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Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
1 
 
FICHA DE APOIO 
HISTÓRIA 
 
Índice 
Características da Historiografia Medieval ................................................................................ 3 
Limitações da Historiografia Cristã Medieval ....................................................................... 3 
Contexto histórico do renascimento ........................................................................................... 3 
Características da Historiografia renascentista ...................................................................... 4 
As Comunidades Primitivas de Caçadores e Recolectores (Khoisan) ....................................... 4 
Características ........................................................................................................................ 4 
A Expansão e Fixação Bantu em Moçambique ......................................................................... 5 
Agropecuária e Metalurgia de Ferro ...................................................................................... 5 
Causas da expansão Bantu ..................................................................................................... 5 
A diferenciação etnolinguística em Moçambique...................................................................... 6 
A formação etnolinguística em Moçambique ........................................................................ 6 
Sociedades matrilineares ........................................................................................................ 6 
Sociedades patrilineares ......................................................................................................... 7 
Causas da penetração mercantil europeia no continente africano ............................................. 7 
A procura de ouro, marfim e escravos ................................................................................... 7 
O papel de Portugal na expansão ........................................................................................... 8 
A descoberta do caminho marítimo para índia ...................................................................... 8 
As razões da prioridade da expansão por parte de Portugal. ................................................. 8 
A invasão, partilha e ocupação efectiva de áfrica ...................................................................... 9 
Económicas ............................................................................................................................ 9 
Políticas .................................................................................................................................. 9 
Religiosas ............................................................................................................................... 9 
Sociais .................................................................................................................................. 10 
Culturais ............................................................................................................................... 10 
Principais conflitos internacionais entre as potências na conquista de colónias em África .... 11 
Causas da conferência de Berlim ............................................................................................. 12 
Objectivos da conferência de Berlim ....................................................................................... 12 
Principais deliberações tomadas na Conferência de Berlim ................................................ 12 
Formas usadas pelas potências imperialistas para a penetração e ocupação de África ........... 13 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
2 
 
Métodos de Ocupação .......................................................................................................... 13 
A resistência africana contra a presença colonial .................................................................... 13 
Formas de Resistência Colonial ........................................................................................... 13 
A Resistência no Senegal ..................................................................................................... 14 
Resistência na Namíbia ........................................................................................................ 15 
Teorias sobre a partilha de África ............................................................................................ 16 
Teoria económica ................................................................................................................. 16 
Teoria psicológica ................................................................................................................ 17 
Teoria diplomática ............................................................................................................... 17 
O Movimento de Libertação Nacional em África (M.L.N) ..................................................... 18 
Causas do nacionalismo ....................................................................................................... 18 
Forças motrizes do nacionalismo africano. .......................................................................... 18 
A conferência de Brazaville ................................................................................................. 19 
Decisões da Conferência ...................................................................................................... 19 
A conferência de Bandung ................................................................................................... 19 
Os Estados Mwenemutapa ....................................................................................................... 19 
Limites do Estado Muenemutapa......................................................................................... 20 
A comunidade aldeã ............................................................................................................. 20 
Aristocracia dominante ........................................................................................................ 21 
Articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades Mushas ............................... 21 
Obrigações das Mushas........................................................................................................ 22 
Obrigações da Classe dominante ......................................................................................... 22 
Papel das crenças mágico-religiosas ou aparato ideológico dos Mwenemutapa ................. 22 
Causas da decadência do império de Muenemutapa ............................................................ 24 
Os Prazos da Coroa do Vale do Zambeze ................................................................................ 25 
Actividade Económica ......................................................................................................... 25 
O aparato ideológico dos prazos de coroa do vale do Zambeze .......................................... 26 
Razões da decadência dos Prazos ........................................................................................ 26 
O Estado de Gaza ..................................................................................................................... 26 
Factores que constituíram fortaleza, habilidade que fez com este Estado se mantivesse 
independente foram:............................................................................................................. 29 
Debilidades do Estado.......................................................................................................... 29 
O Nacionalismo Moçambicano................................................................................................ 29 
 
 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/873441380 
Fonte: MMO, et al. 
3 
 
Características da Historiografia Medieval 
– História Providencialista: é uma história que coloca por cima do homem a vontade Divina; 
– É uma história universalista que começa no tempo de Adão e Eva e termina com o fim do 
mundo; 
– É uma história onde toda a acção humana no tempo é impelida pelos dignos de Deus, o que 
fez da sabedoria da História sabedoria divina; 
– É uma história apologética, visto que prevê o fim do homem e do mundo, tomando assim o 
carácter apocalíptico; 
– É uma história repetitiva e cíclica; 
– É uma história de poucas críticas de documentos, sem profundeza pela veracidade dos 
factos, nem com a reconstituição fidedigna da história da humanidade. 
Limitações da Historiografia Cristã Medieval 
A vida da idade média esteve fortemente influenciada pela igreja católica que difundiu o 
cristianismo como forma de pensamento dominante entre a classe erudita e o povo, o que 
impediu a livre pesquisa provocando assim um forte retrocesso a história e de mais ciências. 
 
 
Contexto histórico do renascimento 
Este período é considerado período de estagnação económica, científica e cultural, não só 
para a Europa, como também para o resto do mundo, pelo menos aquelas regiões que 
estavam em contacto com a Europa. O que acontece é que tanto a destituição de um sistema 
que tende a extinguir-se como a estruturação de um sistema que tende a subsistir o anterior 
são fenómenos lentos e irregulares. 
Na Europa, é um período de transição do antigo regime, do feudalismo, ao capitalismo. O 
feudalismo e o capitalismo coexistiram como formas de oposição entre as classes que 
defendiam as estruturas feudais e com eles de identificavam e as classes que de posicionavam 
de forma idêntica perante as estruturas capitalistas. 
Na área política assiste-se ao desmoronamento do absolutismo. Na economia há uma 
crescente procura de metais preciosos (ouro e prata) termómetros que definiam o poderio de 
um estado, que veio a dar origem a primeira expansão europeia. No aspecto social e 
científico, desenvolve-se a imprensa com o alemão Gutemberg bem como a estimulação do 
desenvolvimento da cultura pelos mecenas. No campo religioso temos a reforma e contra-
reforma. 
Enquanto a Historiografia Cristã Medieval era essencialmente uma historiografia teocêntrica, 
isto é, uma historiografia em que Deus figurava como o centro do processo histórico, a 
Historiografia do renascimento irá deslocar esse centro para o homem. 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Foi assim que no século XV na Europa assiste-se a primeira expansão europeia, dinamizada 
pela Espanha e Portugal, com maior procura de metais preciosos para acumulação primitiva 
do capital, como foi o caso do ouro e da prata. Ainda foi na época do renascimento que a 
Europa ficou dividida em Europa católica e Europa reformista. Verifica-se a passagem de 
uma historiografia palaciana para uma historiografia antropocêntrica. 
Características da Historiografia renascentista 
– A mentalidade dominante é vincadamente humanista e individualista, racional e crítica, 
enciclopedista e prática. Exalta-se o livre árbitro, o valor da experiência, o desejo da glória 
individual, foi um fenómeno tipicamente urbano que atingiu a elite economicamente 
dominante; 
– Alarga-se a temática da história; 
– Houve maior defesa dos valores clássicos; 
– O valor da História traduz-se no papel educativo. 
 
As Comunidades Primitivas de Caçadores e Recolectores (Khoisan) 
Antes do povoamento Bantu em Moçambique, extensas áreas do nosso território eram 
ocupadas por comunidades de caçadores e recolectores, os Khoisan ou seja comunidade de 
Bosquimanos e Hotentotes. 
Características 
– Economia recolectora caça e pesca; 
– Sem organização social claramente definida, pois as suas relações eram de certa forma 
curtas e descontínuas; 
– Comunidades designadas paleolíticas, isto é, comunidades que ainda viviam a idade de 
pedra (predomínio da técnica lítica); 
– Fraco nível de desenvolvimento das forças produtivas, ou por outra, fraco conhecimento da 
natureza e consequentemente grande dependência em relação a ela; 
– Eram comunidades com o processo produtivo nulo (imediatismo na produção e consumo), 
por outra, iam buscar na natureza a sua subsistência sem a trabalhar nem a restaurar; 
– Eram nómados, facto que condicionou a existência de fracos laços de parentesco, isto é, a 
constante deslocação a procura de melhores condições de vida originava uma instabilidade 
permanente e consequentemente inexistência de fortes laços de parentesco; 
– Sem exploração do Homem pelo Homem e consequentemente sem estado; 
– Divisão do trabalho por sexo e idade. 
Os rendimentos das operações de caça, eram instantâneos e quotidianos e exigiam 
cooperação para as operações de elevado rendimento (caçadas com redes ou para caça de 
grandes animais e para defesa contra os grandes predadores). 
https://escola.mmo.co.mz/historia/as-comunidades-primitivas-de-cacadores-e-recolectores-khoisan-2/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Na África Austral, os povos com estas características foram os Khoi-Khoi e Sans ou Khoisan 
ou comunidade de Bosquimanos e Hotentotes. Os primeiros eram de estatura média e 
robustos, caçadores e os segundos eram altos e esquios reconhecidamente recolectores. 
O grupo remanescente desta comunidade ainda hoje vive no inóspero deserto de Kalahari. 
Foram estes povos que estavam em interacção ou foram dominados pelos povos de origem 
Bantu. 
 
 
 
A Expansão e Fixação Bantu em Moçambique 
Agropecuária e Metalurgia de Ferro 
Substituindo a comunidade primitiva e o predomínio da caça e da recolecção, vários grupos 
populacionais foram chegando a Moçambique desde há cerca de 1700 anos, povoando 
gradualmente as bacias fluviais costeiras e quase ao mesmo tempo as encostas e os planaltos 
do interior. Este processo de expansão ficou conhecido por expansão Bantu. 
A palavra Bantu tem uma conotação exclusivamente linguística e surgiu em 1862, sob 
proposta do linguista alemão Bleek, para assinalar o grande parentesco de cerca de 300 
línguas, as quais utilizam esse vocábulo para designar os homens (singular Muntu). Porém, 
não existe uma raça Bantu. 
Por volta dos anos 200/300 ou um pouco antes, concretamente nos anos 1700, a região 
Austral da África, sofreu a penetração do povo Bantu, grupo etnolinguístico conhecedor da 
técnica de ferro, agricultura e pecuária. Foram estes que introduziram ou inauguraram a idade 
de ferro nesta região. 
O processo de expansão é ainda hoje motivo de controvérsia. Segundo a teoria do linguista J. 
H. Greemberg, o povoamento da população Bantu na África Austral teria resultado de um 
processo de expansão encetado na Orla Noroeste das grandes florestas congolesas a cerca de 
300 anos, para a bacia do Congo e para África oriental e de uma migração relativamente 
rápida para o sul. 
A difusão quase em simultâneo da nova tecnologia de ferro, na zona dos grandes lagos e 
África Austral, entre cerca de 500 anos aC e o ano 0, teria acelerado o processo nos três anos 
seguintes. 
O que podemos acreditar como verdadeiras causas da expansão Bantu é que este fenómeno 
na África Austral ocorreu como resultado do conhecimento e da difusão de ferro, do 
conhecimento e difusão das actividades agro-pecuárias e do aumento populacional. 
Causas da expansão Bantu 
– Procura de terras férteis; 
– Aumento populacional; 
– O conhecimento e difusão da nova tecnologia de ferro; 
– O conhecimento e difusão da actividade agro-pecuária. 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Com o conhecimento das actividades agro-pecuárias, criou uma estabilidade no núcleo Proto-
Bantu, que entre outros aspectos representou uma melhoria das suas condições de vida, 
ocasionando o aumento populacional que levou a disputade terras férteis para a prática da 
agricultura, daí o movimento populacional. 
No que se refere a nova tecnologia de ferro, teve sua importância na migração Bantu, uma 
vez que a descoberta deste metal permitiu a esta população o fabrico de instrumentos mais 
cortantes, resistentes e eficazes, contribuindo desta maneira no aumento da produção e da 
productividade o que criou condições para o surgimento do excedente. Dentre os vários 
cereais cultivados pelo povo Bantu pode-se destacar a Mapira e a Mexoeira. 
 
