeiras, como a Fante e os habitantes de Accra, que eram principalmente Ga aliaram-se com os britânica. O Ashanti impressionantemente resistiu aos britânicos mas, no final, o Império Ashanti tornou-se um protetorado britânico.
Guerras anteriores
Os britânicos foram derrotados em três guerras anteriores:
No Ashanti Guerra Fante de 1806 07, o britânico se recusou a entregar mais de dois rebeldes prosseguidos pela Ashanti, mas, eventualmente, entregou um sobre.
Na Ga Guerra Fante de 1811, o Akwapim capturou um forte britânico na Tantamkweri e um forte holandês em Apam.
Na Guerra Akwapim de 1814-1816 o Ashanti derrotou a aliança Akwapim Akim. Os Britânicos, holandês e autoridades dinamarquesas tiveram que entrar em acordo com o imperio Ashanti. Em 1817, a Companhia Africano das Merchants assinaram um tratado de amizade que reconheceu as reivindicações Ashanti sobre grande parte da costa.
Primeira Guerra Anglo-Ashanti
A Primeira guerra Anglo Ashanti foi de 1823 a 1831. Em 1823, Sir Charles MacCarthy, rejeitou entregar as áreas Fanti da costa aos Ashanti e não quis negociar, então liderou uma força invasora da Costa do Cabo. Ele foi derrotado e morto pelo Ashanti, e as cabeças de MacCarthy e Ensign Wetherall foram mantidos como troféus. Na Batalha de Nsamankow, as tropas de MacCarthy foram desbaratadas e o. Major Alexander Gordon Laing retornou à Grã-Bretanha com a notícia de seu destino.
Os Ashanti foram tão bem sucedidos na luta subsequente que, em 1826 instalaram-se novamente na costa. No início, eles lutaram de maneira impressionante em batalha aberta contra números superiores das forças aliadas britânicas. No entanto os novos foguetes britânico do tipo Congreve obrigou o exército Ashanti a se retirar. Em 1831, o Rio Pra foi aceito como a fronteira em um tratado, e houve trinta anos de paz.
Segunda Guerra Anglo-Ashanti
A Segunda Guerra Anglo Ashanti foi de 1863 a 1864. Com a excepção de algumas escaramuças menores em todo o Pra em 1853 e 1854, a paz entre os Ashanti e do Império Britânico tinha permanecido intacta há mais de 30 anos. Então, em 1863, uma grande delegação Ashanti atravessou o rio perseguindo um fugitivo, Kwesi Gyana. Houve luta, com baixas em ambos os lados, mas o pedido do governador para envio de tropas da Inglaterra foi recusado o que forçou a retirada de suas tropas.
Terceira Guerra Anglo-Ashanti
Terceira Guerra Anglo Ashanti durou de 1873 a 1874. Em 1869, uma família missionária alemã e um missionário suíço tinha sido levado para Kumasi. Eles foram tratados com hospitalidade, mas um resgate foi exigido por eles. Em 1871, a Grã-Bretanha comprou o Gold Coast Dutch dos holandeses, incluindo uma mina que foi reivindicada pelos Ashanti. Os Ashanti invadiram o novo protetorado britânico.
General Garnet Wolseley com 2.500 tropas britânicas e vários milhares de soldados indianos ocidentais e africanos foram enviados contra os Ashanti. A guerra foi coberta por correspondentes de guerra, incluíndo Henry Morton Stanley e GA Henty. Instruções militares e médicas foram impressas para as tropas.
Wolseley foi para a Costa do Ouro em 1873 e fez seus planos antes da chegada de suas tropas, em janeiro de 1874. Ele lutou a batalha de Amoaful em 31 de janeiro daquele ano, e, depois de uma luta de cinco dias, terminou com a batalha de Ordashu. A capital, Kumasi, foi abandonada pela Ashanti e foi brevemente ocupada pelos ingleses.
Os britânicos ficaram impressionados com o tamanho do palácio e o seu conteúdo, incluindo "fileiras de livros em muitas línguas." O Asantahene, o governante do Ashanti assinou o Tratado de Fomena em julho de 1874, para acabar com a guerra. Entre artigos do tratado entre a Rainha Victoria da Grã-Bretanha e da Irlanda e Kofi Karikari, Rei de Ashanti prometeu pagar 50.000 onças de ouro como indemnização para as despesas que tenha ocasionado a Sua Majestade a Rainha da Inglaterra pela guerra. O tratado também afirmou que "Haverá liberdade de comércio entre Ashanti e fortalezas de Sua Majestade na costa, todas as pessoas sejam livres para transportar suas mercadorias do litoral para Kumasi, ou a partir desse lugar a qualquer dos bens de Sua Majestade na costa." Além disso, o tratado afirmou que "O Rei de Ashanti garante que a estrada de Kumasi para o Rio Pra devem sempre ser mantidas abertas..." Wolseley concluída a campanha em dois meses, e embarcou em seguida para casa.
