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HANSENÍASE É uma doença de pele provocada por uma bactéria bacilar da mesma família da bactéria causadora da tuberculose a Mycobacterium Leprae. Assim como na tuberculose é uma doença muito fácil de ser transmitida principalmente pelas vias aéreas, mas que dificilmente o paciente adoece já que o sistema imune consegue combater a bactéria. Assim sendo, essa doença possui alta infectividade, mas ao mesmo tempo possui baixa patogenicidade com o tempo de incubação prolongado com uma média de 2 a 7 anos de doença, ainda mais que a tuberculose. E os alvos principais da Hanseníase são a Pele e os Nervos Periféricos, em que se tem um primeira manifestação uma “mancha vermelha sem sensibilidade nenhuma”. O quando clínico da doença depende muito da fase ou do polo em que o indivíduo encontra-se após adquirir aquela doença, mas de qualquer maneira, toda pessoa que possui Hanseníase e apresenta sintomas inicia-se com uma forma denominada INDETERMINADA. Essa forma é a inicial em que os sintomas são mais genéricos afetando em especial pele com aparecimento de manchas hipocromicas sem pelos e com baciloscopia negativa. Geralmente esses casos evoluem para uma cura espontânea, sem que se tem maiores sintomas e a baciloscopia negativa indica a carga da bactéria ainda muito pouco presente. No entanto, existem aqueles indivíduos que não evoluem para a cura da doença, principalmente por conta de uma susceptibilidade genética a desenvolver a doença e ainda devido as cepas da bactérias serem mais resistentes que as normalmente aparecem. A partir desse momento, pode-se desenvolver dois caminhos distintos, ou melhor dois polos distintos para as manifestações da doença. HANSENÍASE TUBERCULÓIDE O polo tuberculoide é em tese o polo mais leve ou brando da doença em que os indivíduos ainda conseguiram brigar com a doença por meio da imunidade celular. No entanto as lesões tendem a piorar um pouco, tornando vermelhas ou mais avermelhadas, eritematosas, mas com as bordas bem definidas, sendo possível identificar a lesão local. Nesses casos, pelo organismo reagir bem contra bactéria e a resposta imune celular promover um controle patógeno a baciloscopia também é negativa, sem que se tenha uma proliferação bacteriana exagerada, a ponto de provocar os quadros mais graves da doença. Lembrando que para o organismo se defender contra tipos de bactérias é fundamental uma resposta imune celular de muita eficiência, para destruir bactérias, são células. Existe nesse caso um teste denominado de Teste de Mitsuda em que avalia a capacidade do organismo de brigar com essa bactéria, não sendo utilizado para diagnóstico e nos casos de Hanseníase Tuberculóide, o Teste de Mitsuda é ++++. “A intradermorreaçao de Mitsuda ou Teste de Mitsuda é teste usado na avaliação do tipo de resposta imune contra M. leprae apresentado por um indivíduo. O resultado da reação de Mitsuda em pessoas sadias tem valor preditivo quanto ao tipo de manifestação clínica da doença a ser apresentada pelo paciente.” FORMA VIRCHOVIANA É exatamente o outro polo da doença, oposto ao polo das manifestações tuberculoide. Nesses casos, o organismo da pessoa infectada não possui capacidade celular de lutar da mesma maneira que o polo tuberculoide, tendo que partir para outro tipo de defesa que é a imunidade humoral em que se tem a produção elevada de anticorpos. No entanto, sabe-se que anticorpos não conseguem lutar contra bactérias com eficiência, apesar de possuir todo um mecanismo de defesa formado promovendo complexos e citocinas inflamatórias. Nesses casos, ocorre um aumento da quantidade de bacilos no organismo, promovendo logo a baciloscopia positiva e aumento dos sintomas podendo até chegar em casos graves. As manifestações clínicas nesses casos é a formação lesões na pele extremamente avermelhadas, eritematosas, com bordas não definidas, extremamente difusas, grande, em quantidades elevadas, lesões infiltrativas decorrentes das infiltrações propriamente dita dos bacilos que agora estão em elevadas quantidades no organismo. Podendo em casos mais raros ocorrer madarose, perda das porções das sobrancelhas, formação da face leonina com o espessamento da pele, acometimento nervoso elevados e sintomáticos com desenvolvimento de neurite, além de formação de nódulos dolorosos ou não, espessamento das peles, principalmente em orbita ocular, face e pavilhão das orelhas. Sendo nesses casos, o Teste de Mitsuda – já que o organismo não tem capacidade de lutar. FORMA BODERLINE OU DIMORFA É aquela forma que fica no meio do caminho dos dois polos em que se tem uma capacidade do organismo de lutar na infecção, mas ao mesmo tempo, essa capacidade não é tão capaz assim. É a forma Boderline ou Forma Dimorfa. As manifestações clínicas englobam um pouco de cada um dos polos, sempre pendendo a se aproximar de um deles portanto podem apresentar manchas avermelhadas ou de caráter mais hipocromico