 
A diferenciação etnolinguística em Moçambique 
A formação etnolinguística em Moçambique 
A população de Moçambique é maioritariamente de origem Bantu. Os principais grupos 
etnolinguísticos de Moçambique são: Cheua, Chona e Tsongas. 
A norte do Zambeze, os Cheuas e suas respectivas divisões: 
– A norte da Zambézia: Macuas e Lomué; 
– Alto da Zambézia, Nampula, Cabo-Delgado e Niassa: Ajaua, Nyanjas, Nsenga, Tauara, 
Tonga, Sena, Bárué e Yaus no Niassa e Tete; 
– Maconde no planalto de Moeda e Cabo-Delgado; 
– Kote, Nahara e Muani: na costa norte de Moçambique, Nampula e Cabo-Delgado. 
Ao sul do Zambeze os Tsongas e suas respectivas divisões: 
– Chopes, Rongas, Changanas, Tsua. 
Os Chonas e suas ramificações: 
Ainda encontramos os Chonas que se ramificam em Zezulus, Ndaus, Macorres, Tewes, 
Manhicas, Nhungues. 
Nesta região por ter apresentado condições propícias para a domesticação de animais, 
sobretudo o gado bovino, aliado a infertilidade do solo, conferiu ao homem poderes sobre a 
mulher. 
Sociedades matrilineares 
Como resultado da influência nesta região, assiste-se as diferenças entre a região norte e sul 
do Zambeze. A norte do Zambeze devido ao impacto da mosca Tsé-Tsé, impediu numa 
primeira fase a prática da pecuária, sobretudo o gado bovino e privilegiando a prática da 
agricultura, actividades que maioritariamente eram praticadas pelas mulheres, o que teria 
originado comunidades matrilineares. Estas sociedades desenvolveram-se no norte do 
Zambeze. Devido a prática da agricultura, conferiu a mulher poderes sobre o homem. Os 
filhos do casal pertencem ao grupo de parentesco da mãe e só as mulheres é que transmitem o 
parentesco. Os bens e poderes são herdados por via materna. O casamento na sociedade 
matrilinear, o homem fixa a sua residência na família da mulher, isto é, o casamento é 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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matrilocal. A esta prática chama-se uxorilocalidade. As funções políticas e jurídicas são 
desempenhadas pelo Tio materno. Nestas sociedades, se no casal a mulher morre, o homem 
era obrigado a casar-se com a irmã da sua defunta mulher. A esta prática chama-se 
Surrurato. 
Sociedades patrilineares 
Estas sociedades desenvolveram-se no sul do Zambeze. Devido a prática da pastorícia, 
actividade praticada pelo homem, conferiu ao homem poderes sobre a mulher. O estatuto de 
filho pertence a família do homem. A herança dos bens e poderes é feita por via paterna, do 
pi para filho. Nessa sociedade o poder passa do pai para o filho. O casal fixa a sua residência 
na casa do marido, ou por outra, o casamento é patrilocal. A esta prática chama-se 
virilocalidade. Os filhos pertencem a família do marido e se no casal o homem morre, a 
mulher tem a obrigação de casar-se com o irmão do seu defunto marido. A esta prática 
chama-se liverato. 
 
 
Causas da penetração mercantil europeia no continente africano 
 
Os europeus chegaram pela primeira à costa oriental de África em 1498, a caminho da índia. 
Pode se dizer que a penetração mercantil se iniciou aí e termino no século XIX, altura em que 
se iniciou a dominação colonial. 
Penetração mercantil – é o fenómeno da fixação e estabelecimento de contactos comerciais 
dos europeus no continente negro. 
Estabeleceram feitorias e fortalezas que eram simultaneamente entrepostos e defesa contras 
os inimigos. Era nestes edifícios que era realizada trocas comerciais. 
As principais fortalezas construídas naquele período em Moçambique foram as de Sofala 
(1505) e ilha de Moçambique (1506). A construção desta última foi ordenada por Vasco da 
gama durante a sua segunda viagem a índia. 
Quando os europeus chegaram á costa oriental de África, os árabes dominavam as trocas 
comerciais. Haviam-se fixado em pontos estratégicos do litoral, as trocas de ouro, marfim, 
âmbar e pedras preciosas com o interior eram feitas através de intermediários swahili. 
Para se apoderarem deste comércio, os europeus tiveram primeiro que lutar contra a presença 
árabe, destruindo as suas cidades e construindo os seus próprios fortes na costa. 
Depois de dominarem os pontos estratégicos do litoral, os europeus penetraram no interior 
para fazer trocas directamente com os chefes e as comunidades locais, contornando os 
intermediários swahili fieis aos árabes. 
A procura de ouro, marfim e escravos 
De entre os produtos procurados pelos europeus, os mais importantes eram o ouro, o marfim 
e, mais tarde, os escravos. 
O ouro foi transportado para a Europa e usado como moeda de troca na Índia, para a compra 
de especiarias. O marfim também serviu para produzir objectos de adorno. 
https://escola.mmo.co.mz/historia/causas-da-penetracao-mercantil-europeia-no-continente-africano/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Os escravos foram usados massivamente nas plantações agrícolas da América do sul, a partir 
de finais do século XVI, como adiante iras estudar. 
A busca destas mercadorias levou os europeus a penetrarem, gradualmente, no interior, e a 
estabelecerem relações com os chefes africanos, interferindo muitas vezes na política dos 
estados africanos, como foi o caso do estado de Muenemutapa em Moçambique. 
O papel de Portugal na expansão 
Portugal teve um papel muito importante na expansão marítima Europeia, sobretudo com a 
exploração da costa ocidental africana e a descoberta do caminho marítimo para a Índia. 
Portugal foi pioneiro nas viagens exploratórias, iniciadas em 1415 com a conquista de Ceuta. 
Em 1488, Bartolomeu Dias dobra o cabo da boa Esperança (na África do sul). Este episódio 
encerra uma das etapas mais importantes nas viagens de exploração da costa ocidental 
africana. As viagens de exploração desta parte de África continuariam, mas agora sob a 
responsabilidade de particulares ao serviço da coroa portuguesa. 
A descoberta do caminho marítimo para índia 
Nos finais do século XV (1498), os Portugueses descobriram o caminho marítimo para Índia. 
O feito de Vasco da Gama só foi possível graças ao reconhecimento anteriormente feito de 
toda a costa ocidental de África. 
A experiencia acumulada e as informações transmitida pelos povos da costa ocidental 
Africana que faziam frequentes viagem a a Índia, foram muito importante para que Vasco da 
Gama e a sua esquadra chegassem ao oriente. 
Estes acontecimentos significaram o comprimento de um objectivo da Europa: descobrir uma 
rota comercial mas barata e segura para trazer especiarias e outros produtos do oriente. 
As razões da prioridade da expansão por parte de Portugal. 
Foram vários os factores que levaram Portugal a ser pioneiro na expansão europeia: 
Situação geográfica favorável – a longa extensão da costa Portuguesa fez com que desde 
muito cedo, os Portugueses adquirissem experiência marítima. Desde o século XII que 
aventurava do comércio marítimo de longa distância, entre a península Ibérica e o norte da 
Europa. 
Condições científicas e técnicas – dominavam a navegação astronómica, fazendo uso do 
astrolábio, do quadrante e da bússola. Possuíam ainda o conhecimento acumulado de outros 
povos marinheiros nas cartas de marear (italianos, muçulmanos e catalães). Construíam 
embarcações rápidas e versáteis, adequadas a navegação no Oceano. 
Condições políticas e sócias – a crise do século XIV tinha feito sentir a falta de metais 
preciosos, cereais, mão-de-obra e matérias-primas. Todos osgrupos sociais (clero, nobreza, e 
povo) eram favoráveis a expansão e viam-na como a solução dos problemas económicos. A 
coroa Portuguesa pretendia agradar ao papa com a conquista de novos territórios para a igreja 
cristã, espalhando a fé e lutando contra os inimigos muçulmanos do norte de África. 
 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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A invasão, partilha e ocupação efectiva de áfrica 
A evolução capitalista, através da revolução Industrial na Europa, iniciada pela Inglaterra, 
tornou inevitável a divisão do continente africano entre as grandes potências europeias. A 
própria lógica do desenvolvimento capitalista continha essa necessidade de expansão e 
anexação de outros territórios, sobretudo dos territórios onde a exploração capitalista não 
tinha ainda assentado arraiais. Tal desenvolvimento levou ao aumento das necessidades para 
fazer face a revolução industrial e aos produtos fabricados. 
Porém, quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais se faz sentir a falta de matérias-
primas, mais encarniçada se torna a concorrência e a procura de fontes de matérias-primas no 
mundo inteiro e mais brutal é a luta pela posse de colónias. 
No entanto, essas necessidades antes eram satisfeitas dentro da Europa pela anexação de 
certas zonas ricas entre as potências, como ocorreu entre a França e a Prússia, quando a 
Alemanha anexou as províncias de Alsácia e Lorena. Devido ao nacionalismo europeu que 
decorreu no século XIX e acompanhado pelo agravamento das rivalidades entre as grandes 
potências, fez com se recorre a África. 
A expansão e anexação foi, regra geral, precedida por “viagens de reconhecimento” levadas a 
cabo por missionários, aventureiros, etc, com frequências patrocinadas por organizações 
científicas ou filantrópicas, financiadas por associações e organizações científicas e 
filantrópicas. 
Com o desenvolvimento da actividade comercial e das rotas terrestres e marítimas de 
transporte a Europa sentiu necessidade de encontrar novos horizontes, sendo realizadas as 
primeiras viagens levadas a cabo por: Vasco da Gama, Marcopolos, Ferrão de Magalhães, 
Cristóvão Colombo entre outros. 
Estas viagens foram realizadas com certas motivações de carácter económicos, político, 
social, religioso e cultural que a seguir far-se-ão menção: 
Económicas 
No final do século XIX e começo do século XX, a economia mundial viveu grandes 
mudanças. A teoria da Revolução Industrial aumentou ainda mais a produção, o que gerou 
grandes necessidades de mercado consumidor para esses produtos pela saturação dos 
mercados europeus devido a concorrência no mercado e uma nova corrida por matérias-
primas como o Ferro, Carvão, Alumínio e Petróleo. 
Assim, no final do século XIX e o começo do século XX, os países imperialistas se lançarem 
numa louca corrida pela conquista global o que desencadeou rivalidades entre os mesmos e 
concretizou o principal motivo da Primeira Guerra Mundial, dando princípio à “nova era 
imperialista” onde os EUA se tornaram o país cardeal. 
Políticas 
O nacionalismo europeu do século XIX fez crescer as rivalidades entre as nações da Europa. 
Com fronteiras bem definidas, territórios unificados, política centralizada e com governos 
fortemente estabilizados, a busca de prestígio só seria possível fora das fronteiras europeias e 
assim a primeira cobiça foi a África e Ásia. 
Religiosas 
Entre as causas desta expansão destaca-se a necessidade de expandir a fé cristã e salvar as 
almas dos infiéis (africanos) e contrapor a expansão do islamismo na Ásia. Havia entre outras 
https://escola.mmo.co.mz/historia/a-invasao-partilha-e-ocupacao-efectiva-de-africa/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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ideias a consideração de que os europeus eram mais civilizados em relação aos outros povos 
do mundo. Assim, era necessário civilizar os africanos. Havia uma grande necessidade de 
querer entravar o avanço do islamismo que era uma religião cujos objectivos eram 
semelhantes com os do cristianismo que consistiam em expandir a adoração de um só deus. 
No entanto, era lógico que estes rivais caminhassem em direcção à região de expansão e 
civilização. 
Sociais 
Procurava-se espaços em África para acomodar a população desempregada europeia a fim de 
se evitar tensões sociais causadas pela explosão demográfica. 
Culturais 
Os europeus por se considerarem mais civilizados vinham com a intenção de civilizar os 
africanos considerados povos não civilizados. 
Tratava-se duma nova fase, o imperialismo, consequência do desenvolvimento do modo de 
produção capitalista. A acumulação do capital, a procura de matérias-primas e a exportação 
de capitais constituíram momentos gerais e fundamentais do referido desenvolvimento. Entre 
1886 e 1930, os capitais foram predominantemente investidos no comércio e na extracção de 
matérias-primas. A partilha e exploração do continente africano foi precedida de viagens de 
reconhecimento geralmente acobertadas sob motivos científicos e ou filantrópicos, 
formalizados na conferência de Berlim. 
 
