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Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Apresentação As infecções cardiovasculares microbianas podem acometer diversas regiões do coração, tais como o endocárdio (válvulas cardíacas), o pericárdio e o miocárdio. Os agentes etiológicos dessas infecções são variados microrganismos, como vírus, protozoários e fungos, mas com destaque para as bactérias. As infecções são iniciadas em diversas regiões do corpo, porém podem se complicar quando bactérias atingem o sangue, que em indivíduos sadios é estéril, podendo carrear os patógenos até algumas das estruturas cardíacas, causando a patologia. O sistema imunológico produz fatores inflamatórios em resposta à infecção do sangue pelas bactérias, a chamada bacteremia, e em casos em que essas respostas se espalham pelo corpo, pode ocorrer o agravamento da situação do paciente, levando a quadros como a sepse e o choque séptico. Diversos métodos diagnósticos são utilizados nesses tipos de infecção, dos quais se destaca a hemocultura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá compreender como ocorrem as infecções cardiovasculares, quais são os agentes etiológicos mais frequentes e os sítios mais afetados. Os sintomas e os quadros clínicos causados pelas infecções também serão apresentados, bem como os métodos de diagnóstico e tratamento das principais infecções cardiovasculares. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o sangue como um tecido estéril.• Identificar as bactérias causadoras de infecções cardíacas e sepse.• Determinar as etapas de diagnóstico por hemocultura.• Infográfico A endocardite infecciosa é a infecção do endocárdio e pode ser causada por bactérias que colonizam essa região do coração, bactérias que, em muitos casos, são provenientes da boca. No Infográfico a seguir, você verá como é importante a manutenção da saúde bucal na prevenção da endocardite e como a infecção pode ser evitada. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/fa483741-8895-4ee7-89d3-c8b2bf66c1a2/ef2e8318-ce10-4998-be14-645e6d173a88.png Conteúdo do livro As patologias cardiovasculares de origem infecciosa atingem o coração nos seus mais diversos sítios: endocárdio, válvulas cardíacas, miocárdio e pericárdio. Os agentes etiológicos dessas infecções são diversos, em especial os microrganismos virais e bacterianos. No caso das bactérias, uma vez na corrente sanguínea, podem causar diversas complicações graves, apresentando alta taxa de mortalidade. Portanto, as técnicas diagnósticas para identificar e compreender essas infecções são extremamente relevantes. No capítulo Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares, da obra Microbiologia clínica, você irá conhecer um pouco mais sobre os tipos de infecções, os agentes etiológicos, os quadros infecciosos no sangue e as técnicas de diagnóstico dessas infecções. Boa leitura. MICROBIOLOGIA CLÍNICA César Henrique Yokomizo Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o sangue como um tecido estéril. � Identificar as bactérias causadoras de infecções cardíacas e sepse. � Determinar as etapas de diagnóstico por hemocultura. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as infecções bacterianas que acometem o coração, em especial as que afetam o endocárdio, o miocárdio e o pericárdio. As infecções bacterianas cardiovasculares podem ter agentes etiológicos provenientes de infecções em outros órgãos, que conseguem migrar pelo sangue e colonizar regiões do coração previamente dani- ficadas. O sangue, que em indivíduos sadios é um tecido estéril, pode acabar invadido por bactérias patogênicas, causando graves problemas de saúde — desde uma bacteremia mais branda até variações mais danosas, como choque séptico e sepse, que são quadros infecciosos sistêmicos. Você também vai ver os principais agentes etiológicos bacterianos dessas infecções, bem como os métodos diagnósticos para identificação desses patógenos, em especial a técnica de hemocultura. Por fim, vai ver as formas de tratamento em casos de infecções cardiovasculares. 