Algumas cortas britânicas elogiaram a luta dura dos Ashanti em Amoaful, particularmente o discernimento táctico de seu comandante, Amanquatia: "O grande chefe Amanquatia tinha habilidade admirável em batalha e a determinação e que ele mostrou na guerra fez com que os Britânicos reconhecessem como um estrategista capaz e soldado galante ".
Quarta Guerra Anglo-Ashanti
A Quarta Guerra Ashanti Anglo foi breve, durando apenas a partir de dezembro 1895 a fevereiro de 1896. O Ashanti recusou uma oferta não-oficial para se tornar um protectorado britânico em 1891, estendendo-se até 1894. Os britânicos Queriam manter as forças francesas e alemãs fora do território Ashanti, os britânicos estavam ansiosos para conquistar o Ashanti uma vez por todas. A guerra começou com o pretexto de falta de pagamento das multas incidentes sobre o monarca Ashanti pelo Tratado de Fomena depois da guerra 1874.
Sir Francis Scott deixou Cape Coast com a principal força expedicionária de tropas indianas britânicos em dezembro de 1895, e chegou em Kumasi, em janeiro de 1896. O Asantehene orientouos Ashantis a não resistir, mas vítimas de doença entre as tropas britânicas foram elevadas. Entre os mortos estava o filho da rainha Victoria o príncipe Henry de Battenberg. Robert Baden Powell recrutou membros de várias tribos locais na campanha. Logo, o governador William Maxwell chegou em Kumasi e Asantehene Agyeman Prempeh foi preso e deposto. Ele foi forçado a assinar um tratado de protecção, e com outros líderes Ashanti foi enviado para o exílio nas Seychelles.
War of Golden Stool
Na Guerra da Golden Stool, os lideres Ashanti restante não exilado para as Seychelles monta uma ofensiva contra as tropas britânicas e Fanti residente no forte de Kumasi , mas foram derrotados. Yaa Asantewaa, a Rainha Mãe de Ejisu e outros líderes Ashanti também foram enviados para as Seychelles. Os territórios Ashanti passou a fazer parte da colónia Gold Coast em 1 de janeiro de 1902. 
ANOTAÇÕES
Conteúdo programático
· Diferentes movimentos de resistência à entrada europeia na África;
· Relação entre os movimentos de resistência e as religiões na África;
· Papel das lideranças dos movimentos de resistência estudados.
Resistência ao poderio inglês – Império Ashanti
· 1823: 1ª Guerra Anglo-Ashanti que culminou na Morte de Sir Charles McCarthy e expulsão dos ingleses.
· 1853: Conflito pelo controle do Rio Pra. Após 10 anos os Ashanti saíram vitoriosos graças à epidemias.
· 1891: Os Ashanti se tornaram um protetorado inglês na tentativa de expulsão dos franceses e busca de ouro.
· 1896: Após a Partilha da África e o uso da metralhadora, os Ashanti foram incorporados à Costa do Ouro. À partir de 1896 os britânicos consolidaram sua vitória sobre os Ashanti.
Resistência ao poderio inglês – Xonas e Ndebele
Os grupos Xonas e Ndebele, que viviam no atual Zimbábue, organizaram movimentos insurretos que contaram com a participação ativa de líderes religiosos. 
Entre os anos de 1896 e 1897 o líder Milmo teria sido o responsável por fomentar o ódio contra os colonos ingleses. Segundo ele, os britânicos eram responsáveis pela seca e pelas pragas de gafanhotos que assolaram a região desde o início da década de 1890.
Tanto os xonas quanto os Ndebeles pegaram em armas e, sob o nome de Chimurengas (revolta na língua xona), lutaram por dois anos contra os ingleses.
A supremacia bélica e o grande número de soldados britânicos garantiu a vitória dos colonos. Depois da morte do líder Milmo, os xonas e os Ndebeles foram unificados e ficaram sob o comando da empresa de Cecil Rhodes. Ainda que tenham saído derrotados, os africanos dessa região reconhecem a Primeira Batalha Chimurenga como o primeiro passo na luta pela independência, que ocorreria quase um século depois.
· A empresa de Cecil Rhodes foi muito importante para o processo de ocupação inglesa na África. 
· O reconhecimento da Primeira Batalha Chimurenga como o primeiro passo na luta da independência acabou fazendo parte da memória e da identidade desse povo. Mesmo não alcançando a vitória, essa batalha ficou marcada como um ato de resistência muito significativo.
Resistência ao poderio inglês – Zulus
No extremo sul da África os ingleses encontraram um exército zulu, armado e determinado a impedir o avanço colonial. Na realidade, esse embate entre os zulus e os britânicos remonta a meados do século XIX, quando houve uma usurpação do trono de zulu por parte da linhagem de Cetshwayo. Esse episódio enfraqueceu a organização política do reino, facilitando assim a entrada dos ingleses a partir da década de 1870. 