Foi neste clima que os europeus iniciaram a enviar missionários e aventureiros para o interior 
do continente africano, testemunhado por seguintes exemplos: 
– David Livingstone, Missionário Inglês que entre 1840 e 1873 em sucessivas viagens 
percorreu o curso do rio Zambeze, o Lago Niassa e a região de Tanganhica, atingindo as 
nascentes do rio Zaize, descobrindo o lago Ngoni. 
– Stanley, que em 1871 parte zanzibar em direcção ao lago Tanganhica à procura de 
Livingstone, atravessando a África Equatorial, da Costa Oriental (Zanzibar) à Costa 
Ocidental (foz do Zaire), entre 1875-1877. 
– Savogan Brazza, que em 1873, empreendeu o reconhecimento da região equatorial na Costa 
Ocidental Africana, a norte do rio Zaire e Niassalândia. 
– Serpa Pinto e Roberto Ivans Brito, fizeram viagens para o interior africano, partindo de 
Moçãmedes em Angola até Quelimane em Moçambique. 
– Carl Peters (1856-1881) explorou a região dos grandes lagos. 
A certeza da existência de riquezas africanas, fez nascer neste período uma série de 
associações e sociedades de patrocínio a estas viagens. Teoricamente definidas como 
associações científicas e filantrópicas, organizadas com o objectivo de promover a 
exploração e a “civilização” africana, elas tiveram essencialmente fins políticos e não 
surgiram desligadas das rivalidades entre as potências europeias. Destacou-se aqui a 
Associação Internacional Africana, criada depois da Conferência Geográfica de 1876, que 
decorreu sob os auspícios do rei Leopordo II da Bélgica. 
 
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Entretanto, em Portugal que acompanhou o movimento, surgiu em 1875, a Sociedade de 
Geografia de Lisboa. Pouco tempo depois, em 1877, Serpa Pinto atravessou o continente de 
lés-a-lés e capelo e Ivens partindo de Moçâmedes até Quelimane, seguindo grande parte do 
rio Zambeze e centrando as suas atenções entre Angola e Moçambique, eixo das rivalidades 
luso-britânico. 
Após o reconhecimento, seguiu-se o processo de ocupação dos territórios reconhecidos, 
segundos os objectivos de cada potência. Esta corrida colonial ocorrida no último quartel do 
século XIX, veio agravar os conflitos já existentes entre as potências imperialistas, pela posse 
de zonas de influência para explorar mão-de-obra barata, matérias-primas e mercados 
consumidores dos produtos industrializados da Europa. 
O primeiro passo foi dado pela França, pela ocupação da Argélia, Tunísia, África Equatorial 
Francesa, Madagáscar e África Ocidental Francesa. Este processo foi seguido pela Bélgica de 
Leopordo II, com a tomada do Congo. A Inglaterra conquista na mesma sequência a região 
do Cabo na África do Sul, provocando o descontentamento dos bóers, obrigando-os a 
deslocarem para a região norte onde foram fundar o estado Livre do Órange e a República doTransval. Este processo ficou na História conhecido por Great Treck (grande marcha). 
Portugal conquista Moçambique, Cabo-Verde, Angola, Guiné-bissau e São Tomé Príncipe. A 
Espanha conquista o Marrocos, Guiné Espanhola. A Itália conquista a Eritreia, Somália e 
Líbia. A Alemanha conquista o Tanganhica e Namíbia. 
Principais conflitos internacionais entre as potências na conquista de 
colónias em África 
No final do século XIX e inícios do século XX, os países imperialistas lançaram-se numa 
louca corrida pela conquista global da África, o que desencadeou rivalidades entre os 
mesmos. 
A Inglaterra com a compra do cabo em 1815, tendo originado o conflito Anglo-boer, entre 
1899-1902, disputando o controlo total de todas as regiões mineiras da África do sul. Entre 
Portugal e Inglaterra rebentou a guerra Luso-britânica, causada pela coincidência de projectos 
entre os dois países, pois Portugal pretendia materializar o seu projecto mapa-cor-de-rosa, 
segundo o qual Moçambique e Angola estariam geograficamente unidos, projecto este que ia 
contra os interesses de Cécil Rhodes, então comissário britânico, que pretendia construir uma 
linha férrea ligando o cabo ao cairo, para facilitar o escoamento das matérias-primas e dos 
produtos industrializados das colónias para a metrópole e vice-versa. Assim, a Inglaterra 
enviou um ultimato a 11 de Janeiro de 1890, num prazo de 48 horas pedindo a retirada das 
tropas portuguesas ali estacionadas. O não cumprimento deste ultimato implicaria o corte das 
relações diplomáticas entre os dois países. Com o eventual recurso ao uso da força e perante a 
impossibilidade de Portugal de enfrentar um inimigo tão poderoso, o governo português 
cedeu as regiões em causa na tarde do mesmo dia, principalmente nas regiões da 
Machonalândia e do Chire. 
Para além dos dois conflitos do extremo centro e sul, também no extremo norte Portugal 
envolveu-se em guerra com a Alemanha que ocupava o Tanganhica, actual Tanzânia, a 
chamada guerra Luso-germânica sobre a fixação da fronteira norte de Moçambique. A 
Alemanha hasteou a sua imperial bandeira em ambas margens do rio Rovuma tendo 
penetrado em 1894, na margem sul, expulsando a reduzida guarnição portuguesa ali 
estacionada, substituindo-a por uma alemã. Entretanto, este projecto alemão não se efectivou 
em virtude da Alemanha ter saído derrotada na primeira guerra, pois havia uma cláusula 
 
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definida na SDN segundo a qual, todas as potências derrotadas na primeira guerra Mundial 
deveriam perder todas as suas colónias e assim sendo, a Alemanha retirou-se nos territórios 
em causa. 
Em 1904-1905, rebentou a guerra Russo-japonesa, envolvendo países como a Rússia e o 
Japão pelo controlo da Manchúria chinesa e da correia. A anexação da Bósnia e da 
herzegovina pela Áustria Hungria, levou a eclosão da guerra de 1912-1913, as chamadas duas 
guerras balcânicas. Nesta guerra, a Rússia choca-se com a Alemanha que pretendia construir 
uma linha férrea Berlim-Bisáncio-Bagdad (B-B-B). As rivalidades agudizavam cada vez 
mais, levando a formação de alianças militares. 
Esta crescente luta era causada pela obtenção de zonas de influências donde poderia se obter 
matérias-primas a preço mais baixo, mão-de-obra barata e mercado para a venda dos seus 
produtos industriais. Porém, temendo a eclosão de um conflito de grande envergadura, os 
países europeus realizaram de 15 de Novembro de 1884 à 26 de Fevereiro de 1885 a 
conferência de Berlim, para a partilha da África, convocada por Otto Von Bismark da 
Alemanha, por ter-se lançado tarde na corrida imperialista devido a sua tardia unificação, 
pretendendo obter colónias em África, aproveita-se do conflito entre a Bélgica e a França 
sobre a região do Congo para convocar de 15 de Novembro de 1884 à 26 de Fevereiro de 
1885 a conferência de Berlim. 
Referir que esta conferência foi um processo para se chegar na mesa de conversações sobre o 
delineamento de fronteiras com a finalidade de evitar futuros conflitos armados. Todavia, a 
partilha de África aquela que passou a vigorar nos mapas não se fez na conferência de 
Berlim, mas ela principiara antes e concretizou-se depois. O que se fez na conferência de 
Berlim foi uma série de conversações para se obter regras e princípios para uma ocupação 
efectiva oficial. 
Causas da conferência de Berlim 
A causa primordial da conferência de Berlim, foi o conflito entre a Bélgica e a França sobre a 
região do Congo e a intenção da Alemanha em criar um império colonial em África. 
Objectivos da conferência de Berlim 
– Obter um acordo de princípios entre as potências imperialistas/europeias para uma 
ocupação efectiva oficial; 
– Regular o comércio e a navegação nas bacias dos rios Níger e Congo. 
Principais deliberações tomadas na Conferência de Berlim 
– Decidiu-se que o comércio de todas as nações passaria a gozar de uma completa liberdade 
nas bacias dos rios Níger e Congo; 
– Reconhece-se o estado Congo-Belga; 
– Decidiu-se que todas as potências consignatárias deveriam abolir nas suas colónias o 
comércio de escravos; 
– Decidiu-se que em caso de dúvidas sobre a delimitação de fronteiras, devera-se resolver por 
meio de conversações; 
 
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– Estabeleceu-se o princípio de ocupação efectiva, segundo o qual todas as potências que 
tivessem colónias em África deveriam ocupar político e administrativamente as suas colónias 
sob risco de perdê-las. Assim, os territórios africanos deverão pertencer aos países que 
tivessem meios para os ocupar de facto. 
Nesta conferência participaram 15 países, designadamente: Alemanha, Império Austro-
Húngaro, Bélgica, Dinamarca, França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália, Reino dos países 
baixos, Rússia, Suécia, Noruega, Turquia e os EUA. 
Após a conferência, seguiu-se o processo de ocupação efectiva da África, segundo a cláusula 
de ocupação da África definida. Assim, a ocupação da África pelas potências europeias 
resultou numa autêntica partilha e divisão de África sem respeitar nem a história, nem as 
relações étnicas ou mesmo familiares do continente. 
Formas usadas pelas potências imperialistas para a penetração e ocupação 
de África 
Para a ocupação dos territórios africanos, as potências coloniais usaram diferentes formas de 
penetração, destacando-se as seguintes: 
– Companhias militares (França e Portugal); 
– Companhias comerciais (Inglaterra). 
Métodos de Ocupação 
– Tratados de amizades; 
– Conquistas militares; 
– Diplomacia. 
A resistência africana contra a presença colonial 
 