1 Sangue, bacteremia, sepse e choque séptico Infecções cardiovasculares são doenças graves, potencialmente letais em muitos casos, que afetam prioritariamente o coração, um órgão muscular que tem como principal função fazer o sangue circular por todo o corpo. O coração funciona como uma bomba peristáltica, bombeando o sangue por todo o corpo através dos vasos sanguíneos, que compõem o sistema circulatório (LEVINSON, 2016). O sangue é um tecido líquido, coloidal, composto por uma variedade de tipos celulares que se encontram suspensos no plasma, sua matriz extracelular. Em indivíduos sadios o sangue é estéril, ou seja, não são encontrados micror- ganismos potencialmente patogênicos nele. No entanto, algumas situações podem levar bactérias e outros patógenos a alcançarem a corrente sanguínea e causarem diversos quadros patológicos, como a bacteremia e, em casos mais graves, o choque séptico e a sepse. A sepse ou infecção generalizada (antigamente conhecida como septicemia ou infecção no sangue) é considerada uma síndrome patológica complexa e potencialmente fatal. A sepse ocorre como uma resposta inflamatória sistê- mica, exacerbada e que se torna descontrolada. Ela inicia quando ocorre uma infecção, sendo as bactérias os agentes etiológicos mais frequentes dessa infecção inicial. A inflamação sistêmica é a forma que o organismo apresenta para com- bater o microrganismo patogênico. Na resposta, o sistema imunológico libera diversos mediadores químicos, que são transportados pelo sangue e causam a expansão da inflamação para diversas regiões do organismo, levando à disfunção e/ou falência de vários órgãos. A disfunção ou falência são, em geral, decorrentes de queda da pressão arterial, oxigenação celular e tecidual deficitárias e de complicações relacionadas à coagulação sanguínea. Os sinto- mas mais comumente associados à sepse são: febre intensa, calafrios, falta de ar, suor intenso, desorientação, dor intensa, taquicardia e falta de ar (BROOKS et al., 2014). A sepse pode ser classificada em três níveis distintos, tendo como critério seu grau de evolução, acompanhe: � Sepse: grau inicial, no qual a infecção já causou a resposta inflamató- ria no sangue e o paciente apresenta, no mínimo, mais dois sintomas inerentes à sepse. � Sepse grave: grau de evolução, em que a infecção já extravasou dos vasos sanguíneos, comprometendo o funcionamento de um ou mais órgãos do corpo. � Choque séptico: grau mais avançado e grave da sepse, no qual ocorre uma queda abrupta na pressão arterial, que já não pode mais ser con- trolada ou reestabelecida por medicação por via intravenosa; ocorre a falência de órgãos e, eventualmente, a morte do paciente. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares2 Veja mais sobre os níveis da sepse na Figura 1. O choque séptico é o grau de evolução da sepse de maior mortalidade, pois o paciente apresenta diversos sintomas em decorrência da pressão arterial muito baixa, como hipotermia nas extremidades do corpo (braços e pernas), calafrios, dificuldade para respirar, baixa taxa de produção de urina. Devido à baixa oxigenação do cérebro, ocorre confusão mental e desorientação. Medidas emergenciais nessa situação incluem utilização de oxigênio suplementar, injeção de fluídos intravenosos (por exemplo, soro), antibioticoterapia e medicamentos para restabelecer a pressão arterial. A mortalidade de pacientes que chegam ao grau de choque séptico está entre 30–40%, taxa extremamente elevada que denota a gravidade da sepse (GUAREZE; BORDIGNON, 2016). Figura 1. Etapas da sepse. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. MORTE 1. Origens da infecção 2.Bactéria na corrente sanguínea 3. Saída dos vasos sanguíneos 4. Disfunção dos órgãos 3Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Os casos nos quais a invasão da corrente sanguínea ocorre sem grandes complicações — diferentemente de infecções mais graves como a sepse, em que os microrganismos se propagam no sangue e induzem uma resposta inflamatória sistêmica — recebem o nome de bacteremia. A etiologia da bacteremia pode se dar de forma espontânea, em infecções teciduais, ou como consequência do uso de cateteres intravenosos e/ou geniturinários, ou ainda, após alguns procedimentos odontológicos, gastrointestinais, geniturinários, cuidados com feridas, ou outros procedimentos que dão oportunidade de bactérias patogênicas alcançarem a corrente sanguínea. Embora, na maioria dos casos, cause sintomas leves, a bacteremia pode causar o espalhamento das infecções em casos sem controle, levando, por exemplo, à endocardite, especialmente em pacientes mais suscetíveis por terem anormalidades das válvulas cardíacas. O desenvolvimento de outros sintomas mais graves no geral são indicativos de infecções mais sérias, que podem levar à sepse ou choque séptico (BROOKS et al., 2014). Alguns parâmetros clínicos e laboratoriais, além da confirmação e iden- tificação do agente etiológico no sangue, podem ser usados como referência para diagnosticar a sepse, que são