bem delimitados, sem bordas de muita elevação, ao mesmo tempo em que podem mostrar lesões infiltrativas, difusas, avermelhadas e eritematosas extremamente presentes, em grandes números, tendo as bordas não delimitadas e que se espalham. Em muitas das vezes, podem estar essas lesões simultaneamente juntas uma com as outras em um mesmo indivíduo. Nesses casos, a baciloscopia tende a ser positiva na grande maioria das vezes, podendo quando muito próxima polo tuberculoide apresentarem-se negativas. Lembrando que não ocorre na Hanseníase, pessoas que migram de polo ao outro recorrentemente, sendo as formas bem definidas e cada uma em seu determinado polo de manifestação. DIAGNÓSTICO O Brasil é um dos líderes mundiais quanto a epidemiologia da Hanseníase. Sendo fundamental o diagnóstico já que é uma doença transmitida por vias aéreas que apesar de na grande maioria dos casos não possuírem manifestações no paciente infectado com a bactéria, quando possuem tem um caráter extremamente maléfico a qualidade de vida em que se tem acometimento de pele, aparência e também o acometimento nervoso que pode a tornar o paciente que possui Hanseníase incapacitante. Dessa maneira o diagnóstico não pode se basear apenas na baciloscopia já que baciloscopia negativa é comum casos na forma Tuberculóide e também em alguns raros casos de Hanseníase na forma dimorfa. Lembrando que é preciso ao menos possui um dos três achados citados abaixo. Assim sendo, o diagnóstico de Hanseníase é clínico com a presença de pelo menos um dos sintomas da doença com lesões de pele associada com alteração da sensibilidade (térmica – dolorosa e tátil). Deve-se ter ainda o acometimento de algum nervo, sendo mais comum os nervos periféricos com espessamento ou neuropatias como perda de sensibilidade. Sendo os nervos avaliados principalmente com testes de Monofilamentos ou testes de sensibilidade térmica com gases frios e gases quentes. E por fim a baciloscopia positiva fecha o diagnostico dessa doença, sendo aconselhado colher a baciloscopia nódulos da orelha e dos cotovelos principalmente. TRATAMENTO PAUCIBACILARES: aqueles indivíduos que possuem menos do que cinco lesões de pele, abrangendo aqueles que tem as formas indeterminada e tuberculoide. Denominada de Paucibacilar por possuírem menores quantidade de bacilos no organismo, portanto, baciloscopia negativa. MULTIBACILARES: aqueles que possuem baciloscopia +++ com uma quantidade elevada de bacilos. Nesses casos, as formas são a dimorfa e a virchoviana em que se tem uma maior quantidade de lesões de pele, com mais de cinco. O tratamento da Hanseníase é feito basicamente mesma forma em todos os pacientes, independentemente de ser Paucibacilar ou Multibacilar, a única diferença é que em PB a duração é de 6 a 9 meses de tratamento, enquanto MB a duração do tratamentoé de 12 a 18 meses. Lembrando em casos de GRAVIDEZ OU HIV não possuem alteração desses protocolos de tratamento, apenas no caso da HIV, em geral ocorre a troca do Dolutegravir por Efavirenz devido a uma alta relação da DGT com a Rifampicina. REAÇÃO HANSÊNICA OU SURTO HANSÊNICO Existem no entanto aqueles pacientes que começam fazer o tratamento da Hanseníase, mas que apresentam após o início do tratamento uma piora do quadro clínico, muito em decorrência da destruição em massa das bactérias que levam ao organismo a reagir a essa destruição: são casos de reações hansenicas ou surtos hansenicos. TIPO I: é aquele surto em que se tem uma reação celular do organismo extremamente elevada que promove uma agudização do caso, com aparecimento de manchas mais avermelhadas, lesões descamativa, piora da neuropatia, e os pacientes passam a piorar muito. Por ser um quadro de reação celular geralmente ocorre em pacientes com forma tuberculoide. São tratados com corticoides para diminuir a resposta inflamatória, em especial a PREDNISONA. TIPO II: é uma reação mais grave que do tipo I, sendo essas causadas por complexos imunes e anticorpos que venham a formar imunocomplexos pelo corpo. A manifestação em casos assim é o ERITEMA NODOSO em que se tem nódulos dolorosos espalhados por todo o corpo, além de podendo comprometer o SNC, gerar orquite e glomerulite devido a deposição desses imunocomplexos. O tratamento é feito com uso de TALIDOMIDA (não indicado em gravidas). Lembrando que nesses casos de reações não se devem ter a suspensão do tratamento ou reiniciar tratamento nesses pacientes. CONTROLE E PREVENÇÃO Avaliar aquelas pessoas que possuem um convivo com os pacientes infectados devem ser posteriormente avaliados para diagnóstico de Hanseníase. Caso esses pacientes não possuem sintomas ou indício de Hanseníase deve-se fazer a profilaxia por meio da vacina BCG. Não se deve realizar profilaxia com BCG em casos desses pacientes já possuírem duas ou mais cicatrizes da vacina e que não apresentam sintomas. Lembrando que a cicatriz da vacina da BCG é aquela que a maioria das pessoas tem nos braços.