Formas de Resistência Colonial 
Davidson (1991:703-706), apresenta várias formas de resistência contra a presença colonial 
em África. Dentre elas destaca-se as seguintes: 
– A primeira forma de resistência consistia em pegar em armas. Esta forma de luta foi 
abandonada no final da primeira guerra mundial, pois era um recurso sem esperança e 
condenado ao fracasso, pois as armas haviam sido confiscadas em sua maior parte e a pólvora 
não era encontrada. 
– A segunda forma era a retirada, pois quando a situação se tornava intolerável, aldeias 
inteiras abandonavam os campos e partiam para zonas situadas fora do alcance das 
autoridades coloniais. 
– A terceira solução forma de resistência residia nos cultos religiosos ou messiânicos 
fundados pelos africanos em reacção a religião europeia. Essa revolta metafísica dos 
africanos aparentemente tinha poucas raízes locais. 
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Enquanto maior parte dessas formas de oposição tinham a base rural, os intelectuais e 
jornalistas assimilados, denunciavam os abusos do colonialismo e reafirmavam a sua 
identidade africana. De facto, desde meados do século XIX,existia uma tradição de oposição 
literária muito rica. 
Era quase sempre difundida pelos imperialistas europeus que África era uma espécie de vazio 
político onde tinha livre curso a anarquia e selvajaria sangrenta e gratuita a escravidão, a 
ignorância, miséria e ainda ausência total do nacionalismo entre os africanos. A atitude dos 
africanos aquando da chegada dos europeus no século XIX foi muito variada. A primeira 
reacção dos africanos raramente foi de hostilidade. 
A hostilidade pôde provir da circunstância do tráfico de escravos haver atingido sobretudo as 
pequenas tribos desorganizadas e se estas terem tendências para ver qualquer expedição 
conduzida por estrangeiros como um prelúdio ao comércio negreiro. 
De facto existiam diferentes ideias no seio dos africanos em relação aos brancos, como por 
exemplo, nos povos “bornus” os brancos eram olhados com horror porque se suspeitava que 
fossem leprosos ou infiéis. Na região do Kanu (Hanças) imaginavam que esses tinham poder 
sobrenatural como de transformar as pessoas em animais. É importante realçar que todos os 
primeiros viajantes estrangeiros conheceram a hostilidade (oposição) dos africanos. 
Muito rapidamente e principalmente desde finais do século XIX, os africanos se aperceberam 
que aqueles estrangeiros não eram como os outros (asiáticos). Vai assim a resistência tomar 
as suas raízes na consciência de um perigo mortal para as colectividades dos africanos. 
Surgirá ela de início da reacção dos chefes locais que viam na invasão europeia uma ameaça 
aos seus valores ideológicos e aos seus privilégios comerciais. 
A resistência africana surge após a instalação do sistema colonial com as suas humilhações, 
os seus crimes e especialmente a proibição ao tráfico de escravos que era a principal fonte de 
rendimento dos chefes locais. Assim, desperta uma resistência em geral mais popular que 
tomou as formas mais variadas desde a fuga á sublevação armada. 
Com o intuito de cristianizar os africanos, os europeus entraram em choque com o aparato 
ideológico local, visto que estes já dispunham das suas crenças, hábitos e costumes e já 
tinham sofrido uma forte influência do islamismo. O período colonial é considerado por 
africanos como sendo o “tempo de força”, pois foi na verdade pela força, pela coerção e 
violência física que se estabeleceu este regime. 
A Resistência no Senegal 
Numerosos reinos africanos do Senegal reagiram contra a dominação francesa. Importa 
destacar a figura de Mamadou Lamine chefe dos Soninke. Em 1880, os Soninke viviam em 
parte sob dominação francesa e participavam coercivamente na construção de estradas e de 
linhas de telégrafos. Este trabalho era bastante esgotante e a precariedade das condições de 
vida implicava altas taxas de mortalidade. Foi essa a origem de pretextos voltado não só 
contra as humilhações diárias, mas em particular contra a dominação estrangeira. 
Mamadou Lamine, apoiado pelo princípio religioso que proibia os muçulmanos viver sob 
uma autoridade não islâmica, “doutrina sanusya” desencadeia uma série de ataques contra os 
franceses. 
Os Soninke condenavam os franceses e seus aliados africanos como Omar Penda e alguns 
fazendeiros. Alguns Soninke ao serviço dos franceses aderiram ao campo de Mamadou 
Lamine enquanto outros transmitiam informações aos franceses. 
 
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Face ao inimigo dotado de armamento superior, Lamine contava com a superioridade 
numérica e fanatismo religioso das suas tropas, convencidas que estavam lutando por Deus e 
sua pátria, (guerra santa). 
Derrotado em Bakel, Lamine adopta a táctica de guerrilha, organizando um bloqueio a 
cidade, ocupando todas as vias de acesso. O Capitão francês Jolly viu-se obrigado a retirar-se. 
Em Julho de 1887 a aliança entre Gallienne e Ahmadu contra os Soninke, precipitou o 
fracasso da revolta. Em Dezembro do mesmo ano, Lamine era finalmente abatido pelos 
franceses, com ajuda de auxiliares africanos. 
Após a morte de Lamine, Lat-Dior-Diop seguiu em frente com a resistência. Os franceses ao 
penetrarem no reino de Caior pautaram por estabelecer pacto de amizade com a estrutura 
local de modo a que realizassem livremente o comércio na região. 
Em 1879, os franceses decidem construir uma linha férrea de Dakar a São Luís de modo a 
que impulsionasse o comércio. Lat-Dior-Diop suficientemente esperto constata que o homem 
que está de passagem não constrói, revoltasse e refugia-se para Baol. Os franceses 
substituem-no pelo sobrinho Samba Laobé Fall de 24 anos. 
Em 26 de Outubro de 1886, Diop realiza uma guerrilha contra os franceses, acabando por cair 
nas rédeas do inimigo. Porém, foram as tenções internas da sociedade senegalesa bem como a 
superioridade bélica francesa que condenaram o Senegal a uma infalível colonização. 
Resistência na Namíbia 
A partir da década de 1880, a Namíbia sofreu o domínio da colonização Alemã. A essa 
dominação opuseram-se quatro grupos populacionais Khoisan: os Namas, os Hereros, os 
Sans e os Ovambos. Dentre estes grupos populacionais os que mais efectuaram resistência 
foram os dois primeiros: Hereros e os Namas. 
Os Hereros estavam organizados em principados separados e os Namas em clãs de diferentes 
dimensões. Em 1883, um comerciante alemão Franz Luderiz recebeu do seu governo a 
permissão para fazer tratados com os chefes africanos e comprar os seus territórios. Foi o que 
aconteceu por exemplo naantiga Luderiz Bay. Embora os britânicos e os africânderes não 
gostassem da presença de Luderiz na região por causa dos seus interesses principalmente no 
porto de Walvis Bay. Assim sendo, os alemães entraram na Namíbia a força reconhecendo 
Samuel Maherero como chefe supremo, para esmagar a oposição a dominação colonial por 
parte dos outros chefes. 
Na verdade os chefes africanos estavam relutantes em assinar tratados que pouco depois 
revogavam. Os chefes Hereros aliavam-se aos alemães na perspectiva de limitar a penetração 
colonial Britânica e a dos africânderes, mas porém, nada sabiam das pretensões alemãs em 
dominar a região. 
Enquanto Samuel Maherero optava por realizar tratados de protecção, primeiro com a colónia 
do cabo e depois com a Alemanha, Hendrik Witbooi chefe dos Namas opunha-se a assinar 
tratados de protecção pois para ele “todos os protegidos são súbditos de quem os protege”. 
Com a presença alemã, os africanos viram expropriadas as suas terras, sendo forçados a 
aceitar trabalhos a troco de baixos salários nas fazendas ou minas de ouro. Em 1903, o 
governador alemão temendo uma possível rebelião por parte dos africanos pela perda das 
terras, decidiu criar reservas para ao Namas e os Hereros. Porém, essa atitude foi mal 
interpretada pelos nativos pois temiam a expropriação definitiva das suas terras. Devido a 
 
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interferência colonial crescente, desencadeou-se uma resistência sucessivamente mais coesa 
em toda a Namíbia. 
Segundo Chanaiwa (1991:234), em Janeiro de 1904, os Hereros revoltaram-se aproveitando 
da retirada das tropas alemãs que haviam partido para subjugar os Bondelswarts, tendo 
matado 100 alemães, destruindo várias fazendas. 
Em conformidade com Gentil (1998:171), face a essa situação, o general Von Trotha apoiado 
pelos soldados vindos da Alemanha, comandou uma acção de extermínio, onde todos os 
Hereros que caíssem nas mãos das tropas eram mortos. Temendo a morte, maior parte destes 
refugiou-se no deserto oriental. Cerca de 2000 Hereros conseguiram refugiar-se na 
Bechunalândia e na África do Sul. No fim da guerra das 80.000 pessoas, apenas restavam 
16.000. 
Ainda neste ano, os Namas de Hendrik Witbooi, se revoltaram, adoptando tácticas de 
guerrilha eficazes. A rebelião teve sucesso até a morte de Witbooi, em Outubro de 1905. A 
partir daí, a resistência Nama foi continuada por Jacob Murenga e Simon Kooperaté 1907/8. 
Jacob Murenga foi um dos últimos chefes da resistência a dominação colonial alemã na 
Namíbia. Foi o mais forte e duradouro dos principais comandantes do sul. Na guerra de 
guerrilha era efectivamente o mestre, abastecendo as suas forças nas fazendas com armas. Foi 
preso e assassinado em coordenação com as autoridades do Cabo. Fracassada a resistência, os 
alemães dominaram o território do sudoeste africano (Namíbia). 
Em Junho de 1915, a última guarnição alemã teve que se render e a partir desse momento a 
Namíbia ficou sob ocupação militar sul-africana e na sequência do tratado de Versalhes e da 
SDN a Namíbia passou sob sistema de mandatos, sob administração da Inglaterra. 
Em suma, muitas das resistências africanas contra a presença colonial fracassaram devido: 
– A superioridade bélica, logística e militar dos europeus em relação aos africanos; 
– Falta de unidade entre os africanos; 
– Alianças efectuadas por alguns chefes africanos ao colonialismo na luta pela sobrevivência 
e pela sucessão ao poder político. 
 
 
Teorias sobre a partilha de África 
Existem quatro teorias que explicam as razões da partilha e colonização da África a destacar: 
Teoria económica, teoria Psicológica, Teoria diplomática ou política e teoria de dimensão 
africana. 
Teoria económica 
Remonta desde 1900 e foi defendida inicialmente pelos sociais-democratas alemães. A Rosa 
Luxemburgo defende que o imperialismo é que está na base da partilha de África como o 
último estágio do capitalismo. John Hubson (858-1940), defende que a ocupação de África 
deveu-se aos excedentes de capitais, pois que os europeus pretendiam áreas para investir. 
Deveu-se no entanto da superprodução e do sob consumo o que levou a procura de novos 
mercados para venderem os seus produtos industriais. Vladimir Lenine sustenta que a 
partilha de África deveu-se a passagem do capitalismo da livre concorrência para o 
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capitalismo monopolista, pois a característica principal do imperialismo é a partilha do 
mundo. O capitalismo monopolista exporta capitais para investir a fim de obter os melhores 
lucros possíveis. 
Teoria psicológica 
Esta teoria é diferenciada por três principais correntes a destacar: Darwinismo Social, 
Cristianismo Evangélico e o Atavismo Social. 
Darwinismo Social: defende que a ocupação de África consistiu na transposição da teoria de 
Charles Darwin para a população. Ela defendia que na luta pela sobrevivência o mais forte 
domina o mais fraco e assim sendo, os europeus por se acharem superiores em relação aos 
africanos e que estavam em crise, acabaram dominando os mais fracos (africanos). 
Cristianismo Evangélico: defende que a partilha de África consistiu num impulso 
humanitário de missionários de resgatar os africanos mergulhados na escuridão, a fim de lhes 
salvar dos pecados. Segundo esta teoria, era a segunda intervenção de Deus depois da escolha 
dos Judeus para salvar a humanidade. 
Atavismo Social: defende que a ocupação de África era a consequência da materialização do 
impulso de dominar por dominar ou de os estados mais fortes dominar os mais fracos. 
Teoria diplomática 
Esta teoria também é diferenciada por três correntes principais destacar: prestígio Nacional, 
equilíbrio de forças e estratégia global. 
Prestígio Nacional: foi defendida por Carlton Hayes, que segundo ele a partilha de África 
deveu-se a necessidade que cada potência tinha de manter e mostrar o seu orgulho nacional. 
Vemos por exemplo quando a França perdeu as suas ricas províncias de Alsácia e Lorena na 
guerra franco-prussiana teve que dominar os territórios ultramarinos, exemplo seguido pela 
Inglaterra. Porém para Carlton a partilha de Africa deveu-se ao orgulho Nacional. 
Equilíbrio de forças: foi defendida por Friedrich Hinsley que segundo ele, devido a 
existência de blocos militares que se temiam mutuamente, resolveram partilhar a África e 
manter a paz e tranquilidade na Europa. Estes blocos lutavam pela anexação de alguns 
territórios dentro da europa, o que deu origem ao nacionalismo europeu e como tal a única 
saída para resolver estes conflitos era a partilha de África. 
Estratégia Global: defendida por Ronaldo Robnson e John Gsllegher, segundo os quais a 
ocupação de África deveu-se sobretudo em questões estratégicas, visto que a África 
constituía uma um ponto estratégico pelo qual podia se tomar o então o centro do mundo que 
nessa altura era o médio oriente, concretamente na Índia. Esta corrente defende ainda que a 
África não possuía recursos que lhe levassem a sofrer colonização, mas sim constituía o 
ponto estratégico. Assim, a ocupação ocorreu quando os africanos resistiram, perante estes 
projectos. 
Teoria de dimensão africana: defende que a partilha de África tem a sua origem na 
passagem do comércio ilegal para o comércio legal ou legítimo, ou melhor no período da 
abolição do comércio de escravos. Em algumas sociedades ou regiões esta transição foi 
turbulenta que levou a desagregação de alguns estados, pois esta actividade então abolida 
constituía a base para fortificar o poder de alguns chefes e dos estados. A abolição fez com 
que alguns estados entrassem em conflitos ou em guerras contra os seus vizinhos, na tentativa 
de manter o seu rendimento. Estes conflitos provocaram uma instabilidade que logo foi 
 