os seguintes: � temperatura corporal superior a 38°c ou inferior a 36°C; � frequência cardíaca superior a 90/minuto; � frequência respiratória acima de 20/minuto ou pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) menor do que 32 mmHg; � número de leucócitos sanguíneos maior do que 12.000/µl ou menor do que 4000/µl, ou maior do que 10% de bastonetes e metamielócitos. Os bastonetes são neutrófilos imaturos, pertencentes à série branca do sangue. Quando em baixa quantidade, eles podem indicar baixa produção de neutrófilos ou até mesmo a destruição dessas células; já em alta quantidade, podem ser indicativos de infecção bacteriana aguda. Os metamielócitos também são glóbulos brancos imaturos granulocíticos. Representam um estágio de desenvolvimento após os mielócitos e sua quantificação serve como indicativo de infecção. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares4 As focos primários de infecção mais comuns que podem levar à sepse são os seguintes (GUAREZE; BORDIGNON, 2016): � dispositivos intravasculares (19%); � trato geniturinário (17%); � trato respiratório (12%); � intestino e peritônio (5%); � pele (5%); � trato biliar (4%); � abscesso intra-abdominal (3%); � outros sítios (8%); � sítios desconhecidos (27%). 2 Infecções cardiovasculares bacterianas As regiões do coração onde ocorrem as infecções mais conhecidas e estudadas são as válvulas cardíacas (endocárdio), o pericárdio e o miocárdio, cada uma com suas especificidades e agentes etiológicos. Endocardite A endocardite é uma infecção das válvulas do coração, o endocárdio. Trata-se de um processo decorrente da colonização do endotélio valvular por patógenos provenientes da corrente sanguínea. Quando esse patógeno é uma bactéria, recebe o nome de endocardite bacteriana, tendo diversas bactérias poten- cialmente patogênicas, como as mostradas no Quadro 1. 5Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares As endocardites causadas por Staphylococcus aureus têm maior gravidade e são denominadas agudas. Já as endocardites causadas por Streptococcus e Enterococcus são chamadas de subagudas, pois têm um quadro mais arrastado e menor mortalidade. Fonte: Adaptado de Levinson (2016). Categoria Patógeno Válvula natural Início comunitário Associada aos cuidados de saúde Usuários de drogas Estreptococos do grupo viridans, Staphylococcus aureus, Streptococcus bovis, espécies de Enterococcus S. aureus, espécies de Enterococcus, Staphylococcus epidermidis S. aureus, bastonetes gram-negativos, como Pseudomonas, espécies de Candida Válvula prostética Precoce Tardia S. epidermidis, S. aureus S. aureus, estreptococos do grupo viridans, espécies de Enterococcus, S. epidermidis Marca-passo ou desfibrilador S. epidermidis, S. aureus Cultura negativa Uso precedente de antibióticos, espécies de Bartonella, Coxiella burnetii, espécies de Brucella, Tropheryma whipplei Quadro 1. Etiologia das endocardites infecciosas Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares6 A penetração dos patógenos na corrente sanguínea pode ocorrer através do local onde houve uma cirurgia dental, pelo local onde foi inserido um cateter intravenoso ou em usuários de drogas intravenosas, no local onde estas são aplicadas. As bactérias têm grande capacidade de aderir à superfície endote- lial danificada (Figura 2), inclusive utilizando mecanismos bioquímicos de produção de substâncias (glicocálice), que potencializam essa adesão. Após a consolidação da adesão e da infecção pela bactéria, ocorre um processo chamado de vegetação, em que vários microrganismos e trombos se organizam na região, causando a destruição da válvula e levando ao aparecimento de sintomas como a regurgitação valvar, podendo ocorrer também migração dos patógenos para o miocárdio circundante. Também podem cair fragmentos na corrente sanguínea, levando a acidentes vasculares encefálicos (AVE), nos casos mais graves. Os sintomas mais comuns em casos de endocardite são febre e calafrios. Os sintomas nos casos de endocardite subaguda podem incluir falta de ar, can- saço, perda do apetite, dores pelo corpo e suores noturnos (LEVINSON, 2016). Figura 2. Coração infectado no endocárdio. Fonte: Adaptada de joshya/Shutterstock.com. Aorta Tronco pulmonar Veias pulmonares esquerdas Artéria coronária esquerda Ventrículo esquerda Ventrículo direito Artéria coronária direita Veias pulmonares direitas Átrio direito Veia cava superior 7Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Pericardite A pericardite é uma a inflamação do pericárdio que tem múltiplas