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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UNU ITUMBIARA LARISSA LOPES OLIVEIRA HIPERSENSIBILIDADE ITUMBIARA – GO 2022 HIPERSENSIBILIDADE A resposta imune adaptativa fornece proteção específica contra infecção por bactérias, vírus, parasitas e fungos. Algumas -respostas imunes, entretanto, dão origem a uma reação excessiva ou inadequada – isso é geralmente chamado de hipersensibilidade. O termo hipersensibilidade, introduzido a partir das observações de Richet e Portier há 100 anos, descreve o resultado catastrófico da exposição de um animal pré-sensibilizado ao antígeno sistêmico. O desfecho resultante, denominado anafilaxia, se tornou o protótipo das respostas de hipersensibilidade imediatas. Coombs e Gell em 1963 propuseram um esquema de classificação, no qual a hipersensibilidade alérgica do tipo descrito por Portier e Richet foi denominada tipo I, e ampliou a definição da hipersensibilidade para incluir: Respostas de hipersensibilidade imediata (Tipo I) são caracterizadas pela produção de anticorpos IgE contra proteínas estranhas, que estão comumente presentes no ambiente (p. ex., polens, pelos de animais ou ácaros de poeira na casa) e podem ser identificadas pelas reações papuloeritematosas em testes de pele, as quais se desenvolvem em 15 minutos. Reações de hipersensibilidade mediadas por anticorpo (Tipo II) ocorrem quando anticorpos IgG e IgM são produzidos contra antígenos de superfície em células do corpo. Esses antígenos podem desencadear reações tanto pela ativação do complemento (p. ex., anemia hemolítica autoimune), quanto por facilitar a ligação das células natural killer (Cap. 24). Doenças do complexo imune (hipersensibilidade Tipo III) envolvem a formação de complexos imunes na circulação, que não são adequadamente depurados por macrófagos ou outras células do sistema reticuloendotelial. A formação de complexos imunes requer quantidades significativas de anticorpo e antígeno (tipicamente em níveis de microgramas de cada). As doenças clássicas deste grupo são lúpus eritematoso sistêmico (LES), glomerulonefrite crônica e doença sérica (Cap. 25). Reações mediadas por células (hipersensibilidade Tipo IV) são aquelas nas quais linfócitos T específicos são as células efetoras primárias (Cap. 26). Exemplos de linfócitos T induzindo respostas indesejadas são: Sensibilidade de contato (p. ex., a níquel ou plantas como hera venenosa); As respostas de hipersensibilidade tardia da hanseníase ou tuberculose; A resposta exagerada a infecções virais, tais como sarampo; e Os sintomas persistentes da doença alérgica. HIPERSENSIBILIDADE TIPO I Hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática. A reação pode envolver pele (urticária e eczema), olhos (conjuntivite), nasofaringe (rinorréia, rinite), tecidos broncopulmonares (asma) e trato gastrointestinal (gastroenterite). A reação pode causar uma variedade de sintomas desde inconveniências mínimas até a morte. A reação normalmente leva 15 - 30 minutos para o período de exposição ao antígeno, embora às vezes possa ter início mais demorado (10 - 12 horas). O mecanismo da reação envolve produção preferencial de IgE, em resposta a certos antígenos (alergenos). IgE tem muito elevada afinidade por seu receptor em mastócitos e basófilos. Uma exposição subsequente ao mesmo alergeno faz reação cruzada com IgE ligado a células e dispara a liberação de várias substâncias farmacologicamente ativas (figura 1). Ligação cruzada do receptor Fc de IgE é importante para a estimulação de mastócitos. A degranulação de mastócitos é precedida pelo aumento do influxo de Ca++, que é um processo crucial; ionóforos que aumentam Ca++ citoplasmático também promovem degranulação, enquanto agentes que depletam Ca++ citoplasmático suprimem degranulação HIPERSENSIBILIDADE TIPO II Também é conhecida como hipersensibilidade citotóxica e pode afetar uma variedade de órgãos e tecidos. Os antígenos são normalmente endógenos, embora agentes químicos exógenos (haptenos) que podem se ligar a membranas celulares podem também levar a hipersensibilidade tipo II. Anemia hemolítica induzida por drogas, granulocitopenia e trombocitopenia