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aproveitada pelos europeus, conseguindo dominar a África. Estas lutas frequentes 
provocaram uma fragilidade de defesa. 
Assim a ocupação de áfrica deveu-se a dois factores: Externos dentre os quais a procura de 
matérias-primas, mercados, mão-de-obra barata e internos dentre os quais os conflitos e 
rivalidades. 
Os defensores da dimensão africana são: George Hardy, A.George Hopkins, Carlton Hayes, J.S. Kelve 
O Movimento de Libertação Nacional em África (M.L.N) 
A partir da 2ª Guerra Mundial, os africanos começaram a ter ideias mais precisas sobre como 
pôr fim ao colonialismo. Começou-se a compreender que a exploração colonial não era 
apenas de uma Tribo ou região, mas sim de todo o povo. 
Nacionalismo: são ideias com um carácter nacional e não tribal ou regional. Ou por outra, foi 
um movimento caracterizado pela união dos povos que tinham em vista lutar contra o sistema 
de dominação colonial em África. 
Causas do nacionalismo 
– O abalo da 2ª Guerra Mundial e as suas consequências, incentivou o surgimento do 
Nacionalismo, uma vez que milhares de africanos participaram na Guerra ao lado dos seus 
colonizadores lutando contra outras potências e ao regressarem aos seus respectivos países 
juntaram-se a um movimento de pretexto político contra o domínio colonial. A Segunda 
Guerra Mundial transformou-se numa guerra anti-racista e anticolonial. 
– A política dos E.U.A, imposta no fim da 1ª Guerra Mundial, pelo presidente Wilson, o 
chamado sistema de mandatos das Sociedades das Nações aos territórios das potências 
vencidas na 1ª Guerra Mundial. Esta foi a concepção tida pelos EUA de que todas as colónias 
e terras de domínio dos países derrotados na 1ª Guerra mundial deviam estar sob domínio das 
potências vencedoras até que estas colónias e terras estivessem suficientemente 
desenvolvidas para se governarem por si próprias. 
– A revolução Socialista de Outubro de 1917, contribuiu na difusão de ideias sobre a 
igualdade, a liberdade e o direito de auto-determinação dos povos, o que incentivou os povos 
colonizados a lutar pela sua libertação e auto-determinação. 
– O papel da ONU. A ONU criada em São Francisco em 1945, que defende e o direito de 
todos os povos à liberdade, o direito a auto-determinação dos povos. Destacou-se o princípio 
de igualdade e o direito de dispor de si mesmo. 
– A emancipação asiática e as independências na África do norte imprimiu aideia de união 
dos povos da Ásia e da África para a liquidação definitiva do colonialismo nos dois 
continentes. 
– Uma das outras causas foi as contradições internas do colonialismo. 
Forças motrizes do nacionalismo africano. 
– A acção dos intelectuais, 
– Os sindicatos, 
– O movimento dos estudantes, 
 
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– A acção das igrejas, 
– As greves. 
A conferência de Brazaville 
Depois da 2ª Guerra Mundial, a França começou a delinear uma série de estratégias de 
reformas nas suas colónias que visavam abafar as vozes africanas que reclamavam as suas 
independências. O 1º passo foi a conferência africana francesa de Brazaville em 1944, onde 
participaram os governadores da África Negra e os altos funcionários da administração 
francesa. De salientar que nesta conferência nenhum africano participou. 
Tratava-se de um encontro de carácter unilateral para a auscultação de ideias sobre o futuro 
das colónias francesas após a 2ª Guerra Mundial. 
Decisões da Conferência 
1. Suprimiu-se progressivamente o regime de indigenato, 
2. foi reconhecida a integração dos territórios africanos numa comunidade francesa, 
3. introduziu-se a descentralização administrativa, 
4. preconizou-se a criação de assembleias representativas compostas por partes de europeus e 
em parte de indígenas. Estas assembleias detinham o controlo sobre as finanças das colónias. 
Estas reformas vão despertar a consciência de vários partidos nacionalistas africanos. O 
partidos que surgiu depois da conferência africana de Brazaville, foi designada nas colónias 
por recimbrement democratique africain. 
A conferência de Bandung 
A conferência de Bandung realizada em 1955, na Indonésia pelos países que não aceitavam a 
divisão do mundo entre os Estados Unidos e a União Soviética. A partir dessa conferência da 
qual só participaram nações africanas e asiáticas como a China, Índia, Egipto, Indonésia e 
outras recém independentes, o processo de descolonização ganhou nova força. Nesta 
conferência, os países participantes, unidos por interesses comuns, assumiram uma posição 
política de neutralidade em relação às grandes potências, notadamente Estados Unidos e 
União Soviética. Definiam-se assim como pertecentes ao terceiro mundo, em oposição à 
divisão em Primeiro Mundo (Capitalista) e Segundo Mundo (Socialista). Defenderam a tese 
do desarmamento, a participação de todos os países nas questões internacionais, o direito à 
vida e á liberdade, a união entre eles como fundamental na luta contra o colonialismo. 
Condenaram toda a forma de racismo e afirmaram a igualdade entre as raças. 
 
 
Os Estados Mwenemutapa 
 
Falar Mwenemutapa ou Muenemutapa é falar da mesma coisa. Que a grafia não confunda a 
mente dos leitores. 
Por volta de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado pela maior parte dos seus habitantes. 
O Estado de Muenemutapa é formado a partir de um movimento migratório do Grande 
Zimbabwe, dos povos Caranga-Chona, para a região do vale do Zambeze, na sequência da 
https://escola.mmo.co.mz/historia/os-estados-mwenemutapa-muenemutapa/
 
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invasão e da conquista por exércitos dirigidos por Nhatsimba Mutota, ocorrida por volta de 
1440-1450. Desenvolveu-se entre, os rios Mazoe e Luia, o centro de um novo Estado 
chefiado pela dinastia dos Muenemutapa, que dominou e subordinou a população pré-
existente. A capital do império era Dande. 
O grosso dos efectivos do grupo invasor deu origem no vale do Zambeze a uma etnia 
denominada pelos povos locais por Macorecore. Constituíram excepção da subordinação os 
Tonga, matrilineares porque não falavam a língua Chona. 
Limites do Estado Muenemutapa 
Norte – rio Zambeze; 
Sul – Rio Limpopo; 
Este – Oceano Índico; 
Oeste – deserto de Kalahari. 
O núcleo central que a dinastia governava directamente entre, os rios Mazoe e Luia, era 
circundado por uma cintura de Estados Vassalos cujas classes dominantes constituídas por 
parentes dos Muenemutapas e opor estes a rebelar-se quando o poder central enfraquecia. 
Entre os Estados vassalos do Estado de Muenemutapa encontravam-se Sedanda, Quissanga, 
Quiteve, Manica, Bárrué e Maungwe. Os seus chefes pagavam tributo ao Muenemutapa 
reinante e eram confirmados por este quando subiam ao poder. 
Os Muenemutapas dominaram a sul do Zambeze até finais do século XVII, perdendo depois 
a sua posição em favor da dinastia dos Changamires, cujo papel no levante armado contra a 
penetração mercantil portuguesa. 
Nos seus traços mais gerais, a sociedade Chona caracterizava-se pela coabitação no seu seio 
de dois níveis sócio-económicos distintos: de um lado a comunidade aldeã, designada por 
Musha ou Incube, relativamente autárcica e estruturada pelas relações de parentesco; do 
outro lado a aristocracia dominante (que se confundia com a família que reinava e esta com o 
Estado), que controlava o comércio a longa distância e dirigindo a vida das comunidades. 
 
A comunidade aldeã 
A actividade produtiva essencial das comunidades aldeãs Chona baseava-se na agricultura. 
Os principais cereais cultivados eram aMapira, a mexoeira, o naxemim e o milho. Ao longo 
dos rios e sobretudo na zona costeira e solos aluvionares, cultivava-se oarroz, usualmente 
para venda. O nível das forças produtivas ainda era baixo. Nos trabalhos agrícolas utilizavam 
a enxada de cabo curto e a agricultura praticava-se sobre queimadas. A pecuária, a pesca, a 
caça, bem como o artesanato surgiram como apêndices complementares da agricultura, 
submetendo-se aos imperativos do ciclo agrícola. 
O trabalho nas minas aparecia como imposição do exterior (da aristocracia dominante ou de 
comerciantes estrangeiros), não fazendo parte integrante da actividade produtiva normal. 
Com o decorrer do tempo, a penetração árabe-persa e portuguesa trouxe novas necessidades 
(bens de prestígio), as quais voluntária ou coercivamente levavam a população das 
comunidades a praticar a mineração do ouro em escala considerável. O ouro localizava-se nas 
regiões como: Chidima, Dande, Butua e Manica 
 
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As Mushas que integravam no geral uma família no sentido lato ou um grupo de famílias com 
o mesmo antepassado, o muri, viviam num regime de auto-subsistência e estavam 
fundamentalmente orientadas para a produção de valores de uso. Todas as relações entre os 
membros da sociedade Chona, ao nível das Mushas, eram fundadas no parentesco. Acima das 
Mushas, como entidade superior erguia-se a aristocracia dominante. 
Aristocracia dominante 
Na sociedade Chona, o Estado era personificado na pessoa do soberano, o Mambo, que devia 
desligar-se da sua origem terrena para conferir à realeza, um carácter sagrado. Tornava-se 
assim o representante supremo de todas as comunidades, o símbolo da unidade de interesses 
dessas comunidades. Para quebrar todas as ligações com a sua linhagem, e se tornar 
representante de toda a sociedade, indiferente às rivalidades familiares, o Mambo cometia no 
momento da sua entronização, o incesto com uma parente próxima, infringindo desse modo o 
mais absoluto interdito. Daí que a principal mulher do Monomotapa era a sua própria irmã. 
A autoridade efectiva do Mambo processava-se através dos seus subordinados territoriais que 
integravam um complexo aparelho de Estado. Esquematicamente a estrutura político 
administrativa pode ser representada da seguinte maneira: 
1. Mambo: chefe supremo. 
2. Mazarira, Inhahanca e Nambuiza: três principais esposas do soberano com importantes 
funções na administração. 
3. Nove altos funcionários: responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias mágico-
religiosas, relações exteriores, festas, etc. 
4. Fumos ou Encosses: chefes provinciais 
5. Mukuru ou Mwenemusha: chefes das comunidades aldeãs ou das Mushas. 
6. As Mushas 
O mambopossuía alguns funcionários subalternos: Mutumes (mensageiros) e os Infices 
(guarda pessoal do soberano – Mambo). 
Há que notar aqui que elegia-se Fumo a quem tivesse maior riqueza material. Depois que 
ficara pobre, a comunidade destituía-o através de uma cerimónia pela qual lhe eram 
atribuídos certos símbolos de prestígio (um bordão e um chapéu de palha). O fumo deposto 
passava a pertencer ao grupo dos “grandes” por mérito. 
Salientar que semelhante controlo não operava ao nível dos Mambos, geralmente oriundos da 
aristocracia invasora descendente de Mutota, na qual a transmissão do poder se fazia por via 
hereditária. 
Articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades Mushas 
A articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades aldeãs encerrava relações de 
dominação/subordinação e exploração do homem pelo homem, materializadas pelas 
obrigações e direitos que cada uma das partes tinha para com a outra. As comunidades aldeãs 
(Mushas) sob direcção dos Mwenemushas, garantiam com o seu trabalho a manutenção e 
reprodução da aristocracia dominante e esta concorria para o equilíbrio e reprodução social 
de toda a sociedade Shona com o desenvolvimento de inúmeras actividades não directamente 
produtivas. 
 