causas. Apresenta-se tanto como doença primária quanto secundária, em geral benigna e autolimitada, e pode evoluir para um derrame ou constrição pericárdica, aumentando dessa forma sua morbidez. Visualize na Figura 3 a diferença entre um pericárdio saudável e um com pericardite. Figura 3. Coração infectado no pericárdio. Fonte: Adaptada de Artemida-psy/Shutterstock.com. Pericárdio saudável Pericardite As pericardites são classificadas de acordo com a evolução e a forma de apresentação clínica, acompanhe: � Pericardite aguda: manifesta-se como uma síndrome febril, em que as vias aéreas superiores são frequentemente acometidas, somada a sintomas como dor torácica e atrito pericárdico, dor em pontada, re- pentina e forte, no meio do peito, que varia de intensidade de acordo com a mudança de posição. Atos como o de tossir, engolir e/ou respirar fundo agravam a intensidade da dor na pericardite aguda. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares8 � Pericardite crônica: uma evolução da pericardite aguda, na qual a dor no centro do peito pode irradiar para as costas, pescoço e om- bro esquerdo, com essa dor aumentando se a pessoa respira fundo. Dependendo do tipo e gravidade do quadro de inflamação, pode vir acompanhada de outros sintomas, como tosse seca, cansaço, febre baixa, palpitações, dispneia (falta de ar), sensação de fraqueza e inchaço no abdômen, pernas e pés. As causas de pericardite são divididas em infecciosas e não infecciosas. A pericardite bacteriana se manifesta geralmente com derrame pericárdico, e sua origem pode estar em situações como pneumonia, empiema, disseminação hematogênica, pós-cirurgia cardíaca ou torácica. Tem ampla gama de agentes infecciosos como causa. A pericardite tuberculosa tem diminuído com o controle efetivo da tuber- culose pulmonar, mas mostra-se presente principalmente em pacientes HIV positivos. Já o envolvimento autoimune do pericárdio acontece, especialmente, nos casos de lúpus eritematoso sistêmico,artrite reumatoide, esclerodermia, polimiosite e dermatomiosite. Veja alguns dos agentes etiológicos de pericar- dites infecciosas no Quadro 2. Fonte: Adaptado de Levinson (2016). Viral Cocksackie, herpes, enterovírus, CMV, HIV, EBV, varicela, rubéola, influenza, etc. Bacteriana Pneumococo, meningococo, Haemophilus, Chlamydia, micobactérias, micoplasma, Leptospira, etc. Fúngica Candida, Histoplasma Parasitária Toxoplasma, Entamoeba histolytica, etc. Quadro 2. Causas de pericardite 9Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Miocardite Infecção do miocárdio, a miocardite decorre de diversas causas, tanto in- fecciosas quanto não infecciosas, com maior prevalência para a miocardite secundária decorrente de infecção viral. Visualize na Figura 4 a diferença entre um coração saudável e um com miocardite. Figura 4. Coração infectado no miocárdio. Fonte: Adaptada de Artemida-psy/Shutterstock.com. Coração saudável Miocardite Em outras formas de infecção não viral, podemos ter o desenvolvimento de miocardite por Clostridium e Corynebacterium diphtheriae, Meningoco- cos, Streptococcus, Listeria e Borrelia burgdorferi, que se manifesta como doença de Lyme. Na América do Sul, em especial em algumas regiões do Brasil, a miocardite chagásica, decorrente de doença de Chagas causada por Trypanosoma cruzi, é a forma de miocardite ou cardiomiopatia dilatada de maior prevalência. As manifestações clínicas da doença são bastante variáveis, como dila- tação e disfunção ventricular assintomática (formas subclínicas), ou mesmo manifestações clínicas agudas de insuficiência cardíaca descompensada, fulminante com quadro de choque cardiogênico, dor precordial mimetizando doença coronariana, palpitações, síncope ou lipotimia e morte súbita. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares10 Nos casos de miocardite bacteriana, ocorre agressão bacteriana direta aos miócitos. Além disso, a produção importante de toxinas (com níveis de toxicidade variáveis dependendo do agente etiológico) e a resposta inflamatória intensa, com a produção de níveis elevados de citocinas, são responsáveis pelo dano celular, com predomínio de infiltrado de macrófagos e células NK (natural killer). Febre reumática A febre reumática (FR) é a doença reumática mais comum em crianças na idade escolar e adolescentes. Ocorre como complicação de infecção de gar- ganta causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A, podendo afetar várias partes do corpo, entre elas o coração. A FR se manifesta no coração na forma de cardite, que é o tipo complicação mais