Mesmo sem contar com o apoio de todos os chefes de seu reino, Cetshwayo e os zulus causaram a maior derrota da Inglaterra matando cerca de mil e seiscentos soldados britânicos; tal batalha ficou imortalizada como a batalha de Isandhlawana, ocorrida no dia 22 de janeiro de 1879.
· Esse foi mais um dos episódios que desestruturou ainda mais as organizações políticas, econômicas e sociais de algumas sociedades africanas.
Ainda que bem armados e com uma organização tática bem estruturada, os ingleses mudaram suas táticas de guerra e começaram a realizar pequenos conflitos, que levaram à tomada de Ulundi, capital do reino Zulu seis anos depois, a fim de aplacar uma guerra civil que assolava a região. Morto, possivelmente por envenenamento, em 1884, Cetshwayo foi sucedido por seu filho, de apenas 15 anos.
· A morte de Cetshwayo por envenenamento foi, provavelmente, uma estratégia para subjugar o reino Zulu, pois, se aliando a uma liderança mais manipulável e jovem, seria mais fácil dominar.
Resistência ao poderio francês – Argel
Em 1830, a França tomou à força a cidade de Argel, capital da Argélia. A rapidez e a violência desse episódio geraram um duplo movimento de resistência por parte dos futuros argelinos. 
Apesar de inúmeros conflitos, a divisão entre os revoltosos e a superioridade militar dos franceses garantiu a vitória dos últimos e, em 1848, a Argélia se tornou uma possessão francesa.
O filme “A Batalha de Argel”, de 1966, dirigido pelo italiano Gillo Pontecorvo, mostra os eventos decisivos da guerra pela Independência da Argélia, marco do processo de libertação das colônias europeias da África entre 1954 e 1957.
· Nesse caso, sequer houve uma forma de contato ou acordo entre os franceses e os argelinos, que resistiram à colonização. É importante lembrar que a colonização francesa tem características mais violentas e assertivas.
Resistência ao poderio francês – Senegal
No atual Senegal, Omar Tall foi o líder de diversos conflitos contra os invasores. Muçulmano, lutou tanto contra o cristianismo que acompanhava a presença cada vez maior dos franceses em seu território, quanto contra as sociedades que considerava animista.
Os mais de quarenta anos de luta terminaram em 1868, quando Tall morreu em um ataque. Todavia, até hoje lembrado nos atuais países do Mali e do Senegal.
· Liderança política-religiosa que resistiu não apenas à invasão, mas também ao cristianismo que tentava predominar a religião e cultura já existentes.
Resistência e religião
No atual Sudão, um poderoso exército chefiado pelo líder muçulmano Samory Touré conseguiu resistir aos franceses entre 1882 e 1900, graças às táticas de descolamento das tropas pelo território e ao fato de que os ferreiros da região conseguiram copiar os fuzis utilizados pelos europeus, diminuindo assim a diferença da tecnologia bélica.
Os berberes de Marrocos só sucumbiram à Espanha em 1926 e pequenas rebeliões marcaram as primeiras décadas da colonização portuguesa tanto na Guiné Bissau como em Angola.
· A religião teve um papel fundamental na resistência das sociedades africanas diante da invasão dos europeus.
As vitórias da África - Libéria
A Libéria foi um país criado em 1847, após a declaração de Independência da Sociedade Americana de Colonização, criada pelo estadunidense Robert Finley, que pretendia levar todos os negros livres dos Estados Unidos para lá.
Embora países como a França e a Inglaterra exercessem forte pressão para ocupar a região, a República da Libéria conseguiu manter sua soberania durante o período colonial por meio de acordos feitos em 1885 e 1892, no qual seu território foi demarcado.
As vitórias africanas – Etiópia
A história da Etiópia está atrelada aos movimentos de resistência. Embora a Itália tenha tentado diversas vezes invasões ao território etíope – conseguindo inclusive colonizar a atual Eritréia – o movimento comandado pelo Imperador Menelik II conseguiu impedir a presença italiana.
O lema dos etíopes era “morrer, antes de ceder uma polegada do território etíope”. 
O rei Etíope que era um cristão ortodoxo e conseguiu apoio de grande parte da população islâmica, formando assim uma unidade política coesa e um exército forte. 
A batalha decisiva conhecida como Adowa ocorreu em 1896, ocasião na qual quatrocentos soldados italianos foram mortos pelo exército de Menelik II. 
No início do século XX, a Etiópia foi reconhecida como reino independente pelas nações europeias.
AULA 5
A EFETIVAÇÃO DA ESTRUTURA COLONIAL
1. Examinar a estrutura da organização colonial na

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