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Obrigações das Mushas 
– Prestar 7 dias de trabalho mensais nas machambas do Mambo; 
– Construção de casas para os membros da classe dominante (ZUNDE); 
– Mineração do ouro para alimentar o comércio a longa distância que garantia a importação 
de produtos para a sociedade Shona, os quais ascendiam a categoria de bens de prestígio 
(missangas, tecidos, louça, porcelana, vidros, etc). 
– Pagamento de imposto em primícias das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da 
produção agrícola (regular); 
– Entrega de marfim, peles de animais e penas de algumas aves; 
– Entrega de materiais de construção de residências da Classe dominante, como pedras, 
estaca, palha, etc. 
Obrigações da Classe dominante 
– Orientar as cerimónias da invocação da Chuva; 
– Pedir aos Muzimos reais (espíritos dos antepassados reais) a fertilidade do solo, o sucesso 
das colheitas; 
– Garantir a segurança das pessoas e dos seus bens; 
– Assegurar a estabilidade política e militar no território; 
– Servir de intermediário fiel entre os vivos e s mortos; 
– Orientar as cerimónias mágico-religiosas contra as cheias, epidemias e outras calamidades. 
Os mambos eram garantes da fecundidade da terra e depositários da ordem do território e 
constituíam os antídotos mais eficazes contra o caos. A sua morte significava a perda da 
estabilidade. Quando morria um Mwenemutapa e até a eleição do novo mambo, o poder era 
exercido por um personagem que usava o nome de Nevinga. Sem ser portador de qualquer 
atributo régio, era morto logo após a eleição de um mambo de direito. 
A eleição do verdadeiro mambo, constituía motivo de festa porque se acreditava ter a ordem 
sido reposta com o importantíssimo papel de mambo vivo, que tamanha admiração e 
entusiasmo causa aos seus crédulos adoradores. 
Papel das crenças mágico-religiosas ou aparato ideológico dos Mwenemutapa 
As crenças mágico-religiosas sempre jogaram um papel muito importante para a manutenção 
do poder e da coesão social. Praticavam cultos dedicados aos espíritos dos antepassados. 
Existiam alguns termos que serviam para designar Deus: Mulungu, utilizado nas terras 
marítimas, ao longo do vale do Zambeze e a nordeste do planalto zimbabueano e Mwari a sul 
do planalto. Entre os Muzimu mais temidos eram os dos reis. 
Esta prática regular as classes dominantes do estado dos Muenemutapas e dos estados 
satélites contactarem regularmente com os seus Muzimu através de especialistas médiuns 
designados por Pondoros ou Mondoros (leões). O Muenemutapa Matope, o segundo da 
dinastia declarou que o seu espírito era imortal, esse metamorfoseava num Leão, pelo que 
matar um Leão era considerado um crime imperdoável. 
 
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Os médiuns (Swikiros) estavam estreitamente associados ao poder político e especialmente 
às sucessões. Deviam conhecer profundamente a História genealógica e na sua maioria eram 
estrangeiros, para assegurar imparcialidade em caso de arbitragem nos conflitos sucessórios. 
Os Swikiros constituíam os suportes das classes dominantes e estas as executoras das ordens 
dos antepassados, mortos em vida e vivos na morte. 
Todo esse aparato ideológico contribuía para assegurar a reprodução social Chona e das 
desigualdades sociais existentes. Porém, o poder dos Muenemutapas e dos mambos em geral, 
não advinha apenas das rendas e dos tributos que recebiam regularmente. O comércio a longa 
distância (ouro) era a outra fonte do poder dos mambos. 
A fixação portuguesa fez-se inicialmente no litoral, com a fundação da feitoria de Sofala em 
1505 e na ilha de Moçambique em 1507. Esperavam através de Sofala, controlar as vias de 
escoamento do ouro e do marfim em pequena escala do interior. 
Muito antes da chegada dos mercadores portugueses em Moçambique, os Swahili-Árabes se 
encontravam na região, controlando o ouro vindo do império de Muenemutapa através do rio 
Zambeze até aos portos de Quelimane e Angoche. A partir de 1530, os portugueses 
penetraram no vale do Zambeze fundando as feitorias de Sena e Tete em 1530 e a do 
Quelimane em 1544. Trata-se agora de não controlar as vias de escoamento do ouro, mas sim 
do próprio acesso as zonas produtoras do ouro, entrando em contradição com os Swahili-
Árabes. 
Na sua penetração, os portugueses utilizaram a religião cristã católica, organizando assim em 
1561 uma expedição missionária a corte do Mwenemutapa reinante chefiada pelo padre 
Jesuíta Gonçalo da Silveira com o objectivo de converter a classe dominante à religião 
católica tendo conseguido baptizar o Mwenemutapa e a sua família com o nome de D. 
Sebastião. Para os portugueses ter o Muenemutapa e a sua família baptizados serviria de 
trampolim para a concretização dos seus planos: 
– Marginalizar os mercadores asiáticos; 
– Influenciar as decisões políticas do imperador em seu benefício; 
– Monopolizar o comércio do ouro; 
– Promover manobras no sentido de se alargar o período que os camponeses dedicavam á 
produção de valores de troca (ouro) em detrimento da produção de valores de uso e consumo 
(agricultura). 
O padre Gonçalo da Silveira é acusado de feiticeiro e é morto e como retaliação aos 
acontecimentos de 1561, os portugueses enviam uma expedição militar chefiada por 
Francisco Barreto em 1571 com o objectivo de conquistar as zonas produtoras do ouro e 
punir o imperador reinante. Devido a grande coesão no seio da classe dominante e as doenças 
tropicais explicam em grande medida a derrota que sofreram. 
A primeira década do século XVII, marcou o início de uma nova era no estado dos 
Muenemutapas. A classe dominante encontrava-se envolvida em profundas contradições e 
lutas intra e interdinásticas. Gatsi-Lucere, imperador sentindo-se militarmente impotente para 
debelar a revolta comandada por Mathuzianye, viu-se obrigado a solicitar o apoio militar 
português. Como recompensa, o Muenemutapa reinante prometeu em 1607 a concessão aos 
portugueses de todas minas do estado. 
 
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Com a morte de Lucere, em 1627, o imperador Capranzina que representava uma facção 
oposta aos interesses mercantis portugueses foi deposto e substituído por seu Tio Mavura. Os 
portugueses baptizaram Mavura pelo nome de Filipe. 
O processo do comprometimento do novo imperador culminou com a assinatura no mesmo 
ano (1629) do tratado, designado por tratado de Mavura que transformou o império num 
estado vassalo de Portugal. Por este tratado, a aristocracia de Muenemutapa ficou obrigada a: 
– Permitir a livre circulação de homens e mercadoriasisentas de qualquer tributo; 
– A obrigatoriedade de o Muenemutapa consultar o capitão português antes de tomar 
qualquer decisão importante; 
– Não exigir aos funcionários e mercadores portugueses a observância das regras protocolares 
quando recebidos por autoridades e altos dignatários da corte (descalçar os sapatos, tirar o 
chapéu, bater palmas, ajoelhar, etc); 
– Não obrigar os mercadores portugueses a pagarem impostos inerentes a sua actividade; 
– Aceitar uma força constituída por 50 soldados portugueses na corte; 
– Expulsar os mercadores asiáticos do império; 
– Permitir a construção de igrejas no território. 
O imperador com o tratado de vassalagem deixou de representar e executar a vontade dos 
antepassados para agir como um simples intermediário entre os interesses do capital 
mercantil português e as comunidades aldeãs. Os camponeses das muchas eram obrigados a 
trabalharem mais tempo na mineração do ouro em prejuízo da agricultura. A fome, as 
epidemias, a morte de mulheres e crianças nas minas passaram a caracterizar a sociedade 
Shona. 
O fim da presença portuguesa no império de Muenemutapa deu-se em 1693 quando 
Changamire Dombo, chefe de Bútua levou a cabo a uma expedição militar contra os 
portugueses, tendo em dois anos expulsado os portugueses e obrigando-os a atravessar o rio 
Zambeze e se fixarem na margem esquerda, marcando assim o fim da fase do ouro e início da 
fase de marfim. 
Causas da decadência do império de Muenemutapa 
– Fixação dos mercadores portugueses na costa; 
– Lutas pela sucessão; 
– Falta de um exército permanente; 
– A interferência dos estrangeiros, sobretudo dos portugueses nos assuntos internos do 
estado; 
– Invasão dos Ngunis; 
– Alianças dos sucessores dos Muenemutapa reinante aos portugueses. 
 
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Os Prazos da Coroa do Vale do Zambeze 
Foi na segunda metade do século XVI que os portugueses estabeleceram no Vale do Zambeze 
uma nova instituição – os prazos da coroa. 
Prazos: eram unidades políticas onde a classe dominante era formada por mercadores 
portugueses estabelecidos como proprietários de Terras, terras essas que tinham sido doadas, 
compradas e até mesmo conquistadas aos chefes locais. Ou por outra, eram territórios 
concedidos por um período de três gerações aos mercadores portugueses e indianos. A 
transferência era feita por via feminina. 
Os prazos da coroa foram inicialmente quer terras conquistadas por aventureiros, soldados e 
mercadores de missanga, à testa de exércitos de cativos, quer terras que chefes locais lhes 
cederam em troca de saguates ou de ajuda militar contra chefes rivais. Pode-se sustentar que 
os prazos nasceram com a penetração portuguesa no vale a partir de 1530. 
Portugal ao criar os prazos pretendia criar bases para uma ocupação efectiva de Moçambique 
garantindo a montagem da administração colonial. Na realidade, no que respeita aos 
objectivos políticos, os Prazeiros passaram a gozar de uma independência quase total, não se 
subordinando à Coroa Portuguesa; não promoveram a ocupação efectiva do território á favor 
da Coroa; e no que se refere aos objectivos ideológicos não espalharam a civilização 
portuguesa e a cristianização, pelo contrário africanizaram-se, não podendo cumprir com os 
objectivos políticos e ideológicos para que foram criados. 
Porém, os prazos que muitos historiadores pretendiam ver como a primeira forma de 
colonização portuguesa em Moçambique e particularmente no vale do Zambeze, acabaram 
sendo essencialmente bolsas de escoamento de mercadorias (ouro, marfim numa primeira 
fase e de escravos numa segunda fase) que aproveitaram o rio Zambeze como via natural. 
Todavia, os prazos foram o resultado do cruzamento de dois sistemas sociais de produção: 
um pré-existente na sociedade Chona, com dois níveis o dos camponeses das mushas vivendo 
num regime de relativa autarcia e o da aristocracia dominante formada pelos mambos e 
fumos e outro sistema que se sobrepôs ao primeiro composto pelos prazeiros (mercadores, 
ex-soldados desertados, fugitivos que cumpriam penas de degredo), elite dominante e por 
exércitos de cativos guerreiros, os chamados A-chicunda. Por outras palavras, os prazeiros 
mantiveram o sistema social anterior. 
Actividade Económica 
O ouro e do marfim configurou a base da economia dos Prazos da coroa até finais do século 
XVIII e dos escravos mais tarde. Os camponeses das Mushas tinham a seu cargo a produção 
material de subsistências canalizadas parcialmente para a aristocracia prazeira através da 
relação de produção expressa no mussoco, uma renda em géneros. Porém, milhares de cativos 
alimentados pelos camponeses garantiam a segurança militar dos Prazos e o livre escoamento 
dos produtos excedentários dos camponeses. A esses cativos eram conhecidos por A-
chicundas. Os A-chicundas garantiam a defesa dos Prazos, organizavam as operações de 
caça aos escravos nos territórios vizinhos e cobravam impostos e estavam divididos em 
regimentos chamados Butacas, (herança). Havia dentro dos Prazos um grupo de mercadores 
negros especializados designados Mussambazes. Havia ainda uma espécie de inspectores 
que residiam junto dos Mambos e Fumos que davam informação regular aos prazeiros, 
conhecidos por Chuangas. Há que referir a um grupo de cativas organizadas em colectivos 
de trabalho designados por Ensacas, cujas chefes destas ensacas conhecidas por Niacodas. 
https://escola.mmo.co.mz/historia/os-prazos-da-coroa-do-vale-do-zambeze/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Na sua maioria, prazeiro era um indivíduo de origem portuguesa ou indiana a quem a coroa 
portuguesa atribuía no sentido de regulamento extensas áreas por um período de 3 gerações, 
herdadas por via feminina. 
Ao surgirem os prazos, a coroa portuguesa pretendeu nacionalizá-los, outorgando-lhes um 
estatuto legal e atribuindo aos prazeiros a obrigação de pagarem foros. Com isto pretende-se 
afirmar que Portugal pretendeu dar aos prazos do vale do Zambeze, o estatuto de feudos 
portugueses e a natureza da estrutura feudal que dominava a sua sociedade, actuando numa 
espécie de senhor feudal na colónia. 
Existiam três modalidades de aquisição de terras que deram origem aos prazos a designar: 
Terras compradas aos chefes africanos pelos mercadores; terras conquistadas aos chefes por 
exércitos dos mercadores ricos e terras doadas pelos chefes africanos. 
A estrutura política e administrativa dos prazos obedecia a seguinte hierarquia: Senhor 
Prazeiro, Mambos, Fumos e A-chicundas. 
O aparato ideológico dos prazos de coroa do vale do Zambeze 
O aparato ideológico nativo foi quase integralmente aproveitado pelos prazeiros. A utilização 
do Muári (uma beberagem tóxica que se acreditava poder mostrar a culpabilidade de alguém 
num determinado delito ou numa acusação de feitiçaria). Praticavam cultos aos espíritos 
antepassados para a evocação da chuva e garantiam a reprodução das relações de produção 
vigentes. A morte de um prazeiro gerava a criação ritual de uma situação de caos 
generalizado. A esses rituais do caos se chamavam Choriros. Esses rituais funcionavam 
como uma espécie de válvulas de escape para as tensões sociais de perigo para o statu quo. 
Razões da decadência dos Prazos 
– O desenvolvimento do tráfico de escravos que chegou a obrigar alguns prazeiros a 
sacrificar os camponeses residentes no seu território e os A-chicundas, seu exército; 
– As invasões Nguni resultantes do movimento Mfecane. 
 