temerária, uma vez que, possivelmente, deixará sequelas, sendo uma das principais causas de cirurgia cardíaca no Brasil. A cardite é a inflamação de uma ou mais válvulas do coração, diagnosti- cada pela presença de sopro. A lesão pode ser leve ou grave, com insuficiência cardíaca. Além de ouvir o sopro, o médico completará a avaliação com exames como ecocardiograma e eletrocardiograma. Ocorre mais ou menos uma semana a três meses após a infecção de orofaringe. O tratamento consiste em repouso e uso de um anti-inflamatórios potentes, como corticosteroides. A febre reumática é uma doença autoimune. A infecção promove a produção de anticorpos que atacam a bactéria, mas que também atingem células e tecidos saudáveis do paciente. As proteínas das bactérias do grupo estreptococo se assemelham muito às proteínas do coração, das articulações e do sistema nervoso central, causando o comprometimento da atividade cardíaca gerada pela doença. A bactéria não é o agente causal direto da doença, mas, por desencadear o processo inflamatório, leva o organismo a se voltar contra si mesmo —característica típica das doenças autoimunes. 11Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares 3 Diagnóstico de infecções cardíacas A hemocultura, metodologia que emprega a cultura de uma amostra de sangue em meios específicos, é uma das ferramentas diagnósticas mais utilizadas em casos de suspeita de bacteremia ou sepse, uma vez que a técnica é de fácil execução e fornece informações altamente relevantes nesses casos. Com a hemocultura é possível identificar a presença de patógenos viáveis no sangue, o que é de grande importância diagnóstica, já que eles podem causar sepse e são responsáveis por uma alta taxa de mortalidade. A hemocultura se torna ainda mais importante em casos graves, em que o paciente apresenta febre persistente, mas que outros exames microbiológicos não acusaram a infecção. Nos pacientes que chegam ao grau de sepse grave, de 30 a 50% apresentam resultados positivos de hemocultura. A coleta de hemoculturas não é realizada para todos os quadros infecciosos. Por exemplo, nos casos das infecções bacterianas mais comuns, não é indicada a coleta de hemoculturas, pois a positividade dos exames é baixa, gerando apenas aumento nos custos do tratamento dado ao paciente, sem benefícios de contrapartida. Para infecções como sinusites, amigdalites, infecções de pele e tecido subcutâneo, é indicado o tratamento por antibióticos descritos na literatura e empiricamente eficazes contra os agentes etiológicos. A coleta de sangue para hemocultura é indicada nos seguintes casos: � suspeita de endocardite; � suspeita de sepse ou bacteremia; � infecções hospitalares (antes ou após a troca de esquema de tratamento por antibióticos); � febre com origem desconhecida; � infecções em pacientes imunodeprimidos; � meningites (em conjunto com a coleta de líquor, que é mais importante que a hemocultura nesses casos); � pneumonias graves. A solicitação de hemoculturas é sempre realizada pelo médico assistente, responsável pelo paciente. Os materiais e equipamentos básicos para realizar a coleta do sangue são seringas hipodérmicas descartáveis estéreis, gaze estéril, frascos de coleta para armazenar o sangue, agulhas hipodérmicas descartáveis estéreis e cateteres borboleta, álcool a 70% (com ou sem iodo) e estufa bacteriológica. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares12 Coleta do sangue Alguns procedimentos para a rotina de coleta de sangue devem seguir este padrão: � a coleta do sangue deve preceder o início de qualquer terapia antimicrobiana; � é coletado o periférico, que é imediatamente transferido aos frascos de hemocultura para evitar/mitigar a contaminação sangue; � a manipulação das amostras deve ser feita com extrema cautela, pois elas estão potencialmente contaminadas e podem causar graves doenças infectocontagiosas; � antes do descarte, as amostras devem ser primeiramente autoclavadas. Os princípios da técnica são simples, acompanhe: � o frasco de hemocultura contendo a amostra de sangue é incubado na temperatura de 35–37°C por até 7 dias (14 dias para casos de suspeita de endocardites); � se houver crescimento no frasco, observado pela turvação e aumento do volume, o material é repicado em placas de Petri contendo diferentes tipos de meio de cultura, que variam de acordo com o agente etiológico; � a triagem é feita, identificando o agente etiológico e determinando seu perfil em resposta a antibióticos e outros fármacos. Alguns dos meios de cultura contidos nos frascos