são exemplos. O tempo de reação é minutos a horas. A hipersensibilidade tipo II é primariamente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento. Fagócitos e células K também participam (ADCC). A lesão contém anticorpos, complemento e neutrófilos. Testes diagnósticos incluem detecção de anticorpos circulantes contra tecidos envolvidos e a presença de anticorpos e complemento na lesão (biópsia) por imunofluorescência. O padrão de coloração é normalmente suave e linear, tal como visto na nefrite de Goodpasture (membrana basal renal e pulmonar) e pênfigo (proteína intercelular da pele, desmossomo) HIPERSENSIBILIDADE TIPO III Também conhecida como hipersensibilidade imune complexa. A reação pode ser geral (ex. doença do soro) ou envolve órgãos individuais incluingo pele (ex. lupus eritematoso sistêmico, reação de Arthus), rins (ex. nefrite do lupus), pulmões (ex. aspergilose), vasos sanguíneos (ex. poliarterite), juntas (ex. artrite reumatóide) ou outros órgãos. Esta reação pode ser o mecanismo patogênico de doenças causadas por muitos microrganismos. A reação deve levar 3 - 10 horas após exposição ao antígeno (como na reação de Arthus). É mediada por complexos imunes solúveis. São na maioria de classe IgG, embora IgM possa estar também envolvida. O antígeno pode ser exógeno (bacteriano crônico, viral ou infecções parasitárias), ou endógeno (autoimunidade não órgãoespecífica: ex. lupus eritematoso sistêmico, LES). O antígeno é solúvel e não ligado ao órgão envolvido. Componentes primários são complexos imunes solúveis e complementos (C3a, 4a e 5a). O dano é causado por plaquetas e neutrófilos. A lesão contém primariamente neutrófilos e depósitos de complexos imunes e complemento. Macrófagos infiltrantes em estágios avançados podem estar envolvidos no processo de recuperação. A afinidade do anticorpo e tamanho dos complexos imunes são importantes na produção de doença e na determinação do tecido envolvido. O diagnóstico envolve exame de biópsias do tecido para depósitos de Ig e complemento por imunofluorescência. A coloração imunofluorescente na hipersensibilidade tipo III é granular (ao contrário da linear no tipo II como visto na síndrome de Goodpasture). A presença de complexos imunes no soro e diminuição do nível do complemento também são diagnostigadores. Turbidez mediada por polietileno-glicol (nefelometria), ligação de C1q e teste celular de Raji são utilizados para detectar complexos imunes. HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV Também conhecida como mediada por células ou hipersensibilidade tardia. O exemplo clássico dessa hipersensibilidade é a reação (Mantoux) tuberculínica que atinge um pico em 48 horas após a injeção do antígeno (PPD ou antiga tuberculina). A lesão é caracterizada por calosidade e eritema. A hipersensibilidade tipo IV está envolvida na patogênese de muitas doenças autoimunes e infecciosas (tuberculose, lepra, blastomicose, histoplasmose, toxoplasmose, leishmaniose, etc.) e granulomas devido a infecções e antígenos estranhos. Uma outra forma de hipersensibilidade tardia é a dermatite de contato (hera venenosa, agentes químicos, metais pesados, etc.) nos quais as lesões são mais papulares. Hipersensibilidade tipo IV pode ser classificada em três categorias dependendo do tempo de início e apresentação clínica e histológica. Os mecanismos de dano na hipersensibilidade tardia incluem linfócitos T e monócitos e/ou macrófagos. Células T citotóxicas causam danos diretos enquanto que células auxiliates T (TH1) secretam citocinas que ativam células T citotóxicas e recrutam e ativam monócitos e macrófagos, que causama maioria das lesões. A lesão da hipersensibilidade tardia contém principalmente monócitos e algumas células T. REFERÊNCIAS GHAFFAR, Abdul. Reações de hipersensibilidade. Disponível em: https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTASSIER/ed- 13-reacoes-de-hipersensibilidade.pdf https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTASSIER/ed-13-reacoes-de-hipersensibilidade.pdf https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTASSIER/ed-13-reacoes-de-hipersensibilidade.pdf
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