 
 
O Estado de Gaza 
O Estado de Gaza, também conhecido como império de Gaza, abrangia no seu apogeu toda a 
área costeira entre-os-rios Zambeze e Maputo e tinha a sua capital em Manjacaze na actual 
província Moçambicana de Gaza. Foi fundado por Sochangane, também conhecido por 
Manicusse (1821-1858) como resultado do M´fecane. 
Havia um grande número de chefaturas e de reinoscom agregados populacionais entre três e 
vinte mil habitantes e cujos chefes tinham um nível de vida superior ao da população, devido 
aos tributos que dela recebiam. Uma grande parte da África Austral, conheceu uma estrutura 
política semelhante. 
Esta situação modificou-se como resultado de um período de lutas e de transformações 
políticas conhecidas por M’Fecane que tiveram lugar numa região a que veio a ser conhecida 
por Zululândia. Importa referir que este período de lutas e de transformações políticas foi 
seguido de um extenso movimento de emigrantes Ngunis. Estas migrações que ocorreram por 
volta da segunda metade do século XVIII, tiveram como causas: 
https://escola.mmo.co.mz/historia/o-estado-de-gaza/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
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– O crescimento da actividade comercial com a baia de Maputo (os Ngunis exportavam 
marfim e importavam missangas e outras especiarias), provocando conflitos inter-linhagens 
para o controlo das rotas comerciais ao longo do litoral e para o interior. 
– Nos finais do século XVIII e princípios do século XIX, os conflitos foram agudizados por 
uma crise ecológica, pois que seguiram-se sucessivos anos de seca e fome. Esta crise teria 
feito oscilar a estabilidade agropecuária anterior, intensificando os conflitos inter-linhagens 
para o controlo dos recursos económicos mais favoráveis para a agricultura e para a 
pastorícia. 
Durante as lutas, o número dos reinos tendia a diminuir e entre 1810-1815, tinha-se destacado 
dois principais reinos: o reino de Nduandue, chefiado por Zuide e o reino de Mtetua chefiado 
por Dingsuayo. Os outros ou tinham desaparecido ou se tinham tornado vassalos destes dois 
principais reinos. 
O exército destes reinos era formado por jovens da mesma idade recrutados dos reinos 
vassalos. As promoções destes jovens dependiam do desempenho de cada um ou do prestígio 
da sua família. Entre 1816-1821, estes dois reinos entraram em conflitos culminando com a 
derrota e morte de Dingsuayo, rei de Mtetua. Com a morte do rei Dingsuayo um dos seus 
chefes militares Shaca tomou o poder entre 1818-1828, sendo este da linhagem Zulu e 
ficando o reino conhecido por Zulu. 
Após um novo confronto sob tutela de Shaca, o reino Mtetua alcançou a victória. Assim, uma 
parte dos Nduandue submeteu-se ao vencedor e outra entre 1820-1821 refugiou-se em terras 
fora do alcance imediato de Shaca. 
Entre os emigrantes encontravam-se Zuangedaba, Ngaba Msane, Nguana Maseko e o 
Sochangane. Este último é que veio a se fixar na região onde se formou o estado de Gaza. O 
Sochangane fundador, se tornou o primeiro rei de Gaza entre 1821-1858. Ele conseguiu 
efectuar várias conquistas através de uma política de assimilação dos povos locais. O poder 
do Estado de Gaza aumentou na medida que aumentavam os súbditos. O rei de Gaza vendia 
marfim que recebia como tributo e pronunciou-se contra a exportação clandestina de 
escravos. 
O espaço geográfico ocupado pelo Estado de Gaza correspondia as actuais províncias 
moçambicanas de Gaza, Inhambane, Maputo, Manica e Sofala, habitado por vários grupos 
étnicos como os Tsongas, Chopis, Bitongas, Ndaus, Shonas e a população mista goesa-
portuguesa, resultante dos prazos. 
Depois da morte de Sochangane, subiu ao trono, o seu filho Maueue. Este novo rei no sentido 
de aumentar o seu património, resolveu atacar os seus irmãos, hostilizou os seus vassalos e 
alguns povos vizinhos, criando um grande número de inimigos internos e externos, pois 
atacava os caçadores de elefantes que vinham de Lourenço Marques. Em 1861, uma 
coligação formada por descontentes da aristocracia Nguni e por algumas populações do vale 
do Inkomati e por alguns comerciantes de Marfim, interessados na caça ao elefante decidem 
apoiar Mzila, irmão mais velho de Maueue. Depois de um longo período de guerras que se 
prolongou até 1864, Mzila sai vitorioso. 
Em 1862, a capital de Gaza é transferida para Mossurize, ao norte do rio Save, nas vertentes 
orientais de Chimanimani, onde Ngungunhana filho de Mzila ascendeu ao poder, já em 1884. 
A mudança da capital para Mossurize, deve-se a instabilidade da região entre a Baia de lagoa 
 
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e Swazilândia por causa da fome e uma forte epidemia de varíola como consequência da 
guerra civil. 
 
Novamente a capital de Gaza é transferida para Mandlakazi (grande força), actual Manjakaze 
em 1889. Uma das razões da mudança da capital teria sido de evitar pressões de Manica, pois 
os portugueses e os ingleses queriam recomeçar a mineração do ouro. Outro factor teria sido 
o facto de que o vale do Limpopo e as zonas vizinhas possuíam todos os recursos que já 
começavam a escassear em Mossurize. Este praticava a caça e a pesca. Praticavam a 
agricultura, cultivando a Mapira, Mexoeira, Milho e a Mandioca, para além da criação do 
gado bovino. Todos os reis de Gaza fixavam as suas residências em zonas adaptadas a 
criação de gado Bovino e à Cultura de Milho.já antes da vinda dos Ngunis, as zonas 
montanhosas de Mossurize eram conhecidas pelo seu gado bovino. 
Tanto nas sociedades satélites, como no núcleo central Nguni do Estado, existia uma nítida 
divisão em classes sociais. O núcleo central encontrava-se no topo uma alta aristocracia de 
elementos da linhagem do rei (descendentes do avô ou do bisavô paterno do rei), depois uma 
média aristocracia composta por Nguni de menor categoria e ainda uma camada de 
assimilados, muitos dos quais tinham sido originariamente cativos de guerra. Estes últimos 
eram designados por cabeças (Tinhloko). As mulheres e raparigas capturadas eram dadas 
como esposas a Nguni sem que os maridos tivessem de pagar o Lobolo. 
Porém, a estrutura política de Gaza, era administrada pelo rei, com o auxílio da rainha, 
conselheiros, família real, governadores provinciais e dos comandantes militares. No Estado 
de Gaza, o imperador acumulava todos os poderes, dividia o império em capitais que serviam 
de templos, tribunais, cemitérios, fortalezas, quartéis e escolas de recrutas, dirigidas pelo 
próprio rei que passava a receber o título de Inkosi. As pessoas imprtantes da capital erm a 
rainha (Inkosikasi) e o governador (Hossana). 
O território do Inkosi encontrava-se dividido em provínciasn chefiadas por governadores 
(Hossana) cujas funções eram: nomear os indunas, resolver os litígios, mobilizar os 
regimentos, manter a ordem e cobrar o tributo. 
As províncias por sua vez subdividiam-se em distritos chefiados por Induna, nomeado por 
Hossana, cuja função era a indicação da área a ser ocupada pela povoação familiar (o Muti), 
chefiada por Mununusana. 
O estatuto de cativo não era hereditário, mas as guerras e as acções punitivas constantes, no 
interior fizeram com que houvesse sempre um bom número de cativos nas unidades 
domésticas Nguni. Sobre os cativos recaiam muitas tarefas produtivas, como o cultivo dos 
campos dos aristocratas Nguni, a pastagem do gado, o corte e transporte de lenha. As 
populações não integradas na estrutura dominante tinham a designação Tonga. 
O exercício do poder real, entre os Ngunis não estava dissociado do exercício das cerimónias 
mágico religiosas. Todos os anos o rei chefiava alguns rituais ligados ao ciclo agrário. O mais 
importante destes rituais celebrava-se em Fevereiro e era determinado pelo aparecimento dos 
primeiros frutos. Era o Nkwaya (Incuala). O Incuala tinha a função de libertar as tensões 
sociais e transformava-se em factor de unidade e de prosperidade. 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Factores que constituíram fortaleza, habilidade que fez com este Estado se 
mantivesse independente foram: 
– A existência de maior número de habitantes nos finais do século XIX, criando obstáculo 
para os portugueses; 
– O centralismo do Estado e o reforço do poder local, pois que esteEstado elegia indivíduos 
da confiança do rei para administrar os Estados distantes; 
– A mobilização constante dos súbditos num exército permanente, constituído por indivíduos 
da mesma idade designados regimentos (Butakas) que aprendiam as tácticas de guerra e os 
usos e costumes dos Ngunis. Esta aprendizagem ia até aos seus 50 anos. 
Debilidades do Estado 
– O Estado de Gaza foi um estado que resultou de uma conquista militar e era contestado 
com os grupos étnicos submetidos no estado; 
– A irritação do clã real por causa do intenso favoritismo de Ngungunhana em relação a 
muitos grupos não Ngunis, que passaram a ocupar cargos importantes o que era contestado. 
Isto criou um certo descontentamento dos grupos Angunis; 
– Esclerose da táctica militar, visto que Ngungunhana mantinha-se a carga com o seu exército 
empenhando a zagaias, enquanto do outro lado, estavam homens armados. Estes foram 
alguns aspectos que contribuíram para a decadência do Estado de Gaza. 
 