mais utilizados têm a seguinte composição: � Meio TSB: ■ frascos contendo 9 (pediátrico), 45 ou 90 mL de meio TSB (tryptic soy broth, ou caldo tríptico de soja), onde são inoculados 1,5 ou 10 mL de sangue, resultando em uma proporção 1:10 de sangue e meio de cultura; ■ adição de SPS (sodium polyanethole sulfonate, ou polianetol sul- fonato de sódio) ou EDTA (ethylenediamine tetraacetic acid, ou ácido etilenodiamino tetra-acético), que agem como anticoagulante e inibem as atividades imunogênicas e da enzima lisozima, impedindo a fagocitose; 13Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares ■ dióxido de carbono (CO2) e vácuo, para garantir anaerobiose; ■ alguns meios podem incluir sacarose, que serve como suporte os- mótico impedindo a lise e a dissolução dasbactérias. � Meio BHI: ■ frascos com 45 mL de meio BHI (brain heart infusion, ou infusão cérebro-coração), onde são inoculados 5 mL de sangue (proporção 1:10); ■ adição de SPS, CO2, processo de vácuo e PABA (para-aminobenzoic acid, ou ácido paraminobenzoico) para inibir sulfonamidas). A quantidade/volume de amostras coletadas varia de acordo com a idade e o peso do paciente, como mostra o Quadro 3; geralmente, recomenda-se a coleta de 2 amostras de hemocultura, de locais diferentes, podendo chegar a 4, mas não excedendo essa quantidade, pois gera aumento desnecessário nos custos do tratamento. A definição de “amostra” equivale a uma punção, que, após coletada, será dividida em dois frascos para adultos ou um frasco para pacientes pediátricos de até 13 kg. Essa quantidade de coleta permite isolar o agente etiológico com sucesso em mais de 95% dos casos. Fonte: Adaptado de Araujo (2012). Crianças até 13 kg Crianças de 13 a 36 kg Crianças > 36 kg e adultos Frasco AERÓBIO 1 a 4 mL 5 mL 5 a 10 mL Frasco ANAERÓBIO - 5 mL 5 a 10 mL Volume total/ amostra 1 a 4 mL 10 mL 20 mL Quadro 3. Volume da coleta de sangue para hemocultura e tipos de frascos Cada punção realizada em adultos, geralmente, é dividida em 2 frascos (Quadro 3): 1 frasco para hemocultura de agentes aeróbios, como Neisseria spp. ou Pseudomonas spp., e um frasco para agentes anaeróbios (enterobactérias Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares14 ou estafilococos, que são anaeróbios facultativos). Em crianças, esses volumes mudam em função do peso e volemia (quantidade de sangue circulante), como mostrados no Quadro 4. Fonte: Adaptado de Araujo (2012). Peso (kg) Volemia (mL) Volume de sangue por amostra (mL) Volume total de sangue p/ cultura (mL) % da volemia Cultura nº 1 Cultura nº 2 < = 1 50–99 2 - 2 4 1,1–2 100–200 2 2 4 4 2–12,9 > 200 4 2 6 3 13–36 > 800 10 10 20 2,5 > 36 > 2.200 20–30 20–30 40–60 1,8–2,7 Quadro 4. Volume de coleta de sangue sugeridos para crianças e lactentes O melhor momento para a coleta de hemoculturas é durante o aumento da febre ou no pico febril. Nos casos de suspeita de endocardite em particular, indica-se a coleta de 3 ou mais amostras; já em casos de suspeita de infecção sanguínea ligada a cateter central, recomenda-se a coleta de 2 hemocultu- ras e 1 cultura de ponta de cateter. Em casos nos quais o médico opta pela permanência do cateter, é possível coletar 1 amostra de ponta de cateter e 2 de sangue periférico (GUAREZE et al., 2016). Outras recomendações mais genéricas são resumidas no Quadro 5. Para realizar a leitura/diagnóstico da hemocultura manual, segue-se um protocolo de 7 dias de incubação dos frascos, com agitação/inversão periódica dos mesmos. Essa agitação é um fator essencial para obter resultados positivos. Durante os 7 dias, realiza-se subcultivos em placas e, tanto os frascos quanto esses subcultivos, ficam mantidos à 35 ± 2°C. 15Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Fonte: Adaptado de Araujo (2012). Condição ou síndrome infecciosa Recomendações Suspeita de bacteremia ou fungemia primária ou secundária (endocardite, meningite, osteomielite, artrite, pneumonia etc.). Obter 2–3 amostras, uma após a outra, de diferentes sítios anatômicos, logo após o início dos sintomas. Febre de origem indeterminada (p. ex., abcessos ocultos, febre tifoide, brucelose ou outra síndrome infecciosa não diagnosticada). Obter 2–3 amostras, uma após a outra, de diferentes sítios anatômicos, inicialmente. Se negativas nas primeiras 24–48h de incubação, obter mais duas amostras, uma após a outra, de diferentes sítios anatômicos. Suspeita de bacteremia ou fungemia com hemoculturas persistentemente negativas. Considerar métodos alternativos de hemoculturas, específicos para aumentar a recuperação de micobactérias, fungos ou microrganismos fastidiosos. Quadro 5. Indicações de coleta de acordo com suspeita de casos Para o primeiro subcultivo (cultura cega), determina-se que seja realizado após 12–18 horas do início da hemocultura, em uma placa de ágar chocolate com incubação em atmosfera de CO2, e incubado por pelo menos 48 horas, observando-se diariamente o possível crescimento de unidades formadoras de colônias (UFC). A análise visual dos frascos deve ser realizada diariamente, partindo-se das 6–12 horas de início da hemocultura, no intuito de verificar sinais de hemólise, turbidez, produção de gás ou bolhas, crescimento de bio- filmes ou grumos, ou seja, qualquer alteração física visível no conteúdo do frasco, até o sétimo dia de cultura, sinalizando possibilidade de positividade. No caso de detecção de alterações, realiza-se subcultivo imediato da amostra e preparação de uma lâmina para microscopia, a ser usada em coloração de Gram (ARAUJO, 2012). Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares16 Métodos automatizados de hemocultura Além do método de hemocultura manual, existem outros métodos que, muitas vezes, são mais eficientes, como os semiautomatizados e os automatizados. Método de lise-centrifugação Este sistema foi considerado o padrão-ouro para hemoculturas durante muitos anos. Foi desenvolvido pelos laboratórios WampoleTM (sistema Isolator®) e é constituído de tubo a vácuo para sangue colhido de adulto ou de criança. O tubo contém uma substância hemolítica para leucócitos e hemácias, que causa a liberação de microrganismos intracelulares. Depois disso, os tubos são centrifugados, despreza-se o sobrenadante, e o pellet formado, que pos- sivelmente contém o agente etiológico, é utilizado para semear algum meio em placa de cultura, incluindo meios para Legionella, micobactérias e fungos (ARAUJO, 2012). Método semiautomatizado Nos sistemas semiautomatizados, os frascos de cultura são constituídos de uma parte para laminocultivo com duas faces, que fica acoplada à parte superior de um recipiente plástico que contém TSB suplementado com extrato de levedura e SPS. Também é possível acrescentar outras substâncias, com a finalidade de neutralizar agentes antimicrobianos. O laminocultivo contêm diversos meios, como ágar Sabouraud, ágar MacConkey e ágar chocolate. Os frascos inferiores que ficam acoplados ao laminocultivo são alocados em estufa específica, que verte os caldos periodicamente sobre o laminocultivo por inversão. No frasco também há um indicador colorimétrico de CO2, que acusa a positividade da cultura. Outros exames, como a identificação etiológica, o antibiograma e a bacterioscopia, são realizados retirando-se colônias de- senvolvidas diretamente do laminocultivo, sem a necessidade de subcultivo (ARAUJO, 2012). 17Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Método automatizado A hemocultura automatizada requer um equipamento específico para a incu- bação e inversão dos frascos. Existem diversos equipamentos automatizados no mercado, e as principais vantagens desse tipo de hemocultura, quando comparada com o método manual, dizem respeito à velocidade de obtenção de resultados e à menor necessidade de trabalho laboratorial técnico. A maioria dos protocolos recomenda 5 dias de incubação; no entanto, os resultados positivos são obtidos majoritariamente nas primeiras 48 horas de cultivo. Na maioria dos equipamentos automatizados, as metodologias têm como princípio tecnológico a detecção fluorimétrica ou colorimétrica. Existem outras diversas vantagens e benefícios do uso dessa metodologia, como os listados a seguir: � monitoramento contínuo (leituras intervaladas em minutos); � maior sensibilidade e rapidez para detecção de positividade da amostra (agitação); � permite a criação de um banco de dados, contendo informações dos patógenos isolados e sua localização demográfica; � mitigação do risco de contaminação; � amostras negativas não são repicadas; � economia de tempo (resultados mais rápidos) e de insumos; � risco de contaminação durante a manipulação praticamente não existe;� são usados frascos de plástico, que são mais leves e oferecem menor risco associado a acidentes. Como principal desvantagem, o custo financeiro da utilização do método ainda é alto, muitas vezes sendo mais aconselhável utilizar o método manual. Em laboratórios grandes, que dispõem de recursos financeiros e aplicam as metodologias automatizadas, é comum o uso de meios de cultura que têm resinas ou carvão ativado, que causam a inibição da ação de antimicrobianos e são extremamente úteis em casos em que os pacientes já receberam antibio- ticoterapia prévia à hemocultura. Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares18 Em relação aos frascos, aqueles utilizados para cultivos aeróbios precisam ter uma área de suficiente de volume de ar que permita o crescimento de bactérias aeróbias estritas, como, por exemplo, Pseudomonas aeruginosa e algumas leveduras. Já os frascos anaeróbios devem ter uma mistura de gases livres que não contenham oxigênio, mantendo-se o vácuo durante a coleta. No que diz respeito aos meios de cultivo, entre as diversas marcas e variedades, os desempenhos são muito semelhantes para a identificação dos patógenos mais frequentes (GUAREZE; BORDIGNON, 2016). BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. GUAREZE, G. M.; BORDIGNON, J. C. Estudo comparativo entre hemocultura automa- tizada e manual em um laboratório do sudoeste do Paraná, Brasil. Revista RBAC, v. 48, n. 3, 2016. Disponível em: http://www.rbac.org.br/artigos/estudo-comparativo-entre- -hemocultura-automatizada-e-manual-em-um-laboratorio-do-sudoeste-do-parana- -brasil-48n-3/. Acesso em: 17 jun. 2020. LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. (Lange). Leitura recomendada TRABULSI, L. R. (ed.); ALTERTHUM, F. (coord.). Microbiologia. 6. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 19Diagnóstico laboratorial de infecções cardiovasculares Dica do professor As infecções cardiovasculares podem ser ocasionadas por diferentes agentes etiológicos, portanto, é de extrema importância a correta classificação dessa etiologia. A pericardite é uma infecção que ocorre no pericárdio, tendo como agentes etiológicos mais frequentes os vírus e as bactérias. No seu quadro mais complexo é denominada pericardite aguda. Nesta Dica do Professor, você saberá mais sobre os marcadores laboratoriais que auxiliam no diagnóstico de pericardite aguda. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/08f845ddcc4ab3e2c27dfff7511f9de3 Na prática A miocardite é uma condição inflamatória do músculo cardíaco que pode acometê-lo de maneira focal ou difusa e, em alguns casos, conjuntamente afetar o pericárdio. Ela apresenta diversos gatilhos em sua etiologia, desde infecciosos, com destaque aos vírus, mas também bactérias, fungos, helmintos, protozoários, riquétsias e espiroquetas, até autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, granulomatose com poliangeíte, etc., além de hipersensibilidade a medicamentos e/ou drogas ilícitas, radioterapia, intoxicação por metais pesados, endocrinopatias, entre outros. Tem também associação com o HIV. Em estudo realizado por pesquisadores da África do Sul, 44% dos pacientes com cardiomiopatia associada ao HIV apresentavam miocardite, sendo que a infecção por vírus cardiotrópicos estava presente em todos eles. Na Prática, conheça o caso de um paciente de 24 anos relatando, inicialmente, sintomas relacionados a uma infecção do trato urinário que evoluiu para um quadro de miocardite. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b7ce89b8-5401-4e41-9d2b-debb8256f0af/d50f13d8-5fc7-4796-ab77-42b08993d58a.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Miocardite No link a seguir, você terá acesso a mais informações sobre a miocardite, inflamação do miocárdio que pode ser causada por infecção, toxinas e medicamentos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Endocardite Neste artigo, são apresentadas diversas informações sobre a endocardite, uma infecção bacteriana que provoca inflamação na membrana que reveste a parede interna do coração e as válvulas cardíacas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Yersinia pestis Neste vídeo do Instituto Butantan, é apresentado o momento de infecção de células do sistema imune por bactérias Yersinia pestis, agente causador da peste, doença zoonótica de roedores transmitida aos seres humanos, principalmente, por picadas de pulgas infectadas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-peric%C3%A1rdica-e-miocardite/miocardite https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/endocardite/ https://www.youtube.com/embed/fFFYfxbDHN8 O que é sepse? (Sepse explicada em 3 minutos) Neste vídeo, é apresentada uma síntese das causas da sepse e outras informações pertinentes a esse quadro, que são extremamente relevantes, tais como os modos de prevenção e a urgência que deve ser dedicada aos casos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/C5YhzXWCfxs
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