 
 
O Nacionalismo Moçambicano 
 
O nacionalismo moçambicano, como praticamente todo o nacionalismo africano, foi fruto 
directo do colonialismo europeu. A base mais característica da unidade nacional 
moçambicana é a experiência comum (em sofrer) do povo durante os últimos cem anos de 
controle colonial português. 
Uma das bases fundamentais da crescente exploração que Portugal quis implementar em 
Moçambique após 1930, era a repreensão político fascista, que impediu o desenvolvimento 
de organizações anti-coloniais. A luta dos moçambicanos contra a dominação e exploração 
colonial capitalista nunca esteve apagada. No entanto, ela foi adquirindo formas e dimensões 
diversas de acordo com as circunstâncias da exploração e preensão colonial. 
Antes do fim na Segunda Guerra Mundial, exerceu-se uma luta através de jornais e outras 
publicações como é o caso das pinturas, denunciando os abusos, arbitrariedades, actos 
injustos e imorais praticados por agentes da autoridade colonial. Caso típico destes jornais foi 
o Brado e Grémio Africano, liderados pelos irmãos João e José Albasini. Nestes jornais 
procuravam denunciar aos abusos cometidos pelo colonialismo. 
Por outro lado, criaram-se em Moçambique associações legais de carácter cultural e 
recreativo que procuravam divulgar os valores africanos em geral e moçambicanos em 
particular e fazer valer a personalidade moçambicana. 
https://escola.mmo.co.mz/historia/o-nacionalismo-mocambicano/
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Pouco depois da 2ª Guerra Mundial formou-se em Moçambique o Movimento dos Jovens 
Democratas Moçambicanos (MJDM), cujo objectivo era fazer uma intensa propaganda contra 
a política clandestina. A liderança deste movimento esteve a cargo de Sobral de Campos 
(antigo consultor jurídico da Confederação Geral de Trabalho e outros organismos operários 
portugueses radicados em Moçambique), Sofia Pomba Guerra e Raposo Beirão (Advogado). 
João Mendes, Ricardo Rangel (fotografo) e Noémia de Sousa (poetisa), faziam também parte 
do movimento. O MJDM pretendia combater as grandes injustiças sociais de que estavam a 
ser vítimas os trabalhadores por parte dos patrões e promover a unidade de todos os africanos. 
Todavia, vigiado pela polícia e limitado pelas divisões raciais impostas ao movimento 
associativo, o MJDM não podia ter um impacto fora do seu fundador. Em 1948-1949, o 
regime reprimiu o movimento. O Centro Associativo de Lourenço dos Negros de Marques, as 
Associações Africanas de Lourenço Marques e de Quelimane e o Núcleo Negrófilo de 
Manica e Sofala, constituíram parte do aparelho legal através do qual o regime colonial 
pretendeu enquadrar as aspirações culturais e políticas da pequena burguesia. 
Igualmente, foi criada a Associação dos naturais Moçambicanos. Em 1949, formou-se em 
Lourenço Marques, com cerca de 20 membros, o Núcleo dos Estudantes Secundários de 
Moçambique (NESAM) que funcionava dentro do Centro Associativo dos Negros. Esta 
organização, pretendeu representar os poucos estudantes que conseguiram matricular-se nas 
Escolas secundárias da colónia ou que obtiveram a sua formação na África do Sul. O 
objectivo do Núcleo era fomentar a Unidade e Capacidade intelectual, espiritual e física para 
melhor servir a sua comunidade e acabar com o colonialismo. A este núcleo pertenceram 
Joaquim Alberto Chissano, Mariano Matsinhe, Pascoal Adelina Mocumbi, Luís Bernardo 
Honwana, Armando Emílio Guebuza e Filipe Samuel Magaia. 
Apesar do espaço limitado de acção e dos seus membros, estas organizações foram 
gradualmente inculcando os ideais nacionalistas na juventude instruída, contribuindo para 
valorizar a cultura nacional e oferecendo a ocasião única de estudar Moçambique e de falar 
por si próprio. Além disso, e mais evidente, no caso da NESAM, foram cimentados contactos 
e laços pessoais que facilitaram o estabelecimento de uma rede de comunicação à escala 
nacional, que se mostrou de grande utilidade para a formação do futuro movimento 
clandestino de apoio à luta independentista. 
Ainda neste período através da música, da canção, da literatura, das artes plásticas e da 
imprensa se vão também veiculados valores da cultura moçambicana, denunciando as 
frustrações e as humilhações sofridas pelos moçambicanos. A difusão de artigos e de poemas 
nos jornais, possibilitaram a transmissão de mensagens invocando a reafricanização, 
destacadamente na música de Fany Mpfumo, na poesia de Noémia de Sousa e de José 
Craverinha, nos escritos de João Dias, Marcelino dos Santos e de Luís Bernardo Honwana, 
nas obras plásticas de Bertina Lopes, Malangatana Ngwenya e Alberto Chissano. 
Todavia, em 1960, os moçambicanos de Moeda foram ao administrador colonial pedir o 
aumento salarial, o que culminou com a prisão de muitos moçambicanos que haviam se 
pronunciado sobre o acto. Em resposta, o administrador colonial ordenou a prisão dos actores 
da reivindicação do aumento salarial, o que criou uma ira a população presente. Esta ira levou 
ao administrador de Moeda a abrir fogo contra os moçambicanos aí presentes, tendo 
massacrado mais de 600 pessoas, ao que veio a se designar de massacre de Moeda, acto 
ocorrido a 16 de Junho de 1960. Esta violência de Moeda marcou uma etapa decisiva na 
tomada de consciência de um verdadeiro sentimento nacional, passando o povo moçambicano 
a pensar seriamente na independência de Moçambique. 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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Este sentimento levou a muitos moçambicanos a residir fora do País, nos países vizinhos e 
organizam-se criando em 1959 a MANU (União Nacional Africana de Moçambique), 
fundada no Quenia, liderada por Mateus Mole; a UDENAMO (União Democrática Nacional 
de Moçambique) em 1960, formada na Antiga Rodésia do Sul, actual Zimbabwe e liderada 
por Adelino Gwambe e que mais tarde teve que mudar a sua sede para Tanzania devido a 
perseguições da PIDE e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique 
Independente), em 1961, que tinha a sua sede no Malawi, liderada por Baltazar Chagonga. 
Estes três movimentos lutavam sob um carácter Tribal, razão pela qual não conseguiam 
vencer o colonialismo. 
Porém, no período de 1945-1961, a luta anti-colonial foi desenvolvida em várias formas, 
entre as quais de destacam a resistência contra aspectos da exploração económica colonial, 
que culminou com a formação de movimentos dentro e fora do país e o seu acompanhamento 
cultural e intelectual. A repreensão colonial fascista impediu e perseguiu os líderes destes 
movimentos. 
Com o lançamento dos ideais de Unidade para os povos africanos por líderes como Francis 
Kwame Nkrumah, Patrice Lumumba, Julyus Nherere e outros líderes africanos, levam 
Eduardo Mondlane a unir os três movimentos e funda-se a Frete de Libertação de 
Moçambique (FRELIMO), em 25 de Junho de 1962, em Dar-Es-Salaam, na república da 
Tanzania. 
Porém, a FRELIMO sob liderançade Mondlane, realiza o seu primeiro congresso de 23 à 28 
de Setembro de 1962 o seu primeiro congresso, onde definiu a unidade Nacional como arma 
fundamental da Luta de Libertação Nacional e que a divisão foi sublinhada como a maior 
causa do fracasso da resistência histórica da luta do povo moçambicano contra a dominação 
colonial portuguesa. Também decidiu-se neste congresso que deveria se formar 
quadros/militares para a frente da luta armada. 
Em seguida iniciou-se o processo de recrutamento e treinamento dos jovens que haveriam de 
participar na luta contra o colonialismo português, onde muitos deles foram sendo formados 
em Nachingueya e Kongua na Tanzania, na Argélia, Marrocos, China e na União Soviética, 
actual Rússia. Sob direcção da FRELIMO e após o insucesso das tentativas de negociações 
com o governo de Lisboa, iniciava-se a luta armada a 25 de Setembro de 1964, em Chai, na 
província de Cabo-Delgado, cujo objectivo principal era libertar o Homem e a Terra. 
O processo desencadeou-se em três frentes designadamente a de Tete, que teve de ser fechada 
por dificuldade de trânsito de guerrilheiros e de armas através do Malawi e que veio a ser 
reaberto em Março de 1968; a segunda em Cabo-Delgado e Niassa. .Estas frentes deram 
origem as chamadas zonas libertadas, passando a Frelimo a controlar um quinto do território 
moçambicano. 
Com a morte de Eduardo Chivambo Mondlane, a 03 de Fevereiro de 1969, Samora Moisés 
Machel assume a direcção da FRELIMO e conduz o processo de Luta Armada já em curso. 
Em 1970, o governo português leva acabo a operação Nó Górdio, sob comando de Laulza de 
Arriaga, procurando eliminar este movimento nacionalista. Como resposta, Samora Moisés 
Machel abre a frente de Sofala e Manica, tornando-se o verdadeiro símbolo do fracasso da 
política colonial portuguesa em Moçambique. 
Esta derrota do governo português na operação Nó Górdio provoca um elevado nível de 
descontentamento do povo português que cansado de perder seus filhos, condiciona para a 
 
Adaptado por: Alberto Tembe 841441380/ 873441380 
Fonte: MMO, et al. 
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queda do regime português em 25 de Abril de 1974, acelerando o fim do colonialismo 
português em Moçambique. 
Contudo, após o sucesso do golpe militar de 25 de Abril de 1974 em Portugal, as novas 
autoridades portuguesas decidiram encetar negociações com todos os movimentos de 
libertação das colónias portuguesas. Os líderes da FRELIMO para acelerar o processo das 
negociações para a independência, abriram outras frentes na Zambézia. 
Logo quase do fim da luta armada ou mesmo durante as negociações para o cessar-fogo entre 
o governo colonial português e o da FRELIMO, foram fundadas em Moçambique 
organizações fantoches que pretendiam ser confundidas como se fossem a FRELIMO e que 
fossem acreditadas pelo povo, compostas por reaccionários e oportunistas, como foi o caso da 
FICO, GUMO, MOCOMO, FRECOMO, MIM e outras, tendo valido a atenção do povo em 
afastar-se destas organizações. 
Todavia, derrotados os portugueses, em 07 de Setembro de 1974 o governo português 
chefiado por Melo Antunes e delegações da FRELIMO chefiadas por Samora Moisés 
Machel, assinaram o acordo de Lusaka, capital da Zâmbia, após 10 anos de guerra, um 
acordo que tinha como objectivo principal, o cessar-fogo, dando fim a guerra de libertação 
em Moçambique. 
No mesmo instante em que se desenrolavam as conversações de Lusaka, um grupo auto-
denominado “Moçambique Livre”, em oposição ao acordo, ocupou em Lourenço Marques, 
ao fim da tarde do dia 07 de Setembro, a estação da Rádio Clube de Moçambique, situação 
que durou alguns dias. Tratava-se de um movimento desorganizado e de maioria branca, mas 
que se envolveram moçambicanos negros que tinham militado na FRELIMO, como Urias 
Simango, Mateus Gwenjere e Joana Simeão, movimento dirigido por Gomes dos santos ex 
oficial do exército português e Velez Grilo, advogado em Lourenço Marques. Este 
movimento veio a ser desmantelado definitivamente a 10 de Setembro de 1974. 
Todavia, a 25 de Setembro de 1974, tomou posse o governo de transição chefiado por 
Joaquim Alberto Chissano, como primeiro-ministro, composto ainda por: mariano Matsinhe; 
Gideon Ndombe, José Óscar Monteiro, Salomão Munguambe, Mário Machungo, Rui 
Baltazar santos Alves pertencentes à FRELIMO e Eugénio Picolo, Rui Paulino e Alcântara 
Santos, nomeados pelo governo português, onde definiu-se a data da independência. 
A 25 de Junho de 1975, Moçambique ficava independente, com Samora Moisés Machel 
como presidente da República Popular de Moçambique. 
 
 
 
 
Bom trabalho!

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